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Fármacos utilizados na contracepção e menopausa

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Rebeca Cotting Shumiski- ENF 80 
 
Fármacos utilizados na contracepção e menopausa 
Estrogênios e progesterona são usados 
terapeuticamente das seguintes formas: 
 Controle da reprodução (contraceptivos) 
 Terapia de reposição hormonal (TRH), menopausa 
 Insuficiência ovariana primária (Síndrome de 
Turner) 
1. Na puberdade, ocorrem alterações a nível 
hipotalâmico e, com isso, a liberação de vários 
hormônios e neurotransmissores. Esses irão 
promover a síntese e liberação do hormônio 
liberador de gonadotrofina (GnRH). 
2. Esse hormônio será secretado e liberado de forma 
pulsátil, cairá na corrente sanguínea pelo sistema 
porta hipofisário e chega até a adenohipófise. 
3. Na adenohipófise, o GnRH se liga ao seu receptor, 
ativando a síntese e secreção das gonadotrofinas 
(FSH e LH). Seu receptor é encontrado em células 
específicas da adenohipófise. 
4. As gonadotrofinas interagem com células do 
folículo ovariano, promovem seu desenvolvimento 
(gametogênese) e a secreção do estrogênio. Os 
principais estrógenos secretados são 17-beta-
estradiol e progesterona. 
LH 
Interage, no folículo ovariano, com a célula da teca. 
Pode também interagir com as células da granulosa. 
Nas células da teca, temos a quebra de colesterol e 
formação de progesterona. A progesterona pode ser 
transformada em testosterona. A testosterona passa 
para as células da granulosa, onde sofre ação da 
enzima aromatase. A aromatase transforma 
testosterona em estradiol, outro hormônio feminino. 
FSH 
Interage, no folículo ovariano, com as células da 
granulosa. 
Há quebra de colesterol nas células da granulosa e 
formação de progesterona. 
 
 
 
1. Liberação de gonadotrofinas que agem no folículo 
ovariano, níveis altos de estrógeno 
2. Fase luteínica: há um pico de gonadotrofinas, o 
que promove o processo de ovulação. 
 Folículo ovariano expelido e transformado em 
corpo lúteo; 
 Corpo lúteo secreta estrogênio e progesterona; 
 Níveis de progesterona aumentam. 
3. Há uma queda dos níveis de progesterona e 
estrógeno, levando à menstruação, que é a 
descamação do endométrio 
A progesterona e o estradiol irão exercer efeitos 
cíclicos no útero, na tuba uterina e na vagina. 
Estrogênios 
 Proliferação e diferenciação celular do endométrio 
uterino; 
 Indução de receptores de progesterona no 
endométrio: aumenta a expressão de receptores 
de progesterona 
 Aumento da contratilidade do tecido muscular 
 Aumento da quantidade de água e muco cervical, 
facilitando a penetração dos espermatozoides 
Progesterona 
 Diminuição da proliferação induzida pelo 
estrógeno 
 Desenvolvimento do endométrio secretor 
 Diminuição da contratilidade uterina e da trompa 
de falópio 
 Mudança da secreção para viscosa, dificultando a 
penetração dos espermatozoides 
 Queda abrupta leva à menstruação. 
Estes hormônios irão agir em outros tecidos: 
 SNC: estrógenos estão envolvidos em diversos 
processos cognitivos, como o aprendizado e a 
memória. 
Na menopausa, com a queda de estrógeno e 
progesterona, há alterações dos processos 
cognitivos, aprendizado e memória. 
Rebeca Cotting Shumiski- ENF 80 
 
