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Bruna Oliveira – 144 Aula de Ana Lúcia 2020.2 Doen a Hep tica Gordurosa • Definição DHGNA: Deposição de lipídeos, especificamente triglicérides, nos hepatócitos; presença de gordura em pelo menos 5% dos hepatócitos pela análise histológica, ou acima de 5,6% pela RNM, na ausência de causas secundárias. (NAFLD) • Esteatose: lesão pura sem injúria celular • EHNA (NASH) – esteatohepatite: forma inflamatória da DHGNA que pode levar a fibrose, cirrose e carcinoma HC (HCC) Epidemiologia • Cerca de 25% da população mundial, variando de acordo com a localidade • Síndrome clínica relacionada a Resistência a Insulina que engloba um espectro de doenças associadas: SINDROME METABÓLICA • DM 2 • Doenças cardiovasculares, aterosclerose, disfunção endotelial, AVC • Doença renal crônica (DRC) • Relacionado também com: Apneia do sono; câncer colorretal; osteoporose; psoríase; ovário policístico • Maior parte das mortes pacientes com DHGNA ocorre devido a DCV • Distribuição mundial • Afeta todas os grupos étnicos (raças) • Mais frequente DHC em todo mundo • Aumento prevalência de Diabetes mellitus tipo II • Aumento do sedentarismo, obesidade e sobrepeso • Obesos 75-80% têm a DHGNA e 25-40% EHNA • Crianças: 3-10% já têm DHGNA e crianças obesas 20- 50% • Prevalência não obesos 10-30%, mais frequente em homens MAFLD: Disfunção metabólica associada a doença hepática gordurosa • Nova nomenclatura proposta • Diagnóstico de inclusão • Chama atenção para disfunção metabólica • Pode ocorrer junto com outras doenças hepáticas e quando ocorre: acelera a progressão para fibrose; aumenta incidência de HCC. Deve-se focar o tratamento nas duas doenças. • Diagnóstico de MAFLD: ✓ Esteatose + ✓ Obesidade ou Sobrepeso ou ✓ Diabetes Mellitus ou ✓ evidência clínica de Sind. Metabolica Pode ocorrer primária e secundária no mesmo paciente Fatores desencadeantes: • Dieta muito calórica com excesso de gorduras saturadas, de carboidratos refinados e alta ingesta de frutose • Pouca atividade física • Resistência à Insulina • Alterações da Microbiota Intestinal • Fatores genéticos: vários genes associados com NASH PNPLA3- gen mais estudado (Variante G: LI48M): se for homozigótico, risco de evoluir para esteatohepatite, se for heterozigoto, desenvolve a forma mais leve da DHG • TM6SF2- variante E167K • MBOAT7 e HSD17B13 • Mutação ACVR2A relacionada com NASH-HCC • Drogas envolvidas: ✓ Medicamentos: amiodarona, nifedipina, corticoides, tamoxifeno (todos que tomam vão ter esteatose), estrogênios, androgênicos, metotrexate, tetraciclina, ácido valproico. ✓ Ag. Tóxicos: cloreto de vinil; derivados do petróleopróico, etc ✓ Indivíduos com MAFLD têm maior chance de sofrer toxicidade hepática por drogas. DHGNA e álcool • Alcoólica: DHA; EHA • Não Alcoólica: DHGNA; EHNA • Doenças semelhantes até pela Histologia • Diferença pela História de ingestão de álcool: ✓ DHA: 21 doses/semana sexo masc ou 3 doses/dia / 14 dose /semana sexo fem. Ou 2 Bruna Oliveira – 144 Aula de Ana Lúcia 2020.2 doses/dia por período superior à 2 anos para DHA e 10 anos para cirrose. • Paciente com SM que bebe tem risco aum. de Esteatohepatite, fibrose, e HCC (encurta a evolução). • As duas doenças podem coexistir no mesmo paciente. • Normalmente, a evolução é lenta se houverem menos distúrbios metabólicos envolvidos. Etiopatogenia O tempo de evolução entre cada uma dessas fases é de 7 anos, podendo passar até 14 anos só na fase de esteatose. Quanto mais distúrbios metabólicos, mais rápida fica essa evolução. Só aumenta o risco de morte por doença associado ao fígado quando tem esteatohepatite. Apenas esteatose, aumenta só o risco CV. Fatores de risco de evolução para DHNA para EHNA: • Maior acúmulo de gordura visceral • Obesidade • > 50 anos • Resistência