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1 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase Colelitíase e colestase Histórico • do grego Chole: bile e Stasis: estase; • 1867 - Primeira operação das vias biliares – John Stough Bobb: Colecistotomia + retirada dos cálculos + fechamento • 1882 – Carl Langenbuch – 1ª colecistectomia • 1986-Mühe – 1ª colecistectomia videolaparoscópica Colestase • Diminuição ou interrupção do fluxo biliar; • Colestase intra-hepática; ❖ Defeitos na secreção de bile pelos hepatócitos; ❖ Obstrução intra-hepática; • Colestase extra-hepática; ❖ Obstrução extra-hepática. Colestase extra-hepática MAL IGNAS • Colangiocarcinoma; • Câncer pancreático; • Câncer de vesícula biliar; • Câncer da Ampola de Vater; • Malignidade de linfonodos portais. BENIGNAS • Coledocolitíase; • Pós-cirúrgico; • Colangite esclerosante primária; • Pancreatite crônica; • Colangiopatia da AIDS; • Síndrome de Mirizzi; • Doença parasitária (ascaridíase). Anatomia das vias biliares A vesícula é dividida em: fundo, corpo, colo, infundíbulo (bolsa de Hartmann). E vai continuar com a via biliar principal através do ducto cístico. O ducto hepático esquerdo drena a secreção biliar do lobo esquerdo do fígado e o hepático direito drena o lobo direito. Vão se juntar formando o hepático comum. E quando tem a junção do cístico com o comum, forma o colédoco que no final vai se juntar, ou não, com o ducto pancreático desembocando no duodeno através da ampola/papila de Vater. Existem algumas alterações anatômicas da via biliar. Não é tão comum. O normal é o circulado em vermelho, onde o hepático esquerdo único e direito, com divisão posterior e anterior, se juntam para formar o hepático comum. Mas podem existir várias variações. O ducto cístico também pode ter algumas formas de inserção na via biliar principal. A mais comum, circulado em vermelho, é o que faz um ângulo de agudo, que é o melhor para facilitar o refluxo da bile para dentro da vesícula. Ou ele pode ser como o segundo, que é mais comprido e vai desembocar quase na papila ou ainda pode abraçar o ducto principal, como o terceiro da imagem. A vesícula vai se encher por refluxo. A bile vai ser produzida no fígado, vai descer pelo hepático comum, a ampola vai estar fechada na maior parte do tempo, então a bile que desceu, por refluxo, vai tender a entrar na vesícula. Ela comporta normalmente 60-70 mL de bile concentrada. Vascularização • Ducto biliar inferior (abaixo do bulbo duodenal) → tributárias das artérias pancreaticoduodenal posterossuperior e gastroduodenal. • Ducto biliar superior, do bulbo duodenal ao ducto cístico, e os ductos hepáticos comuns → artéria hepática direita → artéria cística. 2 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase • A principal irrigação vai ser diferente: inferior – colédoco, ducto pancreático – pancreatoduodenal ou gastroduodebal; ducto principal – vesícula, hepáticos – hepática direita que vai dar a cística. A cística é a artéria principal da vesícula biliar. ❖ Triângulo de Calot: triângulo anatômico importante para os cirurgiões. Por dentro do triângulo passa a artéria cística e a artéria hepática direita. É formado pela borda do fígado, o ducto hepático comum e o ducto cístico. Dentro dele tem também o linfonodo de Calot que drena a vesícula. Se a vesícula está inflamada, ele aumenta. Fisiologia • Secreção biliar ❖ Excreção de toxinas e metabólitos celulares normais: o fígado já faz essa excreção naturalmente e boa parte ele excreta pela secreção biliar. ❖ Absorção dos lipídios: essa secreção que vai ajudar na absorção de lipídios pelo intestino. • Mistura isotônica formada por sais