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Cirurgia 1 ⚒ Cirurgia Aula 01 - Avaliação pré-operatória Pré operatório - antes da cirurgia (quantificar o risco de complicações + orientações) Peri operatório - período do centro cirúrgico ate 48h após a cirurgia Pós operatório - ate 30 dias após a cirurgia Avaliação pré operatória Riscos: risco do ato cirúrgico, do ato anestésico e o risco individual; Indicação cirúrgica; local do procedimento; Tempo cirúrgico; Tipo de anestesia A depender do quadro do paciente, a cirurgia pode ser realizada, adiada ou contraindicada tendo em vista o risco cirúrgico Anamnese e exame físico - Perguntar sobre sor precordial, dispneia, tosse, intolerância ao exercício, antecedentes cirúrgicos, doenças prévias, medicações em uso, alergias, extensão da doença atual, capacidade funcional Preparo pós operatório Identificar comorbidades Cirurgia 2 Recomendações adequadas: profilaxia, medicamentos, suporte nutricional Capacidade funcional: METS MET: equivalente metabólico 1 MET = consumo de oxigênio de 3,5ml de O2/Kg/min - consumo de O2 de um individuo em repouso 4 METs - subir um lance de escadas ou uma ladeira sem cansar 4-10 METs - trabalho pesado de casa sem cansar >10 METs - esportes extenuantes sem cansar Pacientes que não conseguem alcançar 4 Mets nas atividades diárias são de alto risco cirúrgico para complicações cardíacas - precisa de avaliação com o cardiologista De 4-10 Mets tem uma boa capacidade Exames complementares Idade, comorbidades e tipo de cirurgia Cirurgia 3 Cirurgia 4 Avaliação anestésica (ASA) Cirurgia 5 Avaliação cardiovascular Principal causa de morte no período perioperatório, sendo a síndrome coronariana aguda o mais comum Variáveis clinicas Cirurgia 6 Capacidade funcional Risco cirúrgico Exames Ecocardiograma: reservada para casos em que há suspeita de icc e piora funcional Testes não invasivos para isquemia (teste de esforço/teste ergométrico): doença cardíaca ativa, pacientes com alto risco (>3 fatores de risco e < 4 METs), isquemia descompensada Cirurgia 7 Intervenção coronariana (estratégias protetoras cardíacas): -revascularização miocárdica profilática (estudos mostraram que não reduziu as chances de complicações, deve aguardar para fazer a cirurgia devido a necessidade de antiagregação plaquetária. deve ser considerada para pacientes que tenham indicação de revascularização independentemente do procedimento cirúrgico) -cardioproteção farmacológica: uso de AAS em pacientes coronariopatas ou com múltiplos fatores de risco e suspender em caso de neurocirurgias e ressecção de próstata. Avaliação do risco cardiovascular: índice cardíaco revisado de Lee; algoritmo do American college of physicians; índice de Goldman Atenção: aguardar 4-6 semanas para realizar cirurgias eletivas em pacientes com angioplastia coronariana com stent ou após IAM Avaliação pulmonar Cirurgia 8 Indicado quando for submetido a procedimentos que possam diminuir função pulmonar e predispor complicações respiratórias: ressecção pulmonar, cirurgias torácicas com ventilação monopulmonar; cirurgias abdominais de grande porte Complicações mais significativas: pneumonia, insuficiência respiratória, ventilação mecânica prolongada Fatores de risco para complicações pulmonares: idade maior que 60 anos, hipoalbuminemia, perda de peso, obesidade, tabagismo, AVC Exames: espirometria: adultos com VEF1 < 0,81/s ou 30% do previsto tem alto risco para complicações respiratórias Medidas: interrupção do tabagismo, terapia broncodilatadora, antibioticoterapia, corticoterapia, incentivar o exercício Avaliação renal Creatinina sérica ≥ 2mg/dl é fator de risco independente para complicacoes cardíacas Objetivo: identificar alterações cardiovasculares, circulatórias, hematológicas, metabólicas secundarias à disfunção renal Pacientes em terapia de substituição renal: realizar hemodiálise na véspera e no dia seguinte Ver coagulograma Avaliação hepatologica Hepatite aguda - adia cirurgia Hepatite crônica - avaliar o caso Avaliação nutricional Avaliação endócrina Cirurgia 9 Avaliação hematológica Se a cirurgia tiver previsão de sangrar muito, deixa a bolsa de reserva Orientações e profilaxia Profilaxia do tromboembolismo Cirurgia 10 Cirurgia 11 Cirurgia 12 Para pacientes de alto risco: 12h antes do procedimento (caso não tenha sido realizado antes, faz 12-24h após o procedimento) Para pacientes de risco moderado: em caso de anestesia geral: 2-4 horas antes do procedimento; em caso de bloqueio neuroaxial: pelo menos 2 horas após o bloqueio; caso não seja realizada antes do procedimento, iniciar 12-24 horas após a cirurgia. As medicações usadas estão na tabela abaixo Contraindicações: As absolutas são hipersensibilidade aos anticoagulantes; trombocitopenia induzida por heparinas ≤ 100 dias (no caso de uso de heparinas); sangramento ativo (incluindo AVC hemorrágico, 2-4 dias); bloqueio espinal ou coleta de liquor ≤ 2 horas. As contraindicações relativas são plaquetopenia < 100.000/mm3; coagulopatia; HAS não controlada (>180 x 110 mmHg). Cirurgia 13 O tempo para a profilaxia deve durar de 7-10 dias ou enquanto houver risco Antibiótico profilaxia Deve ser considerada antes da prescrição ou administração de qualquer medicação pré-operatória Geralmente não são necessários para feridas limpas. Para classe II, usa-se uma única dose do antibiótico adequado. Para classe III e IV, usa-se antibióticos parenterais com atividade aeróbica e anaeróbica Avaliação dos medicamentos Beta-bloqueadores: Sua interrupção abrupta pode levar a taquicardia reflexa e hipertensão. Há indicações para sua introdução no período pré-operatório para proteção cardiovascular. Recomenda-se manter o uso, inclusive no dia da cirurgia. Cirurgia 14 Deve-se considerar sua substituição por agentes EV (p. ex., metoprolol, propranolol) em caso de jejum prolongado. Inibidores da enzima conversora da angiotensina e bloqueadores do receptor de angiotensina lI: Sua manutenção está associada a risco de: hipotensão (pelo bloqueio da resposta do SRAA), deterioração da função renal e hiperpotassemia. A suspensão do uso, por sua vez, é associada à hipertensão no pós-operatório. Recomenda-se manter o uso, inclusive no dia da cirurgia, se a indicação for por hipertensão. Se a indicação for por insuficiência cardíaca e PA basal for baixa, deve-se suspender o uso no dia da cirurgia. Pode-se considerar trocar por agente de meia-vida mais curta, como captopril, para facilitar o manejo pós-operatório Bloqueadores dos canais de cálcio: Sua associação com aumento de sangramentos e anemia é controversa. Interrupção abrupta do uso mostrou risco de vasoespasmo, então, recomenda-se manter o uso, inclusive no dia da cirurgia. Diuréticos: Sua manutenção está associada a risco de: hipovolemia, hipotensão (depleção do volume intravascular pode potencializar efeito hipotensor de anestésicos) e hipopotassemia. Recomenda-se manter o uso e suspendê-lo no dia da cirurgia. Alfa-2-agonistas: Sua suspensão pode levar a hipertensão grave e isquemia miocárdica. Há benefício com o seu uso por conta de suas propriedades analgésicas, sedativas e ansiolíticas, como adjuvantes. Recomenda-se manter o uso, inclusive no dia da cirurgia. Estatinas: Sua manutenção aumenta o risco de miopatia. Há indicações para introdução de estatinas no período pré-operatório para proteção cardiovascular. Recomenda-se manter o uso, inclusive no dia da cirurgia. Outros hipolipemiantes, como niacina e fibratos podem causar rabdomiólise. Recomenda-se suspender o uso dessas drogas no dia da cirurgia e retomá-lo no retorno à dieta oral. Pacientes diabéticos: devem ser operados no 1º horário do dia para evitar variabilidade glicêmica. A glicemia capilar deve ser monitorada de 6 em 6 horas em pacientes usuários de hipoglicemiantes e a cada 4 horas em usuários de insulina. A glicemia deve estar entre 100-180. Os antidiabético orais devemser mantidos até a véspera da cirurgia, sendo suspensos na manhã da cirurgia. No caso das insulianas, deve ser avaliar cada caso AAS e clopidogrel: em alguns pacientes não suspende, avalia o caso Cirurgia 15 Tabela: Suspender no dia anterior* suspender previamente* - 7 dias Cirurgia 16 Mantem: betabloqueador (propanolol), IECA (captopril), bloqueador de canal de cálcio (amlodipina, veramipril), alfa 2 agonista (detomidina), estatina (sinvastatina), anticonvulsivante (ácido valproico), levotiroxina, anti hipertensivo (losartana), AAS e clopidogrel (só mantem se o paciente tiver alto risco para eventos cardiovasculares) Suspende no dia: diuréticos (furosemida) Suspender previamente: Hipoglicemiantes orais (24 horas), cardiotônico (digoxina) - 48 horas, AAS (7 dias), clopidogrel (7 dias), AINES (3 dias) Aula 02 - Bases da anestesia Anestesia Supressão da consciência (hipnose e amnésia), dor (analgesia) e do movimento (relaxamento muscular) Avaliação pré-anestésica -Avaliação da via aérea: identificar características que possam dificultar a ventilação sob mascara ou intubação orotraqueal. Histórico: anestésico prévio, médico. Exame físico: abertura da boca, mobilidade da coluna cervical, mallampati, distância tireomentoniana (boa de 6-8cm), vistas frontal e perfil, anormalidades da via aérea. Cirurgia 17 -Avaliação das comorbidades: doenças cardíacas, pulmonares, hepáticas e renais. Faz-se a estratificação do risco cirúrgico, a avaliação da capacidade funcional e fatores de riscos clínicos 1- doença cardiovascular Para cirurgias eletivas com essas condições cardíacas, primeiro se faz o tratamento cardíaco e posterga a cirurgia Cirurgia 18 Cirurgia 19 Cirurgia 20 2- doença pulmonar -Avaliação do estado clínico: ASA Cirurgia 21 Orientações Jejum anterior a cirurgia Cirurgia 22 Técnicas anestésicas Cirurgia 23 -seleção da técnica: local da cirurgia, posição do paciente, procedimento ambulatorial ou hospitalar? -sempre considerar