Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Trauma Medular Trauma na medula pode produzir lesões envolvendo as medulas espinal, vertebral ou ambas. Ocasionalmente, os nervos medulares são afetados. A anatomia da coluna vertebral é revisada em outro local. A lesão do cordão medular pode ser: Completa Incompleta Etiologia As causas mais comuns de lesão da coluna são: Acidentes com veículos automotores (48%) Quedas (16%) O restante das lesões medulares é atribuído a agressões (12%), esportes (10%) e acidentes relacionados ao trabalho. Mais de 80% dos pacientes são homens. Em idosos, as quedas são a causa mais comum. Osteoporose e doença articular degenerativa podem aumentar o risco de lesão da medula em velocidades de impacto mais baixas devido à angulação formada pelas articulações degeneradas, osteófitos pressionando o funículo, e fragilidade óssea que permite fraturas fáceis ao longo de estruturas cruciais. As lesões na medula espinal ocorrem quando uma força física direta lesa vértebra, ligamentos ou discos da coluna espinal, causando hematoma, esmagamento ou ruptura do tecido da medula espinal. Essas lesões também podem produzir lesão vascular que resulta em isquemia ou hematoma (normalmente extradural), levando a danos posteriores. Todas as formas de lesão podem causar edema na medula espinal, diminuindo posteriormente fluxo sanguíneo e oxigenação. A lesão pode ser mediada pela liberação excessiva de neurotransmissores das células lesadas e por resposta inflamatória imunitária com liberação de citocinas, acúmulo de radicais livres e apoptose. Lesão vertebral As lesões vertebrais podem ser: Fraturas que podem envolver corpo vertebral, lâmina, pedículos e processos espinhosos, articulares e transversos. Deslocamentos, que normalmente comprometem as facetas. Subluxações, que podem provocar ruptura ligamentar sem lesão óssea. No pescoço, fraturas dos elementos posteriores e deslocamentos podem lesar as artérias vertebrais, causando uma síndrome semelhante a um derrame do tronco cerebral. Lesões vertebrais instáveis São aquelas em que as integridades ósseas e ligamentar são rompidas, de modo que o movimento livre possa ocorrer, comprimindo potencialmente a medula espinal ou seu fornecimento vascular e resultando em dor e possível piora da função neurológica ou da dor. Esse movimento vertebral pode ocorrer mesmo com a mudança de posição do paciente (p. ex., para transporte de ambulância durante avaliação inicial). As fraturas vertebrais estáveis são capazes de resistir a esse movimento. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/esclerose-lateral-amiotr%C3%B3fica-ela-e-outras-doen%C3%A7as-do-neur%C3%B4nio-motor-dnms#v1045783_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-da-medula-espinal/vis%C3%A3o-geral-dos-dist%C3%BArbios-da-medula-espinal#v1046540_pt As lesões específicas variam tipicamente com o mecanismo do trauma. As lesões em flexão podem produzir fraturas do corpo vertebral ou fraturas de processo espinal. Força de flexão maior pode causar luxação da faceta bilateral ou, se ocorrer nos níveis C1-C2, fraturas odontoide e/ou atlantooccipital, subluxação atlantoaxial ou fratura e subluxação. A lesão rotacional frequentemente causa deslocamento da faceta lateral. Lesões por hiperextensão, com frequência, causam fratura do arco neural posterior. Lesões de compressão podem causar rupturas dos corpos vertebrais. Lesão na cauda equina A parte mais baixa da medula espinal (cone medular) é normalmente ao nível da vértebra L1. Os nervos espinais abaixo desse nível compreendem a cauda equina. Portanto, os achados nas lesões medulares abaixo desse nível podem mimetizar as lesões da medula espinal, particularmente a síndrome do cone medular. Sinais e sintomas O sinal cardinal da coluna consiste em um nível de lesão discreta em que a função neurológica acima da lesão esteja intacta e a função abaixo dela não exista ou esteja acentuadamente diminuída. Avalia-se a força muscular usando a escala convencional de 0 a 5. Certas manifestações dependem do nível exato e do fato de a lesão medular