Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bases Biológicas Professor Dr. Layon Zafra Lemos EduFatecie E D I T O R A Reitor Prof Ms. Diretor de Ensino Prof Ms. Diretor Financeiro Prof Diretor Administrativo Secretário Acadêmico Prof Coordenação Adjunta de Ensino Prof a Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof Coordenação Adjunta de Extensão Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Web Designer Revisão Textual e Diagramação UNIFATECIE Unidade 1 UNIFATECIE Unidade 2 ( UNIFATECIE Unidade 3 UNIFATECIE Unidade 4 www.unifatecie.edu.br/site/ As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock 20 by Editora EduFatecie Copyright do Texto © 20 Os autores Copyright © Edição 20 Editora EduFatecie o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Prof Sbardeloto Tatiane Viturino de Oliveira André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP L557b Lemos, Layon Zafra Bases biológicas / Layon Zafra Lemos. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 129 p. : il. Color. ISBN 978-65-87911-66-3 1. Citologia 2. Biologia molecular. 3. Genética. 4. histologia I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 571.6 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 AUTOR Professor Dr. Layon Zafra Lemos ● Doutorado em Biotecnologia Ambiental pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Mestre em Biotecnologia Ambiental pela UEM (Universidade Estadual de Ma- ringá). ● Especialista em Biotecnologia Aplicada à Agroindústria pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Graduado em Ciências Biológicas – Licenciatura pela UNIPAR (Universidade Paranaense). ● Professor dos cursos de graduação presencial de Biomedicina, Farmácia, Fi- sioterapia, Nutrição, Estética e Cosmética e Medicina Veterinária da UniFatecie ministrando as disciplinas de Bases Biológicas, Fisiologia Humana, Genética e Biologia Molecular, Patologia Geral e Imunologia. ● Na área da pesquisa científica, tem experiência em Genotoxicidade, Citotoxici- dade, Mutagênese Ambiental e Histologia de brânquias expostas à Agrotóxicos, com ênfase em estudos de genotoxicidade e citotoxicidade (in vivo) utilizando peixes como modelo experimental. http://lattes.cnpq.br/3323317457593344 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezado(a) aluno(a), É com muita satisfação que apresento a você, a disciplina de “Bases Biológicas”, na qual o principal objetivo é proporcionar a você aluno, a oportunidade de adquirir conhe- cimentos de diferentes áreas de estudos referente as células, DNA e RNA, Técnicas de Biologia Molecular e os Tecidos que compõem o corpo humano através dos conteúdos de Biologia Celular, Genética, Biologia Molecular e Histologia. Desta forma, na Unidade I com o tema Tópicos de Biologia Celular, iremos abor- dar os tipos de células que compõem os seres vivos, os constituintes destas células sendo a estrutura das Membranas plasmáticas, citoplasma e suas organelas citoplasmáticas, Núcleo celular e divisão celular Mitose e Meiose. Na Unidade II, com o tema Tópicos de Genética, iremos abordar a estrutura e função Molecular dos Ácidos nucleicos (DNA e RNA), Duplicação do DNA, transcrição e tradução para a formação de uma molécula de proteína, Leis Mendelianas, conceitos básicos de genética e as Heranças autossômicas dominantes e recessivas, ligadas aos cromossomos sexuais, mutações numéricas estruturais e anomalias genéticas causando possíveis síndromes genéticas em nós seres humanos. Em seguida na Unidade III, com o tema Tópicos de Biologia Molecular, iremos entender as principais técnicas de estudos e manipulações das moléculas de DNA e RNA. Por fim, na Unidade IV, com o tema Tópicos de Histologia Básica, iremos abordar os principais conceitos, constituintes, funções e morfologia dos tecidos Conjuntivo, Epitelial, Nervoso, Muscular, Cartilaginoso e Ósseo. Portanto, prezado(a) estudante, vamos à leitura deste livro. SUMÁRIO UNIDADE I ......................................................................................................3 Tópicos de Biologia Celular UNIDADE II ...................................................................................................33 Tópicos de Genética UNIDADE III ..................................................................................................70 Tópicos de Biologia Molecular UNIDADE IV ..................................................................................................94 Tópicos de Histologia Básica 3 Plano de Estudo: ● Origem e Evolução das células Procarióticas e Eucarióticas. ● Bases Macromoleculares da constituição Celular. ● Membrana Plasmática e Transportes de Membrana. ● Citoplasma e Organelas citoplasmáticas. ● Sistema de Endomembranas (Digestão e Secreção celular). ● Núcleo Celular. ● Divisão Celular (Mitose e Meiose). Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender os processos de origem e evolução das células. ● Conceituar e contextualizar as células Procarióticas e Eucarióticas. ● Compreender a constituição das Membranas Plasmáticas ● e seus mecanismos de transporte de substâncias. ● Compreender a estrutura e composição do citoplasma e organelas citoplasmáticas. ● Compreender a estrutura do núcleo celular. ● Entender os mecanismos de divisão celular (Mitose e Meiose). UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular Professor Dr. Layon Zafra Lemos 4UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a)! Nesta unidade aprenderemos os principais conteúdos referentes ao estudo da Biologia Celular, dedicado aos estudos das células, suas estruturas moleculares e seus principais mecanismos à nível celular, genético, fisiológico, morfológico e bioquímico. Além disso, o graduando terá um entendimento básico dos principais conteúdos necessários para o seu aprendizado, sendo os mesmos auxiliados posteriormente aos conteúdos específicos de cada curso de graduação referentes às áreas da saúde, biológica e agronômica. Portanto, para entendermos os principais mecanismos da célula, esta unidade irá abordar tópicos referentes a sua origem e evolução das células, surgindo as primeiras célu- las denominadas procarióticas e após o surgimento de células eucarióticas proporcionando esta diversidade dos seres vivos. Além disso, iremos aprender as principais funções, constituições e mecanismos como por exemplo, estudos de Membrana plasmática e seus transportes de substância através desta membrana, diversidade de moléculas como açúcares, proteínas, lipídios e carboidratos representando a diversas funções e também a nível estrutural dentro de uma célula. Outro ponto que será abordado será o entendimento das principais características e componentes do citoplasma e suas respectivas organelas citoplasmáticas sendo as mes- mas gerando-se determinadas funções nestas células e por fim, finalizamos os estudos referente aos componentes e constituintes de um núcleo celular e suas respectivas divisões celulares Mitose, gerando-se a produção de células somáticas, compondo diversos tipos de tecidos nos seres humanos e na divisão celular Meiose estudaremos os mecanismos de divisão celular para a produção de gametas masculinos e femininos. Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado. 5UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS De acordo, com a hipótese da evolução das células, os primeiros eventos datados aproximadamente a 4,5 bilhões de anos, a superfície do Planeta Terra em sua maior parte era composta por uma enorme massa de água sendo denominados de oceanos e lagoas. A partir, da formação desta “massa líquida” originou-se a formação do“caldo primordial” constituído por vapor d´água, amônia, metano, hidrogênio e gás carbônico e também neste período não havia moléculas de oxigênio livre dispersas na camada de ozônio, dificultando a formação dos primeiros seres vivos. Com o passar do tempo, várias condições adversas estavam acontecendo no Planeta Terra, uma delas era a exposição fortíssima da ação do calor e a liberação da radiação ultravio- leta emitida pelos raios Solares e constantes eventos de descargas elétricas e tempestades, originaram as primeiras moléculas de aminoácidos (aa), monossacarídeos e nucleotídeos, através de ligações com uma molécula de carbono presentes no “caldo primordial”. A partir, destes mecanismos os primeiros seres vivos serem formados foram chamados de organismos “Procariontes” - apresentando uma estrutura simples, “He- terótrofos” - não produziam seu próprio alimento e “Anaeróbios” – não realizavam respiração celular devido a não possuir O2 na atmosfera). Após estes eventos ocor- ridos estes organismos Procariontes/ heterotróficos e anaeróbios passaram por intensas situações evolutivas tentando-se adaptar com o meio gerando-se os primeiros organismos denominados de Procariontes “Autotróficos” – que produzem o seu próprio alimento e armazenando energia produzida pela síntese destes alimentos gerados ocorrendo o 6UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular acúmulo e liberação de moléculas de O2 para a atmosfera iniciando as primeiras etapas da Fotossíntese. Conforme estes processos evolutivos foram acontecendo, surgiram as primeiras células denominadas eucarióticas, a partir de uma célula bacteriana dividindo-se e origi- nando a membrana celular e as Mitocôndrias denominados de Teoria da Endossimbiose, produzindo 2 tipos de células eucarióticas: Animal e Vegetal. A partir da formação destas células pode-se concluir que a célula é uma unidade básica e funcional para constituir qualquer ser vivo e que pode realizar todas as suas fun- ções genética, fisiológica, metabólica e evolutiva. 