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Tema 6 Tópicos especiais em relações de trabalho

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DESCRIÇÃO
As noções do Direito do Trabalho inseridas na prática, com grande ênfase na estrutura e
competência do Ministério Público do Trabalho.
PROPÓSITO
Estudar as noções da abrangência e do papel desempenhado pelo Ministério Público do
Trabalho e a importância do diálogo institucional com trabalhadores para um ambiente de
trabalho democrático e consciente.
PREPARAÇÃO
Para um estudo eficaz, tenha a Consolidação das Leis do Trabalho em mãos, bem como
acesso ao site do Tribunal Superior do Trabalho para averiguar a jurisprudência sobre o tema.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o papel do Ministério Público do Trabalho
MÓDULO 2
Distinguir as ações e programas de desligamento de trabalhadores, assim como o papel dos
sindicatos nos desligamentos
MÓDULO 3
Identificar as ações de geração de trabalho e renda
MÓDULO 1
 Descrever o papel do Ministério Público do Trabalho
Neste módulo, trataremos de abordar os principais pontos do papel e abrangência do
Ministério Público do Trabalho, quer seja em sua atuação extrajudicial, quer seja judicial, para
a tutela coletiva na defesa dos direitos de diversos trabalhadores a um só tempo.
Por consequência, abordaremos o principal instrumento extrajudicial do MPT, no qual o
infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais: o Termo de Ajustamento de
Conduta.
PAPEL E ABRANGÊNCIA DO MPT
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 127, caput, declina expressamente o conceito de
Ministério Público, como se verifica a seguir:
“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regimento democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.”
 
Foto: rafastockbr / Shutterstock.com
O CPC/2015 compatibilizou seus dispositivos com a redação prevista na CF/1988 e
estabeleceu, em seu artigo 176, que o Ministério Público atuará na defesa:
DA ORDEM JURÍDICA
DO REGIME DEMOCRÁTICO
DOS INTERESSES E DIREITOS SOCIAIS E
INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS
DESTACAMOS, AINDA, QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO
É ÓRGÃO INDEPENDENTE, NÃO ESTANDO
VINCULADO A NENHUM DOS DEMAIS PODERES
(EXECUTIVO, LEGISLATIVO OU JUDICIÁRIO). TEM
AUTONOMIA FUNCIONAL, ADMINISTRATIVA E
FINANCEIRA (CF, ART. 127, §2º).
O Ministério Público do Trabalho (MPT), objeto do presente estudo, é ramo do Ministério
Público da União, incumbido de tutelar os direitos difusos, coletivos, individuais
homogêneos e individuais indisponíveis, quando pautados na relação de trabalho. Em
regra, as atribuições do Ministério Público do Trabalho estão ligadas às matérias de
competência da Justiça do Trabalho.
 SAIBA MAIS
O MPT tem como foco principal a tutela coletiva, ou seja, age para defender diversos
trabalhadores a um só tempo. Além disso, a atuação desse ramo ministerial busca
despersonalizar o empregado, já que não age em nome do empregado X ou Y, mas para
garantir o direito de diversos trabalhadores.
Excepcionalmente, o MPT poderá tutelar interesses individuais, quando buscar a defesa dos
direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho.
O Ministério Público do Trabalho possui as seguintes metas institucionais:
 
Foto: Shutterstock.com
COMBATER AS FRAUDES NA RELAÇÃO DE
TRABALHO.
 
Foto: Shutterstock.com
PRESERVAR O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
ADEQUADO.
 
Foto: Talukdar David / Shutterstock.com
ERRADICAR O TRABALHO INFANTIL.
 
Imagem: Shutterstock.com
COMBATER AS PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS.
 
Foto: Shutterstock.com
ERRADICAR O TRABALHO ESCRAVO E
DEGRADANTE.
 
Imagem: Shutterstock.com
ELIMINAR AS IRREGULARIDADES TRABALHISTAS NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
 
Foto: Shutterstock.com
GARANTIR A LIBERDADE SINDICAL E BUSCAR A
PACIFICAÇÃO DOS CONFLITOS COLETIVOS DE
TRABALHO.
SUA ATUAÇÃO PODE SER EXTRAJUDICIAL E
JUDICIAL.
No campo extrajudicial, utiliza-se basicamente do:
INQUÉRITO CIVIL (IC)
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC)
Além de outros mecanismos eficazes a assegurar a observância dos direitos sociais, como é
o caso das audiências públicas e das recomendações.
Por meio do Inquérito Civil, o MPT investiga determinados fatos, com o objetivo de colher
elementos de convicção para verificar se existem lesões ou ameaças de lesões aos direitos
dos trabalhadores. Verificando a existência de lesões ou ameaças de lesões, o MPT poderá
afirmar Termo de Ajustamento de Conduta, que é um mecanismo extrajudicial em que o
infrator da lei se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título
executivo extrajudicial (CLT, art. 876).
 EXEMPLO
O MPT instaura um IC diante da denúncia que o empregador excede a jornada de trabalho
dos motoristas empregados. Nessa hipótese, a Gerência Regional do Trabalho e Emprego
expede Auto de Infração relativo ao excesso de jornada para que o empregador realize o
pagamento da multa.
 
