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SEDESTPsicologiaAula2nova[5478]

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PSICOLOGIA SOCIAL. 2	
TÓPICO EXTRA - CULTURA JUVENIL
 22	
TRABALHO EM REDE. PRINCÍPIOS 
DA INTERSETORIALIDADE. 38	
QUESTÕES 39	
QUESTÕES COMENTADAS E 
GABARITADAS 44	
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2 
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Psicologia Social. 
A Psicologia Social estuda a 
dependência e a interdependência 
entre as pessoas. 
Robert B. Zajonc 
 
 Antes de qualquer coisa, devemos definir o que é Psicologia Social. Segundo 
David Myers, a Psicologia Social é uma ciência que estuda as influências de nossas 
situações, com especial atenção a como vemos e afetamos uns aos outros. Mais 
precisamente, ela é o estudo científico de como as pessoas pensam, influenciam e se 
relacionam umas com as outras. A psicologia social se situa na fronteira da psicologia 
com a sociologia. Comparada com a sociologia (o estudo das pessoas em grupos e 
sociedades), a psicologia social focaliza mais nos indivíduos e usa mais 
experimentação. Comparada à psicologia da personalidade, a psicologia social focaliza 
menos nas diferenças dos indivíduos e mais em como eles, em geral, veem e 
influenciam uns aos outros. A psicologia social ainda é uma ciência jovem. Os 
primeiros experimentos nessa área foram relatados há pouco mais de um século 
(1898), e os primeiros textos de psicologia social surgiram em torno de 1900 (Smith, 
2005). Somente a partir da década de 1930 ela assumiu sua forma atual, e apenas a 
partir da Segunda Guerra Mundial começou a emergir como o campo de vulto que é 
hoje. A psicologia social estuda nosso pensamento, nossa influência e nossos 
relacionamentos fazendo perguntas que intrigam a todos. 
 Advirto que temos várias escolas, e sub escolas, da psicologia social. É pudente 
estudarmos todas, mesmo aquelas que não definem o que é psicologia social e se 
perdem na sua construção histórica. 
 
Histórico da Psicologia Social. 
 
 Cada livro de psicologia social apresenta uma história e uma abordagem 
diferente. Os autores nacionais tentam descrever a psicologia social através da própria 
história da psicologia social (e raramente chegam a uma conclusão). Os autores 
europeus e norte americanos insistem na segregação da psicologia social em etapas 
bem definidas. E a banca? A banca não tem tradição na área de psicologia social e 
definitivamente não apresenta posicionamento em sua base marxista ou behaviorista. 
Dito isso, vamos ao melhor texto que encontrei para definir, em breves palavras, a 
psicologia social. 
 
No decorrer de sua breve história, a Psicologia Social tem se caracterizado pela 
pluralidade e multiplicidade de abordagens teóricas adotadas como referenciais 
legítimos à produção de conhecimentos sociopsicológicos. Tal contexto tem 
dificultado sobremaneira a delimitação do objeto de estudo ou mesmo dos vários 
objetos de estudo dessa disciplina. Contudo, o binômio indivíduo-sociedade, isto é, o 
estudo das relações que os indivíduos mantêm entre si e com a sua sociedade ou 
cultura, sempre esteve no centro das preocupações dos psicólogos sociais, com o 
pêndulo oscilando ora para um lado, ora para o outro. 
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A ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade fez com que diferentes 
autores (House, 1977; Stephan & Stephan, 1985) começassem a defender a existência 
de duas modalidades de Psicologia Social: a Psicologia Social Psicológica e a 
Psicologia Social Sociológica. A Psicologia Social Psicológica, segundo a definição de 
G. Allport (1954), que se tornou clássica, procura explicar os sentimentos, 
pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença real ou imaginada de outras 
pessoas. Já a Psicologia Social Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem 
como foco o estudo da experiência social que o indivíduo adquire a partir de sua 
participação nos diferentes grupos sociais com os quais convive. Em outras palavras, os 
psicólogos sociais da primeira vertente tendem a enfatizar principalmente os processos 
intraindividuais responsáveis pelo modo pelo qual os indivíduos respondem aos 
estímulos sociais, enquanto os últimos tendem a privilegiar os fenômenos que 
emergem dos diferentes grupos e sociedades. 
Para além dessa já hoje clássica divisão, a Psicologia Social desdobrou-se, mais 
recentemente, em outra vertente, qual seja a Psicologia Social Crítica (Álvaro & 
Garrido, 2006) ou Psicologia Social Histórico-Crítica (Mancebo & Jacó-Vilela, 
2004), expressões que abarcam, na realidade, diferentes posturas teóricas. Assim é que, 
de acordo com Hepburn (2003), tanto o Socioconstrucionismo (Gergen, 1997) e a 
Psicologia Discursiva (Potter & Wetherell, 1987), como a Psicologia Marxista, o pós-
modernismo e o feminismo, entre outros, contribuem atualmente para o campo da 
Psicologia Social Crítica. Tais perspectivas guardam em comum o fato de adotarem 
uma postura crítica em relação às instituições, organizações e práticas da sociedade 
atual, bem como do conhecimento até então produzido pela Psicologia Social a esse 
respeito. Nesse sentido, colocam-se contra a opressão e a exploração presentes na 
maioria das sociedades e têm como um de seus principais objetivos a promoção da 
mudança social como forma de garantir o bem-estar do ser humano (Hepburn, 2003). 
A evolução da Psicologia Social, nas diferentes partes de mundo, vem 
ocorrendo, de certa forma, associada às várias modalidades ou vertentes da disciplina. 
Assim é que, na América do Norte, e maisespecialmente nos Estados Unidos da 
América, a Psicologia Social Psicológica foi e continua sendo a tendência 
predominante. Já na Europa, é possível se notar uma preocupação maior com os 
processos grupais e socioculturais, que sempre estiveram na base das preocupações da 
Psicologia Social Sociológica. Por outro lado, na América Latina, verifica-se a adoção 
da Psicologia Social Crítica como abordagem preferencial à análise dos graves 
problemas sociais que costumam assolar a região. 
Fonte: FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social contemporânea: principais 
tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 
26, n. spe, p. 51-64, 2010 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 01 July 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005. 
 
 
 
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O objeto da Psicologia Social. 
 
 Se a FUNIVERSA perguntasse: “qual o objeto de estudo da psicologia social?” 
O que você diria? 
 Os grupos? As pessoas em suas relações interpessoais? As representações 
sociais? Admitamos, qualquer resposta dada será incompleta. Temos um sério 
problema de identificação do objeto da psicologia social. 
 Sobre isso: 
Sob a luz da constituição histórica da Psicologia Social moderna torna-se 
evidente o fato de que a Psicologia Social é uma disciplina relativamente nova no 
ramo das ciências, e que, por isso, ainda há desafios e barreiras para serem repensados 
na atualidade. No cerne de suas implicações, destaca-se a dificuldade de definição do 
objeto de estudo dos Psicólogos Sociais. 
A dificuldade de definição da psicologia social reside na impressão dos 
seus objetivos. Sendo uma disciplina relativamente recente, não há 
ainda acordo, no campo dos seus cultores, no sentido de delimitar-lhe 
os objetivos nítidos e a extensão de suas aplicações. Enquanto que, para 
uns, a psicologia social se aproxima da psicologia (McDougall), para 
outros, o seu objeto de estudo quase se confunde com o da sociologia 
(Ellwood, Ross). Partindo desses dois pólos, da psicologia, e da 
sociologia, a psicologia social não parece, à primeira vista, ser uma 
ciência autônoma, De um lado, no pólo da psicologia, tudo o que não 
pertence a psicologia fisiológica seria psicologia social: o homem é um 
animal gregário e todas as suas funções psíquicas só se compreenderiam 
no jogo das reações sociais; o comportamento humano é, antes de tudo, 
social, pela sua natureza ou pelo seus fins. De outro lado, todos os fatos 
sociais, tendo o homem como centro, reconheceriam uma base 
psicológica, e toda a sociologia se converteria numa psicologia 
(RAMOS, p. 27, 2003). 
Fonte: Junior, João Paulo Roberti e Justo, Ana Maria. A Psicologia Social Entre 
Rumos E Vertentes. Revista Caminhos, On-line, “Humanidades”, Rio do Sul, a. 4, n. 
6, p. 21-38, abr./jun. 2013. 
 
 
Características da Psicologia Social 
contemporânea. 
 
 Nesse ponto precisamos definir as escolas de psicologia social no mundo e as 
suas característica no Brasil. Para isso, resumi um artigo “A Psicologia Social 
contemporânea: principais tendências e perspectivas nacionais e internacionais” e 
destaquei no próprio artigo os pontos mais importantes. 
 Acompanhe comigo. 
 