1.1 Células procarióticas Os organismos procariontes são relativamente simples em relação à composição e funcionamento destas células, sendo os primeiros organismos formados no Planeta, sendo como por exemplo as bactérias. As células procarióticas possuem estruturas celulares denominadas (Figura 1): Cápsula: reveste a célula do meio externo. Parede celular: formato e proteção das células. Membrana plasmática: controla o transporte de substâncias do meio extra e intracelular. Citoplasma: substância gelatinosa responsável pelo formato da célula. Importante: As células procarióticas não possuem Núcleo celular e sim Mate- rial genético (DNA e RNA), disperso no citoplasma. FIGURA 1 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE CÉLULA PROCARIÓTICA Fonte: Wikipédia, 2007. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Procarionte#/media/Ficheiro:Prokaryote_cell_diagram_pt.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/Procarionte#/media/Ficheiro:Prokaryote_cell_diagram_pt.svg 7UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 1.2 Células eucarióticas As células eucarióticas são células que apresentam núcleos definidos sendo o local de armazenamento do material genético (DNA e RNA). Além disso, possui organelas membranosas que desempenham várias funções vitais nos organismos como respiração celular, digestão e síntese de substâncias. Além disso, as células eucarióticas são classi- ficadas em células eucarióticas Animal e Vegetal que formam vários organismos como as algas, protozoários, plantas e animais invertebrados e vertebrados. 1.2.1 Membrana plasmática As membranas plasmáticas e/ou celulares desempenham diversas funções nas células referente a delimitação da célula através do meio extracelular podendo ser outras células ou até mesmo os vasos sanguíneos e o meio intracelular sendo a região interna das células constituída pelo citoplasma. Além disso, estas membranas protegem as células contra a contaminação de diversos patógenos (bactérias e vírus), impedindo a transmissão dos mesmos nos organismos humanos. Referente a composição, morfologia e tipos de transportes de substâncias através das membranas serão abordados com mais detalhes sendo no Tópico III desta unidade. 1.2.1.1 Citoplasma O citoplasma ou citosol está localizado entre a membrana plasmática e o núcleo celular, sendo denominado como meio intracelular das células eucarióticas. Sua constitui- ção apresenta uma consistência de aspecto gelatinoso formado por moléculas de água, proteínas, enzimas e lipídios. Além disso, possuem organelas celulares sendo discutidas e apresentadas no Tópico IV desta unidade. 1.2.1.2 Núcleo O núcleo celular é típico de células eucarióticas animais e vegetais, sendo o local de armazenamento do material genético (DNA e RNA) nas células. Além disso, é responsável por controlar todas as atividades fisiológicas, metabólicas e reprodutivas destes organismos eucariontes. 8UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 1.2.1.3 Diferenças das células eucarióticas animais e vegetais Células eucarióticas vegetais além de possuírem membrana plasmática, citoplasma contendo diversas organelas citoplasmáticas e núcleo celular, destacam-se estas estruturas (Figura 2) sendo: Parede celular: formato e proteção desses organismos ao meio ambiente. Vacúolos: organelas citoplasmáticas principais funções: regular o pH da célula controle de entrada e saída de água nestas células vegetais, armazenamento e digestão de alimentos. Cloroplastos: ricos em clorofila – Fotossíntese. FIGURA 2 - DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS ENTRE AS CÉLULAS EUCARIÓTICAS ANIMAL E VEGETAL Fonte: Gestão Educacional, 2021. Disponível em: https://www.gestaoeducacional.com.br/celula-animal-componentes-funcoes/ https://www.gestaoeducacional.com.br/celula-animal-componentes-funcoes/ 9UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 2. BASES MACROMOLECULARES DA CONSTITUIÇÃO CELULAR Os elementos químicos mais abundantes encontrados nas células são as molé- culas de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. A partir destas moléculas ocorre a formação e constituição de diversas moléculas denominadas de inorgânicas e orgânicas. Moléculas inorgânicas em sua estrutura molecular não apresentam ligações químicas com o carbono, sendo exemplos as moléculas de água e sais minerais. As moléculas orgânicas apresentam em sua estrutura molecular ligações químicas com o carbono constituindo as moléculas de proteínas, enzimas, lipídios, carboidratos, vitaminas e os ácidos nucleicos (DNA e RNA). Estas moléculas inorgânicas e orgânicas são essenciais para a formação das estruturas das membranas celulares, citoplasma e suas respectivas organelas e o núcleo celular auxiliando nas reações, constituições e formações de todas as atividades celulares, sendo a nível estrutural, fisiológico, morfológico e genético. As moléculas de água são de extrema importância para a composição celular, pois auxiliam no transporte de substâncias presentes no sangue, auxilia no controle da regulação da temperatura corporal, regulação osmótica, eliminação de excretas dentre outras funções correspondendo aproximadamente 70% da constituição celular nos seres humanos. Os carboidratos denominados de açúcares estão presentes nas células, gerando fonte energética e constituição estrutural das células. Podem ser classificados em monos- sacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos são representados pelas 10UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular moléculas de glicose, frutose, galactose, etc. Os dissacarídeos como exemplos: maltose, lactose, sacarose, entre outros e os polissacarídeos: amido, glicogênio, celulose, entre outros. As moléculas de lipídios encontram-se em todas as células eucarióticas animais e vegetais, gerando-se fontes energéticas pelas síntesis metabólicas como reserva de ener- gia, isolamento térmico e proteção dos órgãos.Além disso, são os principais componentes das estruturas das membranas celulares formando-se uma bicamada lipídica através dos fosfolipídios sendo o mesmo um tipo de lipídios. Por fim, as proteínas são moléculas formadas por aminoácidos (aa) que se ligam um a um através de ligações químicas denominadas de ligações peptídicas, formando-se uma estrutura proteica. Suas principais funções: auxiliar na composição estrutural destas células produzindo colágenos e elastinas, nas membranas celulares auxiliando no transpor- te de nutrientes através das proteínas integrais e/ou de canais, na contração dos músculos esqueléticos através da presença de proteínas contráteis e motoras sendo as proteínas actinas e miosinas, na formação e produção de hormônios como a insulina, entre outros exemplos que estão presentes nos organismo dos seres humanos, sendo as mesmas essenciais para as funções vitais das células. 11UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 3. MEMBRANA PLASMÁTICA E TRANSPORTES DE MEMBRANA As membranas celulares e/ou plasmáticas envolvem a célula, garantindo a prote- ção e separação do conteúdo celular do meio externo para o meio interno. Constituída por moléculas de fosfolipídios sendo moléculas que possuem uma cabeça polar ou hidrofóbica tendo afinidade com moléculas de água e outra estrutura chamada de cauda formadas por cadeias de ácidos graxos (lipídios) sendo de região apolar ou hidrofóbica sem afinidade com moléculas de água (Figura 3), formando-se uma estrutura molecular denominada de bicamada lipídica e de permeabilidade seletiva, além de proteínas dos tipos integrais e/ ou periféricas que auxiliam estas moléculas a transitarem do meio extracelular para o meio intracelular e vice versa (Figura 4). FIGURA 3 - ESTRUTURA MOLECULAR DE UM FOSFOLIPÍDIO Fonte: Wikipédia, 2005. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Membrana_plasm%C3%A1tica.jpg hidrofílica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Membrana_plasm%C3%A1tica.jpg 12UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 4 - ESTRUTURA DE UMA MEMBRANA CELULAR Fonte: Wikipédia, 2008. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana_plasm%C3%A1tica#/media/Ficheiro:Cell_membrane_detailed_diagram_pt.svg 3.1 Transportes através da membrana As membranas plasmáticas controlam a entrada e saída de solutos (partículas dissolvidas) e solventes (meio líquido) do meio extracelular para o meio intracelular e vice- -versa, através de transportes dos tipos passivo e/ou ativo (Figura 5). 3.1.1 Transporte passivo Transporte passivo ocorre por moléculas que têm afinidade com a membrana plas- mática e não necessitam de energia ATP (adenosina trifosfato) para transitarem dentro ou fora das células, podendo ocorrer dos tipos de Difusão simples, facilitada e Osmose. 3.1.1.1 Difusão Simples As moléculas se movem de um local mais concentrado para um menos concentra- do, denominando este movimento de gradiente de concentração. Este transporte tem como exemplo transportar na membrana moléculas de oxigênio e gás carbônico. 3.1.1.2 Difusão facilitada As moléculas são transportadas por meio da participação de proteínas integrais e/ ou carreadores que facilitam o movimento espontâneo dessas moléculas sem gerar gasto de energia (ATP). Este transporte tem como exemplo o transporte de aminoácidos e glicose. https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana_plasm%C3%A1tica#/media/Ficheiro:Cell_membrane_detailed_diagram_pt.svg 13UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 5 - MODELO ESQUEMÁTICO DE TRANSPORTE DE MEMBRANAS: PASSIVO E ATIVO Fonte: Estudo Prático, 2021. Disponível em: https://www.estudopratico.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ 3.1.1.3 Osmose Transporte específico para as moléculas da água. Estas moléculas transitam nas membranas do meio menos concentrado para o mais concentrado equilibrando os dois lados da membrana plasmática, fazendo com que o meio rico em soluto seja diluído pela água (solvente) e sem gasto de energia (ATP) (Figura 6). Além disso, a osmose tem como finalidade igualar as concentrações das células gerando um equilíbrio, com isso, este trans- porte apresenta 3 tipos de soluções (Figura 7). FIGURA 6 - OSMOSE Fonte: Brasil Escola, 2021. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/osmose-2.htm https://www.estudopratico.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ https://www.estudopratico.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ https://brasilescola.uol.com.br/biologia/osmose-2.htm 14UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 3.1.1.3.1 Solução hipertônica Apresenta maior pressão osmótica e concentração de soluto. 3.1.1.3.2 Solução hipotônica Apresenta menor pressão osmótica e concentração de soluto. 3.1.1.3.3 Solução isotônica A concentração de soluto e a pressão osmótica são iguais, atingindo assim o equilíbrio. FIGURA 7 - DIAGRAMA DE PRESSÃO OSMÓTICA NO SANGUE Fonte: Brasil Escola, 2021. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/osmose-2.htm 3.1.2 Transporte ativo O transporte ativo ocorre através da membrana plasmática com gasto de energia (ATP), através dos locais de menor concentração para os locais de maior concentração indo contra o gradiente de concentração. Este transporte tem como exemplos íons sódio, potássio, ferro, hidrogênio, cálcio e alguns tipos específicos de açúcares e alguns ami- noácidos. Além disso, este transporte pode ser classificado em 2 grupos sendo do tipo primário e secundário. 3.1.2.1 Transporte ativo primário Ocorre através da quebra de moléculas de ATP. Este transporte tem como exemplo a “Bomba de Sódio (Na+) e Potássio (K+), onde este fluxo promove o bombeamento ativa- mente das diferentes concentrações destes solutos dentro e fora da célula. Este tipo de transporte através da bomba de sódio e potássio está presente em todas as células e em especial nas células neurais (neurônios), gerando um potencial de ação (eletroquímico) de- vido a estas membranas possuírem cargas negativas e positivas transmitindo os impulsos nervosos nos seres humanos (Figura 8). https://brasilescola.uol.com.br/biologia/osmose-2.htm 15UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 8 - TRANSPORTE ATIVO BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO Fonte: Estudo Prático, 2021. Disponível em: https://www.estudopratico.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ 3.1.2.2 Transporte ativo secundário Este transporte não utiliza diretamente a quebra da molécula de ATP e sim energia armazenada do sódio presente na bomba de sódio e potássio. Com isso, outros tipos de bombas dependem de proteínas transportadoras encontradas nas membranas plasmáticas. Exemplo deste transporte é a “Bomba de Sódio e Glicose’’. https://www.estudopratico.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ https://www.estudopratico.com.br/bomba-de-sodio-e-potassio/ 16UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 4. CITOPLASMA E ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS O citoplasma está localizado no interior de todas as células, onde se encontra o nú- cleo e as organelas citoplasmáticas, sendo formados por estruturas denominadas de citosol e citoesqueleto. O citosol representa as regiões mais fluidas do citoplasma correspondendo a 50-80% do volume total da célula. Este citosol é constituído por moléculas de água, íons, aminoácidos e carboidratos. O Citoesqueleto tem como função determinar a forma e a motilidade do citoplasma, formado por redes proteicas filamentosas através dos filamentos intermediários, microtúbu- los e filamentos de actina, gerando esta sustentação necessária para estas células. Além disso, o citoplasma é constituído por um sistema de endomembranas cons- tituído por diversos tipos de membranas, dividindo a célula em compartimentos funcionais e estruturais denominados de organelas citoplasmáticas sendo os tipos: Retículos Endo- plasmáticos Liso (REL) e Rugoso (RER), Complexo de Golgi, Mitocôndrias, Lisossomos, Peroxissomos, Núcleo e Centríolos. (Figura 9). 17UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 9 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO CITOPLASMA ESUAS RESPECTIVAS OR- GANELAS. (1) Nucléolo ; (2) Envoltório nuclear ; (3) Ribossomos; (4) Vesículas; (5) Retículo endoplas- mático rugoso (RER); (6) Complexo de Golgi ; (7) Microtúbulos; (8) Retículo Endoplasmático Liso (REL); (9) Mitocôndrias ; (10) Vacúolo ; (11) Citoplasma; (12) Lisossomos; (13) Centríolos. Fonte: Wikipédia, 2006. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_animal#/media/Ficheiro:Biological_cell.svg 4.1 Tipos de organelas citoplasmáticas e suas funções 4.1.1 Retículo endoplasmático Rugoso e Liso O Retículo Endoplasmático Rugoso (RER) é constituído por uma estrutura rugosa e apresenta vários grânulos (ribossomos), e de morfologia achatada. A sua principal função é a síntese de proteína se transportá-las para outros locais fora da célula e os ribossomos irão sintetizar as proteínas que serão utilizadas no interior da célula. O retículo endoplasmático liso (REL) constituídos por uma estrutura lisa e sua fun- ção dentro da célula é de sintetizar lipídios, a exemplo dos fosfolipídios, óleos e esteroides (incluindo os hormônios sexuais estrogênio e testosterona), promovendo a desintoxicação da célula. Além disso, ele desempenha outra função importante que é o metabolismo celu- lar e a quebra do álcool presente no corpo de quem ingere bebida alcoólica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Nucl%C3%A9olo https://pt.wikipedia.org/wiki/Envolt%C3%B3rio_nuclear https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossomo https://pt.wikipedia.org/wiki/Ves%C3%ADcula https://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%ADculo_endoplasm%C3%A1tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%ADculo_endoplasm%C3%A1tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexo_de_Golgi https://pt.wikipedia.org/wiki/Microt%C3%BAbulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitoc%C3%B4ndria https://pt.wikipedia.org/wiki/Vac%C3%BAolo https://pt.wikipedia.org/wiki/Citoplasma https://pt.wikipedia.org/wiki/Lisossomo https://pt.wikipedia.org/wiki/Centr%C3%ADolos https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_animal#/media/Ficheiro:Biological_cell.svg https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/reticulo-endoplasmatico 18UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 4.1.2 Complexo de Golgi O Complexo de Golgi tem como função de armazenar, modificar e exportar as pro- teínas que foram sintetizadas no Retículo Endoplasmático Rugoso (RER) e realiza também a função de sintetizar carboidratos do tipo polissacarídeos, ocorrendo uma adição de um açúcar (glicosiladas) nestas moléculas de proteínas concluindo seu processo final da sua composição e sendo direcionada para o seu devido local nas células. 4.1.3 Lisossomos Os lisossomos são organelas celulares que contêm substâncias digestivas formadas no retículo endoplasmático rugoso e amadurecidas pelo complexo golgiense. Assim, sua função é digerir moléculas orgânicas como lipídios, carboidratos, proteínas e ácidos nucleicos (DNA e RNA). 4.1.4 Peroxissomos Os peroxissomos são organelas celulares que produzem enzimas digestivas, que são responsáveis pela catalisação do peróxido de hidrogênio, popularmente conhecido como água oxigenada (H2O2), por ser uma substância tóxica para a célula e a sua produção em excesso é prejudicial à saúde, com isso, a organela produz a enzima catalase, tendo como função de destruir essa substância. 4.1.5 Mitocôndrias As mitocôndrias possuem seu próprio DNA (se reproduzem sozinhas) e o próprio ribossomo. Sua morfologia apresenta uma membrana dupla (interna e externa), chamada de cristas mitocondriais. Elas realizam a respiração celular e produzem grande parte de energia (ATP) essenciais para manter o funcionamento das células. 4.1.6 Núcleo O núcleo é a maior organela existente em uma célula eucarionte, pois ele é respon- sável por armazenar o material genético, o DNA do ser vivo e comandar tudo que acontece dentro da célula. 4.1.7 Centríolos Os centríolos são organelas formadas por microtúbulos que auxiliam os cromosso- mos homólogos a se separarem na hora da divisão celular (mitose e meiose). Além disso, estas organelas podem gerar morfologia sendo chamados de cílios e flagelos auxiliando na locomoção, captura de alimento e defesa destes organismos. https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/complexo-de-golgi https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/lisossomos https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/peroxissomos https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/mitocondrias 19UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 5. NÚCLEO CELULAR O núcleo celular é um componente essencial para as células eucarióticas. Nestas células, o núcleo corresponde a 10% do volume total e nele se encontra o DNA (ácido desoxirribonucleico). Além disso, o núcleo é delimitado pela carioteca ou envoltório nu- clear formadas por duas membranas concêntricas que continuam sua delimitação até a membrana do retículo endoplasmático rugoso. O envoltório nuclear é composto por inúmeras perfurações denominadas de poros que tem a função de se comunicar no interior do núcleo ao citosol, além disso, possui duas malhas de filamentos intermediários que auxiliam na estrutura deste núcleo compondo a superfície interna deste envoltório denominada de lâmina nuclear e o outro filamento reco- bre a superfície externa do núcleo (Figura 10). Apresentam também distribuídos no interior do núcleo moléculas de RNAs (ácido ribonucleico), dos tipos de RNAm (mensageiro) e RNAr (ribossômico) que auxiliam as etapas de Transcrição e Tradução, sintetizando genes de proteínas para estas células. 20UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 10 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO NÚCLEO DA CÉLULA. (1) Envoltório nuclear. (2) Ribossomos. (3) Poros nucleares. (4) Nucléolo. (5) Cromatina. (6) Núcleo. (7) Retículo endoplasmático. (8) Nucleoplasma Fonte: Wikipédia, 2002. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAcleo_celular#/media/Ficheiro:Nucleus_ER.png As moléculas de DNA armazenam as informações genéticas dos seres vivos. Esta molécula é formada por nucleotídeos e sua forma corresponde um modelo helicoidal ou du- pla-hélice que será abordada com mais detalhes na Unidade II, tópico 1. são constituídas por duas fitas pareadas contendo nucleotídeos e bases nitrogenadas, proteínas e enzimas. A partir do momento que as células entram nas divisões celulares para produ- ção de novas células-filhas idênticas a elas, ou para produção de gametas masculino (espermatozoides) e feminino (óvulos), esta molécula de DNA, com adição de proteínas histônicas e não histônicas formam a estrutura de cromatina. Esta cromatina compõe o material dos cromossomos sendo formados a partir do mecanismo de condensação da cromatina aumentando o nível máximo de compactação desta molécula de DNA, confor- me mostrado na figura 11. https://pt.wikipedia.org/wiki/Envolt%C3%B3rio_nuclear https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossomo https://pt.wikipedia.org/wiki/Poro_nuclear https://pt.wikipedia.org/wiki/Nucl%C3%A9olo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromatina https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAcleo https://pt.wikipedia.org/wiki/Ret%C3%ADculo_endoplasm%C3%A1tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Nucleoplasma https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAcleo_celular#/media/Ficheiro:Nucleus_ER.png 21UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 11 - DIFERENTES NÍVEIS DE CONDENSAÇÃO DO DNA. (1) Cadeia de DNA em dupla hélice. (2) Filamento de cromatina (DNA com histonas). (3) Cromatina condensada em interfase com centrômeros. (4) Cro- matina condensada em prófase. (Existem agora duas cópias da molécula de DNA) (5) Cromossomo em metáfase. Fonte: Wikipédia, 2006. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromossomo#/media/Ficheiro:Chromatin_chromosom.png 5.1 Cromossomos Os cromossomos são estruturas formadas por uma molécula de DNA associada a moléculas protéicas histônicas e não histônicas, permitindo que esta molécula de DNA se compacte ao seu nível máximo de condensação formando-se os Cromossomos. Suaestrutura contém regiões denominadas de Centrômero ou constrição pri- mária, que participa da repartição das células-filhas e das duas cópias cromossômicas sendo geradas como consequência da replicação do DNA. Esta região é denominada de região centromérica, sendo permitido dividir o cromossomo em braços, os quais podem ter tamanhos diferentes a depender da posição do centrômero, permitindo classificá-los estes cromossomos em metacêntrico (centrômero na posição mediana), submetacêntri- co (centrômero deslocado para um dos braços do cromossomo), acrocêntrico (centrômero localizado mais próximo da extremidade) e telocêntrico (o centrômero localiza-se muito próximo da extremidade, dando a ideia de que o cromossomo possui apenas um braço), conforme mostram as Figuras 12 e 13. Por fim, em cada extremidade de cada cromossomo apresenta uma região denominada de Telomérica, sendo uma região contendo pequenas repetições de nucleotídeos, garantindo a proteção dos cromossomos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromossomo#/media/Ficheiro:Chromatin_chromosom.png https://brasilescola.uol.com.br/biologia/genes-cromossomos.htm 22UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 12 - CROMOSSOMO. (1) Cromatídeo. Cada um dos dois braços idênticos dum cromossoma depois da fase S. (2) Centrômero. O ponto de ligação de dois cromatídeos, onde se ligam os microtúbulos. (3) Braço curto. (4) Braço longo Fonte: Wikipédia, 2002. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromossomo#/media/Ficheiro:Chromosome.png FIGURA 13 - CLASSIFICAÇÃO DOS CROMOSSOMOS QUANTO À POSIÇÃO DE SEUS CENTRÔMEROS Fonte: Wikipédia, 2019. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/6/6d/Tipos_de_cromossomos.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromat%C3%ADdeo https://pt.wikipedia.org/wiki/Microt%C3%BAbulo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cromossomo#/media/Ficheiro:Chromosome.png https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/6/6d/Tipos_de_cromossomos.jpg https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/6/6d/Tipos_de_cromossomos.jpg 23UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 5.1.1 Número de cromossomos Cada organismo e suas respectivas espécies, possuem um número específico de cromossomos. Nós seres humanos observa-se a presença de 46 cromossomos. Além disso, para compor e constituir um ser humano as células se dividirão em dois tipos de divisões celulares denominadas de Mitose formando-se células somáticas para gerar a formação e constituição dos tecidos e dos órgãos sendo consideradas células diplóides (2n=46 cromossomos), e células gamética/germinativas, irá formar células gaméticas (espermatozóide e óvulo), sendo encontrado apenas (n=23 cromossomos), denominada de células haplóides. Esta redução nas células sexuais é importante para restabelecer o número de cromossomos da espécie após o processo de fecundação. Assim, as células somáticas são diplóides (2 conjuntos de cromossomos homólogos, 2n=46), e as células se- xuais/gaméticas são haplóides (apenas 1 conjunto de cromossomos 2n=23 cromossomos). Por fim, os seres humanos possuem 46 cromossomos sendo denominados em 44 cromos- somos autossômicos (Não diferem da morfologia em relação ao sexo) e 2 cromossomos denominados de cromossomos sexuais (Homem: XY e Mulher: XX) Figura 14. FIGURA 14 - CARIÓTIPOS HUMANOS. A) Cariótipo masculino destacado em círculo os cromossomos sexuais XY. B) Cariótipo feminino destacado em círculo os cromossomos sexuais XX. 2n= 46 cromossomos Fonte: Wikipédia, 2005. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cari%C3%B3tipo#/media/Ficheiro:Human_male_karyotype.gif, adaptado por Layon Zafra Lemos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cari%C3%B3tipo#/media/Ficheiro:Human_male_karyotype.gif 24UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 6. DIVISÃO CELULAR (MITOSE E MEIOSE) As células possuem a capacidade fundamental de crescer e reproduzir, gerando- -se um processo básico denominado de gênese a partir da formação de novas células obedecendo a um padrão cíclico que começa pelo crescimento celular, gerando-se um aumento quantitativo coordenado por milhares de tipos diferentes de moléculas, incluindo seu material genético. Este padrão cíclico é denominado de Ciclo celular, ou seja, o ciclo de vida de uma célula, que se inicia na formação de divisões da célula-mãe formando- -se duas células-filhas. Além disso, o ciclo celular pode ser considerado como uma série complexa de fenômenos que irá ocorrer a duplicação do material genético da célula, o mesmo distribuído para as células-filhas. Antes destas células se dividirem é iniciada a fase denominada de Interfase, sendo o período mais longo do ciclo celular e ocorrendo diversos fatores que possibilitam a divisão celular sendo a replicação do DNA, a divisão dos centríolos e a produção de proteínas. A Interfase é subdividida em três fases sendo, G1, S e G2. Na fase G1, ocorre o aumento de tamanho da célula e ativação do metabolismo celular para gerar energia para a célula e produzir RNA e sintetizar as proteínas. Na fase S, ocorre a síntese de DNA, sendo o mesmo duplicando sua quantidade de DNA e a fase G2, a célula continua crescendo de tamanho e produzindo proteínas (Figura 15). 25UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 15 - ESQUEMA DO CICLO CELULAR: I=Interfase, M=Fase Mitótica Fonte: Wikipédia, 2010. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_celular#/media/Ficheiro:Cell_Cycle_2.svg Após a célula ter passado por todas as fases da Interfase, ela encontra-se pronta para entrar em divisão. Esta divisão celular poderá formar células-filhas idênticas à célula original pelo processo de divisão celular Mitose ou para produção de gametas mas- culinos e femininos pela divisão celular Meiose. 6.1 Mitose A divisão celular Mitose é o período em que a célula se divide por igual o seu DNA, sendo o mesmo duplicado na interfase, produzindo em cada divisão duas células-filhas idênticas à célula original. Esta fase é denominada de divisão equacional. As principais funções da Mitose é o crescimento e regeneração das células que compõem os tecidos, além disso, no processo de cicatrização e divisões do zigoto durante o desenvolvimento embrionário. 