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resumo de psiquiatria revalida- Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos

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Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos:
Psicose:
O termo “psicótico” tem recebido, historicamente, diversas definições diferentes, nenhuma com aceitação universal. A definição mais estreita está restrita a delírios ou alucinações proeminentes, sem crítica por parte do paciente. Ainda mais ampla é a definição que igualmente inclui outros sintomas positivos da esquizofrenia, como discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico.
De acordo com o glossário da American Psychiatric Association, o termo “psicótico” refere-se a um amplo comprometimento do teste da realidade.
Na psicose, é possível encontrar delírios, alucinações e comportamento desorganizado, podendo estar presentes em várias condições ou patologias: esquizofrenia, transtornos de humor (mania ou depressão), intoxicação e abstinência de substâncias químicas, uso de medicamentos e delirium.
Os transtornos incluídos nesta seção são especificados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Esquizofrenia:
Trata-se de uma perturbação que dura, pelo menos, 6 meses e inclui, no mínimo, 1 mês de sintomas da fase ativa (isto é, dois ou mais sinais, como delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico e sintomas negativos).
 Transtorno esquizofreniforme:
Caracteriza-se por quadro sintomático equivalente ao da esquizofrenia, exceto por sua duração (isto é, a perturbação dura de 1 a 6 meses) e ausência da exigência de declínio no funcionamento.
Transtorno esquizoafetivo:
Trata-se de uma perturbação em que episódio de humor e sintomasvda fase ativa da esquizofrenia ocorrem juntos e foram precedidos ouvseguidos por, pelo menos, 2 semanas de delírios ou alucinações semvsintomas proeminentes de humor.
Transtorno delirante:
Caracteriza-se por, pelo menos, 1 mês de delírios não bizarros sem outros sintomas da fase ativa da esquizofrenia.
Transtorno psicótico breve:
Trata-se de uma perturbação psicótica com duração maior que 1 dia e remissão em 1 mês.
Transtorno psicótico compartilhado:
Trata-se de uma perturbação que se desenvolve em indivíduo influenciado por outra pessoa com delírio estabelecido de conteúdo similar.
Transtorno psicótico devido a uma condição médica geral:
Os sintomas psicóticos são considerados consequência fisiológica direta de uma condição médica geral.
Transtorno psicótico induzido por substância:
Nesse caso, os sintomas psicóticos são considerados conseqüência fisiológica direta de droga de abuso, medicamento ou exposição à toxina.
Transtorno psicótico sem outra especificação:
Está incluído na classificação de quadros psicóticos que não satisfazem os critérios para quaisquer dos transtornos psicóticos específicos definidos nesta seção, ou de sintomatologia psicótica acerca da qual existem informações inadequadas ou contraditórias.
Esquizofrenia:
Características gerais:
Os transtornos esquizofrênicos caracterizam-se, em geral, por distorções fundamentais de características do pensamento e da percepção e por afetos inapropriados ou embotados. Usualmente, mantêm-se claras a consciência e a capacidade intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo.
A evolução dos transtornos esquizofrênicos pode ser contínua, episódica com déficit progressivo ou estável, ou comportar um ou vários episódios seguidos de remissão completa ou incompleta.
Não se deve fazer diagnóstico de esquizofrenia quando o quadro clínico comporta sintomas depressivos ou maníacos no primeiro plano, a menos que se possa estabelecer, sem equívoco, que a ocorrência dos sintomas esquizofrênicos tenha sido anterior à dos transtornos afetivos. Além disso, não se deve fazer o mesmo diagnóstico quando se manifestam doença cerebral, abstinência de droga ou intoxicação por ela. A esquizofrenia é uma doença caracterizada por desorganização de diversos processos mentais. Culturalmente, o esquizofrênico representa o estereótipo do “louco”, um indivíduo que produz grande estranheza social em razão do seu desprezo para com a realidade reconhecida.
Os transtornos esquizofrênicos não podem ser diagnosticados durante doença cerebral, abstinência, intoxicações ou outros transtornos que possam alterar o paciente.
Histórico:
Em 1896, Emil Kraepelin cunhou o termo “dementia praecox” para uma doença que tendia a começar relativamente cedo e produzir prejuízo claro e persistente em aspectos das funções cognitivas e comportamentais. No início, ele considerava a doença com curso crônico e prognóstico ruim, porém, no decorrer de sua vida profissional, acompanhou grande amostra de pacientes e observou que 12,5% se recuperaram.
