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37048-SOLOS

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂNICA DOS SOLOS I - Prof. Luis Carlos 
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11. SOLOS 
 
11.1 TIPOS 
 
Solos residuais. É um conjunto de materiais resultantes da intemperização da rocha e se 
comporta como solo. A distinção deste material em relação à rocha não é bem definida e 
é difícil, na pratica, de ser estabelecida. 
Como conseqüência do intemperismo, as rochas são fragmentadas, seus 
minerais perdem as fortes ligações entre si e/ou transformam-se em outros, e o conjunto 
deixa de apresentar a resistência mecânica original, tornando-se desagregável. Nesta 
transição de rocha a solo podem-se distinguir alguns estágios. 
Rocha alterada é um material com resistência diminuída, mas que ainda se 
comporta como rocha. 
Saprólito é um material que os feldspatos e os minerais ferromagnesianos já 
estão quase todos alterados; apresenta a estrutura da rocha com certa resistência, 
dificultando ser trabalhado por meios manuais. A piçarra pode ser considerada rocha 
alterada ou saprólito e se refere a um material granular formado por fragmentos de 
rocha alterada ou fraturada. 
O avanço da intemperização nos maciços cristalinos se processa, 
principalmente, através de fraturas. A formação de matacões é um caso especial de 
resistência de blocos de rocha ao avanço da intemperização. Ocorrem geralmente me 
rochas maciças, pouco fraturadas de composição granítica. Esses blocos, inicialmente 
na forma de cubos ou paralelepípedos, limitados por fraturas, são atacados por todos os 
lados pelo intemperismo, com a evolução do processo, esféricos ou ovóides. Essas bolas 
de rocha, pouco ou não intemperizadas, ficam imersas no saprólito, no solo saprolítico, 
no solo superficial ou até sobre o solo, quando este já sofreu erosão. A Figura1 ilustra a 
distribuição dos matacões. 
 
Figura 1. Esquema de distribuição dos matacões. 
 
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A localização destes matacões no solo é importante para a engenharia 
porque indicarão dificuldades em escavações, na cravação de estacas, resistências 
diferenciadas ou, às vezes, ilusórias nas fundamentações de um prédio. 
Com o avanço da intemperização, todos os minerais alteráveis se modificam 
e o material se desagrega com facilidade, sendo então, em termos mecânicos, 
tipicamente um solo chamado solo saprolítico. Ainda podem ser identificadas a 
estrutura da rocha e a disposição dos minerais originais. O solo saprolítico pode ser 
confundido com o Horizonte C dos perfis pedológicos. As rochas graníticas ou 
gnáissicas produzem, neste estado, um material como saibro. 
 
Depósito de solos sedimentares ou solos transportados 
 
As partículas de um solo podem ser arrancadas por algum agente erosivo, 
transportadas e depositadas ou sedimentada. Esses depósitos de sedimentos recentes, 
não consolidados, são chamados de solos transportados (a diagênese ou a consolidação 
desses depósitos gera as rochas sedimentares). 
Aluviões são os solos que sofreram transportes pela água. Podem ser 
aluviões fluviais, lacustres, deltaicos ou marinhos. 
Solos eólicos são aqueles transportados pelo vento. 
Colúvios são depósitos que recobrem as encostas e que se deslocaram pela 
ação do próprio peso e também das águas da chuva. São compostos por mistura de 
materiais finos (predominantemente), como areia, silte e argilas, e blocos de rocha. 
Esses materiais têm baixa resistência ao cisalhamento e podem apresentar movimentos 
lentos (rastejos). No caso de ocorrerem cortes na base dos colúvios ou carregamentos 
com aterros ou estruturas, podem ocorrer movimentos mais rápidos, como 
escorregamentos. 
Estão aqui incluídos os depósitos de tálus, constituídos por blocos de rocha 
(predominantemente) e material fino em menor quantidade, freqüentemente saturado. 
Ocupam o sopé das encostas de relevo acidentado e podem apresentar movimento de 
rastejo. Muitas vezes é difícil distinguir um colúvio de um solo residual, 
principalmente no horizonte A. 
Os solos transportados, em termos de mecânica dos solos, são, em geral, 
“normalmente adensados”. O estudo e o mapeamento geomorfológico é o que melhor 
define a distribuição de vários tipos de solo, especialmente pela interpretação do tipo de 
vertente. Lacerda (1985) apresenta um esquema das relações que podem existir entre 
solos coluvionares e aluviais, freqüentemente encontrados no nosso meio. Um perfil de 
solo transportado pode ser visto na Figura 2. 
 
