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Nervos espinhais, receptores da pele, dermátomos e miótomos

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Samara Pires- MED25
Neuroanatomi�
Nervos espinhais (Ângelo Machado cap. 10)
1. Nervos em geral
● A função dos nervos é conduzir impulsos nervosos do sistema nervoso
central para a periferia (impulsos eferentes) e da periferia para o sistema
nervoso central (impulsos aferentes);
● Os nervos são praticamente desprovidos de sensibilidade, pois, se forem
estimulados em determinados pontos, a sensação é sentida no território que
ele inerva e não no ponto em si;
● Origem real do nervo: local onde está localizado o corpo dos neurônios, como
a coluna anterior da medula, os gânglios sensitivos, etc;
● Origem aparente do nervo: ponto de emergência ou de entrada do nervo na
superfície do sistema nervoso central. Ex.: a origem dos nervos espinhais fica
nos sulcos laterais anterior e posterior da medula.
● Classificação das fibras dos nervos:
- Fibras A: são ricamente mielinizadas e podem ser divididas em 𝛂, 𝛃 e 𝛄
dependendo da velocidade de condução do impulso nervoso.
- Fibras B: pré-ganglionares.
- Fibras C: pós-ganglionares não mielinizadas do sistema autônomo +
fibras responsáveis por impulsos térmicos e dolorosos.
● Fatores neurotróficos: promovem a regeneração de fibras nervosas lesadas.
Como exemplo, há a família das neurotrofinas e a família do fator
neurotrófico derivado da glia, além do fator de crescimento fibroblástico
básico. As células de Schwann fazem a limpeza da área lesionada por meio
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da fagocitose e secretam os fatores neurotróficos, a fim de que se formem os
cones de crescimento que permitem o desenvolvimento dos axônios dentro
do endoneuro.
Obs.: as fibras do sistema nervoso central não se regeneram quando lesionadas, ao
contrário das do sistema nervoso periférico, pois há inibição do processo. Isso
ocorre devido a dois fatores: cicatriz astrocitária (barreira mecânica e química) e
inibidores associados à bainha de mielina no sistema nervoso central.
2. Terminações nervosas sensitivas (receptores)
● Classificação morfológica:
- Receptores especiais: mais complexos, relacionam-se a um
neuroepitélio (ex.: retina) e fazem parte de um órgão especial do
sentido → visão, audição e equilíbrio, gustação e olfação, todos
localizados na cabeça.
- Receptores gerais: fazem parte do sistema sensorial somático →
estímulos de tato, temperatura, dor e postura corporal e
propriocepção.
● Classificação fisiológica:
- Quimiorreceptores: sensíveis a estímulos químicos, como olfação,
gustação e os de teor de oxigênio circulante (corpo carotídeo).
- Osmorreceptores: detectam variação de pressão osmótica.
- Fotorreceptores: sensíveis à luz (ex.: cones e bastonetes).
- Termorreceptores: captam frio e calor, desencadeando respostas para
conservar ou para liberar calor.
- Nociceptores: ativados por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos
para causar lesões e dor.
- Mecanorreceptores: sensíveis a estímulos mecânicos. Ex.: audição,
equilíbrio do ouvido interno, barorreceptores, fusos neuromusculares,
órgãos neurotendinosos, receptores cutâneos do tato, da pressão e da
vibração.
Obs.: os termorreceptores e nociceptores são terminações nervosas livres, pois não
estão associados a epitélios ou a formações conjuntivas e são responsáveis por
apenas uma forma de sensibilidade, como temperatura, dor ou tato, por isso são
específicos (sua sensibilidade é máxima para determinado estímulo, mesmo sendo
livre).
● Classificação de acordo com a natureza do estímulo que ativa o receptor:
- Exteroceptores: ativados por agentes externos, como frio, calor, tato,
pressão, luz e som;
- Proprioceptores: ficam nos músculos, tendões, ligamentos e cápsulas
articulares. Podem ser conscientes ou inconscientes e estão
relacionados à percepção da posição corporal e do movimento.
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- Interoceptores ou visceroceptores: localizam-se nas vísceras e nos
vasos e dão origem a sensações, como fome, sede e dor visceral. A
maior parte dos receptores é inconsciente, pois leva informações
sobre o teor de O₂, a pressão osmótica, etc.
3. Receptores somáticos da pele
● A maioria é mecanorreceptor ou quimiorreceptor;
● Receptores livres: veiculam informações de tato grosseiro, dor, temperatura e
propriocepção;
- Discos de Merkel: arborizações das extremidades das fibras mielínicas
que terminam em contato com células epiteliais especiais (células de
Merkel). São envolvidos em tato e em pressão contínuos.
