Buscar

CÂNCER DE PRÓSTATA - teoria e patologia

Prévia do material em texto

VICTORIA CHAGAS 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÂNCER DE 
PRÓSTATA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VICTORIA CHAGAS 
 
2 
 
CANCÊR DE PRÓSTATA 
❖ EPIDEMIOLOGIA 
 
 Segundo mais comum no sexo masculino (depois de CA de pele não melanoma) 
 Segundo na mortalidade em 2018: 1º pulmão, 2ª próstata, 3º colorretal 
 75% dos casos >65 anos 
 Maior incidência em negros → mortalidade 3x maior 
 
❖ FATORES DE RISCO 
 
 Consumo excessivo de álcool 
 Idade >50 anos 
 Tabagismo 
 Vasectomia 
 Histórico familiar – pai ou irmão com CA de próstata <60 anos 
 Obesidade 
 Afrodescendentes 
 Frequência ejaculatória 
 IST’s 
 Exposição a aminas aromáticas, arsênicos e fuligem 
 
❖ PATOGENIA 
 
 Mutações em células somáticas (TMPRSS2; ETS) e fatores de crescimento 
 Mutações no PTEN (crescimento e proliferação) 
 Mutações no MYC (proliferação celular) 
 BCRA-2 (supressor de tumor) 
 
 Metástases: reto, ossos (são frequentes nos estágios avançados da doença e tipicamente 
causam lesões osteoblásticas) e bexiga. Outros órgãos como pulmão, fígado e 
suprarrenais podem ser acometidas. 
 
❖ SINAIS E SINTOMAS 
 
 Na maioria dos casos cresce de forma lenta e não da sinais durante a vida 
 Em alguns casos pode crescer rapidamente e se espalhar 
 Com o aumento da idade a próstata aumenta de tamanho normalmente 
 Ausência de sintomas no estágio inicial 
 Alguns sintomas sugestivos (assemelham aos do crescimento benigno) → hesitação 
urinária; hematúria; diminuição da força do jato; mictória (vontade durante a noite); 
disfunção erétil; incontinência urinária; urgência urinária; dor óssea quando metastizado. 
 
❖ RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO 
 
 Cerca de 70-80% dos cânceres de próstata surgem nas glândulas externas (periféricas) e 
por isso podem ser percebidos nódulos duros e irregulares no toque real 
 Muitos são lesões pequenas, assintomáticos e não palpáveis → diagnóstico por biópsia 
 
 RASTREAMENTO: PSA (até 4ng/ml – acima de 10 indicar biópsia) + toque retal 
- 55 a 69 anos a cada 1 a 2 anos 
 DIAGNÓSTICO: Biópsia 
 ESTADIAMENTO: Escore de Gleason → 2 a 4 (25% de disseminar em 10 anos); 5 a 7 (50%) e 
8-10 (75%) 
VICTORIA CHAGAS 
 
3 
 
CÂNCER DE PRÓSTATA - PATOLOGIA 
 Próstata fica sob a bexiga, tem relação com a uretra e com o reto na porção posterior. 
 Normalmente apresenta umas 10/20g. 
 A próstata tem zonas diferentes: tem 
uma zona anterior (não tem muitas 
glândulas e é a parte mais difícil de 
acessar, fazer biópsia), uma zona 
posterior, uma zona central (ao redor 
da uretra), e uma zona periférica 
(cheia de glândulas). Entre a zona 
periférica e a central há a zona de 
transição da próstata. 
 
 Glândulas prostáticas → ácinos 
(células basais e luminais/secretoras) e 
ductos excretores revestidos por 
células cúbicas ou cilíndricas altas 
(núcleos são basais e citoplasma 
positividade para PSA) 
- células basais (células de reserva e 
diferenciando-se em células epiteliais 
secretoras) 
- Luz dos ácinos é franjeada 
- estroma (entre as glândulas) constituído de 
tecidos fibroso e muscular liso (é o estroma 
que contrai para ordenhar as glândulas) 
 
❖ HIPERPLASIA PROSTÁTICA 
 
 Ocorre proliferação/acúmulo tanto de células epiteliais quanto de células do estroma 
 Não existe hiperplasias malignas (usa benigno para tranquilizar pacientes) 
 Acomete 20% dos homens com 40 anos; 70% com 60 anos e 90% em 70 anos 
 Questões hormonais interferem no desenvolvimento da hiperplasia 
 Zona mais acometida → zona de transição 
 50% tem sintomas clínicos (muitas vezes é assintomático) 
- Podem ter dificuldade miccional, dificuldade de eliminar toda a urina, pode ter 
incontinência urinária e tem risco de desenvolver infecção urinária. 
 
