Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Metabolismo da glicose - A glicose é rica em energia sendo, por isso, um bom combustível para as células. É armazenada na forma de polímero (glicogênio) e quando a demanda de energia aumenta, a glicose pode ser liberada desses polímeros e ser utilizada para produção de ATP de forma aeróbia ou anaeróbia. Esse carboidrato será disponibilizado para os tecidos através dos transportadores de glicose GLUT. - A glicose pode ser oxidada através da via glicolítica ou pela via das pentoses fosfato. Via glicolítica Ocorre no citosol em todos os organismos vivos e em todas as células, com o objetivo de obter energia na forma de ATP. Consiste em 10 reações e tem como produto final 2 moléculas de piruvato. Pode acontecer anaerobicamente, com o rendimento de 2 ATP, 2 NADH+ e 2 H+ e aerobicamente com o rendimento de 38 ATP. A glicólise anaeróbica consiste 10 reações divididas em duas fases, sendo 5 reações em cada fase: Fase preparatória (ou de investimento): É chamada de fase de investimento pois é necessário o gasto de 2 ATP para dar início as reações. ✓ 1ª reação: Nessa reação é feita a fosforilação da glicose pra que ela possa entrar nas células. Para isso é necessário a retirada de um grupamento fosfato de uma molécula de ATP para a inserção no carbono 6 da molécula de glicose. Quem realiza esse processo é a enzima glicoquinase (no fígado) ou a hexocinase (nos demais tecidos). Tem-se a formação da glicose-6- fosfato. ✓ 2ª reação: conversão da glicose-6-fosfato a frutose-6-fosfato pela enzima fosfoglico-isomerase. ✓ 3ª reação: conversão da frutose-6-fosfato a frutose-1,6-bifosfato pela enzima fosfofruto-cinase-1. Nesse processo tem-se a utilização de mais uma molécula de ATP. ✓ 4ª reação: quebra da frutose-1,6-bifosfato em diidroxiacetona-fosfato e gliceraldeído-3-fosfato pela enzima aldolase. ✓ 5ª reação: somente a molécula de gliceraldeído-3-fosfato é capaz de entrar na segunda fase da via glicolítica, por isso, a molécula de diidroxiacetona- fosfato é convertida a gliceraldeído-3-fosfato pela enzima triose-fosfato- isomerase. Portanto, 2 moléculas de gliceraldeío-2-fosfato entrarão na segunda fase. Fase de ganho energético: ✓ 6ª reação: as duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato são fosforiladas e transformadas em duas moléculas de 1,3-bifosfogolicerato, adquirindo um átomo de fosfato inorgânico cada. A enzima responsável por essa reação é a gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase. Nesse processo tem-se a formação de duas moléculas de NAD+ e H+. ✓ 7ª reação: as duas moléculas de 1,3-bifosfoglicerato são convertidas a duas moléculas de 3-fosfoglicerato, liberando dois fosfatos nesse processo que acabam gerando duas moléculas de ATP. Essa reação é mediada pela fosfogliceratocinase. ✓ 8ª reação: as duas moléculas de 3-fosfoglicerato são convertidas a duas moléculas de 2-fosfoglicerato pela enzima fosfoglicerato-mutase, havendo apenas uma mudança na posição dos carbonos. ✓ 9ª reação: conversão das duas moléculas de 2-fosfoglicerato em duas de fosfoenolpiruvato através de uma reação de desidratação mediada pela enolase. ✓ 10ª reação: tem-se a formação do produto final, 2 moléculas de piruvato pela piruvato-cinase. Há a remoção de fosfato das duas moléculas de fosfoenolpiruvato, formando mais dois ATP. OBS: as reações 1, 3 e 10 são irreversíveis, funcionando como reguladoras da via glicolítica. A principal enzima reguladora é a fosfofrutocinase. Qualquer defeito nessa enzima irá parar a glicólise. As principais reações que devem ser decoradas são a 1, 3, 7 e 10. Saldo final da via glicolítica: - Na segunda fase são produzidas 4 moléculas de ATP. Porém, na primeira fase (fase de investimento) são utilizados 2 ATP para dar início as reações. Por isso, tem-se um saldo final positivo de 2 ATP. Além disso, também são formadas duas moléculas de NADH+ e H+. Enzimas reguladoras da glicólise: I. Fosfofrutoquinase: é regulada pelos níveis de ATP. II. Hexocinase: é inibida pela alta concentração de glicose-6-fosfasto. III. Piruvato quinase: tem sua atividade reduzida pela alta