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1 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Mário Lopez, 5ª edição, capítulo (47) Delimitações Anatômicas A delimitação externa do abdome é formada superiormente pelo processo xifoide, arcos costais (arcada costal) inferior direita e esquerda, e posteriormente pela coluna vertebral. Inferiormente, é delimitado pelo púbis, ligamentos inguinais, cristas ilíacas e sacro. A delimitação interna é mais ampla, sendo delimitado superiormente pelas cúpulas diafragmáticas e inferiormente pelo assoalho pélvico. Outra delimitação é feita pelas paredes abdominais: uma anterior, duas laterais, e uma posterior. A parede anterior é delimitada das paredes laterais através de uma linha imaginária vertical que liga a espinha ilíaca anterossuperior à arcada costal – de ambos os lados. A parede posterior é delimitada das paredes laterais através da linha axilar posterior. Divisão topográfica Quatro quadrantes separados ao se traçar uma linha vertical e horizontal passando pela cicatriz umbilical: superior direito, superior esquerdo, inferior direito e inferior esquerdo. Nove regiões: primeira linha: horizontal superior que une os rebordos costais direito e esquerdo // segunda: linha imaginária inferior que une os pontos mais altos das cristas ilíacas direita esquerda// duas linhas verticais que une o rebordo da linha hemiclavicular de cada lado até o tubérculo do púbis, formando nove regiões acima descritas na imagem. HD: fígado, vesícula biliar, flexura hepática do cólon, polo superior do rim direito Epi: fígado, VCI, aorta FLE: cólon descendente + vasos HE: flexura esplênica do cólon, baço Hipo: bexiga, útero gravídico no caso de gravidez FLD: rim esqurdo Meso: estômago e duodeno, cólon transverso, intestino delgado FIE: flexura sigmoide 2 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG FID: ceco, apêndice vermiforme O sintoma mais comum é a dor abdominal, e uma queixa frequente é o aumento do diâmetro abdominal. A característica da dor leva em consideração o tipo de órgão acometido e a patologia de origem. Antes de tudo, é importante avaliar a fácies do paciente, aparência e sua atitude. Paciente com fácies de dor, deambulando com dificuldade e comprimindo a FID apendicite. Mulher fértil, com menstruação atrasada, com dor abdominal aguda, em andar inferior e com sinais de choque (taquicardia sinusal, PA limítrofe, palidez cutânea) gravidez ectópica Doente agitado, com dor intensa, tipo cólica, em região lombar irradiando para o períneo cólica nefrética. Inspeção Abdominal Logo após a inspeção estática e dinâmica, deve-se realizar ausculta abdominal em seguida, uma vez que a palpação e a percussão estimulam o peristaltismo abdominal e podem atrapalhar a avaliação da ausculta. Inspeção Estática Paciente em decúbito dorsal ou ortostatismo. Superfície cutânea cicatrizes, estrias, distribuição de pelos, circulação colateral (sugere de hipertensão portal), sinais de Grey Turner e de Cullen. Forma e volume abdominais normal (simétrico e discretamente abaulado), globoso e proeminente (obesidade, ascite, gravidez), assimétrico (tumorações localizadas), retraídos (pacientes desnutridos com caquexia importante). Causas de distensão abdominal: 5F + 1T flatos, fezes, feto, fat e fluid + tumoração Cicatrizes Cicatriz de Kocher colecistectomia (subcostal direita) Cicatriz de McBurney apendicectomia Cicatriz de Pfannenstiel cesária Cicatriz inguinal esquerda reparo de hérnia Cicatriz hipogástrica mediana/linha medica histerectomia Cicatriz de flanco esquerdo cirurgia renal e esplênicas 3 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Sinal de Grey Turner Equimoses em flancos Sinal de Cullen Equimoses em região umbilical Sinais encontrados em pacientes com pancreatite aguda grave forma necrohemorrágica que pode acometer 10% dos pacientes. Formação das equimoses pancreatite aguda grave pode levar à ativação da cascata de inflamatória dos sistemas de coagulação, então há aumento da permeabilidade capilar, e extravasamento de liquido rico em proteínas e sangue para o interstício e pro espaço extravascular, podendo levar à formação desses sinais. Abdome Globoso gordura (1) e ascite (2) e ascite + hérnia umbilical (3) Abdome Escavado (4) e presença de circulação colateral (5) Nessa imagem 5, o paciente é sabidamente portador de hipertensão portal secundária à cirrose hepática. Inspeção Dinâmica Observar principalmente as hérnias parietais, que são locais de fraqueza da parede abdominal. Existem vários tipos de hernia, entre elas: epigástrica, umbilical, inguinal e femoral, sendo a inguinal a mais frequente na prática clinica. Na imagem, retrata-se uma hérnia umbilical. 4 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Geralmente, os padrões respiratórios se alteram de acordo com a intensidade da dor, e quando observa-se um padrão respiratório diminuído em certas regiões abdominais, isso pode indicar um quadro de dor intensa e de abdome agudo cirúrgico (apendicite aguda e colecistite aguda). Os movimentos peristálticos do intestino delgado não são visiveis à olho nu em uma pessoa saudavel à inspeção dinâmica. Caso seja visível, pode ser um sinal de obstrução intestinal. Em pacientes muito magros, com parece abdominal adelgaçadas (caquexia) podem apresentar os movimentos peristálticos visíveis à inspeção. Hérnias incisionais exuberantes (1), hérnia parietal (2), hérnia de Spiegel (3) – rara, encontrada na aponeurose do reto abdominal. Diastáse de músculo reto abdominal fraqueza na regiao por situacoes clinicas que promovem fraqueza na regiao – mais encontrada em mulheres grávidas ou no puerpério. Palpação Abdominal Cuidados Iniciais Lavar as mãos antes e após examinar o paciente, usar vestimenta própria: calça comprida, sapato e jalecos fechados. O profissional da saúde deve estar com as unhas curtas, cabelos presos e sem adornos. O examinador deve estar à direita do pacinte, munido com seu estetoscópio. Importante Tranquilizar o paciente acerca da palpação queixa principal na maioria das vezes é dor abdominal,e o paciente pode estar ansioso. Paciente em decúbito dorsal, com membros superiores e inferiores estendidos e cabeça apoiada em um travesseiro baixo. 5 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG A tensão abdominal é maior na região central, do hipogástrio (reto abdominal) e na inspiração. A palpação consiste na fase mais importante do exame abdominal, sendo que a partir dela refuta-se ou confirma-se a HD feita na anamnese e inspeção do abdome. Palpação Digital Utiliza-se o dedo ou algum material pontiagudo para testar o local de maior sensibilidade do abdome, pesquisar os orifícios herniários a partir da manobra de Valsalva (aumenta a pressão intrabdominal através do estímulo da tosse ou esforço evacuatório), e também avaliar o sentido da circulação colateral. Palpação Superficial Monomanual, avalia-se a partir dela a parede abdominal. Palpação Profunda Bimanual, avalia-se o conteúdo abdominal. Palpação Superficial Objetivos: identificar àreas de hipersensibilidade, órgãos (hepatomegalia e esplenomegalia) e massas superficiais, e verificar áreas de resistência muscular e defesa involuntária, que podem indicar abdome agudo. Técnica: examinador à direita do paciente, com mão no plano horizontal, dedos retos e juntos, realizando movimentos suaves em todos os quadrantes, sempre em sentido horário, deixando por último o local de maior sensibilidade. Sinal da Irmã Maria José Presença de nodulação na região umbilical indicador de neoplasia intrabdominal, maligna, metastática e avançada (mau prognóstico).Sinal de Troisier – Nódulo de Virchow Palpação do linfonodo supraclavicular esquerdo patológico, neoplásico, indicador de neoplasia intrabdominal avançada metastática. 6 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Esse nódulo é observado devido à região de drenagem do ducto torácico, que drena para a região supraclavicular esquerda (melanoma em membro inferior, neoplasias avançadas no abdome, ou neoplasias no pulmao esquerdo). Outras manifestações: adenocarcinoma gástrico Defesa Abdominal Involuntária Localizada: consiste na contratura tônica dos músculos parietais na região correspondente à víscera inflamada apendicite aguda (contratura localizada na FID) // colescistite aguda (contratura localizada no HD) Difusa: contratura abdominal devido à perfuração de víscera oca em peritônio livre abdome em tábua na úlcera péptica perfurada. Pontos Dolorosos Ponto xifoidiano e epigástrico doenças que acometem esôfago, estomago e duodeno. Ponto cístico doenças da vesícula biliar Ponto esplênico casos de ruptura ou infarto esplênica Pontos apendiculares apendicite aguda Pontos ureterais (direito e esquerdo invertidos na imagem) cólica nefrética Ponto de McBurney Formado por linha imaginária que vai unir a espinha ilíaca anterossuperior direita e a cicatriz umbilical divide-se essa linha em três partes, e o ponto de McBurney é o ponto de transição/interseção entre o terço externo e médio da linha imaginária. 