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Estratégia de Gestão de Riscos APOSTILA

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1 
 
 
 
 
 
 
 
MBA em Administração de Finanças e Banking 
 
 
 
 
 
Estratégia de Gestão de Riscos 
 
 
 
Prof. Nelson Rosamilha 
 
Unidade I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROSAMILHA, Nelson 
 
 Estratégia de Gestão de Riscos (livro-texto 1) / Nelson 
Rosamilha. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 
2019. 
 
 31 p. 
 
 1. Teoria Financeira. 2. Abordagem de riscos. 3. Avaliação 
de carteiras e modalidades de investimentos. Pós-Graduação 
Lato Sensu UNIP. III. Título. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6 
1. CONCEITO GENÉRICO DE RISCO ..................................................................... 7 
2. CONCEITO DE RISCO EM FINANÇAS ............................................................... 8 
3. RISCOS EXTERNOS E INTERNOS ................................................................... 10 
4. NATUREZA DOS RISCOS ................................................................................. 11 
5. AVALIAÇÃO DOS RISCOS ............................................................................... 13 
6. MENSURAÇÃO DOS RISCOS .......................................................................... 15 
7. TRATAMENTO DE RISCOS .............................................................................. 16 
8. MONITORAMENTO DOS RISCOS .................................................................... 19 
9. COMUNICAÇÃO PARA GESTÃO DOS RISCOS .............................................. 20 
10. RISCO DAS OPERAÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO NA PRÁTICA ........ 21 
11. CONCEITO DE RETORNO ................................................................................ 22 
12. RISCO DE INADIMPLÊNCIA E O CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS ...... 23 
13. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE E MEDIDAS DE RISCO ................................... 25 
14. DURATION ......................................................................................................... 26 
15. VALUE-AT-RISK: POTENCIAL DE PERDA ...................................................... 28 
16. RISCO DE DÍVIDA E FONTES DE FINANCIAMENTO ...................................... 29 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA .......................................................................................... 30 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 31 
 
 
 
 
 
6 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
7 
1. CONCEITO GENÉRICO DE RISCO 
 
O termo risco provém do italiano risico ou rischio que, por sua vez, deriva do 
árabe clássico rizq (“aquilo que se depara com a providência”). A maior parte das 
pessoas associam o termo risco como o sinônimo de perigo ou algo negativo. 
O risco é inerente a qualquer atividade na vida pessoal, profissional ou nas 
organizações, e pode envolver perdas, bem como oportunidades. O Guia PMBOK 
define o risco como um evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito 
positivo ou negativo sobre pelo menos um objetivo do projeto. 
Dessa forma, podemos entender que o risco não possui em si uma conotação 
negativa, mas antes disso, possui um certo grau de incerteza. A incerteza por sua vez 
pode ser tanto positiva como negativa, por isso é fundamental aprofundarmos na ideia 
dos riscos em Finanças. 
 
 
 
8 
2. CONCEITO DE RISCO EM FINANÇAS 
 
Em Finanças, a relação risco-retorno indica que quanto maior o nível de risco 
aceito, maior o retorno esperado dos investimentos. Essa relação vale tanto para 
investimentos financeiros como para os negócios, cujo “retorno” é determinado pelos 
dividendos e pelo aumento do valor econômico da organização. 
Empreender significa buscar um retorno econômico-financeiro adequado ao 
nível de risco associado à atividade. Ou seja, o risco é inerente à atividade de 
negócios, na qual a consciência do risco e a capacidade de administrá-lo, aliadas à 
disposição de correr riscos e de tomar decisões, são elementos-chave. Assumir riscos 
diferencia empresas líderes, mas também pode levá-las a estrondosos fracassos. O 
resultado das iniciativas de negócios revela que o risco pode ser gerenciado a fim de 
subsidiar os administradores na tomada de decisão, visando a alcançar objetivos e 
metas dentro do prazo, do custo e das condições pré-estabelecidas. 
Se analisarmos os primeiros estudos da área de risco, foram iniciados aversão 
da observação empírica do comportamento humano frente a jogos de azar ou loterias. 
Para ilustrar isso, podemos utilizar um exemplo muito simples: 
Desde crianças fomos acostumados com cara ou coroa. Ou seja, uma moeda 
é lançada e possui a probabilidade igual de ser cara ou coroa. 
 Se o resultado do lançamento for cara, o jogador ganha R$ 1.000,00; 
 Se o resultado do lançamento for coroa, o jogador fica com R$ 0. 
Temos, então, dois cenários que podem ser representados da seguinte forma: 
O jogador pode receber R$ 1.000,00 com 50% de probabilidade; ou não receber 
nada com outros 50% de probabilidade. Pode-se dizer, então, que o jogador pode 
esperar ganhar em média R$ 500,00 (R$ 1.000,00 x 50% + R$ 0 x 50%). Digamos, 
ainda, que é dado o direito ao jogador “A” de participar gratuitamente desse jogo. 
Suponha que outra pessoa (jogador “B”) deseje participar do jogo e, para isso, esteja 
disposta a oferecer uma quantia em dinheiro para comprar esse direito do jogador “A”. 
Temos, então, três possibilidades quanto ao comportamento do jogador “A”: 
 Possibilidade 1: o jogador “A” pode desejar receber um valor menor que 
R$ 500,00 em troca do direito de participar do jogo; 
 Possibilidade 2: o jogador “A” pode desejar receber exatos R$ 500,00 
em troca do direito de participar do jogo; 
 Possibilidade 3: o jogador “A” pode desejar receber um valor maior que 
R$ 500,0 em troca do direito de participar do jogo. 
Se o jogador “A” optar pela Possibilidade 1, estará na verdade tomando a 
seguinte decisão: trocando um valor inferior a R$ 500,00, mas que receberá com 
certeza, pela incerteza de receber R$ 1.000,00 ou R$ 0 (expectativa de R$ 500,00). 
Explicando de outra forma, a Possibilidade 1 é, na verdade, trocar R$ 500 incertos (ou 
arriscados) por menos que R$ 500,00 com certeza (ou sem risco). Esse 
comportamento é chamado avesso ao risco. 
Na Possibilidade 2, o jogador “A” está, de forma análoga, trocando R$ 500,00 
incertos (ou arriscados) por exatos R$ 500,00 com certeza (ou sem risco). Esse 
comportamento é chamado neutro ao risco. 
 
