Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@resumosodontol Evolução da Cárie e Tratamento Restaurador Dentística A cárie é uma doença infectocontagiosa causada por microrganismos presentes na cavidade bucal quando fatores, como a dieta, levam a um desequilíbrio da microbiota oral, demineralizando o esmalte e induzindo o processo cariogênico. A tríade de Keys leva em consideração três fatores necessários para o desenvolvimento da cárie, sendo eles: o hospedeiro, a dieta e os microrganismos. Contudo Newbrum inclui o fator tempo para demonstrar que a doença só se desenvolve se houver desequilíbrio constante. Nos dias atuais há uma nova corrente que correlaciona a cárie com estes fatores anteriormente citados além de outros, como fatores moduladores (idade, saúde geral, grau de instrução, nível socioeconômico). Fatores primários ou determinantes 1. Hospedeiro: é representado pelos dentes e pela saliva. a. Dentes: dentes em infra-oclusão tendem a reter mais placa bacteriana devido à superfície oclusal irregular (regiões de cicatrículas e fissuras). Dentes com alterações dentárias como fusão e germinação. Os dentes com maiores prevalência de cárie são Primeiro Molares permanentes entre os 5 e os 8 anos, e Segundos Molares entre os 11 e os 14 anos. b. Saliva: a saliva possui um mecanismo de sistema tampão que é responsável pelo controle do pH bucal impedindo que este seja alterado e torne o meio bucal mais ácido. Porém quando o fluxo saliva é baixo/reduzido o paciente tende a apresentar mais predisposição para o desenvolvimento da cárie. Além disso, a saliva tem em sua composição proteínas e imunoglobulinas que atuam contra as bactérias cariogênicas. O uso de medicamentos associados a doenças sistêmicas, como o diabetes, tende a diminuir o fluxo salivar (xerostomia) deixando o pH irregular devido a diminuição do bicarbonato (componente salivar responsável pelo sistema tampão). 2. Microrganismos: bactérias como Streptococcus mutans, S. sobrinus e Lactobacillus são acidogênicas, sendo capazes de se desenvolver em meio ácido. 3. Dieta: os consumos de alimentos que contém açúcares, principalmente aqueles ricos em sacarose, desenvolvem um papel extremamente importante para a formação da cárie. Sabe-se que os microrganismos necessitam de tais açúcares para obterem energia. Os ácidos formados através da fermentação de carboidratos permite que as bactérias se liguem ao dente devido à formação do biofilme dental. 4. Tempo: o tempo é outro fator que está relacionado ao desenvolvimento da doença, pois se o desequilíbrio na microbiota oral foi prolongado a possibilidade do processo cariogênico ocorrer é muito maior. Fonte: Google Imagens. @resumosodontol Fatores Secundários ou moduladores São responsáveis pelo desenvolvimento da cárie de forma indireta. São exemplos: 1. Atividade profissional: Pessoas que trabalham em confeitaria (devido consumir açúcares regularmente), ou que trabalham em lugares estressantes tendem ter diminuição do fluxo salivar; 2. Fator social e comportamental: ausência de dinheiro para comprar pasta de dente e fio dental, além de não terem conhecimento sobre a educação bucal (escovação e acompanhamento). Fisiopatologia da Cárie Inicialmente forma-se a Película Adquirida, uma fina camada formada por glicosaminoglicanos oriundos da salivo que tem a função de controlar os processos de desmineralização e remineralização do esmalte. É importante para lubrificar a estruturas dentárias além de promover proteção contra agentes abrasivos e erosivos. Contudo, os microrganismos tendem a se aderir facilmente a esta película. A película se forma normalmente e é colonizada por bactérias gram-positivas (S. sanguis, S. mitis e S. oralis), mas com o decorrer dos dias, se essa película não for removida, bactérias cariogênicas começam a se aderir formando a Placa Bacteriana. As bactérias cariogênicas, como a S. mutans e a S. sobrinus, podem interagir com a superfície da placa através do mecanismo sacarose independente que consiste na adesão ao esmalte através das proteínas presentes na saliva, ou podem contribuir para o espessamento da placa através do mecanismo de sacarose dependente, nesse processo, as bactérias hidrolisam a sacarose através das enzimas Glicosiltransferase e Frutosiltransferase. Progressão: A cárie pode se desenvolver em diferentes sítios do dente, caso seja em áreas de cicatrículas e fissuras (ela irá se desenvolver em profundidade), caso seja em superfícies livres (ela irá se desenvolver em extensão). A dentina infectada é mais desorganizada e apresenta maior número de bactérias. É uma dentina amolecida. Já a dentina afetada apresenta resquícios de uma organização original, apresentando menor número de bactérias e estando menos amolecida. 1. Zona de cavidade: coloração contrasta com as estruturas normais; bordas irregulares, material necrótico; intensa atividade bacteriana. 2. Dentina cariada superficial: desmineralizada e sem a estrutura de colágeno; presença de bactérias. Comprometimento irreversível da dentina. 3. Dentina cariada profunda: rara presença de microrganismo; tecidos desorganizados pela ação de ácidos. Apresenta sensibilidade; passível de recuperação. 