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05/04/2021 1 NEUROPATIAS BUCO MAXILO FACIAIS Profa: Celina Cordeiro Neuralgia do Nervo Trigêmeo Neuralgia do Trigêmeo A neuralgia do Trigêmeo (NT) é a mais conhecida e debilitante forma de neuralgia facial. (PETERSON, 1996). É a alteração de dor neuropática facial mais frequente Também conhecida como doença de Fortherghill, Tic Doloroso Facial ou Prosopalgia Dolorosa, síndrome da dor facial paroxística (LEITÃO & FIGUEIREDO, 1985). É caracterizada por uma forte dor descrita como “latejante”, “queimação” ou “choque elétrico” (PETERSON, 1996); paroxística e de curta duração, desde alguns segundos até minutos, com severidade e frequência bastante variáveis (BARROS, 1979). Nervo Trigêmeo • O nervo trigêmeo (V par craniano) é considerado nervo misto. • Contêm fibras sensitivas (aferentes) e motoras (eferentes), • As sensitivas são de interesse ao quadro nevrálgico, responsáveis pela sensibilidade proprioceptiva (pressão profunda e cinestesia) além de exteroceptiva (tato, dor e temperatura) da face, couro cabeludo, nariz e boca, inervando, ainda, os músculos responsáveis pela mastigação. Nervo Trigêmeo • Ao gânglio de Gasser, chegam as fibras sensitivas relacionadas ao estiramento e à propriocepção. • Tais fibras chegam ao gânglio a partir das três ramificações do nervo 1. Oftálmico 2. Maxilar 3. Mandibular (CARPENTER5, 1978; BRODAL, 1984) 05/04/2021 2 INCIDÊNCIA • Acomete frequentemente após os 50 anos de idade. • Afeta mais comumente o sexo feminino numa proporção de 3:2 • Lado direito mais acometido (5:1) • Apenas 3% acomete bilateralmente. • A incidência anual da neuralgia do trigêmeo é de 4,3 por 100.000 na população geral. (ANZONI; TORELLI, 2005; FUKUDA et al., 1998; MASUDA, 2001) ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA • A neuralgia trigeminal é uma afecção com mecanismos fisiopatológicos não inteiramente esclarecidos (JÚNIOR et al., 1989). • Ainda não foi definido um único fator etiológico responsável pelo surgimento da neuralgia, mas acredita-se que seja multifatorial ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA DIDATICAMENTE DIVIDIDA EM: 1. IDIOPÁTICA OU ESSENCIAL Compressão na região da entrada da raiz sensitiva do nervo trigêmeo por uma alça vascular da artéria cerebelar superior causa uma desmielinização local e consequentemente hiperexcitabilidade das fibras nociceptivas levando à dor(ocorre despolarização e impulsos neurais anormais) Casos de neuralgia sem causa aparente ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA 2- SECUNDÁRIA OU SINTOMÁTICA Alterações vasculares Neoplasias Esclerose múltipla Aneurismas Infecções virais História familiar Secundárias aos medicamentos no tto do HIV, antiretrovirais 05/04/2021 3 Sintomatologia Sintomatologia • Dor intensa, aguda de características latejantes como um choque elétrico, que duram de segundos a minutos. • Dor no trajeto do nervo trigêmeo • Período refratário após a crise • A dor pode ser deflagrada pelo toque em regiões da face como nariz e boca, falar, escovar dentes... • Espasmos nos músculos da hemiface como “TICs” • Lacrimejamento, salivação. • Não há alteração neurológica DIAGNÓSTICO O diagnóstico é essencialmente clínico, seguindo os critérios diagnósticos definidos pela IASP (International Association for the Study of Pain) e pela ICHD/IHS (International Classification of Headache Disorders/International Headache Society) são: • Ataques paroxísticos (intensos) de dor com duração de uma fração de segundo a dois minutos, afetando uma ou mais divisões do nervo trigêmeo; • A dor tem pelo menos uma das seguintes características: – Intensa, súbita, superficial ou como uma facada. – Precipitada por fatores-gatilho ou de áreas-gatilho • Nenhum distúrbio neurológico é clinicamente evidente; DIAGNÓSTICO Exame clínico Exame de imagem: * RM * TC Termografia TERMOGRAFIA 05/04/2021 4 TRATAMENTO CIRÚRGICO CONSERVADOR TRATAMENTO