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1 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Apresenta peso médio de aproximadamente 20g. É dividida em diferentes zonas: ZT: zona de transição uretra prostática ZC: zona central ductos ejaculatórios ZP: zona periférica uretra distal (maior porção). Relações Anatômicas Bexiga (seta cheia) alguns processos podem haver queixas urinárias – repercussões na bexiga (invasão por contiguidade em CA de próstata, por exemplo). Reto (seta pontilhada) exame de toque retal (observa-se o tamanho da próstata, a consistência, existência de nódulo – fibroelástico ou pétreo?). Também pode haver invasão por contiguidade. Histologia da Próstata Existem dois componentes principais: glândulas (estruturas luminais) e estroma (tecido fibromuscular róseo que preenche o espaço entre as glândulas prostáticas). Existem dois tipos celulares que revestem as glândulas. Maior aumento células epiteliais (células colunares); células basais ou mioepiteliais (achatadas, com menor quantidade de citoplasma). Fisiologia Hormonal da Próstata Não possui receptores para a testosterona, apenas para di- hidrotestosterona (DHT). Por isso, é necessário que haja essa conversão hormonal, que é realizada pela enzima 5-alfa-redutase, produzida pelas células do estroma prostático. A DHT possui a função de modular proliferação e função do epitélio glandular, enquanto a testosterona age na libido e potência sexual. 2 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Epidemiologia Afecção prostática mais comum Muito prevalente à medida que há envelhecimento, e muitas vezes nem é considerada patológica Etiopatogênese Os mecanismos ainda não estão completamente elucidados, no entanto, acredita-se que pode ocorrer duas coisas: 1. Ação de Fatores Hormonais Além da produção de testosterona, que é convertida em DH pela 5-alfa-redutase, o homem também produz estrógenos, que são convertidos em DHT pela aromatase (enzima não presente na próstata). À medida que o homem envelhece, há queda na produção de testosterona e aumento relativo na produção de estrógeno (que não é convertida em DHT), e isso favorece o aumento da expressão dos receptores de DHT nas células prostáticas. Ação da DHT maior quantidade de estroma e quantidade de células que revestem as glândulas pela indução à proliferação estromal e diminuição da apoptose de células epiteliais. 2. Fatores de Crescimento Locais Fatores de crescimento locais podem ser produzidos pelas próprias células prostáticas, que possuem a função de induzir crescimento e proliferação das glândulas e estromas já presentes na próstata. O local de preferência da hiperplasia nodular prostática é a zona de transição – local de passagem da uretra. Ali existem glândulas chamadas glândulas da submucosa e mucosa. Em uma hiperplasia prostática, teremos proliferação glandular e estromal, e nas glândulas existem maiores quantidades de células epiteliais e mioepiteliais as estruturas proliferadas organizam-se em nódulos, por isso o nome. Morfologia Na figura à esquerda, a régua marca uma medida látero-lateral de +/- 5cm (normal 3,5), e é também esperado que haja aumento do peso (60-200g – normal: 20g) Na superfície de corte, observam-se nódulos de tamanhos variados. Na figura esquerda inferior, a uretra é marcada com o circulo preto – alongada pela compressão realizada pelos nódulos (em condições normais, seria circular) hiperplasia na zona de transição aspecto em fenda da uretra. 3 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Quando há mais glândula que estroma, a consistência do nódulo será esponjosa. Quando há mais estroma que glândula, a consistência é mais firme (pétrea), que é esperado nos casos de câncer. Na microscopia, o círculo destaca o formato de um nódulo que é visto me maior aumento. Apontado pela seta cheia estão as glândulas, que possuem lúmen e podem ser grandes, pequenas, cisticamente dilatadas ou ramificadas. Pela seta pontilhada, está apontado um tecido róseo que apresenta o estroma prostático proliferado. Na periferia da figura da esquerda, há proliferação do estroma prostático. Em seu