9 
Já na Possibilidade 3, o jogador “A” está trocando R$ 500,00 incertos (ou 
arriscados) por mais que R$ 500,00 com certeza (ou livres de risco). Esse 
comportamento é chamado propenso ao risco. 
Na prática, podemos citar um princípio financeiro que diz que um real certo vale 
mais do um real com risco. É fato que a grande maioria dos investidores evita o risco 
quando o podem fazer sem sacrificar a rentabilidade desejada. Da mesma forma que 
um indivíduo faz a escolha entre uma atividade arriscada (loteria/jogo) e uma livre de 
risco, investidores também podem optar por investimentos mais ou menos arriscados. 
Em finanças, os títulos públicos de curto prazo são considerados ativos livres de risco, 
dada a pequena probabilidade de quebra/calote do governo em horizontes curtos de 
tempo. 
Para ilustrar, imaginemos que em uma economia existam apenas dois ativos, 
um arriscado e outro livre de risco, com retornos médios respectivos de 10% e 5% ao 
ano. Caso seja feita uma carteira composta apenas pelo ativo arriscado, poderemos 
esperar retornos por volta de 10% ao ano. 
Não é necessário dizer que essa carteira será arriscada, dado que o ativo 
arriscado (por definição) deve ter riscos maiores que o ativo livre de risco (que possui 
risco nulo). Caso, porém, optemos por uma carteira composta por 50%de ativo livre 
de risco e 50% de ativo arriscado, teremos reduzido o risco pela metade (50% x risco 
do ativo arriscado + 50% x risco do ativo livre de risco). 
O preço a pagar por essa redução de risco é uma redução proporcional no 
retorno, pois essa nova carteira possuirá retorno esperado de 7,5% ao ano (50% x 5% 
+ 50% x 10%). Esse é, portanto, um dos pilares de finanças: a taxa de troca entre 
risco e retorno. 
Desse modo, podemos definir o prêmio pelo risco como a diferença entre o 
retorno de um investimento com risco e o retorno de um investimento sem risco. A 
aplicação do conceito de risco no contexto empresarial requer a definição de 
indicadores de desempenho (geração de fluxo de caixa, valor de mercado, lucro, 
reclamações de clientes, quebras operacionais, fraudes, entre outros) associados a 
níveis de volatilidade, ou seja, à variação dos resultados em torno de uma média. 
Essas possibilidades, tanto de ganho como de perda, que podem ter causas de 
natureza externa (ambiente competitivo, regulatório, financeiro) ou de natureza interna 
(diferencial tecnológico, controles, capacitações, conduta) são oriundas do contexto 
em que cada organização atua. Nesse contexto, o cálculo de prêmio do risco deve 
considerar o risco histórico para diferentes investimentos. 
 
 
 
10 
3. RISCOS EXTERNOS E INTERNOS 
 
O conceito de risco torna-se muito amplo e, para analisarmos, primeiro vamos 
separar entre a origem dos eventos (externos ou internos), pois auxilia na definição 
da abordagem a ser empregada por parte da organização. 
Riscos Externos: são ocorrências associadas ao ambiente macroeconômico, 
político, social, natural ou setorial em que a organização opera. Exemplos: nível de 
expansão do crédito, grau de liquidez do mercado, nível das taxas de juros, 
tecnologias emergentes, ações da concorrência, mudança no cenário político, 
conflitos sociais, aquecimento global, catástrofes ambientais, atos terroristas, 
problemas de saúde pública etc. A organização, em geral, não consegue intervir 
diretamente sobre estes eventos e terá, portanto, uma ação predominantemente 
reativa. Isso não significa que os riscos externos não possam ser “gerenciados”; pelo 
contrário, é fundamental que a organização esteja bem preparada para essa ação 
reativa. 
Riscos Internos: são eventos originados na própria estrutura da organização, 
pelos seus processos, seu quadro de pessoal ou de seu ambiente de tecnologia. A 
organização pode e deve, em geral, interagir diretamente com uma ação proativa. 
 
 
 