Imagem: Shutterstock.com
Observando a continuidade do ato ilícito pela empresa, o MPT propõe a assinatura do TAC
pela empresa. Caso a empresa não tenha interesse em firmar o TAC, o Ministério Público do
Trabalho pode se utilizar do âmbito judicial. Nesse caso, vale-se, em regra, da ação civil
pública, ação civil coletiva, ação rescisória, dissídio coletivo de greve etc.
O IC e o TAC são facultativos, de modo que o Ministério Público, tomando ciência de lesão ou
ameaça de lesão a direitos trabalhistas, poderá, imediatamente, ajuizar ação civil pública.
Em alguns casos, o MPT atua na reclamação trabalhista como fiscal da ordem jurídica. Aliás,
a terminologia “fiscal da ordem jurídica” foi uma das inovações trazidas pelo CPC/2015, uma
vez que o CPC/1973 denominava essa atuação do Ministério Público como fiscal da lei. Essa
alteração é condizente com o art. 127, caput, da CF/1988, indicando que o órgão ministerial
deve zelar não apenas pelo cumprimento da lei, mas também pelas demais fontes do
ordenamento jurídico, tais como os princípios.
 SAIBA MAIS
O Ministério Público quando atua como fiscal da ordem jurídica deve proferir parecer no prazo
de 8 dias (Lei nº 5.584/1970, art. 5º), salvo no mandado de segurança, no qual o prazo é de
10 dias, conforme descreve o art. 12 da Lei nº 12.016/2009.
O art. 83, da LC nº 75/1993, prevê as seguintes atribuições do Ministério Público do Trabalho:
I
Promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis
trabalhistas;
II
Manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou
por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção;
III
Promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses
coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;
IV
Propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo
coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os
direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores;
V
Propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e
índios, decorrentes das relações de trabalho;
VI
Recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos
processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir
revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
VII
Funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a
matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de
vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar
convenientes;
VIII
Instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse
público assim o exigir;
IX
Promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de
serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando suaconcordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação,
resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição Federal;
X
Promover mandado de injunção quando a competência for da Justiça do Trabalho;
XI
Atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da
Justiça do Trabalho;
XII
Requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e
para a melhor solução das lides trabalhistas;
XIII
Intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da
Justiça do Trabalho quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro
ou organismo internacional (grifo nosso).
RELEVANTE PAPEL DO MPT NO COMBATE AOS
DANOS EXTRAPATRIMONIAIS COLETIVOS
Segundo Schreiber (2013, p. 412), a atuação do Ministério Público do Trabalho, ente
legitimado para a tutela de direitos coletivos, tem gerado grandes resultados nas ações
coletivas no campo trabalhista. Interessante destacar que a atuação de forma coletiva mitiga a
dificuldade de acesso individual à Justiça, permite plena compreensão da dimensão social da
demanda e garante uma decisão unitária para todas as vítimas, sem riscos de tratamentos
conflitantes a casos idênticos, como é costumeiro na justiça individual.
Apesar de seu conceito ser altamente controvertido, de acordo com Tartuce (2012, p. 466), o
dano moral coletivo atinge, ao mesmo tempo, vários direitos da personalidade, de pessoas
determinadas ou determináveis, ou seja, o patrimônio imaterial de uma coletividade.
A ACEITAÇÃO DO DANO MORAL COLETIVO
DEPENDEU DO ALARGAMENTO DA TESE DE
REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS PARA PERMITIR
FIGURAR NO POLO PASSIVO UM ENTE JURÍDICO.
ESSA SUBCLASSIFICAÇÃO, SEGUNDO MELLO (2015,
P. 30-31), É FUNDAMENTAL PARA ABARCAR
FENÔMENOS QUE TRANSCENDEM A
INDIVIDUALIDADE.
Nesse contexto, se a reparação por danos extrapatrimoniais se fundamenta na centralidade e
na singularidade do ser humano, o que dizer para justificar a condenação por danos coletivos
sem perder a coerência do argumento? Leonardo Roscoe Bessa (2018) destaca que “o
objetivo de se prever, ao lado da possibilidade de indenização pelos danos materiais, a
condenação por dano moral coletivo, só encontra justificativa pela relevância social e
interesse público inexoravelmente associados à proteção e tutela dos direitos
metaindividuais”.
Para Enoque Ribeiro dos Santos (2016, p. 86),
A FINALIDADE DA REPARAÇÃO PELO DANO MORAL
COLETIVO É DUPLA: PREVENIR FUTURA CONDUTA
ILÍCITA POR PARTE DOS INFRATORES, QUE IRÃO
SENTIR NO BOLSO OS EFEITOS DE SUA INCÚRIA, E,
DESSA FORMA, OBSTAR PRÁTICAS REINCIDENTES,
BEM COMO SERVIR DE EXEMPLO PARA OS DEMAIS
EMPRESÁRIOS, NO SENTIDO DE QUE O
COMPORTAMENTO DO INFRATOR É A TAL PONTO
CONDENÁVEL QUE VEIO MERECER UMA SANÇÃO
COMPLEMENTAR E PEDAGÓGICA.
Com razão. Diferentemente da lógica da reparação do dano individual, a reparação dos danos
coletivos e difusos enseja tratamento próprio específico no que tange à responsabilização do
agente causador, seja quanto à forma, seja quanto à função que a orienta. No campo da tutela
dos direitos coletivos, o mecanismo de reparação de danos dá-se por meio da condenação do
ofensor ao pagamento de uma parcela pecuniária, com finalidade específica.
 SAIBA MAIS
Na fixação do valor indenizatório do dano moral coletivo, os magistrados estão considerando,
em linhas gerais, os mesmos parâmetros utilizados para a fixação do dano moral individual,
levando-se em conta os preceitos do art. 944 do Código Civil, utilizado de forma subsidiária.
Segundo Xisto de Medeiros Neto (2014, p. 196), “a imposição dessa parcela ao ofensor
corresponde à forma de responsabilização concebida pelo sistema jurídico, equivalente ao
que se convencionou chamar de reparação por dano moral coletivo, e que tem o objetivo de
atender, com primazia, à função sancionatória e pedagógica reconhecida à tutela desta
categoria de danos”. Não se trata, propriamente, de uma reparação típica, de finalidade
compensatória, nos moldes do que se observa em relação aos danos extrapatrimoniais
individuais.
A relevância da previsão legal dessa reparação é facilmente percebida quando se defrontam
hipóteses de violação grave a direitos coletivos e se constata que a simples cessação da
conduta danosa ilícita ou o cumprimento, a partir de dado momento, da obrigação legal até
então negligenciada, deixaria impune o ofensor, em relação ao tempo em que se deu a
violação, sem qualquer meio hábil que pudesse responsabilizá-lo pela lesão havida, na maior
parte das vezes irreversível. Ademais, em tais hipóteses de danos à coletividade, a ausência
ou mesmo a não admissão de uma forma própria de reparação representaria fator de
incentivo à prática de novas condutas antijurídicas, em que o violador auferiria vantagem
indevida, principalmente de ordem econômica.
No âmbito do Direito do Trabalho é comum o dano moral coletivo em casos de:
DISPENSAS DISCRIMINATÓRIAS
EXPLORAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL
SUBMISSÃO DE TRABALHO À CONDIÇÃO ANÁLOGA
À DE ESCRAVO
DANOS AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ETC.
Em linhas gerais, configurar-se-á dano moral coletivo (MELO, 2015, p. 32):

 
Imagem: Shutterstock.com
A exposição de grupos de trabalhadores a situações vexatórias, humilhantes ou
constrangedoras.
O descumprimento, por parte dos empregadores, dos direitos sociais trabalhistas difusos,
individuais homogêneos ou coletivos.
 
Imagem: Shutterstock.com


 
Imagem: Shutterstock.com
O incumprimento acerca do direito à realização periódica de exames médicos.
A violação do direito ao piso salarial ou normativo da categoria.
 
Imagem: Shutterstock.com


 
Imagem: Shutterstock.com
O desrespeito ao direito à saúde, higiene e segurança do trabalho.
Assim como a proteção a discriminações que envolvam gênero, idade, saúde e ideologia na
admissão do emprego ou na vigência do contrato de trabalho.
 