biliares, proteínas, eletrólitos, colesterol, fosfolipídios e bilirrubina (degradação da hemoglobina). • Secreção estimulada pela secretina, colecistocinina (CCK – mais importante) e gastrina. Além do estímulo vagal, mas é menos importante do que o hormônio. • 500-800ml/dia → 50% para vesícula biliar pela contração do esfíncter de Oddi → alta absorção de água e concentração da bile. • Colecistocinina → após alimentação → contração da vesícula e relaxamento do esfíncter de Oddi, que geralmente está fechado. • Circulação entero-hepática ❖ Sais biliares → intestino → formação de micelas → absorção de gorduras no intestino delgado. Não é preciso produzir muitos sais biliares, isso porque há reabsorção importante (95%) no intestino de volta para o fígado. ❖ Reabsorção → circulação porta (ligados a albumina) → reserva de 2 a 3g de sais biliares; ❖ 5% excreção das fezes. Sintomas • Não é preciso ter todos os sintomas para pensar em doença biliar, mas existem situações em que o paciente apresenta todos. ❖ Dor em cólica: ❖ Constante: não é uma dor que vai e volta. Dura 3-6 horas e vai embora; ❖ Quadrante superior direito ou epigástrio; ❖ Associada as refeições: por causa da CCK que vai estimular a contração; ❖ Sinal de Murphy: interrupção da respiração ao comprimir a região. Não vai estar presente em todos os pacientes. Associado a processo inflamatório e infeccioso da vesícula. • Febre: Infecção e inflamação • Icterícia: ❖ Níveis séricos > 2,5mg/dL (escleras); > 5mg/dL (pele) ❖ Clínica (processo hepatocelular) x cirúrgica (obstrução árvore biliar): icterícia obstrutiva, às custas de bilirrubina direta. Tríade de Charcot: Febre + Dor em hipocôndrio direito + icterícia. Pêntade de Reynolds: Febre + Dor em hipocôndrio direito + icterícia + hipotensão + alteração do status mental. Pacientes com infecção e inflamação. Exames complementares Laboratoriais • Níveis de bilirrubina: aumenta à custa de direta. ❖ Conjugada (direta) x não conjugada (indireta) 3 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase • Fosfatase alcalina → processo colestático: aumentada em obstrução extra hepática. • Transaminases – AST, ALT: algumas vezes aumentam, outras não. Normalmente aumenta quando há lesão a nível de hepatócito por algo mais crônico ou algo muito agudo. Ex.: tumor de cabeça de pâncreas. Radiografia de abdome • Não é o exame de escolha para investigar a árvore biliar. É utilizado para afastar outras entidades: abdominais ou não. 1. Cálculo na vesícula; 2. Vesícula em porcelana; 3. Aerobilia (ar dentro da vesícula). Não é o clássico, muito difícil o RX mostrar essas imagens. Ultrassonografia ❖ Sensível, barato, confiável e reprodutível: melhor, mais fácil, mais disponível para fazer e investigar a via biliar. ❖ Avaliação inicial: Exame básico depois dos laboratoriais. A maioria das lesões da via biliar ele consegue pelo menos supor ou identificar. ❖ Cálculos livres e impactados x lama biliar x pólipos (movimentação do paciente): se o cálculo mexer com a movimentação ou a lama, já se tem uma ideia. Pólipo não se mexe com a movimentação. ❖ Espessamento e líquido pericolecístico → colecistite. ❖ Vesícula em porcelana; ❖ Coledocolitíases / colangiocarcinoma: às vezes dá para ver o cálculo diretamente ou sinais indiretos de dilatação de via biliar. 1. Espessamento da membrana, líquido pericítico e cálculo no infudíbulo. 