concentração de ATP. Inibidores da glicólise: I. Reagentes sulfídricos: inibem a glicerol-3-fosfato-desidrogenase. II. Fluoreto: é um reagente que inibe a enolase, impedindo o consumo da glicose. É bastante utilizado durante a coleta de sangue para dosagem de glicose. Destinos do piruvato: - O piruvato pode ser oxidado, perdendo seu grupo carboxil na forma de CO2, e gerar o grupo acetil da acetil-coenzima A. - Pode também ser reduzido a lactato por meio da fermentação láctica em situações de hipóxia. - O terceiro destino está relacionado com a produção de etanol na fermentação alcoólica, que acontece em condições anaeróbicas. Gliconeogênese - As reservas de glicogênio se esgotam em um prazo de 18 a 24 horas. Em situações de jejum prolongado, o organismo irá buscar outra fonte de energia pela quebra de lipídeos (beta-oxidação) ou pela síntese de glicose pela gliconeogênese. Isso porque alguns tecidos só aceitam a glicose como fonte de energia, como é o caso do cérebro, que necessita de cerca de 120g de glicose por dia (mais da metade de toda glicose estocada nos músculo e no fígado). - Os principais precursores são compostos de três carbonos como o lactato, o piruvato e o glicerol, assim como certos aminoácidos. - Em mamíferos, a gliconeogênese ocorre principalmente no fígado, podendo acontecer também no córtex renal e nas células epiteliais do intestino delgado. - A gliconeogênese e a glicólise NÃO são vias idênticas ocorrendo em direções opostas, embora compartilhem várias etapas. 7 das 10 reações da gliconeogênese são o inverso das reações da via glicolítica. Porém, três reações da glicólise são irreversíveis (1, 3 e 10) e não podem ser utilizadas na gliconeogênese, sendo contornadas por outras enzimas. Formação de glicose a partir do piruvato: É necessária uma reação de contorno para a conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato, já que a reação inversa da glicólise (reação 10) é irreversível. O piruvato é transportado do citosol para a mitocôndria ou é gerado dentro da mitocôndria. A partir dai é convertido em oxaloacetato pela piruvato carboxilase. No citosol, o oxaloacetato é convertido a fosfoenol-piruvato pela PEP-carboxicinase. Reação 10: OBS: Como o oxaloacetato não têm transportador para ser colocado da mitocôndria para o citosol, ele precisa ser convertido a malato pela malato desidrogenase É a formação de glicose a partir de substâncias que não são carboidratos mitocondrial, que através da lançadeira malato-aspartato o coloca para o citosol, onde novamente é convertido a oxaloacetato. Essa reação acontece única e exclusivamente para o transporte da molécula para o citosol. No citosol então ele pode ser convertido a fosfoenolpiruvato. Lembrando que essas reações deverão acontecer duas vezes pois duas moléculas de oxaloacetato são colocadas no citosol. No citosol então, o fosfoenolpiruvato passa pelas reações inversas da via glicolítica que são reversíveis: ✓ 9: fosfoenolpiruvato → 2-fosfoglicerato ✓ 8: 2-fosfoglicerato → 3-fosfoglicerato ✓ 7: 3-fosfoglicerato → 1,3-bifosfoglicerato ✓ 6: 1,3-bifosfoglicerato → gliceraldeído-3-fosfato ✓ 5: gliceraldeído-3-fosfato → diidroxiacetona-fosfato ✓ 4: diidroxiacetona-fosfato → frutose-1,6-bifosfato A reação 3 é uma das reações irreversíveis da glicólise, por isso é necessário que ocorra uma reação de contorno pela frutose-1,6-bifosfatase (magnésio dependente) para a conversão de frutose-1,6-bifosfato em frutose-6-fosfato. Reação 3: A reação 2 da via glicolítica é reversível, portanto, a frutose-6-P é convertida em glicose-6-fosfato. A reação 1 novamente é irreversível, sendo substituída então por outra reação na gliconeogênese: Reação 1: OBS: as reações 1, 3 e 10 da gliconeogênese que são contrárias a da glicólise,acontecem no retículo endoplasmático para não haver competição com as enzimas da via glicolítica que funcionam no citosol. Dessa forma então, tem-se a formação de glicose a partir do piruvato. A gliconeogênese não é uma via energeticamente barata, pois nesse processo são gastos 4 ATP, 2GTP e 2 NADH. Porém, é uma via totalmente indispensável. . Formação de