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Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria DEFINIÇÃO um estado patológico caracterizado por sintomas respiratórios persistentes e limitação do fluxo aéreo das vias aéreas inferiores não totalmente reversível (irreversível) A definição clássica de DPOC exige a presença de obstrução crônica e difusa ao fluxo de ar, determinada por espirometria geralmente ocorre em casos de exposições ambientais prejudiciais –o tabagismo. Inclui: enfisema, bronquite crônica e doença das pequenas vias aéreas, que estão presentes em graus variados nos diferentes pacientes com DPOC. -ENFISEMA= definido anatomicamente, que se caracteriza por destruição dos alvéolos pulmonares e dilatação dos espaços aéreos; -BRONQUITE= clinicamente por tosse crônica e expectoração purulenta; -BRONQUIOLITE OBSTRUTIVA= os bronquíolos de pequeno calibre se encontram estreitados e são menos numerosos. EPIDEMIO MUNDO -3ª maior causa de morte nos EUA em 2020, e é um grande problema de saúde pública a mortalidade está aumentando progressivamente nos últimos anos; - Afeta + de10 milhoes de pessoas nos EUA; -Prevalência vem aumentando, principalmente no sexo F; -Idade= adultos + velhos (5ª e 6ª décadas); -Sexo: H>M maior prevalência do tabagismo nos homens; BRASIL= A prevalência é de 15,8% nas pessoas acima de 40 anos. FR/ ETIOLOGIA TABAGISMO -É o principal FR p DPOC há história tabágica + em 90% dos casos; 1/3 da população mundial, fuma. - O número de maços-anos de tabagismo é o fator preditivo mais significativo do VEF1. Estima-se que 15% dos fumantes de 1 maço/ dia e 25% dos fumantes de 2 maços/dia terão DPOC futuramente se mantiverem o hábito tabágico. - fatores genéticos e/ou ambientais contribuam para o impacto do fumo no desenvolvimento da obstrução crônica do fluxo aéreo. Ainda assim, muitos pacientes com história de tabagismo e espirometria normal têm evidências de piora da qualidade de vida relacionada à saúde, redução da capacidade de exercícios e enfisema e/ou doença das vias aéreas na avaliação por TC de tórax; dessa forma, eles não escaparam dos efeitos deletérios do tabagismo. Embora eles não preencham os critérios para a definição clássica de DPOC com base nos valores normais da população para VEF1 e VEF1/CVF, estudos têm demonstrado que essas pessoas têm uma tendência para menores valores de VEF1, o que é consistente com obstrução em nível individual. -Mecanismo= (1) estimulam a produção de muco e a hipertrofia das glândulas submucosas; (2) reduzem ou bloqueiam o movimento ciliar das células epiteliais; (3) ativam macrófagos alveolares a secretar fatores quimiotáticos (especialmente o IL-8) que estimulam o recrutamento alveolar de neutrófilos; (4) ativam neutrófilos, que passam a produzir mais enzimas proteolíticas, como a elastase; (5) inibem a atividade da α-1-antitripsina, enzima inibidora fisiológica da elastase. Embora a utilização de charutos e cachimbos também possa estar associada ao desenvolvimento de DPOC, as evidências que apoiam tal relação são menos convincentes, provavelmente devido às doses menores dos subprodutos do tabaco inaladas. O impacto dos cigarros eletrônicos no desenvolvimento e na progressão da DPOC ainda não foi determinado. DPOC Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria OUTROS FR -Fumaças e vapores= agentes ocupacionais (minas de carvão, ouro), fogão a lenha, carvão ou queima de biomassa. -Poluição do ar ambiente= =agravamento dos sintomas respiratórios em indivíduos que viviam em áreas urbanas em comparação com os que residiam em áreas rurais, o que pode estar relacionado com a maior poluição nas regiões urbanas. Contudo, a relação entre poluição do ar e obstrução crônica das vias aéreas ainda não está comprovada. A exposição prolongada à fumaça produzida pela combustão de biomassa – uma forma comum de se cozinhar em alguns países – também parece ser um fator de risco significativo para a DPOC entre as mulheres desses países -Tabagismo passivo; se ocorrer durante a gestação crianças expostas ao tabagismo materno, inclusive durante a gestação, apresentam crescimento pulmonar reduzido, o que é fator de risco para DPOC no futuro (lembre-se que o VEF1 máximo é atingido por volta dos 20-30 anos – nestas crianças pode estar abaixo do normal). -Baixo nível socioeconômico= É provável que múltiplos “componentes” da pobreza sejam diretamente responsáveis por este efeito (ex.: baixo peso ao nascer; maior exposição aos poluentes extra ou intradomiciliares; maior número de infecções respiratórias na infância. DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTITRIPSINA -doença genética autossômica recessiva que cursa frequentemente com enfisema pulmonar isolado em crianças ou adolescentes. Cerca de 1% dos pacientes com DPOC apresentam deficiência grave desta enzima O alelo M comum está associado a níveis normais de α1AT. O alelo S, níveis ligeiramente reduzidos de α1AT, e o alelo Z, associado à redução acentuada das concentrações da α1AT, também ocorrem com frequências > 1% na maioria das populações brancas.Os indivíduos homozigotos para o gene Z (genótipo PiZZ em vez do genótipo normal PiMM) têm uma concentração de α-1-antitripsina menor que 10% do valor normal. A ausência da ação desta enzima deixa livre a elastase neutrofílica que vai degradando paulatinamente o parênquima pulmonar. *** Todos os pacientes com DPOC devem ter ao menos uma dosagem de alfa-1-antitripsina durante seu seguimento. OUTROS FATORES GENÉTICOS > 20 regiões do genoma contendo loci de suscetibilidade para a DPOC, incluindo uma região próxima do gene HHIP no cromossomo 4, um agregado de genes no cromossomo 15, e uma região dentro de um gene de função desconhecida (FAM13A) FATORES PREDISPONENTES -Asma na infância e infecções como a TBAs infecções respiratórias são causas importantes de exacerbações da DPOC, e resultados recentes dos estudos COPDGene e ECLIPESE sugerem que as exacerbações da DPOC estão associadas com maior perda da função pulmonar longitudinalmente, em especial entre aquelas pessoas com melhores níveis iniciais de função pulmonar. RESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS (ASMA) E DPOC muitos pacientes com DPOC também mostram hiper- reatividade das vias aéreas a estímulos exógenos. Em pessoas idosas, há considerável sobreposição entre aquelas com história de asma crônica e tabagistas com DPOC em termos de responsividade das