Buscar

PED - Semiologia Cardiovascular

Prévia do material em texto

1 
Anamnese 
História Clínica: 
Faz o direcionamento da anamnese de acordo com a queixa da mãe. 
- Características dos sintomas apresentados. 
História pré-natal: 
- Investigar se a mãe fez uso de medicamentos, principalmente as que levam as malformações 
congênitas. 
- Investigar doenças maternas, principalmente cardiopatias, HAS. 
História Perinatal: 
- Avaliar se a criança tem alguma suspeita de trissomias uma vez que elas estão mais associadas a 
cardiopatias congênitas, como por exemplo a trissomia do 21- Síndrome de Down (defeito do septo 
atrioventricular), trissomia do cromossomo 13 – Síndrome de Patau e trissomia do 18 – Síndrome 
de Edwards (persistência de canal arterial, comunicação interatrial e comunicação 
interventricular). 
- Avaliar presença da síndrome de Noonan – criança de baixa estatura, dimorfismo facial e está 
associada a estenose da valva pulmonar. 
- Avaliar a presença de Síndrome de Turner: associada a coartação de aorta. 
- Síndrome de Williams: associada a estenose aórtica. 
 Se a criança apresentar alguma dessas doenças, sempre pedir um ecocardiograma para 
avaliar se tem ou não essas cardiopatias. 
História Familiar: 
- Se tem hipertensão, diabetes, cardiopatias, etc. 
Sinais e sintomas: 
Cianose, taquidispnéia, intolerância ao exercício, síncope, palpitação, dor torácica, assimetria de 
pulsos/pressão arterial (coartação de aorta). 
SOPROS 
Presença de sopros: muito comum nas primeiras horas de vida, principalmente devido a 
persistência de algumas estruturas, como o canal arterial que fecha até 12h de nascimento, o 
forame oval que o fechamento fisiológico se dá nas primeiras horas de vida, mas o fechamento 
anatômico pode ocorrer até 3 meses de idade. 
 Sopro inocente: sopro audível à ausculta, mas a criança não tem nenhuma patologia, mas 
deve ser sempre solicitado o ecocardiograma. 
Em crianças escolares sempre lembrar de associar sopro novo de insuficiência mitral ou aórtica à 
febre reumática, porque pode ser uma das causas. 
 
2 
 Classificação dos sopros: quanto à posição durante o ciclo cardíaco, o sopro pode ser: 
- Sistólico que ocorre entre a B1 e a B2. 
- Diastólico que ocorre entre a B2 e a B1. 
- Contínuo: ocorre entre as bulhas sem interrupção. 
Quanto as características o sopro sistólico é classificado como: 
- Em ejeção: é mesossistólico pois ocorre na metade da sístole, conhecido como “crescendo e 
decrescendo”. A B1 e a B2 não são encobertas pelo sopro, quando ele é patológico, pode ser 
encontrado em lesões obstrutivas ao fluxo de saída do ventrículo esquerdo-estenose aórtica- ou 
do ventrículo direito – estenose pulmonar. 
- Em regurgitação: é holossistólico pois está presente em toda a sístole. Começa 
concomitantemente à B1, chegando a B2. Pode ocorrer nos defeitos do septo ventricular ou na 
insuficiência da tricúspide ou da mitral. 
Quanto as características o sopro diastólico é classificado como: 
- Em regurgitação: tem início imediatamente após a B2, com redução de intensidade até o meio ou 
final da diástole. Ocorre em regurgitações de válvulas aórtica ou pulmonar. 
- Em ruflar: é de baixa intensidade e acontece ao fim da diástole, na estenose de válvulas 
tricúspide ou mitral. 
- Sopro de enchimento ventricular: é um sopro de curta duração, começando no início da diástole, 
em condições em que um grande volume de sangue passa pelas válvulas tricúspide ou mitral, com 
estenose relativa destas válvulas. 
Quanto a sua intensidade: 
Graus I e II: intensidade fraca. 
Graus III e IV: intensidade moderada. 
Graus V e VI: intensidade grave com frêmitos. 
 A presença de frêmito é sempre sugestiva de cardiopatia, principalmente se estiver 
associado ao sopro. 
CIANOSE 
É a coloração azulada da pele e mucosas devido ao aumento da concentração da desoxihemoglobina, 
com valores entre 3-5g/dl. Pode ocorrer como consequência de hipoxemia arterial sistêmica 
(principalmente na cianose central) ou devido ao aumento da extração de oxigênio pelos tecidos 
periféricos (principalmente na cianose periférica). 
Cianose periférica ou acrocianose: coloração azulada nas 
extremidades – mãos e pés – acontece principalmente relacionada 
ao frio, choque cardiogênico ou na sepse. 
 
