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Sociologia Brasileira

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Sociologia BraSileira
Prof. Renan Subtil Torres
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Renan Subtil Torres
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
T693s
 Torres, Renan Subtil
 Sociologia brasileira. / Renan Subtil Torres. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 170 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-347-3
 ISBN Digital 978-65-5663-342-8
 1. Sociologia brasileira. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 300
apreSentação
Saudações, caro acadêmico! O presente material, o qual se encontra 
em suas mãos ou na tela de seus aparelhos digitais, é fruto de um zeloso 
trabalho da UNIASSELVI que almeja apresentar a você a relevância das 
principais abordagens e autores trabalhados na Sociologia Brasileira. Por 
meio de nosso livro didático, entraremos em contato com o desenvolvimento 
da Sociologia em território brasileiro, tão como conheceremos um pouco do 
trabalho intelectual de cada um dos autores que mais contribuíram para o 
pensamento acerca da sociedade de nosso país.
A Sociologia Brasileira é responsável pelos estudos das 
particularidades da dinâmica social brasileira que, apesar de influenciada 
por toda uma série de acontecimentos globais, desenvolve-se de maneira 
única. A recente descoberta e vastidão de nosso território, a mistura dos 
povos originários com invasores e escravos, a abundância de nossos recursos 
naturais, a exploração colonialista dentre outras características, são o pano 
de fundo para a ocorrência de fenômenos sociais específicos e complexos. 
Sendo assim, nosso material de estudos apresentará os principais temas e 
teorias que contemplam nossa realidade, sempre de maneira clara e objetiva.
O livro de Sociologia Brasileira desenvolvido pela UNIASSELVI 
pretende apresentar a você, acadêmico, de uma maneira ao mesmo 
tempo consistente e didática, as principais discussões sobre as tribulações 
sociais brasileiras. Também será abordado o desenvolvimento de nossas 
problemáticas por meio da reconstrução histórica dos mais importantes 
objetos de estudo que reproduzem a formação do Brasil. A escolha dos 
autores foi realizada de maneira com a qual possamos enxergar a realidade 
nacional da maneira mais objetiva e menos abstrata possível, auxiliando-nos 
a nos situar em meio a uma complexa realidade. 
A Unidade 1 abordará o desenvolvimento do pensamento social 
brasileiro, apresentando a maneira com a qual se pensava a sociedade 
anteriormente aos séculos XIX e XX, as particularidades das análises sociais 
que compreendem o período posterior. Feito isso, trabalharemos o processo 
de sistematização da Sociologia em território brasileiro, finalizando com 
a formalização e institucionalização da Sociologia no Brasil. Para tanto, 
utilizaremos de autores que lançaram mão de análises sociais em tais períodos, 
mesmo que anteriores à formação das Ciências Sociais tal como a concebemos 
hoje. Também apresentaremos as ideias de importantes autores nacionais que 
interpretam as análises sociais de tempos passados e reconstroem a dinâmica 
social por meio de análises históricas que devem ser consideradas.
Na Unidade 2 estudaremos interpretações clássicas sobre o Brasil 
por meio de autores como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, 
Florestan Fernandes e Caio Prado Júnior. Tais pensadores desenvolveram 
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
teorias sobre a formação social brasileira desde o período colonial, processo 
de modernização nacional, relações raciais no país além de cultura, política 
e economia locais. Trata-se de grandes nomes da investigação acerca da 
dinâmica social de nosso território e importantes teóricos do processo 
histórico de construção nacional.
Finalmente, na Unidade 3, trabalharemos alguns dos principais 
temas abordados pela Sociologia Brasileira. Dentre eles estão assuntos como 
raça e identidade sob a perspectiva de pensadores das Ciências Sociais 
brasileiras, o processo de modernização do Brasil e a Sociologia Brasileira 
após a década de 1970. Esperamos que aproveitem o conteúdo preparado 
pela UNIASSELVI e ampliem seus conhecimentos sobre o contexto social de 
nosso país! Bons estudos!
Prof. Renan Subtil Torres
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
Sumário
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX ........... 1
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA .................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 O BRASIL ANTES DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA ......................................................... 3
3 DO PERÍODO COLONIAL À REPÚBLICA VELHA ................................................................... 8
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 20
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL .................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23
2 A CONSTITUIÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO .......................................... 23
3 PRINCIPAIS ABORDAGENS DA TEORIA SOCIAL BRASILEIRA ...................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 32
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL......................... 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
2 O NASCIMENTO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL ................................................................... 35
3 A SOCIOLOGIA BRASILEIRA E SEUS PRINCIPAIS DESAFIOS ......................................... 39
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 49
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 51
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 54
UNIDADE 2 — INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O BRASIL ..................................... 57
TÓPICO 1 — A SOCIOLOGIA E A INTERPRETAÇÃO DO BRASIL ....................................... 59
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59
2 OS GRANDES INTÉRPRETES DO BRASIL E SUAS PRINCIPAIS 
 ABORDAGENS .................................................................................................................................. 59
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 69
TÓPICO 2 — GILBERTO FREYRE, SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E A 
 FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO ................................................................. 71
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71
2 GILBERTO FREYRE E A ESCRAVIDÃO NO BRASIL .............................................................. 71
3 SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO BRASIL 79
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 88
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89
TÓPICO 3 — FLORESTAN FERNANDES E CAIO PRADO JÚNIOR ...................................... 91
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 FLORESTAN FERNANDES: RELAÇÕES SOCIAIS E ESTRUTURA DE 
 CLASSES NA SOCIEDADE BRASILEIRA .................................................................................. 91
3 CAIO PRADO JÚNIOR: A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA 
 CONTEMPORÂNEA ........................................................................................................................ 96
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 101
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 107
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 109
UNIDADE 3 — TEMAS DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA ....................................................... 111
TÓPICO 1 — RAÇA E IDENTIDADE NO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
 BRASILEIRO .............................................................................................................. 113
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113
2 O DEBATE RACIAL NO BRASIL ................................................................................................ 113
3 O DEBATE ACERCA DA IDENTIDADE DE GÊNERO NO BRASIL 
 CONTEMPORÂNEO ...................................................................................................................... 121
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128
TÓPICO 2 — MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA ......................................................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 A MODERNIZAÇÃO DO BRASIL NO SÉCULO XIX ............................................................. 131
3 O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO BRASILEIRO PÓS-PRIMEIRA 
 GUERRA MUNDIAL ...................................................................................................................... 135
4 A MODERNIZAÇÃO BRASILEIRA SOB OS OLHARES DE ÁLVARO 
 VIEIRA PINTO, RUY MAURO MARINI, CAIO PRADO JÚNIOR E FLORESTAN
 FERNANDES .................................................................................................................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 147
TÓPICO 3 — A SOCIOLOGIA BRASILEIRA PÓS-1970: NOVOS OLHARES ....................... 149
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149
2 SOCIOLOGIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: DA DITADURA 
 MILITAR NO BRASIL ÀS PRINCIPAIS ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS 
 NOS DIAS ATUAIS ........................................................................................................................ 149
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 160
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 165
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 166
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 168
1
UNIDADE 1 — 
O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO 
DOS SÉCULOS XIX E XX
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• apresentar o processo de transformação do pensamento sociológico 
brasileiro por meio de registros do período colonial;
• reconstruir as principais abordagens anteriores à formalização da 
Sociologia em território brasileiro;
• evidenciar o processo de sistematização da Sociologia no Brasil;
• abordar a institucionalização da Sociologia brasileira;
• apresentar autores cujas ideias foram importantes à compreensão do 
processo de formação da Sociologia e da sociedade brasileira como um todo.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO
TÓPICO 2 – A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
TÓPICO 3 – A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambienteque facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
1 INTRODUÇÃO
Pensar a sociedade na qual estamos inseridos demanda um esforço no 
sentido de considerarmos todos os elementos que a constitui. Isso significa que 
o pensamento sociológico lançado a determinado território parte da ideia de que 
toda sociedade é constituída por seus aspectos sociais. Ou seja, toda sociedade 
é constituída por suas condições materiais e históricas, tão como por todo e 
qualquer tipo de manifestação humana, sendo ela cultural, artística ou filosófica.
 
A Sociologia Brasileira emergiu de um longo processo interdisciplinar que 
leva em conta todos os registros possíveis acerca dos povos originários, invasores, 
escravos e sua interrelação, passando pela realidade material que é única de cada 
região do mundo. Sendo assim, estudaremos no primeiro tópico da Unidade 1 
de nosso material, as condições em meio às quais emergiu o pensamento social 
brasileiro, passando por uma breve história do Brasil, do período pré-colonial 
aos primeiros estudos sobre as populações nativas e seu contato com os invasores 
europeus e os escravizados por eles. Bons estudos!