A Psicologia Social na América do Norte: Evolução Teórica e Temática 
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Assim é que, durante algum tempo, na América do Norte, a Psicologia Social 
desenvolveu-se paralelamente no contexto de ambas as disciplinas. Logo, porém, isto 
é, ainda nas primeiras décadas do século XX, a Psicologia Social Psicológica 
estabelece-se como a tendência predominante no cenário norte-americano, em 
especial nos Estados Unidos da América (EUA), sob forte influência do 
behaviorismo. 
Exemplo marcante de tal enfoque é o livro texto de Psicologia Social publicado 
em 1924, por Floyd Allport, considerado um dos mais famosos psicólogos sociais 
behavioristas da época. Ao defender que a Psicologia Social deveria concentrar-se no 
estudo experimental do indivíduo, na medida em que o grupo constituía-se tão 
somente em mais um estímulo do ambiente social a que esse indivíduo era submetido, 
Allport define os contornos da Psicologia Social Psicológica como uma disciplina 
objetiva, de base experimental e focada no indivíduo (Franzoi, 2007). 
 Os anos de 1920 e 1930 serão dominados pelo estudo das atitudes, da 
influência social interpessoal e da dinâmica de grupos. No que tange às atitudes, a 
investigação concentrou-se no desenvolvimento de diferentes técnicas destinadas a 
mensurar tal constructo tomado como um fenômeno mental (McGarty & Haslam, 
1997). No que se refere à influência social e dinâmica de grupos, merecem destaque os 
experimentos realizados por Muzar Sheriff e Kurt Lewin, psicólogos europeus que 
imigraram para os EUA e receberam fortes influências do gestaltismo. Sheriff (1936) 
estava interessado no processo de formação de normas sociais, tendo chegado à 
conclusão de que os grupos desenvolvem normas que governam os julgamentos dos 
indivíduos que dele fazem parte, bem como dos novos membros que a elas também se 
adaptam, em função das normas grupais existirem à revelia de seus membros 
individuais. 
Lewin e seus colegas (Lewin, Lippitt & White, 1939) dedicaram-se à análise 
da influência dos estilos de liderança e do clima grupal sobre o comportamento dos 
membros do grupo, tendo observado que o estilo de liderança democrático produzia 
normas grupais construtivas e independentes, que levavam à realização de um trabalho 
produtivo, independentemente da presença ou não do líder. Já a liderança laissez-faire 
deixava os membros passivos, enquanto os grupos com liderança autocrática 
tornavam-se agressivos ou apáticos. 
Dois principais temas marcaram as duas décadas subsequentes, que assinalam 
o período da Segunda Grande Guerra e do pós-guerra: atitudes e percepção de pessoa. 
A investigação das atitudes, iniciada nos anos 20, prosseguiu nas décadas seguintes 
com os experimentos de Carl Hovland e sua equipe sobre comunicação e persuasão 
(Hovland, Janis & Kelley, 1953), que levaram a importantes conclusões acerca dos 
diferentes fatores que interferiam na mudança de atitudes (Goethals, 2003). Tais 
estudos, bem como os que lhes sucederam, conferiram às atitudes um papel 
fundamental no campo da Psicologia Social Psicológica, tendo levado alguns autores 
(e.g., McGuire, 1968) a afirmar que tal fenômeno constituía-se em conceito central à 
Psicologia Social. 
A investigação sobre percepção de pessoas, que até hoje consiste em uma das 
áreas centrais de estudo da Psicologia Social Psicológica, inicia-se com os trabalhos de 
Fritz Heider (1944, 1946, 1958), que também imigrou da Alemanha para os EUA 
durante a Segunda Grande Guerra, e recebeu forte influência do gestaltismo. Na 
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publicação de 1944, o autor realiza o primeiro tratamento sistemático dos processos 
atribuicionais (Goethals, 2003), ao lançar o argumento de que os indivíduos associam 
as ações das pessoas a motivos e disposições internas, em função de perceberem uma 
justaposição ou gestalt entre o modo pelo qual as pessoas se comportam e a natureza 
de suas qualidades pessoais. Tal argumento sobre como as pessoas realizam atribuições 
causais será aprofundado no livro de 1958, traduzido para o português com o nome de 
"Psicologia das Relações Interpessoais". No artigo de 1946, Heider desenvolve a teoria 
do equilíbrio,segundo a qual as pessoas tendem a manter sentimentos e cognições 
coerentes sobre um mesmo objeto ou pessoa, de modo a obter uma situação de 
equilíbrio. Quando esse equilíbrio se desfaz, elas vivenciam uma situação de tensão e 
procuram restabelecê-lo, mediante a mudança de algum dos elementos da situação. 
Tal princípio encontra-se na base das teorias da consistência cognitiva que irão 
proliferar nos anos seguintes. 
Ainda na área de percepção de pessoas, merecem destaque os estudos de 
Solomon Asch (1946), que irá aplicar os princípios gestaltistas em seus experimentos 
sobre a formação de impressões. Seus resultados levam-no a concluir que as 
informações sobre as características pessoais do outro são organizadas em um todo 
coerente, que difere da soma das partes e pode ser modificado por peças críticas de 
informação que provocam a reorganização desse todo. Ademais, a ordem com que as 
informações são recebidas afeta a formação da impressão global. 
Os anos de 1950 e 1960 assistem à renovação do interesse pelas pesquisas 
sobre influência social e processos intergrupais, conduzidas, sobretudo, sob a liderança 
de Asch e Leon Festinger. Asch (1952), na esteira dos trabalhos anteriores de Sheriff 
(1936) sobre formação de normas sociais, já citados, interessa-se pela análise dos 
processos que levam os indivíduos a se conformarem com as normas do grupo ao 
realizarem julgamentos, ainda quando se torna evidente que tais julgamentos estão 
incorretos. Seus estudos sobre conformidade suscitaram uma série de desdobramentos 
posteriores, relacionados à investigação dos diferentes fatores que influenciavam tal 
fenômeno, além de inspirarem os experimentos clássicos de Milgram (1965), sobre 
obediência à autoridade. 
Festinger (1954), sob a influência das investigações realizadas por Lewin, 
propõe a teoria dos processos de comparação social, na qual defende que as pessoas 
necessitam avaliar suas habilidades e opiniões a partir de comparações realizadas com 
outros indivíduos que lhes são similares. A referida teoria suscitou uma série de 
experimentos, reemergiu algumas vezes ao longo dos anos 70 e encontra-se 
solidamente estabelecida no momento atual, sendo usada, de forma recorrente, como 
mecanismo explanatório dos processos de formação da identidade pessoal e social 
(Goethals, 2003). Posteriormente, Festinger (1957) introduz a teoria da dissonância 
cognitiva, na qual estabelece que as pessoas são motivadas a procurar o equilíbrio entre 
suas atitudes e ações. Nesse sentido, quando instadas a mudar seu comportamento, 
mostram-se propensas a modificar também suas atitudes, de modo a restabelecerem o 
equilíbrio entre ações e atitudes. Apesar de ter sido alvo de críticas, a referida teoria foi 
uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da Psicologia Social Psicológica 
nas décadas seguintes (Rodrigues, Assmar & Jablonski, 2000), tendo propiciado um 
grande número de pesquisas experimentais rigorosas, conduzidas com a finalidade de 
testar seus vários pressupostos. 
As teorias da atribuição irão dominar o cenário sociopsicológico norte-
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americano a partir do final dos anos de 1960 e durante os anos de 1970 e 1980, numa 
evidência da ascensão progressiva do cognitivismo no campo da Psicologia Social 
Psicológica. Apoiando-se nos pressupostos sobre as relações interpessoais antecipados 
por Heider (1944, 1958), as referidas teorias e seus desdobramentos (Jones & Davis, 
1965; Kelley, 1967; Ross, 1977; Weiner, 1986) vão se debruçar sobre os processos 
cognitivos responsáveis pelos julgamentos sociais, isto é, pelos mecanismos que levam 
o indivíduo a perceber e atribuir causas internas (pessoais) ou externas (situacionais) ao 
comportamento do outro, bem como sobre os erros e vieses que interferem em tais 
processos. As investigações desenvolvidas no âmbito das teorias atribuicionais 
contribuíram não apenas para a elucidação de alguns dos princípios que governam o 
pensamento social, mas também para a maior compreensão de outros fenômenos 
psicossociais, como, por exemplo, a depressão e o ajustamento conjugal (Goethals, 
2003). 
A partir dos anos 1980, o cognitivismo se consolida de vez como a perspectiva 
dominante na Psicologia Social Psicológica e no cenário norte-americano. Em 
consequência, o principal tema de investigação passa a ser a cognição social, que tem 
como objetivo básico compreender os processos cognitivos que se encontram 
subjacentes ao pensamento social (Fiske & Taylor, 1984). Adotando tal perspectiva, 
os psicólogos sociais cognitivistas se dedicam então a fazer uma reanálise de temas que 
já vinham sendo estudados há algum tempo, procurando agora, porém, desvelar os 
mecanismos cognitivos subjacentes a tais fenômenos, tendência que se mantém até os 
dias atuais, conforme será visto mais à frente. 
 