7 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Defesa Abdominal Voluntária Geralmente ocorre devido ao receio da palpação abdominal realizada pelo profissional de saúde induzir maior dor. Conduta: solicitar ao paciente que fique tranquilo, e que mantenha as coxas fletidas, respire com a boca semiaberta, enquanto o examinador avalia a região com defesa. Manobra de Galambos Consiste na compressão de outro local enquanto se palpa a região dolorosa com a outra mão avalia-se se a dor abdominal é voluntária ou não. Palpação Profunda Objetivos: palpar o conteúdo abdominal e as massas. Fatores limitantes: defesas musculares vonluntária e involuntária, obesidade, ascite e distensão abdominal por flatos, fezes, fecaloma, etc. Todos os quadrantes devem ser examinados, inclusive as regiões inguinais. Deve-se caracterizar as massas e os abaulcamentos (localização; tamanho; forma; consistência: fibroelástica, amolecida, pétria; sensibilidade; tempo de evolução) e sintomas associados (melena, hematoquezia, perda de peso involuntária). Tentar definir a origem da massa a partir do exame físico parede, órgãos ou retroperitônio. Técnica: deixar as mãos espalmadas e paralelas ao plano horizontal, com os dedos juntos e retos, mão sobre mão, pressionando o abdome profundamente, na tentativa de palpar o conteúdo abdominal. Seguindo a mesma regra da palpação superficial: sentido horário, em todos os quadrantes, e deixando por último o quadrante com maior sensibilidade. Sinal de Blumberg: sinal da descompressão súbita paciente com suspeita clínica de apendicite aguda possui este sinal positivo. Comprime-se ao máximo o ponto de McBurney de acordo com a tolerância máxima do paciente, e ao descomprimir subitamente, o paciente sente dor. Pacientes com diverticulite aguda ou colecistite aguda também pode apresentar sinal de blumberg positivo. 8 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Palpação Hepática O fígado pode ser palpado no indivíduo saudável superfície lisa, macio, borda fina, indolor, não ultrapassando 4-5 cm do rebordo costal direito. Lobo de Riedel lobo hepático acessório e anômalo, raro, em forma de lingueta e situado no lobo hepático direito. A palpação deve ser feita durante a inspiração expansibilidade da caixa torácica, com rebaixamento das cúpulas diafragmáticas: fígado e baço também abaixam, aumentando a probabilidade de uma palpação bem sucedida. A DPOC e o derrame pleural direito são situações em que o fígado é palpável ultrapassando 4- 5cm, havendo rebaixamento da cúpula diafragmática e não sendo doenças hepáticas. A palpação dolorosa do fígado pode ser resultado de insuficiência cardíaca direita descompensada e hepatite viral. O tamanho reduzido do fígado pode ser marcador de cirrose. Técnica de Lemos Torres Examinador à direita do paciente, com a mão esquerda na região lombar direita do paciente, pegando as costelas inferiores, na tentativa de empurrar o fígado para frente. Com a mao direta, espalmanda, paralela ao plano horizontal, e no hipocondrio direito, pede-se o paciente para expirar e inspirar na tentativa de palpar a borda hepática. Na inspiração profunda, abaixa-se a mão na tentativa de pegar a borda hepática. Quando o paciente expira, anda-se com a mão. No paciente com hepatomegalia, se começa a palpar no hipocondrio direito ocorre o exposto na ultima imagem: médico com mão direita sobre o fígado, não conseguindo definir a borda hepática. Por isso é indicado iniciar a palpação de baixo para cima, na tentativa de pegar a borda hepática e palpá-la e aprofundá-la na inspiração, e andar com a mão na expiração. Técnica de Mathieu (mão em garra) Examinador e vai ficar discretamente de costas para o paciente, colocar a mão no hipocôndrio direito com as falanges distais fletidas, formando a garra. Pede-se o paciente para inspirar e expirar. Na expiração profunda, aprofofunda os dedos em garra na tentativa de palpar a borda inferior do fígado. 9 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Manobra do Rechaço Frequentemente utilizada para definir o tamanho do fígado em paciente com ascite. Técnica: com a palma da mão, comprime-se com firmeza a parede abdominal no HD, e com a face central dos dedos, provoca-se um impulso rápido na parede. No paciente com ascite, percebe-se o fígado “batendo” na mão do examinador. Palpação do Baço O baço tem comprimento de 12 a 13cm no sentido céfalo caudal, com peso estimado de 180 a 200g. sua extremidade inferior está localizada 5cm acima do rebordo costal inferior esquerdo, tomando- se como referencia a linha hemiclavicular esquerda. Deve-se avaliar o tamanho (em relação ao rebordo costal), consistencia, sensibilidade, superfície e borda do baço (cortante ou rumba). Em situações de normalidade, ele não é palpável e está localizado entre a linha axilar anterior e linha axilar média. À medida que cresce, pode se tornar palpavel, se crescer de 2 a 3x seu tamanho normal. Não se aplica mais a classificação de BOYD para definir o grau da esplenomegalia (1,2,3 e 4). Classifica-se entre esplenomegalia leve, moderada e maciça. Esplenomegalia leve ponta do baço localizada à 4cm do rebordo costal esquerdo Esplenomegalia moderada ponta do baço localizada à 4-8cm do rebordo costal esquerdo Esplenomegalia maciça ponta do baço localizada à >8cm do rebordo costal esquerdo. Técnicas Palpação em decúbito dorsal mesma técnica usada para palpação hepática (Lemos Torres). Médico à direita do paciente, com mão esquerda na região subcostal esquerda posterior, tentando tracionar o baço para frente e à diante. Com a mão direita espalmada, paralela ao plano horizontal, ele está no hipocondrio direito, tentando palpar a borda esplênica. Palpação em decúbito lateral direito mão esquerda no gradil costal posterior e inferior, tracionando e tentando empurrar o baço para frente e à diante, e com a mão direita tentando palpar a borda esplenica. Em suspeita de esplenomegalia moderada ou intensa, não adianta começar a palpar no hipocondrio esquerdo, por isso, devemos começar a palpar de baixo para cima. 10 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Posição deSchuster paciente fica em posicao intermediária entre decúbito dorsal e decúbito lateral direito, com membro inferior direito estendido, e perna esquerda fletida, braço esquerdo através da cabeça. Utiliza-se essa posição quando há dificuldade na palpação do baço, principalmente em situações de esplenomegalias discretas. Usa-se as duas técnicas: em decúbito dorsal ou mão em garra. Vesícula Biliar A vesícula biliar não é palpável, mas existe um sinal muito importante, que é o chamado Sinal de Courvoisier – Terrier, que se manifesta em paciente ictérico com a vesícula biliar ovalada, indolor e palpável no hipocôndrio direito (formado de pêra, e associado à perda de peso involuntária) sugere obstrução das vias biliares extra hepáticas por tumores periampulares. À inspeção, já se observa abaulamento em hipocôndrio direito. Ponto Cístico Formado pela confluência entre rebordo costal inferior direito com a margem externa do M. Reto Abdominal. Sinal de Murphy Consiste na interrupção da inspiração profunda quando o examinador palpa o ponto cístico do paciente positivo: indicador de colecistite aguda. Essa interrupção decorre do contato da parede vesícula inflamada, que é comprimida pela palpação profunda, com o peritônio parietal, levando à dor e o paciente interrompe a inspiração. Palpação Abdominal Normal Órgãos Palpáveis borda inferior do fígado, piloro, ceco, cólon transverso, cólon sigmoide, pólo inferior do rim direito, aorta e coluna vertebral (nos pacientes magros). Órgãos não Palpáveis corpo e antro gástricos, duodeno, vesícula biliar, pâncreas, baço, alças jejunoileais, cólon ascendente, cólon descendente, bexiga, útero e anexos. 11 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Massas Abdominais Massas Intraperitoneais abcessos hepáticos, metástases hepáticas, tumores hepáticos, bezoar em estômago palpável, esplenomegalia, linfoma, cisto mesentérico, tumores de ovário, cistos de ovário. Massas Retroperitoneais tumor de Wilms, pseudocisto pancreático, doenças policísticas renais, hidronefrose, linfoma, neuroblastoma. Situações clínicas em que o paciente se queixa de aumento abdominal, e encontra-se alguns sinais à inspeção e palpação: Na imagem, cisto mesentérico muito grande causa de aumento do diâmetro abdominal. Doença policística renal tomografia mostrando rins aumentados de volume bilateralmente, e à direita a peça anatopatológica. Nas imagens abaixo, hipernefroma (1) e hepatocarcinoma (2) Percussão Abdominal A técnica de percussão é complementar ao achado de palpação confirma a suspeita diagnóstica de acordo com inspeção, palpação e anamnese colhida. Da mesma forma que na palpação, na percussão deve-se deixar a área dolorosa e hipersensível por último. Indivíduo Saudável Região central do abdome é timpânica (devido às alças intestinais), macicez na área hepática e o espaço de Traube timpânico. 12 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Diagnóstico de pneumoperitônio, ascite irritação peritoneal, massas intra-abdominais (definição se é timpânica, maciça, submaciça, mista), definição das dimensões do fígado (hepatimetria) e do baço. A técnica da percussão também pode descobrir a causa de distensão abdominal 5 F + 1 T (flatos, fezes, fluidos, fat, feto + tumor). Hepatimetria normal à percussão Percutir ao longo da linha hemiclavicular direita, à partir do 5º espaço intercostal direito som submaciço. Transição entre sonoridade pulmonar e macicez hepática. Posteriormente, para definir o limite inferior do fígado, percute-se a borda inferior hepática, de baixo para cima (do flanco direito para o hipocôndrio direito), em direção à borda costocondral direita, nas projeções das linhas hemiclavicular direita e medioesternal (epigástrio indo em direção ao apêndice xifoide) macicez Quando se leva a consideração a extensão cefalocaudal do rebordo costal direito ao nível da linha hemiclavicular direita, há extensão hepática de 6 a 12 cm. Na região médio esternal, a borda inferior do fígado se encontra entre 4 a 8 cm em relação ao apêndice xifoide. Sinais Semiológicos 1. Sinal de Torres Homem Dor intensa à percussão da área hepática sugere abcesso hepático. 