Imagem: Shutterstock.com

A lesão a bens e interesses da coletividade deve ensejar uma reparação adequada e eficaz a
esta peculiar modalidade de dano extrapatrimonial, que se efetiva sob a forma de uma
condenação em dinheiro imposta ao ofensor em valor que reflita, necessária e
prevalentemente, o caráter sancionatório e pedagógico da medida.
TENDO EM VISTA AS CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS
DO DANO MORAL COLETIVO, A CONDENAÇÃO
PECUNIÁRIA REPARATÓRIA PODE APRESENTAR
TAMBÉM NATUREZA SANCIONATÓRIA EM RELAÇÃO
AO OFENSOR, E NÃO APENAS REPARATÓRIA OU
PREVENTIVA. COM ISSO, REALÇA-SE, TAMBÉM, A
INTENÇÃO DE DISSUADIR O VIOLADOR DE
PRATICAR NOVAMENTE TAIS OFENSAS, INCLUSIVE
EM FACE DE TERCEIROS, ASPECTO QUE AVIVA A
FINALIDADE PREVENTIVA DE TAL FORMA DE
RESPONSABILIZAÇÃO.
Portanto, o que se almeja nessa órbita de danos extrapatrimoniais, tendo como sujeito
passivo a coletividade, é impor ao ofensor condenação pecuniária que signifique sanção pela
prática da conduta ilícita. De forma secundária, concebe-se alguma finalidade compensatória
em sede de reparação do dano moral coletivo, considerando ser a coletividade o sujeito
passivo da violação, e a parcela da condenação imposta judicialmente ter como objetivo a
“reconstituição dos bens lesados”, conforme previsto no artigo 13 da Lei nº 7.347/1985 (Lei de
Ação Civil Pública).
LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA
AJUIZAMENTO DE AÇÕES CIVIS PÚBLICAS
É praticamente pacífico na doutrina e na jurisprudência que o MP tem legitimidade para
propor Ação Civil Pública na defesa dos interesses difusos e coletivos (art. 129, III da CF).
Divergência ainda reina, contudo, na hipótese de legitimação para defesa de interesses
e direitos individuais homogêneos.
Inicialmente, a doutrina e jurisprudência dominantes não admitiam a legitimidade do Ministério
Público para propor demanda visando à proteção de interesses e direitos individuais
homogêneos, até porque a Lei da Ação Civil Pública não a prevê. O próprio MP dizia que não
poderia ser atrelado a defesas individuais,porque se o direito é individual, ainda que o dano
tenha origem comum, deslocaria o MP de suas relevantes funções, que são a defesa da
sociedade como um todo.
ATUALMENTE, PORÉM, A JURISPRUDÊNCIA JÁ ESTÁ
EQUILIBRADA, ADMITINDO-SE TAL LEGITIMIDADE EM
DIVERSAS HIPÓTESES.
PARA PEDRO DINAMARCO (2001, P. 213)
A legitimidade do Ministério Público para a defesa de interesses e direitos individuais
homogêneos residiria na sua qualidade de indisponibilidade. Assim, “a solução correta é
a de que os interesses individuais homogêneos só podem ser defendidos pelo Ministério
Público, por meio da ação civil pública, quando eles forem, simultaneamente, indisponíveis.”
Sua posição se sustenta, basicamente, no fato de a Constituição Federal não ter feito
qualquer menção em seu texto sobre a possibilidade de o MP defender interesses individuais
disponíveis, não sendo, portanto, permitido à instituição mencionada a defesa de forma
indiscriminada de direitos individuais homogêneos.
PARA HUMBERTO DALLA BERNARDINA DE PINHO
(2001)
Os direitos individuais homogêneos são individuais na origem, entretanto, em razão de sua
relevância social, são tratados pela lei como coletivos, e assim tutelados. A legitimidade do
MP para o ajuizamento de Ação Civil Pública em defesa de interesses difusos e
coletivos tem previsão constitucional expressa (art. 129, III CF). Explica que a falta da
inclusão, no mesmo dispositivo constitucional dos direitos individuais homogêneos, tem razão
no fato de que nem todas as situações individuais alcançam dimensão de justificar a atuação
do MP, ao contrário do que ocorre com os interesses difusos e coletivos, que, pela natureza,
têm afetação automática à coletividade, e não apenas ao indivíduo.
Em verdade, em se tratando de ação coletiva, qualquer que seja a sua modalidade, tem o MP
legitimidade, pois, se cabe a ele decidir quando deve intervir como fiscal da lei, deve caber a
ele também, de forma independente e autônoma, decidir quando existe dano social e que o
deva motivar a ingressar com uma ação coletiva, já que o Parquet no aspecto processual é a
própria sociedade em juízo.
TERMOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
TRABALHISTA (TAC)
O art. 5º, §6º, da Lei nº 7.347/1985 estabelece que “os órgãos públicos legitimados poderão
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”.
Assim, verificando a existência de lesões ou ameaças de lesões, o MPT poderá firmar Termo
de Ajustamento de Conduta, mecanismo extrajudicial em que o infrator da lei se compromete
a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo extrajudicial (CLT, art.
876).
 ATENÇÃO
O TAC não pode ser utilizado para concessões que impliquem renúncia aos direitos ou
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos se o Ministério Público não for o titular
de direitos. Deve, assim, ficar restrito à interpretação do direito para o caso concreto, à
especificação das obrigações adequadas e necessárias, em especial o modo, tempo e lugar
de cumprimento, bem como à mitigação, à compensação e à indenização dos danos que não
possam ser recuperados (CNMP – Resolução nº 179/2017, art. 1º, §1º).
A celebração de TAC com o Ministério Público não afasta, necessariamente, a eventual
responsabilidade administrativa ou penal pelo mesmo fato, nem importa, automaticamente, no
reconhecimento de responsabilidade para outros fins que não os estabelecidos
expressamente no compromisso (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 1º, §3º).
O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou
procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas,
líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto, a ser assinado pelo órgão do
Ministério Público e pelo compromissário (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º).
QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA
FÍSICA...
QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA
JURÍDICA...
QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA
FÍSICA...
O compromisso de ajustamento de conduta poderá ser firmado por procurador com poderes
especiais outorgados por instrumento de mandato, público ou particular (CNMP – Res. nº
179/2017, art. 3º, §2º).
QUANDO O COMPROMISSÁRIO FOR PESSOA
JURÍDICA...
O compromisso de ajustamento de conduta deverá ser firmado por quem tiver por lei,
regulamento, disposição estatutária ou contratual, poderes de representação extrajudicial
daquela, ou por procurador com poderes especiais outorgados pelo representante (CNMP –
Res. nº 179/2017, art. 3º, §2º).
Tratando-se de empresa pertencente a um grupo econômico, deverá assinar o representante
legal da pessoa jurídica controladora à qual esteja vinculada, sendo admissível a
representação por procurador com poderes especiais outorgados pelo representante (CNMP
– Res. nº 179/2017, art. 3º, §3º).
O compromisso de ajustamento de conduta deverá prever multa diária ou outras espécies de
cominação para o caso de descumprimento das obrigações nos prazos assumidos, admitindo-
se, em casos excepcionais e devidamente fundamentados, a previsão de que esta cominação
seja fixada judicialmente, se necessária à execução do compromisso (CNMP – Res. nº
179/2017, art. 4º).
A NECESSIDADE DE REVISÃO DE TACS EM
CASOS DE TERCEIRIZAÇÃO
Tem sido bastante comum a hipótese de empresas que tenham firmado termos de
ajustamento de conduta comprometendo-se a não terceirizar serviços sentirem a necessidade
de revisão dos respectivos acordos, a partir das decisões vinculantes do Supremo Tribunal
Federal que autorizam a terceirização em atividades-fim, inclusive.
 ATENÇÃO
Em verdade, a partir das Leis n° 13.429 e 13.467, ambas de 2017, restou expressamente
regulamentada a terceirização em geral, para qualquer tipo de perfil contratual, de acordo com
os artigos 4º-A e 5º-A da Lei n° 6.019/1974, os quais permitem a adoção do modelo
terceirizado para execução de todas as atividades desenvolvidas, inclusive a principal,
permitida, ademais, a subcontratação dos serviços, ou seja, a “quarteirização”.
Em relação ao período pretérito, ações constitucionais relevantes foram servis à fixação de
tese favorável ao instituto da terceirização. Confira-se, com destaques, o julgamento da
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 324 pelo Supremo Tribunal
Federal:
Direito do Trabalho. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Terceirização de
atividade-fim e de atividade-meio. Constitucionalidade.
ADPF 324, Relator: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019.
1
A Constituição não impõe a adoção de um modelo de produção específico, não impede
o desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco veda a
terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o tema tem sido oscilante e não
estabelece critérios e condições claras e objetivas, que permitam sua adoção com segurança.
O Direito do Trabalho e o sistema sindical precisam se adequar às transformações no
mercado de trabalho e na sociedade.
2
A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de uma empresa tem amparo
nos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência, que asseguram
aos agentes econômicos a liberdade de formular estratégias negociais indutoras de
maior eficiência econômica e competitividade.
3
A terceirização não enseja, por si só, precarização do trabalho, violação da dignidade do
trabalhador ou desrespeito a direitos previdenciários. É o exercício abusivo da sua
contratação que pode produzir tais violações.
4
Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam a constitucionalidade da
terceirização devem ser compatibilizados com as normas constitucionais de tutela do
trabalhador, cabendo à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da
terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas,bem como por obrigações previdenciárias (art. 31 da Lei 8.212/1993).
5
A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços pressupõe a sua participação no
processo judicial, bem como a sua inclusão no título executivo judicial.
6
Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o objeto da ação, entre outras
razões porque, a despeito dela, não foi revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que
consolidava o conjunto de decisões da Justiça do Trabalho sobre a matéria, a indicar que o
tema continua a demandar a manifestação do Supremo Tribunal Federal a respeito dos
aspectos constitucionais da terceirização. Além disso, a aprovação da lei ocorreu após o
pedido de inclusão do feito em pauta.
7
Firmo a seguinte tese: “1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou
fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da
contratada.
2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade
econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das
normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da
Lei 8.212/1993”.
8
ADPF julgada procedente para assentar a licitude da terceirização de atividade-fim ou meio.
Restou explicitado pela maioria que a decisão não afeta automaticamente decisões
transitadas em julgado.
Vejam-se, também, outros dois importantes julgados do STF:
RE 760931
RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM
REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO.
TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
(...). 1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-meio” é imprecisa, artificial e
ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada pela especialização e divisão de
tarefas com vistas à maior eficiência possível, de modo que frequentemente o produto
ou serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado ou prestado por
agente distinto, sendo também comum a mutação constante do objeto social das
empresas para atender a necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas
empresas do mundo. (...)
(RE 760931, Relator(a): ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: LUIZ FUX, Tribunal Pleno,
julgado em 26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO
DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017)
RE 958252
RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM
REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO.
CONSTITUCIONALIDADE DA “TERCEIRIZAÇÃO”. ADMISSIBILIDADE. OFENSA DIRETA.
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA (ART. 1º, IV, CRFB).
(...) 22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no direito brasileiro mesmo
no período anterior à edição das Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente
dos setores em que adotada ou da natureza das atividades contratadas com terceira
pessoa, reputando-se inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos
princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e da liberdade contratual (art.
5º, II, da CRFB).
(RE 958252, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-199 DIVULG 12-09-2019 PUBLIC
13-09-2019)
Nesse contexto, destaque-se a redação do artigo 505, I do CPC:
 