6.1.1 Fases da Mitose Suas fases correspondem a Prófase, Prometáfase, Metáfase, Anáfase e Telófa- se (Figura 16). Prófase: é a fase mais longa da mitose. Nela se verificam alterações no núcleo e no citoplasma celular aumentando seu volume devido a ocorrer o aumento de água para o núcleo. Esse fato faz com que o citoplasma se torne mais denso. No começo da prófase cada cromossomo se apresenta constituído por dois filamentos denominados cromátides, unidos pelo centrômero. À medida que a prófase progride, os cromossomos tornam-se https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_celular#/media/Ficheiro:Cell_Cycle_2.svg 26UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular curtos e aumentam sua espessura, ocorrendo a espiralação cromossômica. Enquanto os cromossomos estão se condensando, o nucléolo começa a se tornar menos eviden- te, desaparecendo ao final da prófase. Além disso, a modificação ocorrida no citoplasma gera a duplicação dos centríolos (auxiliará no deslocamento dos cromossomos na fase de Metáfase) indo em direção aos pólos da célula. Após chegarem aos pólos são envolvidos por fibras que constituem o áster. Entre os centríolos que se afastam, aparecem as fibras do fuso mitótico. Ocorrem dois tipos de fibras: as fibras contínuas, que vão de centríolos a centríolos e as cromossômicas ou cinetocóricas, que só surgirão na prometáfase. Prometáfase: ocorre a desintegração da carioteca. Quando isso acontece, os cromossomos caem no citoplasma e dirigem-se à região equatorial da célula, onde vão se prender as fibras do fuso por meio de centrômero. Metáfase: os cromossomos chegam a posição mediana da célula e condensam-se ao seu nível máximo de condensação. Nesse momento,a contagem de cromossomos e a verificação das alterações estruturais é possível. Formam a Placa Equatorial por meio do alinhamento na região equatorial da célula, além disso, nessa fase o fuso acromático se desenvolve e algumas fibrilas se conectam aos centrômeros. Anáfase: os centrômeros começam a se duplicar e as fibras do fuso, conectados aos centrômeros, encurtam e puxam os cromossomos para os pólos opostos da célula. Depois da clivagem dos centrômeros, os cromátides-irmãs se separam e originam dois cromossomos independentes. Telófase: nessa etapa as fibras do fuso desaparecem e a membrana celular se desenvolve em volta dos cromossomos de cada pólo da célula e passam a existir dois números com informação genética igual. Além disso, os cromossomos se descondensam e têm início a citocinese (divisão do citoplasma). FIGURA 16 - FASES DA DIVISÃO CELULAR MITOSE https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/citoplasma 27UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular 6.2 Meiose Diferentemente da mitose, na meiose a célula-mãe diploide (2n), com cromosso- mos duplos, dá origem a quatro células-filhas com metade do número de cromossomos da primeira a partir de duas divisões sucessivas, formando-se gametas masculinos e femininos. 6.2.1 Fases da Meiose Suas fases correspondem a Meiose I: Prófase I, Metáfase I, Anáfase I e Telófase I e Meiose II: Prófase II, Metáfase II, Anáfase II e Telófase II (Figura 17). 6.2.1.1 Meiose I Prófase I:primeira fase, os cromossomos tornam-se mais condensados e ocorre o emparelhamento dos cromossomos homólogos. O nucléolo e a carioteca desaparecem e os centríolos migram para os pólos da célula para formar o fuso acromático. Esse período é subdividido em: leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese, ocorrendo o crossing over (trocas de informações genéticas). Metáfase I: a membrana celular deixa de existir e forma-se um fuso. Os cromos- somos pareados se alinham no plano equatorial e os centrômeros se ligam a fibras que surgem de centríolos opostos. Anáfase I: nesse momento os emparelhamentos se desfazem e cada cromossomo migra para um pólo da célula. Os dois membros de cada bivalente se separam e se distri- buem de forma independente um dos outros. Os conjuntos paterno e materno originais se separam em combinações aleatórias. Telófase I: dois núcleos são formados a partir da descondensação do nucléolo, com metade do número de cromossomos. 6.2.1.2 Meiose II Prófase II: os cromossomos se condensam novamente e acontece a duplicação dos centríolos. Também nesse momento a membrana nuclear desaparece e forma o fuso acromático. Metáfase II: os cromossomos se encontram na região equatorial e os centríolos se preparam para se duplicarem. Anáfase II: há uma duplicação dos centrômeros e eles são divididos em duas cro- mátides, que formam dois que migram para as extremidades da célula. Telófase II: nesta última fase os cromossomos se descondensam ao chegar aos polos e formam um novo núcleo com quatro células haplóides. 28UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular FIGURA 17 - FASES DA DIVISÃO CELULAR MEIOSE I E II 29UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular SAIBA MAIS Cada espécie de seres vivos em particular possui um número diferente de cromos- somos. Com isso, vamos observar abaixo a variedade de seres vivos e seus números diplóides: Homo sapiens (Seres humanos) - 2=46 cromossomos. Avena sativa (Aveia) – 2n=42 cromossomos. Carica papaya (Mamão Papaia) – 2n=18 cromossomos. Rattus rattus (Rato branco) – 2n-42 cromossomos. Sacharum officinarum (Cana-de-açúcar) – 2n= 80 cromossomos. Drosophila melanogaster (Mosca-da-fruta) – 2n=8 cromossomos. Fonte: o autor. REFLITA Por que seria importante compreender todos os constituintes e mecanismos celulares e qual seria a importância do mesmo para a sua vida acadêmica e profissional? Fonte: o autor. https://pt.wikiversity.org/w/index.php?title=Esp%C3%A9cie&action=edit&redlink=1 30UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a)! Esta unidade trouxe uma melhor compreensão dos principais tópicos de abordagem dos conteúdos referentes aos estudos de Biologia Celular. Podemos entender como surgiu as primeiras células denominadas de células procarióticas através da formação do caldo primordial e a partir deste fato, a célula conseguiu se adaptar ao meio que estava inserida e desenvolvendo características evolutivas transformando-a e surgindo outro tipo de célula mais complexa denominada de células eucarióticas, proporcionando o desenvolvimento da diversidade e variabilidade genética, dos diversos organismos que temos nos dias de hoje. Além disso, aprendemos as principais funções e estruturas para constituírem as células à nível celular, metabólico, fisiológico e morfológico das membranas plasmáticas, citoplasma e características principais de cada organela citoplasmática e o núcleo celular. Aprendemos os principais tipos de transportes através das membranas, sendo alguns tipos de transportes ativo como a caso da Bomba Sódio-Potássio para auxiliar os neurônios a realizarem seus impulsos nervosos e suas respectivas sinapses químicas. Por fim, estudamos as principais característica e fases das divisões celulares Mitose e Meiose, para entendermos as divisões de células somáticas para produzirem os diversos tipos de tecidos e órgãos nos seres humanos e a produção de gametas masculinos e femininos para gerar as etapas de fecundação e posteriormente o zigoto gerando-se um novo indivíduo. Um Abraço e até a próxima unidade! 31UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular LEITURA COMPLEMENTAR Aplicação de Conceitos: Anfipática: Molécula com a região hidrofóbica e outra hidrofílica. ATP: Adenosina trifosfato: Molécula constituída por ribose, adenina e três grupos fosfato. É a principal fonte de energia química livre para uso imediato pelas células. Bomba de Íons: Proteína transmembrana que transporta íons, com gasto de energia (ATP), para dentro ou para fora da célula, membranas das organelas possui bombas de íons. Bomba de Sódio (Na+): Trata-se de uma bomba de sódio e potássio. ATPase transmembrana encontrada na membrana plasmática das células animais, que transporta 3 íons de sódio para fora e 2 íons de potássio para dentro da célula, por cada molécula de ATP hidrolisada. Ciclo celular: Período que compreende as modificações ocorridas em uma célula, desde a sua formação até sua própria divisão em duas células-filhas, divide-se em interfase e mitose. Citocinese: Na mitose a divisão do citoplasma que se segue à divisão do núcleo tem início na anáfase e termina após a telófase. Nas células dos animais é produzida pela contração de um anel citoplasmático que contém actina e miosina. Citossol: O mesmo que matriz citoplasmática, inclui todos os componentes do citoplasma que preenchem o espaço entre as organelas e inclusões. Cromátide: Uma cópia do cromossomo que ainda se acha presa, pelo centrômero à outra cópia, os filamentos de DNA recebem essa designação nos cromossomos das células em divisão. Cromatina: Todo material intranuclear com exceção dos nucléolos, que se cora de forma intensa, principalmente pelos corantes básicos. A cromatina é constituída principal- mente pelos cromossomos da célula que não está em divisão. Cromossomos sexuais: Os cromossomos que determinam o sexo (XX ou XY, na espécie humana). Crossing over: O mesmo que recombinação genética, é o rearranjo de genes que mudam de posição durante a meiose, como resultado da ruptura e reunião de segmentos dos cromossomos homólogos (um materno e outro paterno). Diploide: Célula que contém os dois conjuntos de cromossomos homólogos (um paterno e o outro materno), contendo uma duplicata de cada gene. 32UNIDADE I Tópicos de Biologia Celular Envoltório nuclear: Membrana dupla visível no microscópio eletrônico, que separa o núcleo docitoplasma. Este envoltório só existe em células eucarióticas. Haploide: Célula que contém apenas um conjunto de cromossomos como as célu- las de linhagem sexual (óvulos e espermatozoides). Mosaico fluido: Nome do modelo proposto para as membranas plasmáticas. As membranas são constituídas por uma bicamada lipídica, fluida, onde se inserem as proteínas. Neurotransmissores: Molécula produzida nas sinapses do sistema nervoso que transmitem os impulsos nervosos. Fonte: Alberts et al., 2017; De Robertis e Hib, 2015; Junqueira e Carneiro, 2005. 33 Plano de Estudo: ● Estrutura e função Molecular dos Ácidos nucleicos (DNA e RNA). ● Mecanismos da Duplicação do DNA. ● Mecanismos de Transcrição. ● Mecanismos de Tradução e Síntese Proteica. ● Leis Mendelianas. ● Heranças Autossômicas (Dominante e Recessiva). ● Herança ligada aos Cromossomos Sexuais. ● Mutações Numéricas, Estruturais e Anomalias Genéticas. Objetivos da Aprendizagem: ● Compreender as principais funções e constituintes dos Ácidos nucleicos. ● Entender os mecanismos de duplicação da molécula de DNA. ● Compreender os principais mecanismos de Transcrição e tradução de uma molécula de proteína. ● Compreender as principais conclusões das Leis Mendelianas. ● Entender como ocorre uma herança autossômica dominante e recessiva e seus exemplos. ● Aprender quais são as possíveis heranças ligadas aos cromossomos sexuais nos seres humanos. ● Compreender os principais eventos gerando mutações numéricas, estruturais. ● Aprender as principais anomalias genéticas nos seres humanos. UNIDADE II Tópicos de Genética Professor Dr. Layon Zafra Lemos 34UNIDADE II Tópicos de Genética INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a)! Esta unidade aprenderemos os principais conteúdos referentes aos estudos de Genética, dedicados aos estudos da hereditariedade através da molécula de DNA e RNA, mecanismos para a produção de proteínas sendo através das etapas de Duplicação do DNA, Transcrição dos códons e Tradução de uma determinada proteína. Além disso, aprenderemos as principais conclusões das Leis Mendelianas sendo as mesmas aplicadas nos dias de hoje e contribuindo para estabelecer possíveis diagnósticos de doenças hereditárias a nível de heranças autossômicas dominantes e recessivas, heran- ças ligadas aos cromossomos sexuais e mutações nos cromossomos podendo aumentar ou diminuir a quantidade de cromossomos dos seres humanos apresentando organismos afetados causados por diversas síndromes sendo abordadas nos últimos tópicos desta Unidade. Portanto, prezado(a) aluno(a), desejo a você, uma boa leitura e aprendizado. 