a possibilidade de necessidade de conversão para anestesia geral Anestesia geral Estado reversível da inconsciência -indução anestésica → manutenção → recuperação Bloqueios de neuroeixo Coluna vertebral: 33 vértebras. O corpo vertebral se intercala com os discos intervertebrais. Canal vertebral: medula espinhal (forâme magno - L1) , meninges (pia máter, aracnóide e dura máter) e líquido cerebroespinhal (entre a pia máter e aracnóide) Espaços: espaço epidural (verdadeiro), espaço subdural/subaracnoide (virtual). Faz a punção em L2 Cirurgia 24 1- Raquianestesia: chega no espaço subdural (onde fica o líquor). Introduz a agulha de punção lombar no ligamento interespinhoso até encontrar as meninges e chegar no espaço subaracnóideo, onde será feita a injeção dos anestésicos em boulos (de uma vez). Não chega na medula, chega no espaço subaracnóideo afim de bloquear as raizes nervosas Contraindicações: coagulopatias, elevação da PIC, hipovolemia grave, anticoagulação terapêutica 2- Anestesia Peridural: chega no espaço epidural (verdadeiro). Introduz a agulha no ligamento interespinal e faz a punção com uma seringa acoplada a agulha. Vai empurrando o embolo da seringa até ceder o embolo pra saber que chegou no local adequado. Ai insere o caterer e deixa pois pode inserir mais se for necessário durante a cirurgia Contraindicações: as mesmas da raquianestesia Bloqueio de nervo periférico Utilizada para cirurgia de membros → faz analgesia e anestesia prolongada Plexo braquial, Plexo lombar, Nervos periféricos Vantagem: menos estresse fisiológico, sem repercussão de neuroeixo e sem manipulação de via aérea Sedação consciente Acompanhamento anestésico monitorado Analgésico + anestésico intravenoso Equilíbrio entre a sedação mínima (desconfortável) e a sedação profunda (depressão respiratória e cardiovascular). Pode ser usada como associação em outras anestesias Anestesia local Cirurgia 25 Acima da dose máxima, chega na toxicidade (dependente da absorção da droga). Pode causar parestesia, gosto metálico, distúrbios audiovisuais, fala empastada, desorientação -Lidocaína: apresentação: 2,0%, 20mg/ml. Dose máxima: 0,25ml/kg ou 5mg/kg sem vasoconstrictor e 7mg/kg com vasoconstrictor -Bupivacaína: apresentação: 0,5%, 5mg/ml. Dose máxima: 0,6ml/kg OBS: Sempre aspira antes para não injetar em um vaso -Associação com vasoconstrictors (epinefrina): Diminuição e lentificação da absorção do anestésico (aumento da dose anestésica) - pode aumentar a dose máxima. Não usa em extremidades como ponta do nariz, olho, dedos -Monitorização: oximetria de pulso, pressão arterial nao invasiva, eletrocardiograma (ritmo cardíaco, fc, monitorização da isquemia), capnografia, monitorização da temperatura Cuidados pós anestésicos Feito na unidade de recuperação pós anestésica Cirurgia 26 Recuperação das consequências fisiológicas e farmacológicas associadas a anestesia e cirurgia Continua sendo monitorizado Reavaliações → liberação da unidade de recuperação pós anestésica Recupera a consciência e ventilação adequada Analgesia e controle de êmese Ausência de evidencias de complicações cirúrgicas Aula 3 - Hérnia de parede abdominal Hérnia é a protrusão anormal do conteúdo de uma cavidade, observada através de um defeito em sua parede que envolve todas as suas camadas É um defeito na parede abdominal → protrusão do coteúdo. É bastante comum Cirurgia 27 Anatomia da parede abdominal Saco herniário: formado pelo peritônio parietal. É um defeito na camada aponeurótica mais interna do abdome. 1- Grupos musculares antero abdominais -músculo reto, oblíquo externo, oblíquo interno e transverso -em cortes mais profundos termos o TCSC, a fáscia de scarpa (profunda) e a fáscia de camper (superficial), a bainha aponeurótica 2- vascularizarão -artérias: artéria epigástrica superior e inferior, os ramos dos arcos costais e artérias epigástrica superficiais -veias: veia epigástrica superior e inferior, plexo venoso periumbilical e veia umbilical (obliterada nos adultos) 3- região inguinal Camadas: pele, fáscia de camper, fáscia de scarpa, fáscia dos músculos e músculos oblíquos externos, internos e transverso, fáscia tranversalis (contém o triangulo de hasselbach), espaço pré-peritoneal, peritônio. Fáscia X Aponeurose: A fáscia é um tecido conjuntivo que está acima do músculo e funciona como uma camada de proteção. A aponeurose liga o músculo ao tendão. Na parede abdominal, é uma grande área protetora que ajuda a não ter uma hérnia. Cirurgia 28 canal inguinal: Esse canal permite a passagem das estruturas intraabdominais que fazem sua ligação com os órgãos gonadais no sexo masculino (componente: artéria testicular, cremastérica e do ducto deferente, plexo venoso de panpiniforme, ramo do nervo genito-fermoral, ducto deferente). Já no sexo feminino o canal inguinal serve apenas como sustentação para a fixação ligamentar uterina (componente: ligamento redondo do útero). Os limites são: anterior → aponeurose do músculo oblíquo externo, posterior → fáscia transversais, superior → tendão conjunto (junção das fibras aponeuróticas do músculo oblíquo interno com o músculo transverso do abdome), inferior → ligamento inguinal. Funículo espermático: fica dentro do canal inguinal, e passa perto do saco herniário. Composto pelo músculo cremáster, plexo venoso pampiniforme, ducto e artéria deferente, vasos espermáticos, ramo genital dos nervos genitofemoral e ilioinguinal e conduto peritônio-vaginal. Nas pessoas que não tem hérnia, tem uma falha fisiológica por onde passa o canal inguinal e dentro dele o funículo espermático. Nas mulheres o funículo espermático é chamado de canal de Nuke triângulo de hasselbach: área de maior fragilidade da parede abdominal e de maior probabilidade de de desenvolver hérnias inguinais diretas. Limites: medial → músculo reto abdominal, inferior → ligamento inguinal, lateral → vasos epigástricosinferiores. Pavimento → fáscia transversalis Obs: As hérnias que acontecem a lateral aos vasos epigástricos são as hérnias inguinais indiretas, pois acompanham as estruturas do canal inguinal. Triângulo da morte (vermelho): contém os vasos ilíacos externos. Alto índice de complicações. Componentes: dueto deferente, vasos espermáticos e a reflexão peritoneal Triângulo da dor (preto): contém tem o nervo femoral. Limites: vasos espermaticos, reflexão peritoneal e ligamento inguinal Cirurgia 29 Etiologia Defeito mecânico, estrutural e relação de colágeno I:III (alteração do metabolismo do colágeno) → 1. aumento crônico da pressão intra-abdominal e 2. fragilidade da parede abdominal. 1. Pode ser causado pela obesidade, esforço vigoroso, DPOC, tosse, obstipação crônica, ascite, gravidez, visceromegalias, tumores 2. Idade avançada, doenças crônicas, desnutrição, câncer, traumatismos, anomalias da parede abdominal, doenças do colágeno, tabagismo Semiologia Idade (comum em idosos), sexo (comum em homens), profissão (comum naqueles que carregam muito peso). Avaliar a presenca de tumefação, desconforto, dor ou distensão abdominal. Antecedentes pessoais de condições que aumentem cronicamente a pressão intraabdominal Ao exame físico, realiza-se a manobra de valsava, presenca de finais inflamatórios e cicatrizes na inspeção. Na percussão e ausculta avalia-se o conteúdo do saco herniário (se há ruído hidroaéreo ou sinais de oclusão intestinal). Na palpação caracteriza-se o tamanho, a consistência, os limites, a mobilidade, e a sensibilidade dolorosa do tecido herniário. Avalia também se o conteúdo aumenta com a tosse e se existe possibilidade de redução Quadro clinico Cirurgia 30 Dor abdominal, abaulamento, nodulação, sinais de estrangulamento (depende do conteúdo da hernia) ou pode ser assintomático. Cursa com dor ao esforço físico; Abaulamento ao esforço físico; Melhora quando para o esforço Classificacao Redutível - dor abdominal que se associa ao esforço físico e surge um abaulamento. Mas quando para o esforço a dor para e a nodulação sai Encarcerada - hernia a um tempo que vai e volta. Mas nesse momento apareceu e nao quer voltar e causa muita dor mas sem sinais flogísticos Estrangulada - hernia a um tempo que vai e volta, mas hoje surgiu após exercício e nao quer voltar, causa muita dor e com sinais de resposta inflamatória sistêmica - sinais flogisticos, taquicardia, hiperemia, hipertermia, coleções, leucocitose - tudo isso por isquemia (sofrimento vascular). O cólon herniário esta apertando o conteúdo da hérnia, fazendo com que uma alça do intestino perca sua função. Domiciliada - hérnia a um tempo que nunca retornou. É crônica, tem uma dor mais branda Diagnóstico Clínico Exames complementares - apenas se ha duvida diagnostica ou para o preparo pré operatório Tomografia: para calcular o volume do saco herniário e ver se ainda cabe na cavidade abdominal. Imagem - saco herniado entre os membros (perna) Cirurgia 31 Hérnia epigástrica e Umbilicais Defeito localizados na linha alba. Pode ser congênita ou adquirida. É mais prevalente em homens. Fator de risco: obesidade, gravidez, ascite (fatores que aumentam a pressão na cavidade intraabdominal e enfraquecem a parede) Manifestação clinica: depende do conteúdo encarcerado Tratamento: abordagem cirúrgica, correção primária (fechamento simples com sutura- para hérnias menores que 2cm), correção com prótese (tela- para maiores que 2cm), técnica videolaparoscópica Hérnia inguinal Mais comum em homens, tem alta prevalência e geralmente ocorre no lado direito mas pode ser bilateral. As hernias indiretas aparecem mais frequentemente. Podem ser: Cirurgia 32 Diretas: enfraquecimento da parede posterior (passa pelas fáscia transversalis e pelo triangulo de hasselbach) - (Medial aos vasos epigástricos inferiores) Indiretas: Passa por dentro do canal inguinal. São mais prevalentes e o lado direito é mais acometido, pois, apesar do triângulo de Halssebach estar dos dois