vias aéreas, obstrução ao fluxo aéreo e sintomas pulmonares. A origem da asma é vista como uma doença alérgica, enquanto se acredita que a DPOC resulte primariamente de inflamação e dano relacionados ao tabagismo; porém, é provável que compartilhem fatores ambientais e genéticos, e a forma crônica em pessoas idosas pode se apresentar de maneira semelhante. Isso é particularmente verdadeiro em pessoas com asma na infância que viram tabagistas. FISIOPATO PATOGÊNESE A limitação do fluxo aéreo, principal alteração fisiológica da DPOC, pode advir de doença das pequenas vias aéreas e/ou enfisema. As pequenas vias aéreas podem se tornar estreitadas por causa de células (hiperplasia e acúmulo), muco e fibrose; ENFISEMA Com a exposição de longo prazo à fumaça de cigarro em pessoas geneticamente suscetíveis, as células epiteliais pulmonares e os linfócitos T e B recrutam células inflamatórias para o pulmão. As vias biológicas com desequilíbrio protease-antiprotease, desequilíbrio oxidante/antioxidante, apoptose e reparo pulmonar levam a destruição da matriz extracelular, morte celular, inflamação crônica e reparo ineficaz. Embora a maioria dessas vias biológicas influencie múltiplos resultados Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria patológicos, foi demonstrada apenas uma única relação entre as vias e os resultados. É listado um subgrupo de moléculas importantes para essasvias biológicas. 4 EVENTOS INTER-RELACIONADOS= 1) a exposição crônica à fumaça de cigarro em pessoas geneticamente suscetíveis desencadeia o recrutamento de células inflamatórias e imunológicas dentro de vias aéreas de grande e pequeno calibres e nos espaços aéreos terminais dos pulmões; (2) as células inflamatórias liberam proteinases que danificam a matriz extracelular que sustenta as vias aéreas, a vascularização e as superfícies de trocas gasosas do pulmão; (3) ocorre a morte celular estrutural por meio de dano induzido por oxidação, senescência celular e perda proteolítica de áreas de aderência da matriz celular, levando a perda extensa de vias aéreas de pequeno calibre, supressão da vascularização e destruição alveolar; (4) o reparo desordenado da elastina e de outros componentes da matriz celular contribui para o alargamento dos espaços aéreos e para o enfisema. INFLAMAÇÃO E PROTEÓLISE DA MEC A elastina, principal componente das fibras elásticas, é um componente altamente estável da matriz extracelular, fundamental à integridade do pulmão. a degradação da elastina e o reparo são os mecanismos primários no desenvolvimento do enfisema. A hipótese da elastase:antielastase= postula que o equilíbrio entre as enzimas que degradam a elastina e os seus inibidores determina a suscetibilidade do pulmão à destruição, o que induz à dilatação dos espaços aéreos e permanece como um mecanismo importante no entendimento do desenvolvimento de enfisema. -INFLAMAÇÃO= Em caso de exposição aos oxidantes da fumaça do cigarro, os macrófagos pulmonares e as células epiteliais se tornam ativados, produzindo proteinases e quimiocinas que atraem outras células inflamatórias e imunes. O estresse oxidativo é um componente importante da biopatologia da DPOC, que pode ser piorado pela disfunção de mitocôndrias. Um mecanismo de ativação do macrófago ocorre por meio da inativação da histona-desacetilase 2 (HDAC2), induzida pelos oxidantes, levando à transcrição das metaloproteinases da matriz, das citocinas pró- inflamatórias, como a interleucina 8 (IL-8), e (TNF-α eventos levam ao recrutamento de neutrófilos. As células T CD8+ também são recrutadas em resposta à fumaça do cigarro e liberam a proteína 10 induzível pela interferona (IP-10, CXCL-7), que por sua vez leva o macrófago a produzir a sua própria elastase (metaloproteinase matricial 12 [MPM-12]). As metaloproteinases matriciais e as serina-proteinases, principalmente a elastase do neutrófilo, trabalham em conjunto degradando o inibidor uma da outra, levando à destruição do pulmão. Os produtos de clivagem proteolítica da elastina servem como quimiocinas de macrófagos, e a prolina-glicina-prolina (gerada pela clivagem proteolítica do colágeno) é uma quimiocina neutrofílica – alimentando esta alça de feedback positivo destrutiva. MORTE CELULAR= mediada pela oxidação da fumaça do cigarro ocorre por meio de vários mecanismos, incluindo a produção excessiva de ceramida e a inibição por Rtp801 do alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR), levando à morte celular, bem como à inflamação e à proteólise. REPARO INEFICAZ= a capacidade do pulmão adulto de substituir a microvascularização e as pequenas vias aéreas perdidas e de reparar os alvéolos danificados parece limitada. A captação de células apoptóticas pelos macrófagos normalmente leva à produção de fatores de crescimento e interrompe a inflamação, promovendo o reparo do pulmão. A fumaça do cigarro compromete a captação de células apoptóticas pelos macrófagos, limitando o reparo. PATOLOGIA A exposição à fumaça dos cigarros pode afetar as vias aéreas de grande calibre, as de pequeno calibre (diâmetro ≤ 2 mm) e os alvéolos. As alterações das vias aéreas de grande calibre provocam tosse e expectoração, e as anormalidades das pequenas vias aéreas e dos alvéolos são responsáveis pelas alterações fisiológicas. Os estágios iniciais da DPOC, parecem estar primariamente associados com doença de vias aéreas de pequeno e médio calibres, com a maioria das pessoas nas classes 1 e 2 da (GOLD) pouco ou nenhum enfisema. O desenvolvimento precoce de obstrução crônica ao fluxo de ar é desencadeado pela doença das pequenas vias aéreas. Os estágios avançados da DPOC (GOLD 3 e 4) são tipicamente caracterizados por enfisema extenso, embora haja um pequeno número de pessoas com obstrução muito grave (GOLD 4) e praticamente sem enfisema. As pessoas com maior risco de progressão da DPOC são aquelas com doença agressiva das vias aéreas e enfisema. Assim, o achado de enfisema (por TC de tórax) cedo ou tarde no processo da doença sugere maior risco de progressão da doença. Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria VIAS AÉREAS DE GRANDE CALIBRE (BRONQUITE CRÔNICA)= tabagismo causa dilatação das glândulas mucosas e hiperplasia das células caliciformes (em vias aéreas proximais) levando à tosse e à expectoração. Os brônquios também sofrem metaplasia escamosa, predispondo à carcinogênese e interrompendo a depuração mucociliar. O influxo de neutrófilos está associado à expectoração purulenta durante as infecções das vias aéreas. VIAS AÉREAS DE PEQUENO CALIBRE= Na maioria dos pacientes com DPOC, o principal local de aumento da resistência são as vias aéreas com diâmetro ≤ 2 mm. redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante). As alterações celulares típicas são metaplasia das células caliciformes, com essas células secretoras de muco substituindo as células exócrinas bronquiolares (club cells) secretoras de surfactante. A redução do surfactante pode aumentar a tensão superficial na interface entre ar e tecidos, predispondo ao estreitamento ou colapso das vias aéreas. O estreitamento e a exclusão das pequenas vias aéreas de pequeno calibre precedem o aparecimento da destruição enfisematosa. PARÊNQUIMA PULMONAR= O enfisema caracteriza-se por destruição dos espaços aéreos envolvidos na troca gasosa, ou seja, bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos. Grande número de macrófagos acumulam-se nos bronquíolos respiratórios de essencialmente todos os tabagistas. O lavado broncoalveolar desses indivíduos contém cerca de cinco vezes a quantidade de macrófagos do lavado de não tabagistas. Neutrófilos e linfócitos T, em particular as células CD8+, também estão aumentados no espaço alveolar de tabagistas. FISIOPATO + ESPIROMETRIA A redução persistente das taxas de fluxo expiratório forçado é a anormalidade mais típica da DPOC. Também são observados aumentos dos volumes residuais e da razão volume residual/capacidade pulmonar total, distribuição não uniforme da ventilação e desequilíbrio da ventilação-perfusão. LIMITAÇÃO DO FLUXO AÉREO= (obstrução do fluxo aéreo) A manutenção das vias aéreas abertas durante a respiração depende da pressão gerada pelo fluxo de ar que, por sua vez, é dependente das forças ins e expiratórias. Na inspiração geralmente não ocorre limitação, pois a força geradora de fluxo provém da musculatura respiratória; naexpiração, A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que se encontra reduzida na DPOC, e a resistência das vias aéreas distais está aumentada pela redução do seu lúmen, o que é gerado por dois fatores: (1) diminuição do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema); e (2) edema e fibrose na parede dos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante). Esses fatores, somados a uma pressão intratorácica progressivamente positiva, predispõem ao colapso das vias aéreas, impedindo a eliminação do ar armazenado nas porções periféricas do pulmão. é determinada com propósitos clínicos pela espirometria, que inclui manobras de expiração forçada após a inspiração do indivíduo até suacapacidade pulmonar total. Os parâmetros são volume de ar expirado durante o volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) e o volume total de ar expirado durante toda a manobra espirométrica (capacidade vital forçada [CVF]). Os pacientes com obstrução do fluxo aéreo relacionada com DPOC têm reduções crônicas da razão VEF1/CVF. Ao contrário da asma, o VEF1 reduzido na DPOC raras vezes mostra grandes respostas à inalação de broncodilatadores, embora seja comum observar melhorias de até 15%. HIPERINSUFLAÇÃO= Os volumes pulmonares também são avaliados rotineiramente pelos testes de função pulmonar. Na DPOC há “encarceiramento de ar” (aumentos do volume residual e da razão entre volume residual e capacidade pulmonar total) e hiperinsuflação progressiva (ampliação da capacidade pulmonar total) nos estágios avançados da doença. A hiperinsuflação do tórax durante a respiração corrente preserva o fluxo expiratório máximo, porque, à medida que o volume pulmonar aumenta, a pressão da retração elástica se eleva e as vias aéreas dilatam-se, de modo que a resistência diminui nessas vias. a hiperinsuflação pode empurrar o diafragma para uma posição retificada, o que acarreta alguns efeitos adversos= devido à redução da zona de aposição entre o diafragma e a parede do abdome, a pressão abdominal positiva durante a inspiração não é aplicada de forma tão eficiente na parede torácica, limitando os movimentos do gradil costal e dificultando a inspiração. Como as fibras musculares do diafragma retificado são mais curtas do que as do diafragma com curvatura normal, elas possuem menor capacidade de gerar pressões inspiratórias do que as fibras normais. O diafragma retificado precisa gerar tensão maior para desenvolver a pressão transpulmonar necessária para produzir a respiração corrente. O gradil torácico está distendido além do seu volume de repouso normal, e durante a respiração corrente os músculos inspiratórios precisam realizar esforço para suplantar a resistência do gradil torácico e insuflar ainda mais os pulmões em vez de contar com a colaboração normal da parede torácica recuando para fora em direção ao seu volume de repouso. (1) surge auto-PEEP, isto é, uma pressão alveolar positiva no final da expiração, que pode aumentar o trabalho da musculatura respiratória na inspiração; (2) altera a mecânica do diafragma, que apresenta tendência à retificação, tornando improdutiva a sua contração para puxar o ar inspiratório... O indivíduo passa a utilizar a musculatura acessória Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria (esternocleidomastoideo, intercostais, abdominais), desenvolvendo cronicamente certo grau de “esforço” para respirar... TROCA GASOSA= está comprometida tanto pela lesão enfisematosa quanto pela lesão bronquítica (mais nesta última)A pressão parcial de oxigênio no sangue arterial PaO2 permanece próxima ao normal até que o VEF1 fique reduzido a cerca de 50% do valor previsto; níveis ainda mais baixos de valores de VEF1 podem estar associados a valores normais de PaO2, pelo menos em repouso. Uma elevação do nível arterial de dióxido de carbono (PaCO2) não é esperada até que o VEF1 seja < 25% do valor previsto e, ainda assim, esse aumento pode não ocorrer. A hipertensão pulmonar grave, a ponto de causar cor pulmonale e insuficiência ventricular direita decorrente da DPOC, ocorre em geral nos indivíduos com reduções extremas do VEF1 (< 25% do previsto) e hipoxemia crônica (PaO2 < 55 mmHg); entretanto, evidências recentes sugerem que alguns pacientes irão desenvolver hipertensão pulmonar significativa independentemente da gravidade da DPOC. Ventilação não uniforme e desequilíbrio da ventilação- perfusão são características da DPOC, refletindo a natureza heterogênea do processo