2. Sinal de Jobert Timpanismo à percussão da área hepática, ao nível da linha axilar média, sugere pneumoperitônio secundário a perfuração de víscera oca (ulcera péptica perfurada, divertículo perfurado) 3. Sinal de Giordano Dor intensa à percussão da região lombar referente à área renal, que sugere inflamação retroperitoneal – pacientes com pielonefrite aguda punho percussão lombar positivo. Área renal formada pela confluência (interseccao) entre a margem inferior da 12ª costela de cada lado com as apófises transversas das primeiras vertebras lombares superiores área de percussão com a mão fechada ou aberta. 13 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Percussão na Ascite Consiste num acumulo patológico de liquido na cavidade peritoneal a principal etiologia (85%) é a hipertensão portal. Classificação: Pequeno volume inferior a 1L na cavidade abdominal diagnóstico pelo ultrassom Médio volume entre 1 e 3L macicez móvel e semicírculo de Skoda (manobras semiológicas) Grande volume maior que 3L sinal do piparote – peteleco (manobra semiológica). Macicez Móvel Examinação do paciente em decúbito dorsal em paciente saudável, há timpanismo na região central em decorrência das alças abdominais. Na presença de líquido, ele escorre para os flancos e região do hipogástrio, e nessa percussão ocorre timpanismo na região central e macicez fixa localizada em flancos. À medida em que o paciente fica em decúbito lateral, encontra-se modificação no local de macicez pela presença do liquido ascítico quando o paciente está em decúbito lateral direito, por exemplo, o líquido ascítico está ali e escorre do flanco esquerdo para o abdômen e vai subir – encontra-se macicez em flanco e região umbilical. E no flanco esquerdo, encontra-se timpanismo. Semi Círculo de Skoda Decúbito dorsal, encontra-se timpanismo na região central do abdome, e à medida que se direciona percutindo para flanco e hipogástrio, encontra-se macicez. Percussão pelo Piparote Paciente apresenta abdômen globoso, com ascite de alto volume. O examinador deve ficar à direita (sempre). Na imagem está errado. Um assistente pode colocar, como na foto, a mão no meio da barriga do paciente para facilitar a onda líquida do abdômen indo de um flanco para outro. Examinador coloca a mão aberta esquerda no flanco esquerdo do paciente, dando um peteleco, com o segundo ou terceiro dedo da na mão direita. Em pacientes com ascite de grande volume, percebe-se a onda liquida batendo na mão esquerda. 14 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Percussão na Esplenomegalia Espaço Semilunar de Traube Meia lua demarcada pela marcação laranja. Em pacientes com esplenomegalia, é importante que haja reconhecimento dos limites dos espaços: Superior 6º arco costal direito Inferior rebordo costal inferior esquerdo Lateral linha axilar média Em pacientes saudáveis, o espaço de Traube é timpânico! O baço possui em torno de 180 a 200g de peso, e sua extensão cefalocaudal é em torno de 10cm. A borda distal do baço não é palpável em um indivíduo saudável, sendo localizado em torno de 5cm acima do rebordo costal inferior esquerdo. Para ser palpável, o baco deve aumentar de 2-3x o seu tamanho normal. Após colher história clinica completa, inspeção e asculta, e palpação e percussão, se o espaço de Traube tiver maciço, sugere-se esplenomegalias, derramespleurais extensos à esquerda (rebaixamento da cúpula diafragmática direita), neoplasia de cólon esquerdo (ângulo esplênico) e neoplasia gástrica. Nos pacientes com esplenomegalia discreta (ponta do baço dista até 4cm do rebordo costal inferior esquerdo ao nível hemiclavicular, o baço pode não ser palpável, mas o espaço de Traube é maciço. Paciente saudável (esquerda) – baço pequeno. Na região do espaço de Traube há cauda do pâncreas, grande curvatura do estomago, parte do cólon descendente, flexura esplênica do colon região timpânica, pois há parte do pulmão esquerdo, câmera gástrica e parte do cólon. Já à direita, em paciente com esplenomegalia, ocupa-se grande parte do espaço de Traube baço é uma estrutura maciça, e há macicez à percussão do espaço de Traube. 15 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Ausculta Abdominal Ambiente tranquilo, sem barulho, por pelo menos 2 minutos, e realizada antes da palpação e da percussão abdominal. Ruídos Intestinais São produzidos pelos gases e líquidos intestinais e sua interação com as ondas peristálticas. Os ruídos hidroaéreos são considerados normais quando se ausculta pelo menos 1-2 ondas peristálticas em dois minutos. Mas a queixa do paciente sempre deve ser avaliada, além do exame físico completa, para que se elabora uma hipótese diagnóstica. Os ruídos hidroaéreos devem ser examinados de formas crescente e decrescente Paciente em pronto atendimento queixando dor abdominal do tipo cólica, difusa, de início periumbilical e depois ficou difusa, com náuseas e vômitos, e há ruído hidroaéreo aumentado na ausculta, provavelmente se está diante de um quadro de gastroenterite ou obstrução intestinal borborismos ruídos hidroaéreos muitas vezes auscultados sem estetoscópio em pacientes com quadros de obstrução intestinal completa. O caráter decrescente também é importante ser avaliado, em avaliação do paciente de forma horizontal ao longo de horas. Paciente que começa com quadro de dor em FIE, já há 2-3 dias, com evolução para distensão abdominal, parada de eliminação de gases e fezes, e apresenta calafrios. De acordo com o exame abdominal completo, o abdome está distendido e com peristaltismo reduzido (sem ausculta de nenhuma onda em 2-3 minutos, ou 1 onda em 5 minutos). Nesse contexto clinico, e associado a dor à palpação e percussão na FIE, a principal hipótese diagnóstica é a diverticulite aguda íleo ou silencio abdominal decorrente do abdome agudo ausência dos ruídos intestinais (abdome agudo inflamatório localizado ou difuso – diverticulite, apendicite, colecistite, pancreatite, ulcera péptica perfurada, como também nas hemorragias digestivas intraperitoneais). Obstrução Intestinal Onda peristáltica percebida à inspeção nessa paciente com subnutrição e/ou obstrução intestinal visualiza-se o colon. Nesse RX simples de abdome em PA mostra vários níveis hidroaéreos distensão gasosa com os níveis líquidos sinal de obstrução intestinal/semiobstrução intestinal íleo funcional por distúrbio hidroletrolitico (hipocalemia). 16 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Focos de Ausculta Arterial Muito importante que seja muito bem-feita em pacientes obesos, hipertensos, diabéticos para identificar sopros abdominais, que sugerem aneurismas, estenose, dilatação etc. Aórtico Abdominal entre apêndice xifoide e cicatriz umbilical Renais junção da LHC (linha hemiclavicular) com linha horizontal que passa abaixo dos rebordos costais Ilíacos junção LHC com linha horizontal que passa acima das cristas ilíacas anterossuperiores. Femorais sentir o pulso na região inguinal para se fazer a ausculta. O diâmetro normal da aorta abdominal é de 2cm. Considera-se um aneurisma a partir de um aumento de 50% ou mais do diâmetro, sendo esse maior ou igual a 3cm. Síndrome de Cruveilhier Baumgarten Paciente com hipertensão portal e dilatação por recanalização da V. Umbilical estetoscópio na região da cicatriz umbilical promove um sopro audível. Vascolejo Gástrico A digestão gástrica acontece em até 3 horas, caso demore mais do que isso, o paciente pode estar com uma estase gástrica cursa com perda de peso, má digestão pensa-se em neoplasia gástrica, sobretudo na região do antro. Essa estase é manifestada por som audível, na região do epigástrio, sem estetoscópio, decorrente dos líquidos e gases no interior do estomago devido a um atraso na digestão gástrica. Caso 1 HMA: sexo feminino, 42 anos, hígida, casada, atendida na UPA com relato de aumento progressivo do diâmetro abdominal há 5 meses, associada à dor, em peso, localizada em todo abdome. Refere realizar exames periódicos de sangue, assim como exame preventivo ginecológico, anualmente, estando todos dentro da normalidade (sic). HPP: nega cirurgia prévias. Relata contato com água parada. HS: nega tabagismo e etilismo. HF: pais hipertensos. 