lados, o direito não tem a proteção do sigmoide. (Lateral aos vasos epigástricos inferiores) Classificação de nyhus - classificação anatômica Manobra de Landivar: No exame físico, pode ser complexo de se olhar e definir se é direta ou indireta, portanto, faz-se a manobra de Landivar. Se direciona no sentido superolateral do canal inguinal, acima da bolsa testicular. Coloca o dedo e segue o canal inguinal e pede ao paciente fazer a manobra de valsava. Se sentir o conteúdo herniado na extremidade distal do dedo, a hérnia é indireta (pois vem dentro do canal inguinal). Se sentir na lateral ou medial ou na polpa do dedo, a hérnia é direta. Ajuda muito no exame físico, mas nem sempre vai ser esclarecedor. Pode não se conseguir identificar mesmo com a manobra. Cirurgia 33 Etiologia: multifatorial, persistência do processo vaginal em neonatos, alterações no metabolismo do colágeno com consequente enfraquecimento da parede abdominal Manifestações clínicas: dor e abaulamento associado ao esforço físico Diagnóstico: anamnese, exame físico, usg da região inguinal (apenas para sanar dúvidas ou para planejamento terapêutico cirúrgico) - na imagem o conteúdo herniário está em H. Ele vem pelo canal inguinal e entra em contato com o testiculo. Tratamento: cirúrgico → sutura de reparo, sobreposição de prótese com tela (fazendo uma reação por corpo estranho e fibrose, fortalecendo a estrutura da parede abdominal e impedindo o conteúdo abdominal de se deslocar da cavidade para o saco herniário) e Cirurgia 34 técnicas videolaparoscópicas. Além disso, existem técnicas abertas (anteriores) como Mc Vay (reparo do tendão conjunto no ligamento de cooper, protegendo o triangulo de hasselbach), Shouldice (técnica em sanduíche - tripla camada de sutura nos músculos oblíquo externo, interno e transverso nas regiões ligamentares), Bassini (reforço da parede posterior, refaz o assoalho do canal inguinal ligando o tendão conjunto ao ligamento inguinal) e Lichtenstein (primeira a usar as próteses (telas), buscava o efeito do material sintético (fibrose reação ao corpo estranho) e não a barreira física). Hoje é a padrão ouro entre as abertas. Consiste em incisão com inguiniotomia, dissecção de fascias e abertura da aponeurose do oblíquo externo para chegar no canal inguinal, isolamento e tratamento do saco herniário dos elementos do cordão, posicionamento da prótese, fixação da prótese no ligamento inguinal, pubis e no tendão conjunto e fechamento de planos. Essas técnicas tem tido bons resultados mas tem indices de dor crônica Já as técnicas videolaparoscópicas pode-se fazer o tratamento de hérnias bilaterais ao mesmo tempo, hérnias recidivadas e hérnias femorais. O acesso pode ser transabdominal pré peritoneal (TAPP) e acesso totalmente extra peritoneal (TEP). As desvantagens são relacionadas aos custos e a acessibilidade. Obs: exames pré operatórios em pacientes com indicação → laboratório (hemograma, plaquetas, leucograma, ureia, creatinina, glicemia, tempo de protrombina), radiografia do tórax em PA e perfil e ECG Obs: imagem 1 cavidade intraabdominal. Imagem 2, a câmera da videolaparoscopia ilumina o saco herniário, permitindo a visualização da inguiniotomia. É realizado também a antibiótico-profilaxia com Cefazolina dose única se uso de próteses. Cirurgia 35 Hérnias femorais Geralmente é um defeito adquirido pela deficiência do metabolismo do colágeno e do aumento da pressão abdominal. Mais comum em mulheres Manifestações clinicas: Hérnias incisionais Defeito iatrogênico relacionado a complicações de feridas operatórias, como complicações locais e sistêmicas Fatores de risco: obesidade, desnutrição, doença pulmonar, idade avançada, doença oncológica O quadro clinico é de uma hérnia domiciliada e com aumento de volume e o tratamento é com o uso de prótese Aula 4 - Doença calculosa biliar Anatomia biliar Sintese da bile no fígado → passapara o ducto hepático esquerdo e direito → passa para ducto hepático comum que juntamente com o ducto cístico → desembocam no ducto colédoco que tem aproximadamente 8cm. Ductos maiores que 8cm são considerados como dilatados O ducto colédoco tem 3 partes. De baixo pra cima tem: a parte intrapancreatica, retroduodenal e supraduoenal. O ducto Colédoco + ducto pancreático → desembocam no duodeno. Por isso, alterações do colédoco podem causar doenças no pâncreas. Bolsa de hartmann = infundíbulo da vesícula biliar Esfíncter de Oddi = confluência de fibras musculares que no repouso estão em contração. Logo, a bile enche retrogradamente a vesícula biliar. Quando a alimentação é gordurosa, ocorre liberação de colecistoquinina que faz o relaxamento do esfíncter de oddi e libera o conteúdo no duodeno, formando micelas e permitindo a absorção de gordura no intestino. Pois a bile é composta por sais biliares, colesterol, pigmentos e etc Cirurgia 36 Vascularização: A vascularização do trato biliar é feita através dos ramos do tronco celíaco que é ramo da artéria aorta. O tronco celíaco se divide em artéria hepatica comum e artéria hepática própria, que por sua vez se divide em artéria hepatica esquerda e artéria hepática direita. A artéria hepática direita origina a artéria cística (importante na vascularização da vesícula e também na cirurgia, pois é ela que será dissecada) Cirurgia 37 A artéria cística é identifica pelo triangulo de Callot: que é delimitado mediamente pelo ducto hepático comum, letarealmente/inferiormente pelo ducto cístico e superiormente pelo lobo hepático direito Cirurgia 38 Obs: Linfonodo de Mascani → faz a drenagem da vesícula. Se localiza anteriormente a artéria cística e auxilia na identificação da mesma. (Está indicado pela seta). Cirurgia 39 Circulação entero-hepatica: A bile é secretada pelo fígado e é reabsorvida no íleo distal. Com isso, grande parte da bile é reaproveitada por essa circulação. Ela é reabsorvida no íleo e retorna ao fígado pela circulação portal. Logo, os componentes da bile não precisam ser gerados pelo fígado diariamente. Obs: Uma parte é excretada pela via fecal → por isso tem acolia fecal nos casos de impedimento da passagem da bile para o intestino (coledocolitíase) Cirurgia 40 Cálculos: Amarelos → formados de colesterol, devido a supersaturação da bile, que resulta na precipitação do colesterol formando os cálculos, associado a dismotilidade da vesícula. Não são radiopacos, ou seja, não são visualizados no raio x Preto → são pigmentares formado por bilirrubinato de cálcio (precipitação da bilirrubina não conjugada). Estão relacionados a hemólise crônica (anemia falciforme) e cirrose Castanho → são pigmentares formado de bilirrubinato de cálcio e colesterol. São formados na via biliar e tem relação com a dismotilidade da via biliar. Associada a infecção bacteriana Exames de imagem Cirurgia 41 Radiografia Não é muito utilizada pois visualiza apenas os cálculos pigmentados pois são radiopacos. Podem revelar condições mais raras como a vesícula em porcelana, que é o espessamento da parede da vesícula devido ao acúmulo de cálcio, e é indicativo de colecistite crônica. Pode revelar também a pneumobilia, que é a presenca de gás no interior da vesícula, e indica fístula com algum órgão oco. E por fim, pode revelar colecistite enfisemtosa que é a inflamação por bactérias especificas que levam a produção de gás e espessam a parede da vesícula. Cirurgia 42 USG É o primeiro exame a ser solicitado. Auxilia na avaliação hepática, da vesícula e das vias biliares, pois demonstra a dilatação das mesmas. Na imagem 1, mostra a área hiperecogenica + sombra acústica anterior, que são bem indicativas de cálculo. Já na imagem 2, mostra um espessamento da vesícula. Cirurgia 43 Cirurgia 44 Tomografia computadorizada Só é realizada se a USG for inconclusiva. Avalia estruturas adjacentes. Não detecta os cálculos, apenas a dilatação das vias biliares, como indicado pela seta na imagem Colangiorressonância (CPRM) Geralmente é feito após a USG e é excelente para a detecção de cálculos. Não utiliza contraste. Útil para avaliação da árvore biliar. Cirurgia 45 Cintilografia hepática e biliar Faz durante a cirurgia. Cateteriza o ducto cístico e injeta contraste. Opacifica a arvore biliar e observa se há falha de enchimento. Avalia secreção fisiológica da bile e é padrão ouro para colecistite aguda Cirurgia 46 USG endoscópica É usada quando há dúvida envolvendo o colédoco distal. É feita com um endoscópio com transdutor de ultrassom na extremidade e permite a realização de biópsia Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) É usada para diagnóstico e tratamento. O endoscópio vai até o duodeno e cateteriza a papila, injeta contraste que opacifica a via biliar e avalia se há áreas com falha de enchimento que são sugestivas de cálculo. Assim, pode-se fazer a extração desses cálculos e a papilotomia (corte das fibras musculares do esfincter da papila) Colelitiase Cálculos no interior da vesicula Cirurgia 47 Quadro clínico: cólica biliar que melhora ao longo do dia, geralmente ocorre após refeições gordurosas, a obstrução da vesícula é transitória. Pode cursar com nauseas e vômitos, porém sem sinais inflamatórios. Tratamento: colecistectomia por videolaparoscopia. Indicado para pacientes sintomáticos, que tem complicação da doença, ou assintomáticos com cálculos maiores que 3cm, pólipo na vesícula, vesícula em porcelana ou hemólise crônica Colecistite É a inflamação química da vesicula Litiasica → impactação persistente do cálculo com obstrução da vesícula Alitiásica → relacionada a pacientes com estase biliar, jejum prolongado e quadros graves que necessitam de UTI Fisiopatologia: impactação do cálculo→ obstrução do ducto cístico → aumento da pressão intraluminal da vesícula → edema → inflamação → infecção Quadro clínico: dor biliar persistente por mais de 6h, irradia para o dorso, associada a anorexia, nauseas, vômitos, febre, sinal