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TUBERCULOSE E OUTRAS MICOBACTÉRIAS terça-feira, 13 de julho de 2021 17:28 • Tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Gênero Mycobacterium possui outras várias micobactérias. Do ponto de vista clínico, é relevante saber que existem as micobactérias do complexo tuberculosis, as não tuberculosis e o M. leprae → M. tuberculosis é o protótipo do complexo de M. tuberculosis, composto ainda por M. bovis, M. microti, M. africanum e M. canetti • Micobactérias são bacilos aeróbios estritos, bactéria intracelular obrigatória, de Gram indeterminado, utiliza-se a coloração de Ziehl-Neelsen (ácido resistente - BAAR), DNA com conteúdo de guanina e citosina, crescimento lento (duplicação em 24 horas), parede micobacteriana muito espessa com ácido micólico (ácido graxo - gordura) → Coloração de Ziehl-Neelsen: fuccina ➟ aquecer por 5 minutos até sair vapor ➟ adicionar álcool-clorídrico ➟ lavar com água ➟ corar com azul de metileno ➟ lavar e secar → Bacilo é álcool ácido resistente, pois parede celular é espessa e rica em gordura, não descora durante a coloração • Metabolismo bacteriano voltado especialmente para construção de cápsula, com alto teor lipídico, que o protege dos agentes químicos. Por isso, o M. tuberculosis cresce lentamente - aeróbio, duplica sua população em 18-48 horas, dependendo da oferta de oxigênio, do pH do meio e acesso a nutrientes. É, entretanto, facilmente destruído por agentes físicos, como o calor, raios UV da luz solar e radiações ionizantes. • Cultura da micobactéria pode ser feita em meio sólido de Löwestein-Jensen, baseado em ovo, apresentando padrão amarelado em grumos de colônias com demora de 3-4 semanas. Cultura também pode ser feita em meio líquido. Na microscopia eletrônica, bacilos assumem uma forma de corda. • M. tuberculosis não se apresenta livre na natureza, dependendo do parasitismo. Transmite-se principalmente por via aérea, facilitada pela aglomeração humana • Por ser um aeróbio estrito para a maior parte das suas populações, infecta os pulmões e aí se localiza preferencialmente - a presença de oxigênio favorece sua multiplicação e a ligação do órgão com o meio externo facilita sua transmissão TRANSMISSÃO • M. tuberculosis é caracterizado pela transmissão inter-humana. Indivíduo ao falar libera gotículas, que caem no chão e se aerolizam em pequenas partículas. São esses aerossóis que são infectantes. • Bacilos eliminados pela tosse, em que partículas maiores tendem a se depositar no chão, misturando-se com poeira, enquanto a menores levitam no ar. • Das partículas que levitam, nem todas são contagiantes, apenas as que se ressecam alcançando tamanho entre 2-10 micras e apresentam características aerodinâmicas semelhantes à dos gases (aerossóis) - gotícula núcleo de Wells • Partículas de Wells, com um ou dois bacilos viáveis, alcançam os alvéolos, onde se implantam. Outras partículas não ressecadas, com grumos de bacilos, depositam-se no trajeto da árvore brônquica e são eliminadas pelo sistema mucociliar, digeridas e eliminadas pelo sistema digestivo. → Só as partículas de Wells chegam aos alvéolos para que ocorra infecção • Maior transmissibilidade do foco se relaciona à doença pulmonar (ou laríngea), presença de cavidades e maior carga bacilar no escarro. A quantidade, o vigor e as características da tosse interferem na transmissibilidade. → Pacientes m melhor estado geral e nutricional tendem a apresentar tosse vigorosa, atomizando partículas com maior capacidade de transmissão do que aqueles em pior estado → Escarros espessos e aderentes produzem menor quantidade de partículas infectantes, ao contrário dos mais fluídos • Tempo de exposição necessário para infecção bem-sucedida é entre 100-200 horas. Quanto mais demorada a convivência, maior a possibilidade de transmissão, daí a necessidade de investigar os contatos mais próximos no rastreamento da doença. • Infecção e doença são mais frequentes entre contatos de baixa idade, idosos, portadores de doenças ou em condições imunossupressoras e os tuberculino-negativos. → Quimioterapia interfere no contágio da tuberculose. Transmissão reduz acentuadamente nas 2 primeiras semanas de tratamento. Essa redução se daria pelo fato de serem eliminados pelo escarro tanto os bacilos como os medicamentos - sendo que, nas gotículas ressecadas, medicamentos interferem na sobrevida e multiplicação dos bacilos • Transmissão bem-sucedida ou infecção depende de um eliminador de bacilos (foco) competente, de um contato capaz de ser infectado, do ambiente e do tipo de relacionamento entre o foco e o contato, sendo influenciado pelo tratamento. PATOGENIA • Infecção primária - partícula chegou ao alvéolo houve reação inflamatória em alvéolo, linfangite, gânglio formando complexo primário (inflamação alvéolo + linfangite + gânglio satélite). Na maioria das pessoas com infecção primária, sistema imune contém bacilo em complexo primário e evolui para TB latente - M. tuberculosis fica adormecido sem causar doença, se houver queda de imunidade pode ocorrer reativação da TB (5% dos casos - se algum fator imunossupressor mais severo valor aumenta). Após infecção primária, possível não conter foco da doença e desenvolver TB primária caracterizada pela disseminação hematogênica clássica - forma miliar disseminada → Forma miliar é, em geral, decorrente da infecção primária. Era relativamente comum em crianças antes da BCG. • Vias respiratórias são a principal porta de entrada do Mycobacterium tuberculosis. Partículas de Wells que se comportam como gases vencem barreiras do sistema imune inato