11 
4. NATUREZA DOS RISCOS 
 
Igualmente importante é classificar a natureza dos riscos, o que permite sua 
agregação de uma forma organizada e de acordo com a sua natureza – estratégica, 
operacional ou financeira – em função da área da organização que é afetada pelos 
eventos. Cabe mencionar que os riscos podem pertencer a categorias distintas e em 
alguns casos poderão se encaixar em duas ou até mesmo em todas as categorias 
concomitantemente. Em alguns segmentos de negócio mais regulados, notadamente 
os bancos, o órgão regulador estabelece como boa parte dos riscos devem ser 
agrupados. 
Riscos Estratégicos: os riscos estratégicos estão associados à tomada de 
decisão da alta administração e podem gerar perda substancial no valor econômico 
da organização. Os riscos decorrentes da má gestão empresarial muitas vezes 
resultam em fraudes relevantes nas demonstrações financeiras. Exemplos: falhas na 
antecipação ou reação ao movimento dos concorrentes causadas por fusões e 
aquisições; diminuição de demanda do mercado por produtos e serviços da empresa 
causada por obsolescência em função de desenvolvimento de novas 
tecnologias/produtos pelos concorrentes. 
Riscos Operacionais: os riscos operacionais estão associados à possibilidade 
de ocorrência de perdas (de produção, ativos, clientes, receitas) resultantes de falhas, 
deficiências ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, assim como 
de eventos externos como catástrofes naturais, fraudes, greves e atos terroristas. Os 
riscos operacionais geralmente acarretam redução, degradação ou interrupção, total 
ou parcial, das atividades, com impacto negativo na reputação da sociedade, além da 
potencial geração de passivos contratuais, regulatórios e ambientais. 
Riscos Legais: associado à exposição a perdas geradas por contratos mal 
formulados, documentações inadequadas ou descumprimento da legislação vigente. 
Esse tipo de risco pode resultar no impedimento do exercício da atividade. 
Riscos Financeiros: são aqueles associados à exposição das operações 
financeiras da organização. É o risco de que os fluxos de caixa não sejam 
administrados efetivamente para maximizar a geração de caixa operacional, gerenciar 
os riscos e retornos específicos das transações financeiras e captar e aplicar recursos 
financeiros de acordo com as políticas estabelecidas. São ocorrências tais como a 
administração financeira inadequada, que conduz a endividamento elevado, podendo 
causar prejuízo frente à exposição cambial ou aumentos nas taxas de juros etc. 
Incluem-se neste grupo operações no mercado de derivativos de commodities. Dentre 
os tipos de riscos financeiros, podemos classificar como: 
 Risco de Liquidez: é definido como o risco de variações da liquidez dos títulos 
nos mercados que dificultam ou impossibilitam a realização de operações. Esse 
tipo de risco costuma ser decorrente da dificuldade de se realizar operações 
com um determinado ativo, em consequência do pequeno volume de negócios 
com ele realizado. Dessa forma, a empresa se expõe ao risco de não conseguir 
suprir eventuais necessidades imediatas de caixa. Esse risco pode ser 
controlado limitando os títulos ou ativos a uma pequena quantidade na carteira 
administrada. 
 Risco de Crédito: decorrente da capacidade de pagamento de um título, por 
parte da instituição emitente. O não pagamento do título na data ou nas 
 
12 
condições acordadas, no mercado, recebe o nome de default (inadimplência). 
Esse tipo de risco abrange além do pagamento do valor principal, aos valores 
intermediários e acessórios, como juros e amortizações. Para reduzir esse risco 
é adotado um procedimento que consiste na avaliação e verificação a 
capacidade de pagamento do emitente de um determinado título. Esse 
procedimento é denominado de Análise de Risco e executado por empresas 
especializadas em tal mensuração, conhecidas como Agências de Rating, que, 
além de medir o risco, também avaliam a situação econômico-financeira dos 
emissores como forma de subsidiar de forma mais completa as decisões de 
investimento envolvidas. 
 Risco de Mercado: representa a incerteza em relação ao comportamento dos 
preços dos ativos em função de oscilações de variáveis como taxas de juros, 
câmbio, preço de ações, dentre outras. Esse tipo de risco possui várias 
subdivisões sendo a primeira como absoluto ou relativo: 
o Risco absoluto: é representado por um eventual comportamento 
inesperado do preço de um ativo, que cause perdas ao investidor. 
o Risco relativo: é medido quando comparamos os desvios de 
comportamento da rentabilidade de um certo ativo com um dado 
parâmetro de referência, ou benchmark. No caso de benchmark, o risco 
é mensurado pelo descasamento entre o ativo e sua referência, e não 
necessariamente a uma dada queda de preços em si. 
Outra subdivisão, a estrutural, envolve os conceitos de risco sistemático e não 
sistemático: 
o Risco sistemático: decorrente de dificuldades financeiras de países e 
instituições, que podem causar significativos danos no sistema 
financeiro como um todo (natureza política, econômica e social). 
o Risco não sistemático: a parcela do risco que se pode eliminar 
mediante diversificação, que pode ser simples (aumento da quantidade 
de diferentes ativos na carteira) ou eficiente (considerando as 
correlações de retorno entre os ativos componentes). 
 
 
 
13 
5. AVALIAÇÃO DOS RISCOS 
 
Para se definir qual o tratamento que será dadoa determinado risco, o primeiro 
passo consiste em determinar o seu efeito potencial, ou seja, o grau de exposição da 
organização àquele risco. Esse grau leva em consideração pelo menos dois aspectos: 
a probabilidade de ocorrência e o seu impacto (em geral medido pelo impacto no 
desempenho econômico-financeiro do período). Deve-se incorporar também o 
impacto “intangível” à análise. A quantificação do grau de exposição nem sempre é 
trivial, podendo haver interdependência entre os riscos em dois níveis: 
a) os eventos podem não ser independentes; 
b) um determinado evento pode gerar “impactos múltiplos”, ou seja, efeitos 
sobre diferentes tipos de riscos, em diversas áreas. 
Nesse caso, o grau de exposição irá depender do impacto financeiro 
consolidado e da probabilidade conjunta de todos os eventos e deve ser medido 
quantitativamente. Para o caso de eventos independentes que tenham efeito sobre 
uma única área – como a maior parte dos riscos operacionais – o grau de exposição 
financeira é calculado simplesmente pelo valor aproximado do impacto financeiro 
multiplicado pela probabilidade de ocorrência do evento. Os riscos associados a estes 
eventos podem ser controlados para cada processo isoladamente. Incorpora-se ainda 
na abordagem o impacto intangível de cada um dos processos, conforme ilustrado na 
figura 1. 
Figura 1 - Exemplo Ilustrativo de Mapa de Avaliação dos Riscos 
 
Fonte: IBGC, 2007. 
 
O Gráfico A, Exposição Financeira, representa o espaço no qual são expostos 
os eventos de riscos identificados em função do nível da probabilidade de ocorrência 
(eixo horizontal) e do valor do impacto do evento (eixo vertical). Os tons denotam o 
grau de importância que se deve dar a cada um dos eventos em função da região que 
ocupam no gráfico (um evento de alta probabilidade e alto impacto se dispõe na região 
escura, devendo ser monitorado com muito cuidado). 
No Gráfico B, Exposição Final, a exposição financeira mensurada no eixo 
vertical já é o resultado do impacto multiplicado pela probabilidade (Gráfico A). A partir 
de então, incorpora-se o impacto intangível de cada um dos eventos. O evento 1, que 
numa primeira análise foi classificado como de média importância (região 
intermediária no Gráfico A), caso tenha um impacto intangível alto, passa a se 
 
14 
enquadrar na região escura no Gráfico B, pois a Exposição Final (Exposição 
Financeira + Impacto Intangível) é considerada alta. 
A elaboração de um Mapa de Avaliação dos Riscos, como ilustrado na figura 
1, é uma etapa fundamental na priorização do gerenciamento de riscos e na definição 
de tratamento que deve ser dado a cada um dos riscos identificados. 
 