de Murphy + e sem síndrome colestática associada. Tratamento: colecistectomia + antibioticoterapia + analgesia Coledocolitíase Primária: formação do cálculo no próprio colédoco, causa estase e infecção biliar secundária. o cálculo é castanho Secundária: passagem dos cálculos da vesícula biliar para o colédoco. o cálculo é amarel Fisiopatologia da coledocolítiase secundária: cálculo na vesícula biliar → migração através do ducto cístico → obstrução do colédoco → impedimento da passagem da bile Quadro clínico: obstrução pode ser parcial e transitória ou persistente. Cursa com dor biliar, síndrome colestática flutuante, icterícia, colúria e acolia fecal Complicações: colangite bacteriana aguda, abcesso hepático, pancreatite aguda, cirrose biliar Cirurgia 48 Tratamento: CPRE (extração de cálculos + papilotomia endoscópica) + colecistectomia por videolaparoscopia. Para cálculos >2-3cm: faz-se a derivação biliodigestiva, que é uma conexão da via biliar diretamente no intestino CPRE: cateteriza a papila, injeta contraste e detecta falhas de enchimento na via biliar Investigação da coledocolitíase pré-colecistectomia: Colangite Infecção bacteriana do trato biliar Fisiopatologia: obstrução biliar parcial ou completa → bactéria no trato biliar → infecção Quadro clínico: tríade de Charcot (febre com calafrios, icterícia, dor abdominal) e pode evoluir para a pêntade de Reynold (tríade de Charcot + hipotensão (choque) e rebaixamento do nível da consciência) → sinais de sepse Tratamento: trata a sepse com antibioticoterapia + desobstrução da via biliar com CPRE, drenagem biliar transparietohepática ou cirurgia Colecistectomia videolaparoscópica Cirurgia 49 Pinça o infundibulo da vesícula, traciona para abrir o triangulo de callot. A visualização é a da imagem abaixo. Depois isola a artéria cística e o ducto cístico e secciona para remover a vesícula. Complicações:lesão iatrogênica da via biliar, sangramento, coledocolitíase, fístula biliar Aula 5 - Hepatopatia crônica descompensada e hipertensão portal Anatomia hepática Órgão sólido, revestido por peritônio, divido em 4 lobos e 8 segmentos relacionados com a circulação portal. A vascularização se dá pela veia porta e artéria hepática. Possui o ligamento venoso (posterior), falciforme (anterior) e redondo (inferior). A tríade portal é composta por veia porta, artéria hepática e ducto biliar. A veia umbilical é obliterada no adulto, porém, quando há hipertensão portal, esta veia pode voltar a ser pérvia e então gerar a cabeça de medusa. Toda vez que há aumento da pressão portal: cabeça de medusa, varizes esofágicas, gastropatia, hipertensão portal, esplenomegalia, hemorroida. Cirurgia 50 Irrigação, drenagem e sistema biliar Veia porta → ramo direito → anterior (V e VIII) Veia porta → ramo direito → posterior (VI e VII) Veia porta → ramo médio (IV) Veia porta → ramo esquerdo → anterior (II) Veia porta → ramo esquerdo → posterior (III) Aorta → tronco celíaco → artéria gástrica esquerda, esplênica e hepática comum Artéria hepática comum → artéria gastroduodenal, supraduodenal, gástrica direita e hepática própria Artéria hepática própria → artéria hepática direita e cística; hepática esquerda e média Veia hepática direita → VCI Veia hepatica média se une a hepática esquerda → VCI Ducto hepático direito e esquerdo → ducto hepático comum Ducto cístico + ducto hepático comum → ducto colédoco Cirurgia 51 Ducto colédoco + ducto pancreático (wirsung) → papila de váter Fisiologia hepática O lóbulo hepático (polígono) é a unidade funcional. Tendo no centro a veia centro lobular e nos cantos o espaço porta (tríade portal que é composta por vênula (ramo da porta), arteríola (ramo da artéria hepática) e dúctulo biliar. O fígado tem 3 zonas: periportal (rica em nutrientes e o2), intermediária e perivenular (pobre em nutrientes e o2). O sangue vai da periferia em direção ao centro e a bile faz o caminho contrário, do centro para a periferia Funções hepáticas: Síntese de proteínas e metabolismo da bilirrubina e síntese de ácidos biliares, Fonte de albumina e proteínas plasmáticas; Fonte de glicose sérica (glicogênio/ gliconeogênese); Fonte de lipoproteínas plasmáticas; Eliminação de substâncias Cirurgia 52 tóxicas e inativação de medicamentos (efeitos de primeira passagem); Metabolismo das vitaminas; Coagulação; Regeneração. Obs: consumo etílico para considerar o paciente como alcoólatra Homens: >80g/dia por 10 anos Mulheres: >30-40g/dia por 10 anos Cirrose hepática Processo patológico irreversível do parênquima hepático caracterizado por necrose hepatocelular → fibrose → regeneração nodular. É mais comum em alcoólatras Fisiopatologia: A atividade necroinflamatórioa crônica ativa células de Kupffer e sistema imunológico. Quando isso acontece, as células estreladas (sem “função” quando o fígado está normal) sintetizam matriz extracelular (colágeno tipo I e III) que se deposita no espaço de Disse, gerando a capilarização dos sinusóides e fibrose em ponte. Assim, o sangue vai acabar passado direto, sem sofrer absorção pelos hepatócitos. Isso acaba levando ao aumento da resistência vascular intra-hepática, que é a gênese da hipertensão portal. Então, nesse momento acorre a necrose, fibrose e regeneração → nódulos de regeneração (não funcionais). Causas: Hepatite crônica + doença hepática e alcoólica são responsáveis por 80% dos casos de cirrose no Brasil. Anamnese + exame físico: No início pode não ter alteração. Assim como pode ter perda ponderal, mal estar, fraqueza e história pregressa (causas). Doença hepática crônica: telangiectasias; eritema palmar; atrofia testicular; ginecomastia. Sintomas devido ao hipoandrogenismo. Descompensação ou hipertensão portal: baço palpável; icterícia; ascite; borda hepática firme e irregular; cabeça de medusa; flapping; alteração do nível de consciência. Laboratório: Anemia, leucopenia e trombocitopenia; Coagulopatia; Hipoalbuminemia; Elevação AST e ALT (3x valor de referência); AST/ALT > 2 → cirrose alcoólica; FA e GGT → aumentados se colestase; Bilirrubinas totais > 3mg/100ml → descompensação hepática grave; Sorologia para hepatite; Alfa fetoproteína → desenvolvimento de CHC; Hiponatremia, hipocalmeia, acidose metabólica → Hiperaldosteronismo, diarréia e hêmese. Cirurgia 53 Exame de imagem: na fase inicial são todos normais → corroborar uma forte suspeita clínica de cirrose; RNM → identificação de nódulos regenerativos; USG (ou TC) → rastreio semestral de CHC em pacientes cirróticos + dosagem alfafetoproteina; Não existe um exame que seja de escolha. Nenhum é padrão. Biópsia: Padrão-ouro. Reservado para dúvida diagnóstica. Quando é um paciente que não tem fatores de risco ou que já se pesquisou por outras formas, mas não se chegou a uma conclusão. Pode ser por transjugular venosa ou via laparoscópica. Os achados são: ácino hepático todo desregulado, hepatócito sem funcionar, necrose perivenular. Tratamento da ascite por cirrose hepática: espironolactona e furosemida 4:1 Obs: ginecomastia → é um dos sinais de comprometimento hepático devido a redução da testosterona em pacientes cirróticos Obs: pacientes cirróticos tem alto risco de hepatocarcinoma Hepatopatia crônica descompensada Distúrbios hemodinâmicos: Teoria da vasodilatação → Quando há hipertensão portal, há todo um refluxo de sangue venoso. A veia esplênica vai desaguar na porta, então, se há um aumento da pressão na porta, aumenta a pressão na esplênica e aumenta a pressão também dentro do baço, o que pode levar a: 1. Vasodilatação arteriolar esplâncnica, que sintetiza NO, assim como as bactérias gram (-) do intestino. 2. Vasodilatação esplâncnica desloca volemia para este território vascular → barorreceptores renais e carotídeos interpretam uma hipovolomia → gera ativação sistema RAA → rim retém água e sal. 3. Retenção hidrossalina aumenta volemia total, porém volume sanguíneo extra está nos vasos esplâncnicos levando a ascite e edema periférico. Esses pacientes geralmente são hipotensos devido ao estado hipovolêmico. Por isso que se trata a hepatopatia crônica com diuréticos, começando com doses mais baixas para não quebrar de vez o mecanismo já formado, o que levaria a uma hipotensão mais grave Cirurgia 54 Fases iniciais: oligossintomática (fadiga e sintomas gastrointestinais) e o diagnóstico é suspeitado em exames laboratoriais de rotina Aguda: icterícia, manifestações circulatórias e neurológicas, ex: hepatite fulminante Crônica: compensada x descompensada Cirurgia 55 Exames laboratoriais: Cirurgia 56 Estadiamento da função hepática: Classificação de Child pugh Minemônico: BEATA B- bilirrubina E- encefalopatia hepática Cirurgia 57 A- albumina T- tempo de protrombina A- ascite Escore de Meld Meld: conta logarítmica que leva em consideração a creatinina (avalia também a parte renal, importante para pacientes que já estão mais avançados com comprometimento), bilirrubina e INR. Complicações na insuficiência hepatocelular: encefalopatia hepática, síndrome hepatorrenal, complicações pulmonares, desnutrição, coagulopatia, anormalidades hematológicas, doença óssea, hepatocarcinoma Obs: hepatocarcinoma → ao exame de imagem (USG) o fígado vem com bordas rombas, textura heterogênea. Já na tomografia com contraste vem descrito com contornos lobulados, wash out (característico do hepatocarcinoma. O tumor fica bem visível com constraste na fase arterial e some rapidamente nas fases seguintes (venosa e drenagem)) Obs: pacientes com ascite tem “redução” volumétrica do fígado Cirurgia 58 Encefalopatia hepática Quadro reversível, caracterizado por alterações neurológicas de graus variáveis. É encontrado nas lesões agudas e crônicas e o diagnóstico é clínico. A insuficiência hepatocelular ou shunt portossistêmico faz com que o sangue não seja depurado nos hepatócitos,deixando as toxinas intestinais livres, a exemplo da amônia que ultrapassa a