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– EXCREÇÃO DE FÁRMACOS Para que os fármacos obtenham o efeito desejado quando administrado é necessário que ele siga alguns processos minuciosos. Além disso que para que o efeito clinico seja alcançado ele precisa atravessar barreiras fisiológicas existentes no corpo que fazem a seleção das substancias necessárias. O processo que o fármaco enfrenta ao entrar no corpo possui uma sigla “ADME” que representam a absorção, distribuição, metabolização e pôr fim a excreção. A absorção dos fármacos pode ocorrer por meio de vários mecanismos desenvolvidos para explorar ou romper essas barreiras. Uma vez absorvido, o fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo, como os vasos sanguíneos e linfáticos, para alcançar seu órgão alvo em concentração apropriada. A capacidade do fármaco de ter acesso a seu alvo também é limitada por diversos processos que ocorrem no paciente. Estes são amplamente divididos em duas categorias: o metabolismo, em que o organismo inativa o fármaco mediante degradação enzimática (primariamente no fígado), e a excreção, em que o fármaco é eliminado do corpo (principalmente pelos rins e pelo fígado, bem como pelas fezes). Figura 01. Representação da ADME (absorção, distribuição, metabolização e excreção). Fonte: Wix, 2016. CONCEITOS – Biotransformação: processo de alteração na estrutura química que os fármacos sofrem no organismo, geralmente por conversão enzimática, com a finalidade de diminuir sua lipossolubilidade e facilitar sua excreção. Excreção de fármaco: Passagem do fármaco que está no corpo para o meio externo. Meia vida: Tempo gasto para que o medicamento diminua em 50% a sua concentração na corrente snaguinea. Exemplo: Da substância A é administrado 100mg: t ½ = 10 horas. Então em 10 horas terá 50 mg na corrente sanguínea, em mais 10 horas terá na corrente sanguínea 25mg e assim por diante. Todo fármaco administrado deve ter o tempo monitorado para que possa se identificar os seguintes fatores: a. Tempo entre a administração do medicamento e o início da ação farmacológica (tempo de latência), que é influenciado pela velocidade de absorção, distribuição, localização do sítio- alvo e, indiretamente pela eliminação; b. Tempo necessário para desencadear o efeito máximo (relacionado à concentração máxima), resultante do balanço entre os processos que levam o fármaco ao sítio alvo e aqueles que o retiram deste local; c. Duração do efeito, que é dependente da velocidade de eliminação e, em alguns casos, da distribuição Existem também alguns fatores que influenciarão no modo em que o fármaco será excretado, são eles: ligação às proteínas plasmáticas, velocidade de biotransformação, solubilidade do fármaco, pka do fármaco, pH urinário, peso molecular e competição pelo transporte. As vias de excreção (órgãos excretores) podem ser divididas em primária e secundária. A primária é constituída pelo: sistema renal, intestinal, pulmonar e biliar. A secundária é composta pelas vias de excreção salivar, mamaria, sudorípara e lacrimal. Os fármacos podem ser eliminados em sua forma inalterada (forma original), inativa (metabólitos polares obtidos durante a biotransformação) ou polar e hidrossolúvel (composto parenteral). No sistema circulatório, esses fármacos se apresentam ligados às proteínas plasmáticas ou podem circular livremente (não ligados). Os fármacos e seus metabólitos são, – em sua maioria, eliminados do corpo por excreção renal e biliar. Tornando a eliminação por vias secundarias quantitativamente desprezível, se comparada com a eliminação renal. Figura 02. Representação da fisiologia renal. Fonte: Slide Share, 2016. Ciclo enterohepático: após a ingestão do fármaco pela via oral, este será absorvido pelo intestino e transportado pelo sangue portal até o fígado, onde será biotransformado e conjugado a substâncias mais hidrossolúveis, como por exemplo, ao ácido glicurônico, sulfatos ou outro componente endógeno. Este conjugado por estar carregado com cargas elétricas, pode passar do hepatócito para a bile, sendo armazenado na vesícula biliar e posteriormente eliminado junto ao fluido biliar no