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ART. 505. NENHUM JUIZ DECIDIRÁ NOVAMENTE AS
QUESTÕES JÁ DECIDIDAS RELATIVAS À MESMA
LIDE, SALVO:
I - SE, TRATANDO-SE DE RELAÇÃO JURÍDICA DE
TRATO CONTINUADO, SOBREVEIO MODIFICAÇÃO NO
ESTADO DE FATO OU DE DIREITO, CASO EM QUE
PODERÁ A PARTE PEDIR A REVISÃO DO QUE FOI
ESTATUÍDO NA SENTENÇA;
II - NOS DEMAIS CASOS PRESCRITOS EM LEI.
Portanto, como houve alteração da legislação e da jurisprudência posteriormente à celebração
de TACs, será possível considerar superadas as obrigações nele estabelecidas.
Em suma, diante dos termos dos inúmeros TACs firmados com a proibição de se terceirizar, e
considerando as decisões do Supremo Tribunal Federal sobre o tema da terceirização,
sobretudo na ADPF 324, mostra-se plenamente possível a revisão dos pactos, máxime desde
a entrada em vigor das Leis 13.429 e 13.467/2017.
A QUESTÃO NÃO É DE TODO PACÍFICA, JÁ QUE
SEQUER HÁ CONSENSO SOBRE A NATUREZA
JURÍDICA DO TAC E SE ELE ESTARIA OU NÃO
ALBERGADO PELA REGRA DA IMUTABILIDADE DOS
ATOS JURÍDICOS PERFEITOS.
O TST, entretanto, julgando um Recurso de Revista em Ação Revisional de Cláusula de
Termo de Ajustamento de Conduta, posicionou-se quanto à possibilidade de revisão das
cláusulas do TAC quando a alteração do estado de fato ou de direito assim o justifica, com
fundamento no art. 505, I do CPC c/c o art. 769 da CLT. Confira-se julgado do TST:
RECURSO DE REVISTA. NÃO REGIDO PELA LEI 13.015/14. AÇÃO REVISIONAL DE
CLÁUSULA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. PRETENSÃO DE
ADEQUAÇÃO À COMPREENSÃO JURISPRUDENCIAL PREVALECENTE. REVISTA DE
BOLSAS E PERTENCES DE TRABALHADORES. CLÁUSULA QUE AMPLIA OS
PARÂMETROS DEFINIDOS PELA JURISPRUDÊNCIA. PRETENSÃO EMPRESARIAL
PROCEDENTE. OFENSA AO ART. 471, I, DO CPC/73 (ART. 505, I, DO CPC/2015).
CONFIGURAÇÃO.
1
2
A Recorrente celebrou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante o Ministério
Público do Trabalho, no ano de 2004, comprometendo-se a não "(...) realizar revistas
íntimas, assim entendidas aquelas que importem qualquer tipo de contato físico e/ou
exposição de parte do corpo ou objetos pessoais". Com base na jurisprudência que se
consolidou em momento posterior a respeito da proteção patrimonial das empresas, nas
relações travadas com seus empregados, propôs a Recorrente a presente Ação Revisional de
Cláusula de TAC, postulando a substituição da cláusula I do TAC acima transcrita. Decretada
a improcedência da pretensão nas instâncias ordinárias, articula a empresa, em seu recurso
de revista, a ofensa aos artigos 471, I, do CPC e 769 da CLT, e 5º, II, XXII, XXXV e LIV, da CF,
além de dissenso jurisprudencial (RR ‒ 1030-74.2010.5.08.0001, Relator Ministro: Douglas
Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 16/11/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/12/2016).
Nas relações jurídicas de trato sucessivo, entre as quais se inserem as constituídas por
meio da celebração de um TAC em que previstas obrigações de fazer e não fazer com
efeitos permanentes e prospectivos, a alteração do estado de fato ou de direito autoriza
a retificação do quanto ajustado, com fundamento no art. 471 do CPC de 1973 (atual art.
501 do CPC de 2015) c/c o art. 769 da CLT. Nesse cenário, se a jurisprudência consolidada
no âmbito deste TST, após intensos debates acerca da questão jurídica suscitada ‒ ausência
de dano moral em razão de revistas íntimas, realizadas de forma impessoal e discreta, sem
contato físico ou exposição da intimidade do trabalhador ‒, consolidou-se em sentido diverso
do que orientou a celebração do TAC, revela-se perfeitamente cabível a revisão do quanto
convencionado, assegurando-se a isonomia e a segurança jurídica aos envolvidos e
preservando-se a unidade de sentido da ordem jurídica, especialmente no caso
concreto, em que postulam incidência, de forma aparentemente antagônica, os incisos
X e XXII do artigo 5º da CF. Esta Corte Superior já fixou o entendimento de que o
procedimento de revista aos pertences dos empregados, sem contato físico, de forma
impessoal e genérica, sem caráter discriminatório e sem exposição da intimidade do
trabalhador, não configura ato ilícito (CC, arts. 186 e 187). Se o teor da cláusula firmada com
o Parquet dissente parcialmente dessa orientação, precisamente no capítulo em que veda a
revista em bolsas, mochilas e sacolas dos empregados, não se pode preservar sua eficácia,
sob pena de ofensa ao art. 471, I, do CPC (art. 505, I, do CPC/2015). Recurso de revista
conhecido e parcialmente provido (RR ‒ 1030-74.2010.5.08.0001, Relator Ministro: Douglas
Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 16/11/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/12/2016).
Diante desse relevante e atual precedentedo TST, que entendeu pela possibilidade de
revisão dos termos de um TAC para ajustá-lo a uma nova diretriz jurisprudencial daquela
Corte, não parece razoável não se admitir a possibilidade de revisão das cláusulas de um
TAC quando a edição de uma nova Lei assim o justificar.
A possibilidade, aliás, parece ainda mais evidente no caso da revisão das cláusulas de
proibição da terceirização da atividade-fim se levarmos em conta que, à época da assinatura
desses TACs, sequer havia norma legal que regulasse a matéria. Logo, com a entrada em
vigor da Lei nº 13.429/17, parece justificável o ajuizamento de eventuais ações revisionais dos
TACs para acomodação dos compromissos à realidade legal e jurisprudencial da atualidade.
O vídeo abordará as diferentes atribuições do MP narradas ao longo do módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE, COM BASE
NA LC 75/1993, A UMA ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO:
A) Promover a defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes
das relações de trabalho, por meio da via judicial e extrajudicial.
B) Atuar obrigatoriamente nos feitos que estejam em trâmite no segundo e terceiro graus de
jurisdição da Justiça do Trabalho.
C) Nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho, atuar como árbitro quando solicitado
pelas partes
D) Propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo
coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos
individuais indisponíveis dos trabalhadores.
E) Manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, quando entender existente
interesse público que justifique a intervenção, acolhendo solicitação do juiz ou por sua
iniciativa.
2. EM RELAÇÃO AO TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, É
CORRETO AFIRMAR:
A) Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de sua conduta às exigências legais, sem especificar cominações, que terá
eficácia de título executivo judicial.
B) O TAC pode ser utilizado para concessões que impliquem renúncia aos direitos ou
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
C) A lavratura do Termo de Ajustamento de Conduta impede a propositura de ação judicial
coletiva e condiciona o encerramento da investigação pelo Ministério Público do Trabalho.
D) O Termo de Ajustamento de Conduta é considerado um mecanismo em que o infrator da lei
se compromete a se ajustar aos comandos legais, formando-se um título executivo judicial.
E) O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou
procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas,
líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que não corresponde, com base na LC 75/1993, a uma
atribuição do Ministério Público do Trabalho:
A alternativa "B " está correta.
 
