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Resumo por: Yasmin Barros - @idealizavet @yasminbarro.s Valvopatias adquiridas: do diagnóstico ao tratamento Degeneração mixomatosa valvar mitral É a doença cardíaca mais comum em cães, responsável por cerca de 75% a 80% dos casos de insuficiência cardíaca congestiva (ICC). É caracterizada por ser uma doença crônica degenerativa de lenta progressão. Lenta progressão: no início tem-se um sopro leve e discreto na auscultação, com a progressão da doença há a piora da magnitude do sopro, indicando que houve agravamento da degeneração mitral. Prevalência das regiões afetadas: 62% valva mitral 32,5% valva mitral + tricúspide 1,3% valva tricúspide Afeta principalmente cães de pequeno a médio porte; cães idosos (90% dos casos acontecem em cães acima de 13 anos e 30% dos cães acometidos progridem para ICC); prevalência maior em machos, com uma proporção de 2:1. Predisposição genética: se o animal tem a doença e apresenta a manifestação clínica, os filhos também vão ter a doença com as manifestações clínicas, ou seja, a gravidade da doença é passada hereditariamente. Desordem genética: acontece por problema no metabolismo de glicosaminoglicana e metaloproteinases. No poodle e no maltês a progressão é lenta, já no tekel a progressão é mais rápida e os sintomas mais agressivos. Descompensação do quadro: Edema pulmonar secundário a valvopatia mitral, muito difícil de estabilizar, após estabilização volta rapidamente para um estado refratário. Fisiopatologia A doença valvar crônica pode ocorrer em qualquer componente, mas o principal componente afetado são os folhetos, podendo afetar também as cordoalhas tendíneas (casos mais graves, mas pouco frequentes). Setas: cordoalhas tendíneas que se prendem ao musculo papilar. Durante a diástole, a válvula mitral se abre pro sangue passar do átrio esquerdo (AE) para o ventrículo esquerdo (VE). Prolapso valvar mitral: Parte do folheto invade o átrio esquerdo (prolapso valvar mitral), indicando que a válvula tem uma fragilidade, devido a uma falha principalmente no metabolismo de glicosaminoglicano e metiloproteinase. O sangue batendo na válvula, vai criando lesões, que são cicatrizadas com a deposição de tecido mixomatoso, substituindo o tecido fibroso afetado. O tecido mixomatoso faz com que as válvulas se enruguem e fiquem ainda mais fracas. A maior parte desse tecido mixomatoso se deposita em maior parte no folheto valvar, mas também pode se depositar nas cordoalhas (causando sua ruptura), se for uma cordoalha muito grossa, a doença se agrava. Regiões amarelas: tecido mixomatoso. Rompimento das cordoalhas tendineas. Coração visto de cima: folhetos bem enrugados com orifico regurgitante importante. Imagens da esquerda: coração normal, sangue saindo do VE e indo para aorta. Imagens da direita: observa-se volta de sangue do VE para o AE Dependendo do tanto de sangue que está sendo regurgitado, fica mais sangue represado no átrio esquerdo do que sangue saindo para perfusão tecidual, o que leva a queda do débito cardíaco (DC), ativa mecanismos compensatórios e posteriormente começa a manifestar sintomatologia clínica. No início da doença, pode-se auscultar o sopro, mesmo que não tenha diminuído o DC. Regurgitação mitral (por volta de 70%) → Redução do débito cardíaco → Ativação dos sistemas neuro-hormonais (SNS e SRAA) → Vasoconstrição, taquicardia, fibrose miocárdica → Remodelamento cardíaco → Insuficiência cardíaca congestiva Aumento do coração da parte esquerda, do lado direito não há aumento. Diagnóstico Manifestações clínicas Paciente assintomático: sopro sistólico foco mitral; sopro sistólico foco tricúspide. Grau I, Grau II: comumente não apresenta manifestações clínicas, apenas sopros sistólicos de baixa