Em 1908, Eugen Bleuler modificou o termo para esquizofrenia (do grego schizo = cindido/dividido, phrén = mente); para ele, o sintoma mais importante era a fragmentação na formulação e na expressão do pensamento (“afrouxamento de associações”). Identificou os “As” bleulerianos: associações (dissociações) no processo do pensamento; ambivalência; autismo; afeto embotado; avolição e atenção prejudicadas. Kurt Schneider, interessado em identificar sintomas patognomônicos, como Bleuler, estabeleceu uma hierarquia de sintomas, de acordo com sua importância, para o diagnóstico da esquizofrenia – sintomas de primeira e segunda ordens. Os de primeira ordem não são obrigatórios para o diagnóstico de esquizofrenia.
Sintomas de primeira e segunda ordens:
1. 1ª ordem: percepção delirante, alucinações auditivas (vozes que fazem comentários e/ou que dialogam entre si), sonorização do pensamento, roubo do pensamento, vivências de influência sobre o pensamento, difusão do pensamento, eco do pensamento;
2. 2ª ordem: intuição delirante, perplexidade, humor depressivo ou exaltado, vivência de empobrecimento afetivo. 
Tais concepções descritas influenciaram as classificações e os critérios atuais, como o DSM-5 e a CID-10.
Prevalência:
Cerca de 1% da população é acometida pela doença, geralmente iniciada antes dos 25 anos, sem predileção por qualquer camada sociocultural. O diagnóstico baseia-se, exclusivamente, na história psiquiátrica e no exame do estado mental. É extremamente raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou após os 50 anos, e parece não haver nenhuma diferença na prevalência entre homens e mulheres.
Curso:
A idade média de início do primeiro episódio psicótico de esquizofrenia situa-se na segunda metade da casa dos 20 anos para homens e no final da casa dos 20 para as mulheres. O início pode ser abrupto ou insidioso, mas a maioria apresenta algum tipo de fase prodrômica, manifestada pelo desenvolvimento lento e gradual de uma variedade de sinais e sintomas (retraimento social, perda do interesse pela escola ou pelo trabalho, deterioração da higiene e dos cuidados pessoais, comportamento incomum e ataques de raiva). Os membros da família podem encontrar dificuldades para interpretar tal comportamento, presumindo que a pessoa está “passando por uma fase”. Por fim, o aparecimento de alguns sintomas da fase ativa marca a perturbação como esquizofrenia.
A idade de início pode ter importância tanto fisiopatológica quanto prognóstica. Os indivíduos com início precoce são, mais frequentemente, do sexo masculino e têm ajustamento pré-mórbido mais fraco, aquisição educacional inferior, mais evidências de anormalidades estruturais do cérebro, sinais e sintomas negativos mais proeminentes, mais evidências de prejuízo cognitivo, avaliado com testes neuropsicológicos, e pior prognóstico. Inversamente, os indivíduos com início mais tardio são, com frequência, do sexo feminino, têm menos evidências de anormalidades estruturais do cérebro ou prejuízo cognitivo e apresentam melhor prognóstico.
A maioria dos estudos sobre curso e resultado da esquizofrenia sugere que o curso seja variável. Alguns indivíduos apresentam exacerbações e remissões, enquanto outros permanecem cronicamente doentes. A variabilidade na definição e na determinação impossibilita a previsão acurada do resultado da esquizofreniaem longo prazo. A remissão completa (isto é, retorno ao pleno funcionamento pré-mórbido), provavelmente, não é comum. Daqueles que continuam enfermos, alguns parecem ter curso razoavelmente estável, ao passo que outros apresentam piora progressiva associada à incapacitação severa. Logo no início da doença, os sintomas negativos podem ser proeminentes, aparecendo, primariamente, como aspectos prodrômicos.