barreira hematoencefálica causando a neurotoxicidade Classificação: EH mínima: somente detectada em testes neuropsicométricos; aqui só se faz o acompanhamento. EH aguda esporádica: mais comum EH crônica: persistência por longos períodos, geralmente estados avançados. Começa agudizada, mas persiste. EH associada a insuficiência hepática fulminante. Quadro clínico: Distúrbios de comportamento (agressividade, agitação); Sonolência/ letargia; Inversão ciclo sono-vigília; Fala arrastada com bradipsiquismo; Hálito hepático, halitose; Asterixis (“flapping”); Incoordenação muscular; Crise convulsivas / descerebração. Fatores precipitantes: Hemorragia digestiva alta; Hipocalemia; Alcalose; Desidratação/hipovolemia; Diuréticos de alça ou tiazídicos; Infecções (incluindo Peritonite bacteriana espontânea - PBE); Uso de sedativos; Procedimentos cirúrgicos; Constipação; Hipóxia; Shunts portossistêmicos. Cirurgia 59 Diagnóstico: é clínico Diagnósticos diferenciais: Critérios de West Haven: Tratamento: identificação e remoção de fatores precipitantes (controlar HDA, acidose, alcalose, hipocalemia), dieta (restrição proteica, troca pela vegetal), lactulona (corrige a constipação com lactulose de 15-20ml de 8/8horas, objetivando 2-3 evacuações por dia. Pois quanto mais tempo o alimento fica no intestino, maior proliferação de bactérias e maior liberação de amônia), outras drogas (metronidazol, neomicina que são antibióticos usados pensando em diminuir a flora colônica), transplante hepático Cirurgia 60 Síndrome hepatorrenal (SHR) Perda progressiva da função renal, secundária à vasoconstricção renal e vasodilatação extrarrenal, com queda da resistência vascular periférica e eventualmente hipotensão arterial. Ele vai ter como se fosse uma nefropatia pré renal. 1º passo: excluir outras causas de insuficiência renal aguda 2º passo: identificar fatores precipitantes Hepatopata (ascite volumosa) + oligúria ou elevação das escória nitrogenadas = síndrome hepatorrenal Classificação: Quadro clínico: Cirrótico que descompensa e que começa a perceber azotemia (começa subir creatinina, ureia), não urina como deveria, aí já se pensa em síndrome hepatorrenal. Fatores precipitantes: Sangramento gastrointestinal; Infecção (especialmente PBE); Diurese intensa com rápida perda de peso; Paracentese de grande volume sem reposição de albumina (o objetivo de se fazer albumina é diminuir a perda de líquido para o terceiro espaço. Diagnóstico: cirrose com ascite, creatinina sérica >1,5mg/dl; ausência de melhora da creatina após 2 dias da retirada de diurético e expansão volêmica com albumina; Cirurgia 61 ausência de choque, ausência de uso recente de drogas, ausência de doença parenquimatosa renal Tratamento: repouso, estado euvolêmico, retirada de agentes neurotóxicos, transplante hepático, visto que o tratamento clínico é bem menos efeito. O tratamento farmacológico é feito com vasoconstrictores sistêmicos + albumina intravenosa de 1g/kg/dia (máximo de 100g/dia). É recomendada a TIPS em caso de falência com o tratamento farmacológico. Prevenção: Atua-se na prevenção, evitando o uso inapropriado de diuréticos, corrigindo precocemente DHE, hemorragias e infecções e em pacientes com PBE, administrar albumina e em pacientes com hepatite alcoólica usar pentoxifilina Complicações: Pulmonares: síndrome hepatopulmonar (tratamento com transplante hepático) e hipertensão portopulmonar (tratamento com anticoagulação) Desnutrição: o paciente hepatopata é caracteristicamente desnutrido e hipercatabólico, devido a baixa ingestão de alimentos, alteração na mucosa absortiva intestinal e alterações no metabolismo proteico. Coagulopatia: por redução dos fatores de coagulação Hematológicas: geralmente tem anemia devido a mecanismos multifatoriais → como dilucional; redução da vida média das hemácias: hiperesplenismo (esplenomegalia congestiva ou hemólise), alteração no metabolismo eritrocitário, tornando as hemácias instáveis, alteração da composição lipídica de suas membranas, com aumento do teor de colesterol e lecitina. E redução da resposta eritropoietica à anemia: efeito direto do álcool na medula óssea, anemia megaloblastica por carência de folato, anemia ferropriva por sangramento crônico, queda da produção de eritropoetina hepática Doença óssea: osteoporose Hepatocarcinoma: a cirrose é o principal fator predisponente para o CHC. Principais condições associadas: hepatite viral crônica (A e B), álcool, esteato hepatite não alcoólica, hemocromatose hereditária, hepatite autoimune, deficiência de alfa1- antitripsina, cirrose biliar primária Síndrome hepatopulmonar Cirurgia 62 Aumento na circulação pulmonar de vasodilatadores endógenos (no) levando a dilatações vasculares intrapulmonares (DVIP). Então os capilares que antes eram finos e que passavam uma hemácia por vez, agora maior, passam várias hemácias por vez e com isso não há a oxigenação de 100% das hemácias. Ocorre em 5-10% dos pacientes com cirrose hepática; Hepatopatia crônica descompensada. Cursa com dispneia, cianose de lábios e extremidades, baqueteamento digital, platipneia (falta de ar na posição supina e pior ao sentar ou levantar, sendo praticamente patognomônico) e ortodeóxia (diminuição > ou = a 10% de O2 na PaO2 saindo da posição ortostática/supina para sentada ou em pé, também patognomônico) Na gasometria arterial encontra-se: hipoxemia, hipocapnia. Diagnóstico: RX de tórax → pode estar normal, com infiltrado intersticial bilateral. O Ecocardiograma contrastado: Não é invasivo e é efetivo para diagnóstico. Injeta o contraste e faz o acompanhamento dele dentro do coração para o VD. Bem específico. A Cintilografia pulmonar ou TC de alta resolução e a Angiografia pulmonar são outras opções para diagnóstico duvidoso pelos exames não invasivos. Tratamento: Oxigênio a fluxo (melhora da hipoxemia), Embolização dos shunts (curto prazo. A nível de vascularização pulmonar), Transplante hepático (tratamento definitivo). Síndrome da hipertensão portal Definição: Alteração dentro do fígado → nódulo de regeneração e capilarização dos sinusóides → aumento da resistência dentro do fígado à passagem do sangue para VCI → regurgitação de todo sistema porta → circulação sistêmica. Pressão portal > 5 mmHg. Com essa pressão aumentada, o figado tem dificuldade de drenar o sangue e então ocorre o represamento do sangue nos vasos anteriores. Geralmente a veia umbilical que está obliterada nos adultos normais, em casos de hipertensão portal ela é recanalizada e passa a drenar para as gástricas, causando a circulação colateral ou cabeça de medusa. O contrarrefluxo so sangue da veia gástrica pra esofágica inferior causando as varizes esofágicas. Obs: Sistema porta = veia mesentérica superior + veia esplênica. O fígado recebe 1500ml de sangue por minuto. O sistema porto-hepático é onde ocorre a “primeira passagem no figado”. E tem uma pressão normal de 3 a 5 mmHg. Cirurgia 63 Gradiente de pressão: >5mmHg → hipertensão portal >10mmHg → formação de varizes - colaterização portossistêmica >12mmHg → ruptura de varizes Causas: Pré-hepática → trombose de veia porta; trombose veia esplênica (hipertensão porta só a esquerda). Intra-hepática pré sinusoidal → esquistossomose, sarcoidose. Destruição da circulação veia porta, artéria hepática e canalículo biliar. Intra-hepática Sinusoidal → cirrose hepática (vírus, álcool; autoimune) Intra-hepática Pós-sinusoidal → doença hepática venoclusiva; Oclusão da vênula central. Pós-hepática → Síndrome de Budd-Chiari (trombose da veia hepática); obstrução VCI; pericardite constrictiva; Insuficiência cardíaca. Diagnóstico: USG com Doppler (fluxo hepatofugal, ou seja, volta do fluxo sanguíneo para o sistema porta), EDA (varizes esofágicas sela o diagnóstico), USG endoscópica, AngioTC ou AngioRM (delinear o sistema porta), Angiografia Manifestaçõesclínicas: esplenomegalia, ascite, encefalopatia hepática, circulação colateral e varizes esofágicas Cirurgia 64 Sangramento digestivo alto Varizes esofágicas → pacientes a partir de classe B de Child-Pugh tem maior risco de sangramento. Acompanhamento com EDA: (2-3 anos: sem varizes, 1-2 anos: varizes pequenas, anual: Child-Pugh B ou C). Tratamento profilático: varizes de médio e grande calibre (F2/F3), varizes de pequeno calibre em pacientes Child-Pugh B ou C ou com pontos avermelhados na EDA, betabloqueadores (propanolol) e ligadura endoscópica de varizes se o paciente não tolera betabloqueador. Se sangramento: faz a estabilização clínica + interromper o sangramento + previnir outras complicações. As medidas para interromper o sangramento são: endoscopia, drogas como somatostatina e octreotide, balão, TIPS e cirurgia Tratamento: se o sangramento for agudo, a prioridade é a reposição volêmica (cristalóide + sangue), Controle débito urinário e pressão venosa central (se disponível), Tempo de protrombina (TP) > 3 seg → faz plasma fresco congelado, Transfusão de plaquetas → só se < 50.000/mm3, Antibióticos profiláticos → reduz taxa de infecção em 50%, reduzindo a chance de ressangramento e melhora sobrevida. Uso de vasopressores (terlipressina ou somatostatina), tamponamento por balão, TIPS e cirurgia. Tamponamento por balão de sengstaken-blakemore: Vantagens → disponibilidade, cessa hemorragia em 85% dos casos. Desvantagens → recidiva do sangramento em 50% após esvaziamento, desconforto para o paciente, complicações graves se inexperiência (perfuração esofágica, necrose do esôfago, broncoaspiração). Hemorragias exsanguinantes, falha escleroterapia e da farmacoterapia. Terapia endoscópica: Sangramento agudo e prevenção da recidiva; Cessa sangramento 80-90%; Nova sessão controle 4-6 dias depois; Se 2 sessões falharem → falha de tratamento; Pode fazer esclerose ou ligadura elástica, que é superior a esclerose. Complicações: Dor retroesternal, úlcera esofágica, febre; Perfuração esofágica, piora