da doença nas vias aéreas e no parênquima pulmonar. O desequilíbrio da ventilação-perfusão é responsável por quase toda a redução da PaO2 associada à DPOC; o volume de shunting (perfusão sem ventilação) é mínimo. Essa observação explica a eficácia das elevações modestas do oxigênio inspirado no tratamento da hipoxemia causada pela doença e, portanto, a necessidade de investigar outros problemas além da DPOC quando for difícil corrigir a hipoxemia com níveis modestos de oxigênio suplementar. Inicialmente, a hipoxemia ocorre apenas no exercício físico. Com o progredir da doença, a hipoxemia pode ocorrer em repouso. É um sinal de doença avançada e significa mau prognóstico. - Nas fases mais avançadas da doença, três mecanismos atuam em conjunto para a retenção progressiva do CO2 : (1) agravamento do distúrbio V/Q; (2) aumento do espaço morto fisiológico – áreas ventiladas sem perfusão; e (3) hipossensibilidade do centro respiratório bulbar ao CO2 Com o tempo, o centro respiratório desses pacientes está hipossensível ao CO2 e hipersensível à hipoxemia. Esses pacientes começam a reter CO2 de forma lenta e progressiva (acidose respiratória), sendo que o rim compensa retendo HCO3- (alcalose metabólica compensatória), aumentando o base excess na gasometria. Assim, esses pacientes têm uma PCO2 alta, mas um pH não muito baixo (7,32 a 7,37). Porém, um novo insulto sobre os pulmões (ex: pneumonia) pode descompensar a acidose,promovendo uma retenção aguda de CO2 e uma queda expressiva do pH. A DPOC também é uma das principais causas de cor pulmonale,disfunção do ventrículo direito consequente a um distúrbio pulmonar que causa aumento da pós-carga do ventrículo direito. Isso ocorre pela hipóxia crônica, pois as arteríolas pulmonares sofrem hipertrofia da sua camada de músculos lisos, resultando em vasoconstricção e aumento da resistência da circulação pulmonar, levando, por fim, à Hipertensão Arterial Pulmonar (normal até 20 mmHg), o Quando a pressão arterial pulmonar sistólica atingir cifras > 50 mmHg ventrículo direito pode entrar em falência sistólica, devido ao aumento excessivo da pós- carga. As consequências são: (1) elevação da pressão venosa central; (2) congestão sistêmica; (3) baixo débito cardíaco, contribuindo para o cansaço destes pacientes. FISIOPATOLOGIA DA DPOC: - exposição inalatória provoca uma resposta inflamatória nas vias respiratórias e nos alvéolos; -Enfisema= aumento da protease e redução da anti-protease, ex. alfa-1-antitripsina- (protease causa lise de elastina e tecido conjuntivo); -Bronquite= estreitamento e obstrução de vias respiratórias pela hipersecreção de muco, espasmo brônquico, fibrose peribrônquica e destruição das pequenas vias respiratóriasexposição a fumaça induz reação inflamatória crônica com linfócitos CD8+, macrófagos e neutrófilos resulta na proliferação das células caliciais e hipertrofia das glândulas submucosas. - Hiperinsuflação com dificuldade de expiração devido a elasticidade pulmonar reduzidaaumenta o trabalho da respiração; ocorre aprisionamento do ar (pela degradação da elastina alveolar por proteases) aumenta volume residual, capacidade residual funcionar e CPT. *** elastina é um componente responsável por resistir à insuflação, auxiliando o esforço expiratório, algo semelhante ao que observamos em uma bola inflável, em que o componente elástico resiste à distensão e busca retornar ao seu estado de repouso. -Troca gasosa comprometida= devido a lesão enfisematosa e brônquicaalveolos mal ventilados e bem perfundidos (aumento do espaço morto pulmonar). Nesses alvéolos, o sangue venoso passa recebendo pouco O2, um mecanismo denominado shunt parcialHIPÓXIA E DESSATURAÇAÕ DE HB Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria QUADRO DESCOMPENSADO Tem como causas: infecção, broncoespasmo, drogas depressoras respiratórias etc.) pode haver fadiga respiratória ou inibição do drive ventilatório, levando a um aumento agudo da PaCO2 , o que faz o pH cair subitamente. Por efeito dacarbonarcose, o paciente começa a ficar desorientado, agitado e depois sonolento. Neste caso, estamos diante de uma acidose respiratória “crônica agudizada”. A intervenção é mandatória (com intubação traqueal e ventilação mecânica), pois esses pacientes podem evoluir rapidamente para uma parada cardiorrespiratória. HISTÓRIA NATURAL Os efeitos do tabagismo sobre a função pulmonar dependem da intensidade da exposição ao tabaco, da fase do crescimento na qual houve a exposição e da função pulmonar inicial do indivíduo; outros fatores ambientais podem produzir efeitos semelhantes. A maioria dos indivíduos segue uma trajetória progressiva de elevação da função pulmonar com o crescimento durante a infância e a adolescência, seguida de um platô no início da idade adulta e de um declínio gradativo com o envelhecimento. Os indivíduos parecem entrar em seus quartis de função pulmonar de acordo com fatores genéticos e ambientais, que os colocam em diferentes trajetórias. O risco de mortalidade final por DPOC está diretamente relacionado com níveis reduzidos de VEF1. A morte ou incapacitação causadas pela DPOC podem advir de uma taxa normal de declínio após uma fase de crescimento reduzida (curva C), de um início precoce do declínio da função pulmonar após um crescimento normal (curva B), ou de um declínio acelerado após um crescimento normal (curva D). A taxa de declínio da função pulmonar pode ser modificada pela alteração das exposições ambientais (i.e., cessação do tabagismo), mas a interrupção do tabagismo em uma idade menos avançada produz mais benefício do que a cessação depois de já ocorridas reduções significativas da função pulmonar. A perda anual absoluta no VEF1 tende a ser maior na DPOC leve e menor na DPOC muito grave. O padrão normal de crescimento e declínio de acordo com a idade é mostrado na curva A. Um VEF1 significativamente reduzido (< 65% do valor previsto aos 20 anos) pode se desenvolver a partir de uma taxa normal de declínio após uma fase de crescimento da função pulmonar reduzida (curva C), início precoce de declínio da função pulmonar após crescimento normal (curva B), ou de um declínio acelerado após crescimento normal (curva D). QC 3 sintomas + comuns= tosse + produção e escarro + dispneia aos esforços. -Alguns pacientes apresentam esses sintomas durante vários meses ou anos antes de buscarem auxílio médico. muitos assinalam que o início da sua doença coincidiu