insulínica • DM 2 • Aumento no nível de ferritina (detecta inflamação): TGO/TGP estão aumentadas em ambas situações, ai não da pra diferenciar • Polimorfismo genético: variantes genéticas dos gens: PNPLA3 (i148M) e TM6FSF2 (E167K) Manifestações clínicas Sintomas: • Fadiga • Desconforto no HD Sinais: • Obesidade • Síndrome metabólica • Hepatomegalia (eventual) Dislipidemia (TGs alto, HDL baixo), resistência insulínica, hiperferritinemia, hiperuricemia, ↑ transaminases ± GGT Autoanticorpos (Fan e anti músculo liso) presentes em até 1/3 dos pacientes, quando há esteatohepatite Hipertensão arterial (controlada com anti-hipertensivos) Diagnóstico Esteatose: • Geralmente, diagnóstico incidental: USG ou testes hepáticos anormais • DHGNA pode ser sugerida por exames de imagem USG, e por RM (USG sensibilidade gordura hepática menor, >20%; RNM > 5-10%) • RM-PDFF (proton density fat fraction)- melhor sensibilidade quantifica a esteatose (mais caro, menos acessível) • CAP-VCTE: (controlled attenuation parameters). Método para quantificar esteatose hepática com elastografia transitória Esteatohepatite: • Screnning- Pacientes acima de 50 anos com 1 ou mais características de SM • Escores sorológicos para fibrose • EHNA é uma entidade subdiagnosticada cujo estabelecimento do diagnóstico necessita da realização de biópsia hepática • Os achados histopatológicos da EHNA são similares aos da EHA: ✓ Esteatose; ✓ degeneração balônica hepatocitária: célula que vai morrer e em torno dela tem um infiltrado inflamatório. Caracteriza a esteatohepatite. ✓ inflamação lobular; ✓ Corpúsculos de Mallory podem ou não estar presentes bem como fibrose perisinusoidal. • Em quem fazer biópsia? ✓ Cirrose → não precisa ✓ Só esteatose → não precisa ✓ Fazer nos que parecem estar evoluindo para uma esteatohepatite, se tratar nessa fase pode involuir. Biomarcadores de fibrose hepática: • Escores baseados parâmetros clínicos e laboratoriais • Marcadores de inflamação: ALT, AST • Marcadores de Fibrose: • NFS- NAFLD fibrosis score (idade, IMC, DM/IG, AST, ALT, Plaquetas, albumina) • Índice APRI- relação AST/Plaquetas ( Hepatite C): atualmente usado em toda doença hepática crônica • FIB4- idade, AST, ALT, Plaquetas • Bard Score- (IMC≥28; AST/ALT≥0,8; Diabetes) Métodos físicos no diagnóstico de fibrose hepática: • Elastografia avalia a elasticidade ou grau de rigidez do fígado. • Elastografia Transitória- Fibroscan (não tem aqui em PE): vibrações mecânicas com ondas de baixa frequência, imagem unidimensional, modo B. Cilindro de 4 cm por 1 cm diâmetro. Entre 2 a 6 cm da superfície da pele. O resultado é expresso em kilopascals (kPa). • Elastografia- USG SWE- shear wave elastography (ARFI): radiação acústica em pulsos de curta Bruna Oliveira – 144 Aula de Ana Lúcia 2020.2 duração, alta intensidade, que geram ondas de cisilhamento em um tecido de interesse. O software é colocado no aparelho de ultrassom, os pulsos são emitidos pelo transdutor. Velocidade da onda de propagação é medida em metros/segundo. Quanto maior a rigidez do tecido maior a velocidade de propagação da onda. • MRE- elastografia por ressonância magnética • Multiparametric liver scan (MRI). • Usar 2 métodos: um bioquímico e um físico para excluir fibrose avançada, se não consegue, indicar biopsia hepática. Suspeita de outra doença hepática. Pesar riscos procedimento. Cut-off menor é a mínima “pontuação” necessária para indicar ou não a fibrose. No fibroscan, pontuação acima de 12, já indica fígado cirrótico Tratamento • Modificação importante do estilo de vida • Orientação nutricional (EX: D. Mediterrâneo, restrição calórica, ↓frutose) • Dieta 1200-1500 kcal/dia ou redução de 500- 1000 kcal/d do basal. ✓ Diminuir ou evitar gorduras saturadas (carne vermelha); ✓ ↓frutose de origem comercial (refrigerantes, principalmente) ✓ Aumentar consumo fibras. • Exercício físico: mais aeróbico que de resistência ✓ 150 a 300 minutos/semana moderada intensidade; 75-150 min vigorosaintensidade ✓ Sobrepeso e obesidade ( ideal ↓10% peso corporal) ✓ Reduz o teor de TG intra-hepático; reduz ALT e AST independente da perda peso; melhora as comorbidades cardiovasculares; melhora a resistência insulínica. • Tratamento adequado das co-morbidades (+ Rx farmacológico) • Dislipidemia: estatinas, fibratos • Resistência insulínica, hiperinsulinemia • Sd Metabólica/pré DM/T2DM: metformina, glitazonas, liraglutidas, iSGT2 • HAS: anti-hipertensivos • Aumentar consumo café: efeito antioxidante, 3 xicaras/dia • AAS (menos fibrose? Estudos observacionais). Perda ponderal x melhora histológica: • Perda de peso tem que ser mantida por pelo menos 1 ano, mas essa parte é bem difícil. Tratamento farmacológico: • Indicações: ✓ Pacientes com Fibrose igual ou > que 2 (F2), comprovado por Biopsia ou Fibroscan/ARFI ✓ Pacientes com doença menos avançada mas com fatores de rico de progressão para cirrose: ✓ Idade > 50 anos ✓ Aumento persistente das transaminases ✓ Presença de DM ou Sind. Metabólica ✓ Intensa atividade necroinflamatória • Pioglitazona e vitamina E: ✓ Pioglitazona vs. VitE ✓ Pacientes adultos, não cirróticos, não diabéticos com NASH ✓ Desfecho primário: melhora histológicada EH (balonização de hepatócitos). Dim. 2 pontos no NAFLD-score atividade o VitE atingiu desfecho primário (melhora histológica específica) Pioglitazona melhora esteatose, inflamação lobular, RI e ALT ✓ Subanálise subsequente: Pioglitazona melhora fibrose hepática ✓ Os dois juntos tem resultados ainda melhores. ✓ Obs: VIT E – risco aum. CA Próstata e AVCH (dose >800 ui e acima 2 a 4 anos) ✓ Pioglitazona- uso prolongado ( acima 2 anos), ganho de peso, CA de bexiga, ICC, fraturas (osteoporose em mulheres). • Metformina: Bruna Oliveira – 144 Aula de Ana Lúcia 2020.2 ✓ Aumenta uptake periférico de glicose e ácidos graxos ✓ ↓lipogênese e gliconeogênese, ↓ RI, ↓ peso e ↓ ALT ✓ RCT‘s não mostram benefício histológico claro ✓ Indicada em pré-DM e T2-DM com DHGNA co-existente ✓ Pode ↓ risco de descompensação hepática, morte e incidência de CHC em pacientes com cirrose (necessita mais estudos) ✓ Não indicado em pacientes que tem fibrose, mas pode diminuir a chance de CHC nesses casos Drogas utilizadas no tratamento de obesos com DM2 com boa resposta ao tratamento NASH: • GLP-1a (glucagon like peptide 1 analoge): Liraglutida e Semaglutide ✓ já utilizadas no tto perda de peso + DMt2 ✓ dim. A saciedade precoce, o esvaziamento gástrico e a secreção de insulina. ✓ Melhora bioquímica e histológica , reduz eventos cardiovasculares, reduz mortalidade ✓ Resolução NASH • SGLT2i – (sodium glicose cotransporter 2 inhibitors)- Empagliflozin (Xigduo, Jardiance) ✓ Estudo piloto: reduziu conteúdo de gordura hepática, melhorou a esteatose, balloning e fibrose. ✓ Age aumentando a excreção de glicose pela urina. ✓ Reduz mortalidade cardiovascular. • Cirurgia Bariátrica ( IMC>35 com co-morbidades ou >40 s/ co-morbidades). Casos que não melhoram com tratamento farmacológico, de acordo com redução peso, resolução NASH, imflamação, esteatose e melhora da fibrose, meta-analise. Limitada a cirróticos com Meld > 10 e sem Hipertensão portal. Definir melhor técnica cirúrgica (Sleeve gastrectomia X By pass gástrico Y de Roux) • Transplante Hepático: cirrose descompensade e CHC No tratamento, é necessário primeiro melhorar a esteatohepatite e não piorar a fibrose, para só depois melhorar da fibrose sem piora da esteatohepatite. Ácido obeticólico: mais consolidado fármaco em fase 3 para melhora da fibrose, mas não é tão bom. Efeito colateral é o prurido
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