 
 
15 
6. MENSURAÇÃO DOS RISCOS 
 
Uma primeira abordagem para o gerenciamento de riscos pode adotar uma 
visão mais qualitativa sobre os objetivos estratégicos da organização e os impactos 
dos eventos de riscos sobre eles (avaliação aproximada da “exposição” alta, média 
ou baixa). Entretanto, uma vez definido o direcionamento estratégico da organização, 
esse pode ser traduzido em termos quantitativos (objetivos, indicadores de 
desempenho e metas financeiras) que orientarão o seu planejamento (projeção do 
orçamento e do plano tático). 
A atividade de planejamento envolve detalhar, além de outros dados, as 
receitas e as despesas operacionais, os custos, investimentos e o fluxo de caixa 
projetado. Para isto é necessário que se projetem cenários sobre as tendências de 
mercado, trajetórias das variáveis macroeconômicas e financeiras, bem como as 
premissas operacionais. Consolida-se assim, um conjunto organizado e ordenado de 
planos e metas das ações, sob o ponto de vista físico, econômico e financeiro. 
O impacto financeiro consolidado dos riscos na organização pode ser medido 
quantitativamente em termos da variação potencial do seu valor econômico, fluxo de 
caixa e resultado econômico. Para viabilizar tal quantificação é necessário que a 
organização tenha o seu negócio modelado em alguma ferramenta que possibilite 
simulações e seja capaz de gerar cenários das principais variáveis e consistentes 
entre si. 
A modelagem passa pela identificação detalhada de cada um dos fatores que 
afetam as transações e indicadores de desempenho da organização, incluindo todos 
os tipos de riscos identificados, e pela determinação da dinâmica de impacto de cada 
uma das operações nas contas de resultados. 
A geração de cenários envolve o conhecimento e previsões de cada área 
estratégica da organização e deve expressar a evolução conjunta das variáveis. A 
área financeira pode traçar previsões para as variáveis macroeconômicas; a área de 
crédito, para a inadimplência de cada tipo de cliente; a área comercial, para as vendas; 
e estas, em conjunto com a de planejamento, para os preços, índices de consumo, 
eficiência, capacidade, etc. 
Associando-se probabilidades aos cenários gerados, é possível quantificar o 
risco e estimar a probabilidade de que qualquer métrica de desempenho fique abaixo 
das metas orçadas em cada período (ex.: geração ou necessidade de caixa, resultado 
contábil etc.). É recomendável buscar a identificação e o gerenciamento dos riscos 
integralmente, não apenas os riscos isolados, mas também os riscos múltiplos e 
comuns a diferentes áreas. 
Dessa forma, pode-se obter maior autoconhecimento e, consequentemente, 
um processo decisório antecipado de redução de perdas e aumento de ganhos, como 
também uma previsibilidade maior para os resultados futuros da organização. 
 
 
 
16 
7. TRATAMENTO DE RISCOS 
 
Depois de identificados, avaliados e mensurados, deve-se definir qual o 
tratamento que será dado aos riscos. Na prática, a eliminação total dos riscos é 
impossível. Nesse contexto, a elaboração de um mapa de riscos apoia a priorização 
e visa direcionar os esforços relativos a novos projetos e planos de ação elaborados, 
a fim de minimizar os eventos que possam afetar adversamente e maximizar aqueles 
que possam trazer benefícios para a organização. 
É recomendável alinhar a estrutura de controles internos aos objetivos 
estratégicos e ao nível de exposição desejado pela organização. A alta administração 
poderá determinar seu posicionamento frente aos riscos, considerando seus efeitos, 
grau de aversão e resposta, complementada por uma análise de custo-benefício. 
As várias alternativas para tratamento dos riscos são descritas abaixo, 
iniciando-se pelo dilema básico: evitar ou aceitar o risco. 
Evitar o Risco: decisão de não se envolver ou agir de forma a se retirar de 
uma situação de risco. Exemplo: uma organização decide se desfazer de uma unidade 
de negócios. 
Aceitar o Risco: neste caso, apresentam-se quatro alternativas: reter, reduzir, 
transferir/compartilhar ou explorar o risco. 
Reter: manter o risco no nível atual de impacto e probabilidade. Exemplo: a 
diretoria da empresa decide nada investir em melhorias da área de informática, 
assumindo que as perdas e erros atualmente sabidos e esperados de informações 
internas para o processo de decisão e de gestão são (riscos) toleráveis. 
Reduzir: ações são tomadas para minimizar a probabilidade e/ou o impacto do 
risco. Exemplo: uma organização financeira identificou e avaliou o risco de seus 
sistemas permanecerem inoperantes por um período superior a três horas e concluiu 
que não aceitaria o impacto dessa ocorrência. A organização investiu no 
aprimoramento de sistemas de autodetecção de falhas e de backup para reduzir a 
probabilidade de indisponibilidade do sistema. 
Transferir e/ou Compartilhar: atividades que visam reduzir o impacto e/ou a 
probabilidade de ocorrência do risco através da transferência ou, em alguns casos, do 
compartilhamento de uma parte do risco. Exemplo: uma concessionária de energia 
elétrica identificou e avaliou os riscos de falhas naturais com danos elétricos em seus 
equipamentos turbo-geradores e de potência de grandes usinas. Após analisar a 
melhor estratégia a ser adotada no que tange às despesas possíveis comfranquia, os 
prêmios de risco a serem contratados, constitui-se um seguro desses equipamentos 
junto ao mercado, transferindo esse risco operacional categorizado como de alto 
impacto e baixa frequência, inerente ao processo de operação e manutenção. Devem 
ser transferidos por meio de seguro os riscos tidos como catastróficos (riscos de baixa 
frequência e alta severidade), os riscos de alta frequência que provoquem 
cumulativamente perdas relevantes e todos aqueles cujo custo de transferência seja 
inferior ao custo de retenção. Os custos de seguro obtidos no mercado podem 
subsidiar a decisão sobre retenção versus transferência dos riscos. Além de identificar 
os riscos que deseja transferir, os gestores de seguros precisam conhecer 
profundamente a dinâmica das operações da organização e o fluxo de informações 
que garantirá a adequação do contrato de seguro por toda a vigência das apólices, 
 
