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Resenha Crítica - Olhos que Condenam à Luz do Processo Penal Brasileiro

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RESENHA CRÍTICA: ATRAVÉS DO PRIMEIRO CAPÍTULO DA SÉRIE “OLHOS QUE CONDENAM
 
 
INTRODUÇÃO
A série “Olhos que condenam”, criada por Ava DuVernay, é uma obra extraordinária, que retrata a realidade de acontecimentos em um Estados Unidos essencialmente racista, com uma série de aspectos que perduram até a atualidade e perpassam os limites das fronteiras desse país, chegando, por exemplo, ao Brasil. Analisa-se o primeiro episódio que se norteia em 19 de abril de 1989, quando os cinco protagonistas foram acusados de estupro injustamente pela falta profissionalismo, ética e legalidade, em relação aos agentes da lei, com uma discriminação recorrente do período, criando provas falsas e ilegais.
A realidade da condução das investigações preliminares, ou melhor, a ausência de qualquer investigação, se conecta com o capítulo da série. O inquérito policial é conduzido com base nos relatos policiais elaborados após a prisão, quando se trata dos crimes mais comuns, como furto, roubo e homicídio. Ademais, a discriminação do poder punitivo, a influência midiática e a inobservância de princípios e direitos fundamentais, são pautas comuns e realísticas da série, demonstrando claramente a realidade do pré-processo. 
“OLHOS QUE CONDENAM” E O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Gulherme Nucci (2016, p. 554) entende a prisão em flagrante como:
[...] a modalidade de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que se desenvolve ou termina de se concluir a infração penal (crime ou contravenção penal).
Nesse sentido, entende que a prisão deve passar pela avaliação imediata de um magistrado, a fim de verificar sua legalidade. No Brasil, a prisão em flagrante encontra respaldo constitucional no art. 5º da Constituição Federal, em seu inciso LXI:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
        	O “piloto” da série Olhos que Condenam retratam o cenário usual dos flagrantes e do papel da polícia no curso da investigação, principalmente em relação à incriminação dos sujeitos. Nessa senda, torna-se importante analisar o auto de prisão em flagrante, documento essencial para a investigação criminal no Brasil.
        	Inicialmente, constata-se que a detenção dos garotos, negros e pobres, ocorreu por um motivo muito menos grave que o estupro posteriormente indicado. Assim, a influência da polícia nas investigações é visível, através de uma série de violações a princípios e direitos fundamentais. Na série, não diferentemente da realidade, a tortura física e a psicológica são meios para alcançar a “verdade processual” da polícia, aquela que a Instituição deseja.
        	No auto de prisão em flagrante (APF) está a documentação do flagrante, com a descrição dos fatos, dados dos autores da prisão e do conduzido, além da oitiva de testemunhas, por exemplo. Todavia, fato interessante é que as prisões, normalmente, têm apenas os policiais como testemunhas. Ora, como é possível concluir sobre circunstâncias e fatos, apenas pela visão de quem efetuou a prisão? Incrivelmente, essa é a realidade de grande parte das prisões em flagrante.
        	Nessa perspectiva, é necessário observar os direitos do sujeito preso, dentre eles, o de saber o motivo da sua prisão. Na maioria dos APFS, a informação da ciência do preso acerca dos seus direitos individuais está presente. Entretanto, ocorre que, as prisões efetuadas são eivadas de procedimentos legais e que preservem os direitos individuais do indivíduo. Na série, apesar de sua irrealidade, notam-se aspectos reais do tratamento indigno e eivados de ilegalidade nas prisões em flagrante.
O aspecto já citado, que envolve a prevalência dos relatos policiais na condução da investigação criminal, possibilita a estes, uma aparência de legalidade em seus atos, como essencialmente demonstrado na série. Para obter os relatos dos garotos conduzidos e moldar as circunstâncias do crime aos seus desejos, os policiais responsáveis pela prisão utilizaram de métodos extremamente persuasivos, além de completamente ilegais, como obrigar adolescentes, por meio de tortura, a auto incriminar-se.
Voltando-se à centralidade do APF nas investigações criminais preliminares, e relacionando com o capítulo da série outrora citada, faz-se a constatação de que os relatos policiais relacionados às circunstâncias do fato, através da fé pública que possui, impede a ocorrência de investigações contundentes, baseadas em provas. A noção do princípio da verdade real, no processo, deve ser atrelada às provas e indícios, nesse sentido, adotar o APF como principal fundamentação, esvazia o sentido desse e de diversos outros princípios.