glicose a partir do lactato: O lactato é formado a partir do piruvato na ausência de oxigênio em situações de atividade muscular intensa. Além disso, ele pode ser proveniente do glicogênio, que é quebrado no músculo até formar piruvato, que é transformado em lactato pela lactato desidrogenase. O lactato vai para o fígado pela corrente sanguínea, onde é transformado novamente em piruvato pela mesma enzima (reação reversível). O piruvato vai para a mitocôndrina onde passa por todas as reações descritas acima para poder passar para o citosol através da lançadeira. No citosol então é formado o fosfoenolpiruvato a partir do oxaloacetato. O fosfoenolpiruvato segue então pela via da gliconeogênese passando por todas as reações inversas até a formação de glicose, conforme já foi descrito anteriormente. Formação de glicose a partir do glicerol: O glicerol é produzido no fígado durante a lipólise. A enzima glicerol quinase irá fosforila-lo, formando glicerol-3-P. São necessárias duas moléculas de glicerol-3-P: uma é convertida a diidroxiacetona-P e a outra forma o gliceraldeído-3-P pela glicerol-3-P desidrogenase. Essas duas moléculas se unem para a formação de um intermediário da via glicolítica, a frutose-1,6-bifosfato pela ação da aldolase. Esse intermediário então passará pelas reações inversas da via glicolítica, formando a glicose. Formação de glicose a partir da alanina: No músculo, o piruvato proveniente da glicólise pode ser convertido em alanina por uma reação de transaminação. A alanina vai para o fígado, onde é novamente convertida a piruvato, podendo ser utilizada para a produção da glicose conforme foi explicado no tópico formação de glicose a partir do piruvato. Via das pentoses fosfato - O principal destino da glicose-6-fosfato é a degradacao glicolítica para a formação de piruvato. O outro destino, além da glicogênese, é a via das pentoses fosfato que gera CO2, ribulose-5-fosfato e principalmente de NAPDH. O NADPH é uma coenzima necessária para reduções biossintéticas, para manutenção da glutationa em seu estado reduzido (importante antioxidante para neutralizar as ERO) e para contrapor os danos oxidativos causados pelos radicais de oxigênio em membranas e proteínas das células. - A via acontece no citosol, sendo mais intensa em tecidos envolvidos no metabolismo dos ácidos graxos como o fígado e tecido adiposo. Se inicia a partir da glicose-6-fosfato e é dividida em duas fases: oxidativa e não oxidativa. Fase oxidativa: Todas essas reações são irreversíveis ✓ 1ª reação: oxidação da glicose-6-fosfato pela glicose-6-fosfato desidrogenase formando 6-Fosfoglicono-δ-lactona. O NADP+ funciona como aceptor de elétrons da reação, formando NADPH. ✓ 2ª reação: reação de hidratação do 6-Fosfoglicono-δ-lactona pela lactonase, formando 6-fosfogliconato. ✓ 3ª reação: oxidação do 6-fosfogliconato a ribulose 5-fosfato pela enzima 6- fosfogliconato-desidrogenase. A reação gera uma segunda molécula de NADPH. ✓ 4ª reação: fosfopentose-isomerase converte a ribulose-5-fosfato ao seu isomero, ribose-5-fosfato, sendo o produto final dessa fase. OBS: principais reações a serem lembradas: reações onde ocorrem a formação de NADPH. Fase não oxidativa: Uma vez formada as pentoses, elas podem dar origem a RNA e DNA ou passar por um processo de reciclagem para formação de mais glicose-6-fosfato para a geração de mais NADPH pela fase oxidativa. Regulação da via das pentoses: - A entrada da glicose-6-fosfato na glicólise ou na via das pentoses-fosfato depende das necessidades da célula e da concentração de NADP+ no citosol. Na ausência deste aceptor de elétrons, a primeira reação da fase oxidativa não irá acontecer. Quando NADP+ está em excesso, a glicose-6-fosfato desidrogenase é estimulada, aumentando o fluxo de glicose-6-fosfato para a via das pentoses. - A glicose-6-fosfato desidrogenase e a 6-fosfo-gliconato desidrogenase são inibidas pelo excesso de NADPH. - Quando os níveis de ATP estão baixos, a glicose é direcionada para a via glicolítica. NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger: Princípios de Bioquímica. 6ª ed., Sarvier, 2014.
Compartilhar