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PSICOLOGIA SOCIAL. 2	
TÓPICO EXTRA - CULTURA JUVENIL
 22	
TRABALHO EM REDE. PRINCÍPIOS 
DA INTERSETORIALIDADE. 38	
QUESTÕES 39	
QUESTÕES COMENTADAS E 
GABARITADAS 44	
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 2 
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Psicologia Social. 
A Psicologia Social estuda a 
dependência e a interdependência 
entre as pessoas. 
Robert B. Zajonc 
 
 Antes de qualquer coisa, devemos definir o que é Psicologia Social. Segundo 
David Myers, a Psicologia Social é uma ciência que estuda as influências de nossas 
situações, com especial atenção a como vemos e afetamos uns aos outros. Mais 
precisamente, ela é o estudo científico de como as pessoas pensam, influenciam e se 
relacionam umas com as outras. A psicologia social se situa na fronteira da psicologia 
com a sociologia. Comparada com a sociologia (o estudo das pessoas em grupos e 
sociedades), a psicologia social focaliza mais nos indivíduos e usa mais 
experimentação. Comparada à psicologia da personalidade, a psicologia social focaliza 
menos nas diferenças dos indivíduos e mais em como eles, em geral, veem e 
influenciam uns aos outros. A psicologia social ainda é uma ciência jovem. Os 
primeiros experimentos nessa área foram relatados há pouco mais de um século 
(1898), e os primeiros textos de psicologia social surgiram em torno de 1900 (Smith, 
2005). Somente a partir da década de 1930 ela assumiu sua forma atual, e apenas a 
partir da Segunda Guerra Mundial começou a emergir como o campo de vulto que é 
hoje. A psicologia social estuda nosso pensamento, nossa influência e nossos 
relacionamentos fazendo perguntas que intrigam a todos. 
 Advirto que temos várias escolas, e sub escolas, da psicologia social. É pudente 
estudarmos todas, mesmo aquelas que não definem o que é psicologia social e se 
perdem na sua construção histórica. 
 
Histórico da Psicologia Social. 
 
 Cada livro de psicologia social apresenta uma história e uma abordagem 
diferente. Os autores nacionais tentam descrever a psicologia social através da própria 
história da psicologia social (e raramente chegam a uma conclusão). Os autores 
europeus e norte americanos insistem na segregação da psicologia social em etapas 
bem definidas. E a banca? A banca não tem tradição na área de psicologia social e 
definitivamente não apresenta posicionamento em sua base marxista ou behaviorista. 
Dito isso, vamos ao melhor texto que encontrei para definir, em breves palavras, a 
psicologia social. 
 
No decorrer de sua breve história, a Psicologia Social tem se caracterizado pela 
pluralidade e multiplicidade de abordagens teóricas adotadas como referenciais 
legítimos à produção de conhecimentos sociopsicológicos. Tal contexto tem 
dificultado sobremaneira a delimitação do objeto de estudo ou mesmo dos vários 
objetos de estudo dessa disciplina. Contudo, o binômio indivíduo-sociedade, isto é, o 
estudo das relações que os indivíduos mantêm entre si e com a sua sociedade ou 
cultura, sempre esteve no centro das preocupações dos psicólogos sociais, com o 
pêndulo oscilando ora para um lado, ora para o outro. 
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A ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade fez com que diferentes 
autores (House, 1977; Stephan & Stephan, 1985) começassem a defender a existência 
de duas modalidades de Psicologia Social: a Psicologia Social Psicológica e a 
Psicologia Social Sociológica. A Psicologia Social Psicológica, segundo a definição de 
G. Allport (1954), que se tornou clássica, procura explicar os sentimentos, 
pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença real ou imaginada de outras 
pessoas. Já a Psicologia Social Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem 
como foco o estudo da experiência social que o indivíduo adquire a partir de sua 
participação nos diferentes grupos sociais com os quais convive. Em outras palavras, os 
psicólogos sociais da primeira vertente tendem a enfatizar principalmente os processos 
intraindividuais responsáveis pelo modo pelo qual os indivíduos respondem aos 
estímulos sociais, enquanto os últimos tendem a privilegiar os fenômenos que 
emergem dos diferentes grupos e sociedades. 
Para além dessa já hoje clássica divisão, a Psicologia Social desdobrou-se, mais 
recentemente, em outra vertente, qual seja a Psicologia Social Crítica (Álvaro & 
Garrido, 2006) ou Psicologia Social Histórico-Crítica (Mancebo & Jacó-Vilela, 
2004), expressões que abarcam, na realidade, diferentes posturas teóricas. Assim é que, 
de acordo com Hepburn (2003), tanto o Socioconstrucionismo (Gergen, 1997) e a 
Psicologia Discursiva (Potter & Wetherell, 1987), como a Psicologia Marxista, o pós-
modernismo e o feminismo, entre outros, contribuem atualmente para o campo da 
Psicologia Social Crítica. Tais perspectivas guardam em comum o fato de adotarem 
uma postura crítica em relação às instituições, organizações e práticas da sociedade 
atual, bem como do conhecimento até então produzido pela Psicologia Social a esse 
respeito. Nesse sentido, colocam-se contra a opressão e a exploração presentes na 
maioria das sociedades e têm como um de seus principais objetivos a promoção da 
mudança social como forma de garantir o bem-estar do ser humano (Hepburn, 2003). 
A evolução da Psicologia Social, nas diferentes partes de mundo, vem 
ocorrendo, de certa forma, associada às várias modalidades ou vertentes da disciplina. 
Assim é que, na América do Norte, e maisespecialmente nos Estados Unidos da 
América, a Psicologia Social Psicológica foi e continua sendo a tendência 
predominante. Já na Europa, é possível se notar uma preocupação maior com os 
processos grupais e socioculturais, que sempre estiveram na base das preocupações da 
Psicologia Social Sociológica. Por outro lado, na América Latina, verifica-se a adoção 
da Psicologia Social Crítica como abordagem preferencial à análise dos graves 
problemas sociais que costumam assolar a região. 
Fonte: FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social contemporânea: principais 
tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 
26, n. spe, p. 51-64, 2010 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 01 July 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005. 
 
 
 
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O objeto da Psicologia Social. 
 
 Se a FUNIVERSA perguntasse: “qual o objeto de estudo da psicologia social?” 
O que você diria? 
 Os grupos? As pessoas em suas relações interpessoais? As representações 
sociais? Admitamos, qualquer resposta dada será incompleta. Temos um sério 
problema de identificação do objeto da psicologia social. 
 Sobre isso: 
Sob a luz da constituição histórica da Psicologia Social moderna torna-se 
evidente o fato de que a Psicologia Social é uma disciplina relativamente nova no 
ramo das ciências, e que, por isso, ainda há desafios e barreiras para serem repensados 
na atualidade. No cerne de suas implicações, destaca-se a dificuldade de definição do 
objeto de estudo dos Psicólogos Sociais. 
A dificuldade de definição da psicologia social reside na impressão dos 
seus objetivos. Sendo uma disciplina relativamente recente, não há 
ainda acordo, no campo dos seus cultores, no sentido de delimitar-lhe 
os objetivos nítidos e a extensão de suas aplicações. Enquanto que, para 
uns, a psicologia social se aproxima da psicologia (McDougall), para 
outros, o seu objeto de estudo quase se confunde com o da sociologia 
(Ellwood, Ross). Partindo desses dois pólos, da psicologia, e da 
sociologia, a psicologia social não parece, à primeira vista, ser uma 
ciência autônoma, De um lado, no pólo da psicologia, tudo o que não 
pertence a psicologia fisiológica seria psicologia social: o homem é um 
animal gregário e todas as suas funções psíquicas só se compreenderiam 
no jogo das reações sociais; o comportamento humano é, antes de tudo, 
social, pela sua natureza ou pelo seus fins. De outro lado, todos os fatos 
sociais, tendo o homem como centro, reconheceriam uma base 
psicológica, e toda a sociologia se converteria numa psicologia 
(RAMOS, p. 27, 2003). 
Fonte: Junior, João Paulo Roberti e Justo, Ana Maria. A Psicologia Social Entre 
Rumos E Vertentes. Revista Caminhos, On-line, “Humanidades”, Rio do Sul, a. 4, n. 
6, p. 21-38, abr./jun. 2013. 
 
 
Características da Psicologia Social 
contemporânea. 
 
 Nesse ponto precisamos definir as escolas de psicologia social no mundo e as 
suas característica no Brasil. Para isso, resumi um artigo “A Psicologia Social 
contemporânea: principais tendências e perspectivas nacionais e internacionais” e 
destaquei no próprio artigo os pontos mais importantes. 
 Acompanhe comigo. 
 
A Psicologia Social na América do Norte: Evolução Teórica e Temática 
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Assim é que, durante algum tempo, na América do Norte, a Psicologia Social 
desenvolveu-se paralelamente no contexto de ambas as disciplinas. Logo, porém, isto 
é, ainda nas primeiras décadas do século XX, a Psicologia Social Psicológica 
estabelece-se como a tendência predominante no cenário norte-americano, em 
especial nos Estados Unidos da América (EUA), sob forte influência do 
behaviorismo. 
Exemplo marcante de tal enfoque é o livro texto de Psicologia Social publicado 
em 1924, por Floyd Allport, considerado um dos mais famosos psicólogos sociais 
behavioristas da época. Ao defender que a Psicologia Social deveria concentrar-se no 
estudo experimental do indivíduo, na medida em que o grupo constituía-se tão 
somente em mais um estímulo do ambiente social a que esse indivíduo era submetido, 
Allport define os contornos da Psicologia Social Psicológica como uma disciplina 
objetiva, de base experimental e focada no indivíduo (Franzoi, 2007). 
 Os anos de 1920 e 1930 serão dominados pelo estudo das atitudes, da 
influência social interpessoal e da dinâmica de grupos. No que tange às atitudes, a 
investigação concentrou-se no desenvolvimento de diferentes técnicas destinadas a 
mensurar tal constructo tomado como um fenômeno mental (McGarty & Haslam, 
1997). No que se refere à influência social e dinâmica de grupos, merecem destaque os 
experimentos realizados por Muzar Sheriff e Kurt Lewin, psicólogos europeus que 
imigraram para os EUA e receberam fortes influências do gestaltismo. Sheriff (1936) 
estava interessado no processo de formação de normas sociais, tendo chegado à 
conclusão de que os grupos desenvolvem normas que governam os julgamentos dos 
indivíduos que dele fazem parte, bem como dos novos membros que a elas também se 
adaptam, em função das normas grupais existirem à revelia de seus membros 
individuais. 
Lewin e seus colegas (Lewin, Lippitt & White, 1939) dedicaram-se à análise 
da influência dos estilos de liderança e do clima grupal sobre o comportamento dos 
membros do grupo, tendo observado que o estilo de liderança democrático produzia 
normas grupais construtivas e independentes, que levavam à realização de um trabalho 
produtivo, independentemente da presença ou não do líder. Já a liderança laissez-faire 
deixava os membros passivos, enquanto os grupos com liderança autocrática 
tornavam-se agressivos ou apáticos. 
Dois principais temas marcaram as duas décadas subsequentes, que assinalam 
o período da Segunda Grande Guerra e do pós-guerra: atitudes e percepção de pessoa. 
A investigação das atitudes, iniciada nos anos 20, prosseguiu nas décadas seguintes 
com os experimentos de Carl Hovland e sua equipe sobre comunicação e persuasão 
(Hovland, Janis & Kelley, 1953), que levaram a importantes conclusões acerca dos 
diferentes fatores que interferiam na mudança de atitudes (Goethals, 2003). Tais 
estudos, bem como os que lhes sucederam, conferiram às atitudes um papel 
fundamental no campo da Psicologia Social Psicológica, tendo levado alguns autores 
(e.g., McGuire, 1968) a afirmar que tal fenômeno constituía-se em conceito central à 
Psicologia Social. 
A investigação sobre percepção de pessoas, que até hoje consiste em uma das 
áreas centrais de estudo da Psicologia Social Psicológica, inicia-se com os trabalhos de 
Fritz Heider (1944, 1946, 1958), que também imigrou da Alemanha para os EUA 
durante a Segunda Grande Guerra, e recebeu forte influência do gestaltismo. Na 
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publicação de 1944, o autor realiza o primeiro tratamento sistemático dos processos 
atribuicionais (Goethals, 2003), ao lançar o argumento de que os indivíduos associam 
as ações das pessoas a motivos e disposições internas, em função de perceberem uma 
justaposição ou gestalt entre o modo pelo qual as pessoas se comportam e a natureza 
de suas qualidades pessoais. Tal argumento sobre como as pessoas realizam atribuições 
causais será aprofundado no livro de 1958, traduzido para o português com o nome de 
"Psicologia das Relações Interpessoais". No artigo de 1946, Heider desenvolve a teoria 
do equilíbrio,segundo a qual as pessoas tendem a manter sentimentos e cognições 
coerentes sobre um mesmo objeto ou pessoa, de modo a obter uma situação de 
equilíbrio. Quando esse equilíbrio se desfaz, elas vivenciam uma situação de tensão e 
procuram restabelecê-lo, mediante a mudança de algum dos elementos da situação. 
Tal princípio encontra-se na base das teorias da consistência cognitiva que irão 
proliferar nos anos seguintes. 
Ainda na área de percepção de pessoas, merecem destaque os estudos de 
Solomon Asch (1946), que irá aplicar os princípios gestaltistas em seus experimentos 
sobre a formação de impressões. Seus resultados levam-no a concluir que as 
informações sobre as características pessoais do outro são organizadas em um todo 
coerente, que difere da soma das partes e pode ser modificado por peças críticas de 
informação que provocam a reorganização desse todo. Ademais, a ordem com que as 
informações são recebidas afeta a formação da impressão global. 
Os anos de 1950 e 1960 assistem à renovação do interesse pelas pesquisas 
sobre influência social e processos intergrupais, conduzidas, sobretudo, sob a liderança 
de Asch e Leon Festinger. Asch (1952), na esteira dos trabalhos anteriores de Sheriff 
(1936) sobre formação de normas sociais, já citados, interessa-se pela análise dos 
processos que levam os indivíduos a se conformarem com as normas do grupo ao 
realizarem julgamentos, ainda quando se torna evidente que tais julgamentos estão 
incorretos. Seus estudos sobre conformidade suscitaram uma série de desdobramentos 
posteriores, relacionados à investigação dos diferentes fatores que influenciavam tal 
fenômeno, além de inspirarem os experimentos clássicos de Milgram (1965), sobre 
obediência à autoridade. 
Festinger (1954), sob a influência das investigações realizadas por Lewin, 
propõe a teoria dos processos de comparação social, na qual defende que as pessoas 
necessitam avaliar suas habilidades e opiniões a partir de comparações realizadas com 
outros indivíduos que lhes são similares. A referida teoria suscitou uma série de 
experimentos, reemergiu algumas vezes ao longo dos anos 70 e encontra-se 
solidamente estabelecida no momento atual, sendo usada, de forma recorrente, como 
mecanismo explanatório dos processos de formação da identidade pessoal e social 
(Goethals, 2003). Posteriormente, Festinger (1957) introduz a teoria da dissonância 
cognitiva, na qual estabelece que as pessoas são motivadas a procurar o equilíbrio entre 
suas atitudes e ações. Nesse sentido, quando instadas a mudar seu comportamento, 
mostram-se propensas a modificar também suas atitudes, de modo a restabelecerem o 
equilíbrio entre ações e atitudes. Apesar de ter sido alvo de críticas, a referida teoria foi 
uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da Psicologia Social Psicológica 
nas décadas seguintes (Rodrigues, Assmar & Jablonski, 2000), tendo propiciado um 
grande número de pesquisas experimentais rigorosas, conduzidas com a finalidade de 
testar seus vários pressupostos. 
As teorias da atribuição irão dominar o cenário sociopsicológico norte-
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americano a partir do final dos anos de 1960 e durante os anos de 1970 e 1980, numa 
evidência da ascensão progressiva do cognitivismo no campo da Psicologia Social 
Psicológica. Apoiando-se nos pressupostos sobre as relações interpessoais antecipados 
por Heider (1944, 1958), as referidas teorias e seus desdobramentos (Jones & Davis, 
1965; Kelley, 1967; Ross, 1977; Weiner, 1986) vão se debruçar sobre os processos 
cognitivos responsáveis pelos julgamentos sociais, isto é, pelos mecanismos que levam 
o indivíduo a perceber e atribuir causas internas (pessoais) ou externas (situacionais) ao 
comportamento do outro, bem como sobre os erros e vieses que interferem em tais 
processos. As investigações desenvolvidas no âmbito das teorias atribuicionais 
contribuíram não apenas para a elucidação de alguns dos princípios que governam o 
pensamento social, mas também para a maior compreensão de outros fenômenos 
psicossociais, como, por exemplo, a depressão e o ajustamento conjugal (Goethals, 
2003). 
A partir dos anos 1980, o cognitivismo se consolida de vez como a perspectiva 
dominante na Psicologia Social Psicológica e no cenário norte-americano. Em 
consequência, o principal tema de investigação passa a ser a cognição social, que tem 
como objetivo básico compreender os processos cognitivos que se encontram 
subjacentes ao pensamento social (Fiske & Taylor, 1984). Adotando tal perspectiva, 
os psicólogos sociais cognitivistas se dedicam então a fazer uma reanálise de temas que 
já vinham sendo estudados há algum tempo, procurando agora, porém, desvelar os 
mecanismos cognitivos subjacentes a tais fenômenos, tendência que se mantém até os 
dias atuais, conforme será visto mais à frente. 
 
A Crise da Psicologia Social na América do Norte 
A breve descrição da evolução teórica e temática da Psicologia Social norte-
americana evidencia que, com o passar do tempo, o modelo de pesquisa-ação 
orientado para a comunidade e para o estudo dos grupos, introduzido por Lewin ainda 
nos anos de 1930, foi sendo paulatinamente abandonado e substituído pela 
investigação de fenômenos e processos eminentemente intraindividuais, de natureza 
cognitiva. Tendo como meta última a investigação das leis universais capazes de 
explicar o comportamento social, a Psicologia Social Psicológica estrutura-se 
progressivamente como uma ciência natural e empírica, que desconsidera o papel que 
as estruturas sociais e os sistemas culturais exercem sobre os indivíduos (Pepitone, 
1981). 
É nesse contexto que os anos de 1970 irão assistir ao surgimento da chamada 
"crise da Psicologia Social", motivada pela excessiva individualização da Psicologia 
Social Psicológica e dos movimentos sociais ocorridos nos anos de 1970 (como o 
feminismo, por exemplo). Nesse sentido, a crise da Psicologia Social se caracterizou, 
sobretudo, pelo questionamento das bases conceituais e metodológicas da Psicologia 
Social Psicológica até então dominante, no que tange à sua validade, relevância e 
capacidade de generalização (Apfelbaum, 1992). 
Os questionamentos se dirigiam principalmente à sua relevância social, isto é, 
ao fato dessa vertente da Psicologia Social usar uma linguagem científica cada vez 
mais neutra e afastada dos problemas sociais reais e, consequentemente, desenvolver 
modelos e teorias que não eram capazes de contribuir para a explicação da nova 
realidade social que surgia. Adicionalmente, criticava-se a artificialidade dos 
experimentos conduzidos em laboratório, a falta de compromisso ético de seus 
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mentores e a excessiva fragmentação dos modelos teóricos (Jones, 1985). 
As críticas referidas suscitaram grande resistência da comunidade científica 
estabelecida à época. No entanto, contribuíram para o movimento de 
internacionalização da Psicologia Social, responsável pelo desenvolvimento de uma 
Psicologia Social Européia, mais preocupada com o contexto social, e, mais 
recentemente, de uma Psicologia Latino-Americana, voltada prioritariamente para os 
problemas sociais, a serem abordadas logo após uma breve revisão do atual estado da 
arte da Psicologia Social na América do Norte. 
 