Posteriormente, surgem os sintomas positivos. Uma vez que são particularmente suscetíveis ao tratamento, na maioria diminuem, mas, em muitos indivíduos, os sintomas negativos persistem entre os episódios de sintomas positivos. Estudos indicam um grupo de fatores associados ao melhor prognóstico: bom ajustamento prémórbido, início agudo, idade mais tardia de aparecimento, eventos estressores, perturbação do humor associada, breve duração dos sintomas da fase ativa, bom funcionamento entre os episódios, mínimos sintomas residuais, ausência de anormalidades na estrutura cerebral, funcionamento neurológico normal, história familiar de transtorno do humor e ausência de história familiar de esquizofrenia.
Padrão genético:
O DSM-5 aponta que existe forte contribuição dos fatores genéticos na determinação do risco para esquizofrenia, embora a maioria dos indivíduos com diagnóstico do transtorno não tenha história familiar de psicose. Essa tendência é atribuída a um espectro de alelos de risco, que são associados a outros transtornos mentais, incluindo transtorno bipolar, depressão e transtorno do espectro autista. Os parentes biológicos em primeiro grau de indivíduos com esquizofrenia estão em risco 10 vezes maior para a doença do que a população geral. As taxas de concordância para esquizofrenia são maiores em gêmeos monozigóticos do que em gêmeos dizigóticos. Estudos de adoções têm mostrado que os parentes biológicos de indivíduos com esquizofrenia têm risco substancialmente aumentado para a doença, enquanto os parentes adotivos não apresentam aumento no risco. Embora muitas evidências sugiram a importância de fatores genéticos na etiologia da esquizofrenia, a existência de uma taxa substancial de discordância em gêmeos monozigóticos também indica a importância de fatores ambientais.
Diagnóstico
Os sintomas característicos da esquizofrenia podem ser agrupados, genericamente, em dois tipos: positivos e negativos. Os positivos são os mais floridos e exuberantes. Os negativos são, em maior parte, os déficits.
1. Positivos:
a) Alucinações (mais comuns auditivas e visuais e, menos comuns, táteis e olfativas);
b) Delírios (persecutórios, de grandeza, de ciúmes, somáticos, místicos, fantásticos);
c) Perturbações da forma e do curso do pensamento (incoerência, prolixidade, desagregação);
d) Comportamento desorganizado, bizarro;
e) Agitação psicomotora;
f) Negligência dos cuidados pessoais.
2. Negativos:
a) Pobreza do conteúdo do pensamento e da fala;
b) Embotamento ou rigidez afetiva;
c) Prejuízo do pragmatismo;
d) Incapacidade de sentir emoções e sentir prazer;
e) Isolamento social;
f) Diminuição de iniciativa e da vontade.
Alguns sintomas, embora não sejam específicos da esquizofrenia, são de grande valor para o diagnóstico, como os seguintes:
1. Audição dos próprios pensamentos (sob a forma de vozes);
2. Alucinações auditivas que comentam o comportamento do paciente;
4. Alucinações somáticas;
5. Sensação de ter os próprios pensamentos controlados;
6. Irradiação desses pensamentos;
7. Sensação de ter as ações controladas e influenciadas por algo exterior.
Os sintomas positivos da esquizofrenia são mais facilmente revertidos com medicação, enquanto os negativos tendem a ser mais refratários à medicação.
Habitualmente, o surgimento da esquizofrenia é notado quando a família e os amigos observam que a pessoa mudou de comportamento. Ela passa a ter mau rendimento em áreas significativas da vida cotidiana, como na escola, no trabalho ou nas relações sociais e familiares. Comumente, há notável falta de interesse por cuidados pessoais. São sentimentos experimentados pelos próprios pacientes:
1. Perplexidade: no começo da doença, relatam sentimento de estranheza sobre a experiência, alguma confusão sobre de onde vêm os sintomas (normalmente, alucinações) e se perguntam por que sua experiência diária tem mudado tanto.
2. Isolamento: o esquizofrênico experimenta sensação intensa de ser diferente dos demais e de estar separado de outras pessoas. O isolamento social e a evitação de contatos tornam-se evidentes.
3. Ansiedade e medo: na maior parte, a experiência cotidiana é invadida por sensação geral de mal-estar e ansiedade. Evidenciam-se os períodos de terror intenso, causados por um mundo dentro do qual tudo parece perigoso e incontrolável, normalmente atribuído às origens externas e mágicas.