17 
normalmente de 12 meses. A transferência do risco não necessariamente elimina 
todas as potenciais perdas e, por isso, é necessário dispor de um adequado plano de 
contingência. 
Explorar: aumentar o grau de exposição ao risco na medida em que isto 
possibilita vantagens competitivas. Exemplo: uma empresa produtora de petróleo usa 
as informações sobre o mercado futuro para especular no mercado de derivativos, 
aumentando sua exposição ao preço da commodity. 
Prevenção e Redução dos Danos: os riscos podem ser reduzidos pela 
prevenção – diminuição da probabilidade de ocorrência e/ou diminuição do impacto 
financeiro esperado sobre a organização, caso o evento ocorra – e/ou pela 
remediação – controle dos danos após a ocorrência do evento. Para o risco cujo 
impacto possa afetar adversamente a continuidade da operação, faz-se necessária a 
elaboração de um plano de contingência adequado e continuamente testado. Ainda 
mais amplo do que um plano de contingência, as organizações devem avaliar a 
adoção de uma metodologia para a “Gestão da Continuidade de Negócios”. 
As decisões sobre evitar, reter, reduzir, transferir ou explorar riscos estão 
baseadas na avaliação do impacto deles sobre os indicadores de desempenho 
escolhidos e sobre a imagem da organização e os custos de se estabelecerem 
controles internos. 
Da mesma forma, pode haver critérios distintos para enfocar o conceito e 
práticas de controles internos, que quando acentuados podem gerar custos, muitas 
vezes excessivos. Na questão do equilíbrio riscos versus controles versus custos, são 
muito utilizadas as “melhores práticas” aplicáveis aos tipos específicos ou categorias 
de risco, segmento de negócios ou tecnologias em questão. As melhores práticas são 
geradas e disseminadas por institutos independentes, internacionais ou nacionais, 
associações de indústria ou profissionais e organismos de normatização e por 
entidades regulatórias. 
Dessa forma, a organização terá uma resposta específica para cada evento 
significativo. Deverão ser avaliados e monitorados os impactos positivos e negativos 
da ocorrência dos eventos, considerando: 
o Risco inerente: risco natural; ausência de qualquer ação que a direção possa 
realizar para alterar a probabilidade de ocorrência ou de impacto. 
o Risco residual: resultante do processo de tomada de ações e aplicação das 
melhores práticas de controles internos ou da reposta da organização ao risco. 
Capacitação: na avaliação dos riscos deve-se considerar a capacitação da 
organização em lidar com esses riscos, o que significa ser capaz de identificá-lo, 
antecipá-lo, mensurá-lo, monitorá-lo e, se for o caso, mitigá-lo. Como exemplo, um 
incêndio pode ser classificado como um evento de alta magnitude para uma 
organização do setor florestal. Porém, se a organização possui forte capacitação 
interna para prevenir e controlar um incêndio, o evento, inicialmente classificado como 
de alto impacto, pode ser reclassificado para médio ou baixo impacto. 
A avaliação da capacitação se dá em duas dimensões principais: pessoas e 
processos. O exercício de avaliação de capacitação requer uma análise comparativa 
às melhores práticas, com a identificação de eventuais lacunas de capacitação. Uma 
vez definido o grau de tolerância ao risco da organização, deve-se adotar um plano 
de ação para eliminar as lacunas inaceitáveis para assegurar um gerenciamento de 
riscos eficaz. 
 
18 
 
 
 
 
 
 
19 
8. MONITORAMENTO DOS RISCOS 
 
É papel da alta administração a avaliação contínua da adequação e da eficácia 
de seu modelo de gerenciamento de riscos. Esse deve ser constantemente 
monitorado, com o objetivo de assegurar a presença e o funcionamento de todos os 
seus componentes ao longo do tempo. 
O monitoramento regular ocorre no curso normal das atividades gerenciais. Já 
o escopo e a frequência de avaliações ou revisões específicas dependem, 
normalmente, de uma avaliação do perfil de riscos e da eficácia dos procedimentos 
regulares de monitoramento. Vulnerabilidades e deficiências devem ser relatadas aos 
níveis superiores de gestão e, dependendo da gravidade, reportadas à alta 
administração. 
De um modo geral, os controles internos se estruturam em controles gerais e 
atividades de controles específicos, como por exemplo, reconciliações e confirmações 
de posições ou fluxos contábeis, procedimentos de testes etc. Uma das metodologias 
para dar suporte a esse processo de avaliação é o uso de Matrizes de Controles de 
Riscos, que evidenciam os objetivos e os riscos associados. Essas atividades de 
controle têm o propósito de determinar em que proporção, através de distintos 
atributos, os objetivos considerados relevantes pela administração estão sendo 
efetivamente gerenciados. 
A alta administração deve dedicar especial atenção e fornecer diretrizes que 
orientem: 
 a extensão e o conteúdo da documentação formal na organização: manuais de 
políticas e procedimentos, organogramas, descrições de funções e 
responsabilidades, instruções operacionais, diagramas de fluxo, resultados de 
avaliações, análises e testes realizados; 
 o relato, a documentação interna e externa (quando aplicável) de deficiências 
encontradas, assim como, o respectivo nível de ameaça ou exposição, 
percebida, potencial ou real, e oportunidades associadas para reforço ou 
revisão dos controles utilizados; e 
 o conteúdo dos relatórios e os níveis de informação estratégica: significância 
de problemas ou fatos anormais, princípios da cultura, implicações práticas e 
comportamentais, informação aos níveis superiores, laterais, diretoria, 
conselho de administração, comitê de auditoria, auditores e outras entidades 
externas. 
 