com uma doença aguda ou exacerbação, apesar da evolução ser um processo gradativo investigar Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria direitinho pois uma história minuciosa em geral revela a existência de sintomas antes da exacerbação aguda. A evolução é insidiosa, progressiva, marcada por pioras agudas desencadeadas por fatores descompensantes (ex.: infecção respiratória). Com o avançar da doença, a dispneia acaba por ser desencadeada com níveis cada vez menores de esforço, podendo evoluir para dispneia em repouso ou aos mínimos esforços. Eventualmente pode haver ortopneia e dispneia paroxística noturna (embora esses sintomas sejam mais sugestivos de insuficiência cardíaca) c DISPNEIA AOS ESFORÇOS= descrita como aumento do esforço para respirar, sensação de peso, falta de ar ou respiração arquejante, tem um início insidioso. Essa queixa é evidenciada mais claramente pela história detalhada enfatizando as atividades físicas típicas e de que forma a capacidade de realizá-las foi modificada(perguntar o que o paciente fazia e como não consegue fazer mais). Atividades que envolvem esforço significativo com os braços elevados ao nível dos ombros ou acima são particularmente difíceis para muitos pacientes com DPOC. Por outro lado, atividades que permitem que o paciente estique os braços e use os músculos acessórios da respiração são mais bem toleradas EX. empurrar um carrinho de compras ou caminhar em uma esteira. -À medida que a DPOC avança, a principal manifestação é o agravamento da dispneia aos esforços com crescente interferência na capacidade de realizar atividades profissionais ou de outros tipos. Nos estágios mais avançados, os pacientes manifestam falta de ar durante atividades simples da vida diária. EXAME FÍSICO INÍCIO= apresentam um exame físico absolutamente normal. Os tabagistas podem apresentar sinais de tabagismo ativo, como odor de fumaça ou manchas de nicotina nas unhas dos dedos da mão. DOENÇA + GRAVE= uma fase expiratória longa e pode incluir sibilância à expiração. Os sinais de hiperinsuflação incluem tórax em barril e ampliação dos volumes pulmonares com limitação das excursões diafragmáticas avaliadas por percussão. Os pacientes com obstrução grave do fluxo aéreo podem evidenciar o uso dos músculos acessórios da respiração, sentando- se na posição típica de “tripé” para facilitar as ações dos músculos esternocleidomastóideos, escalenos e intercostais. Alguns pacientes podem desenvolver cianose, visível nos lábios e leitos ungueais. Ou mostrar- se pletórico, tom de pele avermelhado, devido a policitemia reativa à hipoxemia crônica, mediada pelo aumento da eritropoietina renal ENFISEMA= descritos como “sopradores rosados” (“pink puffers”), magros, não cianóticos durante o repouso e façam uso importante dos músculos acessórios. a ausculta revela apenas a diminuição do murmúrio vesicular, sem nenhum ruído adventício BRONQUITE= maior probabilidade de ser mais pesados e cianóticos, descritos como “sopradores azuis” (“blue bloaters”). a ausculta pulmonar revela uma série de ruídos adventícios, tais como sibilos, roncos, estertores crepitantes e subcrepitantes, associados à diminuição do murmúrio vesicular. *** evidências atuais demonstram que a maior parte dos pacientes apresenta elementos tanto de bronquite crônica quanto de enfisema e que o exame físico não diferencia confiavelmente as duas entidades. CAQUEXIA= A doença avançada pode vir com perda significativa de peso, consumo bitemporal e perda difusa do tecido adiposo subcutâneo. Essa síndrome tem sido associada à ingestão oral inadequada e a níveis elevados de citocinas inflamatórias (TNF-α). Tal perda representa um fator independente de prognóstico desfavorável na DPOC. SINAL DE HOOVER= movimentos paradoxais do gradil costal para dentro durante a inspiração, em doentes em fase avançadauma consequência da alteração do vetor de contração diafragmática no gradil costal em razão da hiperinsuflação crônica. COR PUMONALE= Os sinais de insuficiência cardíaca direita avançada, incomuns desde o advento da oxigenoterapia suplementar. BAQUETEAMENTO DIGITAL= não é um sinal de DPOC, e sua ocorrência deve alertar o médico para a necessidade de iniciar uma investigação das causas desse sinal--> o desenvolvimento de câncer de pulmão é a explicação mais provável para o baqueteamento digital de início recente. DIAGNÓSTICO A manifestação clássica da DPOC é obstrução do fluxo aéreoas provas de função pulmonar mostram obstrução ventilatória com reduções de VEF1 e VEF1/CV. Com o agravamento da doença, os volumes pulmonares podem aumentar ampliação da capacidade pulmonar total, da capacidade residual funcional e do volume residual. Nos pacientes com enfisema, a capacidade de difusão pode estar reduzida, refletindo a destruição parenquimatosa típica da doença O grau de obstrução do fluxo aéreo é um fator prognóstico importante da DPOC e constitui a base do sistema de classificação espirométrica por (GOLD) geralmente se correlacione com a presença e a intensidade dos sintomas respiratórios, das exacerbações, do enfisema e da hipoxemia, MAS essa correlação está longe de ser perfeita as características clínicas devem ser cuidadosamente Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria avaliadas em cada pessoa com DPOC para determinar as terapiasmais apropriadas. o VEF1 é um excelente parâmetro prognóstico (ex.: quanto menor o VEF1, maior a chance de exacerbação e maior a mortalidade nos próximos anos), sendo igualmente útil na avaliação do risco cirúrgico se o VEF1 for menor que 1 L, a chance de complicações respiratórias após qualquer cirurgia é grande, sendo o risco “proibitivo” em se tratando de procedimentos que envolvam ressecções do parênquima pulmonar o VEF1 não prediz com acurácia a intensidade dos sintomas atuais, uma vez que muitos pacientes com obstrução grave podem ser oligo ou mesmo assintomáticos, ao passo que outros apresentam relativamente pouca obstrução e muitos sintomas... O FEF 25-75% é outro parâmetro que deve ser analisado, sendo o primeiro a se alterar na DPOC! Logo, trata-se do marcador mais sensível (e precoce) de obstrução das vias aéreas, ainda que não sirva para confirmar o diagnóstico - Os volumes pulmonares estão caracteristicamente aumentados (volume residual, capacidade residual funcional e capacidade pulmonar total). O teste de difusão do monóxido de carbono, ao contrário da asma, está reduzido, especialmente