A Psicologia Social na América do Norte: Tendências Atuais 
Na atualidade, os psicólogos sociais da América do Norte continuam se 
debruçando sobre temas tradicionais, que já tinham sido objeto de interesse dos que 
construíram a história da disciplina naquele país, mas também vêm se dedicando a 
novas temáticas que contribuíram para expandir e diversificar o espectro de fenômenos 
sociais investigados no contexto norte-americano.De acordo com Ross, Lepper e 
Ward (2010), em capítulo publicado na quinta e mais recente edição do Handbook of 
Social Psychology, três tópicos podem ser considerados centrais à psicologia social, em 
função do continuado interesse que vêm despertando, razão pela qual que se 
encontram presentes na maioria dos livros textos e palestras sobre o assunto. São eles a 
cognição social, as atitudes e os processos grupais. A esses tópicos, Ross e cols. ainda 
acrescentam algumas novas vertentes da Psicologia Social que, mais recentemente, 
vêm também se mostrando promissoras. Entre elas, merecem destaque a Neurociência 
Social e a Psicologia Social Evolucionista. [...] 
 
A Psicologia Social na Europa: Evolução e Tendências Atuais 
Apesar de a Psicologia Social europeia ter inicialmente caminhado lado a lado 
com a Psicologia Social Psicológica, ela começou, a partir dos anos 1970 e motivada 
pela crise da Psicologia Social na América do Norte, a adquirir sua própria identidade 
e a demonstrar maior preocupação com a estrutura social. Desde então, ela vem 
crescendo progressivamente em tamanho e influência. Entre os temas de estudo mais 
frequentes no contexto europeu encontram-se a identidade social, que se insere 
principalmente no contexto das relações intergrupais, e as representações sociais, que 
remetem a uma psicologia dos grupos e coletividades. 
[...] 
 
A Psicologia Social na América Latina: Evolução e Tendências Atuais 
A Psicologia Social praticada na América Latina, até a década de 1970, esteve 
grandemente influenciada pelo paradigma da Psicologia Social Psicológica, tendência 
até hoje dominante na América do Norte. Ao final da década, porém, muitos 
psicólogos sociais latino-americanos iniciaram um forte movimento de 
questionamento à Psicologia Social norte-americana (em função de seu 
experimentalismo e individualismo), em prol de uma psicologia social mais 
contextualizada, isto é, mais voltada para os problemas políticos e sociais que a região 
vinha enfrentando. Estimulados pela arbitrariedade dos regimes militares e pela 
grande desigualdade social do continente, esses psicólogos sociais irão defender uma 
ruptura radical com a psicologia social tradicional (Spink & Spink, 2005). 
Nesse sentido, vários psicólogos latino-americanos passaram a adotar como 
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referencial de seus estudos a Psicologia Social Crítica. Um autor frequentemente 
citado como legítimo representante dessa perspectiva na Psicologia Social latino-
americana é Martin-Baró, psicólogo e padre jesuíta espanhol, radicado em El 
Salvador, que defendia em suas obras o desenvolvimento de uma psicologia social 
comprometida com a realidade social latino-americana. 
Como forma de ajudar a minorar a situação estrutural de injustiça social que 
permeia a maioria dos povos latino-americanos, Martín-Baró (1996) enfatiza que a 
principal tarefa do psicólogo social deve ser a conscientização de pessoas e grupos, 
como forma de levá-los a desenvolver um saber crítico sobre si e sobre sua realidade, 
que lhes permita controlar sua própria existência. De acordo com o autor, urge, 
portanto, que os psicólogos sociais contribuam para a construção de identidades 
pessoais, coletivas e históricas capazes de romper a situação de alienação das maiorias 
populares oprimidas e desumanizadas que vivem à margem da sociedade dominan-te 
e, consequentemente, levar à mudança social. Trata-se, assim, de desenvolver um 
saber psicológico historicamente construído que se mostre capaz de compreender e 
contribuir para sanar os problemas que atingem as maiorias populares e oprimidas. 
Para ele (Martin-Baró, 1989), então, a construção teórica em psicologia social deve 
emergir dos problemas e conflitos vivenciados pelo povo latino-americano, de forma 
contextualizada com sua história. 
Outra autora de destaque no cenário latino-americano é Maritza Montero, da 
Venezuela. Em revisão recente sobre a Psicologia Social Crítica em seu país, Montero 
e Montenegro (2006) assinalam que ela se caracteriza principalmente por questionar 
os modos de produção de conhecimento e prática da Psicologia e perseguir a 
transformação social e a relevância social da pesquisa e intervenção sobre os problemas 
sociais que assolam o país. Para tanto, coloca-se contra as abordagens positivistas e 
experimentais, a neutralidade científica e as perspectivas individualistas de abordagem 
dos fenômenos psicossociais, defendendo, ao contrário, a produção de um 
conhecimento contextualizado, participante e co construído por pesquisadores e atores 
sociais, como forma de contribuir para a solução dos problemas sociais que vivenciam 
e transformar sua realidade social. 
Apoiando-se primordialmente em tal referencial, os psicólogos venezuelanos, 
muitas vezes em colaboração com colegas latino-americanos de outras nacionalidades, 
têm direcionado suas investigações para as temáticas dos estereótipos, autoimagens, 
identidades sociais, nacionalismo, movimentos sociais, poder social, relações de 
gênero, violência doméstica, direitos reprodutivos da mulher, entre outros. Tais 
estudos têm sido acompanhados, também, por uma intensa produção teórica sobre os 
princípios paradigmáticos da Psicologia Comunitária, bem como suas práticas e 
inserção no campo da ciência, sobre os modos de construção do conhecimento, sobre 
o conceito de empoderamento, sobre a pesquisa participativa etc. (Montero & 
Montenegro, 2006). 
Iniciativas sob a perspectiva da Psicologia Crítica também têm despontado em 
outros países latino-americanos como, por exemplo, a Colômbia (Molina-Valencia & 
Mesa, 2006), o Chile (Shafir, 2006) e o Brasil, que será objeto de análise mais 
detalhada na próxima seção. Cumpre registrar, porém, que a Psicologia Social Crítica 
não é a única tendência dominante na América Latina, na medida em que nela 
coexistem múltiplas tendências, havendo, assim, vários psicólogos sociais na região 
que vêm desenvolvendo seus trabalhos com o apoio de referenciais da Psicologia 
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Social norte-americana ou da Psicologia Social europeia. Nesse sentido, Álvaro e 
Garrido (2006) questionam se é possível afirmar a existência de uma Psicologia Social 
latino-americana que reúna traços próprios de identidade. 
 
Fonte: FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social contemporânea: principais 
tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 
26, n. spe, p. 51-64, 2010 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 01 July 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005. 
 
 Esse resumo de artigo, reduzido à terça parte, apresenta de forma bem clara as 
tendências históricas e atuais da psicologia social. 
 Recomendo que faça um bom mapa mental para resumir as informações dadas. 
 A seguir, apresentarei um outro resumo, complementar à aula de hoje. 
 
 
Resumo do Capítulo I – Psicologia Social 
(Aroldo rodrigues, Eveline Assmar e 
Bernardo Jablonski). 
 
O que é Psicologia Social? 
Psicologia Social é o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas e 
dos processos cognitivo e afetivo gerados por esta interação. À exceção da figura 
legendária de Robinson Crusoé e de eremitas, todos os seres humanos vivemos em 
constante processo de dependência e interdependência em relação a nossos 
semelhantes. Um aperto de mão, uma reprimenda, um elogio, um sorriso, um simples 
olhar de uma pessoa em direção a outra suscitam nesta última uma resposta que 
caracterizamos como social. Por sua vez, a resposta emitida servirá de estímulo à 
pessoa que a provocou gerando, por seu turno, umoutro comportamento desta última, 
estabelecendo-se assim o processo de interação social. 
[...] 
A mera expectativa de como será o comportamento do outro (ou de seus 
pensamentos ou sentimentos) influencia nossas ações. Consideremos uma situação 
hipotética: se uma pessoa espera uma reação negativa de alguém, é bem possível que 
ela inicie a interação de forma agressiva. 
[...] 
Simultaneamente a manifestações comportamentais, processos mentais 
superiores (a expectativa de que falamos anteriormente e também nosso julgamento, 
processamento de informação etc.) são desencadeados pelo processo de interação e 
caracterizam o que se chama de pensamento social, ou seja, os processos cognitivos 
decorrentes da interação social. 
[...] 
Interação humana e suas consequências cognitivas, comportamentais e afetivas 
constituem, pois, o objeto material da Psicologia Social, ou seja, aquilo que a 
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Psicologia Social estuda. O objeto formal da Psicologia Social, ou seja, a maneira pela 
qual ela estuda seu objeto material, é o método científico, ou seja, é toda atividade 
conducente à descoberta de um fato novo orientada pelo paradigma. 
[...] 
teoria à levantamento de hipóteses à teste empírico das hipóteses 
levantadas à análise dos dados colhidos à confirmação ou rejeição 
das hipóteses à generalização 
 
[...] a Psicologia Social estuda a interação social e os concomitantes cognitivos 
e emocionais inerentes à interação entre pessoas, e que o faz por meio da utilização do 
método científico. Para completar a conceituação do que seja Psicologia Social 
convém acrescentar-se uma outra característica: o caráter situacional (ou latitudinal) 
do fenômeno psicossocial. Ressalte-se ainda que tais fatores situacionais devem ter a 
característica de estímulos sociais. O comportamento "procurar a sombra num dia de 
forte calor" é um comportamento ditado por fatores situacionais, mas dificilmente se 
consideraria tal atividade como sendo um comportamento social. Este mesmo 
comportamento de evitar o sol e abrigar-se à sombra de uma árvore poderia ser um 
comportamento social caso os fatores situacionais por ele responsáveis fossem um, ou 
uma combinação, dos seguintes: receio de que outras pessoas considerassem idiotice 
permanecer no sol quando havia uma confortável sombra a dois metros de distância; 
desejo de evitar a transpiração que o sol suscitaria em virtude da necessidade de 
manter-se asseado para um encontro iminente; apreensão com a atribuição de 
frivolidade (desejo de exibir uma cor bronzeada para efeitos estéticos) que pessoas 
observando a permanência do indivíduo ao sol poderiam fazer. Nestes últimos casos, o 
comportamento de esquivar-se do sol e dirigir-se à sombra seria, sem dúvida, um 
comportamento social e nele se verificaria nitidamente a relevância dos fatores 
situacionais a que nos referimos, fatores estes de característica latitudinal ou 
horizontal, em vez de longitudinal ou vertical. Não quer isto dizer que fatores 
longitudinais (experiências passadas, fatores hereditários, características de 
personalidade) não influam no comportamento social da pessoa. Influem e muito. 
Quando o psicólogo social os considera, todavia, faz isso ciente de que está utilizando 
uma variável longitudinal que interatua com variáveis situacionais na explicação de um 
determinado comportamento. Em outras palavras, ele recorre a ensinamentos 
emanados do estudo das características da personalidade individual a fim de verificar 
as interações das variáveis individuais com os fatores situacionais. O que caracteriza o 
aspecto social do comportamento estudado, contudo, é a influência de fatores 
situacionais. 
[...] a Psicologia Social é o estudo científico de manifestações comportamentais de 
caráter situacional suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela 
mera expectativa de tal interação, bem como dos processos cognitivos e afetivos 
decorrentes do processo de interação social. 
 
Psicologia Social e áreas afins do conhecimento 
[...] 
Psicologia Social e Sociologia 
Fontes importantes do conhecimento sociológico consideram como objeto de 
estudo sociológico a sociedade, as instituições sociais e as relações sociais (p. ex.: 
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BROOM & SELZNICK, 1958; GIDDENS, 2009; INKLES, 1963; ZGOURIDES 
& ZGOURIDES, 2000) Dificilmente se encontra um psicólogo social ou um 
sociólogo que afirme, categoricamente, que Psicologia Social e Sociologia são áreas 
totalmente distintas. A maioria se inclina para a posição segundo a qual ambos estes 
setores do conhecimento têm, pelo menos, um objeto formal um pouco distinto 
(maneira pela qual estudam os fenômenos sociais), porém reconhecem a existência de 
uma área de interseção bastante nítida em seu objeto material (os fenômenos sociais 
que estudam). Esta é também a posição dos autores deste manual. Uma representação 
gráfica satisfatória do inter-relacionamento entre Psicologia Social e Sociologia 
poderia ser representada mais ou menos como se vê na figura 1.1. Os fenômenos 
sociais enumerados nessa figura são meramente exemplificativos, não sendo nossa 
intenção exaurir a gama de fenômenos tipicamente estudados pela Psicologia Social, 
pela Sociologia ou por ambas. Apesar de uma razoável área de interseção entre estas 
duas disciplinas, as perguntas formuladas pelo psicólogo social e pelo sociólogo em 
suas investigações do objeto material que lhes é comum variam bastante. Tomemos o 
exemplo do fenômeno psicossocial da delinquência juvenil. Numerosos são os livros 
encontrados na literatura psicológica e sociológica sobre o assunto. 
[...] 
 
 
 
 
[...] 
Psicologia Social Científica - Aplicações da Psicologia Social e tecnologia social 
 
A Psicologia Social é uma ciência e neste livro o leitor encontrará uma razoável 
quantidade de descobertas científicas que são fruto da atividade de pesquisa dos 
psicólogos sociais. No capítulo 14, exemplos de aplicações decorrentes destes 
conhecimentos serão apresentados. Os tipos de investigações conduzidas na Psicologia 
Social Científica e os tipos de aplicações comumente encontrados podem ser vistos no 
quadro a seguir: 
 
Psicologia Social Científica 
Pesquisa teórica 
Pesquisa centrada num problema 
Pesquisa metodológica 
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Pesquisa de avaliação 
Pesquisa de réplica 
Aplicações da Psicologia Social 
Aplicações simples 
Aplicações complexas (tecnologia social) 
 
Quadro 1.3 Tipos de pesquisa e de aplicações em Psicologia Social 
 
Como esse quadro mostra, os psicólogos sociais dedicam-se a pesquisas destinadas a 
promover avanços teóricos (p. ex.: teste de hipóteses derivadas de teorias; 
aperfeiçoamento do poder preditivo de teorias), ou a lançar luz sobre um problema 
específico (p. ex.: verificar se a densidade populacional influi no comportamento de 
ajuda nas cidades; verificar se uma liderança de-mocrática é mais ou menos eficaz que 
uma autocrática), ou a promover um refinamento metodológico (p. ex.: verificar se 
universitários se comportam de forma diferente de sujeitos não universitários; detectar 
tendenciosidades na coleta de dados), ou a avaliar a eficácia de uma intervenção (p. 
ex.: verificar se uma tentativa de mudança de atitude teve êxito ou não avaliar a 
eficácia de um programa destinado a diminuir o preconceito racial num determinado 
grupo social), ou, finalmente, apenas verificar a estabilidade e a generalidade de 
achados anteriores por meio da condução de réplicas (p. ex.: verificar se achadospsicossociais são trans históricos e/ou transculturais). 
Todos estes tipos de pesquisa integram a Psicologia Social Científica e 
fornecem subsídios para sua aplicação a problemas psicossociais concretos. Quando se 
lança mão de um achado específico para a solução de um problema determinado (p. 
ex.: eliminar o sentimento de frustração de um grupo com o objetivo de diminuir sua 
agressividade; utilizar um determinado tipo de poder social para lograr uma mudança 
comportamental específica) estamos tratando de aplicações simples; se, todavia, 
combinamos achados existentes para utilizá-los na solução de um problema social, 
estamos praticando o que Jacobo Varela (1971) denomina de Tecnologia Social. 
Varela (1975) define assim a Tecnologia Social: "É a atividade que conduz ao 
planejamento de soluções de problemas sociais a partir de combinações de achados 
derivados de diferentes áreas das ciências sociais" (p. 160). 
A primeira distinção que se impõe na compreensão do que seja tecnologia 
social é a que se refere à diferença de objetivos do cientista social (seja ele psicólogo 
social ou não básico ou aplicado) e do tecnólogo social. O cientista não orienta sua 
atividade para a solução de problemas Dizem Reyes e Varela (1980): 
"Frequentemente, achados científicos foram feitos por alguém que não tinha a menor 
ideia de que eles iriam ser utilizados para algo de útil ou de uma determinada maneira. 
A progressão do telégrafo para o telefone e para o rádio é um exemplo. Mas Morse e 
Bell eram inventores. Os cientistas atrás deles foram Faraday, Henry, Maxwell, Hertz 
e outros. Sem as descobertas puramente científicas, as invenções que as seguiram não 
teriam sido possíveis. Mas o cientista sozinho não poderia ter-nos legado as 
comunicações modernas. Não era esta sua preocupação. Os tecnólogos foram 
imprescindíveis para dar os passos necessários. Maxwell e os demais não estavam 
interessados em saber como suas descobertas seriam usadas. Sua ocupação era bem 
distinta daquela de Bell ou de Marconi" (p. 49). 
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Reyes e Varela (1980) salientam ainda que os cientistas sociais, no afã de 
atenderem à pressão social que clama pela relevância de suas pesquisas, criam 
"programas aplicados". Acontece, porém, que pesquisa aplicada continua sendo 
pesquisa, isto é, a preocupação é a de descobrir a realidade em ambientes naturais e 
continuar pesquisando até que se obtenha um conhecimento satisfatório e fidedigno 
desta realidade. O tecnólogo social não se preocupa em descobrir a realidade; ele deixa 
isto para os cientistas e, baseado nas descobertas destes últimos, procura resolver 
problemas concretos. No capítulo 9, ao tratarmos do fenômeno de influência social, 
mostraremos a tecnologia social em ação. 
 
