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1 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Anatomia do Útero Dependendo da faixa-etária da paciente, se ela está gravida ou não, ele pode ter variação do seu tamanho e peso. Mulher na idade fértil e não gravida: Peso de 50-70g. Medidas: longitudinal 8cm, látero-lateral 6cm, profundidade 3cm. Ainda nessa paciente, os 2/3 superiores do útero são constituídos pelo corpo, e o 1/3 inferior é constituído pelo colo. Essas duas partes são separadas uma da outra por uma constrição denominada istmo. Essa proporção é encontrada em mulher fértil e não gravida as proporções variam em pacientes pediátricas ou mulheres na menopausa. Nesses extremos de idade, metade e constituída pelo corpo e metade pelo colo. O colo do útero representa o 1/3 inferior, e é dividido entre as porções ectocérvice (voltada para o canal vaginal) e endocérvice (entre o óstio externo e o óstio interno), também pode ser chamado de canal cervical ou endocervical. Nessa figura o colo do útero é visualizado como ocorre no exame ginecológico. A porção visível é a porção da ectocérvice. Além disso, observa-se o óstio externo do colo do útero, que varia de acordo com a nuliparidade da mulher. Em nulíparas, o orifício externo é circular, e a mulher multípara possui óstio externo em fenda, principalmente se o parto foi normal. Histologia A figura superior a esquerda representa o útero como se a paciente tivesse em pé corte no meio do colo do útero. Meio círculo azul: ectocérvice (porção voltada para vagina) Meio círculo preto: endocérvice Setas para a figura histológicas que estão relacionadas às mesmas cores. 2 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG A histologia dessas porções do útero são diferentes, como pode ser observado na lâmina: Ectocérvice epitélio escamoso estratificado, distribuído em estratos Endocérvice epitélio colunar simples, mucossecretor Em azul, na figura superior a esquerda, o círculo em vermelho mostra a divisão entre ectocérvice e endocérvice (região de transição). A essa transição do local de epitélio escamoso (ectocervice) e colunar (endocérvice) nomeamos de junção escamocolunar (JEC), e ela geralmente é encontrada ao nível do orifício externo. É uma divisão abrupta, dá para traçar uma linha exata de divisão entre os epitélios. Na figura inferior é a visão anatômica em posição ginecológica. As cores são as mesmas para as descrições anteriores: ao redor do óstio espera-se encontrar um epitélio escamoso, e na região em vermelho do óstio espera-se encontrar a JEC. Ectrópio e Metaplasia Escamosa Teste de Schiller: depósito de substância rica em iodo no colo do útero da paciente, que gruda e se fica nas células que possuem glicogênio (escamosas maduras). Percebe-se na figura da direita que ali tem célula escamosa madura, e existe uma área do colo que não está com a coloração, pois existe na mulher um fenômeno fisiológico chamado de Ectrópio. A JEC é abrupta, sabe-se exatamente onde termina um epitélio e se começa o outro. E isso é demonstrado na não coloração completa do colo do útero ectrópico observado na figura 2. Ectrópio eversão da JEC Habitualmente, a JEC situa-se a nível do orifício externo, porém, frente a determinados estímulos hormonais e idade, a JEC sofre eversão, chamado ectrópio. Com isso, o epitélio colunar simples mucossecretor (que era pra ficar na região da endocérvice) passa a aparecer na região da ectocérvice. Se os epitélios escamosos e colunar simples mucossecretor forem comparados, nota-se que o epitélio escamoso é mais resistente, e o mucossecretor passa a ficar exposto as condições do meio vaginal (pH ácido, flora bacteriana, traumas da relação sexual). 