Critérios diagnósticos – DSM-5
Sintomas característicos:
1. Dois (ou mais) dos seguintes, cada qual presente por uma porção significativa de tempo durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso):
a) Delírios;
b) Alucinações;
c) Discurso desorganizado (frequente descarrilamento ou incoerência);
d) Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico;
e) Sintomas negativos, isto é, embotamento afetivo, alogia ou avolição.
Apenas um dos sintomas descritos é necessário para o diagnóstico de esquizofrenia, caso os delírios sejam bizarros ou as alucinações consistam em vozes que comentam o comportamento ou os pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversando entre elas.
Disfunção social/ocupacional:
Por uma porção significativa do tempo, desde o início da perturbação, uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou cuidados pessoais, estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, fracasso em atingir o nível esperado de aquisição interpessoal, acadêmica ou ocupacional).
Duração:
Sinais contínuos da perturbação persistem por, pelo menos, 6 meses, período que deve incluir, no mínimo, 1 mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que satisfazem aqueles descritos no sintomas característicos (isto é, sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas relacionados nos sintomas característicos , presentes de forma atenuada (crenças estranhas, experiências perceptuais incomuns).
Exclusão de transtorno esquizoafetivo e transtorno do humor:
O transtorno esquizoafetivo e o transtorno do humor, com aspectos psicóticos, foram descartados porque nenhum episódio depressivo maior, maníaco ou misto ocorreu concomitantemente aos sintomas da fase ativa, ou se os episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve em relação à dos períodos ativo e residual.
Exclusão de substância/condição médica geral:
A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga de abuso, medicamento) ou à condição médica geral.
 Relação com transtorno invasivo do desenvolvimento:
Se há história de transtorno autista ou outro transtorno invasivo do desenvolvimento, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é feito apenas se delírios ou alucinações proeminentes também estão presentes por, pelo menos, 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso).
 Achados laboratoriais:
Não foram identificados achados laboratoriais diagnósticos de esquizofrenia. Entretanto, uma variedade de achados laboratoriais anormais foi encontrada em grupos de indivíduos com esquizofrenia, em comparação com os controles.
Anormalidades estruturais do cérebro mais comuns incluem aumento do sistema ventricular e sulcos proeminentes no córtex. Diversas outras anormalidades também foram notadas com o uso de técnicas de imagens mais apuradas (tamanhos temporal e hipocampal diminuídos, aumento no tamanho dos gânglios basais, diminuição do tamanho do cérebro). Técnicas de imagens funcionais indicam que alguns indivíduos podem ter fluxo sanguíneocerebral ou utilização de glicose anormais em regiões cerebrais específicas (córtex pré-frontal).
Avaliações neuropsicológicas podem mostrar ampla faixa de disfunções (dificuldade para mudar o conjunto de respostas, focalizar a atenção, formular conceitos abstratos). Achados neurofisiológicos incluem lentidão nos tempos de reação, anormalidades no acompanhamento visual ou prejuízos nas comportas sensoriais.
Achados laboratoriais anormais podem, também, ser notados como complicação da esquizofrenia ou do seu tratamento. Alguns indivíduos bebem quantidades excessivas de líquidos (“intoxicação hídrica”) e desenvolvem anormalidades na densidade específica da urina ou desequilíbrios eletrolíticos. Elevação da creatinofosfoquinase pode resultar da síndrome neuroléptica maligna.
Subtipos (CID-10):
 Esquizofrenia paranoide:
A esquizofrenia paranoide caracteriza-se, sobretudo, por idéias delirantes relativamente estáveis, com frequência, de perseguição, na maioria das vezes acompanhadas de alucinações, em especial, auditivas, e de perturbações das percepções. As perturbações do afeto, da vontade e da linguagem e os sintomas catatônicos estão ausentes, ou são um pouco discretos.
Esquizofrenia hebefrênica:
A esquizofrenia hebefrênica caracteriza-se pela perturbação dos afetos. As ideias delirantes e as alucinações são fugazes e fragmentárias, o comportamento é irresponsável e imprevisível; e há, com frequência, maneirismos. O afeto é superficial e inapropriado, o pensamento é desorganizado, o discurso, incoerente, e há tendência ao isolamento social. Em geral, o prognóstico é desfavorável, devido ao rápido desenvolvimento de sintomas negativos, em particular, embotamento do afeto e perda da volição. A hebefrenia deveria, normalmente, ser só diagnosticada em adolescentes e adultos jovens.