e localizam- se no trato respiratório inferior, especialmente no interior dos alvéolos onde, facilitadas por ambiente propício, com temperatura, umidade e aporte de substâncias nutrientes, multiplicam-se livremente, caracterizando fase simbiótica ou de crescimento livre. Macrófagos são 1ª linha de defesa contra M. tuberculosis. Essa resposta inicial, se completamente efetiva, causará eliminação pela ação fagocítica de macrófagos alveolares - processo envolvido na fagocitose inclui a ligação da bactéria ao macrófago, a internalização dentro do fagossoma e morte ou inibição do crescimento do bacilo. Atividade do macrófago pode ser ampliada pela ação de citocinas que estimulam a fagocitose, a capacidade lítica dos lisossomos e favorecem sua fusão ao fagossoma com destruição dos bacilos. • M. tuberculosis desenvolve mecanismos de escape e defesa de maneira que possa romper a parede do fagossoma, crescendo livremente dentro do macrófago (parasitismo intracelular facultativo), inibir fusão lisossomal e impedir novas fagocitoses. • Se macrófago alveolar não conseguir deter o microrganismo, por desconhecimento imunológico do bacilo ou depressão imunitária, haverá uma multiplicação bacilar com destruição celular e tecidual. Forma-se resposta inespecífica com acúmulo local de polimorfos nucleares que fagocitam bacilos e, assim como chegam, retornam à corrente sanguínea com bacilos em seu interior estabelecendo disseminação hematogênica primária. • Benefícios da vacinação: impedir aparecimento de forma miliar e extrapulmonar, por estimular mecanismos imunológicos que evitam essa disseminação. • Bactéria multiplica-se lentamente, dividindo-se a cada 25-32 horas dentro do macrófago. Bacilo cresce por 2-12 semanas, tempo suficiente para desencadear a resposta imunológica mediada por células e a hipersensibilidade do tipo retardada - conversão tuberculínica detectada em teste cutâneo. • Se mecanismos de defesa iniciais não forem suficientes para conter o patógeno, a célula infectada rompe-se liberando os bacilos → Sistema imunológico eficaz: acúmulo de macrófagos e linfócitos T ativados na região em que bacilos se instalaram - granuloma, responsável por conter a disseminação bacteriana - lesão inicial é o cancro de inoculação → Sistema imunológico ineficaz: bacilosdeixam o interior de macrófagos e disseminam para corrente linfática até linfonodos regionais - formação de complexo primário (cancro de inoculação + linfangite + adenomegalia hilar) • A partir de linfonodos hilares, bacilos se disseminam para linfonodos paratraqueais e vertebrais e, via ducto torácico, alcançam a corrente sanguínea, podendo se alojar nas regiões superiores do pulmão ou em diversos órgãos, como rins, cérebros e ossos, ou onde encontrarem ambiente favorável (oferta satisfatória de oxigênio e baixa perfusão - dificultando aporte de células de defesa). • Indivíduos cuja resposta imunológica foi suficiente para conter micobactéria desenvolverão forma clínica de infecção caracterizada como infecção latente, em que os bacilos permanecerão nesse estado por tempo indeterminado, o que explicaria aparecimento de tuberculose, quase sempre, como reativação de foco primário. → Risco de desenvolvimento da doença é maior nos primeiros 2 anos após a infecção • Macrófagos exercem função de células apresentadoras de antígenos em resposta à infecção pelo M. tuberculosis. Apresentam a linfócitos T antígenos bacterianos expressos levando a produção de citocinas que modularão a função dos macrófagos. → IFN-gama, IL-12 e TNF-alfa são importantes na imunopatogênese da tuberculose. Indivíduos deficientes de imunidade mediada por IFN-gama e IL-12 são susceptíveis à infecção por micobactérias. Já o TNF-alfa tem sido relacionado à resistência antibacteriana e à formação de granuloma tuberculoso • Com o surgimento da hipersensibilidade do tipo retardado, macrófagos infectados no interior dos granulomas morrem. Bacilos tendem a se localizar no centro do granuloma e a periferia torna-se fibrótica e caseosa. A necrose tecidual que ocorre na tuberculose tem alto teor de gorduras liberadas pelo metabolismo bacilar, apresentando aspecto denso e espesso, conhecido como necrose e caseificação. → Embora o bacilo não consiga se multiplicar dentro do cáseo, em virtude da escassez de oxigênio, ele poderá se manter viável por décadas A chamada necrose caseosa é uma variedade de necrose coagulativa que ocorre na tuberculose, embora não seja exclusiva desta. O termo caseoso é macroscópico e indica aspecto semelhante a queijo (mineiro ou ricota). A necrose caseosa ocorre na reação inflamatória causada pelo bacilo de Koch, especialmente nos granulomas, que são agrupamentos de macrófagos modificados, denominados células epitelióides e células gigantes. Aqui, observamos o aspecto microscópico da necrose caseosa. É uma área homogênea ou finamente granulosa e de cor rósea forte, geralmente circundada por granulomas. A tendência da necrose caseosa é calcificar-se ou pode ser eliminada para o exterior por vias naturais (como os brônquios, no caso do pulmão). A cavidade que resulta chama-se caverna. De <http://anatpat.unicamp.br/lamdegn24.html> http://anatpat.unicamp.br/lamdegn24.html • Cerca de 5-10% dos infectados adoecerão em algum momento da vida. Influenciado por fatores relacionados à imunidade do hospedeiro - doenças e condições que debilitam imunidade: desnutrição, etilismo, idade avançada, AIDS, DM, IRC, tumores, uso de medicação imunodepressora etc. • Se na primoinfecção não acontece o equilíbrio imunológico, os bacilos recém-implantados no parênquima pulmonar ou nos linfonodos