2 O BRASIL ANTES DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA
Antes de iniciarmos nossos estudos acerca do Brasil como era anteriormente à 
invasão portuguesa do ano de 1500, devemos considerar alguns pontos importantes 
com relação ao conceito de pensamento social. Primeiramente, não devemos 
considerar apenas análises sociológicas, antropológicas, históricas ou provenientes 
de outros campos do saber de forma separada. A sociedade é um fenômeno complexo 
que deve ser analisado sob o máximo de perspectivas possíveis. Segundo, devemos 
pensar a sociedade de maneira macro e micro concomitantemente, ou seja, analisar 
o indivíduo em sua subjetividade, de forma isolada, como um elo que compõe a 
totalidade da realidade e, não menos importante, analisar a sociedade como um 
todo, um grupo de indivíduos capaz de modificar a realidade e construir a história 
do território onde habita. Em terceiro lugar, para se pensar sociologicamente, 
devemos estudar a maior variedade possível de fontes de informação, sejam elas 
escritas, ouvidas, vivenciadas, formais ou não formais. Dessa maneira conseguimos 
conceber a dinâmica social de maneira mais fiel possível à realidade. O autor Freitas 
Pinto (2002, p. 144-145) acredita que: 
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
4
A ideia de pensamento social corresponde em parte à constatação 
de que a riqueza dos processos sociais e culturais jamais é revelada 
plenamente quando utilizamos tão somente os métodos e recursos 
de uma determinada disciplina como a sociologia, a antropologia 
ou história. O pensamento social é construído transpondo barreiras 
e limites de disciplinas e campos de conhecimento, combinando, em 
muitos casos, dados empíricos e fatos com percepções extraídas da 
poesia, do romance, do teatro.
Sabendo os pressupostos sociológicos apresentados anteriormente, 
comecemos nossos estudos respeitando uma ordem cronológica de fatos que se 
iniciam antes da colonização portuguesa, antes mesmo de nosso país se chamar 
Brasil. Estima-se que o continente americano abrigava aproximadamente uma 
centena de milhão de pessoas, e é importante destacar que o território – o qual, 
hoje, corresponde ao nosso país – era habitado por cerca de 1 a 5 milhões de 
pessoas, dependendo da fonte informativa. Devido ao fato da ausência de registros 
escritos, uma vez que os povos originários transmitiam seus conhecimentos 
por meio, principalmente, da fala, é difícil o acesso àquelas culturas existentes 
anteriormente à invasão portuguesa.
FIGURA 1 – TRIBO BRASILEIRA XINGU
FONTE: <https://www.sohistoria.com.br/ef2/indios/index_clip_image002.jpg>. 
Acesso em: 30 abr. 2020.
É importante saber que o povo nativo se organizava em grupos sociais 
comumente conhecidos como “tribos”. Os indivíduos foram chamados de 
“índios” pelos colonizadores e esse tratamento perdura até hoje. Isso se deve ao 
fato de os portugueses supostamente estarem buscando um caminho alternativo 
à Índia ao se depararem com as terras brasileiras, referindo-se a elas como 
Índias Ocidentais por determinado período. Esse tipo de tratamento acabou por 
generalizar as centenas de etnias e línguas que foram classificadas por estratos 
linguísticos centrais. São eles: tupis-guaranis, que habitavam a região do litoral, 
macro-jê ou tapuias, região do Planalto Central, aruaques ou aruak, da Amazônia 
e caraíbas ou karib, também da região amazônica. 
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
5
As múltiplas sociedades nativas eram complexas, porém possuíam 
algumas características comuns como a divisão social do trabalho. Geralmente, 
os homens eram responsáveis pela caça, pesca, construção de habitações, guerras 
dentre outras atividades. As mulheres costumavam se incumbir dos cuidados com 
a família, confecção de vestimentas, preparo de alimentos, agricultura do milho, 
feijão, abóbora, batata-doce, amendoim, mandioca e outros tipos de trabalho. 
Quase sempre havia uma hierarquia bem estabelecida e líderes específicos, além 
de pessoas especializadas nos cuidados à saúde e referências espirituais. 
Era comum a domesticação de alguns animais considerados selvagens 
pelo homem branco e a harmonia com a natureza era plena quando comparada 
à contemporaneidade. Costumava-se utilizar apenas recursos indispensáveis 
à sobrevivência humana, como madeira, peles de animais, penas, corantes 
naturais, fibras de plantas diversas além de uma riquíssima medicina da floresta, 
infelizmente soterrada e discriminada pela cultura europeia. Hoje existem 
alguns poderosos remédios remanescentes da cultura nativa, utilizados na cura 
de diversas doenças e terapias. Um bom exemplo é o chamado Santo Daime ou 
Ayahuasca, chá de folhas e cipós utilizados em ritos e tratamentos para males 
como a depressão, ansiedade e vícios em substâncias químicas diversas.
O embate entre as culturas originárias e europeias resultaram no 
soterramento dos costumes dos povos nativos. Em outras palavras, a miscigenação 
– que era em parte consequência de estupros realizados pelos portugueses 
colonizadores –, o processo de catequização e ensino da língua portuguesa à 
população genuinamente brasileira, foram alguns dos fatores que acabaram por 
descaracterizar o modo de vida dos chamados povos indígenas. A esse processo 
se dá o nome de aculturação: quando uma cultura perde suas características ou 
deixa de existir devido à influência de uma cultura exterior.
Muitos dos registros acerca da cultura dos povos nativos, que viveram na 
época das primeiras expedições portuguesas ao Brasil, foram retratados pela Carta de Pero 
Vaz de Caminha, escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral, que destinou, ao então 
rei de Portugal, Dom Manuel, suas primeiras impressões sobre o território recém explorado. 
 A carta pode ser acessada por meio do endereço eletrônico a seguir: http://
objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf. 
 É bastante interessante analisarmos o ponto de vista dos invasores europeus às 
terras dos tupiniquins – primeiros povos a entrar em contato com os portugueses recém-
chegados.
DICAS
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
6
A colonização de nossas terras não foi a primeira ideia dos portugueses 
após a chegada de Pedro Álvares Cabral em sua primeira expedição ao Brasil, cujo 
desembarque foi no dia 22 abril de 1500, onde hoje é o estado da Bahia. Buscando 
por insumos comercializáveis, que poderiam ser alternativa ao então lucrativo 
comércio oriental de especiarias, os portugueses se decepcionaram à primeira vista, 
pelo fato de não encontrarem recursos naturais como metais preciosos no litoral 
brasileiro. Logo descobriram o Ibirapitanga ou Arabutã, que tempos depois ficaria 
conhecida como Pau-brasil. Tratava-se de uma árvore abundante em territórionacional, tão como em diversas outras localidades da América e ilhas próximas. 
O nome dela tem origem da cor vermelha de seu interior, que lembrava brasa. 
Chamada inicialmente de pau-de-tinta pelos portugueses, logo ficou conhecida 
como Pau-brasil que, tempo depois, inspiraria o nome de nosso país.
O comércio do Pau-brasil, apesar de lucrativo, não chegava perto 
da lucratividade que o comércio de especiarias no ocidente proporcionava 
a Portugal. Com a ajuda dos povos nativos, seduzidos por meio do escambo. 
Tratava-se da troca de serviços braçais por quinquilharias diversas, oferecidas 
pelos portugueses, configurando uma transação comercial primitiva entre povos 
estrangeiros e originários. O Pau-brasil foi explorado de maneira devastadora, 
chegando à beira da extinção tempos após suas primeiras extrações. Isso se 
devia à utilidade da tinta da madeira no tingimento de tecidos brancos, muito 
valorizados na Europa após coloridos com o vermelho de sua seiva.
FIGURA 2 – EXPLORAÇÃO DO PAU-BRASIL POR MEIO DA MÃO DE OBRA NATIVA
FONTE: <https://escolaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2020/01/ciclo-do-pau-brasil-
-2-750x430.jpg>. Acesso em: 6 maio 2020.
 
A extração da madeira no Brasil demandava uma autorização concedida 
pelo rei de Portugal. Essa autorização se chamava estanco. A primeira pessoa a 
receber o estanco foi Fernando de Noronha, que hoje é o nome de uma das ilhas 
do litoral nordestino brasileiro. O Pau-brasil extraído pelas pessoas que recebiam 
o estanco da realeza portuguesa era armazenado em feitorias, ou seja, armazéns 
espalhados pela costa brasileira que serviam de depósito para a madeira que, 
posteriormente, era enviada por meio de embarcações para a metrópole europeia.
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
7
Toda essa movimentação de mercadorias ao longo da costa brasileira atraía 
a atenção de outros povos. Os franceses eram os principais interessados nessa 
nova fonte de riquezas. Eles faziam alianças com tribos inimigas dos portugueses 
e atacavam o litoral em busca do domínio da transação mercantil do Pau-brasil. A 
fim de se defender dos ataques franceses, Portugal decide organizar expedições 
guarda-costas para o Brasil, que eram caravelas armadas enviadas para patrulhar 
os mais de 8 mil quilômetros de litoral e refrear a ameaça estrangeira. 