centro, a figura de uma glândula prostática proliferada, com células colunares (epiteliais) e células basais (mioepiteliais). Na figura da esquerda, em sua periferia, estroma e pedaço de glândula proliferada, revestida por células epiteliais (colunares) e células basais. Na histologia, observa-se preservação da arquitetura tecidual, proliferação de estroma fibromuscular e glândulas (presença de células epiteliais e basais). No maior aumento não se consegue fazer distinção de próstata normal e hiperplasiada. Tratamento Cirúrgico Quando existe a possibilidade de tratamento cirúrgico, existem duas possibilidades: cirurgia aberta ou RTU de próstata (ocorre pela uretra a partir da introdução de uma espécie de bisturi elétrico, que chega até a próstata, promovendo uma raspagem da mesma). RTU = ressecção transuretral de próstata pequenos fragmentos prostáticos. Preferida, menos invasiva. Evolução e Complicações O crescimento e proliferação dos nódulos comprimem a uretra e impedem a passagem de urina. Bexiga de Esforço mais força necessária para empurrar a urina. Ao longo do tempo, há adaptação por meio de hipertrofia do musculo detrusor, aumentando a espessura de sua parede. Mas esse mecanismo adaptativo não é infinito e após certo período há hipotrofia e a parede se tornará mais fina comparada à parede inicial – alteração na contratilidade da bexiga. Prostatismo ou manifestações do trato urinário inferior poliaciúria (urina em pequena quantidade e várias vezes), noctúria, urgência miccional (alteração na contratilidade da bexiga), jato urinário fraco (pingos de urina), micção em dois tempos não são específicos!!!!!! 4 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Esvaziamento incompleto da bexiga ITU e estase urinária, podendo levar à hidronefrose e formação de cálculos urinários. Retenção Urinária Aguda obstrução completa da uretra. Necessidade de encaminhamento ao PA para sondagem. Refluxo Vesicoureteral urina ascende da bexiga em direção ao ureter, podendo inclusive atingir os rins, causando um quadro de hidroureter ou hidronefrose. No hidroureter, ocorre dilatação do ureter devido ao aumento da pressão intraluminária na região da pelve e cálices renais. Já na hidronefrose, ocorre dilatação da pelve e dos cálices renais com consequente hipotrofia do parênquima renal. Pielonefrite urina que atingiu o rim pode estar contaminada, podendo culminar em insuficiência renal ou doença renal crônica (exclusão renal). Na porção superior da figura, temos a bexiga aberta, e na inferior, a próstata aberta. A linha tracejada amarela indica hipertrofia da parede causada pela hipertrofia do musculo detrusor. A seta aponta um cálculo urinário na luz da bexiga, e o círculo nos mostra o lobo médio da próstata aumentado. Epidemiologia É o segundo câncer mais comum na população masculina, atrás do câncer de pele não melanoma, e é a segunda causa de óbito mais frequente na população masculina, atrás do câncer de pulmão. Manifestações Clínicas Carcinoma Clínico Apresenta manifestações clinicas – paciente procura atendimento, e ao toque retal, nota-se nódulo endurecido na próstata do paciente. Carcinoma Latente Carcinoma assintomático – paciente chega com exame de PSA elevado, sem queixa ao toque retal e nenhuma outra alteração. É detectado pela biópsia de próstata, e costuma evoluir de forma mais lenta. Carcinoma Oculto Apresenta manifestações clínicas através de metástases do câncer de próstata – paciente procura atendimento com fratura na coluna, com nódulos presentes que sãometástases do adenocarcinoma prostático. A maior parte dos pacientes apresenta carcinoma latente. Alguns autores dizem que quase todos os pacientes com 90 ou mais anos de idade apresentam algum pequeno foco de câncer de próstata que evoluem de forma muito lenta. 