continuam a se multiplicar, dando origem a lesões sintomáticas - TB primária. Geralmente, tal forma primária assola antes que se estabeleça maturidade das defesas imunológicas. Sendo assim, pacientes podem ainda não ter concluído resposta de hipersensibilidade, tendo resposta negativa ao teste tuberculínico (fase pré- tuberculínica) • Existência de tuberculose pós-primária significa que a infecção pode progredir, independentemente da existência de imunidade. Existem 2 vias para novo episódio de tuberculose → Inalação de novos bacilos - hipersensibilidade é a resposta predominante, acompanhada de necrose e caseificação → Reativação de foco primário • Na tuberculose pós-primária, a forma pulmonar é a mais comum. Os bacilos até então inibidos no seu desenvolvimento pela formação do granuloma encontram condições favoráveis à sua multiplicação após liquefação do cáseo e o aparecimento da cavidade, com um rápido crescimento das populações bacilíferas. Desenvolvimento para a formação de lesões cavitárias pulmonares (caverna tuberculosa) caracteriza a tuberculose pós-primária e dela pode se propagar material infeccioso diretamente para dentro dos brônquios TUBERCULOSE LATENTE • É aquela em que paciente foi infectado, mas há ausência de sintomatologia clínica de tuberculose ativa pulmonar ou extrapulmonar → Antes de se afirmar que um indivíduo tem ILTB, é fundamental excluir TB ativa, por meio da anamnese, exame clínico e RX de tórax • OMS estima que 25% da população mundial tenha ILTB. Apesar disso, não há indicação de investigação indiscriminada na população geral. Essa investigação é indicada somente em populações que potencialmente se beneficiarão do tratamento. • Esse diagnóstico é feito com presença de evidências indiretas dessa infecção: laboratorial (teste tuberculínico ou ensaios de liberação de interferon gama) ou radiológica (complexo primário) • Teste cutâneo com tuberculina: PPD é um derivado proteico injetado intradérmico para medir a resposta imune celular a esses antígenos - técnica Mantoux de aplicação. A partir dessa injeção há reconhecimento pelo sistema imune, ativando células T de memória, formando enduração. Leitura de resultado deve ser realizada 48-72 horas após aplicação. Pontos de corte são 5mm, 10mm e 15mm - em população com baixa incidência de TB, ponto de corte sobe para 15mm, já quando alta incidência, ponto de corte é de 5mm → No Brasil, como incidência intermediária, utiliza-se ponto de corte geral 10mm - manter em mente que varia de acordo com a população → É um exame mais qualitativo, do que quantitativo → Não há relação entre tamanho da resposta com a infecção, pois teste mede resposta imune celular do indivíduo ao antígeno • Prova tuberculínica é indicada para identificar casos de ILTB. em adultos e crianças e auxiliar no diagnóstico de TB ativa em crianças → PT reativa, isoladamente, indica apenas infecção e não é suficiente para diagnóstico da tuberculose doença • Especificidade da PT é de 97%, principalmente se BCG for aplicada no 1º ano de vida, como ocorre no Brasil. Reações falso-positivas podem ocorrer em indivíduos infectados por outras micobactérias ou vacinados com a BCG após 1º ano de vida. → Sensibilidade é de 77% • Existem alguns fatores associados à infecção tuberculosa latente (ILTB), o que modifica o ponto de corte da prova tuberculínica - prioriza-se tratamento para aqueles com maior risco de adoecimento → 5mm: contatos adultos e adolescentes maiores que 10 anos, RX de tórax com fibrose apical sequelar, HIV-AIDS, pré-transplante, uso de corticosteroides em dose imunossupressora e indivíduos em uso de inibidores de fator de necrose tumoral → 10mm: carcinoma de cabeça e pescoço ou doenças oncohematológicas, outras neoplasias com indicação de quimioterapia, doença renal crônica com terapia substitutiva (diálise), silicose, diabetes mellitus, IMC abaixo de 20, granuloma calcificado ao RX de tórax (sem fibrose), tabagismo (acima de 20 cigarros/dia) → Profissionais de risco aumentado - 10mm: área de saúde, laboratório, sistema prisional e instituições de longa permanência IGRA - Interferon gama release assay: teste baseado na premissa de que as células anteriormente sensibilizadas com os antígenos da tuberculose produzem altos níveis de interferon gama. Sangue é coletado e exposto in vitro ao antígeno do M. tuberculosis, sendo quantificada a produção de interferon gama. Tem como vantagem: não é observador dependente, paciente não precisa retornar ao serviço de saúde, menor interferência em populações vacinadas. Não é custo-efetiva - não disponívelno SUS • Objetivo do tratamento é impedir que se torne infecção ativa. É uma intervenção efetiva com baixo custo. Primeira linha de tratamento é monoterapia com isoniazida por pelo menos 6 meses - baixo risco de hepatotoxicidade, risco aumenta acima dos 35 anos de idade. Realizar reposição de piridoxina (vitamina B6) 25-50mg durante o tratamento. → Sempre certificar que não há sintomatologia, não deve ser doença ativa. Na suspeita de doença ativa, altera-se tratamento → Isoniazida pode espoliar vitamina B6 levando às complicações neurológicas como neuropatia periférica • No regime de tratamento com isoniazida (H), o mais importante é o número de doses e não somente o tempo de tratamento. Recomenda-se a utilização de 270 doses que poderão ser tomadas de 9-12 meses. Considerar a utilização de 180 doses, que deverão ser tomadas entre 6-9 meses em casos individuais, após avaliação da adesão. Há evidências de que o uso de 270 doses protege mais do que o uso de 180 doses. • Regime com rifampicina (R) é preferencial em indivíduos