Diante às disputas que pelo vasto território brasileiro e seus abundantes 
recursos naturais, surge a demanda pela garantia dessas terras por parte de 
Portugal. Foi assim que, no ano de 1534, o então rei português, Dom João III, 
decide implementar um programa de ocupação efetiva do Brasil. Esse ano foi o 
marco final do chamado Período Pré-Colonial, a partir do qual a coroa portuguesa 
decide enviar pessoas para colonizar o território brasileiro. Tal estratégia serviu 
para estabelecer os domínios portugueses sobre as terras recém-tomadas pelos 
europeus, dificultando a entrada de outros povos que estavam em busca das 
riquezas encontradas em terras tupiniquins. Vale salientar que o Pau-brasil era 
apenas um dos inúmeros recursos naturais descobertos, até então, no que hoje 
corresponde aos limites brasileiros. Diversas outras riquezas ainda viriam a ser 
descobertas pelos invasores portugueses, ampliando ainda mais seus interesses 
sobre o território dominado a partir do ano de 1500. 
Podemos sintetizar o Período Pré-Colonial como um tempo de descobertas 
para os povos europeus que aqui desembarcaram em busca da ampliação de seus 
domínios comerciais. Marcada pela aculturação dos povos nativos frente à cultura 
europeia, a época pré-colonial foi fundada na descoberta do valor comercial do 
Pau-brasil, e do conveniente trabalho braçal do povo originário, intermediado 
pelo escambo e fundamental para a extração daquela madeira. O estanco era 
a autorização provida pela coroa portuguesa para a extração do Pau-brasil, que 
era armazenado em feitorias espalhadas pelo litoral brasileiro e, logo depois, 
transportado para a Europa por meio de embarcações. As expedições guarda-
costas serviam de intimidação frente às invasões estrangeiras, principalmente de 
franceses, que objetivavam a disputa dos recursos materiais brasileiros. O referido 
período, classificado como pré-colonial, encerra-se em 1534, quando Portugal envia 
pessoal para ocupar o Brasil de maneira definitiva. O quadro a seguir salienta os 
principais aspectos desse período, que perdura do ano de 1500 até 1534:
QUADRO 1 – PERÍODO PRÉ-COLONIAL
• Duração – de 1500 a 1534.
• Principal atividade econômica – extrativismo.
• Principal matéria-prima – Pau-brasil.
• Regime de trabalho – utilização da mão de obra nativa intermediada pelo 
regime de escambo.
• Autorização real para a atividade – estanco.
• Depósito da matéria-prima bruta – feitoria.
• Principais ameaças – ataques de franceses aliados a tribos nativas rivais aos 
portugueses.
• Principal defesa portuguesa – expedições guarda-costas.
FONTE: O autor
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
8
Agora que exploramos as principais características do primeiro período 
após à entrada dos portugueses no território que hoje corresponde ao Brasil, 
estudaremos outra fundamental fase da ocupação dessas terras: o Período 
Colonial. Por meio dos estudos dessa outra importante etapa do desenvolvimento 
social brasileiro, construiremos as bases para a investigação acerca da produção e 
desenvolvimento do pensamento sociológico de nosso país.
3 DO PERÍODO COLONIAL À REPÚBLICA VELHA
Tendo em vista que a coroa portuguesa reconheceu a potencialidade do 
Brasil em termos de riquezas, que já estavam atraindo forças estrangeiras que 
as disputavam com os pioneiros europeus, Dom João III, então rei de Portugal, 
decide, em 1534, colonizar essas terras com o objetivo de estabelecer sua 
dominação. Cabe salientar que já ocorriam revoltas e diversas resistências em 
nome das terras brasileiras, antes mesmo da chegada de Portugal ao país. 
Desde o ano de 1494, o Tratado de Tordesilhas já dividia legalmente o 
Brasil que conhecemos hoje em duas partes. As coroas de Portugal e Espanha, na 
época Reino de Portugal e Coroa de Castela, já se interessavam no chamado “novo 
continente”, a América recém invadida pela expedição marítima capitaneada por 
Cristóvão Colombo em 1492. 
O tratado consistia em uma divisão de terras por meio de uma linha 
imaginária. Essa linha cortava o Brasil de norte a sul, do que hoje corresponde ao 
estado do Pará até Santa Catarina. De acordo com o tratado que objetivava pôr fim 
às disputas pelas terras americanas entre os dois reinos, tudo o que situava a oeste 
da linha pertenceria à Coroa Castela e, a leste, do Reino de Portugal. Anos depois 
esse tratado foi revogado a pedido dos portugueses ao perceberem a vastidão 
ainda inexplorada ao centro e a oeste do que hoje corresponde à América Latina. 
Por volta do ano de 1534, o então rei de Portugal, Dom João III, divide o 
Brasil em sesmarias, que consiste em pedaços de terras demarcados por meio de 
linhas imaginárias traçadas vertical e horizontalmente com relação ao mapa do 
território nacional. Cada um desses pedaços de terra era destinado a um nobre 
escolhido pelo rei. As terras delimitadas não eram posse de seus destinatários, os 
chamados donatários. 
Cada donatário tinha direito de ocupar o território e produzir riquezas 
dentro dele, porém, a decisão acerca da destituição dos territórios e/ou substituição 
dos donatários estava nas mãos do rei. Cada um dos donatários recebia uma 
Carta de Doação, que consistia em um documento que assegurava que cada uma 
das sesmarias era delegada a um administrador específico. 
A Carta Foral, por sua vez, era o documento em que constavam as diretrizes 
de posse da sesmaria, ou seja, as instruções acerca daquilo que o donatário pode 
ou não pode fazer em relação à ocupação do espaço que tomaria conta a partir do 
momento em que recebesse sua Carta de Doação.
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
9
As faixas de terra, cuja gestão era passada de pais para filhos,foram 
batizadas de Capitanias Hereditárias. A partir do ano de 1934, o país passou 
a ser dividido em 15 Capitanias Hereditárias que seriam distribuídas entre 
12 donatários. Cada uma das sesmarias que vieram a se tornar Capitanias 
Hereditárias, recebia um nome e era concedida aos respectivos donatários, 
incumbidos da tarefa de ocupar e produzir riquezas em seus territórios.
• Capitania do Maranhão: João de Barros e Aires da Cunha e Fernando Álvares 
de Andrade.
• Capitania do Ceará: Antônio Cardoso de Barros.
• Capitania do Rio Grande: João de Barros e Aires da Cunha.
• Capitania de Itamaracá: Pero Lopes de Sousa.
• Capitania de Pernambuco: Duarte Coelho Pereira.
• Capitania da Baía de Todos os Santos: Francisco Pereira Coutinho.
• Capitania de Ilhéus: Jorge de Figueiredo Correia.
• Capitania de Porto Seguro: Pero do Campo Tourinho.
• Capitania do Espírito Santo: Vasco Fernandes Coutinho.
• Capitania de São Tomé: Pero de Góis da Silveira.
• Capitania de São Vicente: Martim Afonso de Sousa.
• Capitania de Santo Amaro: Pero Lopes de Sousa.
• Capitania de Santana: Pero Lopes de Sousa.
FIGURA 3 – DIVISÃO POLÍTICA ESTABELECIDA PELO TRATADO DE TORDESILHAS
FONTE: <http://opiniaoenoticia.com.br/wp-content/uploads/tordesilhas.jpg>. 
Acesso em: 15 maio 2020.
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
10
É importante termos em mente que o processo de formação colonial de 
nosso país não se deu de maneira pacífica, muito menos democrática. A terra, 
que já possuía moradores há milênios, fora dividida em vários pedaços que agora 
passariam a ser jurisdição de um donatário europeu, mesmo que sem a aprovação 
de muitos povos nativos. Foram muitas as batalhas que foram travadas entre 
nativos e colonizadores europeus. Anteriormente ao loteamento e distribuição 
das terras litorâneas do Brasil, existiam conflitos em torno da ocupação de seu 
território vasto e rico em recursos naturais. Além da diversidade da fauna e da 
flora brasileira, a água é abundante e escoa por meio de gigantescos rios. Diversas 
populações vivenciavam disputas por territórios que dispunham de tais recursos 
fundamentais para a sobrevivência.
O século XVI foi marcado por batalhas como o Cerco de Igarassu 
que, conforme Hans Staden (1945), consistiu em um levante realizado pelos 
índios caetés contra os portugueses que, dentre outros fatores motivacionais, 
escravizaram membros de sua etnia. O cerco ocorreu em uma vila de Pernambuco, 
entre 1549 e 1551, conforme alguns historiadores, os quais nem sempre entram 
em consenso quanto à data oficial da resistência. Em 1562, foi realizado o Cerco 
de Piratininga, que foi a união entre índios carijós, guaianás, guarulhos e 
tupiniquins, organizados contra a dominação portuguesa. O fato ocorreu em São 
Paulos dos Campos de Piratininga, quando as etnias indígenas reunidas atacaram 
a vila onde portugueses aliados a tupiniquins se defenderam da ofensiva. Isso 
evidencia a existência da aliança, não só entre índios de diferentes tribos, mas 
entre “homens brancos” (europeus) e indígenas (nativos). 