17 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Exame Físico: corada, hidratada, consciente, jugulares planas, anictérica, afebril, sem edema MMII. ACV: FC 80bpm, PA 110/80, BNRNF 2T. AR: murmúrio vesicular sem RA, FR 16 irpm, SO2 96% em ar ambiente. Abdome: globoso, simétrico, ausência de circulação colateral, RHA presentes; fígado não palpavel; macicez à percussão da região central, com timpanismo em flancos; espaço de Traube timpânico. Hipótese Diagnóstica mais provável e exames a serem solicitados: Exame do abdome sugere que seja esquistossomose hepatoesplênica? Não tem circulação colateral na parede abdominal, não tem fígado palpável, e espaço de Traube está normal (timpânico); além de negar contato com água parada. Então essa HD seria improvável. Ascite? Exame do abdômen não sugere ascite, pois seria encontrado na percussão timpanismo na região central e nos flancos seria encontrado macicez nessa paciente tem-se o contrário. Deve-se pedir um exame de imagem que avalie abdome superior e inferior, além dos exames de sangue. Se por esses exames não auxiliarem a HD, solicita-se uma TC. Hemograma OK, função renal OK, US mostra tumoração grande no abdome por isso, a seguir é solicitado uma tomografia de abdome. Na mulher, em distensão de abdome deve-se fazer diagnóstico diferencial importante com cisto ovariano. À percussão do abdome encontra-se na região central macicez com timpanismo em flancos, no caso do cisto ovariano – o que seria o contrário do esperado em um caso de ascite. Pelo exame físico, define-se que a HD mais provável seria cisto ovariano gigante. 18 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Caso Clínico 2 HMA: feminino, 65 anos, admitida em PS com quadro de dor abdominal em epigástrio, tipo queimação, há 2 semanas, com piora nas últimas horas. HPP: portadora de HAS e DM há 15 anos, usuária de insulina, losartana e aspirina // portadora de artrite reumatoide há 10 anos, em uso regular de prednisona 10mg/dia, methotrexate 20mg/semana e ácido folínico. HS: não tabagista e não etilista. Calendário de vacinação completo. HF: pais portadores de HAS e DM, falecidos por complicações cardíacas. Ao Exame Físico: desidratada (2+/4+), hipocorada (1+/4+), consciente, perfusão capilar reduzida, afebril, fácies de dor, sem edemas de MMII. ACV: PA 110/60mmhg; FC 120 bpm; BNF taquicárdicas em 2T. AR: murmúrio vesicular, sem RA; FR 24irpm; SO2 91% em ar ambiente. Abdome: plano, ausência de RHA, dor à palpação em todos os quadrantes, com defesa abdominal difusa, sinal de Jobert positivo e sinal de Giordano negativo bilateralmente. Quais são as hipóteses diagnósticas mais prováveis e quais os exames a serem solicitados? Uso de aspirina e prednisona agressão do estomago,podendo levar à ulcera péptica por interferir no mecanismo de bomba de prótons. Sinais clássicos de abdome cirúrgico defesa abdominal difusa em todos os quadrantes, sinal de Jobert positivo e ausência de RHA indicador de pneumoperitônio peritonite difusa por úlcera péptica perfurada. Pede-se exames de função renal, hemograma, RX abdome em AP, US em AP – mas só o exame clinico da o diagnóstico de pneumoperitônio acesso venosos periféricos com hidratação venosa vigorosa e inibidor de prótons via venosa (seta preta). Caso Clínico 3 HMA: masculino, 52 anos, dor lombar e em flanco direito, associada à urina escura e perda ponderal involuntária há 2 meses. HF: pais hipertensos. HS: etilista e tabagista há 30 anos HPP: internações prévias por síndrome de abstinência alcóolica. Ao Exame Físico: hipocorado (2+/4+), hidratado, consciente, anictérico e afebril, sem edema de MMII. 19 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG ACV: PA 140x90 mmHg, FC 90bpm, BNRNF 2T AR: FR 16irpm, murmúrio vesicular sem ruídos adventícios, SO2 94% em ar ambiente. Abdome: plano, RHA presentes, fígado a 3cm do RCD, com superfície lisa e indolor, massa palpável em FD, de limites imprecisos, consistência firme, indolor, submaciço à percussão, espaço de Traube timpânico. Quais são as hipóteses diagnósticas mais prováveis e quais exames devem ser solicitados? No flanco direito há colon ascendente, rim Tríade (15% dos pacientes de hipernefroma) dor abdominal, hematúria, massa palpável carcinoma de células renais. Solicitar hemograma, função renal, função hepática, US abdome total. No US, mostra-se uma lesão tumoral no rim direito, que foi confirmada por uma tomografia que se tratava de um CA renal direito, e um exame de urina com a presença de hematúria a hematúria pode ser muito intensa a ponto de se eliminar coágulos e obstruir a uretra ou ou o ureter – sonda vesícula de demora com irrigação continua de soro fisiológico para desobstruir a via urinária. Carcinoma renal pode metastizar para o cérebro, como no caso desse paciente – não e raro também ter o trombo mural no átrio direito por migração pela VCI. 20 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Avaliação do psicológico do paciente Determinar localização, início, cronologia, intensidade (0-10), irradiação, fatores de melhora e de piora, sintomas associados. Pode ser somática, visceral ou referida. Dor Visceral Dor Somática ou Parietal Dor Referida Desencadeada por distensão, isquemia ou espasmo da musculatura. Pode ser provocada por manobras de irritação peritoneal (tosse, troca de decúbito, palpação abdominal) Nervos não contêm mielina – dor de localização imprecisa “surda”, profunda, com pouca exatidão à estrutura visceral acometida. Nervos contêm mielina – dor de resposta rápida, de caráter agudo e bem localizada. A área da dor referida e o órgão estimulado apresentam a mesma inervação na medula espinhal. Receptores na parede das vísceras ocas e cápsulas dos órgãos sólidos vesícula biliar, cólon, colédoco, ducto cístico. A dor abdominal somática profunda se origina do peritônio parietal ou da inserção do mesentério como ocorre na apendicite. Dor sentida em uma área de superfície distante do órgão estimulado. Dor localizada na região periumbilical, e pode ser acompanhada de reflexo vasovagal bradicardia, hipotensão e sudorese. Associada à rigidez muscular na região correspondente à víscera acometida e íleo adinâmico (diminuição na eliminação de fezes e flatos). Ombro direito fígado, vesícula biliar, diafragma direito Ombro esquerdo coração, cauda do pâncreas, baço, diafragma esquerdo Escroto e testículos ureter Pode apresentar defesa abdominal por contração reflexa da musculatura. Defesa muscular voluntária e involuntária, localizada e difusa. Defesa abdominal involuntária localizada (contratura tônica dos músculos parietais na região correspondente à víscera inflamada – contratura da m. lisa no HD no paciente com colecistite aguda) ou difusa (contratura abdominal devido à perfuração de víscera oca em peritônio livre – ulcera péptica – abdome em tábua). Mecanismos de Dor Abdominal Distensão da parede abdominal Aumento da tensão da musculatura intestinal (cólica abdominal) Alterações vasculares isquemia e congestão Inflamação intestinal Inflamação peritoneal 21 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Anamnese Caracterizar bem a dor abdominal Sintomas associados febre, calafrios, perda de peso involuntária, icterícia, colúria, acolia fecal, alterações do hábito intestinal, hemorragia digestiva, disúria, hematúria, melena, hematoquezia, e sintomas urinários... História pregressa cirurgia abdominal prévia, História social tabagismo e etilismo História ginecológica DUM atrasada, instabilidade no exame físico (gravidez ectópica) Dor em QSD, febre, calafrios, icterícia colangite Icterícia, perda de peso involuntária, colúria, acolia fetal neoplasia periampular (tumor de cabeça de pâncreas) Perda de peso involuntária e alteração do hábito intestinal neoplasia de cólon Aderências como causa de obstrução ou semiobstrução intestinal. Caracterização da Dor Abdominal Localização de acordo com a víscera acometida, há correspondência topográfica Intensidade 0-10 Duração segundos, minutos Evolução piora ao longo do tempo Tipo cólica, queimação, surda, transfixante Início agudo, subagudo ou crônica – questão emocional pode interferir na manifestação da dor Irradiação paciente com pancreatite aguda por ter dor irradiada para dorso Relação com funções orgânicas alteração do apetite, vomito associado, alteração na eliminação de fezes e flatos Fatores desencadeantes e de melhora melhora/piora após ingestão de certos alimentos Sintomas associados Intensidade da Dor Caráter subjetivo, na dependência de estados emocionais, físicos, sensibilidade individual, natureza e intensidade do processo patológico, se o paciente está em uso de analgésicos. Avaliar o impacto da dor na vida do paciente – dores crônicas recidivantes possuem alto impacto na vida do paciente – dor abdominal é causa de faltar atividades laborais. A presença de manifestações autonômicas e a postura de inquietação indicam dor abdominal intensa. Dor leve = 1 a 3/10 Dor moderada = 4 a 7/10 Dor intensa = 8 a 10/10 Tipos de Dor Queimação casos de epigastralgia Cólica diarreias, biliar, cálculo renal Transfixante ulcera péptica perfurada Surda visceral 22 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Torção cisto ovariano Constrição cólica Peso dor lombar por pielonefrite “Fome” ulcera péptica Exame Físico Geral hidratação, palidez cutâneo mucosa, icterícia, temperatura, nível de consciência, sinais de ativação autonômica (sudorese e palidez), aparelhos cardiovascular e respiratório. Sinais de Alerta dor aguda, transfixante (perfuração de ulcera péptica, rotura de aorta abdominal), sinais de peritonite aguda, sinais de choque (instabilidade hemodinâmica). Excluir causas de dor extra abdominal pneumonia em base pulmonar pode queixar-se de dor no andar superior do abdome, mimetizando processo abdominal. Inspeção distensão, abaulamentos, cicatrizes, hérnias, equimoses – avaliar regiões inguinais Ausculta RHA ausentes, borborismos (peristaltismo audismo sem esteto – casos de obstrução intestinal) Percussão distensão gasosa, ascite, peritonite