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RESUMO: DENGUE 2021 Página 1 DENGUE 4 sorotipos de dengue no Brasil. (há 5 tipos no mundo) Família Flaviviridae (dengue, ZikaV, ChikV e febre amarela). Vetor: mosquito fêmea do A. aegypti. OMS: 100 milhões de afetados. Bhatt e col.: +/- 390 milhões de casos anualmente, ¼ deles são sintomáticos. Gera epidemias no Brasil desde 1986. Proteína E, nas espículas do envelope, se relaciona com a imunidade, por ser um domínio antigênico importante (epítopo). N53 é uma proteína capaz de ativar a imunidade celular. HISTÓRICO 1780 descrição da doença na Filadélfia 1906 foi descoberto que a doença era transmitida pelo mesmo vetor da febre amarela 1907 foi descoberto que a doença era causada por vírus 1954 descrição de nova doença causada pelos vírus da dengue, que levava à hemorragia, choque e letalidade em 40% dos enfermos (DHF – febre da dengue hemorrágica; DSS síndrome de choque da dengue) 1968 descrevem-se as 4 cepas 1970 descrição da fisiopatogenia da dengue hemorrágica 1981 a primeira epidemia nas Américas (Cuba) – dengue tipo 2 Década de 80 se avolumam os conhecimentos moleculares 1990 diagnóstico por RT-PCR. DENGUE NO BRASIL 1846 houve uma epidemia de “polka” (mialgia e artralgia) no Rio de Janeiro, cuja menção foi feita em 1917 1903, 1904 campanhas de erradicação do vetor (Emílio Ribas e O. Cruz) 1920: Rockfeller fornece suporte técnico e financeiro o Erradicação do vetor no Brasil 1923 – 1981 não há registro de dengue no Brasil 1967, 1976, 1977, 1980 há registros que encontram vetores no país 1980 “Aedes albopictus” no Brasil 1991 vírus tipo 1 isolado em larvas de “A. albopictus” 2000 vírus tipo 3 é introduzido no país pelo Rio de Janeiro 2005 a 2007 dengue tipo 4 no Amazonas Região Sudeste é a mais afetada (VERONESI, 2015) EPIDEMIOLOGIA Aedes (aegypti, albopictus, africanus, leu- teochephalus, opok, taylori, furcifer, medi- ovittatus) “A. aegypti” é cosmopolita, mais adaptado a regiões tropicais e subtropicais, tem baixa resistência a alturas elevadas e baixas temperaturas. Urbano principalmente. Oriundo da Etiópia, provavelmente. Introduzido nas Américas há 4 séculos com o tráfico de escravos. “A. albopictus” é de zona rural, não depende de grandes concentrações humanas. Período de incubação extrínseco (7 a 11 dias), até a chegada às glândulas salivares. A picada da fêmea leva à infecção humana. Há possibilidade de transmissão transovariana de inseto para inseto. Os ovos do mosquito se mantêm viáveis por até um ano e meio e eclodem no contato com água, em ciclo que varia de 12 a 15 dias. RESUMO: DENGUE 2021 Página 2 Ovoposição em pneus, caixas d’água, vasos de planta, oco de bambu (locais de acúmulo de água). Ovo -> larva -> pupa -> mosquito adulto (pequeno raio de ação, mas pode se disseminar acompanhando a migração humana por navio, avião, etc). PATOGENIA E RESPOSTA IMUNE Fagocitose do vírus por células dendríticas, migração para um linfonodo regional onde ele realiza a primeira replicação. Viremia disseminada pelo plasma ou em monócitos. o A dengue tem tropismo por células fagocitárias, são sítios de replicação. Resposta imune: o Protetora: citotoxicidade, neutralização, Fc+complemento, opsonização Antígenos: Proteína E na superfície do capsídeo Proteína NS1 na superfície celular ou no plasma Resposta imune inata e celular inicialmente A resposta celular se dá contra várias proteínas do vírus, sendo a NS3 a mais imunogênica Febre e mal-estar (TNF-alfa, IL6, IFN-gama) Mialgias (multiplicação do vírus no tecido muscular) IgM detectável no D4, máximo no D7/D8, declínio a zero em alguns meses IgG em baixos níveis na S1, altos em S2/S3, persiste por anos. Garante imunidade contra a cepa infectante Infecção recente garante imunidade por 3 meses contra todas as cepas (fase de convalescência). A Infecção em quem já teve contato com outras cepas ou com outros flavivirus, incluindo vacinados contra febre amarela, faz resposta secundária (baixo IgM e alto/rápido IgG) o Imunopatogênica Dengue hemorrágica (DHF): confluência de fatores virais e do hospedeiro, virulência e imunopatogênese. Todas as cepas podem causar DHF. Resposta secundária e crianças menores de 1 ano com infecção primária filhas de mães com anticorpos para a dengue apresentam maiores chances de DHF. Risco >100x O anticorpo não apresenta resposta protetora, ao contrário, facilita a infectividade. Infecção inicial das cepas 1, 3 ou 4 e após 1 a 5 anos se reinfectam com a cepa 2: maior risco de DHF. Infecção inicial com a cepa 2 reduz o risco futuro de DHF Mecanismo: sítio alostérico Fcg do anticorpo, além do ligante padrão (tem dois ligantes para o receptor do macrófago) TCD4+ libera IFN-gama, o que aumenta expressão de receptores para Fcg e de MHC I e II; Macrófagos ativados liberam tromboplastina (coagulação) e proteases ativadoras do complemento (lise