A imagem a seguir ilustra um pouco da relação amistosa que os 
colonizadores conseguiram estabelecer com os antigos donos das terras de São 
Paulo dos Campos de Piratininga, os índios tupiniquins. Embora a aliança entre 
brancos e indígenas favorecesse ambas as partes, outros povos e, inclusive os 
próprios tupiniquins, levantaram-se contra essa jovem vila, então com dois anos 
de idade. Observe:
FIGURA 4 – ALIANÇA ENTRE HOMENS BRANCOS E TRIBOS NATIVAS
FONTE: < https://cutt.ly/ggbanjn >. Acesso em: 15 maio 2020.
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
11
Mais tarde, entre os anos de 1554 a 1567, foi formada a Confederação 
dos Tamoios que era composta majoritariamente pelo povo Tupinambá, por sua 
vez composto por tribos Tupiniquins, Aimorés e Terminós. Tratava-se de um dos 
primeiros grandes conflitos entre os povos originários, que reivindicavam sua 
liberdade tão como a retomada de suas terras, e homens brancos, especialmente 
portugueses e franceses, que ocupavam um território que compreendia parte 
do litoral paulista e fluminense. A Guerra dos Aimorés foi outro importante 
episódio de resistência por parte dos povos nativos. Os Aimorés eram povos 
que habitavam o território que hoje corresponde aos estados de Minas Gerais e 
Espírito Santo e resistiram à colonização portuguesa por mais de um século. 
Essa guerra, que durou aproximadamente de 1555 a 1673, foi composta 
por diversas batalhas, dentre elas a Batalha do Cricaré. Essa batalha ocorreu na 
Capitania de Espírito Santo, mais especificamente no Povoado de Cricaré, onde 
uma ofensiva liderada por Vasco Fernandes Coutinho, donatário responsável 
pela referida sesmaria, desembarcou com sua armada vinda do litoral do que 
hoje corresponde à Bahia. Apesar da difícil batalha que custou a vida de vários 
nativos e colonizadores, os Aimorés conseguiram afastar a tropa que defendia 
os domínios de Vasco Fernandes Coutinho, cujo comandante, Fernão de Sá, 
morrera neste combate. Após a retirada dos colonizadores invasores, os Aimorés 
destruíram as feitorias dos bandeirantes por volta do ano de 1558.
Outro importante episódio da história da ocupação dos Brasil por 
invasores europeus se materializou com a Guerra dos Bárbaros (1650-1720). O 
conflito ocorreu entre os nativos Tapuias e colonizadores portugueses que, com 
o fim da União Ibérica, em 1640, e a expulsão dos holandeses, em 1654, passaram 
a concentrar sua atenção nas terras nordestinas, mais especificamente da Bahia 
ao Maranhão, para a consolidação do cultivo da cana-de-açúcar e expansão da 
pecuária. Foram aproximadamente 70 anos de combates entre os povos nativos 
e os invasores portugueses, custando a vida de centenas de índios e muitos 
colonizadores portugueses. Para Puntoni (1999, p. 196):
A Guerra dos Bárbaros mais se aproximou de uma série heterogênea 
de conflitos entre índios e luso-brasileiros do que de um movimento 
unificado de resistência. Resultado de diversas situações criadas ao 
longo da segunda metade do século XVII, com o avanço da fronteira 
da pecuária e a necessidade de conquistar e “limpar” as terras para 
a criação de gado, esta série de conflitos envolveu vários grupos e 
sociedades indígenas contra moradores, soldados, missionários e 
agentes da coroa portuguesa.
A Guerra dos Bárbaros foi um massacre contra o povo Tapuia, que era 
composto por grupos culturais que compreendia o povo Jê, Tarairiu, Cariri e 
outros grupos que não eram classificados pelos cronistas da época. Alguns dos 
povos que podem ser citados entre os não batizados pelos colonizadores são os 
Sucurú, os Bultrim, os Ariu, os Pega, os Panati, os Corema, os Paiacu, os Janduí, 
os Tremembé, os Icó, os Carateú, os Carati, os Pajok, os Aponorijon e os Gurgueia. 
Toda essa diversidade fora ignorada pelos invasores europeus que, por meio de 
um processo de aculturação que operava através da catequização e alfabetização 
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
12
compulsória de nativos às línguas e crenças europeias, apagou culturas altamente 
complexas e de ciência avançada. O domínio dos Tapuia sobre os saberes 
advindos da interação homem-natureza, poderiam, hoje, nos proporcionar 
diversas soluções à vida em sociedade, como a cura de diversos males e doenças, 
tão como uma dinâmica social mais harmoniosa e menos destrutiva em relação 
aos recursos naturais e seres humanos que coexistem contemporaneamente.
A chegada massiva e compulsória de outro povo foi determinante à 
formação de nossa cultura e de pensamento social brasileiro: o negro africano. Os 
negros foram trazidos da África pelos colonizadores europeus como alternativa 
à mão de obra indígena, fosse ela livre ou escrava. A expansão da economia 
canavieira do século XVI, trouxe consigo a demanda por um trabalho intensificado 
nas lavouras. Os povos africanos, fisicamente adaptados às rígidas condições de 
sobrevivência de seu continente de origem, foram a solução ao trabalhoindígena.
As razões da opção pelo escravo africano foram muitas. É melhor não 
falar em causas, mas em um conjunto de fatores. A escravização do índio 
chocou-se com uma série de inconvenientes, tendo em vista os fins da 
colonização. Os índios tinham uma cultura incompatível com o trabalho 
intensivo e regular e mais ainda compulsório, como pretendido pelos 
europeus. Não eram vadios ou preguiçosos. Apenas faziam o necessário 
para garantir sua subsistência, o que não era difícil em uma época de 
peixes abundantes, frutas e animais. Muito de sua energia e imaginação 
era empregada nos rituais, nas celebrações e nas guerras. As noções de 
trabalho contínuo ou do que hoje chamaríamos de produtividade eram 
totalmente estranhas a eles (BORIS, 1996, p. 28).
A mão de obra escrava proveniente dos negros africanos foi fruto do tráfico 
de pessoas, intensificado durante as expedições portuguesas à costa africana no 
século XV. Após esse período, o comércio escravista se tornou uma atividade 
muito lucrativa para os colonizadores. Os escravos negros possuíam habilidades, 
tanto no cultivo da cana-de-açúcar – que já era uma das atividades portuguesas 
“Uma índia-velha cachimbeira conta a seus netos a história de luta de seus 
antepassados contra as invasões dos colonizadores do nordeste do Brasil, provocadas 
pela expansão da pecuária bovina. A historiografia oficial denominou os confrontos de 
guerra dos bárbaros. Resta-nos saber se são bárbaros os índios ou os europeus”, tal frase 
se encontra na descrição da animação feita sob direção de Júlia Manta, recontando sob a 
perspectiva de uma índia Tapuia remanescente do terrível massacre que, entre os séculos 
XVII e XVIII, tirou a paz dos povos nativos do nordeste brasileiro: A Guerra dos Bárbaros: vale 
a pena conferir essa interessante obra brasileira que retrata, por meio de desenhos, a força 
e resistência dos povos originários do Brasil contra as mazelas da colonização europeia. O 
vídeo pode ser assistido por meio do sítio eletrônico a seguir: https://www.youtube.com/
watch?v=e5duD0qNCrU.
DICAS
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
13
nas ilhas do Atlântico – quanto na criação de gado. Conforme Boris (1996), entre 
os anos de 1550 e 1855, cerca de 4 milhões de negros, em sua maioria jovens e do 
sexo masculino, entraram no Brasil pelos portos utilizados para seu comércio.
Não por acaso, a partir da década de 1570 incentivou-se a importação 
de africanos, e a Coroa começou a tomar medidas através de várias 
leis, para tentar impedir o morticínio e a escravização desenfreada dos 
índios. As leis continham ressalvas e eram burladas com facilidade. 
Escravizavam-se índios em decorrência de "guerras justas", isto é, 
guerras consideradas defensivas, ou como punição pela prática de 
antropofagia. Escravizava-se também pelo resgaste, isto é, a compra 
de indígenas prisioneiros de outras tribos, que estavam para ser 
devorados em ritual antropofágico. Só em 1758 a Coroa determinou 
a libertação definitiva dos indígenas. Mas, no essencial, a escravidão 
indígena fora abandonada muito antes pelas dificuldades apontadas 
e pela existência de uma solução alternativa (BORIS, 1996, p. 28-29).
O povo negro, assim como os nativos brasileiros, também resistiu contra a 
cruel dominação europeia sobre as terras do Brasil. Foram inúmeros os levantes, 
guerras e batalhas contra o sistema escravagista da época. É muito importante nos 
lembrarmos que o nosso país foi o último a abolir legalmente a escravidão dos 
negros africanos que para cá foram trazidos. No ano de 1758 fora abolida a escravidão 
dos índios e, somente em 13 de maio de 1888, os escravos negros do Brasil foram 
libertados das senzalas por meio da assinatura da Lei Áurea. Contudo, a abolição da 
escravatura em terras brasileiras não foi um simples ato de benevolência da nobreza, 
mas resultado de intensas e sangrentas batalhas em nome da liberdade. 