Segundo o art. 83, inciso XIII da LC 75/1993, o Ministério Público do Trabalho deverá intervir,
de forma obrigatória, nos processos que estejam no segundo e terceiro graus de jurisdição
quando envolver pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo
internacional.
2. Em relação ao Termo de Ajustamento de Conduta, é correto afirmar:
A alternativa "E " está correta.
 
O TAC poderá ser firmado em qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou
procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter obrigações certas,
líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso concreto, a ser assinado pelo órgão do
Ministério Público e pelo compromissário (CNMP – Res. nº 179/2017, art. 3º).
MÓDULO 2
 Distinguir as ações e programas de desligamento de trabalhadores, assim como o
papel dos sindicatos nos desligamentos
Neste segundo módulo, o foco de aprendizagem serão as ações e os programas de
desligamento.
Vamos compreender algumas possibilidades de extinção do contrato de trabalho via
Programas de Demissão Voluntária (PDV) e de Demissão Incentivada (PDI).
PROGRAMAS DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA
(PDV) E DE DEMISSÃO INCENTIVADA (PDI)
A Lei nº 13.467/2017 inseriu novo preceito na Consolidação das Leis do Trabalho (art. 477-B),
tratando dos Planos de Demissão Voluntária ou Incentivada (conhecidos como PDVs ou PDIs)
e os efeitos de sua quitação relativamente aos direitos resultantes do vínculo empregatício.
Eis o texto legal do novo preceito publicado:
ART. 477-B. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA OU
INCENTIVADA, PARA DISPENSA INDIVIDUAL,
PLÚRIMA OU COLETIVA, PREVISTO EM CONVENÇÃO
COLETIVA OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO,
ENSEJA QUITAÇÃO PLENA E IRREVOGÁVEL DOS
DIREITOS DECORRENTES DA RELAÇÃO
EMPREGATÍCIA, SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO
ESTIPULADA ENTRE AS PARTES.
O novel dispositivo legal reporta-se aos PDVs e PDIs elaborados para reger dispensas
individuais, plúrimas ou coletivas, e que sejam construídos por intermédio da negociação
coletiva trabalhista, quer mediante convenção coletiva de trabalho, quer mediante acordo
coletivo de trabalho.
ISSO SIGNIFICA QUE PLANOS DE DEMISSÃO
VOLUNTÁRIA OU PLANOS DE DEMISSÃO
INCENTIVADA QUE SEJAM ESTRUTURADOS
UNILATERALMENTE PELA EMPRESA
EMPREGADORA, VIA DE REGRA, NÃO ESTÃO
ABRANGIDOS PELA REGRA DO ART. 477-B DA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, NÃO
PRODUZINDO OS EFEITOS JURÍDICOS DE QUITAÇÃO
AMPLA, GERAL E IRRESTRITA MENCIONADOS NO
PRECEITO CELETISTA ("QUITAÇÃO PLENA E
IRREVOGÁVEL DOS DIREITOS DECORRENTES DA
RELAÇÃO EMPREGATÍCIA").
Assim, é possível sustentar que, no tocante a tais PDVs ou PDIs meramente unilaterais,
arquitetados sem o manto da negociação coletiva trabalhista, aplica-se o critério interpretativo
proposto pela antiga OJ 270 da SDI-1 do TST (2002): "A transação extrajudicial que importa
rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária
implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo".
No que tange, porém, ao disposto na nova regra da CLT (art. 477-B), é necessário se realizar
a interpretação jurídica a partir das cautelas lançadas na decisão vinculante do Tribunal Pleno
do STF, quando decidiu a mencionada matéria (amplitude da quitação conferida em PDVs
e/ou PDIs arquitetados por negociação coletiva trabalhista).
Naquela decisão, o Supremo Tribunal Federal, no RE nº 590.415-SC, em que foi Relator o
Ministro Luís Roberto Barroso, tratando do tema nº 152 de repercussão geral da Corte
Máxima, deixou clara a necessidade de o instrumento do PDV/PDI, coletivamente negociado,
fazer menção expressa à quitação ampla e irrestrita; deixou também claro ser preciso que os
documentos de adesão ao Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada subscritos
expressamente pelo trabalhador desligado da empresa igualmente façam menção expressa a
esse tipo de quitação ampla e irrestrita.
 
