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OBJETIVOS • Apresentar os tipos de receptores sensoriais presentes na pele e explicar a relação funcional entre as fibras sensoriais e a medula espinal • Apresentar as duas vias sensoriais centrais: via da coluna dorsal e sistema ântero-lateral • Relacionar as vias sensoriais centrais com as sensações transmitidas por elas • Relacionar córtex sensorial somático com a percepção sensorial e com o homúnculo sensorial • Conceituar dor • Discutir receptores de dor e suas características • Discutir causas de dor: lesão tecidual, isquemia tecidual e espasmo muscular • Discutir as vias para transmissão de sinais dolorosos • Explicar o sistema de bloqueio de dor do sistema nervoso O QUE É SOMESTESIA ? É a sensibilidade e percepção de diferentes partes do corpo em relação ao ambiente, tanto externo quanto interno. COMO É PROCESSADA? Estímulos chegam aos receptores sensoriais (encontrados na pele e nas vísceras) que, quando ativados por eles, desencadeiam potenciais de ação, que são conduzidos por fibras sensoriais para a medula e, então para o córtex somatossensorial. O córtex somatossensorial é a parte do cérebro que reconhece onde os tratos sensoriais ascendentes se originam. Cada via sensorial tem uma região correspondente no córtex, de modo que as vias sensoriais da mão esquerda terminam em uma área e as vias do pé esquerdo em outra, por exemplo. CLASSIFICAÇÃO DAS SENSAÇÕES SOMÁTICAS • Quanto ao estímulo: Sensações mecanoceptivas Ex: tato e posição Sensações termoceptivas Ex: calor e frio Sensações álgicas Ex: dor • Quanto ao local ou estado físico do corpo Extereoceptivas Ex: superfície do corpo Proprioceptivas Ex: posição Viscerais Ex: órgãos Profundas Ex: músculos e ossos RECEPTORES SOMÁTICOS MECANORECEPTORES Mecanorreceptores: detectam deformações mecânicas. INERVAÇÃO DA PELE ................................. BAIXO LIMIAR MECANOSSENSORIAL A pele é um órgão sensorial importante, e por isso é ricamente inervada com diversos tipos de fibras aferentes (sensoriais). Essas fibras aferentes estão relacionadas com os mecanorreceptores de baixo limiar. Podemos usar uma caneta com pequeno diâmetro para pressionar as regiões da pele. Com essa técnica observamos 2 tipos de resposta: 1) Resposta de adaptação rápida (AR) – 2) Resposta de adaptação lenta (AL) Fibras AR apresentam salvas curtas de potencial de ação, quando a caneta é inicialmente pressionada contra a pele, mas depois elas param de disparar, apesar da continuação do estímulo. Fibras AL começam a disparar potenciais de ação (ou amentam sua frequência) no início do estímulo e continuam a disparar até que o estímulo seja descontinuado. Mecanorreceptores cutâneos e padrões de respostas associados a fibras aferentes. A, representação esquemática da pele sem pelo e com pelo, mostrando a disposição dos principais mecanorreceptores. B, padrões de disparo das diversas fibras aferentes mecanossensíveis cutâneas que inervam os diversos receptores da pele. .............................................................ADAPTAÇÃO LENTA • Respondem durante a aplicação do estímulo e continuam emitindo PA (potencial de ação) durante a presença do estímulo (redução gradual da frequência). • Detectam intensidade e duração do estímulo. • Terminações de Ruffini e Discos de Merkel. ...........................................................ADAPTAÇÃO RÁPIDA • Respondem apenas no início ou no final do estímulo, Detectam a velocidade do movimento pois adaptam-se rápido. • Receptores do folículo piloso, Corpúsculos de Meissner, Corpúsculo de Pacini MEDULA ESPINAL: TRATOS ASCENDENTES : as vias ascendentes também são chamadas de aferentes ou sensitivas : Trato ou fascículo: organização dos axônios por função VIA DA COLUNA DORSAL- LEMNISCO MEDIAL – O sistema da coluna dorsal-lemnisco mediai, como seu nome indica, transmite os sinais ascendentes até o bulbo, principalmente pelas colunas dorsais da medula espinhal. Em seguida, depois