3 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Ocorre metaplasia escamosa substituição por epitélio mais resistente, no caso o epitélio escamoso. (O nome da metaplasia é dado a partir do epitélio que está substituído, o epitélio mais novo) Dessa forma, a área ao redor do óstio não captou o iodo pois existe ali um epitélio colunar simples mucossecretor (ectrópio). Com o tempo, esse epitélio é gradualmente substituído pelo epitélio escamoso. No teste de Schiller, inicialmente fica com uma coloração amarelada, depois marrom mais claro, e com o tempo o epitélio vai amadurecendo, e torna-se epitélio praticamente igual ao do epitélio escamoso maduro. Área iodo positiva no teste de Schiller negativo (área toda coberta com iodo) Área iodo negativa no teste de Schiller positivo (é importante perceber essa existência porque todo precursor do carcinoma invasor do colo do útero aparecem clinicamente como uma área iodo negativa) A diferença entre a área iodo negativa ser ectrópio ou lesão, é que em condição de lesão, não há alteração apenas na captação de iodo, mas também alterações de relevo e de padrão vascular. Além disso, quando existe lesão displásica, ela não costuma aparecer em volta de todo orifício externo, mas sim em apenas uma área. Metaplasia Escamosa Representação do colo do útero na porção superior da foto, e do canal vaginal pela porção mais clara. Em amarelo, foi representado o epitélio escamoso, e em azul, o mucossecretor. As glândulas ali localizadas despejam seu muco no epitélio do canal endocervical (mucossecretor). Figura A – localização da JEC: ao nível do óstio externo (círculo). Figura B – localização da JEC com eversão (epitélio colunar foi para fora/desceu) nível da ectocérvice Ectrópio (as glândulas desembocam no epitélio mucossecretor). Figura C – localização da JEC após ectrópio e metaplasia escamosa epitélio escamoso e de metaplasia de amarelo (no entanto, sabe-se que é metaplasia pela localização das glândulas, que estão em associação com o epitélio escamoso. Se não houvesse a metaplasia e ali antes fosse um epitélio mucossecretor, as glândulas desembocariam nele. Antes da metaplasia elas desceram junto com o epitélio que sofreu eversão, e ficaram ali, até que ele se tornou escamoso pela metaplasia). Após a metaplasia, a JEC continua sendo a transição entre o epitélio escamoso e o epitélio de metaplasia escamosa, logo, está a nível da ectocérvice a área compreendida entre a JEC original 4 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG e a JEC após a metaplasia é chamada de zona de transformação – local de observação de epitélios de metaplasia escamosa. O reconhecimento da zona de transformação é importante pois é uma zona de surgimento de displasias precursoras de carcinoma invasor do colo do útero, bem como a zona da JEC. Ali se encontram as células mais susceptíveis a infecção pelo HPV e a dar origem ao carcinoma invasor. Na figura macroscópica observa-se a região da ectocérvice, o canal cervical (seta) e uma lesão/alteração chamada de Cisto de Naboth em correspondência ao epitélio colunar simples mucossecretor, colo uterino apresenta glândulas produtoras de muco, que escoa por meio do epitélio da endocérvice (mucossecretor). Em pacientes que sofreram ectrópio, o epitélio colunar é substituído pelo epitélio escamoso estratificado, como demonstrado na figura a direita. Com o tempo, encontra-se o epitélio estratificado escamoso, e em correspondência com ele, as glândulas endocervicais. O muco produzido por essas glândulas endocervicais não conseguem escoar da mesma forma pelo epitélio escamoso estratificado, e é como se houvesse obstrução do orifício de saída das glândulas pelo epitélio de metaplasia escamosa. A glândula começa a represar o conteúdo expelido por ela, e acaba dilatando, dando origem ao Cisto de Naboth. O revestimento do Cisto de Naboth é o mesmo da endocérvice (colunar simples mucossecretor). Podem ser visíveis ao exame espectral. 