Foto: Diego Grandi / Shutterstock.com
De fato, o Tribunal Pleno do STF, em sessão ocorrida em 30/04/2015, a partir do voto do
Ministro Relator Luís Roberto Barroso, prolatou a seguinte decisão:
(...) POR UNANIMIDADE E NOS TERMOS DO VOTO DO
RELATOR, CONHECEU DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO E A ELE DEU PROVIMENTO,
FIXANDO-SE A TESE DE QUE A TRANSAÇÃO
EXTRAJUDICIAL QUE IMPORTA RESCISÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO EM RAZÃO DE ADESÃO
VOLUNTÁRIA DO EMPREGADO A PLANO DE
DISPENSA INCENTIVADA ENSEJA QUITAÇÃO AMPLA
E IRRESTRITA DE TODAS AS PARCELAS OBJETO DO
CONTRATO DE EMPREGO CASO ESSA CONDIÇÃO
TENHA CONSTADO EXPRESSAMENTE DO ACORDO
COLETIVO QUE APROVOU O PLANO, BEM COMO
DOS DEMAIS INSTRUMENTOS CELEBRADOS COM O
EMPREGADO.
Leia-se a ementa do acórdão prolatado, tendo por Relator o Ministro Luís Roberto Barroso,
com a explicitação da tese aprovada pela Corte Suprema, na sessão de 30/04/2015:
DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE DISPENSA INCENTIVADA.
VALIDADE E EFEITOS.
RE nº 590.415-SC. Min. Relator Roberto Barroso. STF. Sessão de 30.04.2015. Grifos
acrescidos.
1
Plano de dispensa incentivada aprovado em acordocoletivo que contou com ampla
participação dos empregados. Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem como quitação
de toda e qualquer parcela decorrente de relação de emprego. Faculdade do empregado de
optar ou não pelo plano.
2
Validade da quitação ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, § 2° da Consolidação
das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos valores e às parcelas
discriminadas no termo de rescisão exclusivamente.
3
No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verifica a mesma situação de assimetria de
poder presente nas relações individuais de trabalho. Como consequência, a autonomia
coletiva da vontade não se encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia individual.
4
A Constituição de 1988, em seu art. 7°, XXVI, prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a
autocomposição dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial ao crescente
reconhecimento dos mecanismos de negociação coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949
e na Convenção n. 154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O reconhecimento
dos acordos e convenções coletivas permite que os trabalhadores contribuam para a
formulação das normas que regerão a sua própria vida.
5
Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as repercussões sociais das dispensas,
assegurando àqueles que optam por seu desligamento da empresa condições econômicas
mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero desligamento por decisão do
empregador. É importante, por isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de
preservar a sua função protetiva e de não desestimular o seu uso.
7
Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: "A
transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita
de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos
celebrados com o empregado".
Note-se que a ratio decidendi da decisão do Supremo Tribunal Federal apresenta requisitos
substanciais para o Plano de Desligamento Incentivado, de maneira a validar a sua quitação
rescisória ampla e irrestrita. Tais requisitos não se limitam ao simples exame da formalidade
negociação coletiva (ACT ou CCT), porém, de certo modo, também à análise do conteúdo e
circunstâncias envolventes do PDV/PDI, de maneira a ficar bem claro que se trata de
instrumento razoável e proporcional de extinção do contrato de trabalho.
Note-se a reflexão posta pela doutrina a esse respeito:
OBSERVE-SE, DE TODA MANEIRA, QUE A DECISÃO
DA CORTE SUPREMA APRESENTA REQUISITOS
IMPORTANTES PARA A VALIDADE DO PDI/PDV, NÃO
BASTANDO A SIMPLES CELEBRAÇÃO PELA
NEGOCIAÇÃO COLETIVA SINDICAL. DE UM LADO, É
NECESSÁRIO QUE HAJA A EFETIVA E CLARA
MENÇÃO À CLÁUSULA DE ESTRUTURAÇÃO E
OPERAÇÃO DO PDI/PDV, COM A EXPLICITAÇÃO A
RESPEITO DA QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA DAS
PARCELAS ABRANGENTES DO CONTRATO DE
TRABALHO. DE OUTRO LADO, É NECESSÁRIO QUE
EXISTA TAMBÉM A CLARA E EXPRESSA INSERÇÃO
DESSA AMPLITUDE DA QUITAÇÃO NOS DEMAIS
INSTRUMENTOS ESCRITOS RESCISÓRIOS FIRMADOS
COM O EMPREGADO. RESTA CLARO TAMBÉM, PELA
DECISÃO DO STF, QUE SE DEVE TRATAR DE PDI/PDV
COM EFETIVAS E RELEVANTES VANTAGENS PARA O
TRABALHADOR ADERENTE AO PLANO ("...
CONDIÇÕES ECONÔMICAS MAIS VANTAJOSAS DO
QUE AQUELAS QUE DECORRERIAM DO MERO
DESLIGAMENTO POR DECISÃO DO EMPREGADOR",
DIZ O ACÓRDÃO).
DELGADO, 2017, p. 252-253
Nesse quadro jurídico, ficam claras, mesmo a partir da vigência do novo art. 477-B da CLT,
relativamente aos poderes de quitação dos recibos rescisórios lavrados sob a égide de
PDVs/PDIs, as seguintes conclusões:
É válida...
É válida a quitação plena e irrevogável (quitação ampla e irrestrita) dos direitos
decorrentes da relação empregatícia, em se tratando de rescisão contratual lavrada pelo
empregado sob a égide de PDV ou PDI que tenha sido aprovado por negociação coletiva
trabalhista (ACT ou CCT), com referência expressa no instrumento coletivo negociado e nos
instrumentos firmados pelo trabalhador, concernentes à sua adesão ao Plano de
Desligamento e à sua respectiva rescisão contratual (art. 477-B, CLT, em conjugação com a
decisão vinculante do STF no RE n. 590.415-SC, julgado em 30.04.2015); essa validade
ampla e irrestrita supõe a presença no Plano de Desligamento de vantagens reais em
benefício do trabalhador aderente (art. 477-B, CLT, em conjugação com a decisão vinculante
do STF no RE n. 590.415-SC).

Não será válida...
Não será válida a quitação plena e irrevogável (quitação ampla e irrestrita) dos direitos
decorrentes da relação empregatícia, na hipótese indicada na alínea "a", caso haja
"disposição em contrário estipulada entre as partes", em vista da ressalva contida no final do
texto normativo do próprio art. 477-B da CLT; não será válida a quitação plena e irrevogável
(quitação ampla e irrestrita) dos direitos decorrentes da relação empregatícia, caso não se
trate de PDV/PDI que se harmonize ao disposto na alínea "a", supra, inclusive em se tratando
de PDV/PDI que não seja aprovado por instrumento coletivo negocial (ACT ou CCT).
O vídeo abordará o PDV e o PDI.
AÇÕES DE ENCERRAMENTO DE
ATIVIDADES E SEUS IMPACTOS NO
TRABALHO E EMPREGO
A extinção regular ou irregular da empresa acarreta a rescisão do contrato em face da
impossibilidade de sua execução e, neste caso, será considerado que ela se deu por iniciativa
do empregador, sendo devidas ao empregado todas as parcelas decorrentes da extinção,
conforme a Súmula nº 44 do TST.
Há quem defenda que o pré-aviso não é devido nos casos de falência (quando esta importa
em extinção da empresa), sob o argumento de que o contrato se extingue por ato estranho à
vontade das partes. Para estes, também seriam indevidas as penalidades previstas nos arts.
467 e 477, §8º, da CLT, porque a massa não tem disponibilidade financeira para pagar fora do
juízo falimentar. Argumentam, ainda, que os créditos são destinados aos credores de acordo
com a preferência de ordem de cada. Nesse sentido também a Súmula nº 388 do TST.
O ENVOLVIMENTO DOS SINDICATOS NOS
DESLIGAMENTOS INDIVIDUAIS E
COLETIVOS
Antes da publicação da Lei 13.467/2017, a formalização e homologação da rescisão de
contrato de trabalho obedecia a dois critérios específicos (art. 477 da CLT), quais sejam:
Desnecessidade
A desnecessidade da homologação da rescisão de contrato junto ao sindicato da categoria
profissional, quando se tratar de desligamento de empregado com menos de 1 (um) ano de
serviço.

