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Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 TUTORIA 2-MÓDULO 2-INTERMEDIÁRIA ALOPECIA E DERMATOSES PSICOSSOCIAIS Objetivo 01: Identificar as principais dermatoses psicossomáticas. (Sampaio e Rivitti/ Dermatologia/ Atlas de dermatologia) Acredita-se que o estado mental de um doente possa, muitas vezes, influenciar o curso de algumas dermatoses ou modificar seus sintomas, mormente o prurido. PSICODERMATOSES PRURIDO -Sintoma de inúmeras dermatoses, é causado pelo estímulo de fibras nervosas amielínicas subepidérmicas que, sucessivamente, atinge os plexos nervosos dérmicos, nervos sensitivos espinhais, sistema espinotalâmico, hipotálamo e córtex cerebral. Esse estímulo atua, provavelmente, pela liberação de mediadores como histamina, prostaglandina, quininas, serotonina, proteases e substância P. Há um prurido psicogênico originário diretamente do córtex cerebral. -O prurido, nas dermatoses, sofre sempre a influência de fatores emocionais. -A coçadura alivia o prurido por diminuir o número de impulsos aferentes à medula e por deprimir a liberação de substâncias mediadoras. Em pruridos intensos, com coçaduras traumatizantes, ocorrem escoriações profundas que constituem o chamado prurido biopsiante. -DIAGNOSE DO PRURIDO PSICOGÊNICO: *Causas exógenas: Escabiose e ectoparasitos. Asteatose. *Causas endógenas: doenças metabólicas e endócrinas, como o diabetes, icterícia obstrutiva ou cirrose, hiper ou hipotireoidismo, gota, doença renal e uremia. Prurido pode ser a primeira manifestação da micose fungoide, com grau de intensidade variável. É também encontrado na doença de Hodgkin, sendo pouco frequente em outros linfomas. Causas comuns de prurido são medicamentos ou drogas inaladas, ingeridas ou injetadas. Doenças infecciosas e parasitoses intestinais. Alguns doentes com Aids têm prurido, eventualmente intenso. Prurido disseminado pode ocorrer na gravidez, podendo estar relacionado a um grau leve de icterícia colestática. O prurido de causa psicogênica inclue o prurigo sine materia, prurigo genital, anal e prurigo do couro cabeludo. Os sintomas podem ou não vir acompanhados de escoriações e liquenificação pela coçadura. DERMATITE FACTÍCIA/ DERMATITE ARTEFACTA -É considerada distúrbio por comportamento autoinfligido. O doente com essa condição produz lesões com o intuito de preencher uma necessidade psíquica inconsciente. Frequentemente, é a necessidade de ser cuidado, assumindo o papel de doente. -Seu objetivo é receber atendimento médico e assumir o papel de doente (ganho primário) para, assim, obter os benefícios emocionais que são prestados aos enfermos. Não confundir com fingimento para obtenção de recompensa monetária, alívio de trabalho ou de responsabilidades sociais (ganho secundário). -Alguns indivíduos criam lesões cutâneas como uma resposta de inadaptação ao estresse psicossocial agudo, mas grande parte sofre de distúrbio de personalidade borderline. -Quadro mais comum em mulheres jovens (8:1), muitas vezes ligadas a áreas da saúde por profissão ou mesmo parentesco. -Clínica: Lesões insólitas de configuração geométrica não natural, de aparecimento geralmente abrupto, localizam-se, em regra, nas partes mais accessíveis às mãos. O aspecto é múltiplo, variando desde eritema, vesículas e bolhas, até ulcerações, gangrenas ou necroses. As lesões podem ser únicas ou múltiplas, unilaterais ou bilaterais. Tendem a ser monomórficas, bizarras, com configuração geométrica (bordas lineares, com ângulos retos), bem definidas e envoltas por pele normal. Os locais mais frequentemente acometidos são a face e a mão não dominante. Apesar de, em geral, estarem ao alcance das mãos, as lesões podem ser causadas por métodos como gravuras com instrumentos pontiagudos, aplicação de produtos químicos e injeção de substâncias estranhas. -Diagnose: Curativos oclusivos, solicitando-se ao doente não tocá-los, e efetuados de maneira pela qual possa ser evidenciada qualquer manipulação, podem auxiliar na diagnose. -Medicamentos antidepressivos, ansiolíticos ou antipsicóticos. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 SÍNDROME DE MUNCHHAUSEN -Caracteriza-se pela mitomania e peregrinação hospitalar. O doente inventa doenças, eventualmente produzindo lesões cutâneas e conseguindo sucessivas internações hospitalares e cirurgias. -Profissionais da saúde e cuidadores de familiares são os mais acometidos. SÍNDROME DE MEADOW/ MUNCHHAUSEN POR PROCURAÇÃO -Ocorre em crianças nos primeiros anos de vida que são levadas para consultas ou internações com quadros clínicos ou lesões produzidas pelos pais. ESCORIAÇÕES NEURÓTICAS/ ESCORIAÇÃO PSICOGÊNICA -São lesões compulsivas, autoproduzidas com as unhas que o doente justifica pela sensação incontrolável de prurido, queimação ou necessidade de remover alguma coisa da pele, como pequenas pápulas foliculares, queratoses ou acne discreta; no entanto, podem aparecer em áreas de pele normal. -Mais comum em mulheres. Apesar de ocorrer em qualquer idade, os casos mais graves e persistentes costumam ter início da terceira a quinta década de vida. -Clínica: As escoriações localizam-se em áreas atingidas pelas unhas, sendo geralmente mais numerosas nos antebraços, braços e região dorsal superior. As lesões variam desde escoriações até lesões ulcerocrostosas, com crostas hemorrágicas ou purulentas. A evolução das crostas leva à formação de cicatrizes. -Nos casos brandos, principalmente na infância, as escoriações neuróticas podem ser uma resposta temporária ao estresse em uma pessoa com personalidade obsessivo-compulsiva. Porém, em casos graves e prolongados, a avaliação psiquiátrica