5 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Não existe correspondência, doponto de vista patológico, de algum prejuízo para a paciente. É um achado do exame clinico que não é interpretado como anormalidade ou algo prejudicial a paciente. Neoplasia Cervical Epidemiologia 4ª neoplasia mais incidente para mulheres. No Brasil, ocupa o 3º lugar do ranking, atrás de câncer de mama e de cólon. Para cada ano do triênio 2020/2022, no Brasil, há estimativa de 16.590 novos casos (INCA) As estratégias para redução de até 80% da mortalidade são: rastreamento (preventivo papa nicolau); tratamento antecipado/acompanhamento de lesões precursoras de alto grau; e garantir organização, integralidade e qualidade dos programas. Possui um grande impacto populacional em mulheres jovens (45 anos, estatisticamente), economicamente ativas, em idade fértil e profissionalmente produtivas. Comporta-se como infecção sexualmente transmissível (HPV). Fatores de Risco HPV História sexual (múltiplos parceiros) História reprodutiva (multíparas possuem maior probabilidade de já terem adquirido o HPV ao longo da vida) Infecções sexualmente transmissíveis (probabilidade maior de adquirir HPV) Tabagismo (pode reduzir a imunidade local do colo do útero) Estados de imunodepressão Espera-se que 80% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o vírus HPV ao longo da vida. Mas não são todas as pessoas que desenvolvem a lesão frente à infecção pelo HPV. Na maioria, ocorre infecção latente ou passageira – 6 meses a 1 ano e meio ocorre imunização. Existem vários tipos de vírus HPV, alguns são de baixo grau oncogênico (raramente induzem lesões precursoras de alto grau), e existem HPVs oncogênicos (alto grau). Desenvolver ou não a lesão depende do tipo de HPV e do grau de imunidade da paciente desenvolvida frente a infecção. Papilomavírus Humano (HPV) Vírus de DNA da família Papovírus Mais de 30 a 40 tipos infectam a região anogenital e induzem a proliferação celular HPV de baixo grau: tipos 6, 11, 42 e 44 Induzem condilomas, NIC I e raramente lesão de alto grau. Permanecem na forma epissomal (fora do DNA do hospedeiro). HPV de alto grau: 16, 18, 31 e 33 Induzem lesão de alto grau e carcinoma invasor. Integram-se ao DNA celular. 6 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG 70% dos casos de carcinoma de colo de útero estão associados aos subtipos 16 e 18. A vacina quadrivalente engloba os subtipos 6, 11, 16 e 18. Patogênese Indução da lesão displásica pelo HPV Proteína E2 inibe a expressão dos genes E6 e E7 oncoproteínas Quando o HPV se incorpora ao DNA, ocorre interrupção/degradação da E2, aumentando E6 e E7 (por isso os HPVs de alto grau são mais lesivos, pois eles se integram ao DNA, e se possuem possibilidade muito maior de provocar essas alterações celulares do que os de baixo grau, que ficam na região epissomal). Proteína E6 do HPV se liga à p53 (detecta mutações e induz reparo) há degradação da p53 e inibição da apoptose e redução do reparo ao DNA + proteína E7 do HPV se liga à pRb (regula o ciclo celular) desativa a pRb descontrole no ciclo, estímulo a síntese de DNA e a proliferação celular. Isso causa instabilidade genômica das células epiteliais, acumulo de mutações, aumento da replicação e transformação celular. Evolução das lesões do HPV para CA Em todas as imagens estão representadas as células normais do útero na parte de baixo, e as células displásicas de cada fase estão representadas na pare de cima (elipses azuis) Letra A o HPV (amarelo) chega no colo do útero e entra no epitélio da região cervical por meio de pequenas lesões/traumas, e ele infecta as células da camada basal (bolinhas vermelhas). Muitas pacientes possuem infecções latentes, e em outras, as células que possuem o HPV começam a se multiplicar e apresentar alterações que promovem as alterações displásicas (elipses azuis). 7 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Letra B com o tempo, a proliferação dessas células dão origem a uma parte do epitélio que encontra-se as células atípicas do 1/3 basal do epitélio dessa célula (dividindo-a em três terços) NIC I (neoplasia intraepitelial cervical I), displasia leve ou lesão de baixo grau. Na maioria das pacientes, há regressão. Em outras, elas estacionam em NIC I, e em outras elas progridem. Letra C 2/3 basais do epitélio NIC II, displasia moderada ou lesão de alto grau. Uma porcentagem bem menor de pacientes regride a lesão, a maioria vai estacionar em NIC II ou evoluir. Letra D 3/3 do epitélio NIC III, displasia acentuada, carcinoma in situ ou lesão de alto grau. In Situ porque o que falta para ser invasor é ultrapassar a membrana basal, o que ainda não aconteceu. NIC II e NIC III são ambos lesão de alto grau, e podem ser tratados de maneira