Esquizofrenia catatônica:
A esquizofrenia catatônica é dominada por distúrbios psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos, como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência automática e o negativismo. Atitudes e posturas que os pacientes foram compelidos a tomar podem ser mantidas por longos períodos. Um padrão marcante da afecção pode ser constituído por episódios de excitação violenta. O fenômeno catatônico pode estar combinado com estado oniroide, com alucinações cênicas vívidas.
Esquizofrenia indiferenciada:
Afecções psicóticas que preenchem os critérios diagnósticos gerais para a esquizofrenia, mas que não correspondem a nenhum dos subtipos incluídos em outros diagnósticos, ou que exibem padrões de mais de um deles; sem clara predominância de um conjunto particular de características diagnósticas. É chamada, também, esquizofrenia atípica.
Esquizofrenia residual:
Estádio crônico da evolução de doença esquizofrênica, com progressão nítida de um estádio precoce para um tardio, o qual se caracteriza por sintomas negativos persistentes, embora não forçosamente irreversíveis, como lentidão psicomotora, hipoatividade, embotamento afetivo, passividade e falta de iniciativa, pobreza da quantidade e do conteúdo do discurso, pouca comunicação não verbal (expressão facial, contato ocular, modulação da voz e gestos), falta de cuidados pessoais e desempenho social medíocre.
São subtipos da esquizofrenia: paranoide (perseguição), hebefrênica (afeto), catatônica (psicomotor), indiferenciada, residual (sintomas negativos) e simples.
Transtorno delirante
A característica essencial do transtorno delirante é a presença de um ou mais delírios não bizarros que persistem por, pelo menos, 1 mês. Exceto pelo impacto direto dos delírios, o funcionamento psicossocial não está acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é de modo evidente estranho ou bizarro. Se episódios de humor ocorrem concomitantemente com os delírios, sua duração total é breve, comparada com a duração total dos períodos delirantes. Os delírios não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (cocaína) ou condição médica geral (doença de Alzheimer, lúpus eritematoso sistêmico).
Embora seja importante determinar se os delírios são bizarros para a distinção entre transtorno delirante e esquizofrenia, esse caráter pode ser difícil de ser julgado, especialmente entre diferentes culturas. Os delírios são considerados bizarros quando claramente implausíveis, incompreensíveis e não extraídos de experiências comuns da vida (a crença de um indivíduo de que um estranho retirou seus órgãos internos e os substituiu pelos de outra pessoa sem deixar quaisquer cicatrizes ou ferimentos). Em comparação, os delírios não bizarros envolvem situações que poderiam concebivelmente ocorrer (ser seguido, envenenado, infectado, traído pelo cônjuge).
O funcionamento psicossocial é variável. Alguns indivíduos podem parecer relativamente reservados em seus papéis interpessoais e ocupacionais. Em outros, o prejuízo pode ser substancial e incluir baixo ou nenhum funcionamento ocupacional e isolamento social. Quando presente no transtorno delirante, um fraco funcionamento psicossocial decorre diretamente das próprias crenças delirantes. Por exemplo, um indivíduo convencido de que será assassinado por criminosos pode abandonar seu emprego e recusar-se a sair de casa. Esse comportamento é uma tentativa compreensível de evitar ser identificado e morto por seus supostos assassinos. Em comparação, o fraco funcionamento na esquizofrenia pode ser atribuído aos sintomas tanto positivos quanto negativos (particularmente, avalição). De modo similar, uma característica comum a indivíduos com transtorno delirante é a aparente normalidade de seu comportamento e aparência quando suas ideias delirantes não estão sendo questionadas ou postas em prática. Em geral, os funcionamentos social e conjugal estão mais propensos a sofrer prejuízos do que os funcionamentos intelectual e ocupacional.
 Critérios diagnósticos – DSM-5:
1. Delírios não bizarros (isto é, envolvendo situações que ocorrem na realidade, como ser seguido, envenenado, infectado, amado a distância, traído por cônjuge ou parceiro romântico ou ter uma doença), com duração mínima de 1 mês;
2. Os critérios para esquizofrenia jamais foram satisfeitos;
3. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de suas ramificações, o funcionamento não está bastante prejudicado, e o comportamento não é visivelmente esquisito ou bizarro;
4. Se episódios de humor aconteceram durante os delírios, sua duração total foi breve com relação à dos períodos delirantes;
5. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga de abuso, medicamento) ou de condição médica geral.
