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Leucemi� mielóid� Robbins, Patologia, bases patológicas das doenças cap. 14 e Fundamentos em Hematologia A. V. Ho�brand Diferenciação das células sanguíneas Na medula óssea (órgão primário responsável por produzir células sanguíneas), há uma célula tronco, uma célula precursora indiferenciada A partir dessa célula ela dá origem a duas linhagens de células troncos, a célula de linhagem mielóide e a célula de linhagem linfóide. Linhagem mielóide há produção de megacariócitos, depois em pró-eritroblasto, mieloblastos. A partir do mieloblasto há granulopoiese, uma diferenciação de todas as células que possuem grânulos (basófilo, neutrófilo e eosinófilo) De um mesmo precursor há a diferenciação dos agranulócitos, os monócitos, uma célula anterior ao mieloblasto Uma mutação na célula tronco mielóide -> alteração de mieloblasto, haveria diferenciação de neutrófilo, eosinófilo e basófilo. Se alterar o precursor, todas as células derivadas dele estarão alterados Se o mieloblasto tiver uma mutação que o impede de se diferenciar, ele não se diferencia e fica em grande quantidade Se a mutação não impede a diferenciação, mas não consegue controlar o ciclo celular, haverá no sangue periférico muitas células com característica diferenciadas, pois o mieloblasto se diferencia mas as células que vem dele estão com capacidade de se dividir maior Onde ocorre a mutação pode haver uma retração das células progenitoras, ela pode não conseguir se diferenciar ou pode se proliferar demais. Essas diferentes mutações classificam os tipos de leucemias Na linhagem linfóide também pode haver mutação que leva alteração a nível de progenitores ou a nível de linfócitos Mutações nos precursores de origem linfóide -> leucemia linfoide Mutações nos precursores mielóide -> leucemia mieloide Leucocitose 1 Camila Guimarães Santos Aumento total do número absoluto de leucócitos no sangue periférico -> indicativo de leucemia ou de processo inflamatório Leucócitos: monócitos, eosinófilos, basófilos, neutrófilos, linfócitos Pode haver um processo de leucocitose sem haver um processo infeccioso -> leucemia A leucocitose é avaliada por valores numéricos absolutos Leucocitose - Desvio à esquerda Aparecimento de formas imaturas de neutrófilos. No leucograma vem especificado quais os níveis de maturação Leucocitose devido ao neutrófilo e seus progenitores Células que podem aparecer: neutrófilos jovens, bastonetes, metamielócitos, mielócitos, promielócitos, mieloblastos Desvio a esquerda precisamos ver essas células de forma gradativa, ver todos os níveis de diferenciação, promielócitos, mielócitos, bastonetes -> desvio escalonado A lógica de ter um desvio a esquerda é que o nosso corpo está precisando de neutrófilos e por não haver tempo suficiente de maturação há presença de células jovens Desvio à esquerda não escalonado -> não aparece em infecções porque está havendo problema na maturação das células, havendo saída precoce das células sem passarem por todo o processo de maturação -> provável leucemia Desvio à esquerda escalonado -> comum em infecções Desvio a esquerda: aparecimento de células imaturas de origem de neutrófilos na corrente sanguínea. Células imaturas que dão origem a neutrófilos: bastonetes, metamielocitos, mielocitos, promielocitos e mieloblastos No desvio à esquerda essas células estão em grande número na corrente sanguínea, elas saem sem maturação, não dando tempo de se transformar em neutrófilo. Quando há presença dessas células na corrente sanguínea, é preciso ver o grau de diferenciação dessas células, de forma escalonada, no que essas células se transformariam Desvios à esquerda sem escalonamento não é comum -> leucemia Neoplasias de leucócitos Leucemia: neoplasias de leucócitos onde progenitores alterados (mieloide ou linfoide) e suas células-filhas vão substituindo a medula óssea A leucemia é uma substituição da medula normal por célula tronco alterado e seus progenitores alterados Todas as leucemia a medula óssea está alterada 2 Camila Guimarães Santos O sangue e a medula são substituídas por células alteradas O que ocorre para gerar leucemia é alterações nas linhagens mieloides ou linfoides Dependendo da mutação há uma alteração específica Leucemia - características Aparecimento de células leucêmicas Células leucêmicas são blastos, células que perderam a capacidade de maturação, ou seja, são células imaturas. Essas células não devem ser vistas no sangue ou na medula óssea, quando elas começam a ter uma quantidade elevada na medula óssea ou no sangue periférico é um indicativo de processo leucêmico Ocorre nas células leucêmicas mutações em fatores de crescimento essenciais para a maturação e bloqueio da apoptose dessas células • Aumento do tamanho da célula • Imaturidade do núcleo • Presença de nucléolo e cromatina sem condensação • Contorno nuclear irregular • Basofilia ou vacuolização do citoplasma • Contorno irregular da célula ⭐SÓ DIFERENCIAÇÃO