ser completa ou incompleta. Priapismo pode ocorrer na fase aguda da lesão da medula espinal. Além das funções motoras e sensoriais, sinais do neurônio motor superior são um achado importante na lesão da medula. Esses sinais são o aumento dos reflexos tendíneos profundos e do tônus muscular, resposta extensora plantar, clônus e reflexo de Hoffman. Lesão vertebral, como outras fraturas e luxações, normalmente é dolorosa; porém os pacientes que apresentam outras lesões dolorosas ou nas quais o nível de consciência esteja alterado por intoxicantes ou lesão cerebral podem não reclamar de dor. Lesão medular completa Lesão medular completa resulta em: Paralisia imediata, completa e flácida (com perda do tônus do esfíncter anal). Perda de toda a atividade reflexa e sensorial. Disfunção autonômica abaixo do nível da lesão. A lesão cervical alta (em C5 ou acima) afeta os músculos que controlam a respiração, causando insuficiência respiratória; pode ocorrer dependência do respirador, especialmente em lesões em C3 ou acima dela. Disfunção autonômica por lesão da medula cervical pode resultar em bradicardia e hipotensão; o denominado choque neurogênico. Ao contrário de outras formas do choque, a pele permanece quente e seca. Arritmias e instabilidade da pressão arterial (PA) podem acontecer. A pneumonia é uma causa frequente de morte em pessoas com lesão alta na coluna cervical, especialmente naquelas dependentes de ventilação mecânica. Dentro de algumas horas ou dias, paralisia flácida pode se tornar espástica, devido ao excesso de reflexos de alongamento normais, resultando na perda da inibição descendente. Depois, se a medula lombossacral estiver intacta, os espasmos musculares flexores aparecem e os reflexos profundos do tendão, bem como os autônomos, retornam. Lesão medular incompleta Em lesões medulares incompletas, ocorre perda sensorial e motora, e os reflexos profundos dos tendões podem ser hiperativos. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/dor-cervical-e-lombar/subluxa%C3%A7%C3%A3o-atlantoaxial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/exame-neurol%C3%B3gico/como-avaliar-a-for%C3%A7a-muscular https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/sintomas-de-doen%C3%A7as-genitourin%C3%A1rias/priapismo https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-das-arritmias https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/pneumonia/vis%C3%A3o-geral-da-pneumonia As perdas sensoriais e motoras podem ser permanentes ou temporárias, dependendo da etiologia; a função pode ser perdida brevemente devido à concussão ou, de forma mais duradoura, por causa de contusão ou laceração. Às vezes, porém, edema rápido da medula resulta em disfunção neurogênica total que lembra lesão medular completa; essa condição é chamada de choque medular (para não ser confundido com choque neurogênico). Os sinais e sintomas desaparecem em um a alguns dias, mas a incapacidade residual geralmente permanece. As manifestações dependem de qual parte da medula está envolvida; várias síndromes discretas são reconhecidas. Síndrome de Brown-Séquard Resulta da hemisecção da medula. Os pacientes desenvolvem paralisia ipsolateral espástica, perda da percepção da postura abaixo da lesão e perda contralateral de dor e sensação térmica. Síndrome da medula anterior Resulta da lesão direta à medula espinal anterior ou à artéria espinal anterior. Pacientes perdem as sensações motoras e de dor bilateralmente abaixo da lesão. A função da medula posterior (vibração, propriocepção) permanece intacta. Síndrome da medula central Normalmente ocorre em pacientes com canal cervical estreito (congênito ou degenerativo) após lesão por hiperextensão. A função motora nos membros superiores é muito mais prejudicada do que nos membros inferiores. Se a coluna posterior é afetada, perdem-se a postura, vibração e toque leve. Se os tratos espinotalâmicos são afetados, perde-se a sensação de dor, temperatura e, muitas vezes, luz ou toque profundo. Hemorragia na medula espinal vinda de trauma (hematomielia) está normalmente confinada à massa