Obrigatoriedade
A obrigatoriedade da homologação da rescisão de contrato junto ao sindicato da categoria ou
outro órgão competente, quando se tratar de desligamento de empregado com mais de 1 (um)
ano de serviço.
A REFORMA TRABALHISTA REVOGOU O § 1º E 3º DO
ART. 477 DA CLT, DESOBRIGANDO A EMPRESA DE
FAZER A HOMOLOGAÇÃO DO TRCT (DEFAULT
TOOLTIP) JUNTO AO SINDICATO DA CATEGORIA,
NOS CASOS DE RESCISÃO DE CONTRATO FIRMADO
POR EMPREGADO COM MAIS DE 1 (UM) ANO DE
SERVIÇO.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COM O ADVENTO DA REFORMA TRABALHISTA, LEI Nº 13.467/2017,
COMO FICOU O NOVO PRECEITO DO ART. 477-B DA CLT?
A) O artigo defende a quitação plena e irrestrita dos PDVs ou PDIs impostos pelos
empregadores.
B) O artigo defende que as dispensas individuais, plúrimas ou coletivas devem ocorrer por
intermédio de negociação coletiva, quer mediante convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho.
C) O artigo defende que as dispensas podem ocorrer sem o intermédio de negociação
coletiva.
D) O empregado que aceita ser dispensado por meio de PDV ou PDI não pode dar quitação
plena de seus direitos trabalhistas.
E) Os PDVs e os PDIs devem ser definidos somente pelos empregados que serão
dispensados.
2. DE ACORDO COM A INTERPRETAÇÃO DO ART. 477 DA CLT, COM A
REDAÇÃO DADA PELA REFORMA TRABALHISTA– LEI Nº 13.467/2017, É
CORRETO AFIRMAR QUE:
A) Não é obrigatória a homologação da rescisão do contrato de trabalho, nos casos de
contrato firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço.
B) É obrigatória a participação da entidade sindical nas rescisões trabalhistas.
C) A homologação da rescisão trabalhista se faz imprescindível apenas nos casos de
demissão por justa causa.
D) É obrigatória a homologação da rescisão trabalhista, com a participação de representante
do sindicato, apenas nos casos de contrato de trabalho rescindido no prazo superior a 12
(doze) meses.
E) É obrigatória a participação do sindicato nos pedidos de demissão.
GABARITO
1. Com o advento da Reforma Trabalhista, Lei nº 13.467/2017, como ficou o novo
preceito do art. 477-B da CLT?
A alternativa "B " está correta.
 
Os PDVs e os PDIs incentivados unilateralmente pelas empresas não estão abrangidos pelas
regras do art. 477-B, da CLT, uma vez que não pode produzir o efeito de quitação ampla e
irrestrita por não ter sido acordado com o empregado dispensado.
2. De acordo com a interpretação do art. 477 da CLT, com a redação dada pela Reforma
Trabalhista – Lei nº 13.467/2017, é correto afirmar que:
A alternativa "A " está correta.
 
Não é obrigatória a homologação de rescisão do contrato de trabalho junto ao sindicato da
categoria profissional, quando se tratar de empregado com mais de 1 (um) ano de serviço
(Art. 477, com a redação dada pela Lei 13.467/2017).
MÓDULO 3
 Identificar as ações de geração de trabalho e renda
Neste terceiro e último módulo, o foco de aprendizagem serão as ações de incentivo à
geração de trabalho, emprego e renda. Para tanto, o aluno terá uma visão geral sobre os
Programas de Qualificação de Preparação para o Trabalho – SENAI, SENAC e SENAT ‒,
conhecidos como integrantes do Sistema “S”.
Em linhas gerais e iniciais, o referido sistema está intimamente ligado à União, eis ser de sua
competência exclusiva instituir contribuições sociais de intervenção no domínio econômico
de interesse de categorias profissionais e econômicas, conforme dispõe o art. 149 da CF:
COMPETE EXCLUSIVAMENTE À UNIÃO INSTITUIR
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, DE INTERVENÇÃO NO
DOMÍNIO ECONÔMICO E DE INTERESSE DAS
CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS,
COMO INSTRUMENTO DE SUA ATUAÇÃO NAS
RESPECTIVAS ÁREAS, OBSERVADO O DISPOSTO
NOS ARTS. 146, III, E 150, I E III, E SEM PREJUÍZO DO
PREVISTO NO ART. 195, § 6º, RELATIVAMENTE ÀS
CONTRIBUIÇÕES A QUE ALUDE O DISPOSITIVO.
(BRASIL, 1988)
Ou seja, o Estado impôs aos setores da economia pagar este tributo (contribuição social) a
fim de melhorar a mão de obra dos industriais.
Por fim, e não menos importante, ut supra, é de competência da União instituir contribuição
social, pelo que, caso Estados e Municípios queiram criar um Sistema S, terão que utilizar-se
de recurso próprio, pois não podem criar contribuições sociais para alimentar o Sistema S.
PROGRAMAS DE QUALIFICAÇÃO DE
PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO –
SENAI, SENAC E SENAT
Simultaneamente à falta de oportunidades de emprego, os jovens vivem um momento em que
o mercado de trabalho exige, cada vez mais, a qualificação do trabalhador que irá atuar em
um novo setor produtivo, que surge a partir da Revolução 4.0. Para isso, o jovem deve
associar sua formação propedêutica, obtida na educação formal, ao desenvolvimento de
competências e habilidades em perfis profissionais denominados Qualificações Profissionais.
Em 1942, o Decreto-Lei nº. 4.048 criou o Serviço Nacional de Aprendizagem dos
Industriários (Senai). Veja o artigo 2º da lei:
ART. 2º COMPETE AO SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM DOS INDUSTRIÁRIOS ORGANIZAR E
ADMINISTRAR, EM TODO O PAÍS, ESCOLAS DE
APRENDIZAGEM PARA INDUSTRIÁRIOS.
Em 1946, o Decreto-Lei nº. 9.403 criou o Serviço Social da Indústria (Sesi), com a
motivação que podemos compreender no artigo 1º da lei:
 
Imagem: Chronus / Wikimedia Commons
Art. 1º Fica atribuído à Confederação Nacional da Indústria encargo de criar o Serviço Social
da Indústria (SESI), com a finalidade de estudar, planejar e executar direta ou indiretamente,
medidas que contribuam para o bem-estar social dos trabalhadores na indústria e nas
atividades assemelhadas, concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no país, e,
bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o desenvolvimento do espírito de
solidariedade entre as classes.
Essas qualificações se equivalem aos famosos e muito atuais programas Nanodegrees, por
meio dos quais os jovens se preparam para o mundo do trabalho desenvolvendo
competências e habilidades específicas relacionadas a uma certificação demandada pelo
mercado de trabalho.
Alcançar a certificação em um programa desse tipo garante ao estudante uma formação
diferenciada, que proporciona um posicionamento competitivo no mercado de trabalho. É uma
forma de iniciar um movimento de qualificação, que, a partir de agora, deverá ser buscado
continuamente.
 
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As qualificações profissionais são identificadas por perfis específicos e apresentam
competências e habilidades que são demandadas pelo mercado e registradas pela
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A CBO descreve o perfil de cada uma destas
qualificações para que o estudante saiba quais características (competências e habilidades)
são demandadas pelo mercado de trabalho.
 ATENÇÃO
As instituições do Sistema S são muito particulares, porque sua natureza jurídica é de
entidade privada, mas seus recursos são advindos do recolhimento obrigatório da contribuição
(porque é tributo) sobre a folha de pagamento, sendo que pode variar de 0,2% a 2,5%, de
modo a financiar o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e
assistência técnica.
É importante ressaltar que, recentemente, o STJ (AgInt no Recurso Especial nº. 1570980 –
SP) limitou a 20 (vinte) salários-mínimos a base de cálculo do salário-educação e das
contribuições destinadas ao “Sistema S".
Vejamos o referido julgado:
AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº. 1570980 - SP (2015/0294357-2) RELATOR: MINISTRO
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. LIMITE DE VINTE SALÁRIOS-MÍNIMOS. ART. 4º DA LEI
6.950/1981 NÃO REVOGADO PELO ART. 3º DO DL 2.318/1986. INAPLICABILIDADE DO
ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.
 