Cabe salientar que o povo negro brasileiro muito sofreu após a abolição 
da escravidão. Assolados pela fome, escassez de empregos remunerados, falta 
de moradias, o povo negro foi empurrado para longe do convívio do branco, 
concentrando-se em localidades que hoje são chamadas de periferias. 
Ao português estranho ao continente cumpre juntar o negro, 
igualmente alienígena. A importação começou desde o estabelecimento 
das capitanias e avultou nos séculos seguintes, primeiro por causa da 
cultura da cana, mais tarde por causa do fumo, das minas, do algodão 
e do café. Depois da supressão do tráfico em 1850, o café provocou 
deslocações consideráveis na distribuição interna; o mesmo efeito 
produziu a abolição (ABREU, 2009, p. 16).
FIGURA 5 – TRANSPORTE DE NEGROS AFRICANOS PARA COMPOSIÇÃO DE MÃO DE OBRA ESCRAVA
FONTE: <https://www.olharconceito.com.br/imgsite/noticias/1(85).jpg>. Acesso em: 16 maio 2020.
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
14
Diversos foram os personagens e acontecimentos que marcaram a 
resistência negra em território brasileiro. Desde o suicídio das pessoas que não 
mais aguentavam os maus-tratos de uma vida sob regime de escravidão, os abortos 
induzidos pelas escravas negras que eram estupradas recorrentemente pelos seus 
senhores, até as paralisações, assassinatos e guerras contra os escravocratas, são 
exemplos de reação do povo negro trazido para cá. Muitos mártires, símbolos 
da violência e crueldade cometidas contra o povo negro no Brasil, são hoje 
considerados heróis que contribuíram no processo de libertação que se arrasta 
até os dias de hoje. 
Os escravos negros, muitas vezes, conseguiam fugir das senzalas, que 
eram os barracões e outras habitações insalubres e inseguras construídas pelos 
senhores de escravos (“donos” das pessoas que eram traficadas para mão de 
obra escrava) para abrigar o povo capturado em terras africanas. Esses escravos, 
então, associavam-se e formavam comunidades denominadas quilombos, onde 
passavam a se concentrar e acolher os demais negros fugitivos. Os quilombolas, 
moradores dos quilombos, eram comumente surpreendidos por ofensivas de 
capitães do mato, empregados dos senhores de escravos que caçavam e castigavam 
os fugitivos. Cabe salientar que muitos desses capitães do mato eram negros que 
ganhavam algumas regalias de seus senhores em troca de seus serviços, dentre 
elas a delação de escravos que planejavam fugir e a aplicação de penas físicas e 
diversos tipos de tortura.
 No interior das senzalas, os negros escravizados manifestavam sua fé 
e cultura, na medida do possível. As más condições das habitações resultavam 
em doenças e outros tipos de mazelas que dificultavam ainda mais a vida dos 
escravos. Já nos quilombos, que eram assentamentos mais isolados, escondidos 
da ação dos senhores de escravos e capitães do mato, os costumes dos negros 
escravizados podiam se manifestar de forma mais livre. Até hoje, no Brasil, existe 
certo preconceito em relação à cultura e religião de matriz afrodescendente. 
O senso comum dos brasileiros recorrentemente associa as crenças religiosas 
dos negros à feitiçaria ou a chamada “macumba”, expressão utilizada para 
estigmatizar a cultura negra. 
Houve muitas grandes e sangrentas revoltas decorrentes da tentativa de 
emancipação do povo negro em nosso país. Alguns dos principais símbolos de 
resistência negra e batalhas em nome da libertação dos escravos negros no Brasil 
estão listadas no quadro a seguir:
QUADRO 2 – ALGUMAS DAS RESISTÊNCIAS DE ESCRAVOS NEGROS NO BRASIL
• Quilombo dos Palmares: liderado por Zumbi dos Palmares e sua esposa 
Dandara, foi o maior quilombo brasileiro, situado onde hoje fica o estado 
do Alagoas, concentrando boa parte dos escravos fugitivos e soltos 
voluntariamente.
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
15
• Fuga do Engenho Santana: em 1789, um grupo de escravos fugitivos 
constituiu um quilombo dentro do qual se organizaram e construíram um 
trato para apresentar aos senhores daquele engenho. Dentre as principais 
reivindicações estavam o direito ao lazer, folgas e liberaçãodas manifestações 
culturais daquele grupo.
• Revolta dos Malês: rebelião organizada por negros livres e escravos da 
Bahia em busca da abolição. Esse levante ocorreu no ano de 1835 e foi uma 
das dezenas de greves só no estado baiano.
• Rebelião de Carrancas: outra importante rebelião ocorrida, dessa vez, em 
Minas Gerais no ano de 1833.
• Revolta de Manoel Congo: levante organizado por Manoel Congo no 
município de Vassouras, no Rio de Janeiro. Ocorreu no ano de 1838.
• Balaiada: resistência que ocorreu entre os anos de 1839 a 1842 no Maranhão, na 
qual escravos liderados por Cosme Bento das Chagas preocuparam as elites.
FONTE: O autor
Muito contribuiu para o fim da escravidão formal no Brasil as ações do 
chamado Movimento Abolicionista, composto por diversas classes sociais. 
Artistas, membros da elite, intelectuais, negros alforriados, escravos e mulheres 
promoveram diversos tipos de trabalho a favor da abolição da escravatura no 
Brasil. Isso não significa que os outros tipos de resistência já mencionados, além de 
muitos outros, não configurem movimentos abolicionistas. Todavia, o movimento 
passa a ter maior visibilidade e ascensão quando as camadas mais privilegiadas 
da sociedade brasileira interviram de forma mais ativa. Esse fato ilustra o severo 
grau de racismo incrustado em nossa sociedade, desde seus primórdios, quando 
a discriminação em relação às vontades dos negros era ainda mais explícita.
FIGURA 6 – MOVIMENTO ABOLICIONISTA
FONTE: <https://cutt.ly/6gbdOZ2>. Acesso em: 17 maio 2020.
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
16
Consideradas as bases de nossa sociedade, formada pelos povos nativos, 
colonizadores europeus e escravos negros trazidos da África, avançaremos para 
os períodos posteriores à era colonial. O advento da união do território brasileiro 
a Portugal no ano de 1815, somado às crises financeiras e políticas da coroa 
portuguesa, impulsionaram uma demanda pela Independência do Brasil, que 
já não sustentava tantas cobranças por parte também da Inglaterra. As elites 
portuguesas pressionavam pela volta do regime colonial no Brasil, enquanto as 
elites já estabelecidas em nossas terras não possuíam esse anseio. O então rei 
de Portugal, Dom João VI, deixa seu filho – que viria a se tornar Dom Pedro 
I – tomando conta da política brasileira até que, no ano de 1889, é proclamada a 
República Brasileira. 
Nos primeiros anos da República Velha (1889-1930), nosso povo se 
encontrava sob regime militar. Esse período é chamado de República da Espada 
(1889-1894). Deodoro da Fonseca entra como Presidente da República, substituindo 
o regime provisório dos militares. No ano é estabelecida a Constituição de 
1891, cujos principais pressupostos eram o as eleições diretas para homens 
alfabetizados com mais de 21 anos de idade, o federalismo, que consistia no 
confio de certa autonomia para os estados, divisão do poder em Legislativo, 
Executivo e Judiciário. Nessa época o Brasil também passa a emitir moedas em 
papel, medida adotada por Rui Barbosa, o então Ministro da Fazenda.
O período que vai de 1894 até 1930 é chamado de República Oligárquica, 
quando fora eleito Prudente de Moraes, primeiro presidente civil eleito. A política 
do Brasil era comandada por uma oligarquia rural, ou seja, por grandes produtores. 
O Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) 
eram os partidos que mais lançavam presidentes. A Política Café com Leite, 
batizada em referência às duas maiores atividades econômicas da época, era o 
regime eleitoral predominante, no qual os governadores dos estados brasileiros 
e os presidentes da República acordavam de maneira tanto legal quanto ilegal 
para não haver oposição à presidência vigente e garantia de autonomia estatal. 
De outro modo, a Política Café com Leite consistia em trocas de favores entre 
presidentes e governadores de forma a manipularem o jogo político. 
O coronelismo era o regime em que os coronéis, grandes proprietários de 
terra que exerciam influência direta sobre o povo que vivia no interior de seus 
domínios, conduziam o voto de cabresto. O voto de cabresto era a imposição 
do voto ao povo, que era submisso e financeiramente dependente dos violentos 
coronéis que o ameaçava. Tal regime provocou grandes desigualdades e exclusão 
no Brasil republicano, fato que motivou o nascimento dos chamados movimentos 
sociais do período. É válido ressaltarmos que as resistências indígena e negra do 
período colonial brasileiro também foram modalidade de movimento social, pois 
consistia na reivindicação por melhores condições de vida por parte das classes 
menos privilegiadas da sociedade.