quando há enfisema O grau de obstrução é diretamente quantificado pelo VEF1, que deve ser acompanhado de forma seriada no portador de DPOC, pelo menos anualmente, a fim de demonstrar a evolução da doença LABORATÓRIO -GASOMETRIA ARTERIAL= fornece informações adicionais quanto à ventilação alveolar e ao equilíbrio acidobásico pela avaliação dos níveis da PCO2 arterial e do pH. As alterações do pH com a PCO2 são de 0,08 unidades/10 mmHg nos estados agudos e de 0,03 unidades/10 mmHg na fase crônica a determinação do pH arterial permite a classificação da insuficiência ventilatória, definida por PCO2 > 45 mmHg, nas formas aguda ou crônica; a insuficiência respiratória aguda está associada a acidemia. A gasometria arterial é um componente importante da avaliação dos pacientes que se apresentam com sintomas de exacerbação. O dado mais comumente encontrado é a hipoxemia, que pode ser leve, moderada ou grave (PaO2 < 55 mmHg ou SaO2 < 88%). A hipercapnia com acidose respiratória crônica, marcada pelo aumento compensatório do bicarbonato e do BE ocorre em 30% dos pacientes com DPOC – são os casos mais avançados da doença. HEMATÓCRITO ELEVADO= sugere presença de hipoxemia crônica, assim como a existência de sinais de hipertrofia ventricular direita. RADIOGRÁFICOS Ajudam a classificar o tipo de DPOC; -ENFISEMA= Bolhas evidentes, escassez da trama parenquimatosa ou hipertransparência na radiografia de tórax. O aumento dos volumes pulmonares e a retificação do diafragma indicam hiperinsuflação, mas não fornecem indícios quanto à cronicidade das alterações. TC= é o exame definitivo para estabelecer a presença ou ausência de enfisema, o padrão do enfisema e a presença de doença significativa envolvendo as vias aéreas de calibres médio e grande permite a descoberta de doença pulmonar intersticial coexistente e de bronquiectasias, que são complicações comuns da DPOC. Os tabagistas com DPOC têm risco aumentado para o desenvolvimento de câncer de pulmão, que pode ser identificado na TC de tórax. PESQUISA DE DEFICIÊNCIA DE DEFICIENCIA DE A1AT Diretrizes recentes sugerem a realização do teste para deficiência de α1AT em todos os indivíduos com DPOC ou asma com obstrução crônica do fluxo aéreo. A avaliação do nível sérico de α1AT é um teste inicial razoável. No caso de indivíduos com baixos níveis de α1AT, o diagnóstico definitivo da deficiência de α1AT necessita da determinação do tipo de IP. ELETRO procurar as alterações do cor pulmonale, que são, na verdade, os sinais da sobrecarga cardíaca direita. TTO FASE ESTÁVEL -Objetivos= fornecer alívio sintomático (reduzir os sintomas respiratórios, melhorar a tolerância a esforços, Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria melhorar as condições de saúde) e reduzir os futuros riscos (evitar a progressão da doença, prevenir ou tratar as exacerbações e reduzir a mortalidade). A instituição de terapias deve se basear na avaliação dos sintomas, dos benefícios da terapia, dos riscos potenciais e dos custos. CATEGORIAS DE GRAVIDADE se baseiam nos sintomas respiratórios (com base em escalas mMRC ou CAT) e na frequência anual de exacerbações. A mMRC (Modified Medical Research Council Dyspnea Scale) atribui um único valor para o grau de dispneia: 0 – apenas com atividades intensas; 1 – acelerando no plano ou caminhando em uma leve lomba; 2 – caminhando mais lentamente que seus pares ou parando de caminhar em seu próprio ritmo; 3 – caminhando cerca de 100 metros ou após alguns minutos no plano; 4 – dispneia demais para sair de casa ou para se vestir. Medida de 8 itens para o estado de saúde na DPOC com respostas da escala Likert para questões sobre tosse, escarro, aperto no peito, dispneia em um lance de escadas, limitação nas atividades domésticas, confiança para sair de casa, sono e energia. Variação total do escore é de 0-40. GRUPO A – “baixo risco e pouco sintomático”; GRUPO B – “baixo risco e muito sintomático”; GRUPO C – “alto risco e pouco sintomático”; GRUPO D – “alto risco e muito sintomático”. Três intervenções – cessação do tabagismo, oxigenoterapia para pacientes com hipoxemia crônica e cirurgia de redução do volume pulmonar (CRVP) em pacientes selecionados com enfisema – mostraram-se capazes de melhorar a sobrevida de pacientes com DPOC. Há evidências sugestivas, mas não definitivas, de que o uso de corticoides inalatórios (CIs) e antagonistas muscarínicos possam reduzir a taxa de mortalidade. FARMACOTERAPIA CESSACÃO DO TABAGISMO Tabagistas de meia-idade que foram capazes de abandonar o tabagismo com sucesso apresentaram melhora significativa na taxa de declínio da função pulmonar, muitas vezes retornando ao patamar de alterações anuais semelhantes às dos indivíduos que não fumavam; melhorar a sobrevida todos os pacientes com DPOC devem ser aconselhados enfaticamente a deixar de fumar e receber orientação quanto aos benefícios da cessação do tabagismo a combinação do tratamento farmacológico com as medidas de suporte tradicionais aumenta consideravelmente as chances de sucesso para a cessação do tabagismo. 3 abordagens farmacológicas= terapia de reposição da nicotina disponível sob a forma de gomas de mascar, adesivos transdérmicos, pastilhas, inaladores e spray nasal; bupropiona; e vareniclina, um agonista/antagonista do receptor do ácido nicotínico. As recomendações atuais do U.S. Surgeon General são de que todos os tabagistas adultos (exceto gestantes) que pretendem parar de fumar recebam a opção do tratamento farmacológico, na ausência de contraindicações ao seu uso. TTO DE MANUTENÇÃO Broncodilatadores, utilizados de forma regular, reduzem os sintomas (melhorando a qualidade de vida) e previnem as exacerbações da DPOC, porém não diminuem a mortalidade em longo prazo, tampouco a taxa de declínio da função pulmonar. A corticoterapia inalatória também não evita a progressão da doença! Na realidade, nenhuma droga – até o momento – se mostrou capaz de reduzir a velocidade de progressão da DPOC BRONCODILATADORES Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria são o tratamento primário para quase todos os pacientes com DPOC e são usados para benefício sintomático e para reduzir as exacerbações. -VIA= inalatória é preferida para a administração da medicação, pois os efeitos colaterais são menores do que com a administração sistêmica dos medicamentos. Em pacientes sintomáticos, indica-se tanto o uso em intervalos regulares dos agentes de longa