2. Vários cálculos pequenos com uma sombra acústica posterior (seta vermelha). OBS.: A USG ajuda mesmo o paciente não estando em jejum, no caso a vesícula mais vazia. É melhor em jejum, vesícula cheia, mas não impede o exame. Cintilografia hepática por ácido imidodiacético (HIDA) • Ácido intravenoso. Esse ácido vai ser metabolizado dentro do fígado e vai ser excretado e vai para a vesícula para ser avaliada a secreção. ❖ Secreção fisiológica da bile. Tomografia • Não é tão bom para ver cálculo. ❖ Identificar causas e local da obstrução. Não é tão raro pedir em casos de falta de melhores opções. Imagem: fígado grandecom dilatação da via biliar (círculo vermelho). Geralmente o ducto e a veia caminham junto. Ressonância magnética e colangiopancreatografia por RM (CPRM) • Excelente para ver vias biliares. O paciente vai para máquina da ressonância e faz a reconstrução de todo o trânsito de vias através da RM. ❖ Usa a água da bile para delimitar a árvore biliar; ❖ Não invasiva, sem radiação, no geral sem contraste; ❖ Planejamento cirúrgico; patologia biliar complexa. Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CRPE) • Mais que excelente para ver vias biliares. É preciso tem alguém que saiba fazer. • Vai com o endoscópio (imagem 2) até o duodeno, vai achar a papila de Vater, vai cateterizá-la e vai 4 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase injetar contraste. Com isso, é possível ver toda a árvore biliar, cístico, colédoco, hepático e até a ducto pancreático. ❖ Invasivo por endoscopia; ❖ Contraste através da ampola de Vater; ❖ Diagnóstico e tratamento; ❖ Descompressão da via biliar (neoplasias); ❖ Tratamento de coledocolitíase, drenagem da bile. Colangiografia trans hepática percutânea (PTC) • Doenças biliares intra-hepáticas; • Quando a CPRE não viável; • Contraste; • Pela pele, vai até o fígado, injeta contraste no ducto. Então deve-se fazer em local, equipe e material adequados. Colangiografia intra operatória • Cateterização do ducto cístico ou algum ponto da árvore biliar ou pode ser aberta (pouco usada); • De rotina em todas as cirurgias → aumenta tempo cirúrgico/contraste. Em alguns lugares ainda é de rotina antes de todas as cirurgias. Porque diminui a chance de passar um cálculo ou lesão que não foi vista. Porém aumenta o tempo cirúrgico e usa contraste. • Uso seletivo: ❖ Dor pré-operatório; ❖ Função hepática anormal; ❖ Anatomia biliar alterada/anômala; ❖ Incapacidade de CPRE após colecistectomia; ❖ Árvore biliar dilatada ou qualquer suspeita intraoperatória de coledocolitíase. Ultrassonografia endoscópica • Mais nova. Usado principalmente para ver a extensão de lesão tumoral. ❖ Avaliação detalhada do ducto biliar e da ampola; ❖ Avaliação de invasão tumoral nas estruturas vasculares. FDG-PET (TC com emissão de pósitrons com fluorodexiglicose): neoplasias • Diferenciar lesões malignas x benignas: recidivas e metástases; • Usa glicose marcada. Toda lesão neoplásica tem um metabolismo glicolítico muito aumentado, então vai captar essa glicose marcada; • Não identifica carcinomatose. Quando já tem tumor no peritônio. São vários nódulos no peritônio. É final de linha, o paciente morre rápido, não tem o que fazer. Colelitíase Tipos de cálculos • Amarelos: colesterol + sais biliares (não pigmentado). Vesícula. Estase e concentração da bile. • Pretos: estados hemolíticos e cirrose. Bilirrubinato de cálcio. Vesícula. • Marrons: incorporação do colesterol + sais de cálcio. Colédoco. São primários do colédoco. Associado a população asiática, questão genética, e a infecção. ❖ OBS.: a composição do cálculo é distinguida normalmente quando retira. Fatores para formação dos cálculos • Supersaturação da bile secretada: por uma hipercolesterolemia, por exemplo, aumento da bilirrubina; • Concentração da bile na vesícula; • Nucleação dos cristais; • Desmotilidade da vesícula: uma das coisas principais, pois faz a bile ficar lá parada e concentrando. Quadro clínico • Assintomático; • Cólicas biliares → obstrução do ducto cístico. Geralmente no HCD; ❖ 30 min a 5h; ❖ Menos de 24h; ❖ Dor pós-prandial. • Distensão, náuseas e vômitos; • 20-30% são sintomáticos → 1 % complicação. 