35UNIDADE II Tópicos de Genética 1. ESTRUTURA E FUNÇÃO MOLECULAR DOS ÁCIDOS NUCLEICOS (DNA E RNA) Os geneticistas James Watson e Francis Crick, descobriram a estrutura do DNA (ácido desoxirribonucleico) em 1953. Este modelo da estrutura do DNA foi revolucionário e propuseram a definição de gene em termos químicos, abriram o caminho para a compreen- são da ação gênica e da hereditariedade a nível molecular. A história começa no século XX, quando o resultado de vários experimentos levou estes cientistas a concluírem que o DNA é o material genético e não outra molécula biológica como um carboidrato, proteína ou um lipídio. Este modelo da dupla hélice, proposto por Watson e Crick, foi realizado com base nos resultados de outros experimentos através de outros pesquisadores. Watson e Cri- ck se basearam nas descobertas anteriores referentes a composição química do DNA e proporções de suas bases nitrogenadas, e as imagens de difração de raios X revelaram que a DNA é uma hélice de dimensões parecidas, concluindo que a molécula de DNA, é composta por dupla hélice e por duas cromátides de nucleotídeos ligados que se enrolam uma a outra fita, formando esta estrutura de dupla hélice. 1.1 Estrutura do DNA A molécula do DNA é constituída por 3 blocos estruturais básicos compondo três tipos de componentes químicos, sendo: (1) fosfato – um radical de ácido fosfórico, (2) açúcar que apresenta moléculas formadas por 5 átomos de carbono denominado de pentose e (3) Bases nitrogenadas – Adenina (A), Timina (T), Citosina (C) e Guanina 36UNIDADE II Tópicos de Genética (G). As bases Adenina (A) e Guanina (G) possuem uma estrutura química de dois anéis carac- terístico de um tipo de substância chamada de purina. As outras duas bases sendo Citosina (C) e Timina (T) têm uma estrutura com um só anel chamada de pirimidina e seu pareamento sempre será Adenina (A) pareia com Timina (T) e Citocina (C) pareia com Guanina (G) \ A-T e C-G. Assim, estes componentes químicos do DNA são dispostos em grupos chamados de nucleotídeos, cada um composto de um grupo fosfato, uma molécula de desoxirribose e qualquer uma das quatro bases nitrogenadas ligadas por ligações fosfodiéster. Além disso, os dois filamentos de nucleotídeos são mantidos juntos em dupla hélice por pontes de hidrogênio entre as bases de cada filamento, formando uma estrutura espiralada/ dupla hélice e seus átomos de carbono dos grupamentos de açúcares sendo numerados de 1’ a 5’ por uma ligação fosfodiéster conectando o átomo do carbono 5’ de uma desoxirribose ao átomo do carbono 3’ da desoxirribose adjacente. Assim, cada ligação açúcar-fosfato é dita como tendo uma extremidade 5’ para 3’, conforme mostrado na figura 1. FIGURA 1 - ESTRUTURA DA MOLÉCULA DE DNA Fonte: Brasil Escola, 2021. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/dna.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/dna.htm 37UNIDADE II Tópicos de Genética 1.2 Estrutura do RNA O RNA (Ácido Ribonucleico) também é denominado como ácido nucleico, mas apresenta algumas características que diferem do DNA. O RNA geralmente possui apenas 1 cadeia de nucleotídeos unifilamentares e não em dupla hélice como o DNA, permitindo que esta molécula seja mais flexível e pode formar uma variedade maior de formas mole- culares tridimensionais e complexas. Em sua estrutura química possui o açúcar (pentose) sendo ribose em seus nu- cleotídeos contendo um grupo hidroxila (OH) ligado ao átomo de carbono 2’, enquanto o açúcar do DNA possui apenas 1 átomo de hidrogênio no carbono 2’. Com isso, o filamento do RNA é formado de um grupo fosfato de açúcar com uma base covalentemente ligada ao carbono 1 em cada ribose. Assim, as ligações químicas açúcar-fosfato no RNA também permanecerão na direção de 5’ para 3’. Seus nucleotídeos são formados pelas bases nitrogenadas: Adenina (A), Guani- na (G), Citocina (C) e Uracila (U) que estão presentes no lugar da Timina (T). Assim, o pareamento das bases nitrogenadas do RNA será Adenina (A) pareia com Uracila (U) e Citocina (C) pareia com Guanina (G) \ A-U e C-G, conforme apresentado na Figura 2. FIGURA 2 - COMPARAÇÃO DE UM RNA E DNA Fonte: Wikipédia, 2021. Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_ribonucleico#/media/Archivo:Difference_DNA_RNA-ES.svg https://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_ribonucleico#/media/Archivo:Difference_DNA_RNA-ES.svg 38UNIDADE II Tópicos de Genética 1.2.1 Tipos de RNA Os RNas podem apresentar alguns tipos de formato e função dentro de uma célula sendo os tipos: RNA mensageiro (RNAm): sendo o responsável a levar a informação do DNA do núcleo até o citoplasma, onde a proteína será produzida. Como o RNA é uma cópia fiel de uma das fitas de DNA, é a partir dessa informação que o RNA mensageiro irá determinar quais são os aminoácidos necessários para a formação de determinada proteína, pois ele possui as trincas (códons) de bases nitrogenadas que definem cada aminoácido. RNA transportador (RNAt): é produzido a partir de uma fita do DNA. Esse RNA é assim chamado porque ele é o responsável por transportar os aminoácidos (aa) que serão utilizados na formação das proteínas até os ribossomos, onde ocorrerá a síntese das proteínas. RNA ribossômico (RNAr), faz parte da constituição dos ribossomos (organelacitoplasmática). É nos ribossomos que a sequência de bases do RNA mensageiro é inter- pretada e a proteína é, de fato, sintetizada. 39UNIDADE II Tópicos de Genética 2. MECANISMOS DA DUPLICAÇÃO DO DNA De acordo com Watson e Crick (1953), o mecanismo das cópias do DNA se refere a replicação semiconservativa. Pode-se comparar esta estrutura da molécula de DNA com um zíper, demonstrando a deselicoidização dos dois filamentos que irá expor as bases nitrogena- das em cada filamento. Com estas bases nitrogenadas expostas, tem o potencial para ocorrer o pareamento dos nucleotídeos livre, pareando corretamente a sua base complementar. Cada um dos filamentos de DNA, irá agir como um molde, para dirigir a monta- gem das bases complementares, para reestruturar uma dupla hélice idêntica ao filamento original. Com isso, a replicação semiconservativa ocorre pelo processo de que as duplas hélices de cada molécula-filha de DNA terão um filamento da molécula original de DNA e um filamento recém sintetizado, conforme demonstra a figura 3. 40UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DO MODELO DE REPLICAÇÃO DO DNA. FITAS AZUL-ESCURO (FITA MOLDE), FITAS AZUL-CLARO (FITA-FILHA). Fonte: Wikipédia, 2005. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Replica%C3%A7%C3%A3o_do_ADN#/media/Ficheiro:Dna-split.png 2.1 Etapas da Replicação do DNA Nesta etapa ocorrerá a replicação da molécula de DNA sendo a mesma duplicada e este processo de replicação é mediado por ação de algumas enzimas denominadas de helicases, sendo as mesmas responsáveis de desenrolar a dupla hélice de DNA e separar as cadeias de nucleotídeos gerando-se pontos de origens de replicação. Estas enzimas atuam no processo de ligação do DNA, formando-se “bolhas” de replicação. Em células eucarióticas, o início da replicação pode-se iniciar em diversos pontos da molécula do DNA, apresentando-se diversas bolhas formadas que irão fundir-se pos- teriormente, fazendo com que a replicação ocorra de forma mais rápida, e ocorrendo a replicação nos dois sentidos da fita de DNA. Além disso, enzimas como as helicases movem-se sobre as fitas de DNA, rom- pendo-se as pontes de hidrogênio, separando-as duas fitas de DNA, e apresentando uma forma de Y chamadas de forquilha de replicação. Para evitar que as cadeias de pontes de hidrogênio liguem-se novamente, proteí- nas ligantes ao DNA de cadeia simples chamadas de SSB ligam-se às cadeias simples deixando-se as bases nitrogenadas livres para ocorrer a formação de uma nova cadeia denominada de cadeia complementar. Esta cadeia complementar iniciará uma cadeia de RNA, sendo a mesma sintetizada por meio da ação da enzima primase e o iniciador https://pt.wikipedia.org/wiki/Replica%C3%A7%C3%A3o_do_ADN#/media/Ficheiro:Dna-split.png https://www.biologianet.com/biologia-celular/enzimas.htm 41UNIDADE II Tópicos de Genética completado é então pareado com a fita molde, iniciando-se a nova cadeia de DNA. Assim, o início da formação da nova cadeia de DNA ocorrerá da extremidade 3’ para 5’. Enzimas, denominadas de DNA-polimerases, iniciam a ligação dos nucleotídeos livres no núcleo ao RNA iniciador e, em seguida, adicionam os nucleotídeos complementares aos da fita-molde. Estes nucleotídeos só poderão ser adicionados na extremidade 3› da nova fita de DNA que está sendo sintetizada. Assim, a nova fita poderá ser aumentada apenas no sentido do lado do carbono da pentose ligado ao fosfato (carbono 5›) em direção ao carbono 3› da pentose (5›→3›). À medida que a forquilha de replicação vai sendo aberta, a adição de nucleotídeos em uma das fitas dá-se de forma contínua, essa fita é denominada de fitar líder ou fita molde. No entanto, para que a outra fita seja alongada nesse sentido, a adição de nucleotídeos ocorrerá em sentido oposto ao da progressão da forquilha por meio de fragmentos, denominados fragmentos de Okazaki. Essa fita é denominada de fita descontínua, e, diferentemente da fita líder, que necessita apenas de um nucleotídeo iniciador, cada fragmento dela deverá ser iniciado separadamente. Ao fim, a enzima DNA ligase liga-se aos fragmentos de Okazaki, formando uma fita única de DNA. Tem-se agora duas moléculas de DNA, exatamente iguais em relação à sequência de nucleotídeos, sendo que essas moléculas são constituídas por uma fita antiga, pertencente à molécula original, e uma fita nova (Figura 4). FIGURA 4 - ETAPAS DA DUPLICAÇÃO DO DNA Fonte: Wikipédia, 2007. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fragmento_de_Okazaki#/media/Ficheiro:DNA_replication_en.svg 42UNIDADE II Tópicos de Genética 3. MECANISMOS DE TRANSCRIÇÃO A partir, da finalização do mecanismo de duplicação da molécula de DNA, as primeiras etapas de transferência de informações dos genes para os produtos gênicos ocorrem dentro de uma sequência de DNA no genoma de qualquer organismo sendo esta sequência codificada a informação que especifica cada um dos produtos gênicos que um organismo poderá gerar. Além disso, essas sequências de DNA também contêm informações específicas sendo as mesmas sintetizadas em uma molécula intermediária que é a cópia de um gene distinto, atra- vés de uma sequência de DNA como guia, sendo esta molécula formada denominada de RNA (ácido ribonucleico). A transcrição é realizada por enzimas chamadas de RNA polimerases, que se ligam aos nucleotídeos para produzir uma cadeia de RNA. Além disso, nos organismos eucariontes, as moléculas de RNA devem ser processadas após a transcrição: sendo emen- dadas por uma estrutura denominada de cap 5’ e uma estrutura denominada de cauda poli A sendo as mesmas adicionadas em suas extremidades e controlando separadamente para cada gene em seu genoma. Assim os mecanismos de transcrição ocorrerão em três estágios sendo: iniciação, alongamento e término (Figura 5 e 6). 43UNIDADE II Tópicos de Genética 3.1 Iniciação A RNA polimerase liga-se a uma sequência de DNA chamada de promotor, encon- trada próximo ao início de um gene. Cada gene possui sua própria região promotora. Uma vez ligada, a RNA polimerase separa as fitas de DNA, provendo o molde de cadeia simples, de um só filamento, necessário para a transcrição. 3.2 Alongamento Filamento de DNA (fita molde), age como molde para a RNA polimerase. Confor- me ela “lê” esse molde uma base por vez, a polimerase constrói uma molécula de RNA feita de nucleotídeos complementares, formando uma cadeia que cresce na direção 5’ para 3’. O transcrito de RNA carrega a mesma informação que o filamento não molde (codificador) de DNA apresentando assim a base Uracila (U) em vez de Timina (T), por ser um filamento de RNA. 3.3 Término Sequências chamadas de finalizadores sinalizam que o transcrito de RNA está completo. Uma vez transcritos, os finalizadores liberam o transcrito da RNA polimerase, formando-se um mecanismo de término envolvendo a formação de um grampo na molécula deste RNA. Assim, nos organismos eucariontes, o transcrito de um gene codificador de uma proteína é chamado de pré-RNAm e devem ter suas pontas modificadas pela adição de um cap 5’ (no começo) e uma cauda poli A 3’ (no final). Além disso, em muitos organismos eucariontes os pré-RNAms sofrem uma etapa denominada de splicing. Neste processo, partes do pré-RNAm (chamadas íntrons) são cortadas fora e as peças remanescentes (cha- madas éxons) são unidas novamente para continuar e iniciar a próxima etapa denominada de Tradução para ser sintetizadas as proteínas. 44UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 5 - MECANISMO DE TRANSCRIÇÃO Fonte: Wikipédia, 2009. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_(gen%C3%A9tica)#/media/Ficheiro:DNA_transcription.svg FIGURA 6 - ETAPAS DA TRANSCRIÇÃO Fonte: Wikipedia, 2015. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/ARN-polimerase#/media/Ficheiro:Esquema_da_transcri%C3%A7%C3%A3o_pela_RNA_pol_de_c%C3%A9lulas_eucari%C3%B3ticas_e_procari%C3%B3ticas,_com_as_fases_de_ini- cia%C3%A7%C3%A3o,_alongamento_e_termina%C3%A7%C3%A3o2.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_(gen%C3%A9tica)#/media/Ficheiro:DNA_transcription.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_(gen%C3%A9tica)#/media/Ficheiro:DNA_transcription.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/ARN-polimerase#/media/Ficheiro:Esquema_da_transcri%C3%A7%C3%A3o_pela_RNA_pol_de_c%C3%A9lulas_eucari%C3%B3ticas_e_procari%C3%B3ticas,_com_as_fases_de_inicia%C3%A7%C3%A3o,_alongamento_e_termina%C3%A7%C3%A3o2.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/ARN-polimerase#/media/Ficheiro:Esquema_da_transcri%C3%A7%C3%A3o_pela_RNA_pol_de_c%C3%A9lulas_eucari%C3%B3ticas_e_procari%C3%B3ticas,_com_as_fases_de_inicia%C3%A7%C3%A3o,_alongamento_e_termina%C3%A7%C3%A3o2.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/ARN-polimerase#/media/Ficheiro:Esquema_da_transcri%C3%A7%C3%A3o_pela_RNA_pol_de_c%C3%A9lulas_eucari%C3%B3ticas_e_procari%C3%B3ticas,_com_as_fases_de_inicia%C3%A7%C3%A3o,_alongamento_e_termina%C3%A7%C3%A3o2.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/ARN-polimerase#/media/Ficheiro:Esquema_da_transcri%C3%A7%C3%A3o_pela_RNA_pol_de_c%C3%A9lulas_eucari%C3%B3ticas_e_procari%C3%B3ticas,_com_as_fases_de_inicia%C3%A7%C3%A3o,_alongamento_e_termina%C3%A7%C3%A3o2.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/ARN-polimerase#/media/Ficheiro:Esquema_da_transcri%C3%A7%C3%A3o_pela_RNA_pol_de_c%C3%A9lulas_eucari%C3%B3ticas_e_procari%C3%B3ticas,_com_as_fases_de_inicia%C3%A7%C3%A3o,_alongamento_e_termina%C3%A7%C3%A3o2.jpg 45UNIDADE II Tópicos de Genética 4. MECANISMOS DE TRADUÇÃO E SÍNTESE PROTEICA Os mecanismos estudados nos tópicos anteriores, mostraram que o DNA é copiado de geração a geração e o RNA é sintetizado a partir de regiões específicas do DNA. Assim, após ocorrer os eventos de Replicação e Transcrição a última etapa dos eventos será a Tra- dução que irá sintetizar uma proteína, sendo essencial para a manutenção e o crescimento celular das células procarióticas e eucarióticas. Esse processo é realizado por estruturas denominadas de Ribossomos e apre- sentam três sítios de ligação (Figura 7): O sítio P, em que a molécula de RNAt (RNA transportador) está ligada à cadeia polipeptídica que está sendo formada; O sítio A, em que está presente o RNAt que carrega o próximo aminoácido a ser adicionado; O sítio E, em que o RNAt, após deixar o aminoácido que será adicionado, sai do ribossomo. 46UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 7 - ESTRUTURA E MORFOLOGIA DE UM RIBOSSOMO Fonte:Wikipédia, 2011. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossoma#/media/Ficheiro:Ribosome_mRNA_translation_pt.svg O código genético é a organização responsável pela ordem dos nucleotídeos que formam o DNA e a sequência dos aminoácidos que compõem as proteínas constituindo os códons. Cada códon é representado por uma sequência de três nucleotídeos que transporta a mensagem codificadora de uma proteína, determinando o sequenciamento dos aminoácidos que a formam. Além disso, o código genético (Figura 8) é formado por quatro bases: adenina (A), citosina (C), guanina (G) e uracila (U). A combinação destas bases faz com que seja determinado o aminoácido necessário para formação de uma proteína. Assim, a sequência de bases no ácido desoxirribonucleico (DNA) e no ácido ribonucleico (RNA) é capaz de fornecer a informação da sequência necessária para criar os aminoácidos e agrupá-los na sequência correta nas proteínas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossoma#/media/Ficheiro:Ribosome_mRNA_translation_pt.svg 47UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 8 - CÓDIGO GENÉTICO DESIGNA OS AMINOÁCIDOS ESPECIFICADOS POR CADA CÓDON. (U: Uracila), (C: Citocina), (A: Adenina) e (G: Guanina) Fonte: Só Biologia, 2021. Disponível em: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/AcNucleico6.php O RNAm (RNA mensageiro), contará com sequência de nucleotídeos (códons) tra- duzida em uma sequência de aminoácidos, que dará origem a um polipeptídeo (proteína). Essa tradução é realizada pelo RNAt (RNA transportador), o qual traduz cada série de códons (trincas de nucleotídeos) presentes no RNAm em um aminoácido. Além disso, o RNAt apresenta uma trinca de nucleotídeos (anticódon), em uma de suas extremidades, e um aminoácido correspondente, na outra extremidade. O RNAt transportará então o ami- noácido específico até os ribossomos, estruturas celulares nas quais ocorre a síntese de proteínas, pareando seu anticódon ao códon complementar do RNAm. Com isso, a tradução ocorre em três etapas sendo: iniciação da tradução, alonga- mento da cadeia polipeptídica e término da tradução (Figura 9). 4.1 Iniciação União das duas subunidades do ribossomo com o RNAm e RNAt, este trazendo o primeiro aminoácido da cadeia polipeptídica. 4.2 Alongamento Os demais aminoácidos que compõem a cadeia polipeptídica são adicionados. O anticódon do RNAt pareia-se com o RNAm no sítio A. O RNAr (RNA ribossômico) catalisa https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/AcNucleico6.php https://www.biologianet.com/biologia-celular/aminoacidos.htm 48UNIDADE II Tópicos de Genética a formação da ligação peptídica entre o novo aminoácido e a cadeia em formação. O poli- peptídio é separado do RNAt presente no sítio P e ligado ao aminoácido do RNAt do sítio A. O RNAt presente no sítio P é deslocado ao sítio e é retirado, em seguida, do ribossomo, enquanto o RNAt do sítio A é deslocado ao sítio P. O RNAm também é deslocado no ribos- somo e leva ao sítio A o próximo códon a ser traduzido, dando sequência ao processo até a identificação do códon de término. 