A Crise da Psicologia Social na América do Norte 
A breve descrição da evolução teórica e temática da Psicologia Social norte-
americana evidencia que, com o passar do tempo, o modelo de pesquisa-ação 
orientado para a comunidade e para o estudo dos grupos, introduzido por Lewin ainda 
nos anos de 1930, foi sendo paulatinamente abandonado e substituído pela 
investigação de fenômenos e processos eminentemente intraindividuais, de natureza 
cognitiva. Tendo como meta última a investigação das leis universais capazes de 
explicar o comportamento social, a Psicologia Social Psicológica estrutura-se 
progressivamente como uma ciência natural e empírica, que desconsidera o papel que 
as estruturas sociais e os sistemas culturais exercem sobre os indivíduos (Pepitone, 
1981). 
É nesse contexto que os anos de 1970 irão assistir ao surgimento da chamada 
"crise da Psicologia Social", motivada pela excessiva individualização da Psicologia 
Social Psicológica e dos movimentos sociais ocorridos nos anos de 1970 (como o 
feminismo, por exemplo). Nesse sentido, a crise da Psicologia Social se caracterizou, 
sobretudo, pelo questionamento das bases conceituais e metodológicas da Psicologia 
Social Psicológica até então dominante, no que tange à sua validade, relevância e 
capacidade de generalização (Apfelbaum, 1992). 
Os questionamentos se dirigiam principalmente à sua relevância social, isto é, 
ao fato dessa vertente da Psicologia Social usar uma linguagem científica cada vez 
mais neutra e afastada dos problemas sociais reais e, consequentemente, desenvolver 
modelos e teorias que não eram capazes de contribuir para a explicação da nova 
realidade social que surgia. Adicionalmente, criticava-se a artificialidade dos 
experimentos conduzidos em laboratório, a falta de compromisso ético de seus 
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mentores e a excessiva fragmentação dos modelos teóricos (Jones, 1985). 
As críticas referidas suscitaram grande resistência da comunidade científica 
estabelecida à época. No entanto, contribuíram para o movimento de 
internacionalização da Psicologia Social, responsável pelo desenvolvimento de uma 
Psicologia Social Européia, mais preocupada com o contexto social, e, mais 
recentemente, de uma Psicologia Latino-Americana, voltada prioritariamente para os 
problemas sociais, a serem abordadas logo após uma breve revisão do atual estado da 
arte da Psicologia Social na América do Norte. 
 
A Psicologia Social na América do Norte: Tendências Atuais 
Na atualidade, os psicólogos sociais da América do Norte continuam se 
debruçando sobre temas tradicionais, que já tinham sido objeto de interesse dos que 
construíram a história da disciplina naquele país, mas também vêm se dedicando a 
novas temáticas que contribuíram para expandir e diversificar o espectro de fenômenos 
sociais investigados no contexto norte-americano.De acordo com Ross, Lepper e 
Ward (2010), em capítulo publicado na quinta e mais recente edição do Handbook of 
Social Psychology, três tópicos podem ser considerados centrais à psicologia social, em 
função do continuado interesse que vêm despertando, razão pela qual que se 
encontram presentes na maioria dos livros textos e palestras sobre o assunto. São eles a 
cognição social, as atitudes e os processos grupais. A esses tópicos, Ross e cols. ainda 
acrescentam algumas novas vertentes da Psicologia Social que, mais recentemente, 
vêm também se mostrando promissoras. Entre elas, merecem destaque a Neurociência 
Social e a Psicologia Social Evolucionista. [...] 
 
A Psicologia Social na Europa: Evolução e Tendências Atuais 
Apesar de a Psicologia Social europeia ter inicialmente caminhado lado a lado 
com a Psicologia Social Psicológica, ela começou, a partir dos anos 1970 e motivada 
pela crise da Psicologia Social na América do Norte, a adquirir sua própria identidade 
e a demonstrar maior preocupação com a estrutura social. Desde então, ela vem 
crescendo progressivamente em tamanho e influência. Entre os temas de estudo mais 
frequentes no contexto europeu encontram-se a identidade social, que se insere 
principalmente no contexto das relações intergrupais, e as representações sociais, que 
remetem a uma psicologia dos grupos e coletividades. 
[...] 
 
A Psicologia Social na América Latina: Evolução e Tendências Atuais 
A Psicologia Social praticada na América Latina, até a década de 1970, esteve 
grandemente influenciada pelo paradigma da Psicologia Social Psicológica, tendência 
até hoje dominante na América do Norte. Ao final da década, porém, muitos 
psicólogos sociais latino-americanos iniciaram um forte movimento de 
questionamento à Psicologia Social norte-americana (em função de seu 
experimentalismo e individualismo), em prol de uma psicologia social mais 
contextualizada, isto é, mais voltada para os problemas políticos e sociais que a região 
vinha enfrentando. Estimulados pela arbitrariedade dos regimes militares e pela 
grande desigualdade social do continente, esses psicólogos sociais irão defender uma 
ruptura radical com a psicologia social tradicional (Spink & Spink, 2005). 
Nesse sentido, vários psicólogos latino-americanos passaram a adotar como 
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referencial de seus estudos a Psicologia Social Crítica. Um autor frequentemente 
citado como legítimo representante dessa perspectiva na Psicologia Social latino-
americana é Martin-Baró, psicólogo e padre jesuíta espanhol, radicado em El 
Salvador, que defendia em suas obras o desenvolvimento de uma psicologia social 
comprometida com a realidade social latino-americana. 
Como forma de ajudar a minorar a situação estrutural de injustiça social que 
permeia a maioria dos povos latino-americanos, Martín-Baró (1996) enfatiza que a 
principal tarefa do psicólogo social deve ser a conscientização de pessoas e grupos, 
como forma de levá-los a desenvolver um saber crítico sobre si e sobre sua realidade, 
que lhes permita controlar sua própria existência. De acordo com o autor, urge, 
portanto, que os psicólogos sociais contribuam para a construção de identidades 
pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias 
populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominan-te 
e, consequentemente, levar à mudança social. Trata-se, assim, de desenvolver um 
saber psicológico historicamente construído que se mostre capaz de compreender e 
contribuir para sanar os problemas que atingem as maiorias populares e oprimidas. 
Para ele (Martin-Baró, 1989), então, a construção teórica em psicologia social deve 
emergir dos problemas e conflitos vivenciados pelo povo latino-americano, de forma 
contextualizada com sua história. 
Outra autora de destaque no cenário latino-americano é Maritza Montero, da 
Venezuela. Em revisão recente sobre a Psicologia Social Crítica em seu país, Montero 
e Montenegro (2006) assinalam que ela se caracteriza principalmente por questionar 
os modos de produção de conhecimento e prática da Psicologia e perseguir a 
transformação social e a relevância social da pesquisa e intervenção sobre os problemas 
sociais que assolam o país. Para tanto, coloca-se contra as abordagens positivistas e 
experimentais, a neutralidade científica e as perspectivas individualistas de abordagem 
dos fenômenos psicossociais, defendendo, ao contrário, a produção de um 
conhecimento contextualizado, participante e co construído por pesquisadores e atores 
sociais, como forma de contribuir para a solução dos problemas sociais que vivenciam 
e transformar sua realidade social. 
Apoiando-se primordialmente em tal referencial, os psicólogos venezuelanos, 
muitas vezes em colaboração com colegas latino-americanos de outras nacionalidades, 
têm direcionado suas investigações para as temáticas dos estereótipos, autoimagens, 
identidades sociais, nacionalismo, movimentos sociais, poder social, relações de 
gênero, violência doméstica, direitos reprodutivos da mulher, entre outros. Tais 
estudos têm sido acompanhados, também, por uma intensa produção teórica sobre os 
princípios paradigmáticos da Psicologia Comunitária, bem como suas práticas e 
inserção no campo da ciência, sobre os modos de construção do conhecimento, sobre 
o conceito de empoderamento, sobre a pesquisa participativa etc. (Montero & 
Montenegro, 2006). 
Iniciativas sob a perspectiva da Psicologia Crítica também têm despontado em 
outros países latino-americanos como, por exemplo, a Colômbia (Molina-Valencia & 
Mesa, 2006), o Chile (Shafir, 2006) e o Brasil, que será objeto de análise mais 
detalhada na próxima seção. Cumpre registrar, porém, que a Psicologia Social Crítica 
não é a única tendência dominante na América Latina, na medida em que nela 
coexistem múltiplas tendências, havendo, assim, vários psicólogos sociais na região 
que vêm desenvolvendo seus trabalhos com o apoio de referenciais da Psicologia 
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Social norte-americana ou da Psicologia Social europeia. Nesse sentido, Álvaro e 
Garrido (2006) questionam se é possível afirmar a existência de uma Psicologia Social 
latino-americana que reúna traços próprios de identidade. 
 
Fonte: FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social contemporânea: principais 
tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 
26, n. spe, p. 51-64, 2010 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 01 July 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005. 
 
 Esse resumo de artigo, reduzido à terça parte, apresenta de forma bem clara as 
tendências históricas e atuais da psicologia social. 
 Recomendo que faça um bom mapa mental para resumir as informações dadas. 
 A seguir, apresentarei um outro resumo, complementar à aula de hoje. 
 
 
Resumo do Capítulo I – Psicologia Social 
(Aroldo rodrigues, Eveline Assmar e 
Bernardo Jablonski). 
 