semelhante. Letra E carcinoma microinvasor e carcinoma invasor. Na área de estroma, nós temos alguns vasinhos e uma temos uma lesão que possuem capacidade de metastatizar. O exame de colo de útero possui a capacidade de detectar a lesão antes de ser uma lesão invasora. Na letra E, a lesão já ultrapassou a membrana basal, por isso ela não é considerada de baixo/alto grau, pois ela já invadiu a membrana e tornou-se um carcinoma invasor. Tempo de evolução habitualmente, levam 10 anos ou mais - mas pacientes podem evoluir de forma mais rápida, porque tudo depende do vírus e da relação do corpo da paciente com ela. Justifica-se a periodicidade com que o exame preventivo é feito. Pesquisar vacina do HPV e periodicidade do papa Nicolau. 8 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Coleta do preventivo do colo do útero É uma citologia a partir de um raspado do colo do útero do paciente. Espátula de Ayre, e escovinha (citobrush). Com a espátula coleta-se o material que se situa na ectocérvice, e com a escovinha, coleta-se o material que se situa na endocérvice. Na maioria das vezes, as alterações displásicas surgem na JEC. Quando se colhe o exame preventivo, deve se ter certeza de que foram coletados materiais que se situam nessa região, por isso coleta-se nas duas regiões para garantir. Após colocar o material na lamina, ele deve ser imediatamente fixado. Pode ser usado um fixador como na figura, mas geralmente se tem disponível nos ambulatórios é um frasco com álcool. Alterações citológicas: atipias nucleares, proliferação celular, perda de polaridade/diferenciação, e mitoses isso classifica as lesões de acordo com as classificações citadas anteriormente. Qual a referência de qual terço das células alteradas se encontram? Não se sabe em qual terço, mas é possível diferenciar as lesões em NIC I, NIC II e NIC III, porque a medida que a lesão vai evoluindo, não ocorre alterações em relação a espessura do local infectado, mas também vão apresentando alterações celulares que ficam mais acentuadas e graves, e a classificação ocorre de acordo com o grau de atipia. Evolução das lesões do HPV – exame de citologia Figura 1 célula escamosa normal na seta preta Seta preta pontilhada grupo de células colunares. Figura 2 célula com alteração induzida pelo HPV – efeito citopático do HPV – célula binucleada, hipercromasia nuclear, halo claro em volta do núcleo Figura 1 célula com aumento da relação núcleo/citoplasma, núcleos hipercrômicos. Figura 2 núcleos com contornos irregulares e hipercorados. Figura 3 células ceratinizadas (citoplasma mais rosa) – citologia de carcinoma invasor 9 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Condiloma acuminado: HPV – efeito citopático (lesão de baixo grau) O condiloma acuminado é uma lesão de aspecto verrucoso que aparece em regiões genitais ou anais masculinas ou femininas lesão em crista de galo (popularmente) Na microscopia, observam-se os efeitos citopáticos doHPV, como a coilocitose e a binucleação. A coilocitose é uma alteração celular caracterizada por alteração do núcleo (hipercromasia nuclear, binucleação, aumento da relação núcleo/citoplasma, alteração no contorno do núcleo), e em volta do núcleo atípico, encontram-se halos claros perinucleares. O condiloma acuminado é considerado dentro da categoria de lesões de baixo grau, pois é induzido por tipos 6 e 11 de HPV (baixo grau), e não evolui para carcinoma invasor. Neoplasia Epitelial Invasiva Classificação dos tumores invasivos do colo Carcinoma de células escamosas (85 a 90%) Adenocarcinoma (carcinoma adenoescamoso, sarcomas e melanomas) Carcinoma de Células Escamosas Características gerais Qualquer idade, com maior frequência entre 40-45 anos Início precoce da vida sexual culmina em redução da idade de incidência. Etiopatogenia: HPV de alto grau (sobretudo o tipo 16) Sinais e sintomas: podem estar ausentes em tumores mais iniciais, corrimento, sangramento genital e dispaneuria 10 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG As NICs não dao sintomatologia, por isso é importante a realização periódica do Papa Nicolau. Macroscopia dos CCEs Nas três