do sangramento, pneumonite por aspiração. TIPS (derivação portossistêmica transjugular intra-hepática): Derivação geralmente entre veias hepática direita e porta. Vai cateterizar a veia porta direita e passar um shunt (uma prótese autoexpansível), comunicando o sistema porta com a circulação Cirurgia 65 sistêmica. Essa derivação vai diminuir a pressão na porta. É intra-\hepático. É indicado em caso de falha após endoscopia e farmacoterapia no sangramento agudo, sendo uma “ponte” até transplante hepático. Desvantagem: piora encefalopatia; estenose ou oclusão da derivação em 50% até 1 ano após procedimento. Necrose perivenular. Contra indicações: Absoluta: IC direita, doença policística hepática. Relativas: trombose veia porta, tumores hepáticos Cirurgia de emergência: Falha de outras terapias; TIPS contraindicado ou insucesso; Secção esofágica com grampeador → recidiva de sangramento alta; Anastomose portocava (não seletiva); Mortalidade > 25%. Paciente instável, Child B, C. Caso clínico Caso: Paciente com: Síndrome da insuficiência hepatica - cirrose - encefalopatia - hipertensão portal Conduta: primeiro pede exames complementares → estão bem alterados: hipocalemia, ast e alt aumentadas, leucocitose, bliruina aumentada, ureia e creatinina aumentada, albumina baixa, rni baixo Obs: Função hepatica: albumina e bilirrubina, gama gt, fosfatase alcalina, tempo de protrombina e RNI Lesão hepática: ast, alt Conduta: Identificar fatores preciptantes e remoção dos mesmos (ex corrigir hipocalemia), Dieta, Lactulona: laxante, outras drogas, Transplante hepático Se o paciente for Child B ou C faz endoscopia anual para avaliar a presença de varizes esofágicas, se tiver faz tratamento profilático com betabloqueador ou ligadura elástica Se o sangramento vultuoso sem cessar coloca o balão de sengstaken-blakemore (uma parte no estômago (menor) e outra no esôfago (maior) e insufla o balão pois a pressão dele no esôfago que contem o sangramento. O balão não fica muito tempo pois pode causar necrose. Aula 6 - doação de órgãos e transplante hepático Dentro do Sistema Nacional de Trans- plantes (SNT) existe um órgão chama- do Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) em cada estado Cirurgia 66 brasileiro o qual é o res- ponsável por identificar e efetivar os potenciais doadores. A doação pode ser intervivos ou o doador pode ser cadavérico. Veja abaixo alguns tipos de transplantes São contraindicações absolutas para doação de órgãos: tumores malignos, com exceção dos carcinomas basocelulares da pele, carcinoma in situ do colo uterino e tumores primitivos do sistema nervoso central; sorologia positiva para HIV ou para HTLV I e II; sepse ativa e não controlada; tuberculose em atividade Cirurgia 67 Morte encefálica: completa e irreversível perda das funções cerebrais e do tronco encefálico. É diferente de coma (estado vegetativo persistente - perda parcial e pode ser reversível) Epidemiologia: até 15% dos óbitos em UTI são com morte encefálica, apesar da subnotificação. Etiologia: AVE e TCE são as principais causas, mas pode ser por encefalopatia anóxica pós PCR, infecções e neoplasias. Essas causas cursam com aumento da pressão intra craniana, fazendo com que a pressão de perfusão cerebral diminua e consequentemente reduzindo a perfusão das células neuronais. Essa perda de perfusão leva a perda de massa encefálica que consequentemente leva a perda de função cerebral e por fim, leva a interrupção do fluxo sanguíneo encefálico que é uma das formas de diagnosticar a morte encefálica. Fisiopatologia: A morte encefálica representa o processo final da evolução da isquemia cerebral. Injúria neuronal → edema cerebral → aumento da PIC e PAM incompatível com a vida (tríade de Cushing (hipertensão, bradipneia e bradicardia) para tentar compensar mas não adianta → tempestade autonômica: taquicardia, hipertensão, hipertermia e aumento do débito cardíaco) → redução do fluxo sanguíneo cerebral e herniação Diagnóstico: para diagnosticar o coma quatro parâmetros neurológicos são analisados: ritmo respiratório, pupilas, movimentos oculares e reações motoras ME → coma de causa bem conhecida e irreversível (TCE, AVE, choque, intoxicação) + alteração no nível de consciência (Glasgow 3) + alteração do tronco encefálico (pupilas fixas, ausência de reflexos) + apneia (ventilação mecânica) + exames complementares (eletroencefalograma) O tempo mínimo para iniciar o protocolo de morte encefálica é de 6 horas. Para o diagnóstico deve-se esperar 6 horas com disponibilidade de exames e 12 horas sem Cirurgia 68 exânimes. Quando a causa for encefalopatia hipóxico-isquêmica, a observação deve ser de 24 horas (deve-se dar o tempo para o organismo reagir ao status pós PCR) Abertura de protocolo → informar a família → identificar a causa da morte (trauma, AVC, hipoxemia) → afastar causas reversíveis de coma (drogas depressoras, hipotermia) → 02 testes clínicos realizados → tempo de intervalo entre os testes → profissionais que podem aplicar o teste (qualquer um capacitado, exceto aqueles que fazem parte da equipe de transplantes) → exame confirmatório complementar Testes clínicos: Análise dos pares cranianos: 1- fotomotor ou pupilar → pares II (óptico) e III (oculomotor). Através do estímulo luminoso, avalia a reatividade das pupilas. Espera-se o fechamento da pupila, porém nos pacientes com morte encefálica esse reflexo está ausente, as pupilas estão fixas e arreatiavas. Reflexo consensual também deve estar ausente 2- óculo cefálico → pares V (trigêmeo) e III (oculomotor). O este é feito com a movimentação brusca do crânio para os dois lados. Espera-se que o paciente desvie o olhar para o mesmo lado da cabeça, porém em morte encefálica esse reflexo está ausente e o paciente mantém o olhar fixo, ficando na direção contrária da movimentação da cabeça, chama-se isso de olhar de boneca) 3- vestibuloocular → par VIII (vestibulococlear). Faz infusão de soro ou outros líquidos em baixa temperatura (gelado), na membrana timpânica. Espera-se que o paciente desvie o olhar para a região ipsilateral, porém em morte encefálica esse reflexo está ausente e fica sem movimentação ocular ou qualquer outro reflexo. Deve ser realizado bilateralmente e aguardar 1 min em cada lado e 5 min entre um lado e outro 4- córneo palpebral → pares V (trigêmeo) e VII (facial). Faz o estímulo da córnea (toque) com um objeto rombo (cotonete, algodão). Espera-se que o paciente feche a pálpebra (pisque), porém, em morte encefálica esse reflexo está ausente 5- reflexo da tosse → pares IX (glossofaríngeo), X (vago) e XII (hipoglosso). O paciente vai estar em ventilação mecânica, logo, estará com um tubo orotraqueal ou cânula de traqueostomia. Faz-se a movimentação desse tubo e através desse estímulo na mucosa traqueobrônquica, espera-se que o paciente tenha o reflexo de tosse, porém em morte encefálica esse reflexo está ausente Cirurgia 69 6- teste de apneia → realizado uma única vez. Sabe-se que o maior estímulo a frequência respiratória é o aumento da concentração de CO2. Logo, o teste de apneia promove o aumento da PCO2 para ver se o paciente apresenta movimentos respiratórios de forma espontânea. Primeiro faz-se uma pré-oxigenação do paciente com FiO2 100% por 10 minutos, colhe uma gasometria para comprovar que a PAO2 está boa e logo após desacopla o paciente da ventilação mecânica. Aguarda por 8 a 10 minutos e colhe uma nova gasometria. Essa nova gasometria vai comprovar uma hipercapnia (aumento da PCO2 >55mmHg) e se o paciente não apresentar nenhum tipo de movimento inspiratório espontâneo o teste é considerado positivo e é um dos critérios de morte encefálica. O Tempo de intervalo entre os testes é: De 7 dias a 2 meses: 48 horas De 2 meses a 1 ano: 24 horas 1 ano a 2 anos: 12 horas Maiores que 2 anos: 1 hora Fatores confundidores que devem ser afastados: hipotermia, drogas depressoras do SNC, alterações endocrinometabólicas Cirurgia 70 Exames confirmatórios: exames do fluxo sanguíneo (angiotomografia, arteriografia, Doppler transcraniano, cintilografia) e exames da atividade cerebral (eletroencefalograma) A confirmação de ME se dá por dois exames clínicos por médicos diferentes e capacitados para confirmar a ausência de função do tronco encefálico que é responsável pela percepção + teste de apneia positivo + um exame complementar que comprove a ausência de atividade encefálica Obs: para ser capacitado os médicos devem: ter 1 ano de experiência em coma e acompanhamento/realização de 10 ME ou curso de capacitação para ME. Um dos médicos capacitados deverá ser especialista: medicina intensiva, medicina intensiva pediátrica, neurologia, neurologia pediátrica, neurocirurgia ou medicina de emergência e Nenhum deles poderá fazer parte da equipe de transplante, porque é antiético. Obs: reflexos osteotendinosos (reflexos profundos), cutaneoabdominais, cutaneoplantares em flexão ou extensão, ereção peniana reflexa, arrepio, reflexos flexores de retirada dos membros inferiores ou superiores, reflexo tônico cervical e outras manifestações de caráter medular espinal não invalida a situação de ME. Cirurgia 71 Fluxograma: Paciente Glasgow 3 / RASS – 5, completamente aperceptivo/arreativo, com pupilas fixas → a primeira coisa é suspender a sedação, tentando tirar fatores confundidores; segunda coisa, definir a causa do coma, faz RM, TC de crânio, LCR. Cirurgia 72 Depois que já se corrigiu os fatores confundidores, vai avisar a família da abertura do protocolo, porque o paciente já tem um coma, pupilas fixas e glasglow 3. Então, faz um teste clínico e comunica a CIHDOTT/OPO, que é uma central de notificação de ME e doação de órgãos. Depois faz o exame físico completo e um exame complementar e preenche o atestado de óbito, exceto se for um caso de trauma, porque aí quem preenche é o IML. Só depois de preenchido o atestado de óbito e