CLÍNICO/CONSERVADOR MANEJO DA DOR Medicamentos anticonvulsivantes,à base de carbamazepina (Tegretol) e/ou difenilhidantoína (Hydantal) ou mesmo narcóticos. Amitriptilina, Clanepan e baclofeno gabapentina Acupuntura Fisioterapia TRATAMENTO CIRÚRGICO Indicado quando há ineficiência no tto clínico. INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS 1. DESCOMPRESSÃO NEUROVASCULAR Também conhecida como cirurgia de Jannetta, consiste em separar o nervo trigêmio do vaso arterial ou venoso anômalo que esta pulsando sobre o nervo e desencadeando a dor. Este é um procedimento realizado pelo neurocirurgião através de uma craniotomia. TRATAMENTO CIRÚRGICO 2. NEURÓLISE POR RADIOFREQUÊNCIA Consiste em aplicar no nervo uma corrente elétrica, utilizando uma agulha especialmente desenvolvida para tal finalidade. Neste procedimento, com o paciente sob sedação leve, esta agulha é inserida através da face até o foramen oval, orifício que abriga o nervo trigêmeo. Com o paciente desperto, um leve estímulo elétrico é gerado na ponta da agulha, podendo causar uma sensação de formigamento. Quando esta sensação coincidir com o local da dor do paciente, uma anestesia geral venosa é aplicada e já em sono profundo, uma corrente elétrica é iniciada. TRATAMENTO CIRÚRGICO 3.COMPRESSÃO POR BALÃO Por utilizar uma agulha de maior calibre, este procedimento é realizado sob anestesia geral. Esta agulha é inserida no gânglio de Gasser e através de seu lúmen é inserido um cateter com um balão colabado em sua ponta. O balão já em posição ideal, é insuflado por 60 segundos com um volume máximo de 1 ml, levando à compressão e isquemia (diminuição do fluxo sanguíneo, que, quando insuficiente, é lesiva ao tecido) do nervo. Em seguida, o balão é esvaziado. 05/04/2021 5 PARALISIA FACIAL NERVO MISTO NERVO FACIAL (7 par) 1. Maior porção motora • Inerva os músculos da expressão facial 2. Menor porção de fibras aferentes sensitivas e eferentes parassimpáticas • Inervam os 2/3 anteriores da língua, glândulas salivares, lacrimais, submaxilar e sublingual. ETIOLOGIA • Infecções bacterianas(ouvido, dentes) • Infecções virais ( Varicela zoster vírus) = síndrome de Ramsey Hunt. • Neoplasias • Traumatismos • Alterações metabólicas • Congênitas • Idiopáticas (afrigore) Grau de Lesão de nervos • Neuropraxia Nesta lesão encontramos, apenas um simples bloqueio fisiológico causando a paralisia, não observamos a degeneração Walleriana. A recuperação é completa, como ocorre na maioria dos casos de paralisia facial periférica Grau de Lesão de nervos • Axoniotmese Há comprometimento parcial de axônios e da bainha de mielina, entretanto, o neurilema permanece íntegro, e desta forma poderá ou não ocorrer regeneração da fibra nervosa. Portanto, ocorre à degeneração Walleriana, e a célula nervosa (axônio lesado) poderá se recuperar, produzindo a regeneração do cilindro-eixo lesado ou se degenerar 05/04/2021 6 Grau de Lesão de nervos • Neurotmese É a lesão onde encontramos, interrupção completa do nervo, é o verdadeiro bloqueio anatômico, total ou parcial. Nesta lesão ocorre a desintegração completa dos elementos anatômicos do nervo. A possibilidade de regeneração nervosa é nula, Paralisia facial central • É a paralisia que atinge o nervo facial em seu trajeto endocraniano, antes da sua penetração no meato acústico interno. • Há lesão de primeiro neurônio motor, supranuclear. • Os sinais da paralisia facial central estão localizados no lado oposto da lesão, no quadrante inferior. PARALISIA FACIAL CENTRAL • Desvio da comissura bucal para o lado não paralisado, adquirindo uma forma oval; • Apagamento do sulco nasolabial; • Ausência da contração do platisma do lado paralisado; • Líquido escorre pela comissura labial do lado oposto, devido a impossibilidade de fechamento completo da boca; • Mastigação também pode estar prejudicada, devido a paralisia do músculo bucinador; • Impossibilidade/dificuldade em assoprar e assobiar – devido