Foto: Shutterstock.com
1. Com a entrada em vigor da Lei 6.950/1981, unificou-se a base contributiva das empresas
para a Previdência Social e das contribuições parafiscais por conta de terceiros,
estabelecendo, em seu art. 4º, o limite de 20 salários-mínimos para base de cálculo.
Sobreveio o Decreto 2.318/1986, que, em seu art. 3º, alterou esse limite da base contributiva
apenas para a Previdência Social, restando mantido em relação às contribuições parafiscais.
2. Ou seja, no que diz respeito às demais contribuições com função parafiscal, fica mantido o
limite estabelecido pelo artigo 4º, da Lei nº 6.950/1981, e seu parágrafo, já que o Decreto-Lei
2.318/1986 dispunha apenas sobre fontes de custeio da Previdência Social, não havendo
como estender a supressão daquele limite também para a base a ser utilizada para o cálculo
da contribuição ao INCRA e ao salário-educação.
3. Sobre o tema, a Primeira Turma desta Corte Superior já se posiciona no sentido de que a
base de cálculo das contribuições parafiscais recolhidas por conta de terceiros fica restrita ao
limite máximo de 20 salários-mínimos, nos termos do parágrafo único do art. 4º da Lei
6.950/1981, o qual não foi revogado pelo art. 3º do DL 2.318/1986, que disciplina as
contribuições sociais devidas pelo empregador diretamente à Previdência Social. Precedente:
REsp. 953.742/SC, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJe 10.3.2008 (...)
A seguir, confiram-se quais as principais instituições que compõem o programa:
 
Imagem: www.senai.br / Mvdiogo / Wikimedia Commons
SENAI: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
INDUSTRIAL
Ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Senai é uma entidade voltada paraa
formação de trabalhadores para a indústria, além de prestar consultoria e executar ações de
incentivo à inovação e competitividade das indústrias brasileiras.
 
Imagem: Seeklogo / Luiz Eduardo / Wikimedia Commons
SENAC: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
COMERCIAL
Senac é o principal agente de educação profissional focado no comércio de bens, serviços e
turismo no País, com cursos presenciais e a distância em vários níveis de ensino.
 
Foto: www.flickr.com / Manu Dias/SECOM / CC BY 2.0/ Wikimedia Commons
SENAT: SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO
TRANSPORTE
É a entidade ligada à Confederação Nacional do Transporte (CNT) que atua na formação e
qualificação de profissionais do setor de transportes, deixando-os aptos para usar novas
tecnologias e qualificar suas atividades.
A EXISTÊNCIA DO SISTEMA S É POLÊMICA,
SOBRETUDO, POR NÃO SER CONSENSUAL.
OS SINDICATOS E AS AÇÕES DE
REQUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO
As principais centrais de trabalhadores do país, Força Sindical e CUT, desenvolvem
programas de formação profissional voltados para desempregados e empregados com risco
de perder o emprego.
Os recursos, via de regra, são oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, criado
pela Lei 7.998 de 11/01/1990, que possibilitou a sua utilização pelas centrais sindicais e
confederações de trabalhadores que tenham programas vinculados a uma política de
empregos.
O processo inicia-se com a indicação das necessidades de requalificação pelos sindicatos
afiliados às centrais e confederações.

São elaborados programas para cada curso requerido com um conteúdo programático
específico.

As necessidades são classificadas por segmentos profissionais, como metalurgia, vestuário,
comércio, alimentação, rural, informática e outros, e submetidos à aprovação do Conselho
Deliberativo do FAT – CODEFAT para a obtenção de financiamentos.
Tratar dos diferentes programas de qualificação – SENAI, SENAC e SENAT.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAIS SÃO AS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O PROGRAMA DE
QUALIFICAÇÃO DE PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO?
A) Sesi – Senai ‒ Senat
B) Sesc – Senat ‒ Senai
C) Senai – Senac ‒ Senat
D) Sesi – Sesc – Senai
E) Sesc – Sesi – Senat
2. COMPLETE A FRASE ABAIXO: 
“AS PRINCIPAIS CENTRAIS DE TRABALHADORES DO PAÍS, FORÇA
SINDICAL E CUT, ____________PROGRAMAS DE _________
PROFISSIONAL VOLTADOS PARA _____________ E EMPREGADOS COM
RISCO DE PERDER O EMPREGO”.
A) criam – atualização – empregados
B) desenvolvem – capacitação – desempregados
C) idealizam – formação – empregados
D) conduzem – capacitação – empregados
E) desenvolvem – formação – desempregados
GABARITO
1. Quais são as instituições que compõem o Programa de Qualificação de Preparação
para o Trabalho?
A alternativa "C " está correta.
 
A letra C trata dos programas que qualificam o trabalhador para atuar em um setor produtivo.
2. Complete a frase abaixo: 
“As principais centrais de trabalhadores do país, Força Sindical e CUT,
____________programas de _________ profissional voltados para _____________ e
empregados com risco de perder o emprego”.
A alternativa "E " está correta.
 
A letra E reúne os termos que nos mostram os tipos de ações promovidas pelas centrais
sindicais para ajudar os trabalhadores a se recolocarem no mercado de trabalho.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo, analisamos o papel do Ministério Público do Trabalho na defesa dos
trabalhadores e seus mecanismos de atuação judicial e extrajudicial. O Ministério Público é
função essencial à Justiça e exerce importantes funções na defesa de direitos dos
trabalhadores.
Além disso, identificamos os diferentes programas de desligamento de empregados, bem
como os programas de qualificação de trabalhadores, como é o caso do Sistema S, que
representa mecanismos de manutenção e obtenção de empregos.
Com isso, temos certeza de ter apresentado um bom panorama sobre esses relevantes
aspectos do Direito do Trabalho.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BASTOS, O. P. M. Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: Makron Books,
1994.
BOOG, G. G. (Coord.). Manual de Treinamento e Desenvolvimento/Associação Brasileira
de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1980.
DELGADO, M. G. Direito Coletivo do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017.
DRUCKER, P. A Organização do Futuro: como preparar hoje a empresa de amanhã. São
Paulo: Futura, 1997.
GOSS, D. Principles of Human Resources Management. London: Routledge, 1994.
PASTORE, J. Modernização Esbarra em Baixa Escolaridade e Atraso Profissional. Folha
de São Paulo, 29 out, 1995. Caderno Brasil.
RIFIKIN, J. O Fim dos Empregos. São Paulo: Makron Books, 1995.
SERSON, J. Curso Básico de Administração de Pessoal. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1995.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia:
CORRÊA, H.; MIESSA, E. (Coord.) Estudos Aprofundados MPT – Ministério Público do
Trabalho. Volume Único. Salvador: Juspodivm, 2019.
LEITE, C. H. B. Ministério Público do Trabalho. Doutrina, Jurisprudência e Prática. 8. ed.
Rio de Janeiro: Saraiva, 2017.
MENEZES, F. F. J.; MIZIARA, R. MPT e Coordenadorias Temáticas. Temas específicos e
casos emblemáticos para 2ª e 3ª fases. Salvador: Juspodivm, 2020.
REIS, J. T. dos. Manual de Rescisão do Contrato de Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2016.
Assista:
Ao vídeo O Ministério Público do Trabalho (MPT) e as Relações Trabalhistas e Sindicais, no
sítio eletrônico do Ministério Público do Trabalho.
CONTEUDISTA
Carolina Tupinambá
 CURRÍCULO LATTES
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