pode revelar TOC. As escoriações neuróticas também podem ser uma manifestação de depressão ou transtorno de ansiedade generalizada. -Diagnose: Faz-se pelo quadro clínico, excluindo-se, sempre, uma afecção cutânea primitiva. -Após a exclusão das causas de prurido primário e do início do tratamento das doenças cutâneas subjacentes (p. ex., foliculite), o tratamento pode enfatizar o prurido associado (antipruriginosos tópicos, compressas frias, anti-histaminicos), assim como os aspectos psicológicos da doença (doxepina, ISRS). PSICOSE HIPOCONDRÍACA MONOSSINTOMÁTICA/DELÍRIO DE PARASITOSE/ SÍNDROME DE EKBOM -Caracteriza-se pela ideia fixa delirante, por parte do doente, acerca de uma doença não existente. As outras funções psíquicas estão, em geral, preservadas, exceto pela presença dessa ideação delirante “encapsulada”. O quadro mais frequente em dermatologia é o delírio de parasitose ou de infestação. Outras manifestações delirantes menos comuns incluem a bromosiderofobia (delírio de sudorese malcheirosa) e halitofobia. O termo delírio de parasitose abrange pacientes que têm uma crença fixa e falsa de que estejam infestados por parasitos (síndrome de Ekbom) ou que tenham objetos estranhos inanimados (doença de Morgellons) sendo expelidos de sua pele. -No delírio de parasitose os achados cutâneos podem ser nenhum ou escoriações, liquenificação, prurido nodular e/ou ulcerações francas. Todos são autoinfligidos, geralmente decorrentes do esforço do paciente para retirar os “parasitas”. -Em média, a idade de início está entre 55 e 60 anos. Entre os indivíduos com mais de 60 anos de idade, as mulheres apresentam a doença com o dobro da frequência dos homens; no entanto, antes dos 50 anos, homens e mulheres são afetados igualmente. -Dx: Formigamento/ Ideias delirantes/ Formigamento e-ou delírio decorrente de abuso de susbtância. -Tradicionalmente, o tratamento de escolha para o delírio de parasitose é a pimozida. DERMATOCOMPULSÕES -A dermatocompulsão é um persistente e irresistível impulso para realizar um ato repetitivo e estereotipado, irracional ou aparentemente inútil. -Lavagem excessiva [Pode surgir uma dermatite de contato por sensibilização ou irritação primária. Outro ato, que pode se tornar obsessivo é o uso excessivo de banhos, causando asteatosee dermatite eczematosa] / Onicofagia [a unha é destruída até a raiz, surgindo, eventualmente, infecção secundária] / Cutisfagia [Lesão liquenificada e infiltrada, produzida, geralmente, na pele das falanges dos dedos das mãos, pela mordedura continuada] / Quelite esfoliativa [Quadro de irritação labial por mordedura ou, mais frequentemente, por manipulação excessiva de pequenas escamas, ocasionando fissuras e erosões]/ Tricotilomania [O paciente precisa sentir tensão crescente imediatamente antes de puxar o fio ou durante as tentativas de resistir a puxá-lo; também Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 precisa sentir prazer ou alívio após o comportamento. São áreas irregulares de margens mal definidas. São persistentes ou aparecem em intervalos, conforme o impulso, e tendem a se reproduzir nos mesmos locais/ A diagnose diferencial mais importante é com alopecia areata e, em crianças, com a tínea tonsurante] / Acne escoriada [Mulheres, na 2a ou 3a década de vida. São escoriações produzidas na face pela existência de folículos sebáceos dilatados (poros sebáceos) ou telangiectasias ou por forma discreta de acne] TRANSTORNO DE PERCEPÇÃO/ DISMÓRFICO CORPORAL/ DISMORFOFOBIA -Transtorno no qual o paciente tem uma crença proeminente de que tenha uma doença de alguma maneira particular, apesar das evidências do contrário. Estas síndromes podem ser a expressão clínica de várias condições patológicas subjacentes, incluindo distúrbios psiquiátricos (delírio, obsessão, paranoia ou estresse pós-traumático), doença cerebral estrutural, doença metabólica, endócrina e estados tóxicos. -Preocupação exagerada com um problema dermatológico (um defeito imaginário ou ligeiro na aparência) que não tem correspondência clínica deve chamar a atenção do observador. Por exemplo, a preocupação incongruente com rugas, acne, discromias, peso e formato corporal. Muitos pacientes acreditam que os tratamentos estéticos são a solução para o seu problema. As queixas também podem estar ligadas com odores axilares, genitais, vulvodinia, “gastrite”. TRATAMENTO DAS PSICODERMATOSES -A abordagem por psicofármacos é a que melhores resultados pode oferecer em casos de distúrbios primários e nos distúrbios cutaneossensoriais. -Antipsicóticos/ Antidepressivos [Tricíclicos – prurido e distúrbios cutaneossensoriais/ ISRS – cutaneossensoriais e TOC]/ Tratamento da dermatite artefata [Personalidade borderline – lesões tratadas de acordo com as apresentações]. -A psicoterapia individual pode ser benéfica quando há uma questão psicológica/interpessoal passível de definição, para ser discutida. O tratamento cognitivo ou em grupo também pode ser frutífero. Cursos de gestão de estresse, exercícios de relaxamento e hipnose podem ajudar a aliviar a sensação de “nó na garganta” dos pacientes com distúrbios de ansiedade. Os pacientes com TOC podem ser encaminhados a tratamento para alteração comportamental. DERMATOSES PSICOSSOMÁTICAS Em toda dermatose, há influência de fatores emocionais, porém, em algumas, os fatores emocionais atuam sempre no desencadeamento e evolução da dermatose. DERMATOSES COM COMPONENTES CUTÂNEO E EMOCIONAL -Líquen simples ou neurodermite localizada: após causa desencadeante, o estado emocional leva à coçadura que determina liquenificação cutânea, que agrava o prurido. -Acne necrótica: foliculite com lesões papulonecróticas