 
 Crescimento prostático: 
- DHT (metabólito de testosterona) → a 5-α-redutase (nas células estromais) transforma a 
testosterona no DHT, que vai agir de forma autócrina ou parácrina, e nas duas formas vão 
estimular fatores de crescimento, por isso que a próstata cresce bastante. 
- Pode chegar a 60-100g, com múltiplos nódulos bem circunscritos/delimitados com 
aspecto variável de glândula e estroma, não encapsulados, com aumento na 
quantidade de glândulas e eventualmente cistificação das mesmas. 
- Pode ter nódulos mais estromais (predomínio) ou nódulos mais glandulares 
- Nas glândulas podem formar os corpos amiláceos, que são concreções das secreções 
 
 Macroscopicamente → a glândula é aumentada por nódulos de tamanho variável originados na 
zona de transição (região periuretral); origem lateral comprime a luz uretral (fica uma fenda); 
VICTORIA CHAGAS 
 
4 
 
medialmente projetam-se para o soalho da uretra, contribuindo para obstrução; podem se projetar 
para a luz da bexiga; nódulos bem demarcados que comprometem a porção interna da próstata 
 Microscopicamente → os nódulos são compostos de misturas variáveis de glândulas e estroma 
fibromuscular proliferativos; ocorre dilatação cística dos elementos glandulares (nodularidade) 
- as glândulas são revestidas por duas camadas de células (uma basal de epitélio cubóide inferior 
e outra de secretoras colunares); 
- outras alterações: áreas de metaplasia escamosa e infartos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma única glândula 
com formação de vários 
lúmens dentro (uma 
glândula normalmente 
tem apenas um lúmen) 
VICTORIA CHAGAS 
 
5 
 
❖ CÂNCER DE PRÓSTATA 
 
 Tipo mais comum é o adenocarcinoma da próstata (ácino é o lugar mais propício pro CA) 
 Doença de homens com mais de 50 anos de idade 
 Fatores de risco: idade, histórico na família, obesidade, fatores ambientais ... 
 Zona mais acometida é a periférica (70%) → facilidade de palpar (áspero e firme) 
 
 Macroscopicamente: lesões são mal demarcadas, firmes, 
amarelas, de contornos infiltrativo e crescimento irregular, 
que fica endurecida à palpação 
- 70% começa na zona periférica e está mais longe da 
uretra, é preciso de um tumor de tamanho considerável 
para causar compressão uretral no paciente, ou seja, os 
sinais e sintomas não são precoces 
 
 Microscopicamente: mais comum é o adenocarcinoma acinar 
- Varia de lesões bem diferenciadas a células neoplásicas pouco diferenciadas 
- Proliferação glandular pouco diferenciada (1 
camada de células cuboides) 
- Núcleo aumentado e nucléolo evidente 
- Glândulas menores e mais agrupadas, com 
distorção na arquitetura: glândulas cribformes 
(luz dentro de luz - tumor não diferenciado, 
prognóstico ruim), grupamentos de células 
sem luz, células em fila, células isoladas. 
- Possui muitas glândulas com luzes pequenas 
→ ácinos redondos e às vezes não sem luz 
 
- Possibilidade de uma glândula invadir o 
nervo é uma característica de malignidade 
 
- Se há um tumor dentro do tecido adiposo, 
quer dizer que o CA está crescendo na pelve 
pois próstata não tem gordura 
 
 Se dissemina infiltrando nas vesículas seminais, zonas periuretrais e podem invadir tecidos 
moles adjacentes (bexiga e reto) → disseminação local + vascular e linfática 
 
 Metástases mais comum → osteoblástica 
(principal), pulmão, fígado, suprarrenais, 
pleura e rins. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VICTORIA CHAGAS 
 
6 
 
o SCORE DE GLEASON → graduação e diferenciação do tumor 
 
 Principal fator marcador de prognóstico associado ao estadiamento 
 Há 5 padrões diferentes de glândulas 
 Damos uma pontuação de 1 a 5 
para as glândulas neoplásicas, 
sendo que quanto menor o 
número, mais bem diferenciado 
(ou parecido com o tecido 
normal) o câncer é. 
 Muitas vezes os cânceres de 
próstata têm áreas variáveis, de 
diferentes morfologias, dentro de 
uma mesma lesão por isso 
sempre soma o 1º padrão mais 
prevalente com o 2º mais 
prevalente; se o tumor tiver todo 
uma morfologia só, repete o 
número 
 Não basta dizer somente asoma, é preciso dizer os fatores, 
pois uma lesão 4 + 4 = 8 vai ser 
morfologicamente diferente de uma lesão 5 + 3 = 8, por exemplo 
 Lesões <6 são consideradas de bom prognóstico 
 
 
 
 
 
o PSA (antígeno prostático específico) 
 
 Substância produzida normalmente pelas células glandulares dos ácinos prostáticos 
 Quando aumentado → aumento da quantidade de glândulas 
 Valores séricos aumentam tanto na Hiperplasia Prostática quanto no Câncer de Próstata 
 Monitoramento do PSA é útil para avaliar a resposta à terapia ou a progressão da doença 
 
 Refinamentos para conseguir diferenciar hiperplasia e outros de um câncer: 
- Densidade PSA: Apresenta uma densidade mais elevada (PSA sérico/volume prostático) 
maior ou igual a 0,15 
- Velocidade de aumento do PSA aumenta (Aumento maior ou igual a 0,75 ng/ml/ano) 
- PSA livre/total → PSA que circula livre em relação ao PSA que circula associado a 
proteínas, menor que 20%. 
 
 A maioria dos CA de próstatas passam desperecidos pelo paciente até haver um exame 
de rastreamento da doença. 
 O prognóstico depende do estadiamento. A taxa de sobrevivência para o in situ e 
locorregional é grande, porém para os CA metastáticos é de apenas 30%.

Mais conteúdos dessa disciplina