3 
Cianose central – é mais grave: mais comum na língua, mucosas, leito 
ungueal. O valor da desoxihemoglobina vai estar acima de 5gdl. 
Relacionada a cardiopatias, doenças respiratórias, metabólicas e do 
SNC. 
Cianose diferencial: diferença de coloração entre membros 
superiores e inferiores, mais comum na coartação de aorta grave. 
 
Principais causas de cianose: 
 Hipoventilação alveolar (diminuição da PaO2) 
 Difusão prejudicada (a nível de membrana alveolocapilar, causando aumento da PaCO2) 
 Shunt direito-esquerdo (Tetralogia de Fallot, misturando sangue oxigenado com 
desoxigenado) 
 Alteração da relação de ventilação e perfusão (asma, bronquiolite, DPOC, policitemia, 
pneumonia) 
 Transporte inadequado de oxigênio pela hemoglobina 
 Hipoxemia crônica (unhas em vidro de relógio e dedos em baqueta de tambor). 
DISPNEIA 
Inicio, fatores desencadeantes, modo de instalação, fatores de alívio, frequência, intensidade, 
duração, fatores associados. 
SÍNCOPE 
Episódio transitório 
de perda de 
consciência. É uma 
queixa comum na 
população pediátrica. 
Geralmente acontece 
devido a uma 
hipoperfusão cerebral 
relacionada a uma 
queda da pressão 
arterial sistêmica. 
Acontece geralmente 
nas meninas e é mais frequente na idade de 8-18 anos. 
Na adolescência vai estar mais relacionado com a síncope vasovagal, paciente vai referir diaforese 
(aumento da transpiração), náuseas e visão turva. 
PALPITAÇÕES 
Avaliar se estar relacionado com ansiedade, atividade física, tontura ou síncope. 
 
 
4 
Valores de Frequência Cardíaca
 
 
DOR TORÁCICA 
É rara nas cardiopatias congênitas. 
Na infância vai estar mais relacionada a causas musculoesqueléticas ou idiopática. 
Investigar também: 
-Intolerância ao exercício 
-Se a amamentação dos neonatos tá prejudicada pela dificuldade na sucção (Interrompendo a 
mamada para respirar). 
-Lactentes: baixa capacidade física. 
-Crianças pré-escolares e escolares: atraso do desenvolvimento e crescimento. 
Exame Físico 
Verificar na inspeção o estado geral, presença de cianose, desnutrição. Checar os sinais vitais: FC, 
FR e temperatura. Aferir pressão arterial (Ideal: a partir dos 3 anos). Palpar pulsos: localização, 
frequência, ritmo, amplitude, simetria. 
Inspeção do precórdio deve-se observar: 
- Proeminência do tórax ou assimetria 
-Ictus visível ou não. 
-Presença de estase jugular 
Palpação do ictus cordis AUSCULTA CARDÍACA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Hipertensão arterial na infância 
Vai ser considerado HAS na infância e adolescência, valores de pressão arterial sistólica e/ou 
diastólica iguais ou superiores ao Percentil 95 para o sexo, idade e altura. 
A partir dos 3 anos todas as crianças devem ter sua pressão arterial aferidas pelo menos uma vez 
por ano. 
Causas mais frequentes: 
 
Para crianças < 3 anos, está indicada a avaliação da PA em condições especiais como: 
 Histórico neonatal: prematuros <32 semanas, muito baixo peso ao nascer, cateterismo 
umbilical, complicações envolvendo internações. 
 Doenças cardíacas: cardiopatia congênita corrigida ou não. 
 Doenças renais: ITU de repetição, hematúria ou proteinúria, doença renal conhecida, 
malformação urológica. 
 Transplantes: órgãos sólidos e medula óssea. 
 Outros: neoplasia, tratamento com drogas que aumentam a PA, aumento de PIC, etc. 
Quando fazer investigação adicional? Classificação 
 
 
 
 
 
6 
Quadro clínico: 
- Assintomático; 
-Os sinais e sintomas podem sugerir envolvimento de algum órgão ou sistema específico. 
-Classificação em primária ou secundária. 
Sistema corporal História/ExameFísico Etiologia 
 
 
Sinais vitais 
Taquicardia Hipertireoidismo, 
Feocromocitoma, Neuroblastoma 
Diminuição dos pulsos em membros 
inferiores; Queda na PA entre a medida 
em membros superiores e inferiores 
Coarctação da Aorta 
Olhos Alterações na retina HAS grave, provável associação 
com HAS secundária 
Nariz, ouvido, garganta Hipertrofia adenoamigdaliana, roncos Sugere associação com distúrbio 
do sono (apneia) 
Estatura/Peso Atraso no crescimento Obesidade (IMC 
elevado) Obesidade do tronco 
Doença renal crônica (DRC) HAS 
primária Síndrome de Cushing, 
Resistência insulínica 
Cabeça e pescoço Fácies de lua cheia 
Fácies de Elfo 
Pescoço alado 
Aumento da tireoide 
Síndrome de Cushing 
Síndrome de Williams 
Síndrome de Turner 
Hipertireoidismo 
 