que as vias fazem sinapse e cruzam para o lado oposto no bulbo, seguem pelo tronco cerebral até o tálamo, pelo lemnisco medial. -Conduz estímulos de tato epicrítico (mais refinado), pressão, vibração e propriocepção. TIPOS DE SENSAÇÃO EMITIDAS PELA VIA DA COLUNA DORSAL • Sensações táteis que requerem alto grau de localização do estímulo • Sensações táteis que requerem a transmissão de graduações finas da intensidade • Sensações fásicas, como as sensibilidades vibratórias • Sensações que sinalizam movimento contra a pele • Sensações de posição das articulações • Sensações de pressão relacionadas à grande discriminação das intensidades da pressão SISTEMA ÂNTERO-LATERAL As vias componentes do sistema anterolateral, imediatamente após entrarem na medula pelas raízes nervosas dorsais, fazem sinapse nos cornos dorsais da substância cinzenta medular, cruzando em seguida para o lado oposto da medula e ascendendo pelas colunas anterior e lateral da medula espinhal. Elas terminam em todos os níveis do tronco cerebral e no tálamo. -Conduz estímulos de dor (nocicepção), temperatura e tato protopático (tato “grosseiro” com muita especificação.) TIPOS DE SENSAÇÃO EMITIDAS PELA VIA DA ÂNTERO-LATERAL • Dor • Sensações térmicas incluindo tanto a sensação de calor quanto a de frio • Sensações de tato e pressão grosseiras capazes apenas de localização grosseira na superfície do corpo • Sensações de cócegas e prurido • Sensações sexuais ÁREAS SOMATOSSENSORIAIS A figura mostra duas áreas sensoriais distintas no lobo parietal anterior, referidas como área somatossensorial I e área somatossensorial II. A razão para essa divisão é que, em cada uma dessas áreas, existe orientação espacial separada e distinta, representativa das diferentes partes do corpo. Entretanto, a área somatossensorial I é tão mais extensa e tão mais importante que a área somatossensorial II que, no uso popular, o termo “córtex somatossensorial” quase sempre significa área I. A área somatossensorial I apresenta alto grau de localização das diferentes partes do corpo, como mostrado pelos nomes de quase todas as partes do corpo. Ao contrário, a localização é pobre na área somatossensorial II, embora, grosseiramente, a face esteja representada anteriormente, os braços centralmente e as pernas posteriormente. REPRESENTAÇÃO DAS DIFERENTES ÁREAS DO CORPO NA ÁREA SENSORIAL SOMÁTICA – As dimensões dessas áreas são diretamente proporcionais ao número de receptores sensoriais especializados, em cada área periférica respectiva do corpo. Por exemplo, grande número de terminações nervosas especializadas é encontrado nos lábios e no polegar, enquanto apenas poucas estão presentes na pele que recobre o tronco. CAMADAS DO CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL E SUAS FUNÇÕES O córtex cerebral contém seiscamadas de neurônios, começando com a camada I, próxima da superfície, e estendendo-se progressivamente para regiões mais profundas, até a camada VI. Como seria de se esperar, os neurônios das diversas camadas realizam funções diferentes. Algumas destas funções são: 1. Os sinais sensoriais aferentes excitam inicialmente os neurônios da camada IV; em seguida, o sinal se espalha em direção à superfície do córtex e também em direção às camadas mais profundas. 2. As camadas I e II recebem sinais aferentes inespecíficos e difusos, provenientes dos centros subcorticais, que facilitam regiões específicas do córtex. Essas aferências controlam principalmente o nível geral de excitabilidade das respectivas regiões estimuladas. 3. Os neurônios das camadas II e III enviam axônios para áreas relacionadas no lado oposto do córtex cerebral, pelo corpo caloso. 