intensidade. Paciente sintomático: Cansaço: devido ao baixo débito cardíaco e a hipóxia. Tosse: devido ao aumento atrial esquerdo, pressionando brônquio principal, onde estão presentes receptores de tosse. Dispneia: quando se tem quadro de edema pulmonar. Depois da tosse: podem expectorar uma substancia esbranquiçada, fazer mimica de vomito ou pode até vomitar (pois o centro da tosse está perto do centro do vomito), tutor pode relatar que o animal pode estar engasgado. Pode ter associação da degeneração da válvula mitral com a degeneração da válvula tricúspide. Aumento importante do AE Área radiopaca em região perilar, nos lobos caudais, onde se encontram as veias pulmonares, que vão desembocar no AE. Eletrocardiograma Arritmia atrial A regurgitação batendo cronicamente no AE pode ocasionar lesões de jato, formando tecido fibroso, que são focos arritmogênicos. Complexo atriais prematuros e fibrilação atrial Onda P: despolarização do átrio Complexo QRS: despolarização do ventrículo Onda T: repolarização do ventrículo Arritmia ventricular Complexos ventriculares prematuros ou QRS anômalo A avaliação do tamanho das câmaras cardíacas não são confiáveis. Exame ecocardiográficos> informa a anatomia hemodinâmica do coração (quanto que essa doença impacta a vida do paciente) Confirmação da doença, pela observação de degeneração das cúspides, regurgitação mitral e aumento das cavidades. Exame feito para monitorização e prognóstico. Seta: dá pra observar o prolapso mitral e o orifício regurgitante AE: normal AE: aumentado de volume Quanto maior o tamanho do AE > maior será o sopro > maior volume vai estar sendo regurgitado > menor vai ser o DC. Relação AE/Ao tem que ser menor que 1,6, se for maior já é indicativo de começar o tratamento. Estadiamento A: predisposição para DVCM – cães de pequeno porte B1: sinais de DVCM sem remodelamento cardíaco B2: sinais de DVCM + remodelamento cardíaco C1: paciente com ICC descompensado hospitalizado C2: paciente com ICC crônica D1: paciente com ICC refratária hospitalizado D2: paciente com ICC refratária manejo residencial A Pacientes que apresentam predisposição a desenvolverem alguma cardiopatia. Não se faz necessário acompanhamento e nem tratamento B1 Paciente assintomático para ICC: sopro sistólico em foco mitral, não apresentam evidências de remodelamento cardíaco em resposta à valvopatia mixomatosa mitral (VMM), bem como aqueles em que as alterações do remodelamento estão presentes, mas não são graves o suficiente para atender aos critérios atuais dos ensaios clínicos utilizados para determinar o início do tratamento. Exames de imagem: sem remodelamento cardíaco. DIVEd (tamanho interno do ventrículo esquerdo em diástole) normalizado < 1,7; Relação AE/Ao < 1,60. Manejo terapêutico: terapia medicamentosa não recomendada. Reavaliação a cada 6-12 meses. Parece uma baleia (AE – em amarelo): pra ver se tem aumento da câmara divide diâmetro do AE/pelo dímetro da aorta (em vermelho), essa relação no cão valvopata tem que ser maior que 1.6. Não tem remodelamento importante, mas tem a cardiopatia. Estágio B1. B2 Paciente assintomático para ICC (pode apresentar taquicardia e tosse): sopro sistólico foco mitral grau maior ou igual 3/6. Exames de imagem: com remodelamento cardíaco; Ae/Ao maior ou igual a 1,6; DIVEdN (tamanho interno do ventrículo esquerdo em diástole) igual ou maior que 1,7; VHS (método vertebral heart size – avaliação do tamanho cardíaco) maior ou igual a 10,5. Tratamento terapêutico para retardar a progressão da doença. o Pimobendam 0,25 – 0,3 mg/kg/BID: é um inodilatador, dilata vasos e aumenta força de contração, aumentando DC, diminuindo a resistência e retardando compensação de mecanismo compensatório e as consequências como edema pulmonar. Medicamento