 
Pele 
Palidez, rubor, diaforese Acne, 
hirsutismo, estrias 
Feocromocitoma Síndrome de 
Cushing, abuso de anabolizantes 
Manchas café-com-leite Neurofibromatose 
Adenoma sebáceo Esclerose tuberosa 
“Rash” malar LES 
Acantose nigricans DM 2 
 
 
Tórax 
Hipertelorismo mamário 
Sopro cardíaco 
Atrito pericárdico 
Síndrome de Turner 
Coarctação da Aorta 
LES, Doença do colágeno, DRC 
Impulso apical Hipertrofia do Ventrículo 
esquerdo/ HAS crônica 
 
 
Abdome 
Massa palpável Tumor de Wilms, 
Neuroblastoma, Feocromocitoma 
Sopro abdominal Estenose de artéria renal 
Rins palpáveis Doença renal policística, 
hidronefrose, displasia renal 
multicística 
Genitália Ambígua/virilizante Hiperplasia de suprarrenal 
Extremidades Fraqueza muscular Hiperaldosteronismo, Síndrome 
de Liddle 
 
 
Neurológico/metabólico 
Hipocalemia, cefaleia, tontura, poliúria, 
noctúria 
Reninoma 
Fraqueza muscular Hipertensão monogênica 
(Síndrome de Liddle, 
Aldosteronismo glicocorticoide 
remediável, excesso aparente de 
mineralocorticoide) 
 
7 
Cardiopatias Congênitas 
Representa 40% das malformações que causam maior morbimortalidade na infância. 
Os RN e lactentes vão ser encaminhados para o pediatra devido a quatro alterações clínicas: 
cianose, insuficiência cardíaca, sopro (principalmente) e arritmia. 
Classificação 
Funcionalmente em: 
 Cardiopatia de hipofluxo pulmonar (tetralogia de Fallot: Comunicação interventricular, 
destroposição de aorta, hipertrofia de ventrículo direito, estenose pulmonar; atresia 
tricúspide) 
 Cardiopatia de hiperfluxo pulmonar (CIV: comunicação entre os ventrículos – shunt esquerdo-
direito- aumento da pressão no VD) 
 Cardiopatia de normofluxo pulmonar (coartação de aorta, estenose mitral, estenose aórtica). 
Cianogênicas: cardiopatias que se manifestam com cianose. 
 Transposição de grandes artérias (aorta sai do VD e a artéria pulmonar sai do VE, vai ser 
incompatível com a vida se não houver alguma comunicação entre a circulação sistêmica-como 
a persistência do canal arterial). Mais comum no período neonatal. 
 Tetralogia de Fallot (é a mais comum sem ser no período neonatal) 
 Dupla via de saída do ventrículo direito 
 Ventrículo único, Tronco arterioso, Atresia tricúspide, Atresia pulmonar com septo 
interventricular íntegro, Drenagem anômala total das veias pulmonares, Anomalia de Ebstein 
Aciogênicas: podem ser dividas em dois grandes grupos 
 Lesões com obstrução ao fluxo sanguíneo 
-Do lado direito: estenose pulmonar e tricúspide 
-Do lado esquerdo: estenose aórtica e mitral, coartação de aorta. 
 Lesões que estabelecem desvio de sangue da circulação sistêmica para a pulmonar 
CIA (comunicação interatrial); CIV (comunicação interventricular); defeito total do septo 
AV (principal cardiopatia congênita nas crianças com Síndrome de Down); persistência do 
canal arterial (shunt esquerdo-direito). 
Cardiopatias que cursam com Insuficiência Cardíaca 
• CIV • Estenose aórtica • Transposição de grandes vasos da base • PCA (persistência do canal 
arterial) • Defeito do septo atrioventricular • Síndrome da hipoplasia de VE 
• Dupla via de saída do VD • Ventrículo único • Tronco arterioso • Drenagem anômala total de veias 
pulmonares • Doença de Ebstein • Interrupção do arco aórtico 
• Origem anômala da coronária esquerda 
Cardiopatias que se manifestam com sopro cardíaco 
Vão ser todas as cardiopatias congênitas com shunt esquerdo-direito, pois a pressão do lado 
esquerdo vai ser maior. 
CIA; CIV; estenose pulmonar, persistência do canal arterial, estenose aórtica. 
 
8

Continue navegando