localizada ou difusa Palpação sinais de peritonite localizada ou difusa, massas, visceromegalias Pontos dolorosos Ponto xifoidiano doenças do esôfago, estomago e duodeno Ponto epigástrico estomago Ponto cístico vesícula biliar Ponto ureteral cólicas nefréticas Ponto apendicular apendicite aguda (McBurny) Ponto esplênico baço, infarto esplênico, esplenomegalia Padrão Típico de dor de acordo com o órgão acometido Estômago e Duodeno Dor visceral no epigástrio e, menos frequentemente, no QSE. Doença ulcerosa péptica gastroduodenal (DUPGD): dor de caráter contínuo, em jejum, acorda o paciente à noite, melhora com ingestão alimentar ou com bloqueador de bomba de prótons. Úlcera Penetrada no Pâncreas dor intensa, de longa duração, com pouca resposta 23 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG aos analgésicos, com irradiação para o dorso. Intestino Delgado Dor visceral, em cólica, localizada na região periumbilical A dor em cólica é típica de estruturas ocas ou tubulares, e é desencadeada pelo estiramento ou distensão. Cólica Intestinal dor de início agudo, de caráter crescente, que no seu acme (mais intensa) é acompanhada de manifestações autonômicas (taquicardia, bradicardia, palidez cutânea e mucosa, pré síncope). Em seguida, a mesma reduz de intensidade, podendo até desaparecer. Intestino Grosso Dor QSD constipação intestinal, câncer de cólon (essas acometem o grosso) Dor QID tuberculosa ileal, doença de Crohn, apendicite, CA de ceco, invaginação intestinal. Dor QSE CA avançado de cólon, diverticulite, constipação intestinal Dor QIE diverticulite, CA de cólon, síndrome do cólon irritável. Dor Pélvica doenças retais. Dor Perianal tenesmo: dor intensa e espasmódica no reto e períneo, acompanhada com desejo imperioso de evacuar (trombose hemorroidária, fístulas). Fígado O parênquima hepático não possui receptor para dor, ao contrário da cápsula de Glisson, que é sensível à distensão rápida. Sinal de Torres Homem percussão dígito-digital intensamente dolorosa nas áreas de zona de projeção do fígado> abcesso. Dor “surda” e persistente no QSD, com dor referida para ombro direito, escápula e dorso hepatites agudas, esteatohepatite alcóolica, abscesso hepático, congestão venosa sistêmica, tumores. 24 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Vias Biliares Apesar do termo cólica, a dor é persistente, de caráter crescente, durando 20min a 2 horas (ou mais). A localização mais frequente é no epigástrio seguida do HD. Tríade de Charcot dor em QSD, febre com calafrios e icterícia (colangite) Sinal de Murphy colecistite aguda Cólica Biliar obstrução transitória do cístico ou colédoco – geralmente por cálculo (sobretudo mulheres) Irradiação dorso, outras regiões do abdome, podendo ser acompanhada de náuseas e vômitos. Pâncreas Dor visceral epigástrio Dor somática abdome superior Dor irradiada dorso **detalhes das dores de acordo com as patologias pancreáticas após a tabela. Dor QSD cabeça do pâncreas (dor referida ombro direito) Dor Epigástrio corpo do pâncreas Dor QSE cauda do pâncreas (dor referida ombro esquerdo) Baço Parênquima insensível (como o do fígado). A queixa de dor ocorre devido à distensão da cápsula esplênica. Dor “surda” no HD infecções, infarto esplênico (anemia falciforme e ruptura traumática) Ureter e Bexiga O ureter é uma estrutura oca, e a dor por obstrução é de forte intensidade, que irradia para abdome inferior e FI homolateral. Referida em testículos ou grandes lábios. Sinal de Giordano punho percussão lombar – sinal positivo para pielonefrite aguda. Distensão da bexiga dor no hipogástrio. Pancreatite Aguda Dor de intensidade variável – branda a muito intensa. Em 90% dos casos, se inicia após ingestão excessivas de álcool ou refeições copiosas causas mais raras, como hipertrigliceridemais, hipercalcemia, medicamentosas, obstrução do ducto pancreático pelo Ascaris lumbricoides. Dor clássica em faixa observada em pequena porcentagem de pacientes. 25 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Em 50% dos pacientes, a dor irradia para o dorso, podendo ser acompanhada de náuseas e vômitos. Pancreatite Crônica Em 90% dos pacientes a dor é contínua, intensa, com períodos de piora, dor em faixa, em andar superior do abdome e com irradiação para o dorso. Setas indicam calcificação do pâncreas, que é uma complicação do etilismo crônico. A dor chega a ser incapacitante, inclusive com comprometimento importante da qualidade de vida uso de opióides (metadona, morfina); podendo ser necessário fazer até bloqueio de plexo celíaco. Câncer de Pâncreas Dor não é sintoma precoce. Início insidioso, contínua, tornando-se mais intensa e prolongada com a progressão da doença e localizada no andar superior do abdome. Piora à noite e melhora nas posições antálgicas (posição fetal – tronco fletido sobre as coxas menor estiramento das fibras nervosas do plexo celíaco). Em 30% dos tumores de cabeça de pâncreas não há dor, mas há icterícia. Em canceres de cauda de pâncreas, a icterícia é um sinal tardio (distância dos ductos Exames Laboratoriais Individualização dos pacientes Hemograma – dor abdominal infecciosa Proteína C reativa – dor abdominal infecciosa Função renal e íons – abdome agudo cirúrgico, sépticos Função hepática – RNI e bilirrubinas – alcoolatras (FA, transaminases) Amilase/lipase – pacreatites agudas Coagulograma – necessidade de cirurgia Urina rotina/gram de gota/urocultura – infecção urinária como causa da dor abdominal Hemoculturas – peritonites localizadas ou difusas em pacientes sépticos Gasometria arterial – perfusão tecidual Lactato – perfusão tecidual 26 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Exames de Imagem Individualização dos pacientes RX de tórax – derrame pleral e pneumonia / diagnostico diferencial RX abdome – pneumoperitônio, obstrução intestinal US abdominal – apendicite, colescitite, dilatação vias biliares US pélvico – diagnostico diferencial de dor US endovaginal – diagnóstico diferencial TC abdominal – pancreatite aguda e crônica TC pélvica – diagnostico diferencial Colangioressonância – causa de icterícia Colonoscopia EDA Paracentese - ascite Laparoscopia Laparotomia Excluir de imediato abdome agudo cirúrgico, sobretudo aqueles com risco imediato de vida: ruptura de aneurisma de aorta abdominal, gravidez ectópica rota, peritonite difusa, isquemia mesentéria aguda Excluir causas extra-abdominais Caso 1 HMA: paciente masculino, 55 anos, hígido, é admitido no pronto socorro, referindo há dois meses alteração do hábito intestinal, caracterizada por eliminação de fezes em fita com presença de sangue, associada à perda de peso involuntária. Relata que nos últimos 2 dias iniciou com dor abdominal, difusa, tipo cólica, de forte intensidade (8/10), em todo o abdome, associada a parada de eliminação de flatos e fezes, além de hiporexia, náuseas e vômitos tardios. HPP: portador de HAS há 8 anos, em uso regular de anlopidina (5mg/dia). CVL há 5 anos, sem intercorrências. HS: etilista social, nega tabagismo, calendário de vacinação em dia. HF: pais hipertensos. Exame Físico: fácies de dor, desidratado (2+/4+), hipocorado (2+/4+), consciente, afebril, perfusão capilar reduzida, emagrecido. ACV: bulhas normofonéticas, taquicárdicas – FC 120bpm PA 10/7 mmHg AR: MV reduzido em bases, sem ruídos adventícios – FR 24irpm, SO2 91% em ar ambiente Abdome: distendido,persitalse visível, RHA aumentados, doloroso à palpação difusa, timpanismo à percussão de todo abdome. 27 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Obstrução intestinal por neoplasia localizada em cólon esquerdo (região reto sigmoide) Perda de peso involuntária, alteração do habito intestinal (fezes em fita e presença de sangue), evolução dor abdominal intensa e difusa – obstrução. Abdome distendido e timpânico, com peristaltismo aumentado. Conduta ♦ 2 acessos venosos periféricos ♦ Hidratação vigorosa ♦ Oxigenoterapia Exames ♦ Hemograma – avaliação de anemia e leucocitose ♦ PCR ♦ Função Renal ♦ Distúrbios Ácidos Básicos ♦ Albumina ♦ Marcador tumoral – antígeno carcinoembrionário ♦ RX tórax AP ♦ RX abdominal AP e látero-lateral (presença de níveis hidroaéreos) Avaliação de cirurgião na urgência – após estabilização: US abdome e pelve Em casos de neoplasias de sigmoide (imagem), o paciente não tem condição de cirurgia – primeiro faz colostomia protetora, depois faz estadiamento, tenta melhorar estado nutricional – faz quimioterapia pré-cirúrgica (redução do tumor) para depois resseca-lo. Doença de Hirschsprung Manifesta-se nos primeiros 48 dias após nascimento – esse paciente evoluiu ao longo dos anos com distensão abdominal e constipação intestinal diagnóstico tardio. É uma doença congênita que se manifesta pela ausência dos plexos nervosos autônomos de Meissner e Auerbach, responsáveis pelo peristaltismo – geralmente acometem colo: reto e sigmoide// mais frequente em homens 4:1. Caso 2 HMA: uma senhora de 58 anos é atendida no PA, referindo dor abdominal de início súbito, de forte intensidade (8/10), contínua, localizada em epigástrio e HD, com irradiação para dorso, associada à náuseas e vômitos, após ingestão de churrasco e bebida alcóolica há 24 horas. Refere também distensão abdominal, com parada de eliminação de gases e fezes. Nega febre ou calafrios. 