de alto custo. o iECA: para doença valvar mitral não funciona, progride mesmo com o uso do medicamento (dar somentepimobendam). Já em cães assintomáticos com cardiomiopatia dilatada, pode retardar a progressão da doença. Na cardiomiopatia dilatada, o cão já tem ativação do SRAA. o Dieta para cardiopata: pois possui menor quantidade de sódio e possui nutrientes com facilmente absorvidos, prevenindo a caquexia cardiogênica. Em gatos, ambos medicamentos falharam mostrar benefício para retardar a progressão. O indicado é o uso de um anti agregador plaquetario, para evitar aparecimento de trombos. Nesse estádio, não é indicado uso de diurético, pois facilita a ativação dos mecanismos compensatórios, piorando o quadro do animal. C1 Paciente sintomático: insuficiência cardíaca congestiva aguda > manejo hospitalar. Diagnóstico: Exame radiográfico, exame ecocardiográfico, ultrassonografia torácica. Manejo terapêutico: perfil clínico hemodinâmico o Oxigênioterapia: butorfanol 0,1 – 0,3 mg/kg/IM o Furosemida: 2 mg/kg/IV – máximo 8 mg/kg a cada 4 horas; infusão contínua 0,6 – 1mg/kg/hora – máximo de 12 mg/kg dia o Pimobendam: 0,25 mg/kg/VO o Vasodilatadores: nitroprussiato de sódio 1 -10 µg/kg/min o Inotrópicos positivos: dobutamina (ação rápida, aumenta a força de contração, em caso de disfunção sistólica) C2 Paciente sintomático: insuficiência cardíaca congestiva crônica > manejo domiciliar. Analisar FR, pois em se tiver acima de 42 em repouso, é indicativo de edema pulmonar. Diagnóstico: exame radiográfico, exame ecocardiográfico e ultrassonográfica torácica Manejo terapêutico: Pimobendam, Inibidor da ECA, espironolactona, furosemida. A aldosterona diminui a ação do SRRA, ela se liga em receptores da célula cardíaca, induzindo fibrose (apoptose celular). A espironolactona é antagonista da aldosterona, ela é usada para reduzir a indução de fibrose miocárdica (efeito cardioprotetor). Existe síntese de angiotensinogênio II por vias de quinases. Quando se tem um tratamento crônico, essa síntese começa acontecer, por isso a importância de associar a espironolactona, já que ela é antagonista da aldosterona e vai diminuir taxa de fibrose cardíaca. Estudos mostram que a espironolactona junto com o inibidor de ECA retardam a progressão da doença nos estágios C. Exame ecocardiográfico: O sangue do AE passa pro ventrículo esquerdo por velocidade. A velocidade da onda E mostra isso, quanto mais rápida for a onda E, maior é a pressão de preenchimento do ventrículo, consequentemente maior volume de sangue no AE. Uma onda E muito alta, indica grandes riscos de desenvolver o edema pulmonar. Onda E alta, mesmo sem edema, já é indicado dar inibidor da ECA associado a furosemida (diurético), como manejo para evitar aparecimento de edema pulmonar. D1 Paciente refratário ao tratamento: insuficiência cardíaca congestiva aguda > manejo hospitalar Diagnóstico: Exame radiográfico, exame ecocardiográfico, ultrassonografia torácica Manejo terapêutico: Idem C1 > otimização das doses D2 Paciente refratário ao tratamento: insuficiência cardíaca congestiva crônica > manejo domiciliar Diagnóstico: exame radiográfico, exame ecocardiográfico, ultrassonografia torácica Manejo terapêutico: Idem C2 o Diuréticos: furosemida – substituir uma das doses para via subcutânea; torsemida: 0,1 - 0,2 mg/kg/VO a cada 12 ou 24 horas. o Associação de vasodilatadores: anlodipina, hidroclorotiazina o Associação de diuréticos: hidroclorotiazina o Controle ritmo ventricular: digoxina o Controle pressão arterial pulmonar: sildenafil Monitorar função renal e pressão arterial. Complicações Hipertensão Arterial pulmonar Arritmias: taquicardia supraventricular, fibrilação atrial. Ruptura atrial esquerda
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