4. Os neurônios das camadas V e VI enviam axônios para estruturas encefálicas profundas. Os neurônios da camada V são geralmente maiorese se projetam para áreas mais distantes, tais como os gânglios da base, o tronco cerebral e a medula espinhal, onde controlam a transmissão de sinais. Da camada VI, número especialmente grande de axônios se projeta para o tálamo, levando assim sinais do córtex cerebral que interagem e ajudam a controlar os níveis de excitação dos sinais sensoriais aferentes que entram no tálamo. DOR A Dor é um mecanismo Protetor. A dor ocorre sempre que os tecidos são lesionados, fazendo com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso. RECEPTORES DA DOR E SUA ESTIMULAÇÃO Os receptores para dor na pele e em outros tecidos são terminações nervosas livres. Eles existem dispersos nas camadas superficiais da pele,bem como em certos tecidos internos, como o periósteo,as paredes das artérias,as superfícies articularese a foicee o tentórioda abóbada craniana. A maioria dos outros tecidos profundos está esparsamente suprida com terminações nervosas para a dor; porém, lesões teciduais extensas podem se somar e causar dor lenta e crônica na maioria dessas áreas. – • Três Tipos de Estímulos Excitam os Receptores para Dor Mecânicos, Térmicos e Químicos. • APRESENTAM NATUREZA NÃO ADAPTATIVA Ao contrário do que ocorre com a maioria dos receptores sensoriais os receptores da dor não sofrem adaptação. A ação prolongada do estímulo lesivo pode, em algumas circunstâncias aumentar ainda maior a resposta inicial. Tal aumento é conhecido como HIPERALGESIA CAUSAS DA DOR • Lesão tecidual – inflamação Liberação de substâncias que estimulam nociceptores (bradicinina, potássio, ATP). Estas substâncias não só estimulam os nociceptores químicos, como também diminuem o limiar de nociceptores mecânicos e térmicos. Ex. a lesão tecidual causada pela queimadura do sol faz com que estímulos mecânicos e térmicos, mesmo que leves causem dor – alodinia • Isquemia tecidual – obstrução de vasos Tecido fica muito dolorido quando há bloqueio de fluxo sanguíneo e a dor é mais intensa quanto maior for a atividade do tecido. Ex. se um manguito de medir pressão for colocado no braço e inflado o suficiente para impedir o fluxo sanguíneo, após 3 a 4 minutos iniciará a sensação dolorosa no braço, fazendo o exercício com o braço o tempo diminui muito, 15 a 20 segundos é o suficiente para começar a sentir dor. As causas da dor provocada pela isquemia pode ser a formação de ácido láctico pelo metabolismo anaeróbico e/ou a formação de outras substâncias como bradicinina devido à lesão. • Espasmo muscular – contração intensa Causa um efeito direto, o próprio espasmo estimula mecanoceptores de dor e, também, causa um efeito indireto, pois, com o espasmo, ocorre a compressão dos vasos sanguíneos, causando isquemia e dor. TIPOS DE DOR • Dor rápida - também denominada dor aguda, em pontada, em alfinetada - desencadeada por estímulos térmicos ou mecânicos - transmitida nos nervos periféricos até a medula espinal por fibras periféricas denominadas A delta (velocidade de condução = 6 a 30 m/s) -se o estímulo cessa a dor desaparece • Dor lenta - também denominada crônica, latejante, nauseante - desencadeada por estímulos químicos, mas algumas vezes por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes - transmitida até a medula espinal por fibras periféricas do tipo C (velocidade de condução = 0,5 a 2 m/s) -geralmente associada a lesão tecidual • Dor referida Quando a pessoa sente dor em parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor, isso é chamado de dor referida. Uma teoria que explica a dor referida diz que nociceptores de diversas localizações convergem para um único trato ascendente na medula espinal, fazendo com que o cérebro não seja capaz de distinguir a localização precisa da dor visceral (do coração, por exemplo). Consequentemente, a dor é interpretada como proveniente de regiões somáticas. Isso explica por exemplo o fato da dor da isquemia cardíaca poder ser sentida no pescoço, no ombro e braços esquerdos. VIAS DUPLAS PARA A TRANSMISSÃO DE SINAIS DOLOROSOS DO SN Apesar de todos os receptores para a dor serem terminações nervosas livres, essas terminações utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos para o sistema nervoso central. As duas vias correspondem principalmente aos dois tipos de dor —uma via para a dor pontual rápida e uma via para a dor lenta crônica. Os sinais dolorosos penetram pelas raízes dorsais da medula espinhal e seguem a via somatossensorial igual a do tato grosseiro e da temperatura, via ântero-lateral. No tálamo os sinais alcançam os – núcleos ventro basais, onde há distribuição espacial característica __ somatotopia __ representação específica de determinados campos receptivos. No córtex cerebral, os sinais dolorosos, através de projeções contralaterais chegam ao giro pós-central, na área sensorial somática I. Existem duas vias de transmissão dos sinais da dor que, justamente, caracterizam os dois tipos de dor: a) Via neoespinotalâmica: é a via que transmite a dor rápida, formada por fibras do tipo A delta, possui poucas sinapses, chega a pontos específicos do tálamo, filogeneticamente é a via mais evoluída. A sensação dolorosa percebida por esta via é epicrítica, ou seja, é precisa, bem definida, bem localizada, intensificada e discriminada. A dor de origem dentária corresponde a este tipo de dor. Em geral, as estruturas inervadas pelo nervo trigêmeo, quando lesadas excitam o sistema específico de dor (Sistema Neoespino trigêmeo talâmico). b) Via paleoespinotalâmica: é a via que transmite a dor lenta, formada por fibras do tipo C, amielínicas, são vias multissinápticas. A informação é lenta, gradativa e prolongada, muito difusa. Uma parte das fibras vai ao tálamo e deste ao córtex somestésico, mas a maioria se dirige à formação reticular mesencefálica e, a partir destas áreas, a informação é mandada para: córtex límbico e frontal, hipotálamo, núcleos motores. Esse tipo de dor não consegue ser analisada com precisão, nem sua localização, nem intensidade e caraterísticas (sensibilidade visceral e sensibilidade profunda). Este tipo de dor é acompanhado de intensa reação neuro-vegetativa, emocional, motora e comportamental, reações estas que podem ser entendidas observando as áreas que são ativadas pela transmissão do sinal de dor lenta. SISTEMA DE SUPRESSÃO DA DOR ("ANALGESIA") NO ENCÉFALO E NA MEDULA ESPINHAL O grau de reação da pessoa à dor varia muito. Isso resulta parcialmente da capacidade do próprio encéfalo de suprimir as aferências de sinais dolorosos para o sistema nervoso, pela ativação do sistema de controle de dor, chamado sistema da analgesia. O sistema da analgesia consiste em três grandes componentes: (1) as áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e região superior da ponte que circundam o aqueduto de Sylvius e porções do terceiro e do quarto ventrículo. Os neurônios dessas áreas enviam sinais para (2) o núcleo magno da rafe, delgado núcleo da linha média, localizado nas regiões inferior da ponte e superior do bulbo, e o núcleo reticular par agiganto celular ,localizado lateralmente no bulbo. Desses núcleos, os sinais de segunda ordem são transmitidos pelas colunas dorsolaterais da medula espinhal, para (3) o complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinhal. Nesse ponto, os sinais de analgesia podem bloquear a dor antes dela ser transmitida para o encéfalo. A estimulação elétrica, tantona área cinzenta periaquedutal, quanto no núcleo magno da rafe, pode suprimir muitos sinais de dor fortes que entram pelas raízes espinhais dorsais. Além disso, a estimulação de áreas encefá-licas, ainda mais altas, que excitam a substância cinzenta periaquedutal, também pode suprimir a dor. Algumas dessas áreas são (1) os núcleos periventricularesdo hipo-tálamo,localizados na região adjacente ao terceiro ventrículo, e (2) em menor grau, o fascículo prosencefálico mediai,também no hipotálamo. – Vários neurotransmissores estão envolvidos no sistema da analgesia; em especial, destacam-se a encefalina e a serotonina. Obs: analgésicos bloqueiam a resposta inflamatória mas não tratam a causa.
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