28 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG HPP: portadora de HAS há 18 anos, em uso regular de losartana 50mg a cada 12h. Dislipidêmica há 8 anos, em uso de sinvastatina 20mg à noite. Nega cirurgias prévias ou alergia medicamentosa, e refere dor abdominal branda com duração por 2 dias, tipo cólica, após ingestão de colecistocinéticos, com melhora com escopolamina há 6 meses. Exame físico: desidratada (2+/4+), corada, perfusão capilar reduzida, afebril, consciente, porém ansiosa, com fácies de sofrimento. ACV: PA 90/60 mmHg, FC 124 bpm, BNF taquicárdicas AR: MV abolido em terço inferior do pulmão esquerdo; FTV abolido em terço inferior do pulmão, FR 28 irpm, SO2 88% em ar ambiente. Abdome: distendido, globoso, sem circulação colateral; RHA reduzidos; doloroso em andar superior, timpânico à percussão difusa; presença de equimoses em flancos. Pancreatite Aguda grave Paciente obesa que ingeriu grande quantidade de álcool e colecistocinéticos – dois fatores que desencadeiam do quadro. Ao exame físico, apresenta sinais de gravidade: taquicardica, taquipneia – síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Sinal de Grey-Turner equimoses em flanco POSITIVO Há ativação de cascata inflamatória e endotelial em 10% dos pacientes, e essa resposta exarcebada promove passada de liquido rico em proteína do vaso para o interstício, com formação das equimoses. FTV abolido – derrame pleural à esquerda (junto com MV diminuído) -> uma das consequências. S distensão do estomago C distensão do colon alça sentinela (encontrado em pancreatite grave) Quando o pâncreas inflama, libera mediadores inflamatórios irritando as estruturas contíguas. 29 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG TC de abdome com contraste Achados: pâncreas aumentado de volume com realce heterogêneo. Densificação da gordura peripancreática e liquido livre na cavidade. Diagnóstico: pancreatite aguda A TC de abdome é um excelente método de avaliação do pâncreas e serve de parâmetro para avaliação de prognostico e complicações (necrose, infecções, pseudocistos). Conceito: acúmulo patológico de liquido livre na cavidade abdominal, de origem patológica. É uma manifestação clínica de várias doenças. Etiologia ♦ Cerca de 80 a 90% dos casos estão envolvidos com cirrose hepática é a primeira coisa que devemos excluir do diagnóstico. ♦ As causas podem ser secundárias a doenças por hipertensão portal, neoplasias, infecções, doenças de origem renal, endócrina, pancreática, biliar, urinária; serosite ou causa mista. Hipertensão Portal Pode ser devido à cirrose hepática, insuficiência hepática aguda ou fulminante, síndrome de Budd Chiari (trombose das Vv. Supra hepáticas; pode ser causada por trombofilia ou neoplasias ocultas, como também deficiências na coagulação), ICC, pericardite constritiva, miocardia restritiva. Neoplasias Carcinomatose peritoneal (neoplasia primária está mais comumente no pâncreas, estomago, colon ou mama), hepatocarcinoma, metástase hepática, linfoma (ascite quilosa), CA de ovário, mesotelioma. Infecções Tuberculose peritoneal, SIDA Renal Síndrome nefrótica em paciente sobre hemodiálise Endócrina 30 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Mixedema (hipotireoidismo grave), Síndrome de Meigs (tumor ovariano benigno com derrame pleural e ascite associada) Pancreática Pancreatite aguda ou crônica Biliar Pós-operatório de cirurgia de via biliar Urinária Rara, pode ser em contexto de paciente com pielonefrite complicada Serosite Inflamação da serosa peritoneal exemplo no caso de Lúpus Eritematoso Sistêmico Mista Um ou mais fatores associados. Hipertensão portal secundária à cirrose associada à tuberculose peritoneal. Cirrose associada à carcinomatose peritoneal. Fisiopatologia da Ascite Hepatógena Um fígado cirrótico e com hipertensão portal possui um desequilíbrio na produção de substancias vasoconstrictoras e vasodilatadoras aumento da produção de óxido nítrico Aumento do NO vasodilatação sistêmica hipovolemia relativa redução da pré-carga redução do débito cardíaco estresse hemodinâmico ativação neuro-hormonal: ativação ADH Vasopressina atua nos túbulos distal retenção de água livre de sódio ativação do SRAA (renina- angiotensina-aldosterona) renina/angiotensina promove vasoconstricção periférica para manter a PA média; e aldosterona atua nos túbulos distais promovendo absorção e retenção de sódio. Paralelamente: ativação do simpático taquicardia e vasoconstricção Todos esses fatores promovem a retenção de liquido na cavidade abdominal. À medida que a cirrose hepática evolui, o fígado produz menos albumina, o que leva a uma redução da albumina sérica diminuição da pressão coloidosmótica extravasamento maior do liquido intravascular para o intersciticial (aumento da Phidrostática) ascite Azul: cirrótico sem ascite Laranja: cirrótico com ascite Cinza: cirrótico com ascite e insuficiência renal 31 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Como é observado no gráfico, o paciente cirrótico sem ascite possui níveis baixos de renina plasmática, e menores de noraepinefrina e ADH do que os demais pacientes isso mostra que ele não possui ativação do simpático e nem o estresse hemodinâmico que leva a ativação neuro- hormonal. Já o paciente cirrótico apenas com ascite apresenta níveis elevados de renina plasmática, altos de noraepinefrina e altos de ADH há ativação neuro-hormonal do ADH, que leva a ativação do SRAA como também à ativação do simpático promovendo taquicardia e vasocontrição para reversão do quadro. Por fim, o paciente com ascite e falência renal apresenta níveis exorbitantemente altos de renina plasmática, bem como níveismais altos de norepinefrina como compensação do simpático à situação de vasodilatação, e os níveis de ADH são os mesmos do paciente sem insuficiência renal. À medida que o paciente evolui com piora clínica, os níveis circulantes dos hormônios aumentam progressivamente. Anamnese para Definição Etiológica ♦ Obesidade, dislipidemia, diabetes esteatohepatite não alcóolica ♦ Etilismo pesado, hepatites crônicas pelos vírus B e C (transfusão sanguínea entre 1986 e 1992) ♦ Calendário vacinal (hepatites A e B) ♦ Contato com Schistossoma mansoni (ressalvas – após 20/30 anos do diagnóstico da forma hepatoesplenica, principalmente em estágios terminais, pode evoluir com essa doença) ♦ Passado de tuberculose ♦ Febre vespertina, sudorese noturna, perda de peso involuntária tuberculose peritoneal ♦ Sintomas sugestivos de neoplasia carcinomatose peritoneal ♦ Sintomas de pancreatite aguda/crônica ♦ Quadro clínico de insuficiência cardíaca descompensada ♦ Pós-operatório de vias biliares ♦ Doenças autoimunes lúpus Manifestações Clínicas ♦ Manifestações decorrentes de cirrose encefalopatia hepática, hemorragia digestiva alta (hematêmese ou melena por ruptura de veias verrucosas), peritonite bacteriana espontânea (PBE), síndrome hepatorrenal. ♦ A QP do paciente com ascite de início recente é o aumento progressivo do diâmetro abdominal, que pode ser indolor. ♦ O quadro clínico depende do volume da ascite. ♦ Nas ascites de grande volume, o paciente se queixa de desconforto abdominal, saciedade precoce, dispneia e ganho de peso. Exame Físico Geral ♦ Nível de consciência 32 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG ♦ Estado de hidratação ♦ Estado nutricional ♦ Palidez cutâneo-mucosa ♦ Icterícia ♦ Edema de MMII ♦ Eritema palmar (mais proeminente na região tenar e hipotenar) ♦ Teleangiectasias (mais frequentes na face, pescoço, ombros e tórax) ♦ Ginecomastia Respiratório ♦ Derrame pleural direito MV abolido com FTV abolido em lados direitos (hidrotórax – liquido ascítico passa pelos canais do diafragma) Inspeção ♦ Paciente com ascite de grande volume, em ortostatismo posição lordótica pelo peso da barriga. ♦ Circulação colateral, presença de hérnias (isoladas ou associadas – umbilical, epigástrica e inguinoescrotais). Classificação da Ascite ♦ Leve ou de pequeno volume (US abdominal) ♦ Médio volume macicez móvel positiva (líquido escorre para baixo – gravitacional dependente), semi-círculo de Skoda (deitado, o liquido escorre para os flancos) ♦ Grande volume abdome globoso, sem modificação do líquido pelas posturas do indivíduo, sinal do piparote positivo ♦ Ascites septadas ou multiloculadas podem surgir com volumes variáveis, o piparote pode ser ausente ou duvidoso. Percussão ♦ Semicírculo de Skoda e macicez móvel ♦ Sinal do piparote percepção da onda liquida batendo na mão. Exames Laboratoriais ♦ Hemograma pode encontrar anemia, leucopenia, plaquetopenia ♦ Proteína C Reativa suspeita de infecção (peritonite bacteriana espontânea) ♦ Função Renal e íons ♦ Função Hepática (classificação de Child-Pugh) secundária a HDA secundária à varizes esofágicas ♦ Coagulograma ♦ Amilase/lipase suspeita de ascite pancreática 33 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG ♦ Hemoculturas suspeita de infecção ♦ Análise do líquido ascítico ♦ Cálculo do gradiente de albumina sérica – ascite (GASA) Paracentese Paracentese propedêutica: indicada em ascite de início recente, sem etiologia definida, diagnóstico de peritonites bacterianas espontânea (infecção do liquido ascite por translocação bacteriana) e secundária (secundária à perfuração de viscera oca – diverticulite, colecistite). Paracentese Terapêutica: na ascite tensa – ascite de grande volume dispneia, desconforto abdominal, vômitos, saciedade precoce. Local de punção: quadrante inferior esquerdo (ponto de McBurney à