Marcos históricos da Psicologia Social Científica 
 
[...] 
1895: Gustave Le Bon publica seu livro La Psychologie des foules que, apesar 
de conter conceitos não empiricamente testáveis, suscitou o estudo científico 
dos processos grupais e, principalmente, dos movimentos de massa. 
1898: Norman Triplett conduz o primeiro experimento relativo a fenômenos 
psicossociais, comparando o desempenho de meninos no exercício de uma 
atividade nas condições de isolamento ou juntamente com outros, fenômeno 
este que ficou conhecido como "facilitação social". 
1908: William McDougall e Edward A. Ross publicam no mesmo ano os 
primeiros livros intitulados Psicologia Social. Apesar do mesmo título, a 
abordagem dos autores é distinta: McDougall é guiado por uma posição 
instintivista e Ross salienta o papel da cultura e da sociedade no 
comportamento humano. 
1921: Morton Prince inicia a publicação do Journal of Abnormal and So-cial 
Psychology, o qual se constitui, até 1964, na principal fonte de publicação de 
estudo em Psicologia Social. 1928: Louis L. Thurstone inicia seus estudos 
relativos à mensuração das atitudes em seu artigo "Atitudes Can Be 
Measured". 
1935: Carl Murchison publica o primeiro Handbook of Social Psychology. 
1936: Kurt Lewin e seus associados dedicam-se com afinco à aplicação de 
princípios teóricos na resolução de problemas sociais, caracterizando o que 
ficou consagrado no termo action research. A influência de Lewin em 
Psicologia Social é de tal ordem que Leon Festinger, comentando uni li-vro 
sobre a obra de Kurt Lewin, declarou que 95% da Psicologia Social 
contemporânea revela a influência lewiniana. 
1936: George Gallup inicia o movimento de medida de opinião pública em 
bases amplas tornando tal atividade uma realização de notável repercussão e 
alcance em Psicologia, Sociologia e Ciência Política. 
1936: Muzafer Sherif mostra experimentalmente como se formam as normas 
sociais, a partir de seus estudos sobre o efeito autocinético. 
1939: Kurt Lewin, Ron Lippit e Ralph White publicam os resultados de seus 
estudos relativos à conduta de grupos funcionando em diferentes atmosferas 
no que concerne ao tipo de liderança exercida. 
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1943: Theodore M. Newcomb reporta seu estudo de quatro anos no 
Bennington College, mostrando como as atitudes podem se modificar em 
função da adesão a diferentes grupos de referência. 
1946: Fritz Heider publica seu artigo "Attitudes and Cognitive Organization" 
considerado o berço das teorias de consistência cognitiva que floresceram na 
década de 1950 e que continuam a ter relevante papel na Psicologia Social 
contemporânea. 
1953: Carl Hovland, Irving Janis e Harold Kelley publicam os resultados dos 
estudos do Grupo de Yale acerca dos fatores influentes na mudança de 
atitudes. 
1954: Gardner Lindzey coordena o Handbook of Social Psychology. 
1957: Leon Festinger apresenta sua teoria da dissonância cognitiva que, sem 
qualquer dúvida, constitui a teoria de maior valor heurístico em Psicologia 
Social, inspirando uma grande quantidade de testes empíricos e de aplicações. 
1958: Fritz Heider publica seu influente livro The Psychology of Interpersonal 
Relations. Esse livro lançou as bases do que é hoje conhecido como 
teoria da atribuição e tem exercido influência significativa em Psicologia Social 
desde sua publicação até os dias de hoje. 
1964: Sob a presidência de Leon Festinger forma-se o Comitê de Psicologia 
Social Transnacional que teve papel fundamental na criação das associações de 
Psicologia Social europeia e latino-americana. 
1965: Dois novos periódicos destinados a divulgar pesquisas em Psicologia 
Social veem a lume: O Journal of Personality and Social Psychology e o 
Journal of Experimental Social Psychology. 
1965: É criada a Associação Europeia de Psicologia Social Experimental sob a 
presidência de Serge Moscovici (França). Poucos anos depois esta associação 
inicia a publicação do periódico European Journal of Social Psychology. 
1968: G. Lindzey e E. Aronson coordenam a 2' edição do Handbook of Social 
Psychology. 
1970: Por conta dos trabalhos de Edward E. Jones, Harold H. Kelley, Ke-ith 
E. Davis, Richard Nisbett, Bernard Weiner, John Harvey etc., extraordinário 
impulso é dado ao estudo do fenômeno de atribuição de causalidade em 
Psicologia Social. 
1970: Ganha grande visibilidade o movimento que se tornou conhecido como 
a crise da Psicologia Social, durante o qual fortes ataques foram dirigidos às 
pesquisas de laboratório, aos procedimentos metodológicos e éticos e à falta de 
aplicação da Psicologia Social aos problemas sociais. A crise também se 
caracterizou pela crítica à pouca relevância prática das pesquisas em Psicologia 
Social. 
1971: Realiza-se em Viria Del Mar, Chile, o primeiro workshop de Psicologia 
Social na América Latina, do qual participaram as principais figuras da 
Psicologia Social latino-americanae três psicólogos de renome dos Estados 
Unidos. Foi então criado o Comitê Latino-Americano de Psicologia Social 
sob a presidência de Luis Ramallo (Chile), mais tarde transformado na 
Associação Latino-Americana de Psicologia Social. 
1973: Funda-se a Associação Latino-Americana de Psicologia Social, tendo 
como presidente Aroldo Rodrigues (Brasil). Integraram a diretoria em 
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diferentes funções Héctor Cappello (México), José Miguel Salazar 
(Venezuela), Gerardo Marín (Colômbia), Julio Villegas (Chile) e Catalina 
Weinerman (Argentina). 1981: Harry C. Triandis e colaboradores editam a 
obra Handbook of Cross-Cultural Psychology. 
1984: Susan Fiske e Shelley Taylor publicam o livro Social Cognition, que 
traduz a ênfase que se passou a dar em Psicologia Social aos processos 
cognitivos. 
1985: Gardner Lindzey e Elliot Aronson editam mais uma edição do 
Handbook of Social Psychology. 
1986: O pensamento atribuicional em Psicologia Social serve de base para a 
Teoria Atribuicional de Motivação e Emoção proposta por Bernard Weiner 
em seu livro An Attributional Theory of Motivation and Emotion. 1998: A 4' 
edição do Handbook of Social Psychology é publicada, agora organizada por 
Gardner Lindzey, Susan T. Fiske e Daniel T. Gilbert. 
2001: Dijksterhuis e Bargh publicam na série Advances in Experimental Social 
Psychology seu importante capítulo acerca dos efeitos automáticos do processo 
de percepção social no comportamento social. 
2010: Vem a lume a 5' edição do Handbook of Social Psychology editado 
novamente por Gardner Lindzey, Susan T. Fiske, Daniel T. Gilbert. 
 
No quadro 1.4 o leitor encontrará uma sinopse da história da Psicologia Social. 
Nele a nossa preocupação foi mais a de exemplificar temas e nomes de destaque em 
vários períodos do que a de sermos exaustivos. Saliente-se ainda que o fato de certos 
tópicos não serem mencionados em determinados períodos não significa que eles 
tenham sido ignorados. A finalidade da sinopse é mostrar o surgimento e a maior 
importância dada ao estudo de certos fenômenos psicossociais em alguns períodos 
aproximados de tempo. 
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Os fenômenos psicossociais na psicologia 
social. 
 
 O que são fenômenos psicossociais? Esse é o tipo de resposta que não aparece 
de forma clara nos manuais de psicologia social. Em tese, e para fins de concursos, são 
todos os fenômenos humanos. O que você deve entender é que esses fenômenos são 
plurais e que existe uma diversidade de formas de compreensão. Em resumo, não 
conseguimos definir quais são e nem os métodos exatos que devem ser usados. Isso é 
um problema? Para fins de concurso e de ciência sim, mas argumenta-se que a própria 
realidade é plural e que necessita de abordagens cada vez mais multimetodológicas 
para termos resultados adequados. 
Em breves termos, o estudo dos fenômenos psicossociais representa tudo o que 
a psicologia estuda, incluindo psicopatologias, à luz do viés social. Esse viés social 
depende também da escola adotada. 
Um bom exemplo de como isso começou é o seguinte: 
Rodrigues (1986) salienta também que foi em 1897 que houve o primeiro 
experimento relativo a fenômenos psicossociais, e que este fora realizado por 
N. Tripplett com o objetivo de comparar o desempenho de meninos no 
exercício de uma atividade nas condições de isolamento ou junto com outros. 
Conforme Moura (1993) percebeu-se que a velocidade de um corredor era 
20% maior quando na presença de outros, chegando-se à conclusão de que a 
situação em grupo produzia mais ambições do que em isolamento na 
realização de tarefas. 
Júnior e Justo. Revista Caminhos, On-line, “Humanidades”, Rio do 
Sul, a. 4, n. 6, p. 21-38, abr./jun. 2013 
 
 A seguir, apresento um trecho de artigo que tangencia alguns dos fenômenos 
psicossociais. 
 
Cognição social 
Segundo Carlston (2010), a cognição social pode ser vista atualmente como 
uma subárea da Psicologia, responsável por integrar uma série de micro-teorias que, ao 
longo do tempo, foram se desenvolvendo no contexto da Psicologia Social para 
explicar os modos pelos quais as pessoas pensam sobre si mesmas e sobre as coisas, 
formam impressões acerca de outras pessoas ou grupos sociais e explicam 
comportamentos e eventos. Apoiada no modelo de processamento de informação (que 
considera a atenção e percepção, a memória e o julgamento como diferentes etapas do 
processamento cognitivo), a cognição social dedica-se, assim, a estudar o conteúdo das 
representações mentais e os mecanismos que se encontram subjacentes ao 
processamento da informação social. Ela se focaliza, portanto, nos modos pelos quais 
as impressões, crenças e cognições sobre os estímulos sociais (o próprio indivíduo, bem 
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como outras pessoas, grupos e eventos sociais) são formadas e afetam o 
comportamento. 
No que tange ao conteúdo das representações mentais, a premissa básica é a de 
que as informações sociais são representadas cognitivamente sob a forma de estruturas 
mentais, isto é, de estruturas gerais de conhecimento, construídas, organizadas e 
estocadas na memória em categorias, com base nas informações obtidas no contato do 
indivíduo com seu mundo social (Quinn, Macrae & Bodenhausen, 2003). Essas 
estruturas são denominadas de esquemas sociais, que podem tomar a forma de 
protótipos (representam os membros mais típicos) ou de exemplares (representam 
membros individuais), a serem acessados quando necessário. 
Tal acesso ocorre por meio do processamento da informação social, mediante o 
qual o percebedor social identifica inicialmente os atributos salientes na pessoa alvo de 
sua percepção (Quinn & cols., 2003). Em seguida, ele procura na memória as 
representações mentais ou esquemas similares aos atributos identificados, seleciona o 
mais apropriado e usa-o para realizar inferências acerca daquela pessoa, armazenando 
na memória de longo prazo a avaliação daí resultante. 
Subjacente a todo esse processo, há o pressuposto básico de que as pessoas são 
limitadas em sua capacidade de processar informações e, por essa razão, utilizam-se de 
certas estratégias ou heurísticas para lidar com o grande volume e complexidade de 
informações sociais a que são submetidas em seu dia-a-dia (Pennington, 2000). Com 
isso, acabam por cometer erros e distorções em seus julgamentos e tomadas de 
decisão. 
Algumas questões chaves têm permeado as investigações na área da cognição 
social (Quinn & cols., 2003). Elas dizem respeito principalmente ao grau em que o 
processamento cognitivo é automático ou controlado, à influência da motivação e do 
afeto na cognição social e ao fato de a cognição ser abstrata ou situada. 
No que diz respeito à automaticidade ou não do processamento da informação 
social, os resultados têm apontado que as pessoas podem realizar tanto julgamentos 
mais espontâneos e automáticos, quanto julgamentos mais conscientes e reflexivos, 
sendo que o uso de um tipo ou outro irá depender principalmente de sua motivação e 
habilidade em cada situação (Pennington, 2000). Nesse sentido, muitos dos 
julgamentos sociais ocorrem de forma inconsciente, não intencional, não controlável e 
demandam pouco da já limitada capacidade humana de processamento. Contudo, 
fenômenos mais complexos podem exigir um processamento mais consciente econtrolado, o que irá depender da habilidade cognitiva do percebedor e/ou do fato de 
o processamento automático mostrar-se contrário a seus objetivos e metas. 
O debate acerca das influências da motivação e do afeto na cognição social tem 
permeado essa área de estudos desde seus primórdios. Em que pese o fato de os 
primeiros psicólogos sociais cognitivistas terem rejeitado tais influências, as pesquisas 
mais recentes apontam que os afetos e motivações individuais interagem com as 
cognições na determinação do comportamento social (Schwarz, 1998). Nesse sentido, 
fatores motivacionais podem interferir no grau de esforço cognitivo despendido no 
processamento da informação social, bem como direcionar tal processamento, ao 
facilitar a ativação de esquemas relevantes às metas do indivíduo (Quinn & cols., 
2003). Por outro lado, tem-se também verificado que a codificação, elaboração e 
julgamento sociais são mediados pelas emoções, na medida em que elas contribuem 
para a ativação de informações com elas congruentes, além de provocarem 
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reorganizações mentais que se mostrem mais consistentes com as experiências afetivas 
individuais (Quinn & cols., 2003). 
As investigações iniciais na área da cognição social dedicaram-se, sobretudo, a 
esclarecer as diferentes características associadas à representação e processamento da 
informação social, ou seja, seu principal foco era uma cognição social abstrata e 
vinculada ao que se passava no interior da cabeça do indivíduo. Mais recentemente, 
porém, os psicólogos sociais cognitivistas passaram a explorar as características da 
situação social que interferem nas estratégias de processamento, ou seja, uma cognição 
social situada. Com isso, a ênfase se desloca do "pensamento sobre os estímulos 
sociais" para o "pensamento no contexto social" (Schwarz, 1998). Os resultados 
iniciais de tais estudos já puseram em evidência que os julgamentos sociais de uma 
mesma pessoa alvo podem diferir em função dos diferentes indivíduos que realizam 
tais julgamentos, a depender da natureza das interações de cada um com a pessoa alvo. 
Desse modo, um conjunto de pessoas interagindo ativamente e compartilhando suas 
avaliações, transmitirão informações que serão interpretadas e integradas 
diferentemente por cada percebedor (Smith & Collins, 2009). 
Entre os principais fenômenos psicossocias investigados atualmente, na 
perspectiva da cognição social, encontram-se o self, a formação de impressões, a 
percepção de pessoas e os estereótipos. No contexto do cognitivismo, o self é 
conceituado como um autoesquema, isto é, como uma representação mental que 
contém o conhecimento do percebedor acerca de si próprio, no que se refere a suas 
características de personalidade, papéis sociais, experiências passadas e metas futuras 
(Quinn & cols., 2003). As pesquisas sobre essa temática têm demonstrado que as 
pessoas diferem em termos dos atributos que consideram centrais à sua autodefinição, 
das dimensões distintas de seus autoesquemas que podem ser ativadas em situações 
diversas, das informações relativas a seu autoconceito que são processadas de modo 
mais completo e que são mais facilmente relembradas, e da forma com que a 
autodefinição do indivíduo afeta as crenças e expectativas que ele traz para uma 
determinada situação social. O self decorre, portanto, de um processo flexível e 
construtivo de julgamento sobre si mesmo, que leva o indivíduo a se apresentar de 
diferentes maneiras, a depender do ambiente social em que se encontra inserido, o que 
irá contribuir para sua adaptação a esse ambiente (Quinn & cols., 2003). 
Os estereótipos, a formação de impressões e a percepção de pessoas constituem 
temas tradicionalmente estudados pela Psicologia Social e centrais à área de cognição 
social. Em contraste com os autoesquemas, que contêm as estruturas de conhecimento 
sobre o próprio indivíduo, os estereótipos consistem em esquemas ou representações 
mentais sobre grupos sociais. Nesse sentido, eles interferem ativamente no processo de 
formação de impressão e percepção de pessoas, que é o responsável pela integração de 
informações e avaliação de outros indivíduos, ou seja, pelas formas com que o 
percebedor interpreta os indivíduos que o rodeiam. Os achados empíricos mais 
recentes nesse campo de estudos têm demonstrado que as pessoas costumam realizar 
inferências iniciais (formação e percepção de pessoa) baseadas em estereótipos, o que 
significa dizer que essas categorias sociais são ativadas de modo automático ou 
inconsciente, tão logo o percebedor identifica um determinado indivíduo como 
pertencente a certo grupo social. Posteriormente, dependendo de sua motivação e 
habilidade, poderá corrigir essa impressão inicial, com base em informações mais 
individualizadas e que se mostrem congruentes ou incongruentes com seus 
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estereótipos (Quinn & cols., 2003). 
Em síntese, a investigação atual na área da cognição social evoluiu 
progressivamente, de modo a incluir temas não abordados inicialmente, como a 
automaticidade dos processos sociocognitivos, os afetos e a motivação. Tais avanços 
contribuíram sobremaneira para ampliar o escopo da teorização e pesquisa nesse 
campo de estudos, além de alargarem a compreensão da ampla gama de fenômenos 
responsáveis pela atuação do indivíduo em seu contexto social. 
Fonte: FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social contemporânea: principais 
tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 
26, n. spe, p. 51-64, 2010 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500005&lng=en&nrm=iso>. access 
on 01 July 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005. 
 
 
Sobre a atuação psicossocial 
 
 Segundo Ploner et al.: 
Podemos dizer que, hoje, temos uma gama significativa de práticas psicossociais 
em comunidade, indicando uma grande variedade de atuações, trabalhos e 
perspectivas epistemológicas (Gohn, 1987; Landim, 1998; Montero, 1994a; Freitas, 
2000b). Tratam-se de práticas de intervenção ou atuação psicológica/psicossocial com 
características distintivas: 
a. Dirigem-se aos mais diversos segmentos da população (como bairros; 
cortiços; favelas; mangues; alagados; diferentes grupos populares, civis, religiosos; 
diversos movimentos populares; segmentos ou setores de entidades civis, profissionais, 
comunitárias; comissões e/ou fóruns em educação, saúde, direitos humanos; entre 
outros); 
 
b. Localizam o objeto de investigação e/ou ação dentro de um enquadre 
teórico diversificado (indo do individual, passando pelo familiar, por pequenos 
grupos, até organizações e movimentos comunitários e/ou populares de dimensões 
maiores); 
 
c. Selecionam algum tema como central e prioritário em suas proposições 
(provenientes da área da saúde, educação, trabalho; relações comunitárias e 
organizativas; direitos humanos, violência e cidadania; formação profissional; 
qualidade de vida; relações de exclusão e inclusão social; emprego, desemprego e falta 
de perspectiva de vida, entre outros), 
 
d. Empregam aportes teórico-metodológicos diferentes e, em algumas 
ocasiões, antagônicos entre si (podem se distribuir em um continuun em que em um 
dos pólos há a adoção de referenciais mais objetivistas, quantitativos e supostamente 
imparciais, e no outro extremo há, somente, a adoção de perspectivas analíticas 
qualitativas e participativas, excluindo qualquer tipo de recurso e/ou material 
quantitativo); 
 
e. Estabelecem um tipo de relação de conhecimento entre o profissional e a 
comunidade que imprime rumos para o trabalho desenvolvido (o foco da decisãorecai 
em um dos pólos da relação ou na síntese de ambos). 
 