com mais de 50 anos de idade, crianças (<10 anos de idade), hepatopatas, contatos monorresistentes à isoniazida e intolerância à isoniazida. Está contraindicada nas pessoas vivendo com HIV em uso de inibidores de protease ou de dolutegravir. Recomenda-se utilização de no mínimo 120 doses que deverão ser tomadas em 4-6 meses TUBERCULOSE ATIVA • Sempre pensar em tuberculose diante de sintomático respiratório (tosse há 2 ou mais semanas), pneumonia prolongada sem resposta ao tratamento inespecífico, infiltrado pulmonar apical ao RX de tórax • Abordagem do paciente com suspeita de tuberculose deve iniciar-se com anamnese completa em que se buscará a presença dos sintomas clássicos e de outros elementos que auxiliem no diagnóstico. Exame físico, além dos achados sugestivos da doença, permitirá descoberta de sinais de possíveis doenças concomitantes, fato não raro na tuberculose • Sendo a tuberculose uma doença de evolução crônica ou subaguda, sintomas tendem a ser indolentes e de intensidade crescente, podendo apresentar períodos de remissão e relativo bem-estar. • Tosse: na tuberculose pulmonar, tosse está presente em praticamente todos os pacientes. Resulta do estímulo causado pelo processo inflamatório alveolar ou pelo comprometimento granulomatoso das vias aéreas. No início, é seca, podendo tornar-se produtiva com expectoração mucosa ou purulenta, geralmente em pequena quantidade e, às vezes, com sangue. → Menos observada na forma pleural da doença → Tosse tende a ser ignorada ou minimizada pelos fumantes → Recomendação programática para rastreamento da doença na comunidade é a de realização de exame baciloscópico em pessoas que apresentam tosse produtiva e persistente por 3 ou mais semanas • Hemoptise: volume de sangramento é variável, podendo manifestar-se tanto como estrias misturadas ao escarro (hemoptoicos), ou como hemoptise maciça, felizmente rara → Hemoptises volumosas aparecem, geralmente, na presença de cavidades decorrentes da existência dos aneurismas de Rasmussen, terminações livres de artérias dentro desses espaços. • Dispneia: em virtude de destruição global do parênquima pelo processo inflamatório da tuberculose, envolvendo alvéolos e vasos, não há grandes alterações na relação ventilação- perfusão, exceto nas atelectasias, nas grandes cavidades e nas lesões com grande componente inflamatório agudo. Assim, a dispneia é um sintoma pouco comum, aparecendo, sobretudo, nas lesões avançadas pela restrição causada pelo padrão fibrótico da doença, ou pela presença de derrame pleural ou pneumotórax. → Na forma miliar, dispneia é frequente em função do comprometimento intersticial difuso, como consequente hipoxemia • Dor torácica: surge quando há comprometimento da pleura. Como o processo patológico da tuberculose tem início no alvéolo, em situação muito próxima da superfície pleural, este sintoma é precoce e relativamente frequente • Rouquidão: ocorre nas formas da doença com comprometimento de laringe, frequentemente associada à forma pulmonar, quase sempre despercebida e pouco relatada • Febre e sudorese: multiplicação bacilar, fenômeno que pode acontecer dentro ou fora do macrófago, ocorre de forma mais intensa no pico plasmático do cortisol, ao redor das 11 às 12 horas (ritmo circadiano) - consequências são morte e ruptura do macrófago, seguidas da liberação do seu conteúdo para o tecido, com início do processo inflamatório. Por isso, característica de febre vespertina. Resposta orgânica à febre, para manutenção da temperatura corpórea, é a sudorese noturna • Perda ponderal: anorexia e perda ponderal são fenômenos frequentes, aparecendo em cerca de 69% dos casos. A perda ponderal é proporcional ao tempo de existência e à extensão da doença. É frequentemente acompanhada por adinamia. Outros fenômenos, como artralgias e mialgias, são de ocorrência mais rara. • Sinais físicos na tuberculose são proporcionais à extensão do processo, ao tempo de duração da doença e à sua forma de apresentação. Dessa maneira, quanto maior a duração da doença, mais serão evidentes os sinais de consumpção, como emagrecimento e palidez. • Quanto aos sinais específicos, a extensão e a forma da doença no parênquima pulmonar serão os determinantes dos achados. → Comprometimento brônquico: estertores na região das lesões (geralmente apicais e posteriores), sibilos e roncos → Pneumonia caseosa: propedêutica de condensação → Derrame pleural: diminuição do murmúrio e da broncofonia → Cavidades: sopro anfórico DIAGNÓSTICO POR IMAGEM • TB pulmonar primária: miliar - infiltrado micronodular de disseminação hematogênica. Na forma clássica, escarro negativo (paucibacilar) • TB pulmonar de reativação: disseminação broncogênica a partir de complexo primário - consolidação em campo superior, cavitações, pneumonia cruzada. Na TC, árvore em brotamento é muito sugestiva. RAIO X • Radiografia de tórax é o exame de escolha na avaliação inicial e no acompanhamento de TB pulmonar • Deve ser solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar. Juntamente com as radiografias de tórax, sempre devem ser realizados exames laboratoriais na tentativa de buscar o diagnóstico bacteriológico • Apresenta alto nível de sensibilidade para o diagnóstico, embora possua baixa especificidade frente à grande variedade de diagnósticos diferenciais possíveis • Principais manifestações radiológicas podem ser divididas entre fases primária e pós-primária • TB primária: mais comumente encontrada na criança. Pode se apresentar como 1) opacidade parenquimatosa; 2) linfonodomegalia; 3) derrame pleural; 4) atelectasia e 5) doença miliar. Caracteriza-se por