intestino. Os metabolitos conjugados ao ácido glicurônico podem ser clivados no interior do cólon intestinal por enzimas β-glicoronidases liberando do conjugado a molécula do fármaco, a qual será absorvida para o organismo. Depuração (clearance) renal A eliminação de fármacos pelos rins é mais bem quantificada pela depuração (ou clearance) renal, definida como o volume de plasma que contém a quantidade da substância removida pelos rins na unidade de tempo. Ela é calculada a partir da concentração plasmática, Cp, da concentração urinária, Cu, e da velocidade do fluxo urinário, Vu, através da seguinte equação: – O CLren varia muito para os diversos fármacos, desde menos de 1 ml/min até o máximo teórico dado pelo fluxo plasmático renal, que é de aproximadamente 700 ml/min, medido pela depuração do ácido p-amino-hipúrico (PAH) (a eliminação renal de PAH é próxima de 100%). A via renal baseia-se na natureza hidrofílica de um fármaco ou seu metabólito, e é considerada a principal via de excreção de medicamentos. Existem três processos fisiológicos que envolvem a excreção pelo sistema renal: Filtração glomerular, secreção tubular ativa (tratam da remoção das drogas do organismo) e reabsorção passiva (basicamente redistribui o medicamento novamente no organismo). Figura 03. Esquematização dos sistemas de filtração, secreção e reabsorção dos fármacos no rim. Fonte: MOURA. A filtração glomerular ocorre pelos capilares glomerulares que fazem a seleção de fluidos, permitindo ou bloqueando a passagem. Os mesmos possibilitam as moléculas de fármacos com peso molecular abaixo de 20 kDa se difundirem para o filtrado glomerular. Esse processo de filtração se dá apenas aos fármacos livres que estão presentes no plasma, não sendo filtrados os fármacos ligados, por exemplo, a albumina. A porcentagem de filtração pode chegar a apenas 2% se os outros 98% dos fármacos estiverem ligados a alguma proteína plasmática ou a elementos formados do sangue (por ex., hemácias). Na secreção tubular pelo menos 80% dos fármacos serão enviadas para o lúmen tubular por dois sistemas de transportadores independentes e relativamente não seletivos o OAT e OCT. – Como pelo menos 80% do fármaco que chega aos rins é apresentado ao transportador, a secreção tubular é potencialmente o mecanismo mais efetivo de eliminação renal de fármacos. Os transportadores OAT podem mover moléculas de fármacos contra gradiente eletroquímico e, consequentemente, reduzir a concentração plasmática praticamente a zero; enquanto os OCTs facilitam o transporte a favor do gradiente eletroquímico. Ao contrário do processo de filtração glomerular na secreção tubular esses transportadores conseguem executar a depuração máxima de um fármaco mesmo que as maiores partes do mesmo, estejam fazendo ligações com proteínas plasmáticas. Reabsorção passiva (difusão pelo fluido tubular concentrado e reabsorção pelo epitélio tubular). Nesse processo os compostos lipossolúveis não ionizados serão filtrados e reabsorvidos quando passarem pelo túbulo contornado proximal do néfrom. Já os compostos hidrossolúveis e ionizados não poderão ser reabsorvidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: David E. Golan; Armen H. Tashjian; Ehrin J. Armstrong; April W. Armstrong. Princípios de Farmacologia - A Base Fisiopatológica da Farmacologia. 3ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. MOURA, André Luiz. Princípios de Farmacocinética Clínica /Farmacocinética Clínica Aplicada. Disponível em: <http://sis.posestacio.com.br/sistema/rota/rotas_81/158/scorm/farmaconetica/m1_001/objetos/ pdf.pdf>. Acesso em: 15 de julho de 2019. RANG e DALE. Farmacologia.8ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. SLIDE SHARE. Nefrologia: Anatomia e Fisiologia dos Rins. Disponível em: <https://www.slideshare.net/hamiltonnobrega7/nefrologia-anatomia-e-fisiologia-dos-rins>. Acesso em: 15 de julho de 2019. WIX. Ibuprofeno. Farmacocinética. 2016. Disponível em: https://ibuprofeno20152016.wixsite.com/toxiffup/blank-3>. Acesso em: 15 de julho de 2019. https://ibuprofeno20152016.wixsite.com/toxiffup/blank-3
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