NÃO É CANCER Núcleo da célula quase do tamanho do citoplasma Imunofenotipagem: processo de marcação com anticorpos para moléculas específicas CD: glicoproteínas de membrana CD34: proteína em alguns tipos específicos de célula, célula mielóide de origem de célula tronco Células imaturas expressam CD34 Toda vez que a célula no eixo do CD34 atravessar a barra, ela está positiva para um marcador do eixo CD8, toda vez que passar da barra na vertical, quer dizer CD8 positivo 3 Camila Guimarães Santos Como podemos classificar as leucemias Leucemia é uma neoplasia maligna de leucócitos que tem comprometimento da medula óssea 1. Quanto à linhagem celular de origem - A leucemia pode ser mieloide ou linfoide 2. Quanto ao grau de infiltração da Medula óssea e ao número de blastos (célula imatura) Blasto = “broto” Acúmulo de blasto na medula óssea ou no sangue periférico (acima de 20%) -> leucemias agudas linfoideou mieloide Não tem blastos em grande concentração, mas possui acúmulo de células com características de células diferenciadas (célula com característica de neutrófilo/linfócito) -> leucemia crônica mielóide ou linfóide Leucemia originada a partir da célula progenitora mieloide: leucemia mieloide Leucemia originada a partir da célula progenitora linfóide: leucemia linfoide • Leucemias agudas: Evolução mais rápida, presença de células imaturas na circulação sanguínea e na medula óssea, melhor prognóstico no tratamento e cura. • Leucemias crônicas: Evolução mais lenta, células mais maduras na circulação sanguínea e na medula óssea, pior prognóstico no tratamento e cura. Responde mal ao tratamento. Levam a quadros agudos com o passar do tempo. Leucemias mieloides agudas Raras em pessoas abaixo de 60 anos Etiopatogenia Tabagismo, infecções, radiação Caracterizadas por transformações malignas nas células tronco, células de origem mielóide ou precursor mielóide • As leucemias agudas são doenças geralmente agressivas, nas quais a transformação maligna ocorre em células-tronco da hematopoese ou em progenitores primitivos. • Dano genético envolvem (i) aumento da velocidade de produção, (ii) diminuição da apoptose e (iii) bloqueio na diferenciação celular. • Causam um acúmulo de células hematopoéticas primitivas, chamadas de células blásticas, ou apenas blastos Pode ter blastos com características diferentes, que remetem às células de origem mielóide. Os blastos são caracterizados com relação a sua morfologia, citoquímica, molecularmente e imunofenotipagem Dentro das leucemias agudas, obrigatoriamente deve ter: - blastos acima de 20% na medula óssea - blastos de origem mielóide É comum que os pacientes apresentem anemia, infecções, hemorragia, devido a falta de amadurecimento das células, afetando os eritrócitos, megacariócitos 4 Camila Guimarães Santos Leucemias trazem quadros de petéquias, equimoses. Os pacientes ficam mais suscetíveis a processos infecciosos Alterações genéticas Principal mutação nas células progenitoras: inibição da maturação das células - Translocação entre o cromossomo 15 e 17: ocorre uma translocação gênica que faz com que o gene presente no cromossomo 15 vá para o cromossomo 17 fazendo com que haja uma fusão no gene do receptor do ácido retinóico que é essencial para diferenciação -> essencial para diferenciação - Translocação dos cromossomos 8 e 21, deleções no cromossomo 16 - Normalmente não só as translocações que causam leucemia, mas acompanhado a isso a mutação nos genes da tirosina quinase, mutação em proto-oncogenes (FLT3) Atual classificação da OMS subdivide a LMA em quatro categorias 1 – Classificar de acordo com as alterações cromossômicas (AML) 2 – Semelhanças com as síndromes mielodisplásicas (SDM) 3 – Se a leucemia é relacionada a alguma terapia – tipo quimioterapia 4 – Sem outra especificação – relacionados a morfologia – não se encaixam Classificação FAB (Franco-americana-britânica) -> antiga Classificado de M0 a M7 em relação a sua morfologia e graus de diferenciação M0: leucemia com poucas células diferenciadas M1: leucemia mieloide sem maturação, com mais de 50% de blastos mieloides e 10% de elementos mieloides maturadas M2: célula com maturação em torno de 30% de blastos e 10% de células anormais de origem pró-mielocítica M3: leucemia pró-mielocítica aguda, relacionada à translocação 15 e 17 M4: célula leucêmica mielocítica aguda, com blastos mieloides que não excedem 30% e há células com características monoblastos M5: células com característica de monócitos com mais de 80% M6: Eritroleucemia aguda ou síndrome de Di Guglielmo (mais de 50% dos elementos nucleados da medula devem ser eritroblastos e mais de 30% dos elementos não eritróides devem ser blastos mielóides M7: alteração em progenitor de megacariócito 5 Camila Guimarães Santos Mais importantes: de origem mieloblastos Características principais (morfologia) • Células de origem de Mieloblastos: células indiferenciada Possui cromatina frouxa com núcleos Positiva para CD34 (marcador de célula