 Mama: estrógeno e progesterona estimulam a 
proliferação da glândula mamária (proliferação de 
células normais e células cancerosas). 
 Ossos: estrógenos regulam a remodelagem e o 
crescimento ósseo, além de prevenir a 
osteoporose. 
 Síntese (osteoblastos) e reabsorção 
(osteoclastos) óssea. Tende a ativar os 
osteoblastos e inibir os osteoclastos. 
 Esse processo também é feito por hormônios e 
fatores de crescimento. 
 Sistema vascular: estrógenos promovem 
vasodilatação em veias periféricas e artérias 
coronárias. 
 Inibem as respostas dos vasos sanguíneos a 
injúrias e o desenvolvimento de aterosclerose. 
 Estrógeno atua nos processos de coagulação e 
altera fatores de coagulação, podendo levar a 
formação de trombos 
 Melhora o efeito vascular em artérias e veias, 
pode ser agente protetor para IAM 
 Ovários: local de maior produção de estrógenos. 
Estes hormônios estimulam o crescimento do 
folículo ovariano. 
 Útero: estrógenos estimulam a proliferação e a 
diferenciação celulares. 
Estrógeno e progesterona podem desempenhar efeito 
oposto ou sinérgico. Suas ações também dependem 
de qual tecido está recebendo sua ação. 
beta-estradiol- -
Mecanismo genômico: 
 Estrógeno que caiu na corrente sanguínea é 
direcionado à célula uterina 
 É um composto esteroídico, capaz de atravessar 
facilmente a membrana lipoproteica. Entra no 
interior da célula do endométrio uterino, onde 
encontra seu receptor. 
 Temos dois receptores de estrógeno: 
 Receptor de estrógeno alfa 
 Receptor de estrógeno beta 
 Esse receptor está no núcleo da célula, é uma 
proteína de conformação tridimensional e é 
dividido em regiões. Formado por 595 aminoácidos 
e, cada “pedaço” de aminoácidos já é conhecido. 
 Quando o hormônio entra nas células, se liga no 
domínio de ligação ao ligante, que está na 
região carboxi terminal da proteína 
 Ao se ligar no receptor, o hormônio promove 
uma mudança de conformação dos 
aminoácidos. Estes se juntam e formam a 
região de função de ativação da transcrição 2 
(AF-2). 
 O receptor beta, ao contrário do alfa, não tem a 
função de ativação 1, mas a 2 pode ser formada 
com a ligação de estradiol ou agonistas ao 
receptor. Por isso, esses receptores podem 
levar a funções diferentes. 
 O receptor tem também a região D (dobradiça), 
que permite a movimentação de aminoácidos para 
que a mudança conformacional ocorra 
 A junção de receptor e hormônio é dimerizada e 
chega ao DNA. Se liga ao DNA pelo domínio de 
ligação ao DNA, que vai se ligar ao elemento de 
resposta ao estrógeno (região específica do DNA 
que permite a interação) 
 Há também proteínas correguladoras/co 
ativadoras que podem interagir em AF-1 ou AF-2: 
 Promovem a abertura da cromatina. Com isso, a 
RNA polimerase ativa o processo de transcrição 
 Temos proteínas co repressoras que, ao invés de 
promover a abertura das cromatinas, fazem com 
que elas se fechem mais. Esse processo impede a 
transcrição. 
 Tem sido mostrado que o receptor de estrógeno 
pode estar próximo a membrana plasmática, onde 
pode ativar diferentes vias de sinalização celular. 
São vias que levam à fosforilação, sendo um outro 
mecanismo onde receptor e hormônio interagem e 
promovem um efeito rápido. 
- - 
 A progesterona chega a sua célula de ação, entra e 
já encontra o receptor no citoplasma. Se liga ao 
receptor, o complexo é direcionado ao núcleo. 
 No núcleo, o receptor se desliga de algumas 
proteínas e se liga ao DNA no elemento de 
resposta à progesterona. 
 O RNA mensageiro promove a transcrição e a 
proteína formada nessa célula promove sua ação 
(ex: proliferação) 
 
 
Rebeca Cotting Shumiski- ENF 80 
 
Estrogênios 
 17 beta-estradiol, valerato de estradiol, cipionato 
de estradiol 
 Via parenteral, IM 
 Ação mais prolongada, administrados uma vez 
por semana ou a cada 3-4 dias 
 Etinilestradiol, estrona, mestranol, estrogênios 
conjugados 
 Etinilestradiol: presente nos contraceptivos 
 Estrogênios conjugados: vários compostos em 
um único comprimido. Terapia de reposição 
hormonal. 
 Via oral 
 17 beta-estradiol e estrogênios conjugados 
 Via tópica, transdérmicos, paches 
 Adesivos colocados na pele com liberação 
hormonal 
 Dietilestilbestrol, bisfenol A, genisteína 
 Vias parenteral e oral 
 Bisfenol A: liberado pelo plástico, compostos 
disruptores endócrinos. Efeito similar ao 
estrógeno. 
 Genisteína: derivado da soja 
Progesterona 
 Caproato de hidroxiprogesterona, acetato de 
medroxiprogesterona 
 Via parenteral 
 Bestorone, nomegestrol, medroxiprogesterona, 
acetato de megestrol 
 Via oral 
 Acetato de ciproterona: receptor de estrógenos, 
efeitos semelhantes ao da progesterona 
 19-nortestosterona: implantes Norgestrel, desogestrel, norgestimate, gestodene 
 Contraceptivos orais apenas com progesterona 
 Insuficiência ovariana primária (Síndrome de 
Turner) 
 Gonadotrofina, mas não leva ao 
desenvolvimento dos folículos ovarianos: 
alteração em receptores de gonadotrofina ou 
de GnRH 
 Alteração do eixo hipotálamo-adeno-hipófise 
 Necessária reposição de estrógeno e 
progesterona por via oral, injetável ou outras 
 Terapia de reposição hormonal (TRH) na 
menopausa 
 Prevenção ou tratamento de osteoporose, 
sintomas vasomotores, vaginite, doenças 
cardiovasculares e do sistema nervoso central 
 Progesterona: dismenorréia, endometriose, 
sangramento uterino, diagnóstico de teste de 
responsividade do endométrio aos estrogênios. 
 Diminui a dor da dismenorreia 
 Diminui o processo de descamação da 
endometriose 
 Contracepção 
Quando temos a queda de estrógeno e progesterona 
ao fim do ciclo menstrual, inicia-se, novamente, a 
liberação de FSH e LH. Níveis baixos de estrógeno e 
progesterona promovem a liberação de GnRH, FSH, 
LH. 
Ao administrar doses de estrógeno e progesterona, 
aumentamos sua concentração e diminuímos a 
secreção de gonadotrofinas. Essa redução de 
gonadotrofinas promovida por contraceptivos com 
estrógenos e progesterona é capaz bloquear a 
ovulação cerca de 98 ou 99%. 
 Estrógeno e progesterona também podem ter 
efeito local: 
 Maior secreção viscosa, dificultando penetração 
do espermatozoide no óvulo. 
 O contraceptivo com apenas progesterona é capaz 
de bloquear a produção de gonadotrofinas em 50% 
das mulheres. 
 Também dificulta a penetração do 
espermatozoide no óvulo 
 Menos seguro 
 Carcinoma mamário e endometrial 
 Doenças tromboembólicas 
 Hipertensão 
 Não leva à hipertensão, mas a mulher 
hipertensa apresenta quadros de piora. 
 Enxaqueca, mudança de humor

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