duração como os medicamentos de curta ação usados quando houver necessidade. ANTAGONISTAS ANTICOLINÉRGICOS MUSCARÍNICOS O brometo de ipratrópio de curta ação atenuaos sintomas e produz uma melhora aguda no VEF1. Os antagonistas muscarínicos de longa ação (AMLA), incluindo aclidínio, glicopirrolato, tiotrópio e umeclidínio, melhoram os sintomas e reduzem as exacerbações. -EF. ADVERSOS= são discretos; boca seca sendo o mais frequente. B-AGONISTAS Os beta-agonistas de curta ação diminuem os sintomas com melhoras agudas na função pulmonar. Os agentes de longa ação (BALA) oferecem benefício sintomático e reduzem as exacerbações, embora menos que um AMLA. Os BALA inalatórios atualmente disponíveis são arformoterol, formoterol, indacaterol, olodaterol, salmeterol e vilanterol. -efeitos colaterais= tremor e taquicardia. Combinações de beta-agonistas-antagonistas muscarínicos fornece uma melhora da função pulmonar que é maior do que cada agente isoladamente, além de reduzir as exacerbações. CORTICOIDES INALATÓRIOS O principal papel dos CIs é a redução das exacerbações. O seu uso esteve associado a taxas aumentadas de candidíase orofaríngea e pneumonia eperda da densidade óssea Um teste terapêutico com CIs deve ser considerado em pacientes com exacerbações frequentes, definidas como dois ou mais episódios anuais, e em pacientes com características de asma, como a eosinofilia. Em pacientes estáveis, pode-se considerar a retirada dos CIs. Embora a suspensão dos CIs não leve a aumento nas exacerbações, pode haver um pequeno declínio ou na função pulmonar. GLICOCORTICOIDES ORAIS O uso crônico no tratamento da DPOC não é recomendado devido a uma relação desfavorável de custo/benefício. está associado a efeitos colaterais significativos, incluindo osteoporose, ganho de peso, catarata, intolerância à glicose e risco aumentado de infecção. TEOFILINA produz melhoras modestas no fluxo aéreo e na capacidade vital, mas não é uma terapia de primeira linha devido aos efeitos colaterais e às interações medicamentosas. -Ef. Adversos= náuseas, taquicardia e tremor. A monitoração dos níveis sanguíneos de teofilina é necessária para minimizar a toxicidade. Inibidor da PDE-4 O inibidor seletivo da fosfodiesterase tipo 4 (PDE-4) roflumilaste tem reduzido a frequência das exacerbações em pacientes com DPOC grave, bronquite crônica e história prévia de exacerbações; os seus efeitos na obstrução ventilatória e nos sintomas são modestos. ATB OXIGÊNIO A administração de O2 suplementar é a única terapia farmacológica comprovadamente capaz de reduzir as taxas de mortalidade em pacientes com DPOC. Para os pacientes com hipoxemia em repouso (saturação de O2 em repouso ≤ 88% em qualquer paciente ou de ≤ 89% em pacientes com sinais de hipertensão pulmonar ou insuficiência cardíaca direita), mostrou-se que a administração de O2 exerce um impacto significativo sobre a taxa de mortalidade. Os pacientes que preencherem esses critérios devem receber suprimento contínuo de oxigênio, já que o benefício na mortalidade é proporcional ao número de horas/dia do seu uso. Vários sistemas de fornecimento de O2 se encontram disponíveis, incluindo sistemas portáteis que os pacientes podem transportar para permitir mobilidade fora do lar. REPOSIÇÃO DE a1 AT Para os pacientes com deficiência grave de α1AT, existe um tratamento específico sob a forma de terapia de reposição IV de α1AT. Apesar dos procedimentos de esterilização para aqueles produtos derivados do sangue e da ausência de casos relatados de infecção viral associada à terapia, alguns médicos recomendam a vacinação anti-hepatite B antes do início do tratamento de reposição. Embora a eficácia bioquímica da terapia de reposição de α1AT tenha sido demonstrada, os seus benefícios ainda são controversos. NÃO FARMACOLÓGICO VACINAÇÃO devem ser vacinados anualmente contra influenza, pneumocócica e a vacinação contra Bordetella pertussis. Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria REABILITAÇÃO PULMONAR um programa terapêutico abrangente que incorpora exercícios, educação e aconselhamento psicossocial e nutricional. Na DPOC, mostrou-se que a reabilitação pulmonar melhora a qualidade de vida relacionada com a saúde, a dispneia e a capacidade para exercícios. Além de, reduzir as taxas de internação ao longo de um período de 6 a 12 meses. Cirurgia para redução do volume pulmonar (CRVP) Em pacientes cuidadosamente selecionados com enfisema, a cirurgia para remoção das porções mais enfisematosas do pulmão melhora a capacidade de exercícios, a função pulmonar e a sobrevida. Os pacientes com enfisema predominantemente localizado nos lobos superiores e com baixa capacidade de realizar esforços após a reabilitação têm maior probabilidade de melhorar com a CRVP. -CONTRAINDICAÇÕES= Pacientes com VEF1 < 20% do valor previsto e com enfisema difusamente distribuído na TC ou capacidade de difusão pulmonar de monóxido de carbono (DCO) < 20% do valor previsto apresentam taxas de mortalidade mais altas após o procedimento. TRANSPLANTE DE PULMÃO A DPOC é atualmente a segunda principal indicação para transplante de pulmão. As recomendações atuais são de que os candidatos a transplante de pulmão apresentem limitação muito grave do fluxo aéreo, limitação física grave apesar do tratamento clínico máximo e não sejam portadores de outras condições de comorbidade, como doenças hepática, renal ou cardíaca. EXACERBAÇÕES DA DPOC As exacerbações são uma característica proeminente da história natural da DPOC. Caracterizadas como episódios de piora aguda dos sintomas respiratórios, incluindo aumento da dispneia, tosse, sibilância e/ou mudança na quantidade e aparência do escarro. Podem ou não ser acompanhadas por outros sinais de doença, incluindo febre, mialgias e dor de garganta. -O melhor preditor isolado de exacerbações é a história de exacerbação prévia e sua frequência das exacerbações aumenta à medida que piora a obstrução ao fluxo aéreo padrões de obstrução do fluxo grave (VEF1 < 50% do previsto) ou muito grave (VEF1 < 30% do previsto) têm uma média de 1 a 3 episódios por ano. Porém, algumas pessoas com obstrução muito grave do fluxo aéreo não têm exacerbações frequentes. Outros fatores como proporção elevada do diâmetro da artéria pulmonar em relação à aorta na TC de tórax e refluxo gastresofágico foram associados a um risco aumentado de exacerbação da DPOC. CAUSAS PPRECIPITADORAS uma nova cepa de bactéria