TÓPICO 1 — A FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
17
Entre 1893 e 1897, ocorre no Brasil a chamada Guerra de Canudos no 
nordeste brasileiro. Frente às condições de miséria vivenciadas pelo povo 
nordestino, assolado pela fome, seca e violência crescentes, Antônio Conselheiro, 
autointitulado um “enviado de Deus”, toma a frente de um movimento que 
resulta na formação do povoado de Canudos. As gigantescas proporções que o 
resultado dos discursos de Conselheiro tomou, abriu espaço para uma ofensiva 
das forças republicanas que massacraram o povo de Canudos. Há relatos que em 
torno de 20 mil, dos 25 mil habitantes de Canudos, foram mortos pelo exército. 
Além disso, aquela cidade foi totalmente destruída nesse ataque genocida ao 
povo nordestino, protagonizado pelas forças armadas brasileiras.
Dentre os mais notáveis movimentos sociais da época estava a Revolta 
da Vacina, no Rio de Janeiro, onde diversas pessoas estavam insatisfeitas com 
os constantes desalojamentos determinados pelo estado. Os despejos eram 
realizados para a manutenção viária e construção de espaços públicos, além 
disso, nesse mesmo período foi imposta a obrigatoriedade da vacinação contra as 
epidemias que assolavam o Rio. O acúmulo de lixo era um problema que trazia 
graves doenças para a população, dentre elas estão: a varíola, a peste bubônica 
e a febre amarela, doenças que matavam milhares de pessoas na época. Frente 
às drásticas medidas adotadas pelo então presidente Rodrigues Alves, eleito em 
1902, o povo carioca se amotinou.
FIGURA 7 – REVOLTA DA VACINA
FONTE: <https://cutt.ly/Mgbd04S>. Acesso em: 17 maio 2020.
A Revolta da Chibata (1910) foi um movimento social por meio do qual os 
marinheiros brasileiros de baixa patente reivindicavam o fim dos maus tratos que 
sofriam. O líder deles era João Cândido, conhecido como almirante negro, que 
fomentava os pedidos por melhor condições de trabalho, alimentação e a anistia 
daqueles que se envolveram na referida revolta. O movimento foi duramente 
reprimido pelo governo. Mais tarde, entre 1912 e 1917, ocorre a Guerra do 
Contestado, entre as fronteiras do estado do Paraná e Santa Catarina. 
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
18
O conflito sócio-político se originou da construção de uma estrada de ferro 
que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul e demandou a expulsão de muitas pes-
soas de suas terras. José Maria de Santo Agostinho, líder que se sensibilizou com o 
sofrimento daqueles camponeses, posicionou-se contra o regime republicano brasi-
leiro e logo seu movimento de resistência foi desmantelado pelas forças do governo.
O declínio do regime republicano oligárquico se deu com a ascensão 
do tenentismo. Os tenentes eram jovens oficiais que eram contra as oligarquias 
ruralistas que conseguiram implantar o voto secreto no Brasil. Em meio a uma 
crise econômica que afetou o mercado brasileiro do café, enfraquecendo as elites 
aqui estabelecidas, existiu também um conflito político entre Minas Gerais e São 
Paulo. No ano de 1930, o então presidente Washington Luís, lançado por São 
Paulo, estava em seu último ano de mandato, apoiando o candidato Getúlio 
Vargas que perdera as eleições para Júlio Prestes, de Minas Gerais. Sob suspeitas 
de fraudes eleitorais agravadas pelo o assassinato de João Pessoa, vice de Getúlio 
Vargas, JúlioPrestes é deposto por militares que, por meio de um golpe, nomeiam 
Vargas presidente da República no ano de 1930. Tal fato marca o fim do período 
da República Velha.
A breve síntese que acabamos de fazer acerca da formação social do Brasil 
nos apresenta alguns dos elementos que formam a base de nossa sociedade. Nosso 
povo, nossa cultura, costumes, crenças e tradições, são fruto de um complexo e 
amplo processo histórico que envolveu diversos povos, de diversos cantos do 
Planeta. No próximo tópico continuaremos com a síntese histórica nacional sob a 
perspectiva de diversos autores fundamentais à teoria social brasileira. 
19
Neste tópico, você aprendeu que:
• O território que hoje corresponde ao Brasil era habitado por nativos de 
diversas etnias antes da chegada dos invasores portugueses.
• Os povos indígenas, como são conhecidos até hoje os povos nativos brasileiros, 
possuíam uma cultura altamente desenvolvida, além do domínio sobre os 
recursos naturais aqui existentes.
• A invasão portuguesa trouxe consigo a escravidão, tanto dos povos nativos 
quanto dos negros trazidos da África para cá.
• Muitos movimentos de resistência e luta pela emancipação de nossos povos 
foram travadas em território brasileiro.
• O chamado período republicano foi marcado por diversas revoltas populares 
e regimes políticos variados.
• A sociedade brasileira foi formada por elementos advindos das culturas 
nativa, negra e europeia.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
1 Antes mesmo de ser conhecido como Brasil, o território no qual vivemos 
era habitado por diversas etnias nativas. Esses povos eram, em sua maioria, 
pessoas que viviam em harmonia com a natureza, além de possuírem política 
bem organizada e altos conhecimentos sobre os recursos naturais – que 
eram muito mais abundantes antes da invasão portuguesa. A chegada dos 
europeus em terras brasileiras foi motivo de muitos conflitos e resistência 
por parte dos povos que aqui habitavam. Covardemente explorados pelos 
colonizadores, os chamados e até hoje conhecidos como indígenas, foram 
submetidos a trabalhos braçais por objetos que recebiam em troca por meio 
do escambo, quando não eram explicitamente escravizados. De acordo com 
as lutas por emancipação protagonizadas pelos povos indígenas no Brasil, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Houve grandes cercos a cidades e vilas ocupadas por colonizadores 
europeus em busca da libertação de pessoas escravizadas, muitos deles 
terminando em sangrentos confrontos entre nativos e invasores.
( ) Alguns grupos indígenas faziam acordos com colonizadores, conforme 
às demandas por melhores condições de vida às suas tribos, o que não 
impedia que membros da mesma tribo não concordassem com os termos 
estabelecidos pelos portugueses e outros europeus.
( ) Aconteceram conflitos nos quais diversos grupos indígenas diferentes se 
associaram para lutar em resistências às más condições de vida impostas 
pela colonização europeia, alguns terminando na expulsão ou morte de 
colonos invasores.
( ) Os índios submetidos ao escambo não estavam sendo explorados, pois as 
trocas estabelecidas pelos portugueses eram sempre justas e supriam as 
necessidades dos povos nativos, sem demanda por conflitos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – V – F. 
b) ( ) V – V – V – V.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – V.
e) ( ) F – F – F – V.
2 O povo negro que foi trazido por meio de tráfico negreiro e hoje compõe 
mais da metade da população brasileira, sempre foi combativo em relação 
aos abusos cometidos pelos senhores de engenho do período colonial 
brasileiro e às sequelas sociais iniciadas nesse tempo. Embora sejam 
diversos os relatos históricos que atribuem à Princesa Isabel e ao 13 de maio 
à liberdade do povo negro no Brasil, estudamos que o trabalho realizado a 
favor da plena emancipação dessas pessoas continua contemporaneamente, 
porém, protagonizado pelo próprio movimento. Foram diversos os levantes 
AUTOATIVIDADE
21
dos escravos negros, que se rebelavam e se concentravam em quilombos, 
reivindicando por direitos que vão desde melhores condições de vida nas 
senzalas à liberdade de manifestações culturais e religiosas. Com base nos 
principais conflitos que ocorreram em nome da liberdade do povo negro no 
Brasil, analise as sentenças a seguir:
I - Zumbi dos Palmares foi um grande líder negro que orientou a resistência 
do quilombo dos Palmares, o maior e mais populoso do Brasil, onde ele e 
sua esposa Dandara trabalharam a favor da emancipação de seu povo.
II - Era muito comum a prática do suicídio entre o povo negro na época das 
senzalas, tão como os abortos realizados por escravas que eram vítimas 
frequentes de estupros cometidos pelos senhores de escravos.
III - Dentre as práticas de resistência, que fizeram parte da luta a favor da 
emancipação do povo negro no período colonial, estão as greves e os 
levantes contra os abusos sofridos durante o regime escravagista.
IV - Apesar da Lei Áurea propor, no dia 13 de maio de 1888, a libertação 
dos escravos no Brasil, as dificuldades sociais junto à discriminação e 
preconceito contra os negros são sequelas do período escravista até os 
dias de hoje.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.
3 O período do Brasil República, dividido em vários momentos conforme 
historiadores, foi marcado por diversas revoltas populares e militares. 
Os novos movimentos sociais emergentes no final do século XIX e início 
do século XX coexistiam com diversos movimentos e dinâmicas sociais 
baseadas na autoridade e no militarismo. De acordo com os conhecimentos 
absorvidos no primeiro tópico de nosso livro de Sociologia Brasileira, 
disserte acerca dos conceitos de coronelismo, tenentismo e sobre a Guerra 
de Canudos e a Revolta da Vacina.