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 Assim, hoje, talvez fosse mais adequado nos referirmos a esse tipo de 
prática 
no plural, uma vez que há várias psicologias (sociais) comunitárias, e não apenas uma, 
e muito menos consensuais entre si, para não dizermos tendo concepções de homem e 
de sociedade, muitas vezes, díspares e antagônicas entre si. 
Fonte: PLONER, KS., et al., org. Ética e paradigmas na psicologia social [online]. Rio 
de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. 313 p. ISBN: 978-85-
99662-85-4. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org> 
 
Tópico Extra - Cultura juvenil 
O entendimento desse tópico passa, necessariamente, pelo texto “A Tendência 
Antissocial”. Texto resultante de uma conferência proferida na British Psycho-
Analytical Society em 1956. Esse artigo faz parte do livro “Privação e Delinquência” 
que é, por sua vez, livro é uma coletânea de artigos que Winnicott nos fornece através 
de um excelente referencial psicanalítico sobre a violência e a destruição. É 
principalmente uma compreensão etiológica da tendência antissocial ligada a partir do 
entendimento do desenvolvimento infantil e do adolescente. 
Iremos tratar desse tópico, e aprofundar muito do que foi falado 
anteriormente, através da resenha que fiz do “Privação e Delinquência”. 
Winnicott construiu parte de sua teoria a partir das observações que fez como 
Consultor Psiquiátrico do esquema de evacuação do Governo Inglês. Isso foi durante 
a segunda grande guerra e ele teve a oportunidade de trabalhar com crianças que 
vivenciaram o isolamento e/ou a perda de seus pais. É nesse contexto que surge o 
conceito de “deprivação”. Não temos em nosso idioma a palavra perfeita para traduzir 
“deprivation”. Por isso utilizarei, a exemplo de todos os que me precederam, a palavra 
deprivação. A privação (sem o “de”) representa a ausência de cuidados maternos e, por 
consequência, o desencadeamento de patologias graves, como as psicoses e o Autismo 
Infantil Precoce. A deprivação, por sua vez, refere-se a uma perda de algo que já 
existiu (cuidado materno que foi perdido). 
Apenas por curiosidade, destaco que a questão é saber quando esse senso de 
privação ou perda é real ou apenas um efeito psicológico. Para Winnicott, a criança 
que recebeu afeto e carinho na época certa pode se sentir tão isolada e privada quanto 
a criança que não recebeu. 
A tendência antissocial é um aspecto normal do desenvolvimento da criança 
associado a deprivação. Destaco que a deprivação é um conceito distinto da privação 
na concepção de Winnicott (Bowlby não faz essa distinção, cuidado). Enquanto a 
privação leva a retirada e a falha em prosperar, a deprivação significa que a criança 
recebeu um “rótulo” de que era suficiente boa e depois experimentou a perda súbita de 
vínculo. Isso pode ocorrer pelo nascimento de outra criança, o abandono dos pais, etc. 
Essas situações fazem com que a criança queira protestar. 
O ato antissocial (roubo, enurese noturna, etc.) constitui-se em um 
imperativo relativo a uma falha no período da dependência relativa. De acordo com 
Winnicott, a tendência antissocial indica que o bebê pode experimentar um ambiente 
suficientemente bom à época da dependência absoluta, mas que foi perdido 
posteriormente. Assim, o ato antissocial é um sinal de esperança de que o indivíduo 
venha a redescobrir aquela experiência boa anterior à perda. A tendência antissocial 
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não deve ser vista como um diagnóstico, e pode ser aplicada tanto à crianças como a 
adultos. 
A tendência antissocial é uma tentativa de estabelecer uma reivindicação. Em 
psicopatologia a reivindicação é uma negação de que o direito a reclamar se perdeu. 
No comportamento antissocial patológico, o jovem antissocial é impelido a corrigir, e 
afazer com que a família ou a sociedade corrija, a omissão que foi esquecida. O 
comportamento corresponde a um momento de esperança. 
É preciso enfatizar que é uma privação, e não uma carência, que está 
subentendida na tendência antissocial. Uma carência produz um resultado diferente: 
sendo deficiente o suprimento básico de facilitação ambiental, curso do processo de 
amadurecimento é distorcido e o resultado é um defeito de personalidade, não um 
defeito de caráter. 
A tendência antissocial pode ser uma característica em crianças normais e em 
crianças de qualquer tipo ou de qualquer diagnóstico psiquiátrico, exceto a 
esquizofrenia, pois este não é suficientemente maduro para sofrer privação e encontra-
se num estado de distorção associado à carência. A personalidade paranoide ajusta 
facilmente a tendência antissocial à tendência geral para se sentir perseguido, de modo 
que, na personalidade paranoide, pode haver uma sobreposição de distúrbios de 
personalidade e de caráter. 
Winnicott distingue delinquência de tendência antissocial. As raízes são as 
mesmas (deprivação), mas a delinquência, caracterizada pela criminalidade, significa 
que o sujeito já se identificou com esse estilo antissocial de vida. Aqui a mudança é 
muito mais difícil que a simples tendência antissocial em função dos ganhos 
secundários. Existe também uma reação de defesa mais acentuada. 
Winnicott disse que “a delinquência é um sinal de esperança”. 
Inconscientemente o delinquente busca reencontrar bons pais. O problema, como o 
próprio autor aponta, é que o ambiente social não aceita esse tipo de comportamento e 
a consequência é a punição (e não a compreensão). O jovem delinquente não é 
totalmente consciente de seus atos. E um exame das motivações inconscientes do 
delinquente irá nos ligar a uma sensação de perda e de privação. 
Como você já sabe, a agressividade é natural à condição humana. Mas será 
que a tendência antissocial também é? Para Winnicott sim: o desenvolvimento 
emocional normal possui em si, naturalmente, a tendência antissocial. Para Winnicott, 
diferentemente de Freud e de Klein, a agressão é um sintoma da vida. É uma reação 
natural que não tem, necessariamente, a intenção de matar ou machucar alguém. O 
sadismo, a inveja e o ódio surgem depois com o desenvolvimento humano (não são 
inatos). 
A principal conclusão do livro, ou uma das principais, é que o cuidado 
parental é essencial para o desenvolvimento humano (é esse modelo que é replicado 
nos tratamentos psicoterapêuticos). No capítulo 1 - Evacuation of Small Children – 
discorre-se sobre o programa de evacuação britânica e argumenta-se que a retirada de 
crianças de 2 a 5 anos do convívio de seus pais produz grandes problemas psicológicos 
(especialmente nas mais novas). Isso é justificado pelo entendimento que quanto mais 
jovem for a criança, menos habilidade terá para manter a ideia da pessoa viva dentro 
de si. 
Curiosidade: Para Winnicott, não são só as Pessoas depressivas, de qualquer 
idade - além das crianças que sofrem de deprivação - encontram dificuldades em 
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manter esse objeto vivo (as pessoas que ama) dentro de si. Isso ocorre também com a 
família que mora junto com a pessoa depressiva! 
Neste mesmo capítulo Bowlby é citado por sua classificação sobre o nível de 
perturbação medidos pelo modo de reagir das crianças vítimas de deprivação: 
A. Crianças ansiosas, podendo ser deprimidas ou não. 
B. Crianças fechadas em si mesma, tendendo a afastar-se de todo e 
qualquer relacionamento. 
C. Crianças ciumentas e briguentas. 
D. Crianças hiperativas e agressivas. 
E. Crianças com estados alternantes de exaltação e depressão.F. Crianças delinquentes. 
Essas são as dimensões, além disso, devemos classificar o grau de 
perturbação: 
I – Leve 
II – Razoavelmente sério (que se corrigirá com tratamento e 
compreensão) 
III – Distúrbio emocional profundo 
 
Após muitas pesquisas e as experiências no London Child Guidance Clinic, 
Winnicott concluiu que um fator importante na causa da delinquência é um período 
de separação prolongado do adolescente em relação a mãe na sua fase infantil. Algo 
em torno de 6 meses durante os primeiros cinco anos de vida. 
Destaco que, obviamente, quando tratamos de crianças, quase nunca é fácil 
reconstruir essa história de forma objetiva. Por isso é importante reconstruir a partir 
de observações do comportamento da criança no seu lar temporário. 
Bowlby, por sua vez, acreditava que a evacuação das crianças de suas cidades 
sem as mães poderia levar a uma série de desordens psicológicas, assim como 
aumentar a delinquência juvenil na década seguinte. 
No Capitulo 2 (Review of The Cambridge Evacuation Survey: A Wartime Study 
in Social Welfare and Education - Susan Isaacs), o autor, Susan Isaacs, afirma que a 
evacuação de crianças foi um evento necessário diante das circunstâncias da guerra. O 
problema era que o plano de evacuação foi pior do que se não tivesse ocorrido. 
Bowlby classificou as crianças vítimas dessa deprivação em seis grupos: 
a) Crianças ansiosas com ou sem sintomas depressivos 
b) Crianças que se isolam e que evitam relacionamentos com outras 
pessoas 
c) Crianças invejosas e briguentas 
d) Crianças com agressividade e hiperativas 
e) Crianças que alternam o humor entre depressão e o contentamento 
incontido (júbilo). 
f) Crianças delinquentes 
As crianças eram classificadas nesses seis modos de agir. Também eram 
classificadas de acordo com o nível de desordem exibido de acordo com três graus: 
Grau I – pequenas dificuldades no relacionamento social e escolar; na 
maioria dos casos apenas um simples tratamento e compreensão levam à adaptação. 
Grau II – sério desajuste, necessita de tratamento clínico fundamentado em 
cuidado e atenção. 
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Grau III – indica um severo distúrbio emocional que, a menos que seja 
devidamente tratado nos estágios precoces, vai levar a sérios problemas no futuro. 
Recomendo que já se acostume com as classificações de Bowlby. Essa 
classificação não é totalmente fechada e pode variar com estudos futuros. 
Sobre a capacidade de compreensão de acordo com as idades, Winnicott 
afirma que crianças mais velhas (com 5 anos, por exemplo) tendem a ter maiores 
impactos indiretos com a guerra em si que crianças mais novas. O texto do Capítulo 
III (Children in the War) fala como as crianças, de diferentes faixas etárias, tendem a 
lidar com a ideia da guerra. Apesar de ser interessante essa distinção, não nos interessa 
para fins de concurso. 
O que nos interessa está fora desse livro: 
No artigo "Crianças na guerra" (1940b/1999), Winnicott escreveu a respeito 
de como é possível compreender o efeito da guerra nas crianças e sobre a capacidade 
que elas teriam para entende–la. De acordo com o autor, seria necessário conhecer 
inicialmente as ideias e os sentimentos que a criança já possui "naturalmente" e sobre 
os quais as notícias da guerra seriam inseridas. Para Winnicott, as crianças lidam com 
"guerras pessoais" travadas em seu íntimo, possuem um mundo interno rico e já 
possuem conhecimentos sobre cobiça, ódio e crueldade, sobre amor e remorso, sobre o 
impulso para fazer o bem e sobre a tristeza. "As crianças pequenas compreendem 
muito bem as palavras bom e mau, e não adianta dizer que, para elas, essas ideias estão 
apenas na fantasia, uma vez que, na verdade, seu mundo imaginário pode parecer–lhes 
bem mais real do que o mundo externo" (1940b/1999, p. 28). 
Fonte: Guizzo (2012) 
 
Quando as crianças são tomadas de seus pais, fortes sentimentos emergem. 
Esses sentimentos surgem não só nas crianças, como também na família que perdeu a 
guarda da criança e a família adotiva. Winnicott apelas aos pais temporários na carta 
intitulada “The Evacuated Child”. Ele diz que os pais temporários devem assumir o 
papel de pais, mesmo que apenas durante um tempo, para se relacionarem melhor 
com as crianças que acolheram. 
Em um Capítulo posterior (The Return of the Evacuated Child), Winnicott 
afirma que a volta da criança evacuada não é um ato simples. Para as crianças que se 
deram bem em seus lares provisórios, a volta pode ser uma decepção. Se os pais 
originais mantiverem o contato com a criança em suas famílias adotivas, o regresso 
emocional será bem menos complicado. 
Como você já sabe, existe um limite na capacidade infantil em manter viva a 
ideia de alguém que ama sem manter contato com a pessoa. O mesmo pode ser dito 
dos pais e, por extensão, para todos os seres humanos. Assim, no caso dos pais 
originais, o lado ruim de perder a guarda das crianças é que, depois de um tempo, eles 
param de se sentir responsáveis pelas crianças. Winnicott encontrou muitos casos em 
que mães começaram a trabalhar, tiveram outras crianças ou até casos em que tinham 
dificuldades de lembrar onde seus filhos estavam. E mais uma vez ele manifesta a 
importância de manter contato periódico com os filhos em seus lares provisórios. 
Em muitos momentos do livro, Winnicott é jocoso ao indagar se os pais 
biológicos não estariam mais felizes sem seus filhos – afinal, sobraria mais tempo para 
cuidar de si, para investir em planos novos. Felizmente ele sempre retorna o senso de 
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que os pais que vivem a situação de perder o contato com seus filhos se sentem, na 
maioria das vezes, vazios de sentido. 
Aqui temos de fazer uma parada para citar um ponto fundamental do 
capítulo em questão: 
Segundo Winnicott, a comparação maior feita pela criança não é entre a casa 
nova e a casa antiga, mas entre a casa antiga e a casa idealizada em sua mente. Nesse 
contexto, ele encontrou várias crianças que vinham de lares ruins, mas que tinham 
imagens maravilhosas em suas memórias. Quando a criança regressa à casa real, com 
suas fantásticas expectativas, ocorre uma desilusão ao mesmo tempo em que ela 
percebe que tem um lar. Essa adaptação leva tempo, e deve ser encarada com paciência 
e naturalidade. 
Fonte: Winnicott (2006) 
 
Ainda sobre o processo de idealização: 
Quanto mais tempo a criança fica longe de casa, mais ela tende a idealizar o 
ambiente em que vivia. O ato de idealizar não é um problema, ao contrário, nos trás 
conforto e prazer. O problema é quando essa idealização se distancia demais da 
realidade. Em tempos de guerra, em especial, é possível que essa idealização não seja 
totalmente controlada pela criança e leve a fantasias de batalhas perto de casa, pessoas 
mortas na cozinha ou a casa demolida. 
Fonte: Winnicott (2006) 
 
O seu retorno para casa pode inaugurar uma nova era de imaginação, 
novamente ligada à realidade, e de encerramento das fantasias negativas que possuía. 
Além disso, Winnicott lista uma série de características (não exaustivas) que indicam 
que a criança está dando um passo além na reintegração ao seu lar: desperdiçar 
comida, pirraçar, testar os adultos (i.e. pequenos furtos), testar a mãe sobre o quanto 
ela é a verdadeira mãe, etc. Essas são características que são apresentadas em função da 
criança se sentir segura novamente. Ela, que antes cumpria a função de mãe e pai de si 
mesma, agora volta a ser criança. 
Winnicott faz uma divagação interessante: “Não é apenas a comida e o abrigo 
que contam, e nem a provisão de ocupações para momentos livres. Penso que essas 
coisas são suficientemente importantes. Podem ser providas em abundânciae ainda 
assim o essencial estará faltando se os pais de uma criança ou seus pais 
adotivos/guardiões não assumirem a responsabilidade pelo seu desenvolvimento. 
Existe um assunto que mencionei da necessidade de feriados do autocontrole. Devo 
dizer que, para que a criança se desenvolva a ponto de descobrir as profundezas de sua 
natureza, alguém tem de desafia-la e, algumas vezes, até odiá-la. E quem melhor para 
fazer isso que os próprios pais (que podem odiar sem oferecer perigo de uma ruptura 
de relação)?”. 
A volta para casa não é fácil, além dos problemas normais no convívio com 
crianças, é preciso gradualmente reconquistar a confiança e readaptar-se à vida em 
família. É preciso colocar limites também! E ele recomenda que desde início a família 
original mostre uma postura enérgica nos limites do que mostrar essa postura depois – 
seria uma quebra de confiança mostrar limites apenas após a criança começar a 
demonstrar comportamentos de desafio. 
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O Capítulo 8 (Residential Management as Treatment for Difficult Children) é 
um capítulo é de menor importância para o nosso concurso, porém, listo uma série de 
conclusões do autor que podem ser estendidas ao contexto de atuação profissional: 
a) O diagnóstico adequado de crianças só pode ser feito após a criança ser 
observada em grupo em um bom período de tempo –o ideal seriam três meses. 
b) Deve-se investigar a existência ou a não-existência de um lar original 
estável no imaginário da criança. Caso esse retrato existe, o lar adotivo deve sempre 
relembrar de onde a criança veio. Caso não exista, o lar adotivo provisório deve 
proporcionar uma referência primária, incentivando a superposição de que a casa 
original é o ideal de seus sonhos – para que o lar provisório seja pobremente 
caracterizado na fantasia infantil. 
c) É importante conhecer as anormalidades que existiam em seu lar de 
origem. 
d) Também é importante saber a qualidade da relação entre a criança e 
sua mãe biológica. 
e) É importante observar alguns indicadores de adaptação, como a 
habilidade de brincar, de perseverar em tarefas e de fazer amigos. Quando essas 
variáveis estão bem encaminhadas, há um forte indício de saúde na criança. Crianças 
ansiosas mudam frequentemente de amigos e crianças com sérios distúrbios apenas 
conseguem integrar grupos quando esses grupos são verdadeiras gangues – segundo 
Winnicott, organizadas para perseguir algo. A maioria das crianças tiradas à força de 
seus lares e levadas para os abrigos eram incapazes de brincar, de persistir em tarefas 
construtivas ou de estabelecer amizades. 
f) Crianças com atrasos no desenvolvimento devem ser agrupadas com 
outras crianças com atrasos no desenvolvimento. 
Quanto a ela letra “f”, peço que se lembre que não estávamos nem na segunda 
metade do século passado! 
No Capítulo 9 (Children’s Hostels in War and Peace), o autor fala que para 
lidar com crianças com tendências antissociais, é inútil recomendar apenas a 
psicoterapia. O melhor tratamento é operar resultados através do próprio grupo de 
convívio. Essa orientação é justificada pelo fato que a mudança implica em perda de 
algo vital na relação e que quando é o grupo que indica o caminho da mudança, a 
criança é capaz de fazer trocas adequadamente. 
Para concluir essa primeira parte do livro e introduzir a próxima parte, 
destaco: 
...lembrava-me da recomendação de Winnicott de que, na conduta 
antissocial, o tratamento psicanalítico deveria ser acompanhado de assistência ao 
ambiente, já que o paciente com seu comportamento, por determinação inconsciente e 
também consciente, compele alguém a se encarregar de cuidar dele. 
É o que acontecia com Mariana quando, inúmeras vezes, batia com o carro e 
recorria ao pai porque estava sem os documentos necessários, ou quando esperava a 
iniciativa e ajuda da mãe para limpar e arrumar o seu quarto ou mesmo cuidar de sua 
higiene pessoal, ou em situações mais graves e arriscadas, como quando, de maneira 
inocente ou inconsequente, aceitou trazer uma encomenda de um amigo, ao voltar de 
uma viagem ao exterior, e depois constatou tratar-se de um pacote de maconha, Os 
pais se afligiam por tudo isso e é fácil ter empatia por seus sentimentos de 
preocupação e de exasperação, pois no comportamento repetido de Mariana 
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encontramos o que Winnicott denomina de "o valor de incômodo dos sintomas" como 
característica sempre presente na expressão da tendência antissocial. Ao cuidar de uma 
criança, esclarece Winnicott, a mãe está constantemente lidando com o valor de 
incômodo do seu bebê, que se manifesta, por exemplo, quando o bebê urina no seu 
colo enquanto está sendo amamentado, ou quando a desperta várias vezes à noite ou 
em tantos outros detalhes de cuidado do cotidiano. Entretanto, acrescenta Winnicott, 
qualquer exagero no valor do incômodo de um bebê já pode significar um certo grau 
de privação e sinais de uma tendência antissocial. Assim, desde a incontinência 
urinária, ao roubo, às mentiras, à vadiagem e à conduta desordenada e caótica, em 
todos esses sintomas, embora cada um com seu significado e valor específico, existe o 
elemento importante que é o transtorno, a perturbação que causa ao ambiente. 
Fonte: Vilete, 2005. 
 