esquerda) Complicações: hematoma de parede, infecção do liquido ascítico, perfuração de alça intestinal, hemorragia intraperitoneal. Análise do Líquido Ascítico (LA) Rotina (obrigatórios): Citometria total e diferencial // proteína total e albumina Testes Opcionais: desidrogenase lática (LDH), gram de gota, inoculação do LA em frascos de hemoculturas, glicose. Testes não usuais: pesquisa direta e cultura do M. tuberculosis, dosagem da adenosina deaminase, amilase, TG, bilirrubina, ureia e creatinina, antígeno carcinoembrionário, FA, citologia oncológica. Gradiente de Albumina Sérica e Líquido Ascítico (GASA) As dosagens de albumina sérica e do líquido devem ser realizadas no mesmo dia. Subtração da albumina sérica do líquido ascítico. ♦ GASA ≥ 1,1 g/dL hipertensão portal ♦ GASA < 1,1g/dL sem hipertensão portal Na ascite mista predomina o gradiente de hipertensão portal. No GASA < 1,1, há muita proteína no liquido, logo tem algum processo levando à exsudação – carcinomatose, pancreatite, ascite urinária. Exames de Imagem ♦ US de abdome total ♦ US endovaginal ♦ TC ou ressonância nuclear magnética de abdome e pelve ♦ EDA ♦ Colonoscopia 34 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG ♦ Laparoscopia com biópsia de peritônio TB peritoneal. Imagem 1 EDA com cordões varicosos Imagem 2 varizes rompidas – sangramento em jato (alta mortalidade) Imagem 3 gastropatia da hipertensão portal US e TC fígado cirrótico. Na TC – fígado reduzido de tamanho e baço do tamanho do fígado, e ascite em alto volume. Conclusões ♦ A cirrose hepática é a principal causa de ascite, sendo um sinal de mau prognóstico, com mortalidade esperada de 50% em 3 anos. ♦ A paracentese propedêutica deverá ser realizada em todos os pacientes com ascite de início recente e na suspeita de infecção do líquido ascítico. ♦ A paracentese terapêutica está indicada naqueles indivíduos com manifestações clínicas da ascite tensa. ♦ É obrigatório o cálculo do gradiente de albumina sérica e do liquido ascítico (GASA) para definirmos se a ascite é secundária ou não à hipertensão portal. ♦ A solicitação de exames laboratoriais e de imagem devem ser individualizados de acordo com a hipótese diagnóstica mais provável. ♦ O paciente cirrótico com hipertensão portal descompensada deverá ser encaminhado para o transplante hepático. 35 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Conceito: consiste no aumento volumétrico do fígado, às custas de um ou mais lobos. É um sinal clinico de hepatopatia ou resposta à uma doença sistêmica. Exame Físico Inspeção Elevação ou abaulamento no QSE ou epigástrio, na presença de tumores ou grandes massas hepáticas. Percussão Para definir o seu limite inferior e orientar a palpação e a biópsia hepática. Técnica Percutir ao longo da linha hemiclavicular direita, a partir do 5º espaço intercostal direito som submaciço. Posteriormente, percute-se a borda inferior hepática, de baixo para cima, na projeção das linhas hemiclavicular direita e medioesternal, em direção à arcada costocondral inferior – macicez. Elementos de análise à palpação do fígado Borda (espessura) fina, romba Superfície lisa, irregular Sensibilidade indolor, dolorosa Consistência elástica, firme (aumentada), amolecida (diminuída) Refluxo hepatojugular ausente, presente O fígado pode ser palpável no indivíduo saudável superfície lisa, consistência elástica, borda fina, indolor, não ultrapassando 3-5 cm do rebordo costal direito. Palpado na INSPIRAÇÃO. Técnicas 1. Lemos Torres 2. 2 Mathieu 36 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG 3. Manobra do Rechaço Frequentemente utilizada para definir o tamanho do fígado no paciente com ascite. Técnica:com a palma da mão, comprime-se com firmeza a parede abdominal, no HD e, com a face central dos dedos, provoca-se um impulso rápido na parede. No paciente com ascite, percebe-se o fígado “batendo” na mão do examinador. Hepatopatias Borda Romba – ICC, cirrose, metástases, câncer Fina – hepatites virais Superfície Lisa – hepatites virais, ICC, esteatose Irregular – metástases, hepatocarcinoma, cirrose Dolorosa Hepatites Virais, ICC descompensada Consistência Amolecida – esteatose Firme – hepatocarcinoma, metástases, cirrose Refluxo Hepatojugular ICC OBS.: pode-se encontrar sopro ou atrito na área hepática, nas neoplasias. Etiologias Circulatórias Insuficiência ventricular direita, síndrome de Budd-Chiari Colestase Contraceptivos orais, gravidez, hepatites, esteatose hepática Infecciosas Abscesso piogênico, hepatites virais agudas e crônicas, tuberculose, febre amarela e leptospirose Parasitárias Abcesso amebiano, malária, leishmaniose visceral, esquistossomose Metabólicas Hemocromose, doença de Wilson, alcoolismo, obesidade, diabetes melitos Neoplásicas Hemangiomas, hepatocarcinoma, metástase Exames Complementares Exames Laboratoriais devem ser guiados pela HD mais provável. Síntese hepática: RNI, bilirrubina, albumina (ressalvas) Lesão hepatocelular: AST e ALT Colestase: GGT (gamaglutamiltransferase), FA (fosfatase alcalina), bilirrubina Estado imunológico: hepatites virais, hepatite autoimune (FAN, antimúsculo liso, anti-LKM), cirrose biliar primária (anticorpo antimitocôndria), hepatocarcinoma (alfa fetoproteína). Exames de Imagem RX simples de abdome suspeita de abdome agudo Ultrassom de abdome método não invasivo, relativamente barato, rápido e de fácil acesso. Ultrassom endoscópico semelhante à endoscopia, pode detectar pequenos tumores ou microcálculos nas vias biliares e pâncreas. Tomografia de abdome fornece informações mais detalhadas em relação aos outros exames 37 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Colangioressonância magnética permite avaliar com maior precisão as causas de Colestase, sobretudo no colédoco distal. Biópsia hepática diagnóstico de hepatite crônica e lesões hepáticas, hepatomegalia de causa desconhecida, febre de origem indeterminada. Esplenomegalia – história clínica QP: depende da rapidez do aumento do baço, doença de base e do seu volume. Geralmente muito doloroso nos aumentos rápidos (mononucleose infecciosa, infarto e ruptura) e indolor nas doenças mieloproliferativas. Sensação de peso em QSE, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, dor referida em ombro esquerdo. HMA: tempo de duração, sinais e sintomas associados (febre, sudorese noturna, perda de peso, artrite, tosse) Anamnese completa Exame Físico Geral: palidez cutâneo mucosa, temperatura, linfadenopatia periférica, hepatomegalia, estado nutricional. Inspeção: abaulamento do QSE Palpação: consistência e superfície Percussão: espaço semilunar de Traube Espaço de Traube – limites ◽ Superiormente: sexta costela esquerda ◽ Inferiormente: margem costal esquerda ◽ Lateralmente: linha médio axilar esquerda É um espaço de forma semilunar, com aproximadamente 9-11cm de largura e 10cm de altura, localizado abaixo da linha inframamária esquerda. A percussão do espaço de Traube é timpânica no indivíduo saudável. 38 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Macicez à percussão: esplenomegalia, derrame pleural volumoso esquerdo, tumores gástrico e de cólon. Diagnóstico diferencial com massas retroperitoneais no QSE: neoplasia renal, rim policístico traube timpânico. O baço se move com a respiração, mas o rim não!!! Classificação da Esplenomegalia Leve – até 4cm Moderada – 4-8cm Maciça – >8cm Grau 1 baço palpável sob rebordo costal E (RCE) Grau 2 baço palpável entre RCE e a cicatriz umbilical Grau 3 baço palpável abaixo da cicatriz umbilical A esplenomegalia, independentemente de sua etiologia, pode causar alterações no hemograma, caracterizadas por anemia, leucopenia e trombocitopenia, termo denominado hiperesplenismo. O hiperesplenismo pode ser seletivo, quando há redução de apenas um elemento figurado do sangue, ou global, quando há redução de todos os elementos, caracterizando a pancitopenia. Etiologias da Esplenomegalia A esplenomegalia geralmente é manifestação de uma doença e, raramente, reflete patologia primária do baço. Um estudo feito em São Francisco mostrou que 33% são resultantes de doenças hepáticas, 27% de neoplasias hematológicas, 23% de infecções, 8% de inflamação/congestão, 4% de doenças primárias do baço e 5% por causas não definidas. Aumento da Função Esplênica ◽ Remoção das hemácias hemoglobinopatias ◽ Aumento da resposta imune por infecções hepatites, mononucleose infecciosa, endocardite, tuberculose, leishmaniose visceral, malária ◽ Desordens autoimunes lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide ◽ Hematopoiese extramedular metaplasia mieloide Aumento do Fluxo Sanguíneo Portal (Congestiva) ◽ Cirrose hepática, esquistossomose hepatoesplênica, síndrome de Budd-Chiari Infiltração Esplênica Leucemias Agudas e crônicas, linfomas, metástases, síndromes mieloproliferativas. Além das etiologias idiopáticas. Além disso, podemos definir as etiologias mais prováveis de acordo com o tamanho do baço. 39 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Discreta (<4cm RCE) Anemia perniciosa, endocardite bacteriana, tuberculose, malária, hipertensão portal. Moderada (4-8cm RCE) Linfomas, anemia hemolítica, cirrose hepática, hipertensão portal. Maciça (>8cm RCE) Leucemia mielocítica crônica, leucemia linfocítica crônica, leucemia de células pilosas, mielofibose com metaplasia mielóide, linfomas, policitemia vera, talassemia, calazar, malária crônica, esquistossomose hepatoesplenica, doença de Gaucher, SIDA com Mycobacterium avium. Exames Complementares Hemograma Esfregaço do sangue periférico Função hepática Culturas FAN, VHS, fator reumatoide Sorologias para as hepatites virais, CMV, Epstein-Baar, HIV Mielograma, biópsia de crista ilíaca RX de tórax, tomografias de tórax, abdome e pelve Esplenectomia Indicações: Purpura trombocitopênica imunológica crônica Ruptura esplênica traumática Correção do hiperesplenismo Cistos esplênicos volumosos Esferocitose hereditária (aos 5 anos) Síndrome de Felty A esplenectomia está contraindicada quando o baço é sede de hematopoiese Vacinação contra as bactérias encapsuladas cerca de 2-4 semanas antes da esplenectomia Após esplenectomia: leucocitose e trombocitose que normalizam em 2-3 semanas. 