consolidação, com mais frequência, nos lobos inferiores ou até mesmo atelectasia segmentar ou lobar. Pode ser acompanhada por linfonodomegalia mediastinal ou hilar e derrame pleural ocasional → Em 2/3 dos casos, lesão parenquimatosa resolve-se sem sequelas radiológicas. No terço restante, cicatriz calcificada (foco de Ghon), cicatriz e linfonodo hilar calcificados (complexo de Ranke) ou focos pulmonares secundários calcificados e apicais (focos de Simon) podem ser encontrados • TB pós-primária: reativação. Pode se apresentar como 1) opacidade parenquimatosa e cavidade; 2) doença de via aérea; 3) doença pleural e 4) tuberculoma. Infiltrado pulmonar constitui-se na manifestação mais frequente da TB pulmonar. A cavidade é de raro aparecimento de modo isolado, geralmente associado às lesões do tipo infiltrado do parênquima pulmonar → Manifestações típicas radiológicas de reativação são opacidades heterogêneas localizadas nos segmentos superiores e posteriores dos pulmões, com tendência à cavitação → Presença de linfonodomegalia é rara, assim como as formas miliares e pleurais, que costumam ser menos frequentes do que na forma primária da doença → Lesões cavitárias surgem como resultado da drenagembrônquica de material caseoso proveniente de necrose do parênquima pulmonar. Tipicamente, aparecem dentro de áreas de consolidação. Presença de cavidade contribui para o diagnóstico e implica, geralmente, em alta carga bacilar e alta infecciosidade • Melhor indicador para inatividade da doença seria estabilidade radiológica no mínimo durante 6 meses, com repetidas culturas negativas de escarro. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA • Mais sensível para demonstrar alterações anatômicas dos órgãos ou tecidos comprometidos e é indicada na suspeita de TB pulmonar quando a radiografia inicial é normal e, na diferenciação com outras doenças torácicas, especialmente em pacientes imunossuprimidos → Revela com grande precisão a existência de linfonodomegalias mediastinais DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO • Pesquisa bacteriológica é de importância fundamental em adultos, tanto para o diagnóstico quanto para o controle de tratamento da TB. • Espécimes: → Escarro espontâneo → Escarro induzido: indução com inalação de solução salina hipertônica a 3% - i cuidado com disseminação de bacilos. → Lavado broncoalveolar: broncoscopia permite biópsia transbrônquica e lavado broncoalveolar de locais muito próximos a lesão → Lavado gástrico: crianças ou dificuldade obter material espontâneo - exige internação, pois deve ser colhido antes do início do peristaltismo gástrico, no final da madrugada → Nos casos de manifestações extrapulmonares, usar espécime específico da localização • Testes diagnósticos disponíveis para doença ativa a partir do escarro: → Fenotípicos: características físicas e bioquímicas do bacilo - pesquisa de BAAR (resultado em mesmo dia) e cultura automatizada para micobactéria (BACTEC MGIT - demora até 42 dias para fechar a cultura) → Genotípicas: avalia DNA do bacilo, pode mostrar presença de mutações e resistências - TRM-TB (PCR em tempo real automatizado - incorporado ao SUS - além de detecção, mostra sensibilidade à rifampicina baseada na presença de mutação do gene RPOP - resultado em 2 horas) e Genotype (sensibilidade sobre resistência à rifampicina e isoniazida) • Baciloscopia direta é um método simples e seguro que pesquisa bacilos álcool ácido resistentes (BAAR) na coloração pela técnica de Ziehl-Neelsen. Limitação do método é a necessidade de contração bacilar mínima de 10.000 germes por mililitro de material para um exame positivo. Principais limitações: doença inicial dificilmente há positividade e método cora outras micobactérias. → Se realizada de forma correta, permite identificar 60-80% dos casos de TB pulmonar → Indicada no sintomático respiratório durante busca ativa, na suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar e para acompanhamento e controle de cura em casos pulmonares com confirmação laboratorial → Diagnóstico de certeza bacteriológico só é obtido com a cultura (padrão-ouro) e/ou testes moleculares • Existem várias razões para se justificar uma baciloscopia negativa em caso de tuberculose pulmonar como 1) dificuldade para se obter material; 2) tamanho da população bacilar e 3) dificuldades técnicas quanto treinamento e supervisão do laboratório • Cultura é mais sensível e específica do que a bacterioscopia, conseguindo detectar entre 10 e 100 germes na amostra. Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, cultura do escarro pode aumentar em até 30% diagnóstico bacteriológico da doença. Pode ser feito em meio líquido ou sólido, levando até 42 dias para fechar resultado negativo. Possível realizar teste de sensibilidade aos antimicrobianos. • TRM-TB é um PCR em tempo real automatizado, consiste em 3 etapas combinadas com diagnóstico em 2-5 horas. É um teste de amplificação de ácidos nucleicos utilizado para detecção de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina. Sensibilidade de 91% e especificidade de 99% em espécimes respiratórias → Como também detecta bacilos mortos ou inviáveis, TRM-TB não deve ser utilizado para diagnóstico nos casos de retratamento. → Pode ser utilizado para diagnóstico de TB extrapulmonar, mas com sensibilidade mais baixa. Sensibilidade varia de acordo com espécime avaliada. Líquido pleural é em geral paucibacilar - padrão-ouro é biópsia • Na presença de pesquisa de BAAR positiva, mas TRM-TB negativo - pensar na possibilidade de outras micobactérias OUTROS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO • Adenosina deaminase (ADA) é uma enzima liberada pelo linfócito ativado e, em menor quantidade, pelos macrófagos. Na ativação do sistema timo-dependente, existe aumento da utilização da enzima e. portanto, de sua concentração nos locais onde se desenvolve o processo → Dosagem é particularmente útil no líquido pleural e LCR, na suspeita de tuberculose pleural e meningoencefálica • Dosagem de ADA é recomendada na rotina de investigação da TB pleural e deve ser valorizada quando superior a 40 UI/L. Quando houver história clínica compatível com tuberculose, líquido pleural exsudativo com predomínio linfocitário, ausência de células neoplásicas e ADA > 40 tratar como TB pleural • Diagnóstico diferencial de ADA elevado no líquido pleural: empiema, linfomas, artrite reumatoide e adenocarcinoma • Na meningoencefalite tuberculosa, apesar de a ADA ser útil na diferenciação entre as várias causas de meningoencefalites linfomonocitárias, a técnica ainda não está validada FORMAS EXTRAPULMONARES (TEP) • Depois de penetrar no organismo pela via respiratória, o M. tuberculosis consegue disseminar- se e instalar-se em qualquer órgão. Essa disseminação pode ocorrer em 2 momentos distintos: → Na primoinfecção, quando imunidade específica ainda não está bem desenvolvida → Após primoinfecção, a qualquer tempo, se houver uma queda na capacidade do hospedeiro em manter o bacilo nos seus sítios de implantação primária • Sítios de implantação extrapulmonares principais são aqueles com maior suprimento sanguíneo e, portanto, de oxigênio - córtex renal, córtex cerebral, extremidades de crescimento dos ossos longos, vértebras e adrenais - também é comum acometimento de pleura e sistema linfático • São 4 as vias pelas quais os sítios extrapulmonares podem ser acometidos: → Linfo-hematogênica: maioria das formas - TB ganglionar, renal, adrenal, óssea, meningoencefálica, ganglionar intra-abdominal e genital feminina → Hematogênica: formas disseminadas agudas da doença → Por contiguidade: forma pleural a partir do pulmão, pericárdica a partir de gânglios do mediastino, peritoneal a partir de gânglios mesentéricos → Intracanalicular: comprometimento de vias aéreas altas a partir do pulmão • Grande maioria das formas de TEP acontece em órgãos sem condições ótimas de crescimento bacilar. Assim, TEP é quase sempre pobre e, bacilos, de instalação insidiosa e de evolução mais lenta • Sintomas específicos dependerão do órgão ou sistema acometido e são determinados por fenômenos inflamatórios ou obstrutivos. Sintomas constitucionais são bem menos frequentes do que na TB pulmonar, exceto nas formas disseminadas da doença. • Como as populações bacilares são pequenas, baciloscopia das secreções geralmente é negativa, sendo obrigatória cultura. No entanto, acesso às secreções e fluídos corpóreos nem sempre é possível na TEP, podendo ser necessária realização de biópsias → Histopatologia revela aspecto clássico do granuloma, que na TB tem a característica da necrose de caseificação, com ou sem presença de bacilo • Radiografia de tórax é obrigatória na suspeita de tuberculose extrapulmonar, para evidenciação de lesões pregressas ou de TB pulmonar ativa. • Pleural: é a mais comum - dor pleurítica, de instalação súbita ou insidiosa, tosse seca não muito importante. Sintomas constitucionais podem estar presentes. Exame físico similar ao derrame pleural, na maioria das vezes, unilateral e de volume moderado a grande. Doença é autolimitada, regredindo após 6-8 semanas. Entretanto, alta possibilidade de adoecimentopor TB pulmonar, nos primeiros anos após TB pleural não tratada (65%) → Diagnóstico diferencial: processos neoplásicos, derrames parapneumônicos, micoses e colagenoses → Líquido pleural: amarelo citrino, caracteristicamente é um exsudato, com pleocitose e predomínio de mononucleares - positividade à baciloscopia baixa e cultura positiva em 15% dos casos - realizar ADA (>40) • Ganglionar: 2ª forma mais comum. TB do sistema linfático compromete sobretudo os gânglios da cadeia cervical, mais comumente os anteriores. Gânglios têm crescimento lento e, no início, são indolores e móveis. Na evolução da doença, tendem a aumentar de volume e coalescer, formando massas aderidas aos planos superficial e profundo. Sem tratamento, tende a fistulisar, drenando material seroso e purulento. Sintomas constitucionais ausentes. → Diagnóstico por histopatologia por biópsia ou punção aspirativa - cultura tem maior rendimento que baciloscopia → Diagnóstico diferencial: doenças linfoproliferativas como linfomas, viroses, sífilis e fases iniciais da AIDS • TB miliar: arquétipo da tuberculose extrapulmonar. Instala-se por descarga importante de bacilos na circulação, sem possibilidade de contenção da doença pelo sistema imune - crianças não vacinadas, idosos e portadores de imunodeficiências. Disseminação dos bacilos determina implantação, em vários tecidos do organismo, de lesões pequenas, arredondadas que dão aspecto pontilhado ao tecido ("milhos") • Renal: 3ª forma mais comum. Acomete indivíduos com média de 45 anos e é a forma com maior período de latência. Bacilo alcança sistema urinário pela disseminação linfo- hematogênica, implantando-se no córtex renal, onde se multiplica. Processo patológico avança pelas pirâmides até atingir sistema coletor, com consequente comprometimento de cálices, pelves, ureteres e bexiga. Comprometimento é bilateral, mas quase sempre assimétrico. Doença de evolução lenta e silenciosa, suas principais manifestações clínicas são disúria e polaciúria • Óssea: via de chegada hematogênica ou linfática. Comprometimento ósseo se dá