está associada ao aumento do risco de curto prazo da exacerbação e que aquela infecção/reinfecção bacteriana está envolvida em mais de 50% das exacerbações. As infecções respiratórias virais ocorrem em aproximadamente um terço das exacerbações. Em uma minoria significativa dos casos (20-35%), nenhum fator precipitador pode ser identificado. AVALIAÇÃO DO PCT Deve-se tentar determinar a gravidade da exacerbação e da DPOC preexistente. Quanto mais grave for um desses dois componentes, maior a probabilidade de que o paciente necessite de internação. -Anamnese= avaliação do grau e da alteração da dispneia investigando se o paciente apresenta dispneia quando realiza atividades da vida diária ou suas tarefas habituais. Questionar febre; se houve alterações nas características do escarro; e se surgiram sintomas associados como sibilância, náuseas, vômitos, diarreia, mialgias e calafrios. O questionamento sobre a frequência e a intensidade das exacerbações prévias pode fornecer informações importantes; o maior fator de risco isoladamente para hospitalização por exacerbação é uma história de hospitalização prévia. -Exame físico= avaliar o grau de desconforto do paciente; é importante dar atenção especial a taquicardia, taquipneia, uso dos músculos acessórios, sinais de cianose perioral ou periférica, capacidade de proferir frases completas e estado mental do paciente. O exame do tórax deverá estabelecer a presença ou ausênciade sinais focais, a amplitude do movimento respiratório, a presença ou ausência de sibilos, a assimetria do exame torácico (sugerindo a obstrução das vias aéreas de grande calibre ou pneumotórax imitando uma exacerbação) e a presença ou ausência de movimentos paradoxais da parede abdominal. -RX e TC= indicados para pacientes com DPOC grave de base, que se apresentam com desconforto moderado ou grave, ou aqueles com sinais focais25% das radiografias mostrarão anormalidades como ICC e pneumonia. -gasometria= pacientes com DPOC avançada, história de hipercapnia, alterações do estado mental (confusão, sonolência) ou desconforto significativo se tiver hipercapnia PCO2>45mmHg, há implicações no tto. -Testes de função pulmonar= não têm demonstrado qualquer utilidade no diagnóstico ou tratamento das exacerbações da DPOC. -A embolia pulmonar (EP) também deve ser considerada, pois a incidência de EP é aumentada nas exacerbações da DPOC. Laryssa Barros – Med – P7 - Tutoria TTO -Indicações de internação= presença de acidose respiratória e hipercarbia, hipoxemia nova ou piorada, doença subjacente grave e pessoas cujas situações de vida não possibilitem a observação cuidadosa e a administração do tratamento prescrito. - O tratamento envolve: (1) antibioticoterapia; (2) broncodilatadores; (3) corticosteroides sistêmicos (em alguns casos); (4) teofilina ou aminofilina (opcional); (5) ventilação não invasiva, quando necessária; (6) ventilação invasiva, quando necessária. BRONCODILATADORES beta-agonistas e antagonistas muscarínicos inalatórios. Esses fármacos podem ser administrados juntos ou separadamente, e a frequência da administração depende da gravidade da exacerbação. No início, ser tratados com nebulização, pois essa forma de administração é mais fácil para pacientes com angústia respiratória. O acréscimo das metilxantinas (teofilina) ao esquema terapêutico pode ser considerado, embora não existam provas convincentes de sua eficácia. Quando adicionadas, os níveis séricos devem ser monitorados na tentativa de reduzir a toxicidade. ATB Pacientes com DPOC frequentemente estão colonizados por patógenos respiratórios, e em geral é difícil identificar de forma conclusiva uma espécie bacteriana específic. As bactérias comumente implicadas nas exacerbações incluem Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Além dessas, Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae são observados em 5 a 10% das exacerbações. A escolha do antibiótico deve ser baseada nos padrões locais de sensibilidade ao antibiótico dos patógenos recém- citados, assim como no estado clínico do paciente. Os pacientes com exacerbações moderadas a graves costumam ser tratados com antibióticos, mesmo que não existam dados implicando um patógeno específico. GLICOCORTICOIDES Em pacientes internados, o uso de glicocorticoides sistêmicos reduz a permanência hospitalar, acelera a recuperação e diminui as chances de exacerbação ou recidiva subsequentes. As recomendações sugerem 30 a 40 mg de prednisolona oral ou seu equivalente tipicamente por um período de 5 a 10 dias em pacientes ambulatoriais. Exacerbação aguda com necessidade de internação. Metilprednisona (escolha) – 0,5 a 1 mg/kg/ dose (ou 62,5-125 mg) a cada 6/8 horas por 72 horas e, se possível e necessário, passar ao tratamento oral. Hidrocortisona – 3 a 5 mg/kg/dose (ou 200-300 mg) a cada 6 horas. O2= deve ser administrado para manter saturações arteriais ≥ 90%. SUPORTE VENTILATÓRIO MECÂNICO instituição da ventilação não invasiva com pressão positiva (VNIPP) em pacientes com insuficiência respiratória, definida por uma PaCO2 > 45 mmHg, resulta em reduções significativas da mortalidade, da necessidade de intubação, das complicações do tratamento e da duração das internações; -CONTRAINDICAÇÕES= instabilidade cardiovascular, alteração do estado mental, incapacidade de cooperar, grande quantidade de secreção ou incapacidade de eliminar as secreções, anormalidades ou traumatismo craniofacial impedindo a adaptação da máscara, obesidade extrema ou queimaduras significativas. -INDICAÇÕES P VENTILAÇÃO MECANICA INVASIVA CONVENCIONAL= Pacientes com dificuldade respiratória grave apesar do tratamento inicial, hipoxemia potencialmente fatal, acidose e/ou hipercarbia graves, comprometimento profundo do estado mental, parada respiratória, instabilidade hemodinâmica ou outras complicações. O objetivo da ventilação mecânica é corrigir os problemas citados anteriormente. A taxa de mortalidade dos pacientes que necessitam de suporte ventilatório mecânico é de 17 a 30% naquela internação. Entre os pacientes > 65 anos internados em unidades de terapia intensiva, a taxa de mortalidade duplica para 60% ao longo do ano seguinte. Após uma hospitalização por DPOC, cerca de 20% dos pacientes são novamente hospitalizados nos 30 dias subsequentes e 45% são hospitalizados em 1 ano. A mortalidade após a alta hospitalar é de cerca de 20% em 1 ano.
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