22
23
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
A Sociologia no Brasil emergiu de um processo histórico no qual as 
demandas pela construção de uma teoria social que atendesse a alguns tipos 
de interesse. No presente tópico, abordaremos o processo de organização da 
Sociologia Brasileira anterior a sua formalização e institucionalização. Ou 
seja, analisaremos o período de nascimento das primeiras análises sociais 
documentadas por autores genuinamente brasileiros, que vivenciaram boa 
parte da história de nosso povo e nossa sociedade. Desse modo, conseguiremos 
acompanhar, mesmo que de maneira resumida, a trajetória que percorreram 
as análises sociais brasileiras. Serão estudadas desde as experiências de estudo 
social pioneiras, realizadas em ambiente e por profissionais não pertencentes ao 
meio propriamente sociológico, até o pensamento social científico/acadêmico 
contemporâneo, metodologicamente mais avançados.
Começaremos pela contextualização do período no qual escreveram 
os principais autores de nosso pensamento social, partindo para a análise das 
ideias de diversos outros influentes pensadores nacionais, tão como aqueles 
que são considerados marginais, tanto acadêmica quanto popularmente. Então 
começaremos pelas principais abordagens dos estudos sociais do Brasil.
2 A CONSTITUIÇÃO DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO
O conflito entre classes foi o objeto de estudo mais enfatizado das Ciências 
Sociais em seu período de nascimento. Isso ocorria em todo o mundo e na América 
Latina não foi diferente. O pensamento social foi muito influenciado pelas teorias 
marxistas (MARX, 2013), pois a principal preocupação dos primeiros pensadores a 
investigar a dinâmica social do continente era a condição de exploração das então 
colônias europeias. A pobreza, conflitos étnico-raciais, a violência de maneira 
geral e o processo histórico que resultaram em tais fatores foram as principais 
abordagens da época.
O pensamento social noBrasil, naturalmente, foi constituído por 
pensadores que não eram considerados sociólogos, teóricos políticos ou 
outras classificações intelectuais e/ou acadêmicas. Basta lembrarmos que o 
reconhecimento dos campos do saber de maneira isolada, como hoje é feito na 
Academia, é um fenômeno bastante recente. 
24
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
As primeiras formações acadêmicas de pesquisadores sociais, ocorre na 
década de 1930 em nosso país. As Ciências Sociais brasileiras foram impulsionadas, 
em grande parte, por autores independentes que relatavam suas impressões sobre 
o período histórico no qual viveram e seu passado.
Conforme os estudos de Cândido (2006), podemos dividir a Sociologia 
Brasileira em dois períodos, de acordo com os pensadores e o contexto no qual 
escreveram. O referido autor sustenta que o primeiro período de produção do 
pensamento social brasileiro está compreendido entre os anos de 1880 e 1930, 
sendo o período de 1930-1940 considerado um momento de transição para a 
produção intelectual voltada à sociedade brasileira a partir da década de 1940. 
A partir daí a Sociologia estaria mais estruturada e seus autores cada vez mais 
especializados na investigação dos fenômenos sociais nacionais.
No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da Sociologia, 
dois períodos bem configurados (1880-1930 e depois de 1940), 
com uma importante fase intermédia de transição (1930-1940). No 
primeiro, é praticada por intelectuais não especializados, interessados 
principalmente em formular princípios teóricos ou interpretar de 
modo global a sociedade brasileira. Além disso, não se registra o 
seu ensino, nem a existência da pesquisa empírica sobre aspectos 
delimitados da realidade presente (CÂNDIDO, 2006, p. 271).
Considerado o trecho anterior, partiremos das análises de autores 
do século XIX para então compreendermos o processo histórico pelo qual se 
desenvolveu o pensamento social brasileiro. Iniciaremos nossos estudos sobre 
a constituição do pensamento social brasileiro a partir da obra de Constância 
Duarte (2010) sobre Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia 
Gonçalves Pinto, nascida em Papari, no Rio Grande do Norte, no ano de 1810. Ela 
foi um grande nome do pensamento social do século XIX e uma das pioneiras do 
debate de gênero nacional. 
Quando observamos o percurso realizado pelas mulheres na conquista 
de seus direitos mais elementares, como o de ser alfabetizada, poder 
frequentar escolas ou simplesmente ser considerada dotada de 
inteligência, verificamos o quanto esse trajeto foi penoso. Em parte, 
é possível vislumbrá-lo através das trilhas deixadas por algumas 
escritoras em seus textos, conscientes de que faziam parte de uma 
reduzida elite de mulheres letradas, e que a educação era importante 
para a valorização social do gênero feminino. Dentre as que 
participaram desse debate, ao longo do século XIX, está a norte-rio-
grandense Nísia Floresta Brasileira Augusta, autora de importantes 
títulos sobre a mulher, professora e fundadora de colégios para 
meninas, que muito contribuiu para o avanço da educação feminina 
em nosso país (DUARTE, 2010, p. 11).
Além dos direitos da mulher, Nísia Floresta reivindicava, por meio de seus 
escritos, pelos direitos fundamentais dos índios e dos escravos negros brasileiros. 
Ela escreveu sobre os direitos das mulheres e os abusos cometidos pelos homens 
na sociedade patriarcal na qual estamos inseridos. 
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
25
Foi um grande exemplo de resistência feminina que, em tempos quando 
a mulher era dificilmente alfabetizada, forçada a ficar em casa cuidando 
exclusivamente da família e dos afazeres domésticos, Nísia Floresta viajou por 
países como Portugal, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Itália e França, estudando 
e lecionando para meninas. Umas de suas obras mais notáveis é Direitos das 
mulheres e injustiça dos homens (FLORESTA, 1839), publicada pela primeira vez no 
ano de 1833. Pode ser considerada uma das precursoras do movimento feminista 
brasileiro, inspirando não só mulheres, mas diversos estratos sociais menos 
privilegiados, explorados e escravizados. 
FIGURA 8 – RETRATO DE NÍSIA FLORESTA
FONTE: Duarte (2010, p. 10)
Um dos grandes nomes do abolicionismo brasileiro é o de Joaquim Na-
buco (1849-1910). Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo foi um político, di-
plomata, advogado e historiador pernambucano que publicava poesias e chegou a 
ser Deputado Geral da Província no ano de 1878. Fundou em sua casa, na praia do 
Flamengo, uma Sociedade Contra a Escravidão. No ano de 1884, Nabuco apoiava 
o Gabinete liberal Sousa Dantas, que propôs diversas medidas que objetivavam 
extinguir gradualmente a escravidão no Brasil. Em 1985 é promulgada a Lei dos Se-
xagenários e, em 1887, Nabuco se torna deputado de Pernambuco. Em discurso na 
Câmara condena a utilização do Exército na perseguição dos escravos fujões. Teve 
forte atuação nos trâmites para a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
FIGURA 9 – JOAQUIM NABUCO
FONTE: <https://cutt.ly/egmJcqE>. Acesso em: 19 maio 2020. 
26
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
No dia 29 de maio de 1867, nascia em Aracati, no Ceará, Adolfo Ferreira 
Caminha, um escritor naturalista que publicou poemas e fundou a Padaria 
Espiritual, movimento literário-político que sustentava a importância da educação 
no que diz respeito aos avanços sociais. Nasceu em tempos difíceis nos quais a 
seca assolava o nordeste brasileiro. Simpatizava com o abolicionismo e publicou 
o jornal O Pão. Sua difícil vida que se findou aos seus 30 anos de idade, inspirou 
obras grandes e quase sempre trágicas.
FIGURA 10 – ADOLFO CAMINHA
FONTE: <https://cutt.ly/3gmJSud>. Acesso em: 19 maio 2020.
Outro grande nome do pensamento social brasileiro é João da Cruz e 
Sousa, poeta, filho de escravos, que nasceu em 1861, na cidade de Nossa senhora 
do Desterro. Teve a oportunidade de estudar no Liceu Provincial de Santa 
Catarina apesar da dura discriminação racial que sofria. Quem financiou seus 
estudos foram os antigos “proprietários” de seus pais, que eram aristocratas. 
Escreveu para o jornal abolicionista Tribuna Popular e é patrono da Academia 
Catarinense de Letras. Colaborou com o jornal Folha Popular e escreveu também 
para revistas. Era ativista a favor do fim do racismo e seus textos quase sempre 
tratavam dos temas escravidão, solidão e dor. Pode ser considerado um símbolo 
da difícil ascensão do povo negro aos cargos tradicionalmente brancos, tão 
como um dos negros pioneiros da Academia no Brasil. Apesar das dificuldades 
provocadas pelo racismo que sofria, era bastante reconhecido entre seus colegas 
e chegou a ser apelidado de “Dante Negro”, em referência ao escritor humanista 
da Itália, Dante Alighieri.
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
27
FIGURA 11 – CRUZ E SOUSA
FONTE: <https://cutt.ly/WgmJ0ss>. Acesso em: 19 maio 2020.