por osteomielite determinada pelo processo inflamatório de resposta à presença do bacilo. Artrite ocorre por extensão desse processo para a articulação ou por contaminação direta via hematogênica. Os ossos mais comprometidos são as vértebras, seguidas das epífises dos ossos longos. O joelho e o quadril são as articulações preferencialmente afetadas. Dor e aumento do volume articular são os achados mais frequentes. A dor é de instalação insidiosa e lentamente progressiva quanto à sua intensidade. → Líquido sinovial: proteína alta, glicose baixa. Nas fases iniciais, celularidade baixa com predomínio linfocitário. → Diagnóstico diferencial: doença reumatoide, artrites bacterianas, artrites fúngicas, doença de Chron, eritema nodoso e neoplasias • Oftálmica: pode atingir qualquer parte do olho, mas úvea é a região mais comprometida. Diagnóstico é presuntivo e leva em consideração aspecto granulomatoso observado ao fundo de olho e o PPD que é reator forte → Diagnóstico diferencial: toxoplasmose, sífilis, sarcoidose, brucelose e toxocaríase TUBERCULOSE DO SNC (TBSNC) • O envolvimento do SNC é a apresentação mais grave da tuberculose. Apresenta sua maior incidência em crianças com idade entre 6 meses e 5 anos e em pacientes adultos com imunodepressão, especialmente aqueles com AIDS. • Na ausência de tratamento medicamentoso, TBSNC evolui para óbito em 100% dos casos. Além disso, mesmo com tratamento, pode evoluir com sequelas importantes e mortalidade entre 15-60% → Quanto mais tardio o diagnóstico, maiores são as complicações e mais frequentes os óbitos • Fatores de risco para instalação da TBSNC: HIV/AIDS, resistência aos medicamentos, imunodepressão secundária ao tratamento para o câncer, doenças autoimunes e transplantes • Acomete não somente as meninges, mas também o parênquima cerebral e os vasos do cérebro, particularmente nas suas porções basais • Caracteristicamente, os vasos sanguíneos da região inflamada são acometidos; em particular, as artérias de tamanho pequeno e médio; raramente, as veias e capilares. Nesses vasos, ocorre uma reação inflamatória subendotelial, semelhante à da área parenquimatosa. → Pode ocorrer oclusão dos vasos e infartos cerebrais isquêmicos na área da artéria cerebral média e artéria estriada lateral • Hidrocefalia é um achado importante como resultado das alterações que ocorrem na circulação do LCR. A hidrocefalia do tipo comunicante (exsudatos bloqueando as cisternas basais impedindo a reabsorção do LCR) é mais frequente. Edema do parênquima cerebral circundante também pode contribuir para a obstrução. • Manifestações clínicas: meningite tuberculosa, tuberculoma do SNC ou abscessos cerebrais • Principal exame para diagnóstico é o LCR, embora inespecífico se não houver identificação de micobactéria. Tipicamente, líquido é claro ou levemente opalescente, a presença de sangue é bastante incomum. Há uma moderada diminuição nos níveis de glicose (cerca de 40 mg/dL), aumento de proteinorraquia (150-200), pleocitose com 200-300 células com predomínio linfocítico → Predomínio neutrofílico pode ocorrer especialmente no início da evolução da doença → Baciloscopia tem sensibilidade de 10-25%, cultura é padrão-ouro, TRM-TB pode ser usado TRATAMENTO E MEDICAMENTOS • Medicamentos anti-TB, em geral, interferem no sistema enzimático do bacilo ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial para o seu crescimento. Os fármacos só atuam quando há atividade metabólica, ou seja, bacilos em estado de latência não são atingidos pelos medicamentos, mas são destruídos pelo sistema imunológico • Princípios de tratamento → Associação medicamentosa: proteção cruzada para evitar a resistência bacilar → Tratamento regular: adesão - proteção contra resistência adquirida e garantia de cura duradoura da doença → Regime prolongado e bifásico: remédios vem na forma de dose fixa combinada ✓ Fase intensiva com objetivo de reduzir população bacilar - RHZE por 2 meses ✓ Fase de manutenção com eliminação dos bacilos persistentes - RH por 4 meses • Rifampicina (R) e isoniazida (H) atuam durante crescimento geométrico e no crescimento intermitente. Já a pirazinamida (Z) atua principalmente no crescimento lento. • Mecanismo de ação: → Pirazinamida, etambutol e isoniazida: atuam na síntese do ácido micólico → Rifampicina: atua na síntese proteica • Se o esquema terapêutico é equivocado, realizado de maneira irregular, com doses inadequadas ou interrompido precocemente, cepas resistentes aos medicamentos podem ser selecionadas. • Escolha do melhor esquema de tratamento: 1) ter atividade bactericida precoce; 2) ser capaz de prevenir a emergência de bacilos resistentes e 3) ter atividade esterilizante → Atividade bactericida precoce: identificada pela conversão da cultura de escarro no final da fase intensiva. Em geral, após 2-3 semanas de tratamento com esquema anti-TB há significativa diminuição na capacidade de transmissão - isoniazida, rifampicina e estreptomicina → Prevenção da seleção de bacilos resistentes: associação medicamentosa → Atividade esterilizante: capacidade de eliminar todos os bacilos para evitar possibilidade de recidivas - rifampicina e pirazinamida • Isoniazida e a rifampicina são ativas em todas as populações bacilares sensíveis, quer intracavitárias, no interior dos granulomas ou macrófagos. • Estreptomicina é mais ativa contra os bacilos de multiplicação mais rápida, no interior das cavidades • Pirazinamida age nas populações que e encontram no interior das lesões caseosas fechadas e dos macrófagos, cujo meio é ácido • Etambutol é bacteriostático e é estrategicamente associado aos medicamentos mais potentes para prevenir emergência de bacilos resistentes • Tratamento diretamente observado em UBS. Na 1ª fase deve ser observado pelo menos 3x/semana. Já na 2ª fase, pelo menos 2x/semana.