Na segunda parte do livro (The Nature and Origins of the Antisocial 
Tendency) é discutida as raízes da agressão e da tendência antissocial. 
A agressividade infantil não pode ser entendida apenas como o surgimento 
de um instinto primitivo – isso é uma falsa premissa. A agressão deve ser entendida 
como algo inato coexistente com o amor. Winnicott defende que, do ponto de vista 
social, a agressão cumpre o papel de trazer a atenção dos outros para si. Pelos casos 
descritos no livro podemos observar que as crianças agressivas conseguem mais que 
meramente agredir colegas e familiares, conseguem atenção, cuidados e amor. É digno 
destacar que algumas vezes a agressão aparece não quando o bebê ou a criança está 
frustrada, mas quando está empolgada (mamando, por exemplo). 
O objetivo do bebê é a gratificação e a pacificação da mente e do corpo. A 
gratificação proporciona paz, mas o bebê percebe que para obter essa gratificação, ele 
põe em perigo o que ama. Quando ele fica frustrado, ele deve odiar alguma parte de si 
mesmo, a menos que tenha alguém externo a ele para ser odiado. 
A agressividade é entendida como uma reação direta ou indireta à frustração 
e é uma das muitas fontes de energia do indivíduo. Ela é saudável quando sob 
controle – é aproveitável para dar força ao trabalho de reparação e restituição. Para 
Winnicott, um dos objetivos na construção da personalidade é tornar o indivíduo 
capaz de drenar cada vez mais o instintual. Isso envolve a capacidade crescente para 
reconhecer a própria crueldade e avidez, que então, e só então, podem ser dominadas e 
convertida em atividade sublimada. 
É usado, ao longo do capítulo em questão, a expressão “voracidade”, que 
significa a fusão original de amor e agressão. Outra expressão usada é a “avidez”, 
entendida como um sintoma antissocial comum. E não deve ser entendido como um 
retrato da onipotência infantil, mas uma consequência da deprivação. A avidez é parte 
da compulsão do bebê para buscar uma cura por parte da mãe que causou a privação. 
Essa avidez é antissocial e precursora do furto e pode ser entendida e curada pela 
adaptação terapêutica da mãe através de mimos e carinhos. 
E como diferenciar a agressividade da tendência antissocial? Uma 
característica fundamental da criança antissocial é o fato de não haver em sua 
personalidade nenhuma área para o brincar: este é substituído pela atuação (acting 
out). A criançaantissocial procura, de um modo ou de outro, violenta ou gentilmente, 
fazer com que o mundo reconheça seu débito, ou tenta fazer o mundo reconstruir a 
moldura que foi quebrada. 
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Winnicott dá maior ênfase à importância do ambiente humano (mãe) na 
identificação e na tendência inata da criança para o envolvimento. Na época dos 6 
meses aos 2 anos a privação ou a perda podem ter consequências devastadoras para a 
capacidade de formar vínculos e o processo de sociabilização decorrentes da tendência 
inata podem se perder ou se obstruir. 
O Capítulo 12 (The Absence of a Sense of Guilt) é um capítulo 
interessantíssimo por propor um roteiro pelo qual a criança desenvolve o 
comportamento antissocial e estabelece-o como uma rotina sem o sentimento de 
culpa. Esse sentimento de culpa é um sentimento moral que, segundo Winnicott, 
existe, mas é perdido quando os ganhos secundários são alcançados. Assim, a melhor 
época para tratar tais tipos de tendências é antes desses ganhos secundários – até essa 
fase, a criança se sente desconfortável por ser compelida a roubar ou destruir. 
O padrão descrito por Winnicott é o seguinte: 
1. As coisas vão bem para a criança; 
2. Alguma coisa causa distúrbio a esse ambiente pacífico; 
3. A criança é exigida além da capacidade (as defesas do ego são 
demolidas); 
4. A criança é reorganizada na base de um novo padrão de defesa do ego, 
inferior em qualidade; 
5. A criança começa a se tornar esperançosa novamente e organiza atos 
antissociais por esperança – esperança de compelir a sociedade de retornar ao estado 
anterior, esperança de reconhecer o fato; 
6. Se isso ocorre, então a criança pode atingir um estado anterior antes do 
período de deprivação e redescobrir o bom objeto e o bom controle humano que pode 
exercer sobre o ambiente quando experienciar impulsões, incluindo impulsos 
destrutivos. 
Para que fique mais claro, a criança usa o comportamento antissocial, que é 
natural e inato (lembre-se da agressividade) para levar o ambiente que o cerca a exibir 
algum tipo de comportamento (reestabelecer o status quo anterior à deprivação). 
Assim, quando isso funciona, ele aprende a lógica por detrás desse comportamento e o 
afirma em seu ego como uma defesa. 
Um ponto que ele destaca é que não podemos descartar a possibilidade de 
que algumas crianças nasçam totalmente amorais. Mas que mesmo assim, isso não 
significa nada no estudo do desenvolvimento humano através do cruzamento de 
fatores maturacionais e ambientais. 
No Capítulo 13 (Some Psychological Aspects of Juvenile Delinquency), é 
retomado o conceito de delinquência derivado da deprivação familiar. Para Winnicott, 
o comportamento antissocial é um pedido de socorro, pedindo o controle de pessoas 
fortes, amorosas e confiantes. 
Winnicott exemplifica: quando uma criança rouba açúcar, está procurando 
pela mãe suficientemente boa de quem ele tem o direito de pegar qualquer doce dela. 
Ele também procura pelo pai, que irá proteger a mãe de seus ataques (aqueles 
realizados no exercício de seu amor primitivo). Quando uma criança rouba fora de 
casa, ainda procura pela mãe, mas com um maior senso de frustração e uma maior 
necessidade de encontrar, ao mesmo tempo, uma autoridade paternal que possa 
colocar limites em seu comportamento impulsivo. No caso da delinquência, seria a 
busca de um pai restritivo, que pode ser amoroso, mas que deve ser primeiro enérgico 
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e limitador. Só assim a criança retoma seus impulsos primitivos de amor, seu senso de 
culpa e sua vontade de se recuperar. 
A menos que isso aconteça, o delinquente se tornará cada vez mais e mais 
inibido no amor e mais deprimido e despersonalizado, e, eventualmente, incapaz de 
sentir a realidade das coisas como são, a não ser pela realidade da violência. 
A delinquência indica que alguma esperança permanece. 
Aqui é interessante fazer uma distinção. Enquanto a criança normal cria, nos 
primeiros estágios da vida, um ambiente interno saudável (a partir do qual é capaz de 
controlar seus impulsos), a criança antissocial não tem a chance de construir um 
ambiente interno saudável, o que gera uma necessidade de controle do ambiente. 
Winnicott também fala que é mais fácil tratar crianças no meio termo dessas 
duas condições (normal e antissocial) caso elas sejam mais jovens. 
No Capítulo 14 (The Antisocial Tendency), começa-se diferenciando a 
tendência antissocial da delinquência. Esta última é um complexo de defesas 
antissociais sobrecarregadas de ganhos secundários e reações sociais que tornam difícil 
o trabalho do investigador de chegar ao seu âmago. A tendência antissocial, por sua 
vez, pode mais facilmente ser estudada em crianças normais ou quase normais. 
Lembre-se que a tendência antissocial não é um diagnóstico, e não é comparável a 
outros diagnósticos como neurose e psicose. 
Winnicott fala que o tratamento da tendência antissocial não é a psicanálise, 
mas o gerenciamento da esperança através de uma assistência ambiental especializada. 
Em um momento posterior do texto ele fala que o tratamento deve fazer com que a 
criança experimente novamente os impulsos do Id para que os mesmos sejam testados 
através da estabilidade de um novo ambiente social – é essa relação que constitui o 
tratamento efetivo. O ambiente deve propiciar novas oportunidades para que o ego se 
reconstrua! 
Quanto a separação (Capítulo 15 – The Psychology of separation), 
Winnicott fala que se a perda ou privação aconteceu num estágio de desenvolvimento 
emocional em que a criança ou bebê ainda não é capaz de uma reação a ela, o ego 
imaturo não pode lamentar a perda, não pode sentir o luto. 
Na parte III do livro (The Social Provisiona), Winnicott afirma que se o 
problema não é resolvido em casa, a criança delinquente deverá ser encaminhada para 
um alojamento para crianças desajustáveis (reformatório). Se falhar será remetido pelo 
Tribunal para um Instituto Correcional ou prisão. Além disso, faz uma avaliação da 
privação afirmando a importância da história pregressa da criança; o uso da terapia e 
da administração ambiental na recuperação de delinquentes. Depois, discorre sobre 
algumas funções sociais: 
a) Lares adotivos: depois que as crianças sentem-se seguras, vem o ódio pela 
privação que passou. É importante que os pais adotivos saibam compreender e lidar 
com isso. 
b) Alojamento/Instituições: provisão de roupas, comida, teto. 
c) Hospital psiquiátrico: para casos mais graves. 
d) Prisão: quando falhou a tentativa de correção terapêutica. 
Além disso, ele apresenta seis categorias úteis para classificar o nível de 
desestruturação dos lares (Capítulo 21 – The Deprived Child and How He can be 
Compensated for Loss of Family Life): 
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1. Lar regularmente bom com distúrbio causado por acidente envolvendo 
um dos pais ou os dois. 
2. Lar partido pela separação dos pais (os dois são bons pais). 
3. Lar partido pela separação dos pais (os dois não são bons pais). 
4. Lar incompleto pela falta de um pai (filho bastardo). A mãe é boa e os 
avós assumem o papel parental de alguma forma. 
5. Lar incompleto pela ausência de pai e a mãe não é suficientemente boa. 
6. Lar inexistente. 
 
Outras variáveis que irão influenciar na classificação do tipo de distúrbio e na 
sua gravidade: 
a. Idade da criança 
b. Natureza e nível de inteligência da criança 
c. Diagnóstico psiquiátrico 
 
Tópico EXTRA para a SEDEST: A fala da 
criança e do adolescente na Justiça. 
 
 Algumas perguntassimples, mas essenciais: 
1. O que é a fala da criança e do adolescente? 
2. O que pode ser considerado e o que não pode ser considerado útil na fala da 
criança e do adolescente? 
3. Qual a relevância da fala da criança e do adolescente na justiça? 
4. A “fala” da criança e do adolescente é a mesma coisa que depoimento? 
 
A fala da criança e do adolescente no contexto jurídico, e em qualquer 
contexto, é a sua expressão verbal sobre fatos ocorridos, desejos, necessidades e 
vontades. É a comunicação que eles fazem com os profissionais do Ministério Público, 
Conselho Tutelar, Psicólogo, Assistente Social e até Juízes. Toda fala é relevante e 
deve ser ouvida para uma primeira triagem. Essa triagem, feita por qualquer 
profissional envolvido no sistema de garantias e direitos de proteção ao menor tem a 
função de decidir a relevância ou o encaminhamento das informações apresentadas. 
Sobre isso: 
A escuta de crianças, no contexto jurídico, vem sendo defendida como um 
direito fundamental dos menores de idade. Alude-se, com freqüência, ao artigo 12 da 
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989), o qual expressa o 
direito de a criança ser ouvida em procedimentos judiciais que lhe digam respeito. Na 
visão de Mônaco e Campos (2005): 
Esse direito assume relevantes funções, por exemplo, na determinação da 
guarda da criança quando da dissolução do vínculo que une eventualmente os 
seus pais, bem como nas decisões que visem a rever uma guarda 
anteriormente deferida, além das hipóteses de adoção, quando a oitiva da 
criança se faz necessária (p.9). 
O Brasil, além de signatário da citada Convenção, incorporou os postulados 
básicos desta ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) que, no capítulo 
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II, dispõe sobre o direito da criança à liberdade, ao respeito e à dignidade. No artigo 
16, a referida legislação expõe aspectos que compreendem o direito à liberdade, como 
a opinião e a expressão. 
Em nosso sistema de justiça, a escuta de crianças e adolescentes é feita, 
geralmente, por assistentes sociais e psicólogos que compõem as equipes 
interdisciplinares dos juízos, justificando-se que dispõem de recursos técnicos mais 
apropriados à escuta em pauta. 
Fonte: BRITO, Leila; AYRES, Lygia and AMEN, Marcia. A escuta de crianças no 
sistema de justiça. Psicol. Soc. [online]. 2006, vol.18, n.3 [cited 2015-11-21], pp. 68-
73 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822006000300010&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1807-
0310. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822006000300010. 
 
A fala da criança e do adolescente no contexto da justiça apresenta um papel 
bastante diferenciado em relação à fala no contexto clínico. Isso ocorre tanto pelo seu 
caráter de depoimento, na maioria das vezes, quanto pela limitação que o psicólogo 
tem de intervir na saúde mental do paciente. O campo da justiça raramente coloca o 
psicólogo em situações de atendimento clínico para a intervenção sobre a saúde. 
Assim, a fala da criança serve para diagnóstico e, em regra, pouco contribui para o 
tratamento imediato dos problemas psicológicos que as levaram à seara jurídica. Em 
geral, os psicólogos estão comprometidos com o modelo de Depoimento sem Danos. 
Essa é a perspectiva que quero que leve para o seu concurso! 
Se temos a fala no contexto da justiça, também temos a escuta, correto? Sim, a 
escuta no campo da justiça também adquire um novo significado. O papel da escuta 
clínica enquanto prática profissional psicológica é uma ferramenta primordial para a 
atuação do psicólogo. Esse termo foi lançado por Freud e permanece até hoje. A 
escuta na área clínica, independente da abordagem considera a sua proposta 
terapêutica, pois já é uma intervenção prática. 
Na área da justiça a condição terapêutica da escuta deixa de existir. Ocorre 
apenas a escuta e ela é realizada por qualquer profissional do sistema. O profissional 
tem compromisso com o processo de justiça e a intervenção terapêutica fica, portando, 
em segundo plano. Legalmente, esse processo ganha outros nomes, como oitiva, 
depoimento, entrevista, etc. 
ATENÇÃO: na justiça, a relação da fala e a escuta de crianças e adolescentes deixa de 
ter compromisso com a intervenção de saúde e desenvolvimento de relação 
transferencial para enfatizar a promoção da justiça. 
Tudo o que a criança e o adolescente falam é verdadeiro? Deve ser considerado 
como real? Não. Nesse ponto está a importância de considerar seus depoimentos para 
iniciar, por exemplo, processos de suspeita de abuso sexual, mas não para condenar. 
Em outras palavras, o relato da criança é suficiente para promover o indiciamento por 
abuso sexual, não para garantir a condenação. 
Sobre isso: 
À palavra da criança, neste tipo de crime, em determinadas 
horas é dada especial relevância, em outras é questionável, duvidosa. O 
certo é que, pelo que se pode apurar nos julgados do Tribunais 
anteriormente citados, a palavra da criança deve ser coerente e concisa 
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em todas as vezes que precisar depor, além da necessidade de 
apresentar-se junto a algum outro indício ou evidência; do contrário, 
torna-se frágil. Verificando-se, assim, a vital importância da preparação 
dos profissionais que extraem a verdade da criança. 
Não se pretende, e importante deixar claro, defender a tese de 
que a criança sempre estará narrando o fato tal como aconteceu, mas 
alertar de que cuidados específicos devem ser tomados quando de sua 
oitiva, seja na fase policial ou judicial, já que se trata de um ser munido 
de condição peculiar, ou seja, merecendo tratamento diferenciado do 
adulto, que lhe garanta proteção integral e prioridade no atendimento; 
previsão constitucional, reforçada e especificada pelo estatuto da 
criança e do adolescente. 
No tocante aos procedimentos para a oitiva da criança, o que 
existe hoje no brasil é, tão somente, uma adequação da forma utilizada 
para os adultos, conforme previsão do código de processo penal, além 
de algumas iniciativas isoladas, chamadas de ‘psicologia do testemunho’ 
e ‘depoimento sem dano’, que deu origem ao projeto de lei n. 35/2007, 
do Senado Federal. 
Com base nos julgados, conclui-se que a palavra da vítima 
influencia a decisão do magistrado quando coerente e corroborada por 
outras provas constantes dos autos, sendo raras as situações em que 
decidem com base unicamente no seu depoimento, embora aconteça, 
mas, ainda assim, é exigida forma lógica e sem contradições. 
Ainda, quando há incoerência na fala da criança, se não apoiado 
por outra prova, remete-se à fabulação ou sugestionabilidade, não 
sendo considerada a possibilidade de confusão, natural diante da 
agressão de que foi vítima, muitas vezes praticada por pessoa por quem 
nutria amor e admiração, além de inerente ao estágio de 
desenvolvimento psíquico-emocional do infante frente a fato tão 
complexo para si. 
Sendo assim, o estudo em tela revela a necessidade emergente 
da conscientização dos profissionais que atendem situações como as 
apresentadas, relativas ao abuso sexual infantil, de que é imprescindível 
a intervenção multidisciplinar, já que há possibilidade de atuação 
punitiva, protetora e terapêutica, objetivando, assim, a produção de 
uma prova de qualidade, favorecendo o processo e o poder punitivo do 
estado, além da proteção integral ao menor. 
Fonte: Mônica Jacinto. O valor da palavra da vítima nos crimes de abuso 
sexual contra crianças nos julgados do Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/13130/o-valor-da-
palavra-da-vitima-nos-crimes-de-abuso-sexual-contra-criancas-nos-
julgados-do-tribunal-de-justica-de-santa-catarinaSe por um lado há uma real necessidade de oferecer o apoio psicológico a eles 
para fortalecer o restabelecimento dos laços afetivos e sociais rompidos por vivências 
traumáticas, é inegável que o compromisso do psicólogo nesse tipo de processo é com 
a prova pericial. 
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 Mas Alyson, toda fala da criança e adolescente é um depoimento? É uma 
prova? Obviamente que não, a criança será ouvida, por exemplo, na colocação em 
família substituta. No entanto, reafirmo que a análise do discurso tem o condão de 
produzir provas para o processo na justiça. 
 
 
Depoimento sem dano e o problema da 
“Escuta” do psicólogo. 
 
O chamado Depoimento sem Dano (DSD) consiste na oitiva de crianças e 
adolescentes em situação de violência. O depoimento é tomado por um técnico 
(psicólogo ou assistente social) em uma sala especial, conectada por equipamento de 
vídeo e áudio à sala de audiência, em tempo real. O técnico possui um ponto 
eletrônico, através do qual o juiz direciona as perguntas a serem feitas à criança. Além 
disso, o depoimento fica gravado, constando como prova no processo. 
 Sobre isso: 
 
José Antônio Dalto e Cezar (2007b), Juiz da 2ª Vara da Infância e da 
Juventude de Porto Alegre (RS) esclarece que o DSD, uma iniciativa de sua autoria, 
vem sendo utilizado para se obter o depoimento de crianças desde seis de maio de 
2003. De acordo com esse procedimento, a oitiva de crianças deve ser realizada em 
recinto especial, acolhedor, equipado com câmeras e microfones. No local devem estar 
presentes somente a criança e o técnico responsável pela inquirição, sendo contra-
indicado que a oitiva seja feita na sala de audiências. O técnico encarregado da 
inquirição, quase sempre um psicólogo ou um assistente social, munido de um ponto 
eletrônico, repassa as perguntas formuladas pelo magistrado ao depoente, no caso, à 
criança. No local destinado às audiências, o juiz, o representante do Ministério 
Público, os advogados, o acusado - se for o caso - e funcionários do judiciário assistem 
ao depoimento da criança, que é transmitido em tempo real. Para viabilizar o 
acompanhamento da inquirição pelos presentes na sala de audiências, os dois 
ambientes são interligados por um sistema de áudio e vídeo. 
Fonte: BRITO, Leila Maria Torraca de; PARENTE, Daniella Coelho. Inquirição 
judicial de crianças: pontos e contrapontos. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 24, n. 
1, abr. 2012 . Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822012000100020&lng=pt&nrm=iso>. acessos 
em 26 dez. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822012000100020. 
 