 
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Figura 2. Fotografia de um corte mostrando um solo transportado no topo, constituído de seixos, sobre 
um paleo-solo residual (parte esbranquiçada) resultante da alteração de um lamito vermelho (rocha 
branda), embaixo. 
 
 
Solo propriamente dito 
 
Sobre os materiais acima descritos, passam a agir os processos edáficos ou 
pedológicos. Para entendê-los, é melhor verificar o que ocorre da superfície para baixo. 
Entram em jogo o clima, principalmente a pluviosidade, e os seres vivos, 
principalmente a vegetação. Esta contribui com a matéria orgânica que cai sobre o solo 
e se decompõem em humos e CO2, o qual se perde na atmosfera. O húmus é 
incorporado no solo e forma a camada de humificação. 
A chuva, ao cair sobre o solo, infiltra-se nele e exerce certa “limpeza” ou 
lixiviação dos grãos mais finos, como a argila e colóides, ou dissolve sais solúveis, 
levando-os para baixo. O horizonte superficial fica, portanto, com os grãos mais 
grosseiros, como areia e húmus em quantidade variável. Essas camadas de humificação 
e de eluviação (lixiviação) formam o horizonte A. 
No horizonte inferior, há uma acumulação dos materiais lixiviados do A e, 
portanto, um aumento do teor de argila. É o horizonte B, de iluviação. As figuras 3 e 4 
mostram perfis de solo. 
 
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Figura 3. Fotografia de uma voçoroca mostrando, ao fundo um solo (Latossolo) de cor avermelhada 
destacando-se da Formação Tupanciretã, sedimentar, areno-argilosa e de cor mais clara. Observa-se que o 
solo, da superfície até sua porção central (horizonte B), opõe maior resistência á erosão que a Formação 
Tupaciretã. 
 
Esses horizontes pedogenéticos desenvolvem-se tanto sobre o material 
residual como o transportado, sendo geralmente difícil afirmar que um solo tem apenas 
material residual nos horizontes superficiais. 
Nos horizontes superficiais A e B não pé mais possível reconhecer o 
material que lhes deu origem. Alguns autores denominam os horizontes A e B também 
de solo superficial. 
 
Figura 4. Esquema e fotografia de um perfil de solo, onde estão delimitados, aproximadamente os tipos 
de solos e rocha. 
 
O horizonte C permite o reconhecimento do material de origem e, 
geralmente, apresenta manchas de descoloração (aspecto mosqueado). 
O solo superficial ou horizontes edáficos A e B é o solos propriamente dito. 
Para ser considerado como tal, deve possuir matéria orgânica. Distingue-se ainda do 
material do material intemperizado abaixo por apresentar-se mais alterado com raízes e 
organismos do solo e estruturado em horizontes característicos. 
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As variações nos horizontes determinam os vários tipos de solo que serão 
brevemente vistos na classificação pedológica. O solo superficial deve ser distinguido 
tornando-o independente de sua origem residual ou transportada. 
As relações entre os diversos materiais considerados solos e rochas podem 
ser esquematizadas na Figura 5. 
 
 
Figura 5. Esquema mostrando as relações entre as rochas e os solos. 
 
 
COMPOSIÇÃODOS SOLOS 
 
Fragmentos de rochas 
 
Ocorrem principalmente em solos transportados como tálus (depósitos onde 
predominam fragmentos de rochas geralmente angulosos), coluviões, aluviões de rios 
com seixos arredondados. 
Em solos residuais pouco evoluídos ocorrem fragmentos da rocha ainda não 
totalmente intemperizada. Os matacões são casos especiais. 
Freqüentemente, esses fragmentos são de rocha alterada. Seixos de rios, 
no entanto, podem oferecer material são e aproveitável em construção, como 
material pétreo. 
 