20 
9. COMUNICAÇÃO PARA GESTÃO DOS RISCOS 
 
A comunicação ágil e adequada com as diversas partes interessadas, 
acionistas, reguladores, analistas financeiros e outras entidades externas tem a 
finalidade de permitir avaliações mais rápidas e objetivas a respeito dos riscos a que 
está exposta a organização. O conteúdo da comunicação com o ambiente externo e 
interno reflete as políticas, a cultura e as atitudes desejadas e valorizadas pela alta 
administração. 
Devem ser veiculadas a filosofia e a abordagem de gerenciamento de riscos na 
organização, assim como delegações claras de responsabilidade e autoridade. A 
divulgação de processos e procedimentos deve alinhar atitudes e reforçar a cultura da 
organização. Mecanismos devem ser implementados e geridos de modo a estimular, 
e não a reprimir, a comunicação de desvios ou suspeitas de violações dos códigos de 
conduta ou dos princípios de ordem ética da organização por todos os colaboradores, 
como por meio de exemplos e pelo reforço de atitudes positivas pela alta 
administração. Entre outros aspectos, devem ser veiculados de forma eficaz: 
 A importância e a relevância de um gerenciamento efetivo dos riscos 
corporativos; 
 Os objetivos da organização neste domínio; 
 O apetite e a tolerância a riscos da empresa; 
 Uma linguagem comum para o assunto “riscos”. 
 
 
 
 
21 
10. RISCO DAS OPERAÇÕES NOMERCADO FINANCEIRO NA PRÁTICA 
 
Risco de crédito e de liquidez são alguns exemplos que fazem parte do 
cotidiano de quem opera no mercado de títulos. É importante ressaltar que esses 
riscos devem ser sempre levados em consideração no ato da transação, pois 
impactam diretamente no seu valor. Mesmo nos ativos de renda fixa, temos diferentes 
níveis de riscos envolvidos. 
Títulos pós-fixados, com exceção daqueles indexados ao CDI ou Selic, 
possuem fator de variabilidade adicional por terem seus rendimentos dependentes de 
indexadores que oscilarão ao longo do horizonte de investimento. Mais ainda, títulos 
do governo, pela baixa probabilidade de quebra deste, tendem a ser menos arriscados 
que títulos privados no que diz respeito a risco de crédito. 
No que tange à operação desses ativos de renda fixa, vale salientar como o 
comportamento da taxa de juros pode afetar o preço deles. Suponha que um investidor 
aplica R$ 100,00 em um título prefixado que rende 10% ao ano (a.a.) e tem 
vencimento em um ano. No vencimento, o resgate será igual a R$ 110,00. Caso a 
taxa de juros praticada no país suba ao longo da vida da operação, o preço do título 
se deteriora, pois, a taxa usada para descontá-lo será superior aos 10% acordados 
na transação. Quanto aos títulos pós-fixados, pode-se separá-los em dois grupos: 
1. O primeiro diz respeito àqueles indexados a CDI ou Selic. O valor de mercado 
desses instrumentos é pouco ou nada sensível à variação de taxa de juros, ou seja, 
papéis que pagam 100% de CDI, por exemplo, não apresentam risco de taxa de juros, 
pois seu valor de mercado irá flutuar de acordo com a taxa de mercado praticada 
(estrutura a termo de juros). Já as operações que rendem um spread de CDI diferente 
de 100% (ex.: 98% de CDI, 102% de CDI, Selic+1,5%, CDI+2%) terão seu valor de 
mercado impactado pela variação da taxa de juros. 
2. No segundo grupo, estão os ativos atrelados a algum índice (inflação, TR 
etc.), que terão seu preço impactado tanto pela taxa de juros quanto pela variação do 
seu indexador. Somado a isso, é importante mencionar que ambos os grupos estão 
sujeitos a risco de crédito e liquidez. 
 
 
 
22 
11. CONCEITO DE RETORNO 
 
Ao estudarmos sobre riscos, precisamos entender e definir o retorno. De forma 
geral, o retorno é a variação positiva ou negativa na riqueza de um investidor. Essa 
variação é resultado da aplicação de recursos em certo ativo ou investimento. É 
possível ainda fazer uma distinção entre o retorno (medido em moeda) e a taxa de 
retorno (expressa em porcentagem). 
O retorno é uma medida essencial para a tomada de decisão de qualquer 
investidor, pois a análise de viabilidade para se aceitar determinado risco deve 
considerar qual o retorno envolvido. Esse conceito podemos verificar no nosso 
cotidiano, pois não assumimos um risco muito alto se o retorno é baixo. 
Os investimentos em países emergentes como o Brasil possuem como 
premissa uma alta taxa de retorno, isso é considerado para que o investidor possa 
assumir o risco de investir em um país que de forma geral possuem características 
como imprevisibilidade, falta de regulamentação e baixo nível de maturidade. Dessa 
forma, o investidor espera que para assumir o risco a taxa de retorno seja atrativa. 
 