4.3 Término Após a identificação do códon de término, uma proteína, chamada de fator de tér- mino, liga-se a esse códon induzindo a ligação de uma molécula de água na porção final da cadeia, fazendo com que ocorra a quebra da ligação entre o peptídeo e o RNAt presente no sítio P. O peptídeo formado é então liberado através do túnel de término presente na subunidade maior do ribossomo. Após esse processo, as cadeias polipeptídicas formadas podem passar por diferentes processos de transformação, de modo a tornar essas proteí- nas funcionais. FIGURA 9 - ETAPAS DA TRADUÇÃO E SÍNTESE PROTEICA Fonte: Wikipédia, 2011. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossoma#/media/Ficheiro:Ribosome_mRNA_translation_pt.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossoma#/media/Ficheiro:Ribosome_mRNA_translation_pt.svg https://pt.wikipedia.org/wiki/Ribossoma#/media/Ficheiro:Ribosome_mRNA_translation_pt.svg 49UNIDADE II Tópicos de Genética 5. LEIS MENDELIANAS As Leis Mendelianas apresentaram a primeira análise da Herança monogênica como uma via para a descoberta do gene. Assim, esta lei é denominada pelo seu criador Gregor Johann Mendel, monge agostiniano. Em seus experimentos utilizou-se as ervilhas como modelo experimental, a fim de compreender as características da hereditariedade entre os anos de 1856 e 1863. Com isso, seus resultados obtidos nestes experimentos, foram fundamentais para o avanço da genética, sendo uma área da biologia que estuda os processos de transmissão das características genéticas de um indivíduo para seus descendentes. Assim, hoje em dia, esta área é de fundamental importância para estudos relacionados à prevenção e tratamento de diversas doenças e também para os estudos da hereditariedade de diversos organismos através de seus descendentes. Com base nas Leis de Mendel, pode-se conceituar alguns termos fundamentais para a Genética Moderna, sendo os mesmos utilizados nos dias de hoje, conforme apre- sentados na tabela 1. https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/genetica 50UNIDADE II Tópicos de Genética TABELA 1 - PRINCIPAIS CONCEITOS DE TERMOS MAIS UTILIZADOS NA GENÉTICA Conceitos Características Alelo Forma alternativa de um gene e que afeta a mesma caracte- rística de forma diferente. Células diploidesAs células diplóides são formadas por dois cromossomos (2n). Células haploides As haplóides são formadas por um cromossomo (n). Cromossomos Arranjo linear de ponta a ponta de genes e DNA. Hereditariedade Transmissão de características dos pais para os seus des- cendentes, através da reprodução. Gametas Células sexuais. Nos humanos existem os espermatozoides (masculino) e os óvulos (feminino). Gene Fragmento de DNA responsável pela codificação e determi- nação das características do indivíduo. Genótipo Constituição genética do indivíduo. Fenótipo Características bioquímicas, fisiológicas e morfológicas notá- veis visualmente no indivíduo. Homozigoto Refere-se ao estado de levar um par de alelos idênticos em um locus. Heterozigoto Um organismo individual tendo um par de genes heterozigo- tos (#). Dominância Descreve um alelo que se expressa da mesma maneira tanto em uma única cópia (heterozigoto), como em uma cópia du- pla (homozigoto). Recessivo Refere-se a um alelo ou fenótipo que é expresso apenas quando há duas cópias do alelo recessivo (homozigoto). O O alelo recessivo não é expresso no fenótipo heterozigoto. Fonte: o autor Mendel em seus experimentos utilizou as ervilhas-de-cheiro (Pisum sativum), sen- do uma planta de fácil cultivo, com ciclo reprodutivo curto e que produz muitas sementes (Figura 10). Além disso, sua metodologia consistia no cruzamento de ervilhas de linhagem pura (Plantas que após seis gerações mantinham suas características). Após a seleção dessas linhagens puras, foi realizada a polinização cruzada, sendo extraído o pólen de uma ervilha com características para as sementes amarelas e colocado 51UNIDADE II Tópicos de Genética este pólen em outra planta ervilha com características de sementes verdes, conforme é demonstrado o cruzamento destas linhagens puras (Figura 11). Os primeiros descendentes foram denominados de geração de filhos primários (F1), que em seguida foram autofecundadas originando a geração de filhos secundários (F2). Após obter estes resultados nestes cruzamentos, Mendel analisou algumas carac- terísticas da geração parental (P) de todos os descendentes e classificou: Cor das sementes era determinada por dois fatores: Um fator para gerar sementes amarelas, que é de caráter DOMINANTE; Outro fator para gerar sementes verdes de caráter RECESSIVO. Assim, Mendel (1857) descreveu sua 1ª Lei denominada de Lei da Segregação dos Fatores ou Moibridismo, concluindo que “Todas as características de um indivíduo são determinadas por genes que separam, durante a formação dos gametas, sendo que, assim, pai e mãe transmitem apenas um gene para seus descendentes”. FIGURA 10 - ERVILHAS E AS CARACTERÍSTICAS ESTUDADAS POR GREGOR MENDEL EM SEUS EXPERIMENTOS GENÉTICOS Fonte: Brasil Escola, 2021. Disponível em:https://brasilescola.uol.com.br/biologia/primeira-lei-mendel.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/primeira-lei-mendel.htm 52UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 11 - CRUZAMENTOS DA PRIMEIRA LEI DE MENDEL Fonte: Só Biologia, 2021. Disponível em:https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel2.php Após estes cruzamentos e seus respectivos resultados na 1ª Lei, Mendel, continuou seus experimentos a partir do cruzamento de ervilhas de linhagens puras, sendo de carac- terísticas de sementes amarelas e lisas (fator dominante) e ervilhas de características com sementes verdes e rugosas (fator recessivo). Assim, como ele esperava, a geração F1 foi composta por sementes amarelas e lisas. Em seguida, as ervilhas da geração F1 foram autofecundadas e descobriu-se na geração F2 obteve nestes cruzamentos diferentes fenótipos sendo: (9) sementes amarelas e lisas; (3) sementes verdes e lisas; (3) sementes amarelas e rugosas e apenas (1) semente verde e rugosa, conforme é apresentado na Figura 12. Com isso, Mendel (1865) concluiu sua 2ª Lei denominada de Lei da Se- gregação Independente dos Genes ou Diibridismo sendo descrita como: “As diferenças de uma característica são herdadas independentemente das diferenças em outras características”. Assim, Mendel (1865) concluiu que os fatores de características diferentes eram segregados de modo independente, dando origem aos indivíduos de características não relacionadas. Ou seja, uma semente amarela não será necessariamente lisa, bem como a verde não será necessariamente rugosa. https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel2.php https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel2.php 53UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 12 - CRUZAMENTOS DA SEGUNDA LEI DE MENDEL. Genótipos e fenótipos cruzados sendo: (V): Dominante (cor Amarela); ®: Dominante (forma Lisa); (vv): Recessivo (cor Verde) e (rr): Recessivo (forma Rugosa) Fonte: Toda Matéria, 2021. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/leis-de-mendel/ https://www.todamateria.com.br/leis-de-mendel/ 54UNIDADE II Tópicos de Genética 6. HERANÇAS AUTOSSÔMICAS (DOMINANTE E RECESSIVA) As reproduções humanas, podem fornecer muitos exemplos de heranças mono- gênicas, apresentando diversos distúrbios a nível de cromossomos autossômicos (em Humanos são 44 cromossomos autossômicos sendo apresentados em ambos os sexos e 2 cromossomos sexuais “homem XY e mulheres XX” / 2n=46). Estes distúrbios são apresentados através de Heredogramas (Representações que permitem a observação da relação de parentesco entre os indivíduos e, consequente- mente, os padrões de herança), (Figura 13), sendo os resultados interpretados de acordo com as Leis de Mendel (segregação dos cromossomos homólogos) na proporção de 3:1 (75%) e 1:1 (50%). Assim, as doenças genéticas são determinadas por um único gene (doenças men- delianas) sendo determinado sua expressão através de um traço (fenótipo), requerendo apenas uma cópia do gene (um alelo), sendo denominado de traço Dominante. Se a expressão for através de um traço requerendo 2 cópias de um gene (2 alelos), este traço é denominado Recessivo. 55UNIDADE II Tópicos de Genética FIGURA 13 - HEREDOGRAMA E AS DIFERENTES FAMÍLIAS REPRESENTADAS Fonte:Brasil Escola, 2021. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/interpretacao-heredogramas.htm 6.1 Distúrbios autossômicos dominantes O fenótipo afetado neste distúrbio corresponde a expressão de um traço autossô- mico dominante, apresentando apenas um alelo anormal tanto nos alelos heterozigotos e/ ou homozigotos afetados. Exemplo deste distúrbio seria a herança monogênica pseudo-a- condroplasia (tipo de nanismo). Humanos apresentando estatura normal são genotipicamente (d/d), e o fenótipo nanismo corresponde a princípio pode ser (D/d ou D/D). O genótipo D/D são tidas como produzindo efeitos letais, assim todos os indivíduos com nanismo são heterozigotos. Em uma análise de um heredograma, os principais indícios deste distúrbio autossômico dominante com herança mendeliana, apresentam fenótipos a aparecer em uma geração de pais e mães afetados transmitindo este fenótipo para seus filhos e filhas. Outro exemplo deste distúrbio é a Doença de Huntington, sendo uma doença herdada apresentando um fenótipo dominante determinado por apenas um único alelo. Seu fenótipo corresponde a degeneração neural, levando a convulsões e morte prematura. Assim, os heredogramas apresentados nos distúrbios mendelianos autossômicos dominantes mostram afetados homens e mulheres em cada geração e sendo transmitidos esta condição em proporção igual de seus filhos e filhas. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/interpretacao-heredogramas.htm 56UNIDADE II Tópicos de Genética 6.2 Distúrbios autossômicos recessivos O fenótipo deste distúrbio corresponde a um alelo recessivo afetado. Um exemplo deste distúrbio em Humanos corresponde a Doença humana Fenilcetonúria, herdada de modo mendeliano simples como um fenótipo recessivo, com a PKU determinada pelo alelo p e sua condição
Compartilhar