Minerais primários 
 
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O mineral primário mais freqüente no solo é o quartzo, que é praticamente 
inalterável. Os feldspatos podem dar o grau de evolução dos solos, pois são alteráveis. 
Quanto mais feldspatos, menos evoluídos. Outros minerais primários, como o 
ferromagnesianos, podem aparecer em solos pouco evoluídos, como os saprólitos. 
Micas, muscovita principalmente, podem ocorrer com certa freqüência. 
 
Minerais secundários – os minerais de argila 
 
Minerais de argila são silicatos de alumínio hidratados, com magnésio ou 
ferro substituindo total ou parcialmente o alumínio, em alguns minerais, e, em alguns 
casos, incluem elementos alcalinos ou alcalinos terrosos. Os três principais grupos de 
minerais de argila são as caulinitas, as esmectitas e as ilitas. 
A caulinita possui carga elétrica negativa e fraco poder de retenção de água, 
em comparação com os minerais dos outros grupos; praticamente não apresenta 
expansibilidade e torna-se plástica em teor de umidade relativamente baixo. 
As esmectitas (ou montmorillonitas) são caracterizadas por carga elétrica, 
poder de retenção para a água e expansibilidade elevadas e por se tornarem plásticas em 
um teor de umidade superior ao correspondente à caulinita. Já as ilitas apresentam 
propriedades intermediárias entre a caulinita e a esmectita. 
Outros minerais de argila menos abundantes no solo são as vermiculitas do 
tipo 2:1 e com uma estrutura semelhante à biotita, porem hidratadas. As cloritas, 
geralmente verdes, são do tipo 2:1:1 ou 2:2. os minerais das camadas mistas ou minerais 
interestratificados são combinações de dois ou mais minerais bem definidos. As 
associações mais comuns são a ilita-esmectita, clorita-vermiculita e ilita-vermiculita. 
A importância dos minerais de argila no solo provém dos seguintes fatos: 
são colóides eletronegativos com capacidade de absorção, retenção de água e troca de 
cátions, são susceptíveis de dispersão e floculação; tem poder tamponizante; tem 
propriedades mais ou menos acentuadas de plasticidade, adesividade, tenacidade no 
estado seco e variação de volume consoante o teor de água; desempenham papel 
fundamental na agregação dos solos minerais (coesão) e formam ligações mais ou 
menos intimas nas substancias orgânicas. 
 
Minerais secundários – silicatos não cristalinos 
 
Embora pouco freqüentes na fração argilosa de certos solos, podem-se 
encontrar silicatos de alumínio não cristalinos. O mais importante é a alofana. São geles 
amorfos de composição variável de sílica, alumina e água, incluindo pequenas 
quantidades de ferro, magnésio, cálcio, etc. 
 
 
Minerais secundários – óxidos e peróxidos de ferro e alumínio 
 
Os óxidos e peróxidos de ferro e alumínio ocorrem no estado cristalino e/ou 
como geles amorfos, sendo muito variável a proporção de umas e outras formas, assim 
como o grau de cristalinidade das formas cristalinas. 
As formas cristalinas mais freqüentes e abundantes são a gipsita AL (OH)3 
ou Al2O3.H2O, e a goetita FeO3.H2O e a hematita Fe2O3. 
Os colóides de ferro e alumínio têm comportamento físico e químico muito 
deferente dos minerais de argila. Possuem menor poder da retenção para a água e muito 
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menos plasticidade. Podem, no entanto, exercer influencia muito pronunciado sobre a 
agregação dos solos e mesmo determinam cimentação irreversível, originando 
concrecionamento ou ligação em massas mais ou menos compactas. 
Em grande parte dos solos, representam uma fraca proporção da fração 
mineral, geralmente sob a forma de delgadas capas que envolvem partículas de areia, 
silte ou minerais de argila. Nos solos ferralíticos ou latossolos, entretanto, podem atingir 
forte proporção da fração mineral; não só abundam nas frações finas, como constituem 
concreções mais ou menos grosseiras. Esta é uma das razões que distinguem tanto os 
solos de comportamento laterítico, em termos geotécnicos, propiciando novas 
classificações. 
 