4. Dentina esclerosada: aumento da deposição de minerais em dentina pré-existente; Agressão e envelhecimento da estrutura da dentina; menor permeabilidade de íons e bactérias. 5. Dentina terciária: nova dentina que se forma no teto da câmara pulpar na região correspondente aos odontoblastos agredidos por estímulos externos, reacional (não ocorre danos irreversíveis aos odontoblastos, formada por odontoblastos pré- existentes) ou reparadora (ocorrem infurias irreversíveis aos odontoblastos; proliferação, migração e diferenciação de células odontoblastoides; exposições pulpares, lesões profundas ou preparos cavitários sem refrigeração). @resumosodontol Diagnóstico 1. É uma cárie primária ou secundária (quando atinge um elemento dentário já restaurado). 2. É ativa ou inativa? a. Ativa: branca, rugosa e opaca. b. Inativa: mancha branca, lisa, brilhante ou pigmentada. 3. A dentina está afetada ou esclerosada? a. Afetada: marrom clara, consistência mole; b. Esclerosada: dentina escurecida, mais rígida de aspecto seco. Métodos de diagnóstico: Exame visual: Face livre: aspecto opaco, superfície rugosa, forma oval e limites bem definidos, cor branca, progressão fica branco amarelada, amarelo pardo ou enegrecida. Cicatrículas e fissuras: perda da translucidez normal; São mais difíceis de serem detectadas em estágio precoces. Faces proximais: dificuldade de observação direta; Uso de afastadores interproximais mediatos (mecânicos) ou imediatos (elásticos). Exame Tátil: dentes limpos e secos, adequada iluminação, uso de SONDA OMS e ESPELHO, uso de fio dental quando a lesão é proximal. Contra indicação: pode ocasionar cavitação, danos irreversíveis impossibilitando a remineralização, seu uso deve-se limitar as superfícies radiculares. Não se usa mais sonda nº 5 porque ela promove arranhaduras nos tecidos do dente. Exame radiográfico: exame complementar, mais indicada para ver cáries na interproximal. Transluminação: método alternativo ás radiografias, transmissão de feixe de luz capaz de penetrar mais profundamente na estrutura dental, equipamento de fácil transporte, custo acessível, mas não está disponível no mercado nacional; Fluorescência a laser: não causam efeitos nocivos ao dente e os tecidos próximos; Dados numéricos quantificam o grau de desmineralização, não diferem lesões ativas de inativas, nem lesões cariosas de defeitos congênitos. Condutibilidade elétrica: é dente cariado é um bom condutor de eletricidade devidoaos espaços vazios. Apresenta boa capacidade de detectar lesões incipientes, possui dois eletrodos. Testes microbiológicos: contagem de Lactobacillus e Streptococcus mutans. Teste de fluxo salivar: mastiga uma borracha e cole a saliva por 5 minutos para ver se está dentro dos níveis normais de salivação normal 1 a 3 ml por minutos. Avaliação de capacidade tampão com a tira de pH (1ml de saliva + 3ml de ácido clorídrico agitar por 10 minutos e verificar os valores). Tratamento É necessário identificar os fatores e determinar o risco de cárie de cada paciente. Além disso, deve ser recomendado e explicado ao paciente como fazer uma higienização bucal adequada com o uso de escovas macias e de fio dental. Os procedimentos realizados pelo dentista se dão pela adequação do meio realizando uma profilaxia, restaurações provisórias, raspagem periodontal, extração e restos radiculares, remoção de excessos das restaurações (aplicação de antimicrobianos como dentifrícios fluoretados ou digluconato de clorexidina). @resumosodontol O uso de flúor pode ser dar através de aplicação tópica. É um excelente material, pois tem um alto poder de remineralizar o esmalte aderindo íons nas superfícies dentárias. O mecanismo de desmineralização consiste da saída dos íons de fosfato e cálcio através dos cristais de hidroxiapatita, já a remineralização consiste na adesão do fosfato e do cálcio atrvés da fluoropatita devido a presença do flúor. Essa remineralização por fluoropatita dificulta a adesão das bactérias nas estruturas dentais, por isso é muito utilizado para o controle de cáries em estágios iniciais. Para lesões de Cárie inicial: 1. Superfícies lisas: a. Remineralização: Uso de Flúor Fosfato Acidulato (FFA) tem o potencial de desmineralizar um pouco do esmalte e remineralizar através da fluoropatita reduzindo quase 70% de cárie. Fluoreto de Sódio (NaF) é barato, efetivo e de pH neutro, reduzindo 40% de cárie. b. Infiltrante: é um tratamento microinvasivo utilizados em espaços de subsuperfícies. 2. Cicatrículas e fissuras: a. Selantes: selar mecanicamente cicatrículas e fissuras, anular o habitat de microrganismo cariogênicos, facilitar a limpeza das regiões oclusais; I. Materiais resinosos (retenção, resistência ai desgate); II. Ionômeros de vidro convencional (adesão química e liberação de flúor); III. Ionômero de vidro modificado por resina (alto custo). b. Restaurações minimamente invasivas: usado quando não se sabe se o dente está com cárie ou não. 3. Tratamento de lesões de cárie: restauração direta ou indireta. Materiais: RD – cimento de ionômero de vidro, amalgama, resina composta. RI – cerâmicas livres de metal ou metalocerâmicas e resina composta.
Compartilhar