O que é Psicologia Social? 
Psicologia Social é o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas e 
dos processos cognitivo e afetivo gerados por esta interação. À exceção da figura 
legendária de Robinson Crusoé e de eremitas, todos os seres humanos vivemos em 
constante processo de dependência e interdependência em relação a nossos 
semelhantes. Um aperto de mão, uma reprimenda, um elogio, um sorriso, um simples 
olhar de uma pessoa em direção a outra suscitam nesta última uma resposta que 
caracterizamos como social. Por sua vez, a resposta emitida servirá de estímulo à 
pessoa que a provocou gerando, por seu turno, umoutro comportamento desta última, 
estabelecendo-se assim o processo de interação social. 
[...] 
A mera expectativa de como será o comportamento do outro (ou de seus 
pensamentos ou sentimentos) influencia nossas ações. Consideremos uma situação 
hipotética: se uma pessoa espera uma reação negativa de alguém, é bem possível que 
ela inicie a interação de forma agressiva. 
[...] 
Simultaneamente a manifestações comportamentais, processos mentais 
superiores (a expectativa de que falamos anteriormente e também nosso julgamento, 
processamento de informação etc.) são desencadeados pelo processo de interação e 
caracterizam o que se chama de pensamento social, ou seja, os processos cognitivos 
decorrentes da interação social. 
[...] 
Interação humana e suas consequências cognitivas, comportamentais e afetivas 
constituem, pois, o objeto material da Psicologia Social, ou seja, aquilo que a 
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Psicologia Social estuda. O objeto formal da Psicologia Social, ou seja, a maneira pela 
qual ela estuda seu objeto material, é o método científico, ou seja, é toda atividade 
conducente à descoberta de um fato novo orientada pelo paradigma. 
[...] 
teoria à levantamento de hipóteses à teste empírico das hipóteses 
levantadas à análise dos dados colhidos à confirmação ou rejeição 
das hipóteses à generalização 
 
[...] a Psicologia Social estuda a interação social e os concomitantes cognitivos 
e emocionais inerentes à interação entre pessoas, e que o faz por meio da utilização do 
método científico. Para completar a conceituação do que seja Psicologia Social 
convém acrescentar-se uma outra característica: o caráter situacional (ou latitudinal) 
do fenômeno psicossocial. Ressalte-se ainda que tais fatores situacionais devem ter a 
característica de estímulos sociais. O comportamento "procurar a sombra num dia de 
forte calor" é um comportamento ditado por fatores situacionais, mas dificilmente se 
consideraria tal atividade como sendo um comportamento social. Este mesmo 
comportamento de evitar o sol e abrigar-se à sombra de uma árvore poderia ser um 
comportamento social caso os fatores situacionais por ele responsáveis fossem um, ou 
uma combinação, dos seguintes: receio de que outras pessoas considerassem idiotice 
permanecer no sol quando havia uma confortável sombra a dois metros de distância; 
desejo de evitar a transpiração que o sol suscitaria em virtude da necessidade de 
manter-se asseado para um encontro iminente; apreensão com a atribuição de 
frivolidade (desejo de exibir uma cor bronzeada para efeitos estéticos) que pessoas 
observando a permanência do indivíduo ao sol poderiam fazer. Nestes últimos casos, o 
comportamento de esquivar-se do sol e dirigir-se à sombra seria, sem dúvida, um 
comportamento social e nele se verificaria nitidamente a relevância dos fatores 
situacionais a que nos referimos, fatores estes de característica latitudinal ou 
horizontal, em vez de longitudinal ou vertical. Não quer isto dizer que fatores 
longitudinais (experiências passadas, fatores hereditários, características de 
personalidade) não influam no comportamento social da pessoa. Influem e muito. 
Quando o psicólogo social os considera, todavia, faz isso ciente de que está utilizando 
uma variável longitudinal que interatua com variáveis situacionais na explicação de um 
determinado comportamento. Em outras palavras, ele recorre a ensinamentos 
emanados do estudo das características da personalidade individual a fim de verificar 
as interações das variáveis individuais com os fatores situacionais. O que caracteriza o 
aspecto social do comportamento estudado, contudo, é a influência de fatores 
situacionais. 
[...] a Psicologia Social é o estudo científico de manifestações comportamentais de 
caráter situacional suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela 
mera expectativa de tal interação, bem como dos processos cognitivos e afetivos 
decorrentes do processo de interação social. 
 
Psicologia Social e áreas afins do conhecimento 
[...] 
Psicologia Social e Sociologia 
Fontes importantes do conhecimento sociológico consideram como objeto de 
estudo sociológico a sociedade, as instituições sociais e as relações sociais (p. ex.: 
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BROOM & SELZNICK, 1958; GIDDENS, 2009; INKLES, 1963; ZGOURIDES 
& ZGOURIDES, 2000) Dificilmente se encontra um psicólogo social ou um 
sociólogo que afirme, categoricamente, que Psicologia Social e Sociologia são áreas 
totalmente distintas. A maioria se inclina para a posição segundo a qual ambos estes 
setores do conhecimento têm, pelo menos, um objeto formal um pouco distinto 
(maneira pela qual estudam os fenômenos sociais), porém reconhecem a existência de 
uma área de interseção bastante nítida em seu objeto material (os fenômenos sociais 
que estudam). Esta é também a posição dos autores deste manual. Uma representação 
gráfica satisfatória do inter-relacionamento entre Psicologia Social e Sociologia 
poderia ser representada mais ou menos como se vê na figura 1.1. Os fenômenos 
sociais enumerados nessa figura são meramente exemplificativos, não sendo nossa 
intenção exaurir a gama de fenômenos tipicamente estudados pela Psicologia Social, 
pela Sociologia ou por ambas. Apesar de uma razoável área de interseção entre estas 
duas disciplinas, as perguntas formuladas pelo psicólogo social e pelo sociólogo em 
suas investigações do objeto material que lhes é comum variam bastante. Tomemos o 
exemplo do fenômeno psicossocial da delinquência juvenil. Numerosos são os livros 
encontrados na literatura psicológica e sociológica sobre o assunto. 
[...] 
 
 
 
 
[...] 
Psicologia Social Científica - Aplicações da Psicologia Social e tecnologia social 
 
A Psicologia Social é uma ciência e neste livro o leitor encontrará uma razoável 
quantidade de descobertas científicas que são fruto da atividade de pesquisa dos 
psicólogos sociais. No capítulo 14, exemplos de aplicações decorrentes destes 
conhecimentos serão apresentados. Os tipos de investigações conduzidas na Psicologia 
Social Científica e os tipos de aplicações comumente encontrados podem ser vistos no 
quadro a seguir: 
 
Psicologia Social Científica 
Pesquisa teórica 
Pesquisa centrada num problema 
Pesquisa metodológica 
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Pesquisa de avaliação 
Pesquisa de réplica 
Aplicações da Psicologia Social 
Aplicações simples 
Aplicações complexas (tecnologia social) 
 
Quadro 1.3 Tipos de pesquisa e de aplicações em Psicologia Social 
 
Como esse quadro mostra, os psicólogos sociais dedicam-se a pesquisas destinadas a 
promover avanços teóricos (p. ex.: teste de hipóteses derivadas de teorias; 
aperfeiçoamento do poder preditivo de teorias), ou a lançar luz sobre um problema 
específico (p. ex.: verificar se a densidade populacional influi no comportamento de 
ajuda nas cidades; verificar se uma liderança de-mocrática é mais ou menos eficaz que 
uma autocrática), ou a promover um refinamento metodológico (p. ex.: verificar se 
universitários se comportam de forma diferente de sujeitos não universitários; detectar 
tendenciosidades na coleta de dados), ou a avaliar a eficácia de uma intervenção (p. 
ex.: verificar se uma tentativa de mudança de atitude teve êxito ou não avaliar a 
eficácia de um programa destinado a diminuir o preconceito racial num determinado 
grupo social), ou, finalmente, apenas verificar a estabilidade e a generalidade de 
achados anteriores por meio da condução de réplicas (p. ex.: verificar se achadospsicossociais são trans históricos e/ou transculturais). 
Todos estes tipos de pesquisa integram a Psicologia Social Científica e 
fornecem subsídios para sua aplicação a problemas psicossociais concretos. Quando se 
lança mão de um achado específico para a solução de um problema determinado (p. 
ex.: eliminar o sentimento de frustração de um grupo com o objetivo de diminuir sua 
agressividade; utilizar um determinado tipo de poder social para lograr uma mudança 
comportamental específica) estamos tratando de aplicações simples; se, todavia, 
combinamos achados existentes para utilizá-los na solução de um problema social, 
estamos praticando o que Jacobo Varela (1971) denomina de Tecnologia Social. 
Varela (1975) define assim a Tecnologia Social: "É a atividade que conduz ao 
planejamento de soluções de problemas sociais a partir de combinações de achados 
derivados de diferentes áreas das ciências sociais" (p. 160). 
A primeira distinção que se impõe na compreensão do que seja tecnologia 
social é a que se refere à diferença de objetivos do cientista social (seja ele psicólogo 
social ou não básico ou aplicado) e do tecnólogo social. O cientista não orienta sua 
atividade para a solução de problemas Dizem Reyes e Varela (1980): 
"Frequentemente, achados científicos foram feitos por alguém que não tinha a menor 
ideia de que eles iriam ser utilizados para algo de útil ou de uma determinada maneira. 
A progressão do telégrafo para o telefone e para o rádio é um exemplo. Mas Morse e 
Bell eram inventores. Os cientistas atrás deles foram Faraday, Henry, Maxwell, Hertz 
e outros. Sem as descobertas puramente científicas, as invenções que as seguiram não 
teriam sido possíveis. Mas o cientista sozinho não poderia ter-nos legado as 
comunicações modernas. Não era esta sua preocupação. Os tecnólogos foram 
imprescindíveis para dar os passos necessários. Maxwell e os demais não estavam 
interessados em saber como suas descobertas seriam usadas. Sua ocupação era bem 
distinta daquela de Bell ou de Marconi" (p. 49). 
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Reyes e Varela (1980) salientam ainda que os cientistas sociais, no afã de 
atenderem à pressão social que clama pela relevância de suas pesquisas, criam 
"programas aplicados". Acontece, porém, que pesquisa aplicada continua sendo 
pesquisa, isto é, a preocupação é a de descobrir a realidade em ambientes naturais e 
continuar pesquisando até que se obtenha um conhecimento satisfatório e fidedigno 
desta realidade. O tecnólogo social não se preocupa em descobrir a realidade; ele deixa 
isto para os cientistas e, baseado nas descobertas destes últimos, procura resolver 
problemas concretos. No capítulo 9, ao tratarmos do fenômeno de influência social, 
mostraremos a tecnologia social em ação. 
 