Domingos José Gonçalves de Magalhães, que viria a se tornar o Visconde 
do Araguaia, é outro dos grandes nomes da política e pensamento social do 
século XIX. Foi um carioca que construiu uma densa carreira, trabalhando como 
médico, professor, diplomata, político, poeta e ensaísta. Divulgou a cultura 
brasileira por meio da Revista Niterói, fundada por ele junto aos escritores 
brasileiros Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) e Francisco de Sales 
Torres Homem (1812-1876). Foi Deputado do Rio Grande do Sul e diplomata no 
cargo de Ministro de Negócios de países como Paraguai, Argentina, Uruguai, 
Estados Unidos, Itália, Vaticano, Áustria, Rússia e Espanha. Também atuou 
como professor de Filosofia e possui uma extensa obra.
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/goncalves-de-magalhaes/>. Acesso em: 19 maio 2020.
FIGURA 12 – GONÇALVES DE MAGALHÃES
FONTE: <https://cutt.ly/ngmKvvm>. Acesso em: 19 maio 2020.
28
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
O poeta, professor, críticode história, jornalista, teatrólogo e etnólogo, 
Antônio Gonçalves Dias, nasceu em Caxias, no Maranhão, no ano de 1823, sendo 
um dos pensadores que ajudaram a construir o pensamento social brasileiro. 
Fundou a Revista Literária Guanabara e escreveu para diversos jornais da época. 
O autor mestiço foi autor do livro Os Últimos Cantos e grande divulgador da 
grandeza indígena do Brasil. Exaltava o povo nativo brasileiro, atribuindo o papel 
de protagonista aos índios de seus contos. É autor da famosa Canção do Exílio. 
FIGURA 13 – GONÇALVES DIAS
FONTE: <https://s.ebiografia.com/assets/img/authors/go/nc/goncalves-dias-l.jpg>. 
Acesso em: 19 maio 2020.
Por fim, consideremos a obra de Machado de Assis, que foi um jornalista, 
contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nascido no ano de 1839, no Rio 
de Janeiro. Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos maiores, 
senão o maior nome da literatura brasileira. Foi criado no Morro do Livramento, 
estudou de acordo com suas condições e se tornou um grande revisor e escritor 
brasileiro. Também colaborou com o indianismo, dedicando várias de suas obras 
ao povo nativo brasileiro. No quadro a seguir, encontram-se algumas de suas 
principais obras e suas sínteses:
QUADRO 3 – AS OBRAS MAIS IMPORTANTES DE MACHADO DE ASSIS
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Nesta criação de 1881, o autor nos mostra a 
perspectiva de um narrador, Brás Cubas, que decide contar sua história de vida 
após sua morte. O livro é cercado de ironia e críticas aos privilégios e a elite da 
época, uma das principais obras de Machado de Assis e sempre exigido nos 
vestibulares.
Dom Casmurro – Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1899 e traz o olhar 
minucioso do autor sobre a sociedade e um tema polêmico: o ciúme. Isso, além 
de uma das mais famosas personagens da literatura brasileira: Capitu.
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
29
A Mão e a Luva – Segundo romance de Assis, a obra foi publicada em 1874, 
em folhetins. Dessa forma, se comparada aos livros anteriores, sua escrita 
é algo mais superficial e simples, com um tom novelesco. A trama gira em 
torno dos relacionamentos burgueses e da personagem Guiomar, protagonista 
considerada heroína da história.
Helena – Com a trama ambientada em Andaraí, no Rio de Janeiro, acompanhamos 
um romance cercado de surpresas, amor proibido e personagens dramáticos. 
Dividido no total de 28 capítulos, esta obra de Machado de Assis faz críticas à 
sociedade e foi publicada em formato de folhetim, em 1876.
Quincas Borba – Lançado em 1891, neste livro acompanhamos a história de 
Rubião, um ingênuo rapaz que decide seguir os ensinamentos do filósofo 
Quincas Borba. Narrado em terceira pessoa, o livro possui traços realistas para 
a época, com muita ironia e certas doses de pessimismo.
Iaiá Garcia – Marcando o fim da fase romântica de Machado de Assis, o livro 
de 1878, também reúne detalhes da sociedade daquela época: os interesses, 
questões de poder, amores proibidos e casamentos arranjados.
Ressurreição – Esta obra de Machado de Assis, de 1872, marca o estilo 
“machadiano”, com os traços de romance, a intimidade com o leitor e o 
pessimismo presente em quase todos os seus livros. No enredo temos Félix, um 
rapaz descrente da própria vida amorosa até se apaixonar por Lívia. Depois, 
somos cercados pela desconfiança do personagem e, mais uma vez, pelo ciúme 
cego do protagonista.
FONTE: <https://beduka.com/blog/materias/literatura/principais-obras-machado-assis/>.
 Acesso em: 19 maio 2020.
FIGURA 14 – MACHADO DE ASSIS
FONTE: <http://machado.mec.gov.br/templates/machado/img/machado.png>. 
Acesso em: 19 maio 2020.
30
UNIDADE 1 — O PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO DOS SÉCULOS XIX E XX
É claro que o pensamento social brasileiro foi construído por diversos 
outros autores que, infelizmente, não poderemos apresentar no presente material. 
Todavia, a partir da obra de tais intelectuais, conseguimos identificar os principais 
problemas sociais brasileiros vivenciados até o século XIX. A partir daí, podemos 
explorar as principais abordagens das Ciências Sociais brasileiras, por mais que 
ainda não existisse um campo do saber específico dedicado a esses estudos até então. 
As principais inquietações dos autores tributários ao pensamento social do Brasil 
serão abordadas no próximo subtópico, que ampliará nosso repertório de autores 
fundamentais à formação da Sociologia Brasileira tal como a concebemos hoje. É 
importante salientar que as sínteses apresentadas no presente tópico são de caráter 
introdutório. A complexidade e vastidão da produção da Teoria Social brasileira 
demanda pesquisas mais aprofundadas, tendo em vista o caráter fundamental da 
História do Brasil para o entendimento da problemática social nacional.
3 PRINCIPAIS ABORDAGENS DA TEORIA SOCIAL BRASILEIRA
O subtópico anterior nos apresentou alguns dos tributários da Teoria 
Social Brasileira que evidenciam os principais objetos de estudo do período 
que se inicia com a chegada dos portugueses ao Brasil até o Período Colonial. 
Agora, destacaremos as abordagens predominantes intrínsecas ao pensamento 
social brasileiro, inserindo o ponto de vista de outros autores fundamentais à 
composição das Ciências Sociais no Brasil.
No século XIX, o autor Tobias Barreto de Menezes já tecia reflexões sobre 
temas que abarcavam a Filosofia e Psicologia a fim de compreender o pensamento 
humano. Desde o referido período, Menezes (1889) já expressava suas inquietudes 
em relação à condição humana e nossos direitos fundamentais. A dominação 
de determinadas classes e os efeitos sociais do sistema capitalista faziam parte 
do pensamento desse autor que reconhecia a importância da literatura para a 
construção do pensamento social.
Espíritos medíocres que tiveram a ventura de apparecer á hora própria, 
poderam facilmente conseguir uma reputação intelectual, acima do seu 
mérito e dos seus esforços. De dia em argumentando e capitalisando 
esse renome indebto, fructo do commercio com a ignorância geral, 
chegaram enfim ao ponto de immobilisar, por assim dizer, na pessoa 
deles, todas as honras literárias, e tornal-as para outros de uma quasi 
impossível acquisição (sic) (MENEZES, 1889, p. 113-114).
Outras abordagens da sociedade brasileira foram realizadas por Sílvio 
Romero, que considerava imprescindível levarmos em conta as condições 
climáticas e geográficas do Brasil, os três povos fundamentais que o formaram tão 
como os aspectos morais de nosso povo para compreendermos nossa realidade 
(MORAES FILHO, 1999). O autor sustenta a ideia de que os estudos sociais 
devem contemplar análises antropológicas, biológicas, filosóficas e políticas para 
que sejam consistentes.
TÓPICO 2 — A SISTEMATIZAÇÃO DA SOCIOLOGIA NO BRASIL
31
[...] Sílvio Romero avança a hipótese de que o estudo deve considerar 
o conjunto de elementos assim classificados: primários (ou naturais); 
secundários (ou étnicos) e terciários (ou morais). No primeiro plano 
as questões mais importantes dizem respeito ao clima e ao meio 
geográfico. Aponta-os: “o excessivo calor, ajudado pelas secas na 
maior parte do país; as chuvas torrenciais no vale do Amazonas, 
além do intensíssimo calor; a falta de grandes vias fluviais entre o S. 
Francisco e o Paraíba: as febres de mau caráter reinantes na costa”. 
A isto acrescenta: “o mais notável dos secundários é a incapacidade 
relativa das três raças que constituíram a população do país. Os 
últimos – os fatores históricos chamados política, legislação, usos, 
costumes, que são efeitos que depois atuam também como causas”. 
Em síntese, as diversas doutrinas acerca do Brasil chamaram a atenção 
para aspectos isolados, que cabia integrar num todo único. O destino 
do povo brasileiro, a exemplo do que se dava em relação à espécie 
humana, estaria traçado numa explicação de caráter biosociológica, 
como queria Spencer (MORAES FILHO, 1999, p. 51).
A construção da nacionalidade brasileira foi abordada por Adolfo 
Varnhagen (1957 apud GUIMARÃES,

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