comunicado sobre a morte é que se fala sobre doação de órgãos. Nomenclaturas: Possível doador → lesão cerebral grave em ventilação mecânica Potencial doador → abertura de protocolo morte encefálica Doador elegível → fechado protocolo de morte encefálica Doador efetivo → indicada retirada de órgãos Doador com órgãos transplantados Cirurgia 73 Declaração de óbito de morte encefálica: No Brasil, a principal causa de perda de órgãos é a falta de comunicação ou entraves entre o médico e a família do paciente Barreiras à doação de órgãos: não identificação do doador potencial, dificuldade em diagnóstico de morte encefálica, problemas na manutenção do doador, má condições em comunicação com familiar, avaliação inadequada do potencial doador Sistema nacional de transplante (SNT): é de controle do SUS. Cirurgia 74 Manutenção do potencial doador: manutenção de cuidados para o paciente ir para a cirurgia com os melhores índices, status circulatório e metabólico, avaliação e melhoria da função de cada órgão (se o paciente estiver em sepse, faz ATB para tentar melhorar), maximização do número de órgãos para transplante e melhoria da qualidade do enxerto. Cirurgia 75 Transplante hepático Substituição de órgão sólido → transplante alogênico e ortotópico Obs: transplante de rim heterotópico - geralmente coloca o rim na pelve mas o fígado não deu certo fazer isso SUS→ O acesso é universal, fila única, distribuição de imunossupressores Indicações: doença grave e irreversível do fígado → insuficiência hepática fulminante, insuficiência hepática crônica (doença alcoólica, doenças virais, esteato-hepatite não Cirurgia 76 alcoólica), carcinoma hepatocelular, cirrose biliar primária, colangite esclerosaste primária e atresia biliar Há um déficit de órgãos, então houve a necessidade de criar uma classificação da disfunção hepática vendo qual paciente irá se beneficiar mais do transplante, qual tem a doença mais grave e menor sobrevida. O escore utilizado é o MELD (que usa como critério os valores de creatinina, bilirrubina e RNI), mas tem situações especiais em casos de CHC (critérios de Milão) Obs: pacientes com CHC são classificados diferentemente. Os critérios de Milão levam em consideração: nódulo único menor ou igual a 5cm, até 3 nódulos sendo que menores ou iguais a 3cm. Deve-se contraindicar o transplante se o doador tiver doenças, tais como: hepatite B ou C, HIV, HTLV 1 e 2, Chagas e toxoplasmose. Além disso, o órgão deve ser avaliado quanto a consistência, morfologia, coloração e perfusão e deve ser preservado com hipotermia (0-8ºC) colocado em um compartimento com gelo para reduzir o metabolismo. Essa solução precisa conter impermeabilizantes (agentes osmoticamente ativos, eletrólitos, antioxidantes e fosfatos) que evita a lesão das células em hipotermia e estimula a síntese de ATP após reperfusão do órgão. o explante hepático é realizado com canulação arterial e porta, seguido por clampeamento aórtico. A partir disso, infunde-se 2 litros da solução de preservação no fígado e em seguido coloca-se este em saco plástico estéril com mais 1 litro da mesma solução a 4°C que permite sua preservação por até 20h. Antes de chegar ao receptor, o órgão passa pela etapa conhecida por “back-table” onde há um preparo do órgão. No receptor, faz-se a incisão subcostal (incisão de Mercedes), faz a hepatectomia do figado original e coloca o novo, implanta a veia cava e a veia porta e solta as pinças para fazer a revascularização do fígado. Evolução da técnica cirúrgica: antigamente o transplante era heterotópico (em outra posição anatômica) mas não funcionava muito bem como o renal. Depois houve dificuldade com o clampeamento da veia cava inferior pois essa interrupção do fluxo gerava uma grande instabilidade hemodinâmica ao paciente (fase anepática - sem fígado), até que eles conseguiram melhorar isso com o clampeamento parcial e mais posteriormente com a circulação extracorpórea.OBS.: fase de isquemia é a fase em que o órgão bom sai do paciente morto até ser transplantado no paciente vivo. O tempo dessa fase para o fígado tem que ser de até 4 horas. Cirurgia 77 OBS.: backtable, momento em que se trata o órgão a ser transplantado, ver se a VCI está boa, acertar os cortes feitos no momento da retirada para a posterior anastomose, ver se as vias biliares estão boas. Para evitar a rejeição a terapia de imunossupressão é feita com inibidores de calcineurina Tipos de transplante: 1- transplante heterotópico: Dificuldades em implementação. O órgão transplantado inteiro é colocado não no lugar do ruim, mas sim em outro lugar, deixando os dois órgãos no paciente. Advento da técnica de piggyback: Para não precisar conectar o paciente a uma circulação extracorpórea, já deixava a VCI pro órgão que ia transplantar. 2- transplante hepático reduzido: Dminuição do enxerto para beneficiar crianças. Pega o órgão de um adulto e reduz suas dimensões para caber em uma criança, reduzindo também veias e artérias. 3- Split liver: Fígado bipartido, beneficia dois receptores. Usado em situações de urgência. 4- Dominó: Fígado do receptor doente com doença metabólica de complicações tardias. Receptor torna-se doador para doentes em estágio terminal para melhorar a situação por um período, mas não é o tratamento definitivo. 5- intervivos: Secciona uma parte do órgão para doar a um paciente em situação de urgência, uma hepatite fulminante. OBS.: quando a situação não é de urgência, a técnica mais usada é a piggyback, é a técnica mais factível. As demais são para situações de maiores urgências. Método piggyback → via de drenagem venosa é reconstruída por meio de uma única anastomose realizada entre a veia cava inferior do enxerto e a do receptor. O clampeamento da VCI é parcial. Evita os inconvenientes da circulação extra- corpórea. Reduz algumas complicações específicas no pós-operatório, redução do custo final do procedimento, altera menos o metabolismo do que o não clampeamento da VCI. Complicações: Disfunção primária como coagulopatias e esteatose; complicações cirúrgicas imediatas como sangramentos, infecções e rejeições; disfunções secundarias como tromboses vasculares; complicações biliares Cirurgia 78 OBS.: paciente que faz transplante hepático usa para a vida toda imunossupressor. No início usa corticoide e tracolimus e depois continua o uso do tacrolimus por toda a vida. Aula 7 - DRGE e Megaesôfago Anatomia esofágica O esôfago é dividido em região cervical, torácica e abdominal → vai de C6 a T11 Cirurgia 79 Cirurgia 80 Esfíncter esofagiano superior (EES): marca a entrada do esôfago. É marcada pelo reparo anatômico especifico que é o músculo cricofaríngeo que promove uma zona de alta pressão. Mede de 4 a 5 cm de extensão, ate onde ocorre a transição para a musculatura esofágica circular. A tonicidade desse esfíncter é em média 60mmHg Cirurgia 81 Esfíncter esofagiano inferior (EEI): marca a saída do esôfago, tem uma extensão de 2 a 5 cm em geral e é uma zona de alta pressão. Fica localizado na junção esôfagogástrica. Existem alguns reparos anatômicos que ajudam a identificar essa junção, como a linha Z (linha que demarca a transição do epitélio esofágico para o epitélio gástrico) e a posição anatômica do diafragma que em geral coincide com a junção esôfagogástrica. A tonicidade desse esfíncter é em media 24 mmHg Inervação: a inervação do esôfago é tanto simpática quanto parassimpática e é feita principalmente pelo nervo Vago. Esse nervo se divide ao longo dos plexos que ficam na camada muscular (plexo de Auerbach) e na camada submucosa (plexo de Meissner). Esses plexos são formados pelo nervo vago e controlam a inervação do esôfago, promovendo a peristalse e a contratilidade dos esfíncteres. Cirurgia 82 Cirurgia 83 Fisiologia A principal função do esôfago é a condução do alimento através da deglutição, que por sua vez, é dividia em fases (orofaríngea e esofágica). A fase orofaríngea tem 6 passos descritos na figura abaixo. Cirurgia 84 Já a fase esofágica, segue a sequência de: relaxamento do esfíncter esofagiano superior → passagem do bolo alimentar → contração pós relaxamento do EES, evitando o retorno do alimento → início do peristaltismo (contrações primárias, Cirurgia 85 secundárias e terciárias) → relaxamento vagal mediado pelo EEI → contração pós relaxamento do EEI para evitar o refluxo do alimento. Exames complementares do esôfago 1- endoscopia digestiva alta (EDA) → avaliação física do esôfago, permite a visualização da luz esofágica e da mucosa 2- PHmetria 24h → avalia o PH na porção final do esôfago (transição esofagogástrica) ao longo de 24h 3- manometria → avalia as pressões de contração do esôfago (avaliação funcional), ou seja, avalia os esfíncteres e a peristalse 4- esofagografia → radiografias seriadas após a ingestão de contraste DRGE - doença do refluxo gastroesofágica O refluxo pode ser fisiológico (ocasional e assintomático) ou patológico (recorrente e crônico) DRGE: afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes a ele, acarretando um espectro variável de sintomas e/ou sinais esofagianos e/ou extraesofagianos, associados ou não a lesões teciduais Mecanismos de refluxo: a principal barreira anti-refluxo é o EEI, ou seja, a competência do mesmo em contrair garante a proteção contra o refluxo. Entretanto, algumas anormalidades contribuem com o refluxo como o relaxamento transitório do EEI, hipotonia verdadeira do EEI e a hérnia de hiato (desestrutruração anatômica da junção esôfagogástrica). 1- relaxamento transitório do EEI → quando há enchimento gástrico exacerbado e distensão gástrica, isso promove um reflexo anômalo pelo nervo vago que causa um relaxamento mais duradouro (acima de 10 segundos), associado a uma ausência de peristalse eficaz, fazendo com o conteúdo continue no esôfago e seja refluído. 