Marcos históricos da Psicologia Social Científica 
 
[...] 
1895: Gustave Le Bon publica seu livro La Psychologie des foules que, apesar 
de conter conceitos não empiricamente testáveis, suscitou o estudo científico 
dos processos grupais e, principalmente, dos movimentos de massa. 
1898: Norman Triplett conduz o primeiro experimento relativo a fenômenos 
psicossociais, comparando o desempenho de meninos no exercício de uma 
atividade nas condições de isolamento ou juntamente com outros, fenômeno 
este que ficou conhecido como "facilitação social". 
1908: William McDougall e Edward A. Ross publicam no mesmo ano os 
primeiros livros intitulados Psicologia Social. Apesar do mesmo título, a 
abordagem dos autores é distinta: McDougall é guiado por uma posição 
instintivista e Ross salienta o papel da cultura e da sociedade no 
comportamento humano. 
1921: Morton Prince inicia a publicação do Journal of Abnormal and So-cial 
Psychology, o qual se constitui, até 1964, na principal fonte de publicação de 
estudo em Psicologia Social. 1928: Louis L. Thurstone inicia seus estudos 
relativos à mensuração das atitudes em seu artigo "Atitudes Can Be 
Measured". 
1935: Carl Murchison publica o primeiro Handbook of Social Psychology. 
1936: Kurt Lewin e seus associados dedicam-se com afinco à aplicação de 
princípios teóricos na resolução de problemas sociais, caracterizando o que 
ficou consagrado no termo action research. A influência de Lewin em 
Psicologia Social é de tal ordem que Leon Festinger, comentando uni li-vro 
sobre a obra de Kurt Lewin, declarou que 95% da Psicologia Social 
contemporânea revela a influência lewiniana. 
1936: George Gallup inicia o movimento de medida de opinião pública em 
bases amplas tornando tal atividade uma realização de notável repercussão e 
alcance em Psicologia, Sociologia e Ciência Política. 
1936: Muzafer Sherif mostra experimentalmente como se formam as normas 
sociais, a partir de seus estudos sobre o efeito autocinético. 
1939: Kurt Lewin, Ron Lippit e Ralph White publicam os resultados de seus 
estudos relativos à conduta de grupos funcionando em diferentes atmosferas 
no que concerne ao tipo de liderança exercida. 
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1943: Theodore M. Newcomb reporta seu estudo de quatro anos no 
Bennington College, mostrando como as atitudes podem se modificar em 
função da adesão a diferentes grupos de referência. 
1946: Fritz Heider publica seu artigo "Attitudes and Cognitive Organization" 
considerado o berço das teorias de consistência cognitiva que floresceram na 
década de 1950 e que continuam a ter relevante papel na Psicologia Social 
contemporânea. 
1953: Carl Hovland, Irving Janis e Harold Kelley publicam os resultados dos 
estudos do Grupo de Yale acerca dos fatores influentes na mudança de 
atitudes. 
1954: Gardner Lindzey coordena o Handbook of Social Psychology. 
1957: Leon Festinger apresenta sua teoria da dissonância cognitiva que, sem 
qualquer dúvida, constitui a teoria de maior valor heurístico em Psicologia 
Social, inspirando uma grande quantidade de testes empíricos e de aplicações. 
1958: Fritz Heider publica seu influente livro The Psychology of Interpersonal 
Relations. Esse livro lançou as bases do que é hoje conhecido como 
teoria da atribuição e tem exercido influência significativa em Psicologia Social 
desde sua publicação até os dias de hoje. 
1964: Sob a presidência de Leon Festinger forma-se o Comitê de Psicologia 
Social Transnacional que teve papel fundamental na criação das associações de 
Psicologia Social europeia e latino-americana. 
1965: Dois novos periódicos destinados a divulgar pesquisas em Psicologia 
Social veem a lume: O Journal of Personality and Social Psychology e o 
Journal of Experimental Social Psychology. 
1965: É criada a Associação Europeia de Psicologia Social Experimental sob a 
presidência de Serge Moscovici (França). Poucos anos depois esta associação 
inicia a publicação do periódico European Journal of Social Psychology. 
1968: G. Lindzey e E. Aronson coordenam a 2' edição do Handbook of Social 
Psychology. 
1970: Por conta dos trabalhos de Edward E. Jones, Harold H. Kelley, Ke-ith 
E. Davis, Richard Nisbett, Bernard Weiner, John Harvey etc., extraordinário 
impulso é dado ao estudo do fenômeno de atribuição de causalidade em 
Psicologia Social. 
1970: Ganha grande visibilidade o movimento que se tornou conhecido como 
a crise da Psicologia Social, durante o qual fortes ataques foram dirigidos às 
pesquisas de laboratório, aos procedimentos metodológicos e éticos e à falta de 
aplicação da Psicologia Social aos problemas sociais. A crise também se 
caracterizou pela crítica à pouca relevância prática das pesquisas em Psicologia 
Social. 
1971: Realiza-se em Viria Del Mar, Chile, o primeiro workshop de Psicologia 
Social na América Latina, do qual participaram as principais figuras da 
Psicologia Social latino-americanae três psicólogos de renome dos Estados 
Unidos. Foi então criado o Comitê Latino-Americano de Psicologia Social 
sob a presidência de Luis Ramallo (Chile), mais tarde transformado na 
Associação Latino-Americana de Psicologia Social. 
1973: Funda-se a Associação Latino-Americana de Psicologia Social, tendo 
como presidente Aroldo Rodrigues (Brasil). Integraram a diretoria em 
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diferentes funções Héctor Cappello (México), José Miguel Salazar 
(Venezuela), Gerardo Marín (Colômbia), Julio Villegas (Chile) e Catalina 
Weinerman (Argentina). 1981: Harry C. Triandis e colaboradores editam a 
obra Handbook of Cross-Cultural Psychology. 
1984: Susan Fiske e Shelley Taylor publicam o livro Social Cognition, que 
traduz a ênfase que se passou a dar em Psicologia Social aos processos 
cognitivos. 
1985: Gardner Lindzey e Elliot Aronson editam mais uma edição do 
Handbook of Social Psychology. 
1986: O pensamento atribuicional em Psicologia Social serve de base para a 
Teoria Atribuicional de Motivação e Emoção proposta por Bernard Weiner 
em seu livro An Attributional Theory of Motivation and Emotion. 1998: A 4' 
edição do Handbook of Social Psychology é publicada, agora organizada por 
Gardner Lindzey, Susan T. Fiske e Daniel T. Gilbert. 
2001: Dijksterhuis e Bargh publicam na série Advances in Experimental Social 
Psychology seu importante capítulo acerca dos efeitos automáticos do processo 
de percepção social no comportamento social. 
2010: Vem a lume a 5' edição do Handbook of Social Psychology editado 
novamente por Gardner Lindzey, Susan T. Fiske, Daniel T. Gilbert. 
 
No quadro 1.4 o leitor encontrará uma sinopse da história da Psicologia Social. 
Nele a nossa preocupação foi mais a de exemplificar temas e nomes de destaque em 
vários períodos do que a de sermos exaustivos. Saliente-se ainda que o fato de certos 
tópicos não serem mencionados em determinados períodos não significa que eles 
tenham sido ignorados. A finalidade da sinopse é mostrar o surgimento e a maior 
importância dada ao estudo de certos fenômenos psicossociais em alguns períodos 
aproximados de tempo. 
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Os fenômenos psicossociais na psicologia 
social. 
 