5 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase Fatores de risco • Predisposição genética; • NPT: nutrição parenteral total, não tem estímulo para a contração da vesícula; • Vagotomia troncular; • Dieta pobre em fibras; • Estrogênio e progesterona: esvaziamento mais lento da vesícula; • Idade: 30-40 anos e por volta dos 70 anos; • Obesidade; • Hiperlipemias e clorofibratos; • Ressecção ileal e doença de Crohn; • Anemia hemolítica; • Cirrose; • Infecções. Complicações • Colecistite aguda; • Coledocolitíase; • Pancreatite aguda; • Colangite aguda (e abscesso hepático); • Íleo biliar. Tratamento Pacientes sintomáticos ou com história de complicação prévia, mais de 2 crises de cólica biliar, ou que tratou com ATB, indicação de cirurgia. Paciente com lama biliar documentada em pelo menos dois episódios álgicos: não tem cálculo, mas tem dor. Se dor em mais de 2 episódios. Os assintomáticos a princípio não precisam tratar, exceto nos casos em que precisa fazer um colecistectomia profilática: ❖ Doença hemolítica: dor pode gerar uma crise falcêmica. ❖ Vesícula em porcelana: por estar mais relacionada com câncer. ❖ Cálculos volumosos (>2,5 cm): pode impactar, pode fazer um íleo biliar. ❖ Longo canal comum de ducto biliar e pancreático → carcinoma. ❖ Cirurgia bariátrica: geralmente se tira no intra- operatório. ❖ Transplante de órgão: devido à imunossupressão, é indicado retirar para não gerar problema. Resumindo as indicações cirúrgicas: sintomático, no segundo episódio de cólica biliar, lama biliar e as colecistectomias profiláticas. Quantidade não indica cirurgia, volume sim. Tipos • Colecistectomia videolaparoscópica (VLC): principal! Usa os trocater, que por dentro consegue- se passar uma ótica. • Técnica: Um vai na região axilar anterior, outro na LHC, outro abaixo do apêndice xifoide e outro na região do umbigo. A pinça de preensão atraumática segura o fundo da vesícula e expõe o triângulo de Calot. Coloca-se clips, 2 abaixo e 1 acima, disseca-se o ducto e a artéria cística e retira-se pelo umbigo, normalmente. Na cirurgia robótica passa só um na região do umbigo. Colecistectomia aberta: quando não consegue identificar bem o ducto e a artéria cística ou a vesícula está muito inflamada ou a vesícula está perfurada, caindo bile na cavidade, nesses casos é preciso partir para aberta. Cada vez menos tem sido usada. Incisão subcostal direita, abre subcutâneo, abre musculatura. Acha o triângulo de Calot e disseca. Ex.: idoso, com reserva pulmonar baixa, aumentar a pressão dentro do abdome pode piorar o quadro. Aqui a melhor escolha é abrir mesmo. 6 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase Colecistite crônica • Inflamação várias vezes, o que leva a estenose do colo da vesícula e ducto cístico. • Obstrução temporária, sem colecistite aguda. Várias obstruções do cístico, mas que não chegou a obstruir completamente por tempo prolongado. • Quadro clínico: igual colelitíase. Dor HCD, icterícia. • Diagnóstico: História; USG: obstrução do colo e do cístico. • Tratamento: Colecistectomia. Colecistite aguda litiásica • Obstrução do ducto cístico prolongada; • Infecção secundária da bile → isquemia e necrose da vesícula; • Quadro clínico ❖ Dor HCD > 24h; ❖ Febre; ❖ Sinal de Murphy bem positivo; ❖ Icterícia → pouco comum → obstrução colédoco / síndrome de Mirizzi. Diagnóstico • Anamnese + EF; • Elevação FA, bilirrubina (sobe um pouco, às custas de direta), transaminases (pode, mas