indiferenciada) e CD33 (marcador de origem mielóide) Classificação de FAB: M0 Promielocítica: células com características mais diferenciadas com grânulos azurofílicos e bastões de Auer. Presentes nas leucemias promielociticas ou mielocíticas Esses bastões indicam a diferenciação da célula em granulócitos Monoblastos : núcleo pregueado ou lobulado sem bastões de Auer, positivos para esterase não específica 6 Camila Guimarães Santos Leucemias mieloides agudas - imunofenotipagem e Citoquímica LMA: Leucemia Mielóide Aguda Marcadores: CD13, CD33, CD17 LLA: Leucemia Linfóide Aguda Células na imunocitoquímica Com marcação para proteínas dentro da células Marcação para mieloperoxidase junto com a inclusão dos bastões de Auer ajudam a diferenciar as células de origem promielocítica ou mielocítica -> células positivas para mieloperoxidase, molécula presente dentro dos grânulos Mieloperoxidase sudan black: célula de origem promielocítica ou mielocítica Esterases -> enzima presente no lisossomo de células monocíticas. Quando positiva a célula é de origem monocítica Leucemias mieloides agudas - prognóstico A sobrevida do paciente varia, depende do tipo de leucemia, as leucemias de mielóide aguda possui baixa sobrevida Caso clínico Um homem de 33 anos de idade que se apresentou com febre, pancitopenia e agravamento agudo da função do enxerto renal de 9 anos após transplante de rim de doador vivo. Após inicial testes negativos para infecção, uma biópsia renal revelou rejeição por anticorpos com C4d positivo e dispersas células inflamatórias atípicas. A 7 Camila Guimarães Santos biópsia da medula óssea demonstrou uma medula normocelular com manifestações hemorrágicas e 50% de gordura. A imunocoloração para CD34 revelou que 25% dascélulas apresentavam-se na forma de blastos. 1. Qual o tipo de leucemia portada pelo paciente? 2. Descreva o progresso desta leucemia. 3. Qual o tipo celular que frequentemente aumenta neste tipo de leucemia? 4. Quais as características clínicas? 5. Qual a principal característica molecular? Leucemia mielóide crônica • Corresponde de 15 a 20% das leucemias. • De 10% dos casos em pacientes com menos de 20 anos (na LMA não ocorre em pessoas jovens) • LMC a sobrevida média é de cinco a sete anos • Trata-se de doença caracterizada por leucocitose com desvio à esquerda, frequentemente excedendo 100.000 células/mm, esplenomegalia e cromossomo Philadelphia (Ph). Leucocitose + cromossomo Ph = LMC A LMC não é escalonada, há pulos de células diferenciadas Cromossomo Ph é uma translocação que ocorre entre o cromossomo 9 e 22. Essa translocação faz com que haja uma fusão entre o oncogene ABL e o BCR formando um gene híbrido ABL-BCR que forma uma oncoproteína, um receptor de tirosina quinase que induz a proliferação celular exacerbada Separada das outras formas devido à sua associação com uma anormalidade característica, a fusão do gene BCR-ABL, que produz a enzima tirosina cinase BCR-ABL constitutivamente ativa A doença evolui em três fases: 1. Crônica: fase de início da doença, demora de 5 a 6 anos, é uma fase assintomática 2. Acelerada : O número de blastos aumenta de 10 a 19%, aparecimento de blastos e sintomas, aumento do baço, perda de peso. Duração de 6 a 9 meses 3. Aguda : Blastos acima de 20%, dura de 3 a 6 meses, paciente vai a óbito A fase acelerada é diagnosticada quando ocorre um dos seguintes eventos: (1) aumento persistente da leucocitose ou da esplenomegalia, apesar do tratamento; (2) plaquetose persistente, acima de 1 milhão/mm3, apesar do tratamento; (3) plaquetopenia persistente, abaixo de 100.000/mm3, não relacionada com o tratamento; (4) anormalidades citogenéticas adicionais; (5) 20% ou mais de basófilos no SP; 8 Camila Guimarães Santos Presença de células com características granulocíticas (neutrófilo, basófilo, eosinófilo) Quando ocorre a crise blástica na fase aguda, surge mais de 20% de blastos no sangue periférico e na medula óssea Neutrófilos, fase crônica Várias células granulocíticas, entre fase crônica e acelerada Fase aguda Presença de blastos Não confundir com LMA. Aqui há um progresso, paciente progrediu para essa fase Caso 2 Homem de 65 anos que apresentava história prolongada de desconforto abdominal superior, anorexia e dois episódios de sangramento gengival recente, sem febre ou outras manifestações hemorrágicas. Ele era um fumante crônico sem outras comorbidades. O exame revelou hepatoesplenomegalia moderada. Na investigação, descobriu-se que ele apresentava trombocitose extrema (3.500.000 / mm3) e leucocitose com anemia moderada. Ele foi diagnosticado positivo para o BCR-ABL por PCR de transcrição reversa (RT-PCR). 1. Qual o tipo de leucemia portada pelo paciente? 2. Descreva as fases de progresso desta leucemia. 3. Qual o tipo celular que frequentemente aumenta neste tipo de leucemia? 4. Quais as características clínicas? 5. Qual a principal característica molecular? 9 Camila Guimarães Santos
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