 O que são fenômenos psicossociais? Esse é o tipo de resposta que não aparece 
de forma clara nos manuais de psicologia social. Em tese, e para fins de concursos, são 
todos os fenômenos humanos. O que você deve entender é que esses fenômenos são 
plurais e que existe uma diversidade de formas de compreensão. Em resumo, não 
conseguimos definir quais são e nem os métodos exatos que devem ser usados. Isso é 
um problema? Para fins de concurso e de ciência sim, mas argumenta-se que a própria 
realidade é plural e que necessita de abordagens cada vez mais multimetodológicas 
para termos resultados adequados. 
Em breves termos, o estudo dos fenômenos psicossociais representa tudo o que 
a psicologia estuda, incluindo psicopatologias, à luz do viés social. Esse viés social 
depende também da escola adotada. 
Um bom exemplo de como isso começou é o seguinte: 
Rodrigues (1986) salienta também que foi em 1897 que houve o primeiro 
experimento relativo a fenômenos psicossociais, e que este fora realizado por 
N. Tripplett com o objetivo de comparar o desempenho de meninos no 
exercício de uma atividade nas condições de isolamento ou junto com outros. 
Conforme Moura (1993) percebeu-se que a velocidade de um corredor era 
20% maior quando na presença de outros, chegando-se à conclusão de que a 
situação em grupo produzia mais ambições do que em isolamento na 
realização de tarefas. 
Júnior e Justo. Revista Caminhos, On-line, “Humanidades”, Rio do 
Sul, a. 4, n. 6, p. 21-38, abr./jun. 2013 
 
 A seguir, apresento um trecho de artigo que tangencia alguns dos fenômenos 
psicossociais. 
 
Cognição social 
Segundo Carlston (2010), a cognição social pode ser vista atualmente como 
uma subárea da Psicologia, responsável por integrar uma série de micro-teorias que, ao 
longo do tempo, foram se desenvolvendo no contexto da Psicologia Social para 
explicar os modos pelos quais as pessoas pensam sobre si mesmas e sobre as coisas, 
formam impressões acerca de outras pessoas ou grupos sociais e explicam 
comportamentos e eventos. Apoiada no modelo de processamento de informação (que 
considera a atenção e percepção, a memória e o julgamento como diferentes etapas do 
processamento cognitivo), a cognição social dedica-se, assim, a estudar o conteúdo das 
representações mentais e os mecanismos que se encontram subjacentes ao 
processamento da informação social. Ela se focaliza, portanto, nos modos pelos quais 
as impressões, crenças e cognições sobre os estímulos sociais (o próprio indivíduo, bem 
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como outras pessoas, grupos e eventos sociais) são formadas e afetam o 
comportamento. 
No que tange ao conteúdo das representações mentais, a premissa básica é a de 
que as informações sociais são representadas cognitivamente sob a forma de estruturas 
mentais, isto é, de estruturas gerais de conhecimento, construídas, organizadas e 
estocadas na memória em categorias, com base nas informações obtidas no contato do 
indivíduo com seu mundo social (Quinn, Macrae & Bodenhausen, 2003). Essas 
estruturas são denominadas de esquemas sociais, que podem tomar a forma de 
protótipos (representam os membros mais típicos) ou de exemplares (representam 
membros individuais), a serem acessados quando necessário. 
Tal acesso ocorre por meio do processamento da informação social, mediante o 
qual o percebedor social identifica inicialmente os atributos salientes na pessoa alvo de 
sua percepção (Quinn & cols., 2003). Em seguida, ele procura na memória as 
representações mentais ou esquemas similares aos atributos identificados, seleciona o 
mais apropriado e usa-o para realizar inferências acerca daquela pessoa, armazenando 
na memória de longo prazo a avaliação daí resultante. 
Subjacente a todo esse processo, há o pressuposto básico de que as pessoas são 
limitadas em sua capacidade de processar informações e, por essa razão, utilizam-se de 
certas estratégias ou heurísticas para lidar com o grande volume e complexidade de 
informações sociais a que são submetidas em seu dia-a-dia (Pennington, 2000). Com 
isso, acabam por cometer erros e distorções em seus julgamentos e tomadas de 
decisão. 
Algumas questões chaves têm permeado as investigações na área da cognição 
social (Quinn & cols., 2003). Elas dizem respeito principalmente ao grau em que o 
processamento cognitivo é automático ou controlado, à influência da motivação e do 
afeto na cognição social e ao fato de a cognição ser abstrata ou situada. 
No que diz respeito à automaticidade ou não do processamento da informação 
social, os resultados têm apontado que as pessoas podem realizar tanto julgamentos 
mais espontâneos e automáticos, quanto julgamentos mais conscientes e reflexivos, 
sendo que o uso de um tipo ou outro irá depender principalmente de sua motivação e 
habilidade em cada situação (Pennington, 2000). Nesse sentido, muitos dos 
julgamentos sociais ocorrem de forma inconsciente, não intencional, não controlável e 
demandam pouco da já limitada capacidade humana de processamento. Contudo, 
fenômenos mais complexos podem exigir um processamento mais consciente econtrolado, o que irá depender da habilidade cognitiva do percebedor e/ou do fato de 
o processamento automático mostrar-se contrário a seus objetivos e metas. 
O debate acerca das influências da motivação e do afeto na cognição social tem 
permeado essa área de estudos desde seus primórdios. Em que pese o fato de os 
primeiros psicólogos sociais cognitivistas terem rejeitado tais influências, as pesquisas 
mais recentes apontam que os afetos e motivações individuais interagem com as 
cognições na determinação do comportamento social (Schwarz, 1998). Nesse sentido, 
fatores motivacionais podem interferir no grau de esforço cognitivo despendido no 
processamento da informação social, bem como direcionar tal processamento, ao 
facilitar a ativação de esquemas relevantes às metas do indivíduo (Quinn & cols., 
2003). Por outro lado, tem-se também verificado que a codificação, elaboração e 
julgamento sociais são mediados pelas emoções, na medida em que elas contribuem 
para a ativação de informações com elas congruentes, além de provocarem 
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reorganizações mentais que se mostrem mais consistentes com as experiências afetivas 
individuais (Quinn & cols., 2003). 
As investigações iniciais na área da cognição social dedicaram-se, sobretudo, a 
esclarecer as diferentes características associadas à representação e processamento da 
informação social, ou seja, seu principal foco era uma cognição social abstrata e 
vinculada ao que se passava no interior da cabeça do indivíduo. Mais recentemente, 
porém, os psicólogos sociais cognitivistas passaram a explorar as características da 
situação social que interferem nas estratégias de processamento, ou seja, uma cognição 
social situada. Com isso, a ênfase se desloca do "pensamento sobre os estímulos 
sociais" para o "pensamento no contexto social" (Schwarz, 1998). Os resultados 
iniciais de tais estudos já puseram em evidência que os julgamentos sociais de uma 
mesma pessoa alvo podem diferir em função dos diferentes indivíduos que realizam 
tais julgamentos, a depender da natureza das interações de cada um com a pessoa alvo. 
Desse modo, um conjunto de pessoas interagindo ativamente e compartilhando suas 
avaliações, transmitirão informações que serão interpretadas e integradas 
diferentemente por cada percebedor (Smith & Collins, 2009). 
Entre os principais fenômenos psicossocias investigados atualmente, na 
perspectiva da cognição social, encontram-se o self, a formação de impressões, a 
percepção de pessoas e os estereótipos. No contexto do cognitivismo, o self é 
conceituado como um autoesquema, isto é, como uma representação mental que 
contém o conhecimento do percebedor acerca de si próprio, no que se refere a suas 
características de personalidade, papéis sociais, experiências passadas e metas futuras 
(Quinn & cols., 2003). As pesquisas sobre essa temática têm demonstrado que as 
pessoas diferem em termos dos atributos que consideram centrais à sua autodefinição, 
das dimensões distintas de seus autoesquemas que podem ser ativadas em situações 
diversas, das informações relativas a seu autoconceito que são processadas de modo 
mais completo e que são mais facilmente relembradas, e da forma com que a 
autodefinição do indivíduo afeta as crenças e expectativas que ele traz para uma 
determinada situação social. O self decorre, portanto, de um processo flexível e 
construtivo de julgamento sobre si mesmo, que leva o indivíduo a se apresentar de 
diferentes maneiras, a depender do ambiente social em que se encontra inserido, o que 
irá contribuir para sua adaptação a esse ambiente (Quinn & cols., 2003). 
Os estereótipos, a formação de impressões e a percepção de pessoas constituem 
temas tradicionalmente estudados pela Psicologia Social e centrais à área de cognição 
social. Em contraste com os autoesquemas, que contêm as estruturas de conhecimento 
sobre o próprio indivíduo, os estereótipos consistem em esquemas ou representações 
mentais sobre grupos sociais. Nesse sentido, eles interferem ativamente no processo de 
formação de impressão e percepção de pessoas, que é o responsável pela integração de 
informações e avaliação de outros indivíduos, ou seja, pelas formas com que o 
percebedor interpreta os indivíduos que o rodeiam. Os achados empíricos mais 
recentes nesse campo de estudos têm demonstrado que as pessoas costumam realizar 
inferências iniciais (formação e percepção de pessoa) baseadas em estereótipos, o que 
significa dizer que essas categorias sociais são ativadas de modo automático ou 
inconsciente, tão logo o percebedor identifica um determinado indivíduo como 
pertencente a certo grupo social. Posteriormente, dependendo de sua motivação e 
habilidade, poderá corrigir essa impressão inicial, com base em informações mais 
individualizadas e que se mostrem congruentes ou incongruentes com seus 
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estereótipos (Quinn & cols., 2003). 
Em síntese, a investigação atual na área da cognição social evoluiu 
progressivamente, de modo a incluir temas não abordados inicialmente, como a 
automaticidade dos processos sociocognitivos, os afetos e a motivação. Tais avanços 
contribuíram sobremaneira para ampliar o escopo da teorização e pesquisa nesse 
campo de estudos, além de alargarem a compreensão da ampla gama de fenômenos 
responsáveis pela atuação do indivíduo em seu contexto social. 
Fonte: FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social contemporânea: principais 
tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 
26, n. spe, p. 51-64, 2010 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 01 July 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005. 
 