 Entendeu o que é o depoimento sem dano (ou depoimento com danos 
reduzidos / depoimento especial)? Agora você precisa saber da posição dos Conselhos 
de Psicologia. 
Com base nos temas discutidos durante encontros dos psicólogos jurídicos do 
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Arantes (2007) observa que o mal-
estar vem sendo gerado pela introdução de programas que não respeitam as 
delimitações tradicionais dos campos da psicologia e do direito. A autora cita 
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programas tais como a Justiça Terapêutica e o Depoimento sem Dano, nos quais o 
psicólogo é chamado para atuar de maneira conflitante com sua formação profissional 
ao reproduzirem, segundo Arantes, práticas normalizadoras e de controle. Essa autora 
questiona se por meio dessas práticas a sociedade contemporânea não estaria diante de 
um novo regime de dominação, sobre o qual ainda não se tem clareza. 
Outra questão levantada por Arantes (2007) e outros autores (Brito, s/d; 
Verona e Castro, 2008) bastante controversa e importante nas situações de violência 
sexual contra crianças e adolescentes é a participação do psicólogo na oitiva das 
vítimas para produção de prova e responsabilização da pessoa acusada como autor da 
violência. No Estado do Rio Grande do Sul vem sendo desenvolvido o método 
denominado Depoimento sem Dano – DSD. A experiência constitui-se na tomada do 
depoimento da vítima, o qual é realizado com a intermediação de um profissional de 
psicologia ou do serviço social, em uma sala separada por vidro de espelho 
unidirecional, liberando a criança ou adolescente de depor diretamente ao corpo 
jurídico que compõe a audiência – juiz, promotor e advogado de defesa (Cezar, 2007). 
Os idealizadores do DSD entendem que essa proposta evita a repetição de 
depoimentos e a exposição da vítima ao contexto inóspito de uma audiência. Além 
disso, segundo Cezar (2007), o DSD favorece a “indispensável observância dos 
princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa...” (p. 60), legitimando a 
intervenção jurídica tanto na condenação quanto na absolvição do acusado. 
O Depoimento sem Dano é, no momento, tema que vem gerando vários 
debates, desde que o Conselho Federal de Psicologia – CFP assumiu publicamente 
sua posição contrária ao Projeto de Lei no 7.524/06. Entre vários questionamentos, o 
CFP considera que no procedimento DSD o psicólogo deixa de desenvolver o seu 
exercício profissional para atuar como um mediador do juiz, “procurando ganhar a 
confiança das supostas vítimas para que venham a falar, e a constituir a prova contra os 
acusados, possibilitando, assim, a produção antecipada dessa prova no processo penal, 
antes mesmo do ajuizamento da ação” (Verona e Castro, 2008, s/p). 
Arantes (2007) compreende a participação do psicólogo nesse espaço de 
atuação como uma duplicação do magistrado, cujo objetivo é tão somente colher o 
depoimento de uma vítima, conforme a necessidade do processo. Para a autora 
mencionada, ouvir a criança em uma audiência não é a mesma coisa que ouvi-la em 
uma entrevista, consulta ou atendimento psicológico, situações em que a escuta do 
psicólogo é orientada pelas demandas e desejos da criança e não pelas necessidades do 
processo. A autora também alerta para o fato de que em um processo criminal, no qual 
o depoimento da criança é gravada, sua voz se estenderá para além da decisão judicial, 
sendo possível que sua fala e expressões possam ser indefinidamente revistas e 
reinterpretadas. 
Padilha e Antunes (2009), por sua vez, destacam o longo período entre a 
revelação do abuso, isto é, o primeiro relato da criança sobre o abuso sofrido, e seu 
depoimento em juízo. Destacam também a exposição da vítima a múltiplas entrevistas 
e a possibilidade de o seu relato ser desvirtuado durante todo esse percurso. Esses 
fatores associados à 1) necessidade de responsabilização do agressor como elemento de 
coibição do abuso sexual, 2) ao constrangimento provocado pela exposição da criança a 
um ambiente inapropriado como o de uma corte judicial e 3) ao sofrimento da criança 
em reviver repetidas vezes as lembranças doloridas são considerados pelos autores 
como justificativas suficientes para que o Depoimento sem Dano seja prática aplicada 
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para produção de prova antecipada. 
Quanto à crítica ao papel do psicólogo de inquirir e fazer o papel de um 
operador da Justiça, Padilha e Antunes (2009) ressaltam que, de fato, a prática clínica 
e a prática forense se diferenciam e o psicólogo forense está a serviço do sistema legal. 
Portanto questionam: 
se o psicólogo forense está a serviço do sistema legal, por que não 
realizar entrevista(s) em um ambiente mais adequado, de forma a 
minimizar o impacto do depoimento de uma criança que já foi 
submetida a diversos abusos ao longo desse trajeto? (p. 182) 
E acrescentam, com propriedade, que o depoimentoda criança não implica 
apenas na criminalização do agressor, mas é a “possibilidade de proteger essa criança 
de revitimizações...” (p. 182). 
 
 O Conselho Federal de Psicologia - CFP lançou a Resolução 10/2010, que 
regulamenta a escuta psicológica de crianças e adolescentes em situação de violência. 
A resolução “Institui a regulamentação da Escuta Psicológica de Crianças e 
Adolescentes envolvidos em situação de violência, na Rede de Proteção”. 
 Essa resolução vedava a participação do profissional de psicologia no 
depoimento sem dano. O CFP – em minha modesta opinião – inviabilizava o 
trabalho de colheita de provas pelo profissional mais capacitado e indicado para esse 
trabalho. Alegaram todo aquele blá blá blá clássico do CFP (temos de discutir mais, 
social, revitimização, escuta, e depois de discutirmos mais vamos discutir mais ainda, 
nota de repúdio, etc.)1. 
Mas, como o CFP só serve para propagar o medo nos recém-formados em 
psicologia, em 2012 o CFP perdeu2: 
 
A Justiça Federal no Rio de Janeiro suspendeu, em todo o território 
nacional, a Resolução nº 10/10, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), 
que regulamenta a escuta psicológica de crianças e adolescentes em situação de 
violência. 
A decisão liminar da 28ª Vara Federal ocorreu no dia 9 de julho, 
mas a informação só foi divulgada terça-feira(17.07) pela Procuradoria da 
República no Rio de Janeiro. A ação foi movida pelo Ministério Público 
Federal e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. 
Pelo entendimento da Justiça, a resolução inviabiliza a atuação dos 
psicólogos na inquirição de crianças e adolescentes em situação de violência, já 
que impede esses profissionais de fazer perguntas diretas aos menores.(notícia 
completa aqui) 
 
Em 2013 o CFP perdeu: 
 
																																																								
1 Na opinião do professor, sim, o CFP é uma instituição milionária, pouco 
competente e dominada ideologicamente por uma corrente política. É 
uma instituição moribunda. 
2 Fonte: Blog do JG: http://bloggjg.blogspot.com.br/2013/05/conselho-
federal-de-psicologia-tem.html 
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O juiz da 1º Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará, após 
manifestação e defesa do Conselho Federal de Psicologia e do Conselho 
Federal de Serviço Social acerca da validade dos atos normativos 
questionados, julgou procedente a ação civil pública e determinou a suspensão 
das resoluções em todo o território nacional, bem como a abstenção dos 
conselhos de fiscalização de aplicar penalidades éticas aos profissionais que 
atuam na escuta psicológica da criança e do adolescente. 
Desse modo, a Resolução CFP nº 010/2010 encontra-se suspensa em 
todo o território nacional, e o sistema conselhos em razão da determinação 
judicial se absterá de fiscalizar profissionais em razão da inobservância do 
ato normativo questionado. (notícia completa aqui). 
 
 Segundo o Ministério Público Federal: 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio do Procurador da 
República signatário, no exercício das atribuições de Procurador Regional dos 
Direitos do Cidadão, e com fundamento nos arts. 129, II e m, da CF e ar1. 
6°, XX, da LC 75/93, e nos termos da Res. CSMPF n. 87/2006, 
1352/2010, que tem por objeto apurar a legalidade e a constitucionalidade 
das Resoluções n. 09 e 10, de 2010, do Conselho Federal de Psicologia e 
instruir a correspondente ação do Ministério Público Federal, e aqueles que 
instruem o procedimento administrativo n. 1398/2010, a ele apensado, em 
especial as informações trazidas pelo Centro de Apoio Operacional às 
Promotorias Criminais com as representações respectivas, aquelas fornecidas 
pelo Conselho Federal de Psicologia em resposta ao Ofício PRDC n. 
5294/2010 por meio do Ofício n. 1637-10/CT-CFP e as notícia de que a 
Sociedade Brasileira de Psicologia e a Associação Brasileira de Psicologia e 
Medicina Comportamental se posicionam contra as referidas resoluções; 
 
CONSIDERANDO os fundamentos que orientaram a instauração do 
inquérito civil n. 1352/2010 constantes da respectiva portaria, em especial 
os seguintes, aplicáveis a ambas as resoluções: 
 
-a Constituição Federal estabelece como regra o livre exercício profissional, 
desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 
5°, XIII, CF), descabendo aos conselhos profissionais, por meio de resoluções, 
estabelecer vedações ao exercício profissional não previstas em lei; 
 
Nas palavras de João Campos: 
 
O Conselho Federal de Psicologia, ao restringir o trabalho dos profissionais e 
o direito da pessoa de receber orientação profissional, por intermédio do 
questionado ato normativo, extrapolou o seu poder regulamentar. 
 
O Conselho Federal de Psicologia, ao criar e restringir direitos mediante 
resolução, usurpou a competência do Poder Legislativo, incorrendo em abuso 
de poder regulamentar, com graves implicações no plano jurídico-
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constitucional. 
 
Pelos motivos expostos, com fundamento no inciso V, do art. 49, da Magna 
Carta, pretende sustar a norma contida no parágrafo único, do art. 3º e o 
Art. 4º, da Resolução nº 1, de 23 de março de 1999. 
 
 
 
Trabalho em Rede. Princípios da 
intersetorialidade. 
 
 O trabalho em rede já abordamos na aula passada (é a interdisciplinaridade 
aliada à rede de saúde). 
 Coincidentemente, temos o seguinte texto na internet: 
 
É uma junta contendo as políticas públicas através do desenvolvimento de 
ações conjuntas destinadas a proteção, inclusão e promoção da família vítima do 
processo de exclusão social. 
Ocorre para orientar as práticas de construção de redes municipais: “até 
algumas décadas atrás, usávamos o termo rede na administração pública ou privada 
para designar uma cadeia de serviços similares, subordinados em geral a uma 
organização-mãe que exercia a gestão de forma centralizada e hierárquica” (GUARÁ 
et al. 1998, p. 12); “uma rede pode ser o resultado do processo de agregação de várias 
organizações afins em torno de um interesse comum, seja na prestação de serviços, seja 
na produção de bens. Neste caso, dizemos que as unidades operacionais independentes 
são ‘credenciadas’ e interdependentes com relação aos processos operacionais que 
compartilham.” (GONÇALVES apud GUARÁ et al. 1998, p. 13) 
Pensar rede nesta perspectiva exige sintonia com a realidade local, com sua 
cultura de organização social, bem como uma sociedade civil forte e organizada, capaz 
de se fazer ativa e participativa diante da administração pública. 
O termo rede sugere a idéia de articulação, conexão, vínculos, ações 
complementares, relações horizontais entre parceiros, interdependência de serviços 
para garantir a integralidade da atenção aos segmentos sociais vulnerabilizados ou em 
situação de risco social e pessoal. 
Assim na área da criança e do adolescente entende-se rede como “conjunto 
integrado de instituições governamentais, não governamentais e informais, ações, 
informações, profissionais, serviços e programas que priorizem o atendimento integral 
à criança e adolescente na realidade local de forma descentralizada e 
participativa.”(HOFFMANN et al, 2000, p. 6). GUARÁ et al (1998, p. 18 – 32) 
classifica os tipos de redes que podem ser observadas no espaço local, como: a rede 
social espontânea; redes sócio – comunitárias; rede social movimentalista; redes 
setoriais públicas; e redes de serviços privados. Porém a esta classificação acrescenta-se 
duas outras que retratam com maior dinamicidade as possibilidades de articulação às 
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já existentes, como as redes regionais e as redes intersetoriais*. Observe abaixo a 
classificação organizada por GUARA et ALL, veja, 
ESPONTÂNEA: constituída pelo núcleo familiar, pela vizinhança, pela comunidade 
e pela Igreja. São consideradas as redes primárias, sustentadas em princípios como 
cooperação, afetividade e solidariedade. 
REDES SÓCIO – COMUNITÁRIAS: constituída por agentes filantrópicos, 
organizações comunitárias, associações de bairros, entre outros que objetivam oferecer 
serviços assistenciais, organizar comunidades e grupos sociais. 
REDE SOCIAL MOVIMENTALISTA: constituída por movimentos sociais de 
luta pela garantia dos direitos sociais (creche, saúde, educação, habitação, terra…). 
Caracteriza-se por defender a democracia e a participação popular. 
REDES SETORIAIS PÚBLICAS: são aquelas que prestam serviços e programas 
sociais consagrados pelas políticas públicas como educação, saúde, assistência social, 
previdência social, habitação, cultura, lazer, etc. 
REDES DE SERVIÇOS PRIVADOS: constituída por serviços especializados na 
área de educação, saúde, habitação, previdência, e outros que se destinam a atender 
aos que podem pagar por eles. 
REDES REGIONAIS: constituídas pela articulação entre serviços em diversas áreas 
da política pública e entre municípios de uma mesma região. 
REDES INTERSETORIAIS*: são aquelas que articulam o conjunto das 
organizações governamentais, não governamentais e informais, comunidades, 
profissionais, serviços, programas sociais, setor privado, bem como as redes setoriais, 
priorizando o atendimento integral às necessidades dos segmentos vulnerabilizados 
socialmente. 
GUARÁ, et al Gestão Municipal dos serviços de atenção à criança e ao adolescente. São 
Paulo: IEE/PUC – SP; Brasília: SAS/MPAS,1998. 
*Núcleo de Estudos da Família Criança e Adolescente da UEPG – Ponta Grossa/Pr Org: a 
autora Ano: 2001. 
 
Fonte: http://robertolazarosilveira.com.br/trabalho-em-rede-principios-da-
intersetorialidade/ 
 
 
Questões 
Questões Inéditas Alyson Barros 
Julgue os itens a seguir 
1. O efeito manada e definido em psicologia social como a capacidade da multidão 
em buscar a individuação social. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
2. O preconceito é uma forma de interação social pautada na confirmação de 
estereótipos e de evidências dos papéis. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
3. A subjetividade humana, para Foucault, é vista como um elemento influenciado 
por determinantes biológicos e sociais, sempre modulados pelo momento histórico. 
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( ) Certo ( ) Errado 
 
4. Segundo Guatarri, os processos de singularização são reprimidos pelas forças 
dominantes no controle da subjetividade humana. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
5. Os processos de subjetivação representam o modo como o sujeito deixa o papel 
de objeto para tornar-se sujeito atuante em um papel social pré-definido. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
6. Os auto esquemas são crenças sobre si mesmo que organizam e guiam o 
processamento de informações relacionadas ao self. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
7. O processo de individuação ocorre antes da formação da identidade. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
8. Os selves possíveis são projeções de identidades almejadas ou repudiadas. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
9. O coletivismo representa a tendência a dar prioridade aos próprios objetivos e 
não aos do grupo. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
10. O lócus de controle é o grau em que as pessoas percebem os resultados como 
internamente controláveis por seus próprios esforços ou como externamente 
controlados pelo acaso ou por forças externas. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
11. CESPE - MPU – 2013 
A análise da sedução e fascinação é importante para o diagnóstico dos jogos de poder 
e de desejo nas instituições. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
12. CESPE - SERPRO – 2013 
Sedução e fascinação são indissociáveis e elementos importantes para a compreensão 
dos complexos jogos de poder e de desejo nas organizações. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
13. FCC - 2009 - TJ-SE - Analista Judiciário - Psicologia 
 Nas discussões relativas às prisões e instituições totais destacam-se dois autores 
que por sua obra, tornaram-se referência para os estudiosos da Psicologia Criminal. 
São eles: 
a) Jean Piaget e Humbert Maturana. 
b) Sigmund Freud e Carl Gustav Jung. 
c) Michel Foucault e Erving Goffman. 
d) Jürgen Habermas e José Bleger. 
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e) Donald Woods Winnicott e Edgar Morin. 
 
14. FCC - 2012 - MPE-AP - Analista Ministerial - Psicologia 
Na atualidade, as instituições totais recebem críticas no tocante ao abrigamento de 
adolescentes em conflito com a lei, pois 
a) dificultam a vida social porque os adolescentes vivem isolados, realizando cada 
atividade diária de forma apenas individual e nunca em grupo. 
b) partem de uma visão médica e assistencialista sobre os cuidados que devem recair 
sobre aqueles que cometem atos infracionais. 
c) dificultam a formação de grupos e o estabelecimento de rotinas pré-estabelecidas 
pelos dirigentes. 
d) oneram a sociedade já que usualmente são utilizados espaços com grande 
valorização imobiliária. 
e) privilegiam apenas o controle e a segurança, despersonalizando os indivíduos. 
 
15. CEPERJ - 2012 - DEGASE - Psicólogo 
Segundo Erving Goffman, as instituições totais retiram do indivíduo sua capacidade 
de decisão e escolha, por meio de rígidos regulamentos, sanções e julgamentos dos 
dirigentes. A afirmativa que não descreve ação implementada por essas instituições é: 
a) A conduta do interno no interior da instituição é constantemente observada e 
qualquer ato fora do determinado pode futuramente ser usado contra ele próprio. 
b) A presença de autoridade escalonada responsável pela garantia do cumprimento das 
regras determinadas, mesmo que isso inclua castigos físicos ou morais. 
c) Tudo pertence à instituição e pode ser retirado a qualquer momento. 
d) O interno consegue equilibrar suas necessidades pessoais ao poder e organizar 
livremente, e por conta própria, sua rotina diária no interior da instituição. 
e) O internado pode renunciar a certos níveis de sociabilidade, a fim de evitar 
incidentes. 
 
16. CEPERJ - 2012 - DEGASE - Psicólogo 
“Os processos pelos quais o eu da pessoa é mortificado são relativamente padronizados nas 
instituições totais.” 
GOFFMAN, 2007 (p.24) 
Identifique abaixo as afirmativas que são exemplos de mortificação da identidade do 
indivíduo: 
I- Permissão para visitas a qualquer tempo. 
II- Perda de direitos civis. 
III- Uso de violência e ações de humilhação para a obtenção de obediência. 
IV- Alteração na aparência pessoal e não permissão para posse de bens pessoais. 
V- Direito à expressão e opinião próprias. 
A alternativa que contém a indicação das afirmativas corretas é: 
 a) II e III 
 b) II, III e IV 
 c) III, IV e V 
 d) I, IV e V 
 e) I, III e IV 
 
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17. FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Psicologia 
Os grupos podem diferir em sua aparência e comportamento, no entanto, 
interiormente todos têm três elementos básicos: interação, atividades e 
a) recursos. 
b) atitudes. 
c) sistemas. 
d) sentimentos. 
e) raciocínios. 
 
18. FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Psicologia 
A estrutura latente dos grupos, na concepção de Moreno, não é apenas uma 
distribuição de afetos dentro do grupo. É uma realidade afetiva e cognoscitiva, pois 
representa para cada membro do grupo as formas como: vivem o grupo e seus 
membros; vive sua própria situação dentro do grupo; percebe os outros e a distância 
socialque experimenta em relação a eles e como é 
a) reconhecido por si. 
b) atingido pelos outros. 
c) percebido pelos outros. 
d) representado emocionalmente pelos outros. 
e) acolhido pelos outros membros do grupo. 
 
19. CESPE - MPU – 2013 
Conforme a abordagem da psicologia comunitária, as relações de poder são 
determinadas pelas situações caracterizadas pela substituição do ideal de ego do 
indivíduo pelo superego do grupo. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
20. CESPE - SERPRO – 2013 
Julgue os itens subsequentes, com relação ao sentido do trabalho nas organizações. 
O trabalho pode assumir tanto uma condição de neutralidade quanto de centralidade 
na vida dos trabalhadores, assim como na identificação desses indivíduos com a 
sociedade. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
21. CESPE - SERPRO – 2013 
Os indivíduos constroem suas concepções de trabalho à medida que vivenciam as 
relações com o meio em que vivem. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
22. CESPE - MPU – 2013 
Os grupos operativos propõem a vinculação entre a dinâmica de grupo e o referencial 
da terapia ocupacional. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
23. FCC – TRT – Alagoas – 2014 
Ao definir inclusão, Will Schutz (1994) diz que se trata de uma necessidade 
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interpessoal de estabelecer e manter relacionamento satisfatório com as pessoas, tendo 
em vista sua 
(A) interação e associação.
 
(B) motivação e relação. 
(C) maturidade emocional e conhecimento técnico. 
(D) posição social e status no grupo.
 
(E) aceitação e reconhecimento intragrupal. 
 
24. FCC – TRT – Alagoas – 2014 
A Teoria Cognitivista, ao estudar os grupos, enfatiza a importância de compreender 
como os indivíduos 
(A) acionam os mecanismos de defesa nas relações com o grupo e desenvolvem os 
processos de identificação e de regressão. 
(B) se comportam como consequência de seu espaço vital ou campo psicológico e 
acionam os outros membros do grupo. 
(C) recebem e integram as informações sobre o mundo social e como essa informação 
influi em seu comportamento. 
(D) compartilham suas experiências pessoais subjetivas e como se relacionam diante 
de conflitos grupais. 
(E) acionam uma rede de atração pessoal e como essa rede influi na formação e 
extinção dos grupos. 
 