cinzenta cervical central, resultando em sinais de lesão nos neurônios motores inferiores (fraqueza e perda muscular, fasciculações e reflexos diminuídos dos tendões nos membros superiores), que, em geral, é permanente. A fraqueza motora é, com frequência, proximal e acompanhada por deficiência seletiva de dor e sensação de temperatura. Lesões na cauda equina A perda motora e/ou sensorial costuma ser parcial e ocorre na região distal das pernas. Em geral, os sintomas sensoriais são bilaterais, mas costumam ser assimétricos, comprometendo mais um dimídio do que o outro. A sensação está normalmente diminuída na região perineal. A deficiência das funções intestinal e da bexiga pode envolver incontinência ou retenção. Os homens podem ter disfunção erétil e as mulheres podem apresentar resposta sexual diminuída. O tônus do esfíncter anal está diminuído e os reflexos bulbocavernosos e anais estão anormais. Esses achados podem ser similares aos da síndrome do cone medular. Complicações da lesão na medula espinal As sequelas dependem da gravidade e do nível da lesão. A respiração pode estar alterada se a lesão for no segmento C5 ou acima. A mobilidade reduzida aumenta o risco de coágulos sanguíneos, infecções do trato urinário, contraturas, atelectasia, pneumonia e úlceras por pressão. Espasticidade deficiente pode se desenvolver. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/disfun%C3%A7%C3%A3o-sexual-masculina/disfun%C3%A7%C3%A3o-er%C3%A9til https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio/introdu%C3%A7%C3%A3o-a-infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/bronquiectasia-e-atelectasia/atelectasia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/pneumonia/vis%C3%A3o-geral-da-pneumonia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/escaras-de-dec%C3%BAbito/escaras-de-dec%C3%BAbito A instabilidade cardiovascular é comum logo após a lesão da medula cervical e está relacionada com choque neurogênico e disrreflexia autonômica que ocorrem em resposta aos eventos deflagradores, como dor ou pressão no corpo. A dor neurogênica crônica pode se manifestar como queimação ou “em agulhadas”. Diagnóstico Consideração da lesão em pacientes de alto risco, mesmo os que não apresentam sintomas. TC Lesões na medula resultantes de trauma nem sempre são evidentes. A lesão na medula espinal e na coluna deve ser cogitada nos pacientes com: Lesões que envolvem a cabeça Fraturas pélvicas Lesões penetrantes na área da coluna vertebral Lesões sofridas em veículos automotivos Lesões fechadas graves Lesões sofridas por quedas de altura ou mergulho na água Em pacientes idosos, também deve-se considerar lesão na coluna vertebral após pequenas quedas. Também deve-se considerar lesão na coluna ou medula espinal em pacientes com sensório alterado, sensibilidade localizada na espinha, lesões dolorosas por distração ou déficits neurológicos compatíveis. O diagnóstico das lesões na medula espinal é feito por imagens e avaliação da função neural, incluindo reflexa, motora e sensorial. Estudo dos nervos A função motora é testada em todas as extremidades. O teste de sensibilidade deve envolver toque leve, agulhadas e propriocepção de posição. Identificação do nível sensorial é melhor feita testando de distal para proximal e pelos testes das raízes torácicas no dorso, a fim de evitar confusão com a capa cervical. O priapismo indica dano na medula espinal. O tônus retal pode estar diminuído; e os reflexos dos membros inferiores, exuberantes ou diminuídos. Exames de imagem Normalmente, tira-se radiografia de quaisquer áreas possivelmente lesadas. A tomografia computadorizada (TC) é obtida para áreas anormais e áreas com risco de lesão baseadas nos achados clínicos. No entanto, a TC tem sido cada vez mais usada como imagem primária para trauma medular em virtude de sua melhor precisão diagnóstica e, em muitos centros de trauma, pode ser obtida rapidamente. A ressonância magnética (RM), que ajuda a identificar tipo e local da lesão medular, é o exame de imagem mais preciso da medula espinal e outros tecidos moles, mas pode não estar disponível no momento. Se a fratura atravessar o forame transverso de uma vértebra cervical, geralmente indica-se exame vascular (normalmente, angiografia por TC) para descartar possível dissecção da artéria vertebral. Prognóstico Os nervos seccionados ou degenerados da medula espinal geralmente não se recuperam, e o dano funcional costuma ser permanente. O tecido neural comprimido pode recuperar sua função. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/sintomas-de-doen%C3%A7as-genitourin%C3%A1rias/priapismo O retorno de parte do movimento ou da sensação durante a primeira semana após a lesão anuncia recuperação favorável. Algumas pesquisas demonstram retorno parcial da função em lesões previamente completas da coluna espinhal com estimulação da coluna. Tratamento Imobilização Manutenção de oxigênio e perfusão da medula espinal Cuidados de suporte Estabilização cirúrgica quando apropriado Cuidado sintomático a longo prazo e reabilitação Cuidados imediatos Uma meta importante é prevenir a lesão secundária em coluna ou medula espinal. Lesões instáveis Flexão e extensão da coluna podem contundir ou seccionar a espinha. Dessa maneira, quando as vítimas de lesão são movidas, o manuseio inapropriado pode precipitar paraplegia, tetraplegia ou mesmo morte decorrente da lesão espinhal. Pacientes que apresentam lesão medular devem ser imobilizados imediatamente. O pescoço é mantido reto manualmente durante entubação endotraqueal. Assim que possível, a coluna deve ser totalmente imobilizada em maca firme, lisa, ou em superfície similar para estabilizar sua posição sem pressão excessiva. Um colar rígido deve ser utilizado para imobilizar a coluna cervical. Pacientes com lesão medular torácica ou lombar devem ser carregados na posição prona ou supina. Aqueles com lesão na medula cervical que possam ter dificuldades respiratórias devem ser carregados na posição supina, com atenção para manter uma passagem de ar adequada e evitar constrição torácica. É desejável que a transferência seja feita para um centro de trauma. Os cuidados médicos devem ser direcionados para evitar hipóxia e hipotensão, pois ambas podem, posteriormente, estressar a medula lesada. Muitos especialistas defendem a manutenção de pressão arterial levemente elevada com pressão arterial média (PAM) ≥ 85 mmHg para melhorar a perfusão medular e reduzir episódios hipotensivos que podem ter repercussões adversas na recuperação. Nas lesões cervicais acima de C5, entubação e suporte respiratório normalmente são necessários. Doses altas de corticoides, iniciadas 8 h após alesão da medula espinal, são utilizadas há muito tempo na tentativa de melhorar o desfecho em lesões fechadas, mas múltiplos ensaios clínicos em adultos não conseguiram demonstrar nenhum benefício clínico adicional, porém, documentaram maior risco de infecção por lesão, embolia pulmonar, sepse e morte. As lesões são tratadas com repouso, analgésicos e relaxantes musculares, com ou sem cirurgia, até que edema e dor locais estejam melhores. As lesões instáveis são imobilizadas até que osso e tecidos moles tenham cicatrizado no alinhamento correto; algumas vezes, cirurgia com fusão e fixação interna é necessária. Pacientes com lesões medulares incompletas podem apresentar melhora neurológica significante após descompressão. Em contraste, o retorno da função neurológica útil abaixo do nível da lesão é improvável. Dessa forma, a meta da cirurgia é estabilizar a coluna para permitir mobilização precoce. A cirurgia precoce permite mobilização precoce e reabilitação. Estudos recentes sugerem que o melhor momento da cirurgia de descompressão para lesões da medula incompletas é em até 24 h depois da lesão. Para lesões completas, às vezes, a cirurgia é feita nos primeiros dias, mas ainda não está claro se o tempo em que é realizada afeta o desfecho. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/parada-respirat%C3%B3ria/entuba%C3%A7%C3%A3o-traqueal https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/sepse-e-choque-s%C3%A9ptico/sepse-e-choque-s%C3%A9ptico
Compartilhar