 
Sobre a atuação psicossocial 
 
 Segundo Ploner et al.: 
Podemos dizer que, hoje, temos uma gama significativa de práticas psicossociais 
em comunidade, indicando uma grande variedade de atuações, trabalhos e 
perspectivas epistemológicas (Gohn, 1987; Landim, 1998; Montero, 1994a; Freitas, 
2000b). Tratam-se de práticas de intervenção ou atuação psicológica/psicossocial com 
características distintivas: 
a. Dirigem-se aos mais diversos segmentos da população (como bairros; 
cortiços; favelas; mangues; alagados; diferentes grupos populares, civis, religiosos; 
diversos movimentos populares; segmentos ou setores de entidades civis, profissionais, 
comunitárias; comissões e/ou fóruns em educação, saúde, direitos humanos; entre 
outros); 
 
b. Localizam o objeto de investigação e/ou ação dentro de um enquadre 
teórico diversificado (indo do individual, passando pelo familiar, por pequenos 
grupos, até organizações e movimentos comunitários e/ou populares de dimensões 
maiores); 
 
c. Selecionam algum tema como central e prioritário em suas proposições 
(provenientes da área da saúde, educação, trabalho; relações comunitárias e 
organizativas; direitos humanos, violência e cidadania; formação profissional; 
qualidade de vida; relações de exclusão e inclusão social; emprego, desemprego e falta 
de perspectiva de vida, entre outros), 
 
d. Empregam aportes teórico-metodológicos diferentes e, em algumas 
ocasiões, antagônicos entre si (podem se distribuir em um continuun em que em um 
dos pólos há a adoção de referenciais mais objetivistas, quantitativos e supostamente 
imparciais, e no outro extremo há, somente, a adoção de perspectivas analíticas 
qualitativas e participativas, excluindo qualquer tipo de recurso e/ou material 
quantitativo); 
 
e. Estabelecem um tipo de relação de conhecimento entre o profissional e a 
comunidade que imprime rumos para o trabalho desenvolvido (o foco da decisãorecai 
em um dos pólos da relação ou na síntese de ambos). 
 
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 Assim, hoje, talvez fosse mais adequado nos referirmos a esse tipo de 
prática 
no plural, uma vez que há várias psicologias (sociais) comunitárias, e não apenas uma, 
e muito menos consensuais entre si, para não dizermos tendo concepções de homem e 
de sociedade, muitas vezes, díspares e antagônicas entre si. 
Fonte: PLONER, KS., et al., org. Ética e paradigmas na psicologia social [online]. Rio 
de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. 313 p. ISBN: 978-85-
99662-85-4. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org> 
 
Tópico Extra - Cultura juvenil 
O entendimento desse tópico passa, necessariamente, pelo texto “A Tendência 
Antissocial”. Texto resultante de uma conferência proferida na British Psycho-
Analytical Society em 1956. Esse artigo faz parte do livro “Privação e Delinquência” 
que é, por sua vez, livro é uma coletânea de artigos que Winnicott nos fornece através 
de um excelente referencial psicanalítico sobre a violência e a destruição. É 
principalmente uma compreensão etiológica da tendência antissocial ligada a partir do 
entendimento do desenvolvimento infantil e do adolescente. 
Iremos tratar desse tópico, e aprofundar muito do que foi falado 
anteriormente, através da resenha que fiz do “Privação e Delinquência”. 
Winnicott construiu parte de sua teoria a partir das observações que fez como 
Consultor Psiquiátrico do esquema de evacuação do Governo Inglês. Isso foi durante 
a segunda grande guerra e ele teve a oportunidade de trabalhar com crianças que 
vivenciaram o isolamento e/ou a perda de seus pais. É nesse contexto que surge o 
conceito de “deprivação”. Não temos em nosso idioma a palavra perfeita para traduzir 
“deprivation”. Por isso utilizarei, a exemplo de todos os que me precederam, a palavra 
deprivação. A privação (sem o “de”) representa a ausência de cuidados maternos e, por 
consequência, o desencadeamento de patologias graves, como as psicoses e o Autismo 
Infantil Precoce. A deprivação, por sua vez, refere-se a uma perda de algo que já 
existiu (cuidado materno que foi perdido). 
Apenas por curiosidade, destaco que a questão é saber quando esse senso de 
privação ou perda é real ou apenas um efeito psicológico. Para Winnicott, a criança 
que recebeu afeto e carinho na época certa pode se sentir tão isolada e privada quanto 
a criança que não recebeu. 
A tendência antissocial é um aspecto normal do desenvolvimento da criança 
associado a deprivação. Destaco que a deprivação é um conceito distinto da privação 
na concepção de Winnicott (Bowlby não faz essa distinção, cuidado). Enquanto a 
privação leva a retirada e a falha em prosperar, a deprivação significa que a criança 
recebeu um “rótulo” de que era suficiente boa e depois experimentou a perda súbita de 
vínculo. Isso pode ocorrer pelo nascimento de outra criança, o abandono dos pais, etc. 
Essas situações fazem com que a criança queira protestar. 
O ato antissocial (roubo, enurese noturna, etc.) constitui-se em um 
imperativo relativo a uma falha no período da dependência relativa. De acordo com 
Winnicott, a tendência antissocial indica que o bebê pode experimentar um ambiente 
suficientemente bom à época da dependência absoluta, mas que foi perdido 
posteriormente. Assim, o ato antissocial é um sinal de esperança de que o indivíduo 
venha a redescobrir aquela experiência boa anterior à perda. A tendência antissocial 
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não deve ser vista como um diagnóstico, e pode ser aplicada tanto à crianças como a 
adultos. 
A tendência antissocial é uma tentativa de estabelecer uma reivindicação. Em 
psicopatologia a reivindicação é uma negação de que o direito a reclamar se perdeu. 
No comportamento antissocial patológico, o jovem antissocial é impelido a corrigir, e 
afazer com que a família ou a sociedade corrija, a omissão que foi esquecida. O 
comportamento corresponde a um momento de esperança. 
É preciso enfatizar que é uma privação, e não uma carência, que está 
subentendida na tendência antissocial. Uma carência produz um resultado diferente: 
sendo deficiente o suprimento básico de facilitação ambiental, curso do processo de 
amadurecimento é distorcido e o resultado é um defeito de personalidade, não um 
defeito de caráter. 
A tendência antissocial pode ser uma característica em crianças normais e em 
crianças de qualquer tipo ou de qualquer diagnóstico psiquiátrico, exceto a 
esquizofrenia, pois este não é suficientemente maduro para sofrer privação e encontra-
se num estado de distorção associado à carência. A personalidade paranoide ajusta 
facilmente a tendência antissocial à tendência geral para se sentir perseguido, de modo 
que, na personalidade paranoide, pode haver uma sobreposição de distúrbios de 
personalidade e de caráter. 
Winnicott distingue delinquência de tendência antissocial. As raízes são as 
mesmas (deprivação), mas a delinquência, caracterizada pela criminalidade, significa 
que o sujeito já se identificou com esse estilo antissocial de vida. Aqui a mudança é 
muito mais difícil que a simples tendência antissocial em função dos ganhos 
secundários. Existe também uma reação de defesa mais acentuada. 
Winnicott disse que “a delinquência é um sinal de esperança”. 
Inconscientemente o delinquente busca reencontrar bons pais. O problema, como o 
próprio autor aponta, é que o ambiente social não aceita esse tipo de comportamento e 
a consequência é a punição (e não a compreensão). O jovem delinquente não é 
totalmente consciente de seus atos. E um exame das motivações inconscientes do 
delinquente irá nos ligar a uma sensação de perda e de privação. 
Como você já sabe, a agressividade é natural à condição humana. Mas será 
que a tendência antissocial também é? Para Winnicott sim: o desenvolvimento 
emocional normal possui em si, naturalmente, a tendência antissocial. Para Winnicott, 
diferentemente de Freud e de Klein, a agressão é um sintoma da vida. É uma reação 
natural que não tem, necessariamente, a intenção de matar ou machucar alguém. O 
sadismo, a inveja e o ódio surgem depois com o desenvolvimento humano (não são 
inatos). 
A principal conclusão do livro, ou uma das principais, é que o cuidado 
parental é essencial para o desenvolvimento humano (é esse modelo que é replicado 
nos tratamentos psicoterapêuticos). No capítulo 1 - Evacuation of Small Children – 
discorre-se sobre o programa de evacuação britânica e argumenta-se que a retirada de 
crianças de 2 a 5 anos do convívio de seus pais produz grandes problemas psicológicos 
(especialmente nas mais novas). Isso é justificado pelo entendimento que quanto mais 
jovem for a criança, menos habilidade terá para manter a ideia da pessoa viva dentro 
de si. 
Curiosidade: Para Winnicott, não são só as Pessoas depressivas, de qualquer 
idade - além das crianças que sofrem de deprivação - encontram dificuldades em 
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manter esse objeto vivo (as pessoas que ama) dentro de si. Isso ocorre também com a 
família que mora junto com a pessoa depressiva! 
Neste mesmo capítulo Bowlby é citado por sua classificação sobre o nível de 
perturbação medidos pelo modo de reagir das crianças vítimas de deprivação: 
A. Crianças ansiosas, podendo ser deprimidas ou não. 
B. Crianças fechadas em si mesma, tendendo a afastar-se de todo e 
qualquer relacionamento. 
C. Crianças ciumentas e briguentas. 
D. Crianças hiperativas e agressivas. 
E. Crianças com estados alternantes de exaltação e depressão.F. Crianças delinquentes. 
Essas são as dimensões, além disso, devemos classificar o grau de 
perturbação: 
I – Leve 
II – Razoavelmente sério (que se corrigirá com tratamento e 
compreensão) 
III – Distúrbio emocional profundo 
 