- Nociceptores: terminações nervosas livres e não mielinizadas que
sinalizam quando o tecido está sendo lesionado ou em risco de lesão.
Ex.: estimulação mecânica intensa, temperaturas extremas, falta de
oxigênio, reação de dor provocada pelo acúmulo de lactato do
metabolismo anaeróbio, picadas de inseto que liberam histamina que
ativa os nociceptores. Estão presentes nos órgãos internos e, como
levam o mesmo caminho dos exteroceptores, podem levar a uma
mistura de sensações, em que uma dor visceral se torna cutânea (ex.:
no infarto, a dor não é sentida no coração, mas sim na parede torácica
superior ou no braço esquerdo).
- Termorreceptores: sensações não dolorosas de calor ou de frio.
- Terminais dos folículos pilosos: são fibras sensitivas mielínicas do tipo
Aβ que se espiralam em torno das raízes dos pelos. Detectam o
deslocamento desses pelos. Imediatamente por baixo da abertura de
uma glândula sebácea em um folículo piloso, entram nessas fibras
nervosas amielínicas, que vão perdendo sua mielina à medida que
penetram.
● Receptores encapsulados:
- Corpúsculos de Meissner: ocorrem nas papilas dérmicas,
principalmente nas mãos e nos pés. Recebem estímulos de tato, de
texturas (distingue superfícies lisas e rugosas), de pressão e estímulos
vibratórios mais lentos que os percebidos pelos corpúsculos de
Paccini.
- Corpúsculos de Vater-Paccini: distribuição ampla, especialmente no
tecido subcutâneo das mãos e dos pés. Recebem estímulos vibratórios
de frequências maiores e de texturas, além de intervirem na regulação
da circulação dos fluidos internos ao informar sobre alterações
produzidas por atividades peristálticas ou trepidantes na passagem do
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sangue ao bater nas paredes elásticas dos vasos, especialmente nos
esfíncteres e válvulas, podendo intervir na regulação da pressão
arterial. É constituído de uma cápsula, uma zona de crescimento
intermediário e um cerne central que contém a terminação nervosa.
- Corpúsculos de Ruffini: ocorrem nas papilas dérmicas da pele espessa
das mãos, dos pés e na pele pilosa do restante do corpo. São
receptores de tato e de pressão. Estão associados às fibras colágenas
da derme, o que os permite identificar a distensão da pele.
- Fusos neuromusculares: participam do reflexo miotático ou de
estiramento, o qual é muito importante para manter o tônus muscular
→ impulsos que penetram na medula por vias aferentes, fazem
sinapse com grandes neurônios motores da coluna anterior da
medula (motoneurônios alfa), trazem impulsos nervosos de volta ao
músculo e terminam em placas motoras das fibras extrafusais do fuso
neuromuscular, que se contraem.
- Bulbo de Krause: estão nas bordas da epiderme com as mucosas.
Apresentam uma cápsula que está disposta em lamelas e que possui a
enzima colinesterase no interior, indicando atividade colinérgica.
Acredita-se que o bulbo de Krause e os corpúsculos de Ruffini sejam
uma forma de transição entre as terminações nervosas livres e os
receptores encapsulados.
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4. Terminações nervosas motoras
● Somáticas: formam placas motoras com as fibras musculares esqueléticas,
em que a fibra perde sua bainha de mielina, mas conserva o neurilema. O
principal neurotransmissor é a acetilcolina.
● Viscerais: o mediador químico pode ser a acetilcolina ou a noradrenalina
(colinérgicas ou adrenérgicas). Não há placas motoras, mas sim a liberação
do neurotransmissor na parte terminal das fibras, que apresenta
varicosidades (dilatações). As vesículas da terminação podem ser granulares
(ocorrem apenas nas fibras adrenérgicas)ou agranulares. As fibras motoras
viscerais são divididas no sistema nervoso autônomo simpático e
parassimpático.
5. Nervos espinhais
● Fazem conexão com a medula espinhal → inervam tronco, membros e partes
da cabeça. São formados pela conexão de duas raízes: uma dorsal (sensitiva)
e outra ventral (motora). Esta provém de neurônios das colunas anterior
(somática) e lateral (visceral) da medula e aquela, da coluna posterior. Ambas
formam o tronco do nervo espinhal, que é misto funcionalmente.
- Ramo dorsal: fino e curto. Destina-se à inervação da pele, da
musculatura e das articulações do dorso, na região paravertebral.