figuras, observam-se lesões de aspecto vegetante que ocupam parte da ectocérvice. No caso da lesão superior à direita e da lesão superior, podem ser vistas áreas ulceradas do tumor, que já estão entrando na endocérvice e alterando a anatomia do colo do útero da paciente. Nessa imagem, observa-se um tumor em fase mais avançada infiltrando por contiguidade as estruturas adjacentes. Setas amarelas útero seccionado longitudinal Seta amarela cheia corpo do útero Seta amarela pontilhada colo do útero (anatomia subvertida e alterada pela presença de massa infiltrativas de aspecto necrótico e hemorrágico, que não está mais restrita ao colo). Setas pretas bexiga Seta preta pontilhada área brancacenta infiltrada pelo tumor na parede da bexiga. Seta preta contínua Setas vermelhas reto Seta vermelha pontilhada área brancacenta infiltrada pelo tumor na parede do reto. Microscopia do CCE Ninhos de células escamosas atípicas, e dentro deles podem ser observadas estruturas róseas pérolas córneas (acúmulos de ceratinas de forma arredondadas) Qualquer neoplasia invasora pode ser bem, moderadamente ou pouco diferenciado. 11 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Neoplasia bem diferenciada utiliza sua energia para imitar a célula/tecido a partir da qual ela veio. Neoplasia pouco diferenciada célula proliferada não imita o tecido ou a célula original gasta toda sua energia para se proliferar e invadir. Regra do PP pouco diferenciadas pior prognóstico. No caso do CCE, a pérola córnea representa ceratina, e as células escamosas são capazes de produzir ceratina. Se o CCE tem muita pérola córnea, significa que a neoplasia ali ainda é bem diferenciada e ainda tenta imitar a função da célula de qual ela veio. Evolução do CCE Pode ficar restrito ao colo ou invadir o corpo do útero, vagina, e dos paramétrios, e até mesmo infiltrar o ureter. Metástases em linfonodos pélvicos e inguinais. Invasão por contiguidade bexiga ou do reto aderências com estruturas vizinhas cirurgia mutiladora Metástases hematogênicas (medula óssea, fígado e pulmões). A maioria das pacientes falece em decorrência da infiltração do tumor para as estruturas adjacentes, como por invasão renal, ureteral, podendo ocasionar em infecção urinária, pielonefrite, e outras complicações que podem culminar em óbito. Adenocarcinoma Cerca de 15% dos carcinomas do colo Origem em glândulas endocervicais. Neoplasia intra-epitelial glandular adenocarcinoma in situ Proliferação de glândulas atípicas que invadem o estroma adjacente Muitos fatores epidemiológicos de risco para o CCE são aplicáveis ao adenocarcinoma, como por exemplo a infecção pelo HPV especialmente o 18 Macroscopia Útero seccionado (deitado), a seta preta aponta a região do colo, contendo uma massa infiltrativa e que apresenta um aspecto esponjoso, que apresenta pequenos orifícios que representam o lúmen das glândulas que formam o adenocarcinoma. 12 Patologia Médica II – Letícia Souza 70 FCMMG Microscopia Estroma células atípicas revestindo essas glândulas. Resumo da história do carcinoma do colo do útero Atividade sexual exposição do HPV que pode infectar especialmente as células da zona de transformação do colo do útero (JEC) diferenciação escamosa ou diferenciação celular endocervical Diferenciação escamosa lesão intraepitelial escamosa baixo grau ou alto grau (carcinoma escamoso invasor) Diferenciação colunar endocervical lesão intraepitelial glandular (adenocarcinoma invasor) A paciente geralmente terá uma infecção latente ou transitória, e outras podem acabar desenvolvendo as lesões, que muitas vezes serão as precursoras do carcinoma. Os fatores associados para a evolução das lesões para carcinoma ou adenocarcinoma são tabagismo, contraceptivos orais, número elevados de parto, estado imunológico, alterações genéticas e tempo. Prognóstico Estadiamento (TNM) Tamanho tumoral (sobrevida de 95% em menores de 2cm; 79% entre 2 e 3cm; 47% maiores que 4cm. Tipo histopatológico: tumores não epidermoides com pior prognóstico em relação ao CCE Invasão do corpo uterino Profundidade de invasão estromal Invasão linfovascular Metástases linfonodais Margens cirúrgicas