25. FGV – DP – RJ – 2014 
Jurandir Freire Costa, na análise de importantes transformações na subjetividade 
contemporânea, considera que o “corpo está se tornando o referente privilegiado para 
a construção das identidades pessoais”. Segundo Freire Costa, esse fenômeno se 
articula 
(A) à não superação do Édipo na cultura contemporânea e à derrocada das instâncias 
educativas tradicionais. 
(B) ao capitalismo globalizado que disseminou atributos físicos como modelos e ao 
esvaziamento da política partidária. 
(C) à proliferação do uso de drogas (lícitas e ilícitas) e ao consumismo sem limites. 
(D) ao remapeamento cognitivo do corpo físico e à invasão da cultura pela moral do 
espetáculo. 
(E) à educação sentimental e às transformações no funcionamento familiar. 
 
26. FGV – FUNARTE – 2014 
Leon Festinger, um dos mais importantes teóricos da psicologia social, cunhou, em 
1957, o termo dissonância cognitiva, que pode ser definido como: 
(A) o sentimento de ansiedade e tensão interna provocado pela percepção da 
inconsistência lógica entre duas cognições diferentes, incluindo atitudes, crenças e 
comportamentos; 
(B) o conjunto de manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma 
pessoa com outras pessoas ou pela mera expectativa de tal interação; 
(C) a substituição do paradigma vigente na ciência normal por um novo paradigma, 
resultado de uma espécie de revolução científica; 
(D) a modificação do modo de pensar e agir de cada indivíduo em relação a crenças e 
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valores, criando assim novas informações ou cognições sobre alguns dos seus conceitos 
pessoais; 
(E) o aprendizado de cada indivíduo na relação com os outros indivíduos pela 
apropriação da realidade criada pelas gerações anteriores. 
 
27. FGV – FUNARTE – 2014 
Segundo Michel Foucault, a proteção e o evitamento da depredação das novas formas 
de acúmulo de riqueza na modernidade fizeram proliferar uma tecnologia de vigilância 
e controle, que se instalou no século XVIII e caracteriza nossa sociedade até os dias de 
hoje. Tal tecnologia corresponde: 
 (A) à repressão social;
 
(B) à exclusão da pobreza;
 
(C) ao grande enclausuramento; 
(D) à luta de classes;
 
(E) ao panoptismo. 
 
 
28. FGV – DP – RJ – 2014 
No conhecido livro “Vigiar e Punir”, Foucault reflete sobre a técnica do exame, que 
consistiria em uma tecnologia 
(A) do poder soberano que invisibiliza, desterritorializa e militariza. 
(B) do poder disciplinar que visibiliza, individualiza e normaliza. 
(C) do poder disciplinar que singulariza, invisibiliza e pune. 
(D) do poder fluido que controla, medicaliza e incita. 
(E) do poder soberano que normaliza, cerimonializa e pune. 
 
 
 
 
Questões Comentadas e Gabaritadas 
 
Questões Inéditas Alyson Barros 
Julgue os itens a seguir 
1. O efeito manada e definido em psicologia social como a capacidade da multidão 
em buscar a individuação social. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
Comentários: Efeito manada é a tendência de pessoas seguirem grupos maiores, sem 
julgamento racional de seu comportamento. Não é o processo de individuação, mas o 
famoso “Maria vai com as outras” em uma escala maior. 
A melhor charge para explicar esse efeito é a seguinte: 
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2. O preconceito é uma forma de interação social pautada na confirmação de 
estereótipos e de evidências dos papéis. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
Comentários: O preconceito é fundamentado em uma interpretação anterior às 
evidências conclusivas e reais. Obviamente que podemos ter preconceitos apenas com 
evidências parciais da realidade, mas, de fato, não há no preconceito uma confirmação 
completa dos papéis (pois deixaria de ser um conceito pré-concebido nesse caso). 
Para ilustrar, é válido lembrar que para legitimar a escravidão no Brasil, por exemplo, 
foram utilizadas justificativas teológicas e até fisiológicas para justificar o injustificável. 
Foram criados mitos para explicar o tráfico negreiro para o Brasil. Uma dessas ideias 
pré-concebidas era de que escravocratas e fazendeiros acreditavam tinham uma missão 
civilizadora de dar educação aos negros e de apresentar-lhes o trabalho e o 
cristianismo. Período vergonhoso da nossa história recente. 
 
3. A subjetividade humana, para Foucault, é vista como um elemento influenciado 
por determinantes biológicos e sociais, sempre modulados pelo momento histórico. 
( ) Certo ( ) Errado 
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Gabarito: E 
Comentários: Foucault, Deleuze e Guatarri não falam de qualquer determinante 
biológico, ao contrário, defendem a construção social da identidade e da subjetividade 
a partir da visão social e histórica. 
 
4. Segundo Guatarri, os processos de singularização são reprimidos pelas forças 
dominantes no controle da subjetividade humana. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Definição perfeita. 
 
5. Os processos de subjetivação representam o modo como o sujeito deixa o papel 
de objeto para tornar-se sujeito atuante em um papel social pré-definido. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
Comentários: Essa definição extrapolou um pouco o conceitode subjetivação de 
Foucault. Para esse autor os processos de subjetivação nada mais são que a forma pela 
qual seres humanos tornam-se sujeitos, dentro ou não dos papéis sociais previamente 
definidos. 
 
6. Os auto esquemas são crenças sobre si mesmo que organizam e guiam o 
processamento de informações relacionadas ao self. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Definição perfeita. 
 
7. O processo de individuação ocorre antes da formação da identidade. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
Comentários: A melhor forma de entender essa relação, para todos os autores 
levantados, é que a individuação ocorre em paralelo a formação da identidade. A 
relação de paralelismo é lógica, pois a individuação é justamente a formação da 
identidade. 
 
8. Os selves possíveis são projeções de identidades almejadas ou repudiadas. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Definição correta. Selves possíveis são imagens que sonhamos ou que 
tememos nos tornar no futuro. 
 
9. O coletivismo representa a tendência a dar prioridade aos próprios objetivos e 
não aos do grupo. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
Comentários: Esse é o conceito de individualismo. 
 
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10. O lócus de controle é o grau em que as pessoas percebem os resultados como 
internamente controláveis por seus próprios esforços ou como externamente 
controlados pelo acaso ou por forças externas. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Definição correta. 
 
11. CESPE - MPU – 2013 
A análise da sedução e fascinação é importante para o diagnóstico dos jogos de poder 
e de desejo nas instituições. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Aqui cabe uma breve referência: 
Vale lembrar que, nas relações cotidianas de trabalho das organizações, há duas 
modalidades de controle pelo amor: a fascinação e a sedução. Por meio desses dois 
mecanismos, as organizações conseguem impor de maneira sutil a sua cultura e 
dominar o inconsciente do indivíduo deixando pouca margem tanto para o 
pensamento e quanto para a postura/ação crítica dentro e fora da empresa. Quanto à 
fascinação, ela está bem próxima da relação hipnótica e confere ao hipnotizador um 
domínio quase que completo do indivíduo. Há, segundo ENRIQUEZ (1991), um 
conjunto de consequências que caracterizam essa relação: a submissão do indivíduo, o 
deixar de lado tudo aquilo que não diz respeito ao objeto amado, a ausência de crítica, 
a alienação e a submissão voluntária. Em suma, a relação hipnótica consiste em 
abandono amoroso. 
O fascínio por determinado objeto pode ser conquistado, de acordo com 
ENRIQUEZ (1991), por meio de ritos de grandes comemorações, de grandes festas 
triunfais. Busca-se, por meio do discurso adequado, os meios para a obtenção dos 
objetivos do hipnotizador. Os hipnotizadores lançam mão do discurso de que cada 
pessoa que os siga pode se tornar um herói, um ser imortal, tornar-se uma pessoa 
acima das outras, objeto de reconhecimento e de admiração. O indivíduo, de sua 
parte, vai atrás seja do reconhecimento, intrinsecamente ligado ao narcisismo, seja da 
admiração, do ser referência para as outras pessoas. Enfim o indivíduo é convidado 
pelo hipnotizador a fazer parte do clube dos raros e a organização, de acordo com 
FREITAS (2000, p.111), constrói para o indivíduo a ilusão mesma do clube dos raros. 
Segundo a autora, “ela propõe a fantasia do ser um, traduzida no eu faço parte da 
organização e ela faz parte de mim, o sucesso dela é o meu sucesso e vice-versa”. 
Portanto, o narcisismo individual se confunde com o organizacional: de um lado, está 
o indivíduo desejoso de fazer parte de um grupo poderoso e que pode dar sentido a 
sua vida; e de outro, a organização surge como sendo o local de satisfação do desejo. O 
indivíduo acredita que, seguindo todas as orientações do hipnotizador, poderá se 
tornar um herói, um semideus, e desta maneira, estará disposto a se perder no objeto 
de fascínio, aguardando o cumprimento da promessa contida no discurso do 
hipnotizador. Espera fundir-se ao objeto amado, fugindo de si mesmo em direção ao 
outro, ao do hipnotizador, o líder carismático que, com seu perfil megalomaníaco e 
paranóico, vai envolvê-lo o indivíduo, inclusive, com sua permissão: “trata-se de uma 
verdadeira gestão psíquica do sujeito, na qual todos os caminhos, em última instância, 
o levam à frustração. Como Narciso, ele está condenado a um amor impossível. Ele se 
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desdobrará para satisfazer às elevadas expectativas da empresa, que criou um perfil 
perfeito e impossível de se atingido” (FREITAS, 2000, p.114). 
Ao lado da fascinação, a sedução é uma outra modalidade do controle pelo amor. Mas, 
diferentemente daquela, a sedução sai um pouco da vertente do sagrado. Nela, 
também, não existe nada fantástico, ou fora do comum: “a sedução reside na 
aparência: um sorriso insinuante, palavras escolhidas com precaução, frases 
agradavelmente balanceadas, uma certa banalização dos problemas permitem ao 
discurso de ser suficientemente agradável” (ENRIQUEZ, 1991, p.252 tradução 
nossa). Em termos gerais, o sedutor busca, por meio de estratégias bem definidas, ser 
o detentor dos desejos das outras pessoas. FREITAS (2000, p.149) compreende a 
sedução como o convite a uma fantasia de rara beleza, como “um processo, uma 
relação dual, fugitiva em sua promessa de charme e intensidade das emoções 
prazerosas que podem ocorrer nesse encontro sugerido com a magia e o encantamento 
a ser desfrutado”. O sedutor espera o comprometimento do indivíduo para a realização 
de algo que ele deseje. E o seduzido, quando entra no jogo, apenas vai atender às 
necessidades e desejos do sedutor, tendo como provável destino, o auto-abandono. O 
sedutor deseja o amor do seduzido, o controle de sua vontade, alienando-o e 
cerceando sua liberdade de pensamento e de ação. 
Fonte: Siqueira, Marcus Vinicius Soares. O Discurso Organizacional em Recursos 
Humanos e a Subjetividade do Indivíduo – uma Análise Crítica. Fundação Getulio 
Vargas. Escola de Administração de Empresas de São Paulo. São Paulo. 2004. 
 
 
12. CESPE - SERPRO – 2013 
Sedução e fascinação são indissociáveis e elementos importantes para a compreensão 
dos complexos jogos de poder e de desejo nas organizações. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Veja os comentários da questão anterior. 
 
 
 
13. FCC - 2009 - TJ-SE - Analista Judiciário - Psicologia 
 Nas discussões relativas às prisões e instituições totais destacam-se dois autores 
que por sua obra, tornaram-se referência para os estudiosos da Psicologia Criminal. 
São eles: 
a) Jean Piaget e Humbert Maturana. 
b) Sigmund Freud e Carl Gustav Jung. 
c) Michel Foucault e Erving Goffman. 
d) Jürgen Habermas e José Bleger. 
e) Donald Woods Winnicott e Edgar Morin. 
Gabarito: C 
Comentários: Será que as questões do dia da sua prova serão assim? 
 
 
14. FCC - 2012 - MPE-AP - Analista Ministerial - Psicologia 
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Na atualidade, as instituições totais recebem críticas no tocante ao abrigamento de 
adolescentes em conflito com a lei, pois 
a) dificultam a vida social porque os adolescentes vivem isolados, realizando cada 
atividade diária de forma apenas individual e nunca em grupo. 
b) partem de uma visão médica e assistencialista sobre os cuidados que devem recair 
sobre aqueles que cometem atos infracionais. 
c) dificultam a formação de grupos e o estabelecimento de rotinas pré-estabelecidas 
pelos dirigentes. 
d) oneram a sociedade já que usualmente são utilizadosespaços com grande 
valorização imobiliária. 
e) privilegiam apenas o controle e a segurança, despersonalizando os indivíduos. 
Gabarito: E 
Comentários: O foco das instituições totais é sobre a reconstrução da subjetividade do 
sujeito. Essas instituições totais existem, segundo Goffman, para manter a ordem 
social e para garantir a segurança daqueles que seguem os valores morais da ideologia 
vigente. 
 
15. CEPERJ - 2012 - DEGASE - Psicólogo 
Segundo Erving Goffman, as instituições totais retiram do indivíduo sua capacidade 
de decisão e escolha, por meio de rígidos regulamentos, sanções e julgamentos dos 
dirigentes. A afirmativa que não descreve ação implementada por essas instituições é: 
a) A conduta do interno no interior da instituição é constantemente observada e 
qualquer ato fora do determinado pode futuramente ser usado contra ele próprio. 
b) A presença de autoridade escalonada responsável pela garantia do cumprimento das 
regras determinadas, mesmo que isso inclua castigos físicos ou morais. 
c) Tudo pertence à instituição e pode ser retirado a qualquer momento. 
d) O interno consegue equilibrar suas necessidades pessoais ao poder e organizar 
livremente, e por conta própria, sua rotina diária no interior da instituição. 
e) O internado pode renunciar a certos níveis de sociabilidade, a fim de evitar 
incidentes. 
Gabarito: D 
Comentários: A letra D pressupõe liberdade e a liberdade é a principal coisa retirada 
dos internos das instituições totais. 
 
16. CEPERJ - 2012 - DEGASE - Psicólogo 
“Os processos pelos quais o eu da pessoa é mortificado são relativamente padronizados nas 
instituições totais.” 
GOFFMAN, 2007 (p.24) 
Identifique abaixo as afirmativas que são exemplos de mortificação da identidade do 
indivíduo: 
I- Permissão para visitas a qualquer tempo. 
II- Perda de direitos civis. 
III- Uso de violência e ações de humilhação para a obtenção de obediência. 
IV- Alteração na aparência pessoal e não permissão para posse de bens pessoais. 
V- Direito à expressão e opinião próprias. 
A alternativa que contém a indicação das afirmativas corretas é: 
 a) II e III 
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 b) II, III e IV 
 c) III, IV e V 
 d) I, IV e V 
 e) I, III e IV 
Gabarito: B 
Comentários: Lembre-se que não há liberdade em instituições totais, assim, nada de 
permissão para visitas a qualquer tempo e nem direito à expressão e opinião próprias. 
 
 
17. FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Psicologia 
Os grupos podem diferir em sua aparência e comportamento, no entanto, 
interiormente todos têm três elementos básicos: interação, atividades e 
a) recursos. 
b) atitudes. 
c) sistemas. 
d) sentimentos. 
e) raciocínios. 
Gabarito: D 
Comentários: Esse é o ciclo de Moscovici, explicado no trecho abaixo: 
 
No interior de quaisquer grupos se fazem presentes três elementos básicos: interação, 
atividade e sentimento. (HAMPTOM, 1991. p. 108). 
Interação 
Refere-se ao comportamento interpessoal, que pode variar de grupo para grupo. A 
relação social de interação não implica, necessariamente, no estabelecimento de uma 
conversa ou de um contato pessoal muito próximo. Quando os atos de duas ou mais 
pessoas que se encontram, estão intimamente relacionados, é possível reconhecer e se 
falar em interação (HAMPTON, 1991, p. 108). 
Atividade 
As coisas que as pessoas fazem são denominadas simplesmente atividades. No 
contexto organizacional desde o ato de falar até o executar tarefas de alta 
complexidade, são ações que determinam a atividade por elas exercida. Dessa forma, é 
possível notar que há diferença entre as atividades desenvolvidas pelas diversas pessoas 
junto a uma organização. Tais diferenças podem ser medidas e tomadas como 
indicadores de desempenho. (HAMPTON, 1991, p. 108). 
Assim, ao avaliar uma determinada atividade, necessário se faz um reconhecimento de 
que a mesma, por mais insignificante que pareça, é de vital importância junto ao meio 
organizacional. As pessoas responsáveis pela execução de tarefas de alta complexidade 
não são, por si só, auto- suficientes. Realizá-las depende da realização de outras 
atividades consideradas menos complexas ou, aparentemente, sem quaisquer 
importâncias. 
Sentimento 
O terceiro elemento, sentimento, “[...] inclui os processos mentais e emocionais que 
estão dentro das pessoas e que não podem ser vistos, mas cuja presença é inferida a 
partir das atividades e interações das pessoas”. De tal modo, “[...] um sorriso sugere 
um determinado sentimento, um punho ameaçador sugere outro. Mas são as atitudes, 
os sentimentos, as opiniões e as crenças compartilhadas pelas pessoas que interessam 
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51 
especialmente para a compreensão do comportamento dos grupos.”(Ibid, p. 110) 
Fonte: Soares, Jeannette Oliveira Santos. Comportamento e relações interpessoais nas 
organizações: breve análise da SEFAZ/BA após a implementação do 
PROMOSEFAZ. Universidade Federal da Bahia. 2004. 
 
18. FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Psicologia 
A estrutura latente dos grupos, na concepção de Moreno, não é apenas uma 
distribuição de afetos dentro do grupo. É uma realidade afetiva e cognoscitiva, pois 
representa para cada membro do grupo as formas como: vivem o grupo e seus 
membros; vive sua própria situação dentro do grupo; percebe os outros e a distância 
social que experimenta em relação a eles e como é 
a) reconhecido por si. 
b) atingido pelos outros. 
c) percebido pelos outros. 
d) representado emocionalmente pelos outros. 
e) acolhido pelos outros membros do grupo. 
Gabarito: C 
Comentários: O foco da teoria de Moreno, a arrisco dizer que até para Lewin, é o 
campo psicológico. Esse campo psicológico é o campo dos fenômenos percebidos pelo 
sujeito (e não os fatos reais) e que constitui a subjetividade humana. 
 