na face e couro cabeludo, acompanhadas de prurido. Não tem nenhuma relação com a acne. -Prurido anogenital: localizado inicialmente no escroto, vulva ou região anal, ou em todas essas regiões. O prurido induz a coçadura que alivia o prurido, mas determina lesão cutânea que aumenta o prurido, com o gradual agravamento. Essa interação causa a liquenificação com o prurido contínuo e necessidade de coçar desencadeados por fatores emocionais de intensidades variáveis. A síndrome chamada do escroto vermelho é um quadro ocasionalmente encontrado em que ocorre um eritema com descamação mínima e prurido na região escrotal, sem nenhum agente local. -Prurido do couro cabeludo: Ao exame, discreta escamação e asteatose. Prurido é, em geral, pouco intenso, podendo estar associado com dermatite seborreica. -Prurido da orelha externa: discreto eritema, eventualmente, descamação. Pode estar associado com dermatite seborreica. -Pruridos generalizados: em pruridos generalizados, podem existir componentes emocionais. -DERMATOSES COM INFLUÊNCIA DE FATORES EMOCIONAIS: eczema atópico, rosácea, acne vulgar, líquen plano, hiper-hidrose, glossodinia, disidrose, urticária crônica, dermatite seborreica e o rubor facial, em que fatores emocionais intervêm frequentemente no desencadeamento ou agravamento do quadro. Nesse grupo, devem-se incluir as verrugas. -DERMATOSES COM EVENTUAL INFLUÊNCIA DE FATORES EMOCIONAIS: Ligadas a fatores emocionais ou podem ser coincidentes. Psoríase, alopecia areata, vitiligo, aftose e herpes simples. São afecções que, pela evolução crônica ou por surtos, podem apresentar, no seu decurso, agravamento, melhora, ou recidiva, coincidindo, eventualmente, com reações emocionais. INFLUÊNCIA DE DERMATOSES EM ESTADOS PSÍQUICOS Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 -Trata-se da possibilidade de desencadeamento de perturbação emocional por afecções dermatológicas que desfiguram ou dificultam a vida social, como hiper-hidroses e bromidroses, alopecia areata, acne vulgar grave, hirsutismo, psoríase, rosácea, hanseníase, cicatrizes inestéticas, vitiligoAnsiedade, depressão e fobia social. AFECÇÕES CUTÂNEAS E PERSONALIDADE TRATAMENTO DOS ESTADOS EMOCIONAIS NAS DERMATOSES -A ansiedade é o sintoma mais comum, para cujo tratamento empregam-se benzodiazepínicos, buspirona e anti-histamínicos. -Depressão e TOC – Inibidores da MAO/ Antidepressivos tricíclicos [O agente mais usado é a clomipramina na dose inicial de 25 mg ao deitar, que pode ser aumentada gradualmente até 75 a 100 mg/dia]/ ISRS [Fluoxetina e paroxetina. A dose é de 20 mg/dia, podendo ser aumentada até quatro vezes/dia]. -No prurido anogenital, excluir causas locais que podem estar associadas, como dermatite seborreica, psoríase, candidose. Cremes protetores ou de corticoides usados por períodos são úteis. Um anti-histamínico sedativo como a hidroxizina de noite e um não sedativo durante o dia. - Em casos de liquenificação, infiltração de triamcinolona, 4 mg/mL, a cada 3 a 4 semanas, é indicada. -No prurido do couro cabeludo e da orelha externa, creme de corticoide e, se necessário, anti-histamínico. Objetivo 02: Discutir evidências clínicas e fatores psicossociais associados as doenças de pele. (Azulay/ Dermatologia/ Atlas de dermatologia) O paralelismo psicogênico verificado entre a pele e o sistema nervoso encontra, em parte, sua explicação no fato de que a origem da epiderme e do sistema nervoso ocorre no mesmo folheto embrionário: o ectoderma. Qualquer que seja a doença, é preciso adotar uma visão bidirecional entre corpo e psique. Para isso, é preciso abandonar uma concepção unicausal, mais adequada ao modelo etiológico infeccioso, em favor de um modelo multifatorial mais utilizado em doenças degenerativas, neoplásicas e distúrbios psíquicos. PSICOPATOLOGIA DERMATOLÓGICA: -Pesquisas recentes têm revelado a conexão de estresse e psicopatologia dermatológica. Fala-se em uma vulnerabilidade ao estresse que danifica a integridade da barreira epidérmica. O estresse afeta a permeabilidade da pele em humanos. Há um papel importante desempenhado pelos glicocorticoides, neuropeptídios e a flora da pele com sua barreira de defesa danificada. -A ruptura da barreira homeostática da derme foi associada a alterações no nível do cortisol circulante, assim como à liberação de substâncias neuroimunes que ativam processos inflamatórios ou imunológicos nas várias camadas da derme, prejudicando a homeostase cutânea. -Acredita-se, também, que fibras de nervos aferentes com terminações livresextensíveis até a derme possam atuar como efetores neurossecretores, liberando, durante períodos de maior estresse psicológico, neuropeptídios próximos à epiderme. -Alguns autores sustentam inclusive a ousada hipótese de um eixo entero-dermato-cerebral (gut-brain-skin axis) articulando certas respostas ao estresse. Este conceito sugere que a modulação do microbioma através da extensão de probiotas poderia reduzir a inflamação neurogênica da derme induzida por estresse, e ainda interferir em fenômenos cutâneos altamente complexos. -Postula-se que o estresse psicológico modificaria o limiar de resistência aos danos físicos eventuais contra a derme, facilitando, assim, o desencadeamento de uma cascata de eventos, como o aumento da síntese e a liberação de citocinas da epiderme, seguidos por hiperplasia epidérmica, ativação de células de Langerhans e processo inflamatório subsequente. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 CLASSIFICAÇÃO DAS PSICODERMATOSES -O grupo primário inclui patologias de expressão dermatológica em que o distúrbio psíquico é primário e a dermatose é expressão secundária e contingente. Aqui se situam: dermatite factícia, tricotilomania, dismorfofobia, parasitose delirante. -Distúrbios psiquiátricos primários: As lesões são, em sua totalidade, autoinfligidas. Nesta categoria, estão o delírio de parasitose, dermatite artefata, escoriações neuróticas e tricotilomania. -No grupo secundário, o distúrbio psíquico é coadjuvante de patologia cutânea: “embora a patologia seja primariamente orgânica, ocorrem alterações emocionais em grau variável; nesse grupo, estão incluídas todas as dermatoses”. -O grupamento colaborador implica que causas orgânicas e perturbações emocionais colaborem e interajam em diferentes graus na produção da dermatose (psoríase, dermatite atópica, acne, vitiligo). -Distúrbios psicofisiológicos: dermatose verdadeira é sabidamente influenciada pelo estado emocional. Psoríase, alopecia areata, acne, hiperidrose e dermatite atópica são, frequentemente, exacerbados em situações de estresse e ansiedade. -Distúrbios cutaneossensoriais: O paciente relata sensações desconfortáveis no tegumento, sem quadro dermatológico ou neurológico objetivo que os explique. As sensações incluem formigamento, queimação, dor ou prurido. Os quadros mais comuns incluem glossodinia, vulvodinia, prurido anal e genital, prurido sine materia. -Distúrbios psiquiátricos secundários: a desfiguração decorrente de uma dermatose desencadeia um quadro psiquiátrico como ansiedade e depressão. Exemplos: acne conglobata, alopecia areata, vitiligo. EVOLUÇÃO CLÍNICA: -Dermatoses em que ocorre desencadeamento emocional, embora o quadro básico não seja psiquiátrico – por exemplo, hiper-hidrose, síndrome da púrpura psicogênica, urticária crônica, prurido generalizado, alopecia areata. Essas são doenças conhecidas de qualquer dermatologista, nas quais a medicina psicossomática tem grande importância, sendo imprescindível uma boa relação médico-paciente para que o especialista possa conduzir a terapêutica a termo. -Em outro grupo, encontramos entidades cujo curso clínico e evolução são afetados por estresse ou desequilíbrio emocional, em que, contudo, seria equivocado falar simplesmente em desencadeamento emocional. O modelo clássico é a psoríase, bem como herpes simples, líquen, acne, dermatite atópica e/ou seborreica, eczema disidrótico, dentre outros. Encontramos, nessa classe, doenças potencialmente cronificantes, cujo tratamento dermatológico pode associar-se às intervenções psicofarmacológicas ou psicoterápicas. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 -Por último, é necessário ter atenção com a associação frequente da deficiência mental com alterações típicas de pele. AVALIAÇÃO: -Foram desenvolvidas ferramentas para avaliação da qualidade de vida durante o tratamento dermatológico, que podem estar dirigidas para uma dermatose específica ou geral, e orientadas para adulto, adolescente, criança ou familiares. Pode-se mencionar o Dermatology Life Quality Index (DLQI), Children’s Dermatology Life Quality Index (CDLQI), Infant Dermatitis Quality of Life Index (IDQOL), Family Dermatitis Index (FDI). -Encontramos instrumentos específicos como o SPI (Simplified Psoriasis Index), instrumento desenvolvido (autoaplicável) para que pacientes com psoríase avaliem o grau de gravidade de seu acometimento psíquico. -Para avaliar o grau de estresse psíquico ou, ainda, fatores em comorbidade provenientes da psiquiatria clínica, ou para auxiliar no diagnóstico de determinadas entidades prevalentes, são utilizados instrumentos e escalas gerais de aferição de saúde global, de estresse ou saúde mental. Constituem exemplos emblemáticos: SF-12, Skindex-29, GHQ-12, listas de checagem sintomática (SCL-90-R ou SCL-53-R), índice de saúde mental (MHI-5), escore global de estresse emocional (GSI), breve escala de pontuação psiquiátrica (BPRS-A). A depressão pode ser avaliada e monitorada com a escala de Hamilton ou de Montogomery-Asberg (MADRS), visto que instrumentos mais simples como o inventário de depressão de Beck (BDI) ou mesmo o SRQ-20 dispõem de boas propriedades psicométricas e são úteis ao clínico não especialista. Objetivo 03: Descrever os tipos de alopecia (etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento). Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 (Sampaio e Rivitti/ Dermatologia/ Atlas de dermatologia) DEFINIÇÃO: As alopecias se caracterizam por perda ou redução dos cabelos e/ou pelos, podendo ser sintomáticas ou não, reversíveis ou não. Em um couro cabeludo normal, 90 a 95% dos fios encontram-se na fase anágena e 5 a 10%, na fase telógena. Normalmente, cerca de 50 a 100 fios caem diariamente. O ciclo evolutivo dos cabelos ocorre em três fases: (1) anágena (fase de crescimento), na qual há uma grande atividade mitótica e ceratogênica, que dura de 3 a 5 anos; (2) catágena, em que ocorre a interrupção da atividade mitótica, com regressão da matriz perifolicular, perda metacromasia da papila e apoptase dos ceratinócitos triquilemais e que dura cerca de 3 semanas; (3) telógena (fase de repouso), que dura de 3 a 6 meses e tem seu término representado pela saída do fio telógeno do couro cabeludo. CLASSIFICAÇÃO DAS ALOPECIAS Alopecias difusas não cicatriciais: eflúvio telógeno, eflúvio associado a endocrinopatias (hipotireoidismo, hipertireoidismo, hipopituitarismo, hipoparatireoidismo e diabetes descompensado), doenças metabólicas e nutricionais (desnutrição, deficiência de ferro e zinco, homocistinúria), colagenoses (lúpus eritematoso sistêmico, dermatomiosite), medicamentosas (tálio, ácido valproico, antagonistas tireoidianos, anticoagulantes, citostáticos, hipervitaminose A, retinoides, ácido bórico, lítio, betabloqueadores, clofibrato, estatinas, sunitinibe), tóxicas, androgenética, congênitas. Alopecias difusas cicatriciais: radiações ionizantes (doses elevadas), queimaduras extensas, medicações quimioterápicas (bussulfano, docetaxel, cisplatina/etoposídeo). Alopecias circunscritas não cicatriciais: areata, traumática, sífilis secundária, lúpus discoide e outras colagenoses sistêmicas, herpes-zóster, foliculites, fármacos, tração, desnutrição. Alopecias circunscritas cicatriciais: esclerodermia, lúpus discoide tardio, colagenoses localizadas, quérion, tinea por M. audouinii e T. schoenleinii, foliculite decalvante, penfigoide cicatricial, neoplasias, foliculite dissecante. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DAS ALOPECIAS Exame físico: Cor, brilho, textura e comprimento. A avaliação das unhas é fundamental, principalmente frente à frequente associação de onicopatias e alopecias inflamatórias. Teste de tração: Atividade e gravidade da queda dos cabelos. Para realização do teste, o paciente deve permanecer 5 dias sem lavar ou pentear os cabelos. Com uma pega usandoo 1o, 2o e 3o quirodáctilos, deve-se fazer pequena tração de uma mecha com aproximadamente 60 fios de cabelos. O teste deve ser realizado nas diferentes regiões do couro cabeludo: frontal, centroparietal, parietal direita e esquerda, vértex e occipital. O exame com o dermatoscópio ou microscópio óptico dos fios desprendidos pode Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 ser de útil, uma vez que se considera normal somente o desprendimento de fios telógenos. Geralmente o teste é positivo quando mais de 10% dos fios tracionados desprendem-se, ou mais de 6 fios, em cada tração. Tricograma: É um método microscópico para avaliação das hastes e do ciclo folicular, quantificando o percentual de folículos nas diferentes fases de crescimento. O cabelo não deve ser lavado por 5 dias para a realização do exame. Utiliza-se uma pinça reta ou porta-agulha para coletar os fios. Em média, 40 a 60 fios devem ser tracionados e analisados no microscópio ou dermatoscópio para estabelecimento dos percentuais. O exame deve ser realizado nas regiões parietal e occipital para efeitos de comparação. Considera-se alterado quando mais de 25% dos fios são telógenos. Tricoscopia: Aumenta acurácia diagnóstica em relação à inspeção clínica e possibilita melhor compreensão das diferentes causas de alopecia, bem como acompanhamento e mecanismos patogênicos. Histopatologia: De extrema importância para confirmação diagnóstica das alopecias cicatriciais, é usada em casos complexos de alopecias não cicatriciais, nos quais o exame clínico e a tricoscopia não foram suficientes para o estabelecimento do diagnóstico. Preconiza-se realizar biopsia do couro cabeludo com punch 4 mm e enviar o material para corte horizontal. ALOPECIAS NÃO CICATRICIAIS ALOPECIA ANDROGENÉTICA: -Definição: *Forma de alopecia conhecida como calvície (Queda capilar localizada), suas alterações estão relacionadas com predisposição hereditária e fator hormonal (androgênio: di-hidrotestosterona), que levam à conversão de pelos terminais em velos e miniaturizados. *A alopecia androgenética (AAG) constitui a causa mais comum de alopecia, atingindo cerca de 80% dos homens e 50% das mulheres acima dos 70 anos. A história familiar desta doença é menos comuns em mulheres do que em homens. A AAG tem início em qualquer idade a partir da puberdade, apresentando dois picos de incidência, um entre a 2a e a 3a e outro entre a 5a e a 6a década de vida. -Etiopatogenia: *O desenvolvimento da AAG depende de vários fatores, incluindo predisposição genética, presença adequada de androgênios, de receptores de androgênio e de coativadores dos receptores de androgênio. *Associada aos efeitos hormonais da di-hidrotestosterona (DHT), convertida a partir da testosterona pela 5-alfa redutase. Sensibilidade do couro cabeludo aos hormônios andrógenos leva a uma miniaturização gradual de fios nas regiões frontal/ linha média/vértex nos homens e na linha média e coroa em mulheres. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 *Do ponto de vista hormonal, postula-se que os androgênios promovam, em folículos geneticamente determinados, a transformação de folículos terminais em folículos miniaturizados. O folículo é um tecido-alvo para andrógenos e é também considerado um órgão periférico, capaz de sintetizar quantidades significativas de androgênios, que podem afetar o seu próprio crescimento fisiológico do folículo piloso (couro cabeludo e corpo). *Na AAG ocorre redução gradual da duração média da fase anágena em cada ciclo folicular. Esta redução é resultado da ação hormonal da di-hidrotestosterona (DHT) nas células da papila dérmica. A testosterona produzida pode ligar-se diretamente aos receptores intracelulares de androgênios (RA) expressos na papila dérmica e no bulbo capilar, ou pode ser transformada em DHT, que é metabolicamente mais potente e tem afinidade pelo menos cinco vezes maior comparado à testosterona por estes receptores. *A conversão da testosterona em DHT nos folículos pilosos é predominantemente mediada pela enzima 5α-redutase do tipo II e é o hormônio responsável pelo crescimento de pelos terminais da área da barba, pela hiperplasia prostática benigna e pelo desenvolvimento dos recessos frontoparietais. *Na AAG, a duração do cabelo telógeno não é alterada, mas o tempo em que o folículo fica vazio, referido como o período de latência, ou fase quenógena, torna-se mais longo. Assim, os folículos capilares tornam-se progressivamente miniaturizados. -Quadro clínico: *AAG masculina é simétrica e progressiva, inicia-se geralmente após a puberdade e predomina na recessão