Minerais secundários – calcário 
 
A calcita CaCO3 é constituinte comum do solos das regiões áridas e 
semiáridas. O calcário do solo pode encontrar-se sob forma de partículas muito 
pequenas e, muito freqüentemente, até de diâmetro inferior a 0,002 mmm. Apresenta 
fraca plasticidade, assim como poder de retenção de água relativamente pequeno. 
O calcário tem poder cimentante e pode ocorrer também como partículas 
maiores, proveniente de rochas sedimentares ou metamórficas. 
 
Colóides 
 
Os colóides do solo podem formar, com água, soles e, até mesmo sistemas 
coloidais com certa rigidez e elasticidade, denominados geles. 
O soles são caracterizados pela existência de partículas coloidais sólidas, 
separadas umas das outras e distribuídas em um meio líquido, o chamado estado 
disperso. Tal estado explica-se pela repulsão eletrostática das partículas. A estabilidade 
do sistema, no estado disperso, é tanto maior quanto maior for o potencial elétrico das 
partículas coloidais. Abaixo de certo valor critico do potencial, a repulsão atenua-se 
suficientemente para deixar de impedir a associação de partículas coloidais que se 
reúnem em grupos ou flocos. Os flocos podem tornar-se suficientemente grandes para 
sedimentarem sob a influencia da gravidade. 
Os fenômenos de eluviação são, em grande parte, condicionados pelo estado 
disperso ou floculado de colóides do solo. Com efeito, a eluviação só atinge elementos 
ou substancia em solução verdadeira ou colóides no estado disperso. Ao contrario, a 
iluviação é induzida ou facilitada pela floculação de colóides. 
Os colóides raramente migram no estado isolado, mas o fazem comumente 
sob a forma de complexos coloidais dispersos, ferro-silícicos, ferro- húmicos ou argilo-
minerais. 
 
Matéria orgânica ou húmus 
 
O húmus tem sua composição complexa, e por este termo, está se indicando 
toda a matéria orgânica do solo. O húmus é uma material amorfo, extraordinariamente 
poroso e de fraca densidade; é fortemente higroscópico e tem elevado poder de retenção 
de água; tem coesão e adesividade fracos. Os colóides húmicos são eletronegativos e 
possuem capacidade de troca catiônica; tem poder tamponizante e são susceptíveis de 
dispersão e floculação. 
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Há ligações mais ou menos intimas entre os colides minerais e colóides 
orgânico do solo. Os conjunto resultantes dessas ligações são designadas por complexos 
argilo-húmicos. 
 
Constituição por fração granulométrica 
 
A constituição por fração granulométrica está sintetizada na Tabela 1. 
 
TAMANHO DO GRÃO COMPOSIÇÃO 
- fragmentos de rocha Cascalho 
Pedrisco - minerais primários: quartzo, calcedônea, ás 
vezes, feldspato no pedrisco (areião) 
- minerais primários: quartzo principalmente, às 
vezes, feldspato; 
- fragmento de rocha de grão fino; 
- agregados herdados: partículas constituídas por 
um mineral primário alterado e um mineral 
resultante da alteração; 
- agregados de quartzo e argila: grão de quartzo 
com argila aderida; 
- agregados de argila: minerais de argila 
aglutinados por um cimento, p. exemplo, ferro; 
Areia 
- outros resistatos: magnetita, monasita, zircão, etc.-minerais primários, p. ex. quartzo; 
- material ferruginoso e calcário; 
- pseudo-agregados ou agregados de quartzo e 
argila ou só argila; Silte 
- partículas individuais de certos minerais de 
argila, p. ex. vemiculita. 
- minerais de argila; 
- óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio; 
- minerais primários (em pequena proporção); 
- calcários; 
Argila 
- matéria orgânica. 
Tabela 1. Constituição do solo por fração granulométrica. 
 