40 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Definição Síndrome clínica caracterizada pela elevação dos níveis séricos de bilirrubina, acima de 2mg/dL. A manifestação clínica principal é a coloração amarelada das escleróticas, mucosas, pele e líquidos orgânicos. Graduação da Icterícia É determinada pelo nível sérico da bilirrubina total (BT) Discreta BT 2,5 – 5 mg/dL Leve BT 5 – 10 mg/dL Moderada BT 10 – 15 mg/dL Acentuada BT > 15mg/dL Etiologias da Síndrome Ictérica Síndrome de Gilbert Condição genética em que há problema tanto na captação da bilirrubina indireta quanto na sua conjugação. Hepatocarcinoma e metástases hepáticas Paciente com história clínica que sugere hepatite crônica B e C e que começa com perda de peso, icterícia importante, e presença de massa palpável em HD e epigátrio, pensa-se em hepatocarcinoma (exame de imagem e dosagem de alfa-feto-proteína). Os sítios primários de metástase hepática são pâncreas, mama, estômago e cólon.Tumores das vias biliares e periampulares Colangiocarcinoma, tumor de Clasquin, tumor de cabeça de pâncreas. Hemólise Anemia hemolítica Insuficiência hepática aguda/crônica Nos EUA, a principal causa de insuficiência hepática fulminante é o uso de paracetamol. Já a insuficiência hepática crônica gira em torno da cirrose, que possui várias etiologias (HIB, HIC, alcoolismo) Cor pulmonale descompensado Icterícia e elevação dos marcadores de colestase e hepatocelulares Sepse e Febres hemorrágicas 10% dos pacientes com leptospirose apresentam síndrome de Weil: ictéricia, manifestações hemorrágicas, insuficiências renais. Hematomas e hemorragias Hemorragias subcutâneas ou digestivas – grupo heme da hemoglobina converte-se em bilirrubina, podendo levar à icterícia. Metabolismo da Bilirrubina 80% da bilirrubina produzida é originária do metabolismo da hemoglobina. Hemoglobina heme + globina + ferro heme biliverdina bilirrubina 41 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG A hemoglobina é captada pelos macrófagos da medula óssea, baço e fígado, sendo quebrada em heme, globina e ferro. O grupo heme é convertido em biliverdina, que é convertido em bilirrubina indireta. Diariamente, 35g de hemoglobina são degradadas em 300mg de bilirrubina. 20% da bilirrubina são originárias da medula óssea etritropoiese ineficaz. Conjugação da bilirrubina 1. Processo de produção da bilirrubina indireta (BI) a partir do grupo heme da hemoglobina. 2. A BI se liga à albumina sérica para chegar até o fígado. 3. Receptores do hepatócito recebem a BI + albumina, que se separam ao chegar no interior do hepatócito. 4. BI é conjugada através da ação de duas enzimas dentro do hepatócito: transformada em monoglicuronídeo pela ligação com ácido glicurônico no REL, e depois em diglicuronídeo (bilirrubina conjugada/direta). 5. À nível dos canalículos biliares, a bilirrubina conjugada será excretada junto aos sais biliares, gorduras (fosfolípides), águas, e será armazenada na vesícula biliar bile (BD + água + sais biliares + fosfolípedes). 6. Quando a bile chega ao nível do íleo e cólon ascendente, sob ação de bactérias, a BD direta será transformada em estercobilinogênio (estercobilina), que dá coloração amarronzada das fezes. 7. No intestino grosso, a BD é transformada em urobilinogênio, também pelas bactérias intestinais. Parte é reabsorvido pelo intestino, e parte volta para o fígado circulação enterohepática da BD direta. 8. O urobilinogênio que cai na corrente sanguínea devido à absorção no grosso é excretado na urina tanto na forma de urobilingenio, quanto na forma de BD. Bilirrubina Indireta (BI) ou não conjugada (pré-hepatocítica) É lipossolúvel e capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, podendo causar o kernicterus em recém-nascidos lesão neurológica permanente. A icterícia por aumento da BI geralmente não é acentuada e não ultrapassa os níveis séricos de 5mg/dL. 42 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG A icterícia é percebida nas escleróticas. Mas uma vez que é lipossolúvel, ela não é filtrada pelos rins, logo, o paciente não tem colúria. Pode ter aumento na excreção do urobilinogenio, mas de BD não. Pode haver aumento dos pigmentos nas fezes e urina: estercobilinogênio e urobilinogênio. (Por algum nível de conjugação de BI e BD) Favorece o surgimento de litíase biliar. (Como no caso de anemias hemolítica – anemia falciforme hemólise persistente, com formação de cálculos de bilirrubina // marcadores de função hepática em níveis de normalidade) Geralmente os marcadores de função hepática estão nos limites da normalidade. OBS.: nível sérico normal da BI: 0,8 – 1mg/dL. Icterícia por aumento da BI Aumento de Produção Hemólise Competição no Transporte Drogas (Sulfas, AAS) competição pelo sítio de ligação da BI com albumina. Defeito na Captação Síndrome de Gilbert Neonatal Defeito na Conjugação Crigler-Najjar I e II tipo I (ausência completa na conjugação), tipo II (maior grau de conjugação do que tipo I) fezes claras Hepatite Crônica/Cirrose HIB, HIC, autoimune Hipertireoidismo causa endocrinológica Icterícia no RN fototerapia Bilirrubina Direta Causa mais frequente de icterícia no adulto É hidrossolúvel, penetrando facilmente no tecido conjuntivo. Há colúria (termo semiológico para presença de BD na urina, a urina pode ser escura secundária à medicamentos, etc, e não necessariamente é colúria). “Coca-Cola”, “Chá Mate”. O prurido é um dos sintomas mais comuns nas colestases intra e extra-hepáticas, sendo secundário à concentração dos sais biliares na pele. Obs.: nível sérico normal da BD: 02 – 04 mg/dL Icterícia por aumento da BD Secundária ao defeito de excreção da BD no hepatócito Síndromes de Dubin Johnson (autossômica recessiva rara, hepatócito tem dificuldade de excretar) e de Rotor (autossômica recessiva rara, compatível com a vida, mas também há dificuldade de excreção). Colestase intra-hepática (medicamentoso – anabolizantes, ACO) Secundária ao defeito de excreção da BD à nível canalicular Intrínseca Extrínseca (colédoco, chegando na ampola de Vater) A colestase é a estase da bile, em qualquer ponto do seu trajeto, desde a sua formação no hepatócito até o duodeno. Cursa com aumento da BD, fosfatase alcalina, e gama glutamil transpeptidase (GGT). Colestase intra-hepática (metabólica e mecânica) e extra-hepática (mecânica) 43 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Colestase Intra-hepática Metabólica droga (ACO, esteroides anabolizantes), gravidez, sepse, hepatites virais agudas, hepatite alcóolica, hepatite crônica) Mecânica cirrose biliar primária, metástase hepática, linfoma e cálculos intra-hepáticos. Colestase Extra-hepática Sempre mecânica icterícia é produzida por um obstáculo localizado entre a bifurcação do ducto hepático comum e a papila de Vater. Há icterícia, colúria, acolia fecal (massa de vidraceiro) e prurido cutâneo (acúmulo de sais biliares na pele). Etiologias: coledocolitíase, tumor de ampola de Vater, CA de cabeça de pâncreas, colangiocarcinoma, e outras. Colestase intra-hepática sem dilatação das vias biliares tratamento clínico Colestase extra-hepática dilatação das vias biliares tratamento cirúrgico (curativo ou não) Paciente com tumor de cabeça de pâncreas com invasão de estruturas contiguas – drenagem da bile para a pele (intervenção feita pelo radiologista) – paciente melhora icterícia e alivia o prurido cutâneo. Manifestações Clínicas da Icterícia Cor da pele varia do amarelo pálido ao verde intenso (icterícia verdínica) – progressiva ou flutuante Colúria, acolia fecal obstrução mecânica total da via extra-hepática Prurido, que pode ser intenso – compromete a qualidade de vida Xantomas nas mãos, no pescoço e nas pálpebras, nas colestases prolongadas. Anemia hemolíticas e secundária à neoplasia. Emagrecimento neoplasias (sobretudo as periampulares) Febre colangites (tríade de Charcot: icterícia, dor abdominal e febre com calafrios), hepatites, síndromes hemorrágicas e neoplasias. Deficiência das vitaminas lipossolúveis A, D, E, K Hepatomegalia hepatites virais, síndromes colestáticas secundarias à neoplasia, hepatocarcinoma Esplenomegalia hepatites virais, cirrose com hipertensão portal 44 Semiologia dos Sistemas – Letícia Souza 70B FCMMG Vesícula de Courvoisier estrutura na forma de pera na região do HD em paciente com icterícia, colúria e acolia fecal (indicador de neoplasia periampular). Sinais de cirrose hepática eritema palmar, icterícia, teleangiectasias, ascite, baqueteamento digital, ginecomastia. Manifestações Laboratoriais Colestase
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