temporal e frontoparietal, evoluindo até o vértex e poupando a região occipital e a retroauricular. Alguns pacientes podem apresentar sintomas locais associados como dor, prurido e alteração da sensibilidade. *Alopecia de padrão feminino (APF) Há rarefação/afinamento difuso dos cabelos da região superior do couro cabeludo, preservando a linha de implantação frontal. Às vezes, ocorre acentuação frontal da alopecia (padrão em árvore de natal). Em casos de início mais precoce e/ou com outros sinais de hiperandrogenismo (acne, hirsutismo, alterações menstruais), convém realizar investigação endocrinológica, visando, especialmente, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e outras síndromes virilizantes, como a hiperplasia suprarrenal congênita relação. -Diagnóstico: *Na AAG, a variabilidade dos fios supera 20% e círculos marrons ao redor da haste (sinal peripilar) são característicos. Também ocorre miniaturização dos fios (unidade folicular com uma a duas hastes terminais). *A avaliação da perda de cabelo é feita por meio da aplicação de diferentes técnicas: tricoscopia manual, para a verificação da miniaturização dos fios do cabelo pela redução do diâmetro, do comprimento e da pigmentação dos fios, entre outros achados característicos; teste da tração pode ser positivo principalmente nas áreas afetadas pela AAG. O tricograma é considerado um exame muito útil na diferenciação de condições como eflúvio telogênico e AA. *Início precoce de AAG ou quadros graves em mulheres sugerem hiperandrogenismo, exigindo investigação com exames como testosterona livre e total, sulfato de di-hidroepiandrosterona-SDHEA e 17-hidro-xiprogesterona. A biopsia do couro cabeludo está indicada quando de dúvida diagnóstica. -Tratamento: *Minoxidil (2 a 5%) solução capilar na dose de 1 mℓ, 2 vezes/dia, induz o crescimento capilar por prolongar a fase anágena e eliminar fios telógenos. No início do tratamento, pode ocorrer piora da queda, que se resolve espontaneamente após 4 a 6 semanas de uso. Efeitos adversos: ressecamento dos fios, irritação e dermatite de contato alérgica (rara). Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 *Finasterida 1mg/dia (inibidor de 5-alfarredutase tipo II) é eficaz em 90% dos homens, com repilação em 65% dos casos. Em mulheres na pós-menopausa, 2,5 a 5 mg/dia podem melhorar a APF. Dutasterida (inibidor de 5-alfarredutase tipos I e II) 0,5 mg/dia também se mostrou eficaz. Efeitos adversos: perda da libido e teratogenicidade. *Espironolactona (50 a 300 mg/dia), inibidor de aldosterona com ação antiandrogênica, reduz a queda e melhora o crescimento dos fios. Contraindicada em mulheres com risco de gestação. *Acetato de ciproterona (isolado ou combinado com estrógenos) e a flutamida, têm tido bons resultados, principalmente nos casos em que existir produção aumentada de andrógenos. Todos os antiandrógenos podem apresentar como efeitos colaterais depressão, redução de libido, mastodinia. A gravidez está contraindicada, pelo risco de feminilização fetal. *Outra alternativa compreende reconstituição capilar cirúrgica pelo transplante capilar (occipital como área doadora) ou pela redução do couro cabeludo. EFLÚVIO TELÓGENO: -Definição: *Trata-se da causa mais comum de queda de cabelo.Normalmente, 90 a 95% dos folículos estão na fase anágena (crescimento) e 5 a 10% na telógena (queda), com queda de 50 a 100 fios/dia. Diante de alterações variáveis, vários fios entram simultaneamente na fase telógena, causando o eflúvio telógeno. *Ocorre em ambos os sexos, porém a queixa é mais relatada por mulheres e fica perceptível quando cerca de 50% dos pelos são perdidos, geralmente após 3 meses do evento desencadeador. -Etiopatogenia: *Entre suas múltiplas causas, estão alopecia do recém-nascido e pós- parto (fisiológicas), infecções graves, doença crônica grave, estresse psicológico, pós-operatório, hipotireoidismo e desnutrição. Fármacos como retinoides, anticoagulantes, antitireoidianos, anticonvulsivantes, metais pesados, betabloqueadores e interrupção de anticoncepcional oral também podem desencadear ET. Aproximadamente 30% dos casos são idiopáticos. *Mecanismos: Liberação anágena imediata [Evento agudo que gera conversão prematura do anágeno em telógeno]/ Liberação anágena tardia [Mecanismo do eflúvio pós-parto]/ Síndrome do anágeno curto [Encurtamento idiopático da fase anágena]/ Liberação telógena imediata [encurtamento da fase telógena, com consequente expulsão desses fios e conversão para anágenaInício do tratamento com minoxidil]/ Liberação telógena tardia [Prolongamento e sincronização de muitos fios na fase telógena e queda na transição para a fase anágena] -Quadro clínico: *Rarefação capilar em todo o couro cabeludo, podendo acometer a região pubiana e axilar, com ou sem tricodínea associada. *Eflúvio telógeno agudo *O eflúvio telógeno crônico pode ser primário ou secundário. A queda, em geral, persiste por mais de 6 meses, de forma contínua ou em ciclos. A forma primária é considerada idiopática e costuma acometer mulheres de idade entre 30 e 60 anos, de forma insidiosa e de curso flutuante, por diversos anos. Algumas pacientes referem como gatilho o estresse emocional. A diminuição de densidade é seguida de repilação e não há evidência de miniaturização a longo prazo. *O eflúvio telógeno crônico secundário, em geral, associa-se a doença crônica. -Diagnóstico: *Tração pode ser positiva (anormal) com perda de > 10% quando tracionados cerca de 50 fios. Há um aumento da queda de cabelo para 100 a 200 fios/dia. Tricograma que apresenta mais de 25% de pelos telógenos. Histologicamente, não existem alterações relevantes, salvo um aumento na contagem de folículos telógenos. *De etiologia desconhecida, deve-se proceder com investigação direcionada: perfil tireoidiano e de ferro (ferritina deve estar acima de 60 ng/dℓ), hemograma, análise bioquímica e velocidade de hemossedimentação. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 *História completa, incluindo tempo de início da queda, antecedente familiar, traumas, doenças recentes, uso de medicações e dieta, deve ser avaliada. Consideram-se casos persistentes (> 6 meses) crônicos, devendo ser encaminhados ao especialista para biopsia e exclusão de AAG precoce. -Tratamento: *Há melhora após 2 a 3 meses da eliminação do fator causal pelo acometimento do ciclo capilar. *Suplementos vitamínicos e minerais devem ser prescritos apenas se confirmada deficiência. Uso de suplementos com biotina, pantotenato de cálcio e zinco é relatado com pouca evidência. EFLÚVIO ANÁGENO: -Agentes quimioterápicos (p. ex., ciclofosfamida, doxorrubicina, paclitaxel, etoposídeo) são causas comuns de eflúvio anágeno. Também pode ser secundário a exposição a metais, como, por exemplo, arsênico e ouro. O mesmo tipo de alopecia ocorre após intoxicação, acidental ou propositada, com sais de tálio (veneno de rato). SÍNDROME DO ANÁGENO FROUXO: -É causada por um distúrbio de ancoragem de pelos anágenos entre a cutícula e a bainha interna, que leva a uma adesão defeituosa desses pelos no folículo. Pode ser familial (autossômica dominante) ou adquirida. É mais comum em meninas, na infância. O diagnóstico pode ser feito por teste de tração, com observação ao microscópio de pelos anágenos modificados, com corrugamento da cutícula adjacente ao bulbo (“aparência de meia frouxa”) e pelo tricograma, que mostra 90% de pelos anágenos. A maioria dos casos melhora espontaneamente com a idade, porém o uso de minoxidil parece ser a primeira linha de tratamento. ALOPECIA AREATA: -Definição: * Doença autoimune (mediada por células T na matriz folicular) crônica e recidivamente, a alopecia areata (AA) é associada a fatores genéticos, com alto impacto na qualidade de vida dos afetados. *O risco médio de desenvolver essa doença ao longo da vida é de 1 a 2%. -Etiopatogenia: *Muitos fatores etiológicos estão associados ao desenvolvimento da AA, dentre eles agentes infecciosos, vacinação, fatores hormonais e genéticos, porém a exata causa ainda permanece desconhecida. A teoria mais aceita na literatura é a autoimune. *O infiltrado inflamatório peri e intrabulbar é composto predominantemente por linfócitos T CD4+e CD8+, o que denota a perda do privilégio imunológico folicular. A inflamação mantém os folículos pilosos em estado anágeno distrófico, forçando-os a passar precocemente à fase telógena ou, em alguns casos crônicos, perpetuam na fase telógena. *Alguns trabalhos evidenciam alterações do sistema nervoso periférico no nível da papila dérmica e bulbo, em que quantidades de neuropeptídios, como a substância P e o peptídio regulador da calcitonina, moduladores de resposta inflamatória, estariam alteradas. O estresse emocional tem sido responsabilizado como desencadeador em grande proporção de pacientes, apesar de alguns trabalhos serem conflitantes com essa teoria. -Quadro clínico: *Placas de alopecia ovais ou redondas de surgimento abrupto com eventuais fios em “pontos de exclamação” chamados peládicos (parte distal mais larga que a proximal). Prurido e tricodinia (hipersensibilidade do couro cabeludo) podem acompanhar o quadro. Clinicamente, placas alopécicas, geralmente circulares, podem ser observadas com pele lisa e desnuda ou com pelos velus. - Eritema, coloração amarelada, ou leve descamação da área alopécica podem raramente ser observados. Na periferia das placas, pelos aparentemente normais são facilmente destacáveis ao teste da tração. *Na fase ativa, a prova de tração pode ser positiva nas bordas da placa. *FASES: padrão ofiásico (faixa de alopecia ao longo da região occipital e temporal), *ofiásica inversa e difusa*, AA total (perda dos pelos de todo o couro cabeludo) e AA universal (perda total de todos os pelos do corpo). *Durante a repilação, os pelos podem ser inicialmente brancos ou cinzas, com repigmentação após semanas a meses. *O quadro pode ter alterações ungueais associadas em 10% dos casos, como pitting ungueal (mais comum) e traquioniquia (estrias longitudinais), unhas quebradiças, onicólise, coiloníquia, onicomadese. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 *Achados oftalmológicos, como opacidade assintomática do cristalino e mudanças no fundo de olho, ocorrem em 51% e 41% dos pacientes, respectivamente. *Embora o índice de recorrência seja alto, o prognóstico é variável, tendo como fatores agravantes o início antes da puberdade, atopia, distrofias ungueais, história familial de alopecia areata, concomitância com outras doenças autoimunes, variante ofiásica e desenvolvimento de alopecia total ou universal. -Diagnóstico: * O teste de tração positivo (fios telógenos facilmente extraídos da periferia das áreas ovais da perda capilar) se correlacionam com a atividade da doença. *AA está associada a outras doenças (atopia, doença tireoidiana autoimune, vitiligo, doença inflamatória intestinal, síndrome poliglandular autoimune tipo 1), e, de acordo com as queixas, podem ser solicitados exames de hemograma, anticorpo antinuclear (FAN) e anticorpos antitireoidianos etc. para descartar anemias autoimunes, colagenoses e tireoidopatias. *Diagnóstico diferencial inclui tinha do courocabeludo (descamação difusa e fios quebrados), tricotilomania e formas cicatriciais de alopecia. -Tratamento: *Adultos com < 50% do couro cabeludo afetado: corticosteroide