celular e choque) após indução citotóxica; RESUMO: DENGUE 2021 Página 3 TNF-alfa afeta células inflamatórias e endoteliais, piorando a trombocitopenia; induz IL8 que faz basófilos liberarem histamina (↑ permeabilidade vascular); IL6 se relaciona com hipertermia; Anafilotoxinas (C3a, C5a), leucotrienos, histamina e fator inibidor do ativador do plasminogênio encontrados em casos graves por curto intervalo de tempo; IgG passa da mãe para o feto. PATOLOGIA Hemorragias cutâneas em TGI, septo interventricular cardíaco, pericárdio, espaços subaracnóideos e superfícies viscerais. Hepatomegalia Derrame em cavidade abdominal e espaço pleural Não se evidencia dano em parede vascular Coagulação intravascular (megacariócitos em capilares pulmonares, glomérulos renais, sinusóides hepáticos e esplênicos) Linfocitose (fagocitose de integrantes da polpa branca esplênica, necrose de centros germinativos em linfonodos e bloqueio da maturação megacariocítica na medula óssea) Rins com padrão de glomerulonefrite Excetuando as hemorragias, esses achados não justificam a alta letalidade. QUADRO CLÍNICO Período de incubação: 2 a 8 dias (outras fontes: 4 a 7 dias) Infecções assintomáticas Febre da dengue o Dengue Clássica Geralmente benigna, início abrupto Febre (39/40ºC; reduz até o D6), cefaleia intensa, mialgias, anorexia, artralgias, dor retro-ocular e astenia são comuns (>50%) Manifestações TGI, exantema (relativamente tardio, surge entre D3 e D4; característica de “ilhas brancas em mar vermelho”) e prurido acontecem em <50% Fotofobia, tontura, epistaxe, gosto amargo na boca em <10% Linfoadenomegalia, parestesias em MMII, tosse e hepatomegalia em <0,5% Leucopenia e linfopenia (após D2), plaquetas normais ou levemente reduzidas, TGO/TGP elevados (~3x VR) Atenção para sinais de alerta: dor abdominal, vômitos persistentes, acúmulo de fluidos, letargia, sangramento de mucosas, hepatomegalia >2cm e aumento de hematócrito associado a trombocitopenia o DHF (a OMS não utiliza mais essa nomenclatura) Dengue endêmica com mais de uma cepa Início abrupto, febre alta, náuseas, vômitos, mialgia e artralgia RESUMO: DENGUE 2021 Página 4 Quadro hemorrágico no D2/D3, petéquias na face, veu palatino, axilas e extremidades. Prova do laço positiva - fragilidade capilar, equimoses, melena ou hematêmese. Hepatomegalia, 2 a 4cm. Esplenomegalia é possível. Hepatomegalia, hematêmese e dor abdominal indicam mau prognóstico. Provável evolução para choque. Síndrome de choque surge entre o D3 e o D7, mantém-se por 1 ou 2 dias. Dor abdominal, letargia, insuficiência circulatória (pele fria e pegajosa, cianose central e pulso rápido), PA baixa. Acidose metabólica e CIVD. Sem tto, óbito em até 6h. Se sobrevive, não gera seqüelas. TRATA COM SORO. Hematócrito >20%plaquetopenia <100mil/mm³. Após hidratação, o hematócrito deve cair 20%. Graus 3 e 4 são considerados síndrome de choque. É preciso fazer confirmação laboratorial o Formas menos frequentes Acometimento do SNC (encefalites, polineuropatias como Guillain Barré), hepatites, miocardite viral, pericardite, choque cardiogênico, baixo peso em recém nascidos e parto prematuro. RESUMO: DENGUE 2021 Página 5 (Sinais de choque: hipotensão, PA diferencial <20mmHg, choque, pulso rápido e fino, enchimento capilar lento >2s – o choque é de curta duração) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A forma clássica faz diferencial com influenza (inverno; tosse, coriza, obstrução nasal), sarampo (pródromos com sintomas respiratórios e sinal de Koplik), rubéola (micropoliadenopatia e mialgias/cefaléias menos intensas) e hepatite (icterícia/transaminases mais elevadas). Leptospirose (avaliar epidemiologia, leucocitose com neutrofilia, acometimento renal e evolução arrastada) e malária (antecedente de viagens, anemia, períodos de febre, esplenomegalia e plasmodium no sangue), se há icterícia. Na dengue hemorrágica, diferencial com septicemia com gram-negativo, estafilococo, febre amarela, malária e febre maculosa. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Isolamento viral Detecção do RNA por RT-PCR, PCR em tempo real Sorológico o Mac-ELISA, IgG-ELISA, antígeno NS1, kits comerciais RESUMO: DENGUE 2021 Página 6 Histopatologia e imunohistoquímica o Se óbito TRATAMENTO Não há tratamento específico Tratamento sintomático Grupo A: hidratação VO 80ml/Kg/dia, orientações sobre a evolução Grupo B: o Se HTC normal: hidratação VO o Se HTC >10% do normal: hidratação VO ou IV 40ml/Kg em 4h Grupo C: hidratação IV 20ml/Kg em 2h Grupo D: o 3x Hidratação IV 20ml/Kg em 20min o Se não melhorar, 25ml/Kg em 6h o Lembre que o choque é de curta duração e você não pode manter hidratação vigorosa a esse nível tendo retirado o paciente do choque Riscos: IC, edema agudo de pulmão, óbito Ao conseguir pressão >65mmHg, use droga vasoativa
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