Ademais, os meios de defesa dos adolescentes em relação à suas prisões foram praticamente esvaziados, uma vez que a autoincriminação provocada e a criação das circunstâncias pelos policiais, foram criados de modo a atribuir, fielmente, a autoria do crime aos garotos.
Outra observação importante é quanto ao alvo das prisões injustas, normalmente de jovens, negros e pobres, como na série. O perfil da população carcerária é definido por, na visão de Felipe Monteiro e Gabriela Cardoso (2013, p. 9), uma política de repressão e criminalização a pobreza. Nesse viés, tendo em vista a centralidade do APF, junto aos relatos policiais, na investigação pré-processual, a tendência das prisões em flagrante é a condução de pessoas com esse perfil, seja por tráfico, furto ou roubo, sem qualquer investigação aprofundada, nem provas contundentes.
A influência e a pressão da mídia, indicando os autores do crime também contribuem para a realidade das prisões injustas, pois induzem polícia e os outros atores da investigação criminal à entregar o resultado desejado e influenciado pela massa.
Portanto, para haver perspectiva de existência de investigações reais, a diminuição dos índices de prisões, e ainda mais necessário, o número de prisões injustas e ilegais, compreende-se que o APF e os relatos policiais devem ocupar espaço menor na investigação. Ademais, os princípios e direitos individuais devem estar sempre primeiro plano, para tal, a instauração efetiva da audiência de custódia é uma necessidade urgente e fundamental para tal mudança.
OLHOS QUE CONDENAM E O RECONHECIMENTO DE PESSOAS COMO FONTE DE INJUSTIÇAS CRIMINAIS.
O artigo de Leonardo Marcondes Machado e Raphael Jorge de Castilho Barilli Leonardo, com o tema “o reconhecimento de pessoas como fonte de injustiças criminais”, apresenta informações a respeito da realidade do processo de identificação de pessoas suspeitas, salientando como existe um sistema falho e discriminatório visando uma parte da sociedade mais desfavorecida. A publicação também demonstra alguns exemplos concretos que ocorrem no dia a dia contados pelos autores por serem delegados de regiões diferentes onde acontecem as mesmas situações.
Os textos apresentados expõem relações parecidas, mesmo sendo fontes diferentes de informações, onde um se apresenta através de uma série e o outro através de um artigo científico. As relações definidas entre os dois, foram as identificações das vítimas por testemunhas, que criam um padrão visual de criminoso pela sociedade como abordado pela delegada na série, apontando os protagonistas como criminosos, ao ponto de criarem provas para incriminá-los pelos padrões já formado, que seriam os pretos, pobre e menos favorecidos economicamente. Nesse caso, volta-se a questão da policia como testemunha das prisões em flagrante, salientando as alterações de fatos e circunstancias no intuito de incriminar os adolescentes, antes detidos por perturbação.
A discriminação acaba criando um padrão visual de quem é bom ou ruim, o que fere diversos princípios, como o princípio da dignidade da pessoa humana e o princípio do estado da inocência ou presunção da inocência, previstos, por exemplo, nos arts 1º e 5º da Constituição Federal:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúveldos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:                                                              
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:                                                
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Como princípios e direitos fundamentais, previstos na Lei maior, a dignidade da pessoa humana e a presunção de inocência, por exemplo, deveriam ser basilares de um direito processual penal justo e legal. Entretanto, como é possível observar na série, que não encontra-se distante da realidade, os policiais saem a procurando de jovens negros com uma descrição preconceituosa, para conduzi-los ao interrogatório sem terem sido pegos em flagrante, sem diversos direitos, entre os quais o de negativa à condução e o da presença de responsáveis, diante da condição de adolescentes. Em um bairro de maioria negra, encaixando-se na descrição, pouco importa a participação no crime, mas tão somente a sua condição socioeconômica.
Ademais, o princípio da verdade processual é, por todo espaço de tempo do capítulo, violado. Como reconhecem Leonardo Machado e Raphael Barilli, crimes que só possuem a presença de vítima e autor, como crimes sexuais, têm no reconhecimento, meio de prova preponderante. Ora, no caso da série, a vítima não tinha possibilidade de reconhecer o autor do crime, assim, somado a todos os artifícios para alterar os relatos do crime, pelos policiais, não havia possibilidade de mudar a realidade dos adolescentes.