5 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Localização Principalmente a zona periférica (lobo posterior da próstata) região em que encontram-se as glândulas externas (glândulas prostáticas). Hiperplasia Nodular da Próstata Adenocarcinoma da Próstata Acometimento da zona de transição (lobos laterais e médio – grupos das glândulas da mucosa ou submucosa: glandular interno). Manifestações precoces relacionadas ao comprometimento/compressão da uretra. Acometimento da zona periférica (lobo posterior – grupo das glândulas externas: glândulas prostáticas). Manifestações tardia devido ao não comprometimento da uretra. Etiologia e Fatores de Risco Idade aos 50 anos, 20% dos pacientes terão adenocarcinoma de próstata. Aos 70-80 anos, cerca de 70% dos pacientes terão algum foco do câncer – maioria na forma latente. Raça negros > caucasianos > asiáticos acredita-se que a diferença esteja no tipo de receptor de andrógeno que é herdado por cada raça. Dieta dita rica em gorduras e agentes carcinogênicos aumenta o risco; dieta rica em licopeno (tomate) e em vitamina D funcionam como fatores protetores Histórico Familiar parente de primeiro grau dobra o risco, e dois parentes de primeiro grau aumentam em 5-9x o risco. Genética amplificação de oncogenes (MYC) e deleção de genes supressores tumores (TP53) – observado especialmente em pacientes jovens, com menos de 55 anos. Lesões precursoras identificadas do ponto de vista histológico (biópsia) – neoplasia intraepitelial prostática (PIN) ou NIP. Hormônios andrógenos estimulam o crescimento do câncer prostático (etapa de carcinogênese depende do estímulo), e estrógeno reduz a incidência (pacientes com cirrose apresentam menos câncer de próstata). Diagnóstico 1. Anamnese a maioria é assintomático. 2. Exame físico (toque retal) nódulo endurecido ou nenhuma alteração. 3. Laboratório (PSA) antígeno prostático específico – não é específico do câncer de próstata, mas sim da próstata. 4. Ultrassom nódulo hipoecoico na zona periférica ou nenhuma alteração. 5. Biópsia padrão ouro. Outros Biomarcadores Ainda não são de rotina, mas são simples, podendo ser detectados em exames de urina. PCA3 RNA não codificante superexpresso em 95% dos canceres de próstata. Pode ser dosado na urina dos pacientes com suspeita devido a um PSA elevado. Fusão gênica TMPRSS2-ERG rastreamento urinário. Aumenta a sensibilidade e especificidade. Exames para Acompanhamento TC ou RNM pélvica investigação da extensão da doença, presença de infiltração ou sugestão de metástases. 6 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Cintilografia óssea metástase óssea (mais comum, seguida da hepática e pulmonar). Dosagem de PSA acompanha evolução – após prostectomia, é esperado ao longo do tempo que o PSA vá reduzindo até que seu valor seja próximo de zero. Caso esse exame aumente o valor após dosagem ter se aproximado de zero, deve-se suspeitar de recidiva local ou metástase. Dosagem de PSA + Fosfatase Ácida Prostática elevados em quase todos os casos de metástase óssea. Níveis normais entre 0 – 4ng/mL) 80% dos pacientes com HNP apresentam níveis de PSA dentro da normalidade, 18% no nível limítrofe e 2% > 10ng/mL. A maioria (67%) dos pacientes com adenocarcinoma prostático apresentam valor de PSA > 10ng/mL. Cerca de 20% deles apresentam níveis de PSA total normais! Diante disso, é necessário analisar os níveis de PSA de outra forma, correlacionando-o com outros dados. Isoformas ou métodos de refinamento da dosagem de PSA Dosagem simples maior que 4,0ng/mL Densidade de PSA (PSA/volume prostático) se o volume da próstata é elevado, espera-se que os níveis de PSA também o sejam. Por isso, nem sempre a elevação é relacionada ao câncer de próstata, pode ser que o paciente possui a próstata grande. Velocidade de PSA quanto a dosagem subiu de um ano para outro. PSA ajustado à idade de acordo com tabelas de referência. Relação PSA livre/PSA total se <0,15, favorece adenocarcinoma. Morfologia – Macroscopia Área circulada região mal delimitada, coloração branco- pardacenta, área mais compacta em relação as demais áreas do paciente (esponjosas). Essa área se localiza em correspondência com a zona periférica (lobo posterior), sendo a morfologia esperada no adenocarcinoma de próstata. Em uma peça, não necessariamente será encontrada uma área que corresponde ao câncer, uma vez que a maioria dos canceres de próstata serão detectados apenas do ponto de vista histológico (latentes). Microscopia Células epiteliais são as únicas proliferadas – não há proliferação de estroma e nem células mioepiteliais. A figura circulada mostra uma glândula revestida apenas por células epiteliais, e entre as glândulas não há estroma (por isso estão próximas umas das outras). Ficam justapostas ou “back to back” – encostadas umas nas outras. 