Após muitas pesquisas e as experiências no London Child Guidance Clinic, 
Winnicott concluiu que um fator importante na causa da delinquência é um período 
de separação prolongado do adolescente em relação a mãe na sua fase infantil. Algo 
em torno de 6 meses durante os primeiros cinco anos de vida. 
Destaco que, obviamente, quando tratamos de crianças, quase nunca é fácil 
reconstruir essa história de forma objetiva. Por isso é importante reconstruir a partir 
de observações do comportamento da criança no seu lar temporário. 
Bowlby, por sua vez, acreditava que a evacuação das crianças de suas cidades 
sem as mães poderia levar a uma série de desordens psicológicas, assim como 
aumentar a delinquência juvenil na década seguinte. 
No Capitulo 2 (Review of The Cambridge Evacuation Survey: A Wartime Study 
in Social Welfare and Education - Susan Isaacs), o autor, Susan Isaacs, afirma que a 
evacuação de crianças foi um evento necessário diante das circunstâncias da guerra. O 
problema era que o plano de evacuação foi pior do que se não tivesse ocorrido. 
Bowlby classificou as crianças vítimas dessa deprivação em seis grupos: 
a) Crianças ansiosas com ou sem sintomas depressivos 
b) Crianças que se isolam e que evitam relacionamentos com outras 
pessoas 
c) Crianças invejosas e briguentas 
d) Crianças com agressividade e hiperativas 
e) Crianças que alternam o humor entre depressão e o contentamento 
incontido (júbilo). 
f) Crianças delinquentes 
As crianças eram classificadas nesses seis modos de agir. Também eram 
classificadas de acordo com o nível de desordem exibido de acordo com três graus: 
Grau I – pequenas dificuldades no relacionamento social e escolar; na 
maioria dos casos apenas um simples tratamento e compreensão levam à adaptação. 
Grau II – sério desajuste, necessita de tratamento clínico fundamentado em 
cuidado e atenção. 
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Grau III – indica um severo distúrbio emocional que, a menos que seja 
devidamente tratado nos estágios precoces, vai levar a sérios problemas no futuro. 
Recomendo que já se acostume com as classificações de Bowlby. Essa 
classificação não é totalmente fechada e pode variar com estudos futuros. 
Sobre a capacidade de compreensão de acordo com as idades, Winnicott 
afirma que crianças mais velhas (com 5 anos, por exemplo) tendem a ter maiores 
impactos indiretos com a guerra em si que crianças mais novas. O texto do Capítulo 
III (Children in the War) fala como as crianças, de diferentes faixas etárias, tendem a 
lidar com a ideia da guerra. Apesar de ser interessante essa distinção, não nos interessa 
para fins de concurso. 
O que nos interessa está fora desse livro: 
No artigo "Crianças na guerra" (1940b/1999), Winnicott escreveu a respeito 
de como é possível compreender o efeito da guerra nas crianças e sobre a capacidade 
que elas teriam para entende–la. De acordo com o autor, seria necessário conhecer 
inicialmente as ideias e os sentimentos que a criança já possui "naturalmente" e sobre 
os quais as notícias da guerra seriam inseridas. Para Winnicott, as crianças lidam com 
"guerras pessoais" travadas em seu íntimo, possuem um mundo interno rico e já 
possuem conhecimentos sobre cobiça, ódio e crueldade, sobre amor e remorso, sobre o 
impulso para fazer o bem e sobre a tristeza. "As crianças pequenas compreendem 
muito bem as palavras bom e mau, e não adianta dizer que, para elas, essas ideias estão 
apenas na fantasia, uma vez que, na verdade, seu mundo imaginário pode parecer–lhes 
bem mais real do que o mundo externo" (1940b/1999, p. 28). 
Fonte: Guizzo (2012) 
 
Quando as crianças são tomadas de seus pais, fortes sentimentos emergem. 
Esses sentimentos surgem não só nas crianças, como também na família que perdeu a 
guarda da criança e a família adotiva. Winnicott apelas aos pais temporários na carta 
intitulada “The Evacuated Child”. Ele diz que os pais temporários devem assumir o 
papel de pais, mesmo que apenas durante um tempo, para se relacionarem melhor 
com as crianças que acolheram. 
Em um Capítulo posterior (The Return of the Evacuated Child), Winnicott 
afirma que a volta da criança evacuada não é um ato simples. Para as crianças que se 
deram bem em seus lares provisórios, a volta pode ser uma decepção. Se os pais 
originais mantiverem o contato com a criança em suas famílias adotivas, o regresso 
emocional será bem menos complicado. 
Como você já sabe, existe um limite na capacidade infantil em manter viva a 
ideia de alguém que ama sem manter contato com a pessoa. O mesmo pode ser dito 
dos pais e, por extensão, para todos os seres humanos. Assim, no caso dos pais 
originais, o lado ruim de perder a guarda das crianças é que, depois de um tempo, eles 
param de se sentir responsáveis pelas crianças. Winnicott encontrou muitos casos em 
que mães começaram a trabalhar, tiveram outras crianças ou até casos em que tinham 
dificuldades de lembrar onde seus filhos estavam. E mais uma vez ele manifesta a 
importância de manter contato periódico com os filhos em seus lares provisórios. 
Em muitos momentos do livro, Winnicott é jocoso ao indagar se os pais 
biológicos não estariam mais felizes sem seus filhos – afinal, sobraria mais tempo para 
cuidar de si, para investir em planos novos. Felizmente ele sempre retorna o senso de 
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que os pais que vivem a situação de perder o contato com seus filhos se sentem, na 
maioria das vezes, vazios de sentido. 
Aqui temos de fazer uma parada para citar um ponto fundamental do 
capítulo em questão: 
Segundo Winnicott, a comparação maior feita pela criança não é entre a casa 
nova e a casa antiga, mas entre a casa antiga e a casa idealizada em sua mente. Nesse 
contexto, ele encontrou várias crianças que vinham de lares ruins, mas que tinham 
imagens maravilhosas em suas memórias. Quando a criança regressa à casa real, com 
suas fantásticas expectativas, ocorre uma desilusão ao mesmo tempo em que ela 
percebe que tem um lar. Essa adaptação leva tempo, e deve ser encarada com paciência 
e naturalidade. 
Fonte: Winnicott (2006) 
 
Ainda sobre o processo de idealização: 
Quanto mais tempo a criança fica longe de casa, mais ela tende a idealizar o 
ambiente em que vivia. O ato de idealizar não é um problema, ao contrário, nos trás 
conforto e prazer. O problema é quando essa idealização se distancia demais da 
realidade. Em tempos de guerra, em especial, é possível que essa idealização não seja 
totalmente controlada pela criança e leve a fantasias de batalhas perto de casa, pessoas 
mortas na cozinha ou a casa demolida. 
Fonte: Winnicott (2006) 
 
O seu retorno para casa pode inaugurar uma nova era de imaginação, 
novamente ligada à realidade, e de encerramento das fantasias negativas que possuía. 
Além disso, Winnicott lista uma série de características (não exaustivas) que indicam 
que a criança está dando um passo além na reintegração ao seu lar: desperdiçar 
comida, pirraçar, testar os adultos (i.e. pequenos furtos), testar a mãe sobre o quanto 
ela é a verdadeira mãe, etc. Essas são características que são apresentadas em função da 
criança se sentir segura novamente. Ela, que antes cumpria a função de mãe e pai de si 
mesma, agora volta a ser criança. 
Winnicott faz uma divagação interessante: “Não é apenas a comida e o abrigo 
que contam, e nem a provisão de ocupações para momentos livres. Penso que essas 
coisas são suficientemente importantes. Podem ser providas em abundância

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