Por tudo exposto, é notório que o reconhecimento pessoal origina diversas prisões injustas. Todavia, pondera-se que tal meio de prova seria de fundamental importância, em alguns casos. Isso indica que nenhuma prova deve ter status de prevalência sobre as outras, o que deve ocorrer é a análise conjunta das provas, pois, assim como o reconhecimento pode gerar erros judiciários, o mesmo se repete quando na impossibilidade de reconhecimento
OLHOS QUE CONDENAM E “O DIREITO DO RÉU DE NÃO SER SURPREENDIDO PELA ACUSAÇÃO E O ARTIGO 385 DO CPP”.
Relacionando o episódio da série com o texto ''O direito do réu de não ser surpreendido pela acusação e o artigo 385 do CPP'', entende-se  a importância do Estado Democrático de Direito na garantia da segurança jurídica quando se trata da restrição da liberdade e aos patrimônios do sujeito. Estado Democrático  que exige a garantia de direitos fundamentais aos indivíduos, permitindo que os mesmos tenham a oportunidade de se defenderem, se manifestarem e possuírem uma defesa técnica. 
 Todo individuo deve ter a possibilidade de apresentar argumentos e interpretações como meios de defesa, além de ser permitida a  apresentação de provas contrárias ao fato e sanção que lhe estão sendo imputados pelo Estado. Sendo assim, deve-se observar e garantir em toda acusação  o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, como meios de garantia da segurança jurídica.
O que se apresenta nas cenas do episódio é que os então acusados não tiverem a oportunidade de defesa, aos mesmos não foi ofertada a possibilidade de apresentarem argumentos e interpretações que pudessem ser contrários à pretensão estatal. Os suspeitos do crime de estupro foram submetidos a depoimentos forçados, nos quais não tiveram oportunidade a uma defesa técnica. Há no episódio uma violação clara à ampla defesa, ao contraditório e uma gama de outros princípios. Aliás, não seria exagero dizer que ali, nenhum direito ou princípio fundamental foi realmente respeitado. Os indivíduos foram forçados a assinar acusações que não ocorreram, não havendo momento algum em que os garotos puderam apresentar seus fatos como realmente aconteceram.
Há uma violação ao que é defendido constitucionalmente, nesse caso,  não é permitido que se surpreenda indivíduos com restrição à liberdade e aos seus patrimônios sem que antes sejam ouvidos e apresentem suas defesas técnicas. Assim, o que realmente acontece nas cenas do episódio em questão, é que os sujeitos tiveram suas liberdades restringidas antes mesmo de serem ouvidos, há uma coação quando se trata da obtenção dos depoimentos. Os profissionais querem chegar a uma conclusão do caso à qualquer custo, sem se preocuparem com os argumentos que os acusados têm a oferecer.
O texto trata especificamente das garantias e direitos dos acusados, abordando que constitucionalmente só se aceita a restrição da liberdade quando os acusados tiveram conhecimento dos aspectos materiais e processuais que os envolvem e que podem afetar quando se tratam das defesas. Totalmente o oposto dos aspectos e da realidade dos adolescentes da série, havendo restrição de liberdade sem conhecimento prévio de aspectos  processuais e materiais, e ainda, confissões forçadas e distorcidas sobre o crime cometido. 
 OLHOS QUE CONDENAM E A “EFICÁCIA DOS ATOS DE INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR”.
Entre as folhas 204 a 2019 do livro “Investigação preliminar no Processo Penal, Aury Lopes Jr. e Ricardo Gloeckner tratam da eficácia dos atos da investigação preliminar. O inquérito policial é um procedimento, e como tal, deve seguir uma série de atos, guiados legalmente. Para os autores do livro, os atos de investigação servem, além de outras coisas, para formar juízo de probabilidade e a opinio delicti do acusador Entretanto, ocorre que, por diversas vezes, os atos da investigação, possuem defeitos.
        	Nesse sentido, é interessante estabelecer, mais uma vez, relação entre o piloto da série “Olhos que Condenam” e, dessa vez, tal período da obra de Aury Lopes Jr. Observa-se que na série, o crime de estupro acontece em momento próximo ao que os garotos se encontravam no parque. E ainda, que não há qualquer tentativa de investigação em relação o real autor do crime, portanto, o juízo de probabilidade e a opinio delicti da promotora do caso, é formado quase que exclusivamente pelo relato da policia.