 
 
23 
12. RISCO DE INADIMPLÊNCIA E O CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS 
 
A utilização de capital de terceiros gera benefícios fiscais para a empresa, 
aumentando seu valor. No entanto, possui uma contrapartida relevante, isso porque 
quanto maior a dívida, maior serão suas obrigações com pagamento de juros e 
amortização. Quando a empresa utiliza capital de terceiros é comum dizer que essa 
empresa é alavancada, porém, as empresas muito alavancadas tendem a ser 
classificadas pelo mercado como mais arriscadas no que diz respeito a risco de 
crédito. 
O risco de inadimplência de uma empresa está relacionado à sua capacidade 
de gerar resultado, caixa operacional e ao nível de desembolsos com encargos 
financeiros e amortização do valor principal de dívidas. De fato, quanto maior for a 
capacidade para geração de resultado e caixa operacional em relação às obrigações 
da empresa, menor o risco de inadimplência. Da mesma forma, quanto mais estáveis 
forem esses resultados, menor o risco. 
Em âmbito mundial, existem agências especializadas em atribuir ratings para 
as dívidas das empresas, como a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P). Esses ratings 
são divulgados publicamente e possuem grande influência na decisão dos spreads 
que serão cobrados pelos credores. Os ratings são definidos por letras, sendo o AAA 
(S&P) e Aaa (Moody´s) os que representam a menor probabilidade de ocorrer 
inadimplência. Quanto mais próximo de D, maior o risco, sendo D considerado uma 
empresa inadimplente (S&P), conforme descrito na Tabela: 
Tabela 1- Comparativo de Ratings 
Agência 
Moody´s 
Agência 
S&P 
Nível de qualidade 
Aaa AAA Altíssima qualidade. Risco de default muito pequeno. 
Aa AA Alta qualidade. Risco de default pequeno. 
A A Alta-Média qualidade. Indicadores sólidos, mas potencialmente 
vulnerável. 
Baa BBB Média qualidade. Indicadores adequados, mas potencialmente 
incertos. 
Ba BB Presença de elementos especulativos. Visão de longo prazo 
questionável. 
B B Apto a pagar no momento, mas com risco de default no futuro. 
Caa CCC Baixa qualidade. Perigo claro de default. 
Ca CC Altamente especulativo. Pode estar em default. 
C C Mais baixo rating. Baixa perspectiva de renegociação. 
D - Em default. 
Fonte: MOODY’S E S&P, 2019 
Os critérios utilizados pelas agências para calcular o risco de inadimplência e 
definir os ratings são baseados nos Índices de Cobertura de Juros (ICJ), podendo ser 
definidos como EBITDA/Juros e Dívida Líquida/EBITDA. 
O EBITDA é a sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação 
e amortização (Earnings Before Interest Taxes, Depreciation, and Amortization). É um 
 
24 
dos conceitos mais utilizados na análise financeira de empresas. O índice é obtido 
reduzindo-se o Lucro Bruto apenas das despesas operacionais. Exclui-se desse 
cálculo tanto a depreciação e as amortizações do período quanto o pagamento e 
recebimento de juros. 
O EBITDA permite calcular o lucro puramente operacional, descontando 
qualquer tipo de ganho financeiro e juros decorrentes da alavancagem da empresa. 
De forma geral, a capacidade de geração de caixa que o negócio possui. O EBITDA 
é utilizado na avaliação de empresas. O valuation com base no fluxo de caixa 
descontado tem como matéria-prima fundamental esse dado. 
 
 
 
25 
13. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE E MEDIDAS DE RISCO 
 
A Análise de sensibilidade é uma técnica extremamente útil que tem por 
finalidade determinar o impacto de certas variáveis sob certas condições de mercado. 
Essa análise e, consequentemente, a sua conclusão são, muitas vezes, fundamentais 
para a tomada de decisão. Dessa forma, vamos analisar as principais medidas de 
sensibilidade e de risco. 
 
 
26 
14. DURATION 
 
A Duration possui duas interpretações: 
1. Pode referir-se à medida de sensibilidade de um fluxo de entradas (ativo) ou 
saídas (passivo) a mudanças na taxa de juros. 
2. Pode referir-se à média ponderada dos pagamentos e seus momentos de 
ocorrência. 
Essa dupla interpretação costuma causar confusões quanto ao uso adequado 
de cada uma. A primeira interpretação, de medida de sensibilidade, é conhecida como 
duration modificada. Já a segunda interpretação, da média ponderada dos fluxos, é 
chamada duration de Macaulay. Caso seja utilizada capitalização contínua, os dois 
valores se igualam, mas, nos demais casos, podem resultar em valores distintos. 
Em um título de renda fixa, a duration de Macaulay é um valor entre zero e a 
maturidade do título (em anos). Assim, um título com prazo de um ano, com 
rendimento de 2% ao mês e resgate com valor principal de R$ 1 milhão, tem duration 
igual ao prazo de vencimento do título (um ano), pois não apresenta pagamentos 
intermediários (cupons).Caso o mesmo título possuísse pagamentos mensais de cupom, o duration 
seria igual a 10,8 meses (maior volume no resgate do principal “puxa” a duration mais 
para seu prazo). Já a duration modificada é a sensibilidade percentual do preço do 
ativo a mudanças na taxa de juros. 
 
Propriedades da duration 
Abaixo, podemos citar algumas propriedades da duration. São elas: 
 Quanto menor o cupom, maior é a duration (caso os outros parâmetros 
permaneçam constantes). Instrumentos de baixo cupom terão maior 
volatilidade no preço que os instrumentos de alto cupom. 
 Quanto maior o prazo de vencimento de um instrumento, maior sua duration 
(caso os outros parâmetros permaneçam constantes). Instrumentos longos 
terão maior volatilidade no preço que instrumentos curtos. 
 Quanto maior o Yield, menor será a duration. 
 A duration tem um significado econômico, refletindo a sensibilidade do preço 
de um Bond em relação à mudança da taxa de juro. 
 Duration possui unidade de medida em anos. 
 
Convexidade: duration em relação à Yield 
A duration mensura bem as variações de preço para oscilações na taxa de juros 
de até um basis point (0,01%). Para grandes aumentos da taxa de juros, o modelo de 
duration superestima a queda de preço, enquanto que, para grandes quedas da taxa, 
o modelo subestima o aumento de preço. Convexidade é a propriedade que captura 
essas distorções do modelo de duration e mensura a sua taxa de mudança em relação 
às mudanças de Yield. 
 