PROPRIEDADES FÍSICAS 
 
Textura 
 
A distribuição em classes de tamanho de grão é a mesma usada para rochas. 
A forma do grão também se descreve da mesma maneira. 
Pela classificação trilinear do solo, a identificação é feita em função das 
proporções entre areia, silte e argila, utilizando-se diagrama trilinear (Figura 6). Sobre 
cada um dos três eixos coordenados se representa uma dessas três frações 
granulométricas. O diagrama está dividido em zonas, a cada qual corresponde a um tipo 
de solo. 
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Figura 6. Diagrama trilinear para classificação granulométrica dos solos. 
 
 
Porosidade, índices de vazios e densidade relativa 
 
Porosidade e índices de vazios revelam a mesma situação, sendo a 
porosidade a relação entre o volume de vazios e o volume total em percentagem. O 
índice de vazios é a relação entre o volume de vazios, dividido pelo volume de sólidos. 
Segundo a AIEG, a porosidade deve ser classificada segundo a tabela 2. 
 
Classe Índice de vazios Porosidade Termo 
1 maior que 1 maior que 50 muito alta 
2 1,0 – 0,80 50 - 45 alta 
3 0,80 – 0,55 45-35 média 
4 0,55 – 0,43 35 - 30 baixa 
5 menor que 0,43 menor que 30 muito baixa 
Tabela 2. classificação da porosidade nos solos. 
 
A densidade relativa ou grau de compactação é uma relação entre os índices 
de vazios natural, mínimo e máximo, segundo a formula: 
 
 
Sendo: 
emax = índice de vazios máximo; 
enat = índice de vazios natural; 
emin = índice de vazios mínimo. 
 
De acordo com a densidade relativa, os solos arenosos são classificados 
conforme as tabelas 3 e 4. 
 
 
 
 
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Classe Densidade relativa (%) Termo 
1 menor que 20 muito fofo (a) 
2 20 - 33 fofo (a) 
3 33 - 66 medianamente fofo (a) 
4 66 - 90 denso 
5 90 - 100 muito denso 
Tabela 3. Densidade relativa das areia e pedregulhos. 
 
 
Grau de compactação Termo 
0 – 1/3 fofa 
1/3 – 2/3 medianamente compacta 
2/3 - 1 compacta 
Tabela 4. classificação dos graus de compactação das areias pela NBR 6502. 
 
Plasticidade 
 
Se fizermos a mistura de sólidos contidos no solo com água, teremos a partir 
de altos teores de água ate baixos valores de umidade, os seguintes estados para essa 
mistura são: líquido, plástico, semissólido ou sólido. Os limites entre esses estados ou 
limites de consistência são, respectivamente: limite de liquidez, limite de plasticidade e 
limite de contração. 
O índice de plasticidade é a diferença entre o limite de liquidez e o limite de 
plasticidade. Esse índice serve para a avaliação da plasticidade dos solos. A plasticidade 
é uma propriedade importante do solo e a AIEG propõem a classificação da Tabela 5. 
 
 
 
 
Classe Índice de plasticidade (%) Termo 
1 menor que 1 não plástico 
2 1 - 7 levemente plástico 
3 7 - 17 moderadamente plástico 
4 17 - 35 altamente plástico 
5 maior que 35 extremamente plástico 
Tabela 5. Classes de solo pelo índice de plasticidade. 
 
Umidade e consistência 
 
O teor de umidade natural é determinado pela fórmula: 
 
h = ((Ph – Ps)/Ps) * 100 
 
Sendo: 
h = umidade natural; 
Ph = peso úmido; 
Ps = peso seco. 
 
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O grau de saturação é uma proporção de umidade natural, na qual o solo se 
encontra, em relação à saturação máxima desse solo e pode ser classificado segundo a 
Tabela 6. 
 
Classe Grau de saturação (%) Termo 
1 0 – 0,25 naturalmente seco 
2 0,25 – 0,50 úmido 
3 0,50 – 0,80 muito úmido 
4 0,80 – 0,95 altamente úmido 
5 0,95 – 1,00 saturado 
Tabela 6. Classificação do grau de saturação. 
 