 
19. CESPE - MPU – 2013 
Conforme a abordagem da psicologia comunitária, as relações de poder são 
determinadas pelas situações caracterizadas pela substituição do ideal de ego do 
indivíduo pelo superego do grupo. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
Comentários: A psicologia comunitária se caracteriza por ser: 
[...] uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do 
modo de vida do lugar/comunidade, estuda o sistema de relações e representações, 
identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao 
lugar/comunidade e aos grupos comunitários. Visa ao desenvolvimento da consciência 
dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço 
interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade. [...] Seu 
problema central é a transformação do indivíduo em sujeito. 
Fonte: Campos, R. H. F. (Org.). (2000). Psicologia social comunitária: da solidariedade à 
autonomia. Petrópolis, RJ: Vozes. 
 Assim como na psicologia institucional, o indivíduo não se integra ao superego 
do grupo, ao contrário, busca realizar o seu ideal de ego. Veja: 
Por sua vez, o indivíduo acredita que participando da comunidade formada pelos 
membros da empresa, especialmente da dos detentores de poder, ele será reconhecido 
e alcançará o seu ideal de ego. O que ocorre é que o indivíduo não acredita apenas no 
sucesso e no reconhecimento por parte da empresa, ele acredita que ela, instituição 
sagrada do capitalismo, merece sua dedicação, seu empenho e qualquer renúncia da 
sua parte. 
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As organizações, fazendo uso de múltiplos mecanismos tais como a gestão do afetivo, 
enfatizam de maneira continuada a necessidade em se terempregados talentosos, leais 
e comprometidos com os objetivos e com o crescimento da empresa. Igualmente, o 
discurso da comunidade se confunde com o do comprometimento, pois procuram-se 
indivíduos que estejam comprometidos com a organização e que sejam capazes de 
fazer parte de um “clube”, de uma comunidade, a qual fortalece os laços afetivos entre 
os indivíduos que a compõem. Para tanto, as grandes empresas fazem uso de 
mecanismos como a fascinação, a sedução e a servidão voluntária: o indivíduo acredita 
que, participando da comunidade formada pelos membros da empresa, especialmente 
dos detentores do poder, do sucesso, ele poderá ser enfim reconhecido e atingir o seu 
ideal de ego. Da mesma forma que outras categorias de análise, o comprometimento 
e a formação da comunidade na empresa é trabalhado de maneira não somente 
explícita, mas com mecanismos ocultos no discurso, que cada vez mais ideológico, faz 
com que o indivíduo desenvolva a percepção da empresa, não apenas como um local 
de trabalho, em que ele é remunerado para alguma atividade, mas como uma 
instituição sagrada merecedora de sua dedicação, seu empenho e qualquer outra 
renúncia que, porventura, seja necessária. 
Fonte: Siqueira, Marcus Vinicius Soares. O Discurso Organizacional em Recursos 
Humanos e a Subjetividade do Indivíduo – uma Análise Crítica. Fundação Getulio 
Vargas. Escola de Administração de Empresas de São Paulo. São Paulo. 2004. 
 
 
20. CESPE - SERPRO – 2013 
Julgue os itens subsequentes, com relação ao sentido do trabalho nas organizações. 
O trabalho pode assumir tanto uma condição de neutralidade quanto de centralidade 
na vida dos trabalhadores, assim como na identificação desses indivíduos com a 
sociedade. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: O trabalho ajuda a construir a identidade social do trabalhador e a 
imagem que o próprio trabalhador tem de si. Não significa que o trabalho será sempre 
o elemento central na vida do sujeito. Assertiva correta. 
 
21. CESPE - SERPRO – 2013 
Os indivíduos constroem suas concepções de trabalho à medida que vivenciam as 
relações com o meio em que vivem. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: C 
Comentários: Perfeita, sem comentários. 
 
22. CESPE - MPU – 2013 
Os grupos operativos propõem a vinculação entre a dinâmica de grupo e o referencial 
da terapia ocupacional. 
( ) Certo ( ) Errado 
Gabarito: E 
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Comentários: Na verdade, os grupos operativos aparecem como uma proposta de 
trabalho através do vínculo entre os participantes e a abordagem adotada. Essa 
abordagem não é limitada pela terapia ocupacional, como afirma a assertiva. O 
propósito dos grupos operativos são as atividades centradas na solução de situações 
estereotipadas, dificuldades de aprendizagem e comunicação, devido à acumulação de 
ansiedade que desperta toda mudança. 
 Por fim: 
Segundo Pichon-Rivière, entende-se por grupo um conjunto de pessoas movidas por 
necessidades semelhantes e se reúnem em torno de uma tarefa específica, um objetivo 
mútuo, onde cada participante é diferente e exercita sua fala, sua opinião, seu silêncio, 
defendendo seu ponto de vista. E neste grupo o indivíduo constrói sua identidade 
introjetando o outro dentro de si, ou seja, mesmo quando uma pessoa está longe posso 
chamá-la em pensamento ou mesmo todo conjunto. Assim o sujeito constrói sua 
identidade na sua relação com o outro, estando povoado de outros grupos internos de 
forma que todos esses integrantes do nosso mundo interno estão presentes em nossas 
ações. (FREIRE, 2000) 
Os grupos operativos se caracterizam pela relação que seus integrantes mantêm com a 
tarefa, que pode ser de cura ou aquisição de conhecimentos por exemplo. As 
finalidades e propósitos dos grupos operativos são as atividades centradas na solução 
de situações estereotipadas, dificuldades de aprendizagem e comunicação, devido à 
acumulação de ansiedade que desperta toda mudança. A ansiedade diante da mudança 
pode ser depressiva (abandono do vínculo anterior) ou paranóide (criada pelo novo 
vínculo e as inseguranças) (OSÒRIO, 2003). 
Fonte: Alves, Eduardo Pereira e Cunha, Leandro de Souza. Grupos Operativos 
Pichon Rivière. Ed. Artigonal junho de 2010 
 
23. FCC – TRT – Alagoas – 2014 
Ao definir inclusão, Will Schutz (1994) diz que se trata de uma necessidade interpessoal de 
estabelecer e manter relacionamento satisfatório com as pessoas, tendo em vista sua 
(A) interação e associação.
 
(B) motivação e relação. 
(C) maturidade emocional e conhecimento técnico. 
(D) posição social e status no grupo.
 
(E) aceitação e reconhecimento intragrupal. 

Gabarito: A 
Comentários: Para Schutz e sua teoria FIRO, temos três componentes que explicam as 
relações interpessoais: inclusão, controle e afeto. Como vimos em aula: 
Essas três necessidades de conduta interpessoal são suficientes para predizer e explicar as 
relações interpessoais. 
 Inclusão se refere a associação, interação ou comunicação entre as pessoas. A carência 
de inclusão denota exclusão, isolamento, solidão e abandono. 
 A conduta de Controle se relaciona com o processo de tomada de decisões entre as 
pessoas. Controle é sinônimo de poder, autoridade, dominação, influência e a carência de 
controle indica submissão, monitoramento, rebeldia e resistência. 
 Afeto diz respeito aos sentimentos de proximidade entre duas pessoas. Ele é expresso 
através do amor, ternura e amizade. O efeito negativo contém o ódio, a distância emocional e 
o ressentimento. 
 
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24. FCC – TRT – Alagoas – 2014 
A Teoria Cognitivista, ao estudar os grupos, enfatiza a importância de compreender como os 
indivíduos 
(A) acionam os mecanismos de defesa nas relações com o grupo e desenvolvem os processos 
de identificação e de regressão. 
(B) se comportam como consequência de seu espaço vital ou campo psicológico e acionam os 
outros membros do grupo. 
(C) recebem e integram as informações sobre o mundo social e como essa informação influi 
em seu comportamento. 
(D) compartilham suas experiências pessoais subjetivas e como se relacionam diante de 
conflitos grupais. 
(E) acionam uma rede de atração pessoal e como essa rede influi na formação e extinção dos 
grupos. 
Gabarito: C 
Comentários: Vejamos de onde provavelmente saiu a questão: 
Aqueles que estudam os fenômenos grupais adotam diferentes orientações teóricas, por 
exemplo: a teoria de campo, segundo a qual o comportamento é uma conseqüência de um 
campo de componentes interdependentes, Cartwright (1959) e Zander (1959). A abordagem 
do grupo social através da teoria psicanalítica, representada pelos trabalhos de Freud e Bion 
(1975), que desenvolvem os conceitos de identificação, de regressão, os mecanismos de defesa 
e inconscientes no estudo dos grupos sociais. A teoria cognitivista representada pelo trabalho 
de Krech e de Crutchfield (1961), enfatiza a importância de compreender como os atores 
sociais recebem e integram as informações sobre o mundo social e como essa informação influi 
em seu comportamento. 
Encontra-se ainda entre os estudiosos de orientação dinamicista a abordagem empírico- 
estatística que postula o uso da estatística como meio para identificação dos conceitos e leis 
gerais dos grupos sociais. Estes usam a análise fatorial e os processos desenvolvidos no campo 
dos testes de Cottrell, Meyer e Hamphill. O estudo do grupo social foi abordado, também, 
por meio de modelos formais com bases na matemática por Simon, French e Harary entre 
outros. 
Cartwright e Zander (1968), ao analisarem as diferentes orientações teóricas e os métodos 
empregados no estudo dos grupos sociais, enfatizam a contribuição que esta diversidadeteórica e experimental empresta ao desenvolvimento científico dos fenômenos grupais. A 
distinção entre um agregado, de um lado, e, de outro, um grupo social, tem sido feita pelos 
psicólogos sociais, mas para muitos deles não existe uma linha divisória rígida entre um e 
outro. 
Lima, Conceição Maria Dias. Atores sociais e liderança no processo de formação do capital 
social: proposta à cooperativa agropecuária. 
 
 
25. FGV – DP – RJ – 2014 
Jurandir Freire Costa, na análise de importantes transformações na subjetividade 
contemporânea, considera que o “corpo está se tornando o referente privilegiado para a 
construção das identidades pessoais”. Segundo Freire Costa, esse fenômeno se articula 
(A) à não superação do Édipo na cultura contemporânea e à derrocada das instâncias 
educativas tradicionais. 
(B) ao capitalismo globalizado que disseminou atributos físicos como modelos e ao 
esvaziamento da política partidária. 
(C) à proliferação do uso de drogas (lícitas e ilícitas) e ao consumismo sem limites. 
(D) ao remapeamento cognitivo do corpo físico e à invasão da cultura pela moral do 
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espetáculo. 
(E) à educação sentimental e às transformações no funcionamento familiar. 
Gabarito: D 
Comentários: Primeiramente, quem é Jurandir Freire Costa? É um psiquiatra e psicanalista 
com uma extensa literatura na área clínica e social. 
Jurandir Freire Costa, em seu livro O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do 
espetáculo suscita que se tornou comum falar de “cultura do corpo” em alusão à preocupação 
moderna com a saúde e com a forma física. O autor nota, que à primeira vista, a expressão 
parece redundante, visto que toda cultura é “do corpo”, pois cultura, conforme considera 
Freire Costa (2004), é gestação, manutenção e reprodução de hábitos físicos e mentais. 
Entretanto, salienta que a redundância é apenas aparente: “[...] Cultura do corpo, ou culto ao 
corpo, não é uma definição; é um recurso de ênfase. A designação imprecisa chama a atenção 
para o fato de o corpo ter-se tornado um referente privilegiado para a construção das 
identidades pessoais”.(p.203). Dessa forma, empregamos a expressão tendo em vista tais 
considerações. Contudo, entendemos, que o termo “culto ao corpo” para além de ser um 
referente privilegiado na construção das identidades pessoais, também engendra questões 
ligadas à felicidade, beleza, auto-estima, prosperidade e glamour. Assim, utilizamos a 
expressão em um sentido amplo, conferindo relação com a moda, com a estética (na acepção 
de aparência física), com a indústria de cosméticos, de alimentos dietéticos, de cirurgias 
plásticas etc. 
 O próprio autor diz: Referir o sentimento de identidade ao corpo significa definir o que 
somos e o que devemos ser, a partir de nossos atributos físicos. 
Ou seja, atualmente, se tornou verossímil acreditar que a) atos psicológicos têm origens e 
causas físicas e que b) aspirações morais devem ter como modelo desempenhos corpóreos 
ideais. Em outros termos, estamos nos habituando a entender e a explicar a natureza da vida 
psíquica e das condutas éticas pelo conhecimento da materialidade corporal. Sugiro que o 
culto ao corpo vem sendo condicionado por vários fatores, entre os quais dois são 
especificamente importantes: 1) o remapeamento cognitivo do corpo físico e 2) a invasão da 
cultura pela moral do espetáculo. O primeiro fenômeno fornece as justificativas racionais para 
a redescrição do que somos; o segundo, as normas morais o que devemos ser. Em conjunto, 
os dois vêm competindo com outros ideais de identidade pessoal, em particular com o ideal do 
sujeito sentimental. 
 
26. FGV – FUNARTE – 2014 
Leon Festinger, um dos mais importantes teóricos da psicologia social, cunhou, em 1957, o 
termo dissonância cognitiva, que pode ser definido como: 
(A) o sentimento de ansiedade e tensão interna provocado pela percepção da inconsistência 
lógica entre duas cognições diferentes, incluindo atitudes, crenças e comportamentos; 
(B) o conjunto de manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa 
com outras pessoas ou pela mera expectativa de tal interação; 
(C) a substituição do paradigma vigente na ciência normal por um novo paradigma, resultado 
de uma espécie de revolução científica; 
(D) a modificação do modo de pensar e agir de cada indivíduo em relação a crenças e valores, 
criando assim novas informações ou cognições sobre alguns dos seus conceitos pessoais; 
(E) o aprendizado de cada indivíduo na relação com os outros indivíduos pela apropriação da 
realidade criada pelas gerações anteriores. 
Gabarito: A 
Comentários: O conceito de dissonância cognitiva é o mesmo de incongruência de Rogers. 
 
27. FGV – FUNARTE – 2014 
Segundo Michel Foucault, a proteção e o evitamento da depredação das novas formas de 
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acúmulo de riqueza na modernidade fizeram proliferar uma tecnologia de vigilância e 
controle, que se instalou no século XVIII e caracteriza nossa sociedade até os dias de hoje. Tal 
tecnologia corresponde: 
 (A) à repressão social;
 
(B) à exclusão da pobreza;
 
(C) ao grande enclausuramento; 
(D) à luta de classes;
 
(E) ao panoptismo. 
 
Gabarito: E 
Comentários: Essa tecnologia de controle (Vigiar e Punir) é denominada Panoptismo. Sobre 
isso: 
As relações sociais modernas têm para Foucault como característica a atuação de tal poder 
tríplice, exercido sobre os sujeitos por meio de vigilância individual, controle e correção. O 
Panopticon de Bentham é a representação arquitetônica típica de tal período: um edifício em 
forma de anel, dividido em pequenas celas, no qual tudo o que era feito pelo indivíduo estava 
exposto ao olhar de um vigilante, que ninguém poderia ver. Este tipo de poder pode receber o 
nome de panoptismo, que não repousa mais sobre o inquérito, mas sobre o exame. Dessa 
maneira, afirma o autor: 
A multidão, massa compacta, local de múltiplas trocas, individualidades que se fundem, efeito 
coletivo, é abolida em proveito de uma coleção de individualidades separadas. Do ponto de 
vista do guardião, é substituída por uma multidão enumerável e controlável; do ponto de vista 
dos detentos, por uma solidão sequestrada e olhada (p. 190-191) 
O Panóptico automatiza o poder ao infundir naquele que é observado uma sensação 
consciente de uma vigilância permanente: arquitetura que cria e mantém uma relação de 
poder, portanto, que não mais depende daquele que o exerce; os vigiados são presos em um 
sistema no qual eles mesmos são portadores das relações que os submetem. Em outras 
palavras, aquele que “[...] está submetido a um campo de visibilidade, e sabe disso, retoma por 
sua conta as limitações do poder; fá-las funcionar espontaneamente sobre si mesmo; [...] 
torna-se o princípio de sua própria sujeição” (p. 192). O Panóptico dá ao poder a 
oportunidade de empreender novas experiências, modificar o comportamento de indivíduos, 
domesticá-los através de técnicas democraticamente controladas. A ampliação e organização 
do poder se faz visando ao recrudescimento das próprias forças sociais: aumento da produção, 
expansão da indústria, desenvolvimento da economia, potencialização da instrução. 
O panoptismo coloca em funcionamento uma forma de disciplina diferente da chamada 
disciplina-bloco. Enquanto esta se baseia na instituição fechada, destinada à marginalização e 
à suspensão do tempo e do diálogo, a disciplina-mecanismo empreendida por essa nova 
técnica procura tornar o poder mais ágil, de atuação mais sutil, mais eficaz. Pode-se falar em 
uma verdadeira inversão funcional das disciplinas, segundo o próprio autor. Anteriormente 
assentados na tentativa de neutralizar os perigos fixandoas populações agitadas, os 
mecanismos de poder procuram, cada vez mais, produzir indivíduos úteis. Ademais, a 
multiplicação da disciplina é correlata à sua desinstitucionalização, “[...] as disciplinas maciças 
e compactas se decompõem em processos flexíveis de controle, que se pode transferir e 
adaptar” (p. 199). 
 O espetáculo cede espaço à vigilância. Na verdade, esta última deve funcionar como 
uma forma de regulação inversa à primeira em uma sociedade na qual a comunidade e a vida 
pública perdem espaço e são substituídas pela prevalência do indivíduo privado, por um lado, e 
pelo Estado, por outro: “[...] sob a superfície das imagens, investem-se os corpos em 
profundidade; atrás da grande abstração da troca, processa-se o treinamento minucioso e 
concreto das forças úteis; os circuitos da comunicação são os suportes de uma acumulação e 
centralização do saber [...]” (p. 205). 
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Fonte: Argolo, Pedro. O Panoptismo em Vigiar e Punir de Michel Foucault (1926-1984). 
Disponível em: http://jus.com.br/artigos/28147/o-panoptismo-em-vigiar-e-punir-de-michel-
foucault-1926-1984#ixzz3DbqCI6ow 
 
 
28. FGV – DP – RJ – 2014 
No conhecido livro “Vigiar e Punir”, Foucault reflete sobre a técnica do exame, que consistiria 
em uma tecnologia 
(A) do poder soberano que invisibiliza, desterritorializa e militariza. 
(B) do poder disciplinar que visibiliza, individualiza e normaliza. 
(C) do poder disciplinar que singulariza, invisibiliza e pune. 
(D) do poder fluido que controla, medicaliza e incita. 
(E) do poder soberano que normaliza, cerimonializa e pune. 
Gabarito: B 
Comentários: Sobre isso: 
Quanto aos dispositivos disciplinares, ou instrumentos do poder disciplinar, também são em 
número de três os seus principais, quais sejam: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e o 
exame. Vejamos brevemente cada um deles. O olhar hierárquico consiste antes na idéia mais 
ampla de vigilância. A vigilância é a mais importante máquina, a principal engrenagem do 
poder disciplinar: ela contribui para automatizar e desindividualizar o poder, ao passo que 
contribui para individualizar os sujeitos a ele submetidos. Ao mesmo tempo, a vigilância 
produz efeitos homogêneos de poder, generaliza a disciplina, expandindo-a para além das 
instituições fechadas. Nesse sentido, pode-se dizer que ela assegura, como explica Foucault, 
uma distribuição infinitesimal do poder. 
... 
Finalmente, o exame é o último dos dispositivos do poder disciplinar que nos resta comentar. 
Antes de mais nada, cabe ressaltar que ele consiste em uma espécie de articulação entre a 
vigilância e a sanção normalizadora. Em outras palavras, o exame constitui o indivíduo como 
objeto para análise e posterior comparação. Trata-se de um controle normalizante, uma 
vigilância que permite qualificar, classificar e punir. O exame estabelece sobre os indivíduos 
uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados. Disso decorre que o 
exame é o resultado do somatório entre objetivação e sujeição: "ele manifesta a sujeição dos 
que são percebidos como objetos e a objetivação dos que se sujeitam" (Foucault 2001b: 154). 
Objetivação essa, ressalte-se, que opera pela concomitância entre a visibilidade dos sujeitos e a 
invisibilidade da disciplina. Ritualizado ao extremo, o exame tem ainda, e mais uma vez no 
sistema foucaultiano, o atributo de colocar em funcionamento relações de poder que permitem 
obter saber. Mais do que isso, com o exame, o indivíduo passa a ser, ao mesmo tempo, efeito e 
objeto do poder e do saber: "o exame não se contenta em sancionar um aprendizado; é um de 
seus fatores permanentes" (Foucault 2001b: 155). 
Fonte: POGREBINSCHI, Thamy. Foucault, para além do poder disciplinar e do 
biopoder. Lua Nova [online]. 2004, n.63 [cited 2014-09-17], pp. 179-201 . Available from: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452004000300008&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0102-
6445. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-64452004000300008. 
 
	
	
	
	
	
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