Alucinações táteis e olfativas podem estar presentes no transtorno delirante, se relacionadas ao tema dos delírios.
Tipos:
Os tipos seguintes são atribuídos com base no tema predominante do(s) delírio(s):
1. Erotomaníaco: delírios de que outra pessoa, geralmente de situação mais elevada, está apaixonada pelo indivíduo;
2. Grandioso: delírios de grande valor, poder, conhecimento, identidade ou de relação especial com uma divindade ou pessoa famosa;
3. Ciumento: delírios de que o parceiro sexual é infiel;
4. Persecutório: delírios de que o indivíduo (ou alguém próximo a ele) está sendo, de algum modo, maldosamente tratado;
5. Somático: delírios de que tem algum defeito físico ou condição médica geral;
6. Misto: delírios característicos de mais de um dos tipos anteriores, sem predomínio de nenhum deles;
7. Não especificado.
Transtorno psicótico breve
A característica essencial do transtorno psicótico breve é uma perturbação que envolve o início súbito de, pelo menos, um dos seguintes sintomas psicóticos positivos:
1. Delírios;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado (descarrilamento ou incoerência frequentes);
4. Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico.
Um episódio de perturbação dura, no mínimo, 1 dia e, no máximo, 1 mês, e o doente tem pleno retorno ao nível pré-mórbido de funcionamento.
A perturbação não é mais bem explicada pela definição de transtorno do humor com aspectos psicóticos ou transtorno esquizoafetivo ou esquizofrenia, nem éatribuída aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (alucinógeno) ou condição médica geral (hematoma subdural).
Classificação quanto ao desencadeante do transtorno psicótico leve:
1. Pós-evento: estressor se os sintomas ocorrem logo após e aparentemente em resposta a eventos que, em particular ou em conjunto, seriam estressantes demais para qualquer pessoa em circunstâncias similares em seu contexto cultural;
2. Pós-ausência: evento estressor se os sintomas psicóticos não ocorrem logo após ou aparentemente não consistem em respostas a eventos que, em particular ou em conjunto, seriam estressantes demais para qualquer pessoa em circunstâncias similares;
3. Pós-parto: se o início ocorre em 4 semanas após o parto.
 Critérios diagnósticos – DSM-5:
Presença de um ou mais dos seguintes sintomas:
1. Delírios;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado (descarrilamento ou incoerência frequentes);
4. Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico.
Não incluir sintoma que seja padrão de resposta culturalmente sancionado no diagnóstico de transtorno psicótico breve.
Especificação:
1. Com estressor(es) acentuado(s) – psicose reativa breve: se os sintomas ocorrem logo após e aparentemente em resposta a eventos que, em particular ou em conjunto, seriam estressantes demais para qualquer pessoa em circunstâncias similares na cultura do indivíduo;
2. Sem estressor(es) acentuado(s): se os sintomas psicóticos não ocorrem logo após ou aparentemente não consistem em respostas a eventos que, em particular ou em conjunto, seriam estressantes demais para qualquer pessoa em circunstâncias similares na cultura do indivíduo;
3. Com início no pós-parto: se o início ocorre em 4 semanas pósparto.
Tratamento dos transtornos psicóticos
O tratamento consiste no uso de antipsicóticos em monoterapia ou associação, psicoterapia e internação, se necessário.
O que é psicose e quais as principais características da esquizofrenia?
Psicose é a quebra de contato com a realidade, apresentando sintomas como delírios (alteração do pensamento), alucinações (alteração de um dos cinco sentidos) e comportamento desorganizado. A psicose pode estar presente em várias condições ou patologias: esquizofrenia, transtornos de humor (mania ou depressão), intoxicação e abstinência de substâncias químicas, uso de medicamentos e delirium. Esquizofrenia é uma patologia diagnosticada quando dois ou mais dos seguintes sintomas ocorrem durante o período de 1 mês: delírios, alucinações, desorganização do discurso, comportamento desorganizado ou catatônico e sintomas negativos (embotamento afetivo, alogia, avolição).
Bibliografia:
Livro medcel- Psiquiatria 2020

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