A partir da umidade natural e dos limites de consistência, determina-se o 
índice de consistência, pela fórmula: 
 
IC = (LL –H) /IP 
Sendo: 
IC = Índice de consistência; 
LL = Limite de liquidez; 
IP = Índice de plasticidade; 
H = teor de umidade, em percentagem. 
 
Conforme os índices de consistência, os solos argilosos são classificados de 
acordo com as tabelas 7 e 8. 
 
Termo Índice de consistência 
muito mole menor que zero 
mole 0 – 0,5 
média 0,5 – 0,75 
rija 0,75 – 1,0 
dura maior que 1,0 
Tabela 7. Consistência das argilas pela NBR 6502 
 
 
Termo Índice de consistência Resistência ao cisalhamento 
aproximada, não drenada – 
K/m2 
muito mole exsuda entre os dedos quando esmagada na mão menos que 20 
mole facilmente moldada nos dedos 20 – 40 
firme pode ser moldada nos dedos por pressão forte 40 - 75 
rijo não pode ser facilmente moldada nos dedos 75 - 150 
muito rijo frágil ou muito resistente mais do que 150 
Tabela 8. Classificação dos solos coesivos com base na consistência indicada por testes de campo. 
 
Cor 
 
 As cores do solo nos horizontes pedológicos são designadas geralmente pelo 
“ Munsell Soil Color Chart”. 
 
Estrutura 
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Em relação à estrutura, deve-se distinguir aquela herdada da rocha mãe 
alterada, no caso de solos residuais, da herdada do processo de sedimentação, no caso 
de solos transportados, ou de processos edáficos, no caso de horizontes superficiais. 
A estrutura do solo propriamente dito, horizontes edáficos, depende muito 
do grau de floculação das argilas. No estado disperso, cada partícula de argila funciona 
como um grão independente do outro. No estado floculado, as pequenas partículas de 
argila ligam-se umas nas outras, comportando-se como um grão maior. Às vezes, essas 
ligações são tão fortes que solos argilosos apresentam um comportamento semelhante as 
areias, por exemplos, não plásticos. A analise granulométrica dará a distribuição dos 
tamanhos dos grãos em um estado disperso. 
A floculação, ligação entre os grãos, será responsável pela estruturação forte 
ou fraca, em blocos grandes ou pequenos, angulares, subangulares, etc. 
 
 
11.2 CLASSIFICAÇÃO PEDOLÓGICA 
 
Pedologia é o estudo do desenvolvimento do solo próximo a superfície. 
Pedologia é a designação de um sistema de classificação de solos e que os 
considera como parte natural da paisagem e tem seu interesse maior no estudo da 
origem e de sua evolução ao longo do tempo. Após a intemperização da rocha o solo 
começa a sofrer transformações e a se organizar em horizontes, de aspectos e condições 
diferentes e aproximadamente paralelos a superfície do terreno. 
Os grupos são divididos em zonas, intrazonais e azonais. Os zonais são os 
solos maduros; os intrazonais são solos jovens, com características pedogenéticas pouco 
desenvolvidas e influenciados por condições locais especiais; e os solos azonais são 
solos jovens sem características pedogenéticas desenvolvidas. 
Os principais grupos de solos que ocorrem no Rio Grande do Sul foram 
agrupados, segundo Lemos et. al (1973 APUD Dias, 1985), em: 
- solos com horizonte B latossólico; 
- solos com horizonte B textural; 
- solos incipientes; 
- solos pouco desenvolvidos. 
A classificação brasileira de solos, segundo Azolin (1986), prevê, na 
categoria mais alta, grupamentos de solos baseados nos tipos de horizonte B 
diagnósticos ou em propriedades que expressem particularidades pedogenéticas, como: 
a) atividade de fração de argila; 
b) condições de drenagem; 
c) grau de desenvolvimento; 
d) presençade sais; 
e) mineralogia; 
f) tipo de material de origem. 
Na segunda categoria, estão previstas as classes de solo. Cada classe de solo 
tem uma definição ou um conceito bem preciso e distinto das demais classes, ou por 
variações em determinadas característica diagnosticas ou por um conjunto de 
características especificas de cada classe. 
Na Tabela 1 estão listados os grupamentos e as classes de solo com a 
denominação antiga e atual. Nesta tabela, as classes de solos estão relacionadas de 
acordo com os grupamentos de que fazem parte na categoria mais alta. 
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A classificação pedológica é interessante para fins práticos, pois ela 
indicará uma serie de propriedades geotécnicas que se deve esperar, em função do 
comportamento de solos semelhantes em áreas geotecnicamente conhecidas. Bons 
indicativos são a atividade da argila e a espessura do solo. 
 