2- hipotonia verdadeira do EEI → quando há hipotonia a pressão do EEI fica abaixo de 10mmHg, sendo que o normal é variar de 10 a 30 mmHg. Algumas condições podem Cirurgia 86 levar a essa hipotonia como esclerose progressiva, lesão cirúrgica do EEI (como na cardiomiotomia a heller), tabagismo, drogas anticolinérgicas e etc. Entretanto geralmente é de causa desconhecida (idiopática) 3- hernia de hiato → é uma desestruturação anatômica da junção esôfagogástrica. Nessa junção, existe um reforço mecânico do diafragma por estarem na mesma altura, entretanto, quando existe uma hérnia hiatal ocorre o deslocamento do esôfago fazendo com que ocorra o desnivelamento ou seja, o EEI deixa de coincidir com o diafragma, perdendo o reforço mecânico, propiciando o refluxo. Quanto maior a hernia, maior o risco de refluxo, porem, sua presença não é suficiente para o diagnóstico de DRGE. Quadro clínico: pirose, regurgitação, disfagia e sintomas extra esofágico (atípicos) Obs: pirose se diferencia de azia (queimação epigástrica) Obs: a disfagia é incomum, leve e insidiosa. Se ela for persistente e progressiva, deve- se suspeitar de outras condições Cirurgia 87 Diagnóstico: é clínico. Se o paciente chega com os sintomas, devemos fazer a prova terapêutica de supressão ácida. É feita dose dobrada de IBP por pelo menos 2 semanas (sintomas típicos) ou 2-3 meses (sintomas atípicos). É um teste barato, realizado a nível ambulatorial, não invasivo e sem complicações. Mas, existem também outros meios como a EDA e a PH métrica de 24H. EDA → baixa sensibilidade para DRGE. É mais usada quando há suspeita de complicações ou de outras etiologias para os sintomas (como cancer). As indicações são: idade maior que 40 anos, sinais de alarme como disfagia, hemorragia digestiva, anemia e perda ponderal, ausência de resposta clínica ao tratamento com IBP na presenças de sintomas típicos ou atípicos. Os achados endoscópicos são encontrados em 50% dos casos: esofagite de refluxo (erosão namucosa esofágica), úlcera esofágica e esôfago de barret. Para classificar as alterações da EDA, existem 2 tipos: classificação de Savary-miller ou Los Angeles (todas universais) Cirurgia 88 Cirurgia 89 Cirurgia 90 PHmetria → padrão ouro para confirmar o diagnóstico. É inserido um cateter que fica posicionado no esôfago distal durante 24h. O diagnóstico de DRGE é dado quando o PH é menor que 4 em mais de 7% das medidas. As indicações são: sintomas típicos refratários a terapia com EDA duvidosa ou normal, avaliação dos sintomas atípicos que não responderam a prova terapêutica por 3 meses, confirmação do diagnostico antes da cirurgia e reavaliação dos pacientes com persistência de sintomas após a cirurgia. Cirurgia 91 Complicações: esôfago de Barret é uma metaplasia (substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago normal pelo epitélio colunar contendo células intestinais). Diante de uma agressão continua na mucosa esofágica, causada pelo ácido, ocorre uma adaptação que gera essa substituição do epitélio intestinal que é mais resistente ao ácido. Essa metaplasia é um risco pois pode se tornar uma displasia e posteriormente um câncer. Logo, o esôfago de barret é uma lesão precursora de adenocarcinoma de esôfago. A suspeição é feita com a EDA, pela visualização da imagem típica abaixo, faz a biópsia e o diagnóstico é feito pela anatomia patológica. Tratamento clínico: Tratamento cirúrgico: Cirurgia 92 Fundoplicatura → traciona o fundo gástrico ate a transição esôfagogástrica e forma uma válvula em torno do EEI. O grau de fechamento depende dos sintomas do paciente Cirurgia 93 Tratamento do esôfago de barret: tratamento clínico + deve-se fazer o acompanhamento com EDA e biópsia seriada em 1 ano, a cada 1-3 anos. Se for identificado uma displasia de baixo grau, o acompanhamento com EDA passa a ser semestral. Se for identificado displasia de alto grau, é indicado a esofagectomia distal (resseca o esôfago lesionado) evitando a evolução para adenocarcinoma. Megaesôfago Acalásia → distúrbio primário de motilidade do esôfago, com degeneração da função neuromuscular e hipertonia do esfincter esofagiano inferior. Fisiopatologia: O plexo de Meissner e de Auerbach são os responsáveis pelo relaxamento do EEI e pela peristalse, estimulados pelo reflexo vagal. Na acalásia, ocorre a destruição do suprimento nervoso do EEI e consequentemente destruição desses plexos, causando um déficit de relaxamento fisiológico desse esfíncter durante a deglutição. Além disso, durante o jejum vai ocorrer uma hipertonia exacerbada e também uma substituição da peristalse normal do corpo esofagiano por contrações anormais, causada pela destruição dos plexos. Cirurgia 94 Etiologia: Quadro clínico: disfagia (sintoma mais comum, disfagia de condução/“entalo”, insidiosa), regurgitação (retenção do material não digerido no esôfago, causando a regurgitação, tendo risco de broncoaspiração e halitose) perda de peso (lenta e insidiosa). Evolução da doença: esôfago de calibre normal, porem com pequena retenção de contraste na esofagografia → o esôfago vai ficando discinético, ou seja, com a peristalse alterada, passando a apresentar um pequeno aumento do calibre, discreta dilatação (megaesôfago leve) e retenção importante de contraste devido a hipertonia do EEI → evolui para o megaesôfago franco, bem dilatado com atividade motora reduzida → evolui para dolicomegaesôfago (fica tão dilatado e alongado que “tomba” e repousa sobre a cúpula diafragmática) Diagnóstico: RX de tórax → inespecífica, mas muito utilizada. Os achados são: ausência da câmara de ar gástrica, massa mediastínica tubular ao lado da aorta e nível hidroaéreo no Cirurgia 95 mediastino Esofagografia baritada → serve para classificar o estagio da doença do paciente e definir o tratamento. Os achados são: dilatação do corpo esofágico, retenção do contraste esofagiano devido a hipertonia do EEI, formando um estreitamento na topografia EEI (bico de pássaro/chama de vela), falha no enchimento do contraste devido a possíveis restos alimentares na região, fazendo com que o contraste não consiga opacificar por completo e é possível visualizar também as ondas peristalticas terciárias (anormais) Cirurgia 96 Cirurgia 97 Esofagomanometria → padrão ouro. Avalia a motilidade e serve para excluir outras patologias com distúrbio de motilidade. Os achados são: déficit do relaxamento fisiológico do EEI durante a deglutição, hipertonia do EEI (em geral >35mmHg), substituição da peristalse normal do corpo esofagiano por contrações anormais e aumento da pressão intraluminal do corpo esofágico EDA → serve para afastar neoplasia. Avalia as complicações e os graus de esofagite. Deve ser realizada em todos os pacientes com acalásia Classificação: 1- de Rezende → usa a manometria e a esofagografia Tratamento: tem como objetivo o relaxamento do esfíncter esofagiano inferior. Cirurgia 98 No tratamento clinico as medicações usadas não são tão eficazes, sendo restringidas apenas ao grau 1. Esses medicamentos promovem a hipotonia do esfíncter como o nitrato e os antagonistas de cálcio Toxina botulínica É feita por via endoscópica. Chega até a transição esôfagogástrica e nesse local faz a injeção da toxina. Ela tem a ação de promover o relaxamento muscular. É de fácil execução, tem duração breve de 6 meses. A injeção pode gerar uma maior aderência das camadas musculares e fibrose, dificultando posteriores cirurgias. É usada em geral no grau 1 ou 2 Dilatação endoscópica É feita por via endoscópica, coloca um fio guia através do EEI e insere o balão e depois insufla o mesmo, promovendo a dilatação do EEI, reduzindo os sintomas. É usada mais no grau 2. Apresenta bons resultados iniciais, mas tem uma taxa de 50% dos casos de recidiva dos sintomas. Conforme a dilatação vem sendo repetida (após a terceira) existe uma queda da eficácia do tratamento. Tem como complicação a perfuração esofágica Cirurgia 99 Cardiomiotomia a Heller É feita por via laparoscopia. Chega ate a junção esôfagogástrica e faz a secção das fibras musculares do EEI. Com a secção ocorre o risco de refluxo, por isso, faz-se também a fundoplicatura como válvula anti-refluxo. Esofagectomia É usada em casos mais avançados (grau 4 ou 3), quando o esôfago não tem mais função. É feita a ressecção do esôfago e criado um tubo gástrico que irá substituí-lo. Faz-se uma anastomose cervical gástrica. Pode ser transhiatal ou transtorácica Aula 8 - Síndrome dispéptica Anatomia O estômago é dividido em cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. A incisura angular (transição corpo - antro). É o local mais comum de úlceras e de câncer gástrico Cirurgia 100 Vascularização arterial: A. Gástrica esquerda (ramo do tronco celíaco), A. Gástrica direita (ramo da hepática), A. Gasrtroepiploica esquerda e direita (ramo da esplênica e ramo da gastroduodenal respectivamente) Drenagem venosa: As veias correm em paralelo às artérias, são elas as veias gástricas direita e esquerda e veias gastroepiplóicas direita e esquerda. Elas vão direto para veia porta ou para as veias mesentérica superior ou esplênica (que formam a veia porta) Cirurgia 101 Inervação parassimpática: é o nervo vago (direito e esquerdo). O primeiro ramo do nervo vago direito ou posterior é chamado de nervo criminoso de Grassi, que é uma potencial etiologia de úlceras recorrentes, caso não seja seccionado na cirurgia. Obs: um dos tipos de tratamento é a vagotomia, pois diminui a hipercloridria Inervação simpática: vai de T5 a T10 e o plexo nervoso celíaco Sistema nervoso intrínseco: são os plexos de Auerbach e de Meissner Cirurgia 102 Morfologia e fisiologia Epitélio colunar (cilíndrico) Numerosas depressões: criptas ou fovéolas gástricas Cirurgia 103 Obs: uma outra possível cirurgia é a antrectomia, pois retirando o antro, estamos retirando também a maior parte das células G, que são as principais formadoras
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