não necessariamente) e leucocitose; • USG abdome → líquido pericolecístico, espessamento da vesícula, sinal de Murphy ultrassonográfico. Ele dá diagnóstico; • Cintilografia → se dúvida diagnóstico → obstrução ducto cístico; • TC → menos sensível. Tratamento • Dieta zero + hidratação: pois cada vez que ele comer ele vai estimular a vesícula. • ATB amplo espectro: aeróbios gram negativas → anaeróbios → aeróbios gram positivos. Ciprofloxacino e metronidazol caem bem. • Analgesia: por causa da dor. • Colecistectomia aberta ou VLC: na maioria das vezes é necessário operar. Começacom a vídeo, mas pode precisar seguir com uma aberta. ❖ ATB e cirurgia em 6 semanas. Hoje se faz os dois ao mesmo tempo. ❖ Cirurgia a Thorek: técnica usada quando a via biliar está muito difícil, inflamada, que não se consegue identificar direito as estruturas, com risco de lesar o colédoco ou hepático. ❖ Risco cirúrgico alto → drenagem percutânea e cirurgia posteriormente. Coledocolitíase • Cálculo na via biliar comum; • Primária → cálculos marrons/infecção da bile/asiáticos; • Secundário → da vesícula para o colédoco; ❖ Até 2 anos após colecistectomia: depois desse tempo, se tiver cálculo lá, vai ser considerado primário. O tratamento não muda. • Quadro clínico ❖ Silencioso; ❖ Cólica biliar; ❖ Icterícia (icterícia, colúria e acolia); ❖ Colangite → Tríade de Charcot / Pêntade de Reynolds. Diagnóstico • Alteração hepática: as enzimas hepáticas podem estar alteradas, mas não sempre. FA em geral vai estar aumentada. • Leucocitose: por obstrução da via biliar, o que acaba infectando a bile. • USG com coledocolitíase ou dilatação da via biliar (>8mm): vai dizer se tem coledocolitíase ou se tem dilatação da via biliar. Se ver obstrução, mas não vê cálculo, precisa partir para outro exame. • CPRE → sensível, específica e terapêutica. Papilotomia, por ela já dá para tirar os cálculos. ❖ Pré-op: colangite, pancreatite biliar, inexperiência do cirurgião múltiplas comorbidades. • CPRM → muito sensível e específica; não terapêutica. • PTC → árvore biliar dilatada. Vai visualizar a obstrução, mas não trata. 7 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase Tratamento • CPRE ❖ Fracasso: cálculos grandes, intra-hepáticos, múltiplos, anatomia alterada, impactados ou divertículos duodenais. Nesses casos ela não consegue ser efetiva. Optando então pela Colecistectomia. ❖ Idoso (70a) → menor taxa de recorrência (15%) → avaliar necessidade de cirurgia. • Colangiografia + exploração laparoscópica da via biliar; • Exploração aberta do colédoco. OBS.: uma vez que o cálculo já está lá, a vantagem de usar o medicamento (Ursacol) é muito pequena, não vale a pena. Pancreatite biliar • Migração dos cálculos através do esfíncter de Oddi e bloqueio das secreções pancreáticas. • Dor abdominal em faixa, náuseas e vômitos. • Diagnóstico: ❖ Amilase, lipase, FA, GGT podem estar aumentadas. ❖ USG de abdome: dilatação, processo inflamatório. • Tratamento: ❖ Dieta zero. ❖ CPRE para retirada do cálculo e drenagem da bile. Existe uma chance de a CPRE fazer uma pancreatite também, mas geralmente é leve e auto limitada. ❖ Colecistectomia videolaparoscópica na mesma internação. Discinesia biliar • Sintomas semelhantes a doenças litiásica, sem cálculo ou lama biliar. Não tem associação com a litíase. • Afastar outras doenças – TC, endoscopia. É preciso afastar outras causas de dor em HCD. • Cintilografia com HIDA e estimulação com Colecistectonina; ❖ Fração de ejeção menor que 1/3 em 20 min após a administração da CCK = discinesia biliar. Ou seja, a vesícula, mesmo com o estímulo do hormônio, não está contraindo como deveria. • Tratamento; ❖ Colecistectomia (resposta em 85% dos casos); ❖ CPRE → esfincterotomia. Se os sintomas persistirem. Nesse caso, na verdade, o que ele tem é uma hipercinesia do esfíncter de Oddi. Síndromes pós-colecistectomia LESÃO DO DU CTO B ILIAR • Iatrogênica. Pode ser traumático, mas não é o comum; • Diagnóstico é intra-cirúrgico: viu um ducto aberto e saindo bile; • Peritonite biliar; estenose do ducto → icterícia; fístula biliar → febre, dor, icterícia, bile na FO; • Tratamento: passar um dreno para fazer a fibrose e depois tira. Se não resolver, fazer derivação biliodigestiva. CÁL CULOS PERDIDOS • Geralmente quando por vídeo. • Abscesso crônico, fistula, infecção de ferida, obstrução intestinal. DOR PÓS- COLESCITECTOMIA • Investigação completa da árvore biliar; • Disfunção do esfíncter de Oddi. CÁL CULOS B ILIARES RESIDUAIS • Até dois anos pós colecistectomia; • Dor, febre, icterícia; • CPRE. FÍSTUL A BIL IAR • Febre, calafrios, icterícia, dor em HCD, drenagem de bile na FO; • TC; • Priorizar drenagem percutânea. ÍL EO B ILIAR • Volumoso cálculo → inflamação → fístula → cálculo no duodeno → obstrução intestinal; 8 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Colelitíase e Colestase • Geralmente paciente mais idoso, que clinicamente já não está bem. Então, às vezes, não vale a pena operar. • Dor abdominal, nível hidroaéreo, pneumobilia; • Tratamento: retirada do cálculo do íleo distal. COL ANGITE AGUDA • Infecção bacteriana aguda e ascendente da via biliar; • Obstrução → cálculos, neoplasia, estenoses + bactérias; • Patógenos mais comuns: klebsiella, E. coli, Enterobacter, Pseudomonas, citrobacter sp. • Apresentação clássica: tríade de Charcot → pêntade de Reynolds; • Diagnóstico: taquicardia, choque, elevação transaminases e FA, USG, TC, CPRE. • Tratamento: hidratação, ATB, descompressão da via biliar (CPRE, PTC, cirurgia). Doença biliar não calculosa COLECISTITE AGU DA ALITIÁSICA ❖ Idade avançada, doenças graves, queimaduras, traumas, uso prolongado de NPT, DM, imunossupressos; ❖ Paciente que está na UTI e começa a fazer febre, anorexia, dor HCD // pacientes graves ❖ Faz Rx e está normal, urina vem negativa... ❖ Colecistectomia, drenagem percutânea. COL ANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA ❖ Autoimune? Associado com colite ulcerativa, tireoidite de Riedel; ❖ Inflamação e cicatrização da árvore biliar → colestase → cirrose biliar → óbito. ❖ Fadiga, prurido, icterícia. ❖ Associação com colangicarcinoma. ❖ Transplante hepático, mas pode fazer colangite esclerosante também no transplantado. ESTENOSES BIL IARES ❖ Processos inflamatório → pancreatite, Mirizzi. ❖ Tratamento: cirurgia. Síndrome de Mirizzi • Não há obstrução direta da via biliar principal, mas tem um cálculo, normalmente no infundíbulo, que faz o processo inflamatório e obstrutivo e por compressão a via biliar obstruída e a bile não consegue circular. CISTOS B ILIARES ❖ Asiáticos, mulheres (3-8x); ❖ Icterícia, dor HCD, náusea, prurido, perda ponderal; ❖ Pode ser pela implantação anômala do ducto. ❖ Pré-malignos: cirurgia, evitar CA. ❖ CPRE, CPRM. LESÕES POL IPÓIDES DA VESÍCULA ❖ Pseudotumores ou adenomas; ❖ Sintomáticos, lesões > 10 mm → cirurgia; TUMORES B ILIARES BENIGNOS ❖ Incomuns → adenomas; ❖ Lesões inflamatórias → pseudotumores ou doença benigna fibrosante; ❖ Cirurgia. Doença biliar maligna • Câncer da vesícula biliar; • Colangiocarcinoma (neoplasia do ducto biliar); • Quando diagnosticado cedo, ainda tem chance de salvar o paciente; • Geralmente o diagnóstico é tardia, por causa da clínica que é discreta; • Quando causa uma icterícia já está bem avançado.
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