 
Tabela 9. Principais grupamentos, classes de solos e símbolos das classes consideradas na classificação 
brasileira de solos, nos dois primeiros níveis categóricos. 
 
Convém, para o entendimento da classificação pedológica, acrescentar os 
conceitos de laterização, podzolização e hidromorfia. 
A laterização ocorre em regiões tropicais e subtropicais úmidas, onde o 
intemperismo é mais intenso. As bases solúveis (Ca, MG, K, Na) são rapidamente 
liberadas, o pH se aproxima de 7, aumenta a solubilidade da sílica e diminui a do 
alumínio. Os argilominerais têm uma proporção de sílica/alumínio de 2;1 (esmectita) ou 
1:1 (caulinita). Pela laterização, tende a ficar 1:1 ou só sesquióxidos de alumínio. Se a 
drenagem é satisfatória, há intensa oxidação e fixação de ferro. O regolito (saprólito e 
solo saprolítico) atinge grande profundidade e o horizonte B torna-se espesso. As 
características da rocha matriz são anuladas pela intensidade do processo. 
Latossolo é o termo aplicado a solos de regiões tropicais e equatoriais cujas 
as características predominantes estão associados a baixos coeficientes de 
sílica/sesquióxidos de frações de argila, produzindo atividade de argila, reduzindo teor 
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de componentes solúveis, elevado grau de estabilidade dos agregados e, talvez, certa 
cor vermelha. 
A podzolização ocorre onde a temperatura, a precipitação e a vegetação, 
alem de outros fatores, devem auxiliar na abundante concentração de matéria orgânica, 
denominada camada humífera. Essa concentração de matéria orgânica forma ácidos 
húmicos, tornando o pH baixo (4,0 – 4,5). A abundância de água e esses ácidos 
dissolvem os carbonatos e outros sais, deixando o horizonte A2 drasticamente lixiviado 
com aspecto acinzentado e descolorido, fortemente acido e silicoso. Os óxidos de ferro 
e alumínio depositam-se no horizonte B. 
A hidromorfia é caracterizada por um excesso de umidade. A drenagem é 
insuficiente, quer pelas características do perfil que impossibilita a filtração normal de 
água, quer pela localização muito baixa da área. Há presença de horizontes chamados 
“Glei”. São horizontes mosqueados com colorações irregulares. Faixas ou manchas 
vermelhas, amarelas ou brunas são indicativas de formas oxidadas de ferro e manganês. 
Misturadas com elas aparecem cores azuis e cinzentas, características de compostos 
reduzidos. Este mosqueado é considerado como diagnostico de solos insuficientemente 
drenados. 
Os planossolos são solos insuficientemente drenados de terras altas. 
 
 
11.3 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA 
 
Sistema Unificado de Casagrande 
 
O Sistema Unificado de Classificação ou Classificação Universal de 
Casagrande associa os dados de granulometria com os dos limites de consistência. 
Nesse sistema, os solos são classificados em três grupos: 
a) Solos Grossos – diâmetro da maioria absoluta dos grãos maior que 0,074 
mm; 
Exemplo: GW, GP, GM GC, SW, SP, SM, SC 
 
b) Solos Finos – diâmetro da maioria absoluta dos grãos menor que 0,074 
mm; 
Exemplo: CL, ML, OL, CH, MH, OH, PT 
 
c) Turfas – Solos altamente orgânicos, geralmente fibrosos e extremamente 
compressíveis. 
Exemplo: PT 
 
O Quadro 1 mostra esta classificação. As letras representam as iniciais das 
palavras inglesas. 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂNICA DOS SOLOS I - Prof. Luis Carlos 
 15 
 
Quadro 1. Classificação universal de Casagrande simplificada.

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