a incapacidade de protrusão dos lábios e perfeito fechamento; • Disartria – geralmente discreta, devido a paralisia do músculo orbicular da boca, apresentadificuldade em pronunciar as consoantes bilabiais e labiodentais (p, b, m, f, v) Paralisia Facial Periférica • É a paralisia que atinge o nervo facial a partir do seu trajeto intratemporal até alcançar a sua distribuição periférica. • Lesão de segundo neurônio motor. Paralisia Facial Periférica: SINTOMAS • Hipotonia • Comissura labial é desviada para o lado sadio, • paralisia total ou parcial do músculo frontal • impossibilidade de fechar o olho completamente • diminuição do paladar dos dois terços anteriores da língua • Epífora- lacrimejamento no ângulo externo do olho • Lagoftalmia- depressão da pálpebra inferior • Hiperacusia • Sinal de Negro- Ao tentar olhar para cima, nota-se que o olho paralisado fica mais alto que o do lado são. Paralisia de Bell/Idiopática • Infecções bacterianas, virais e as desordens imunes, são as causas mais comuns na etiologia da paralisia de Bell. • A paralisia de Bell é a causa mais comum de desordem neurológica do nervo facial, com início súbito. Ela foi primeiramente descrita por Sir Charles Bell em 1830 como “... uma distorção horrível da face onde a musculatura do lado oposto prevalece ..., esta distorção é grandemente aumentada quando se manifesta algum tipo de emoção”. • Bell sugeriu a associação da paralisia com a gravidez e o período pós-parto. 05/04/2021 7 PARALISIA DE BELL OU IDIOPÁTICA • A paralisia de Bell é uma paresia facial ipsolateral do neurônio motor inferior, de início agudo, com freqüência precedida por um quadro viral. • Acometendo cerca de 13 a 34 pessoas por 100.000 /ano, sem predileção por raça ou local geográfico distribui-se igualmente entre os sexos e lados da face. (HAUSER, 1971; ADOUR, 1978; MURAKAMI, 1996), CENTRAL X PERIFÉRICA DIAGNÓSTICO EXAME CLÍNICO EXAMES DE IMAGEM: RM e TC ELETRODIAGNÓSTICOS: Eletroneuromiografia EXAMES LABORATORIAIS: Hemograma 05/04/2021 8 ELETRODIAGNÓSTICO • Um procedimento eletrodiagnóstico consiste na avaliação clínica e neurofisiológica das funções dos músculos, junções neuromusculares, nervos periféricos motores, sensitivos e autônomos, raízes nervosas, medula, reflexos espinhais, movimentos anormais, potenciais evocados dos membros até a medula e ao cérebro. • Este procedimento é realizado por um médico com formação em neurologia e neurofisiologia. ELETRONEUROMIOGRAFIA • A eletroneuromiografia (ENMG) é um exame que analisa a função do sistema nervoso periférico, tendo como objetivo o diagnóstico do mesmo, auxiliando na localização da lesão, dando informações sobre a sua patologia (axonal, desmielinizante, mista) e tempo de evolução da mesma (aguda ou crônica). ELETRONEUROMIOGRAFIA O exame é dividido em duas fases: 1 - Estudo dos nervos periféricos: É realizado aplicando-se um estímulo elétrico e registrando- se a resposta do nervo estudado. Geralmente, durante o exame, avalia-se vários nervos dependendo da hipótese diagnóstica. Nesta fase do exame não utilizamos eletrodos de agulha e sim eletrodos de superfície que são colados na pele do paciente. ELETRONEUROMIOGRAFIA 2 – Estudo dos músculos É realizado utilizando-se um eletrodo de agulha o qual é inserido no músculo para registro da atividade elétrica muscular. É um exame laborioso e doloroso, por este motivo o paciente deve ser bem orientado. TRATAMENTO Clínico • Fármacos: Aciclovir, prednisolona Fisioterapia Acupuntura Orientações • Uso de colírio, lágrimas artificiais • Uso de férula oral • Uso de tampão noturno • Uso de óculos escuros 05/04/2021 9 • Aspecto facial do caso mostrando a paralisia de Bell do lado direito. (a) Incapacidade de sorrir. (b) Incompleto fechamento do olho direito (lagoftalmia). (c) Nenhum movimento da pálpebra direita. (d) Ausência de movimento da região direita do músculo orbicular labial
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