7 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Alteração da célula epitelial frequentemente encontrada no adenocarcinoma prostático núcleo evidente nas células epiteliais. Infiltração perineural ou invasão perineural tropismo por filetes nervosos (seta) em volta do filete há células epiteliais, com núcleo evidente. Comparação histológica - HNP X Adenocarcinoma de próstata Hiperplasia proliferação da glandula, do estroma – glandula revestida por celulas epiteliais e mioepiteliais (mantem-se arquitetura original da próstata). Adenocarcinoma proliferação de apenas células epiteliais, organizadas em estruturas glandulares justapostas, muito próximas umas das outras – pois não há proliferação de estroma. Não espera-se encontrar nucléo nas células epiteliais na hiperplasia nodular prostática, ao contrário do adenocarcinoma, bem como a infiltração perineural, que é esperada apenas no adenocarcinoma.’ Graduação do Adenocarcinoma Sistema de Gleason É graduado a partir de critérios histológicos, logo, é obrigatória a realização de biópsia. Neoplasia bem diferenciada imitação do tecido de origem Neoplasia pouco diferenciada perda da arquitetura, objetiva-se proliferar e invadir tecidos adjacentes, histologia pouco parecida com o órgão original. Grau 1: tumores mais organizados, com maior formacao de glândulas – bem diferenciados Grau 5: tumores desorganizados, sólidos – pouco diferenciados Obrigatoriamente tem que dar duas notas e a soma dessas notas – pode acontecer de encontrar mais de um padrão de tumor em um mesmo tumor. Exemplos Paciente 3 + 4 70% de área grau 3 e 30% de área grau 4 Paciente 4 + 3 70% de área grau 4 e 30% de área grau 3 – pior prognóstico Paciente 3 + 3 100% de área grau 3 Paciente 3 + 5 = 8 60% grau 3, 25% grau 4, e 15% grau 5 (sempre se escolhe primeiro o que tem mais porcentagem, e depois o de pior grau). Nos tumores grau 5, temos grandes áreas que constituem massas sólidas mas que não são estroma e nem a proliferação dele são células epiteliais que se organizam, formando um arranjo sólido. Na imagem: celulas epiteliais que não formam arranjos glandulares, mas sim fileiras de células. 8 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Evolução Pode ser restrito à próstata ou poderá levar a infiltração local de estruturas próximas, como uretra, bexiga e vesículas seminais. A infiltração da parede retal é tardia, pois entre o reto e a próstata existe uma fáscia que funciona como fator protetor contra a invasão. As metástases podem acontecertanto por via linfática para linfonodos regionais, quanto por via hematogenica: ossos >> pulmões >> fígado. Na imagem, foto da coluna vertebral seccionada longitudinalmente com metástase para os ossos. A seta pontilhada aponta para os discos intervertebrais, e a seta contínua aponta para um dos corpos vertebrais (locais característicos de metástase). A confirmação de que é uma metástase do adenocarcinoma prostático se dá apenas após confirmação histológica por biópsia dos nódulos células epiteliais semelhantes ao adenocarcinoma Metástases osteoblásticas produzem fatores que estimulam a atividade dos osteoblastos, responsáveis pela produção de matriz óssea, que não possui a mesma qualidade de um osso normal, por isso predispõe à fratura. Hipercalciúria metástase osteolítica: reabsorção óssea, mandando cálcio pro sangue. Paciente evolui com hipercalcemia e hipercalciúria – esperamos a situação contrária no cancer de próstata. Fatores Prognósgticos Quanto maior a nota do escore de Gleason, menos diferenciado é o tumor pior prognóstico. Quando houver invasão de cápsula, vasos, margens da uretra ou bexiga pior prognóstico. O estadiamento também se relaciona ao prognóstico maior estadiamento, pior prognóstico.
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