• Nos casos de neuro tuberculose e de TB osteoarticular, fase de manutenção deve ser prolongada para 10 meses • Na neuroTB, associar corticosteroide - prednisona (1 a 2 mg/kg/dia) por quatro semanas ou, nos casos graves de tuberculose meningoencefálica, dexametasona injetável (0,3 a 0,4 mg/kg/dia), por quatro a oito semanas, com redução gradual da dose nas quatro semanas subsequentes. • Final da fase intensiva é um momento crítico para avaliar clinicamente o paciente para predizer como o paciente estará ao final do 6º mês de tratamento. Se paciente não estiver indo bem avaliar adesão e possibilidade de resistência - possível prolongar fase intensiva • Rifampicina é metabolizada pelo citocromo p450 podendo ter inúmeras interações com outros fármacos. Atenção com anticoncepcionais, anticoagulantes orais, ciclosporina, imidazólicos, hipoglicemiantes orais, inibidores de protease e dolutegravir - reduz nível sérico dessas drogas → Em PVHIV, rifabutina está recomendada em substituição à rifampicina, nos esquemas terapêuticos de TB, quando for necessário associar ou manter inibidor de protease ou dolutegravir no esquema antirretroviral REAÇÕES ADVERSAS • Maioria dos pacientes completa o tratamento sem qualquer reação adversa relevante • Reações adversas mais frequentes ao esquema básico são: mudança da coloração de urina (universalmente), intolerância gástrica (40%), alterações cutâneas (20%), icterícia (15%) e dores articulares (4%) • Monitoramento laboratorial com hemograma, função renal e hepática em pacientes com sinais e/ou sintomas relacionados e em pacientes com maior risco de desenvolvimento de efeitos adversos deve ser realizado mensal ou menos. • Reações adversas: → Menores: não é necessária suspensão - intolerância digestiva, suor/urina avermelhada (rifampicina), prurido e exantema leve, dor articular, neuropatia periférica (isoniazida), hiperuricemia, cefaleia (isoniazida) e febre → Maiores: suspensão tratamento (3-8%) - exantema por hipersensibilidade de moderada a grave, psicose/crise convulsiva (isoniazida), neurite óptica (etambutol), hepatotoxicidade, hipoacusia, pancitopenia, nefrite intersticial e rabdomiólise SEGUIMENTO • Sorologia para HIV deve ser oferecida a todos os pacientes com suspeita de tuberculose • Seguimento clínico de TB pulmonar: consulta mensal, onde deve ser verificada adesão, tosse, apetite, febre e peso → Exames laboratoriais: BAAR mensal e cultura de micobactéria (2, 4 e 6 meses) → Imagem (RX): início, 3 e 6 meses • Rede assistencial para a TB → Atenção básica: profissionais generalistas capacitados para o atendimento ao paciente portador de TB e seus contatos, e para realizar o TDO - notificação é compulsória e contatos devem ser investigados → Referência secundária: profissionais especialistas ou generalistas com experiência em TB - encaminhar quando houver toxicidade ou necessidade de esquema alternativo → Referência terciária: equipe multidisciplinar formada por especialistas, capacitada para o manejo da TB resistente e sua complexidade - encaminhar quando resistência ou extrapulmonar • Na presença de TB extrapulmonar é obrigatório investigar a presença de TB pulmonar • Seguimento clínico de TB pleural: basta patogenicidade - consulta mensal, onde deve ser verificada dor, dispneia e ausculta pulmonar - diagnóstico com ADA, 40 em líquido pleural → Exames laboratoriais: repuncionar LPL se não houver melhora → Imagem: RX ao final do 2º mês • Seguimento clínico de TB ganglionar: consulta mensal, onde deve ser verificado apetite, evolução do tamanho e característica dos gânglios. Na população geral é a 2ª forma extrapulmonar mais frequente, mas no paciente com HIV é a mais frequente → Exames laboratoriais: provas de atividade inflamatória → Imagem: RX ao final do 2º mês - se não houver redução, TC no 4º mês. • Seguimento clínico de neuro TB: consulta mensal, onde deve ser avaliado parâmetros gerais e exame neurológico → Exames laboratoriais: LCR basal alterado com pleocitose de predomínio linfomonocitário, proteinorraquia, hipoglicorraquia e ADA aumentado > 10 - repetir ao final do 2º mês e se alterado no 6º mês e ao final do tratamento → Imagem: TC ou RNM no início, 3º mês e término do tratamento • Seguimento de TB ocular: diagnóstico empírico com exame de fundo de olho e teste tuberculínico. Deve ser realizada avaliação oftalmológica periódica. → Exames laboratoriais: provas de atividade inflamatória → Imagem: foto da fundoscopia • Seguimento clínico de espondilodiscite: consulta mensal, onde deve ser avaliado presença de dor, limitação, déficits motores e neurológicos → Exames laboratoriais: provas de atividade inflamatória → Imagem: RX de coluna a cada 3 meses, com RNM no 6º e 12º mês • Seguimento clínico de TB óssea: consulta mensal, onde deve ser avaliado presença de dor, limitação, presença de sinais flogísticos no aparelho locomotor → Exames laboratoriais: provas de atividade inflamatória → Imagem: cintilografia ao início, 6 meses e término de tratamento • Seguimento clínico de TB disseminada: consulta mensal, onde deve ser avaliado parâmetros gerais e compensar situações clínicas que predispuseram ao quadro disseminado → Exames laboratoriais: hemocultura para micobactéria no início, se positiva repetir no final da fase intensiva e ao final do tratamento → Imagem: a critério clínico segundo os órgãos acometidos
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