 
27 
 
 
28 
15. VALUE-AT-RISK: POTENCIAL DE PERDA 
 
O Value-at-risk (VaR) é uma medida do potencial de perda no valor de um ativo 
ou portfólio em um horizonte de tempo e com determinado nível de confiança. Dessa 
forma, caso tenhamos um ativo com VaR diário de R$ 1 milhão a 95% de confiança, 
estamos dizendo que há apenas 5% de chance desse ativo sofrer perdas maiores que 
R$ 1 milhão em um dia normal de operação. 
A grande vantagem do VaR é seu poder de síntese: com poucos números, é 
possível determinar o risco de perda de uma carteira, por mais complexa que possa 
ser sua composição. 
O VaR também serve ao propósito de acompanhamento da evolução da 
exposição a riscos, pois com o seu acompanhamento sistemático, é possível verificar 
se a perda potencial de determinado ativo ou carteira está aumentando ou diminuindo. 
Há algumas questões importantes com relação ao uso do VaR: 
É preciso determinar distribuições de probabilidade dos fatores de risco, suas 
correlações e seus potenciais efeitos no valor do ativo ou carteira para estimar a 
probabilidade de perda dado um nível de confiança. Nesse ponto, reside uma das 
questões mais controversas em finanças: a distribuição normal reflete os retornos? A 
crise das subprime, em 2008, acusou perdas da ordem de 30 desvios com relação à 
média, enquanto, na distribuição normal, 99% das ocorrências se dão entre -3 e 3 
desvios. A normalidade é, no mínimo, uma premissa a ser utilizada com muito cuidado 
e critério. 
Há três grandes elementos no VaR (perdas potenciais, horizonte temporal e 
nível de confiança), que não podem ser apresentados separadamente. O VaR só é 
uma medida de risco quando apresenta os três elementos na sua formulação. 
 
 
 
29 
16. RISCO DE DÍVIDA E FONTES DE FINANCIAMENTO 
 
A alavancagem financeira pode ser importante para uma organização se 
desenvolver ou ganhar mercado, pois sem recursos disponíveis é muito difícil obter 
algum tipo de vantagem competitiva. Porém, em muitas empresas mesmo dispondo 
de recursos em caixa ou podendo recorrer aos sócios, os gestores optam pelo 
financiamento quando pensam em um novo projeto ou quando adquirem máquinas, 
veículos ou outros tipos de investimento corporativo. 
Essas empresas consideram a captação de recursos por meio de dívida uma 
forma de reduzir seu custo de capital, mais especificamente o Custo Médio Ponderado 
de Capital. Isso é explicado pelo fato de o custo da dívida com terceiros ser 
normalmente mais baixo quando comparado ao Custo do Capital Próprio ou ainda 
pela simples consideração de que os juros (provenientes da dívida) são dedutíveis do 
imposto de renda. De forma geral, os principais riscos oriundos do endividamento são: 
 Aumento da probabilidade de falência: o endividamento pode contribuir com 
o aumento da probabilidade de falência, que é a incapacidade de cumprir 
compromissos contratuais. Pois a liquidez financeira está relacionada à 
capacidade de geração de fluxo de caixa operacional da empresa e ao nível de 
suas obrigações financeiras. Nesse contexto, aumentando a alavancagem 
financeira, aumenta-se também o nível de obrigações financeiras, e 
consequentemente a probabilidade de a empresa falir. 
 Atrito entre acionistas e financiadores: o endividamento pode causar atrito 
entre os acionistas e financiadores, já que os acionistas possuem direitos 
residuais sobre os fluxos gerados pela empresa e tendem a apoiar medidas 
que os beneficiem em detrimento do aumento do risco para os credores. Esse 
tipo de problema também é conhecido como custo de agência de tomar 
empréstimos. 
 Perda de flexibilidade: o endividamento pode implicar em perda de 
flexibilidade na gestão da empresa, pois a organização pode ficar restrita (ou 
impossibilitada) de investir em novos projetos e tomar mais recursos 
emprestados, sendo obrigada a manter saldos de caixa além do que 
consideraria adequado. 
As empresas possuem muitas formas de captação de recursos no mercado, 
desse modo, analisaremos as principais formas de obtenção de recursos e seus riscos 
associados na Unidade II. 
 
 
 
30 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
SECURATO, José Roberto. Decisões Financeiras em Condições de Risco. Editora 
Atlas. 1993 
HULL, John. Introdução aos Mercados Futuros e de Opções. Editora BM&F. 1991 
IBGC. Guia de Orientação para Gerenciamento de Riscos Corporativos. Instituto 
Brasileiro de Governança Corporativa, 2007. 
WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira. 
Corporate Finance Stephen A Ross – Editora Atlas. 
 
 
31 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARCLAY, Michael J.; SMITH, Clifford W.; WATT, Ross L. “The determinants of 
corporate leverage and dividend policies”. Journal of Applied Corporate Finance. 
Volume 7, Issue 4, pages 4-19, Winter 1995. 
BRADLEY, Michael; JARRELL, Gregg A.; KIM, E. Han. “On the Existence of an 
Optimal Capital Structure: Theory and Evidence”. The Journal of Finance. Vol. 39, 
No. 3, Papers and Proceedings, Forty-Second Annual Meeting, American Finance 
Association, San Francisco, CA, December 28-30, 1983 (Jul., 1984), pp. 857-878 
BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Principles of corporate finance. 6ª. ed. Nova York: 
Mcgraw Hill, 2000. 
DAMODARAN, A. Finanças corporativas aplicadas: manual do usuário. Porto 
Alegre: Bookman, 1998. 
JENSEN, Michael C.; MECKLING, William H. “Theory of the Firm: Managerial 
Behavior, Agency Costs and Ownership Structure”. Journal of Financial Economics 
(JFE), Vol. 3, No. 4, 1976. 
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. Corporate finance. 4ª. ed. Boston: 
Irwin, 1996.

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