- Ramo ventral: é mais grosso. Destina-se à inervação da pele e dos
músculos da parte anterior do corpo e dos membros. Com exceção de
C1-C3, os ramos dorsais são menores que os ventrais.
● 31 pares:
- 8 pares de nervos cervicais;
- 12 nervos torácicos;
- 5 nervos lombares;
- 5 nervos sacrais;
- 1 nervo coccígeo.
● Raiz dorsal → gânglio espinhal, onde estão os corpos dos neurônios
pseudounipolares.
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● Nervos que formam plexos (plurrissegmentares) → anastomosam-se, trocam
fibras, se entrecruzam. Ex.: plexo braquial.
● Nervos unissegmentares → fibras originadas em um só segmento medular.
● Trajeto → os ramos ventrais intercostais, por exemplo, têm um trajeto quase
paralelo, seguindo cada nervo em seu espaço intercostal.
6. Dermátomo
● Território cutâneo inervado por fibras de uma única raiz dorsal, a qual dá
nome ao dermátomo. Ao ter uma raiz seccionada, o dermátomo
correspondente não perde totalmente a sensibilidade, pois raízes dorsais
adjacentes inervam áreas sobrepostas, por isso é necessário que três raízes
sejam seccionadas para que haja perda completa da sensibilidade do
dermátomo.
● No caso de uma fibra radicular que chega ao dermátomo por nervo
unissegmentar, cada nervo corresponde a um dermátomo de inervação
cutânea. No caso de uma fibra radicular que chega ao dermátomo por
inervação plurissegmentar, o nervo contribui com fibras para vários
dermátomos, pois recebe fibras sensitivas de várias raízes.
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7. Miótomo
● Conjunto de fibras musculares inervadas por axônios motores de cada raiz
nervos (segmento medular).
8. Campo radicular motor
● Analogamente aos dermátomos, o campo radicular motor é o território
inervado por uma única raiz ventral. Os músculos podem ser unirradiculares
ou plurirradiculares.
● Unidade motora: neurônio motor + axônio + todas as fibras musculares por
ele inervadas (musculares esqueléticas) → menor unidade funcional do
sistema motor. Os músculos que realizam movimentos delicados têm poucas
fibras musculares por fibra nervosa (ex.: m. lumbrical da mão).
● Unidade sensitiva: neurônio sensitivo + ramificações e receptores.
9. Correlação clínica
● Síndrome do desfiladeiro torácico: compressão do plexo braquial e da artéria
e veia subclávias na região do desfiladeiro torácico.
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- Espaço interescaleno (entre os músculos escalenos anterior, posterior
e médio e a primeira costela): troncos superior, médio e inferior do
plexo braquial + artéria subclávia.
- Espaço costoclavicular (metade medial da clavícula, face cranial da
primeira costela, ligamento costoclavicular ou rombóide e músculo
escaleno posterior).
● Paralisia de Klumpke: afeta os músculos intrínsecos da mão e os flexores do
pulso e dos dedos, podendo ocasionar a condição conhecida como mão em
garra.
● Síndrome do túnel cubital: o nervo ulnar pode ser comprimido em vários
pontos de seu trajeto, ocasionando a síndrome. Túnel cubital: o teto é
formado pelo ligamento arqueado de Osborne, o assoalho é formado pelo
ligamento colateral do cotovelo, pela cápsula articular do cotovelo e pelo
olécrano. Ao sair do túnel, o nervo ulnar tem um trajeto profundo às cabeças
ulnar e umeral do músculo flexor ulnar do carpo.
- Arcada de Stuthers: nervo é coberto por um espessamento da fáscia
braquial e por fibras da cabeça medial do tríceps em direção ao septo
muscular medial.
- Septo intermuscular medial.
- Epicôndilo medial.
- Túnel cubital pelo ligamento de Osborne (mais comum).
- Fáscia do grupo muscular flexora-pronadora do antebraço.
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● Distrofia muscular de Duchenne: doença hereditária que causa fraqueza
progressiva e degeneração dos músculos esqueléticos. Os sinais principais
são a queda frequente, a dificuldade de se levantar de uma posição deitada
ou sentada, aumento dos músculos da panturrilha e incapacidade de
levantar os joelhos.
● Síndrome de Guillain-Barré (polineuropatia inflamatória aguda,
polirradiculoneurite aguda): desordem neurológica em que ocorre
desmielinização autoimune do sistema nervoso periférico, afetando a
condução do impulso nervoso que leva à contração da musculatura estriada
esquelética, resultando em fraqueza muscular progressiva que resulta em
paralisia.

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