Os jovens ali presentes, no capitulo, não tinham nenhuma relação com o ocorrido e foram levados coercitivamente à prestar esclarecimentos sobre um fato que nem tinham ciência. Ademais, há vícios de legalidade e violação de princípios durante toda “investigação”, concentrada no depoimento de adolescentes sob tortura física e psicológica.
	Nessa senda, na análise dos atos de investigação preliminar, Aury Lopes Jr entende que os elementos colhidos na fase pré-processual servem apenas para basilar a instauração do processo, por isso, a verdade levada em conta é a processual, onde o sujeito tem garantias plenas dos seus direitos de defesa. Todavia, concomitante a realidade da época e ainda a atual, é necessário ressaltar como as provas produzidas durante a investigação assumem papel indevido no processo judicial.
       Os menores foram levados e interrogados sem permissão dos seus pais, passaram por um longo processo de pressão psicológica e tortura, para que informações falsas fossem dadas. Assim, percebe-se como é perigoso que as investigações preliminares sejam tão importantes para fundamentação de prisões. Ao processado, devem ser garantidos todos os seus direitos individuais, principalmente os de defesa, é nesse momento que a convicção do magistrado deve ser formada, através da análise das provas. Portanto, como afirmam os autores do livro, os atos de investigação preliminar devem fundamentar apenas as decisões tomadas ao curso da investigação.
	Tecendo críticas à utilização de informações do inquérito policial para justificar uma condenação, Aury e Ricardo entendem que a interpretação errônea do art. 155 do Código de Processo Penal faz com que as condenações sejam baseadas numa falsa análise das provas dos autos concomitante as do inquérito. Dessa forma, como no caso da série, prisões injustas, inclusiveno curso das investigações e ilegais, são guiadas pela Instituição policial.
	A exceção das provas da admissão de provas antecipadas se faz quando elas são impossíveis de serem repetidas na fase processual, além de relevantes e imprescindíveis para sentença, como por exemplo, o exame de corpo de delito. Entretanto, até para essa, deve haver contraditório e direito de defesa. 
Ocorre que, o principio da proporcionalidade é utilizado para relativizar direitos fundamentais do acusado. Nesse sentido, entende-se que esses direitos fundamentais são barreiras ao poder punitivo do Estado e, por conseguinte, não podem ser relativizados, sob argumento de uma ponderação com direitos da sociedade ou do Estado. Por isso, ao passo em que direitos individuais são violados no curso da investigação preliminar, o poder punitivo do Estado torna-se arbitrário, excessivo e injusto. Na série, como na realidade, a mídia clama pelo esgotamento dos direitos individuais dos adolescentes acusados, sendo importante ressaltar o papel que esses agentes têm sobre as investigações, guiando-as através do desejo da massa e desatenta às provas e fatos.
Para além disso, os autores afirmam um discurso pautado no “em nome das vitimas”, sendo o que se observar constantemente na série. A todo tempo, a vitima é usada como forma de apelo para que os direitos dos adolescentes acusados sejam violados, e ainda, como foram de fazer crer que eles são, realmente, autores do estupro, criando um sentimento de desejo por uma punição.
A reflexão acontece, pois tendo uma visão jurídica e sociológica do fenômeno abordado, é possível fazer uma analise do quanto o sistema jurídico atual precisa ser melhorado, e de como paradigmas instaurados na sociedade contribuem para uma não eficácia das normas, salientando também como é importante verificar o histórico de regras do direito, focando na ética de seus profissionais e na legalidade dos seus atos. 
	 
	
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 11 de maio de 2020.
GUEDES, Neviton. O direito de não ser surpreendido pela acusação e o artigo 385 do CPP. Conjur, São Paulo, set. 2018. Seção Constituição e Poder. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-set-10/direito-nao-surpreendido-acusacao-artigo-385-cpp. Acesso em 11 de maio de 2020.
LOPES JR, Aury; GLOECKNER, Ricardo. Investigação preliminar no Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2014.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 15. Ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. Disponível em https://forumninja.org/wp-content/uploads/wpforo/attachments/4032/196-Processo-Penal-Comentado-2016-Guilherme-de-Souza-Nucci.pdf. Acesso em 10 de maio de 2020.
______. O reconhecimento de pessoas como fonte de injustiças criminais. Conjur, São Paulo, jul. 2019. Coluna Academia de Polícia. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jul-16/academia-policia-reconhecimento-pessoas-fonte-injusticas-criminais?imprimir=1>. Acesso em 11 de maio de 2020.

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