tópico e intralesional (2,5 a 5 mg/mℓ de acetato de triancinolona, totalizando 10 a 15 mg a cada 4 a 8 semanas). Repilação ocorre em 2 a 4 meses na maioria dos casos. *Crianças com doença localizada: minoxidil tópico (solução hidroalcoólica a 5%, 2 vezes/dia. Parece atuar na síntese do DNA folicular, estimulando o crescimento de pelos por meio do prolongamento da fase anágena, promover vasodilatação e aumento da espessura do bulbo capilar, angiogênese e há relatos de algum efeito imunossupressor), antralina (creme 0,5 a 1% aplicada 2 vezes/dia que deve agir em até 3 meses). Imunoterapia tópica (difenciprone) e terapias combinadas são indicadas para adultos e crianças com AA difusa. *Inibidores de calcineuria: Os imunomoduladores (pimecrolimo e tacrolimo) podem ser utilizados na terapia da alopecia dos supercílios e das sobrancelhas. *Para AA grave de início recente, a maioria responde a corticosteroides sistêmicos em altas doses, porém há recidivas. Em razão dos efeitos colaterais, deflazacort é preferível (0,5 mg/kg/dia), embora haja outras alternativas, como metotrexato, azatioprina e ciclosporina. Sufassalazina [A dose inicial oral é de 500 mg 2 vezes/dia durante 30 dias, 1 g 2 vezes/dia durante mais 30 dias e depois 1,5 g 2 vezes/dia durante 4 meses. Se não houver resposta, deve ser tentada uma dose de 4 g/dia durante mais 3 meses]. *Imunoterapia tópica [difenciprona]: É o tratamento de escolha para os casos crônicos de alopecia areata com mais de 50% do couro cabeludo acometido. Em geral, ocorre repilação 3 meses após o início do tratamento, que deve ser interrompido se não houver resposta em 6 meses. TRICOTILOMANIA: -Definição: *Arrancamento ou quebra de cabelos autoinduzida, a TTM resulta em área de alopecia perceptível (total ou em placas), sendo mais frequente em mulheres e na infância. *O trauma crônico pode causar dano da estrutura folicular e alopecia cicatricial. -Etiopatogenia: * Pode estar relacionado com desordens psicológicas ou estresse. Arrancar os cabelos resulta em placas alopecia difusa, às vezes em um padrão semelhante a onda ou centrífugo; os cabelos costumam se apresentar em diferentes comprimentos. -Quadro clínico: *Alopecia com borda irregular, fios de comprimento variável e superfície áspera, acometendo principalmente couro cabeludo, mas também outras regiões da face e do corpo (occipício geralmente é poupado). -Diagnóstico: *O diagnóstico pode ser realizado criando-se uma “zona de crescimento de cabelo” pela raspagem semanal de uma pequena área para mostrar que a densidade e a velocidade de repilação são normais. *O diagnóstico diferencial inclui tinha da cabeça, AA e moniletrix. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 -Tratamento: *Seguimento psicológico (psicoterapia, hipnose, terapia comportamental) e farmacológico (clomipramina, fluoxetina, sertralina e citalopram). N-acetilcisteína 1.200 a 2.400 mg/dia tem boa resposta para doenças compulsivas, possivelmente pelo efeito sobre o sistema glutamatérgico. ALOPECIA DE TRAÇÃO: -Definição: *Inicialmente, a perda de cabelos é reversível, porém pode ser permanente quando de tração excessiva e se mantida a longo prazo (décadas). A maior parte dos casos surge em mulheres, negras, entre 30 e 40 anos, com história de uso frequente de cabelos presos, tranças apertadas e formas físicas de alisamento. -Etiopatogenia: *A mais comum, a marginal traumática, ocorre principalmente na linha de implantação do couro cabeludo (frontotemporal) devido a trações permanentes no modo de pentear ou com a finalidade de esticar os cabelos com o calor, hábitos de prender o cabelo (rolinhos, “bobs”) e, principalmente, apliques e alongamentos dos fios como megahair. -Quadro clínico: *Rarefação capilar geralmente na região frontal e bitemporal com preservação de fios curtos na linha de implantação anterior do couro cabeludo não tracionados pelo penteado, denominado sinal da franja. *Lesões agudas podem apresentar pústulas e placas de alopecia nas áreas tensionadas. A tração sobre o cabelo induz uma foliculite inflamatória crônica, levando a alopecia progressiva. -Tratamento: *Deve-se orientar suspensão do ato de tracionar os cabelos. Minoxidil pode acelerar a repilação e corticosteroide tópico, reduzir a inflamação na fase aguda da alopecia de tração (AT). ALOPECIAS CONGÊNITAS: -Ocorrem de maneira total (atriquia congênita) ou parcial, às vezes com modificação da cor dos cabelos e com crescimento lentosíndromes de Papillon-Lefèvre, de Hallermann-Streiff, de Rothmund-Thompson, de Moynahan, a displasia fibrosa policística, as displasias ectodérmicas, a progeria, entre outras. ALOPECIA PÓS-OPERATÓRIA OU INDUZIDA POR PRESSÃO: -Essa forma de alopecia é vista mais comumente em pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos longos (com anestesia geral e intubação traqueal), e que tiveram uma porção do couro cabeludo (geralmente a occipital) em contato prolongado com a mesa de operação. ALOPECIAS CICATRICIAIS Perda permanente do folículo piloso resultante da substituição da estrutura folicular por tecido conjuntivo, divide-se em primária, quando o alvo da inflamação é o folículo, ou secundária, quando decorre de outras afecções (neoplasia, tuberculose cutânea, sarcoidose, morfeia, queimadura, radiodermite) que afetam o folículo secundariamente. *Na alopecia cicatricial secundária, o pelo não é destruído especificamente, isto é, ela é secundária a queimaduras, radiodermites e malignidades cutâneas , sarcoidose, morfeia, necrobiose lipoídica, infecções (p. ex., kerium grave), penfigoide das membranas mucosas (cicatricial). GRUPO 1: LINFOCÍTICAS •Lúpus eritematoso (LE) cutâneo crônico/discoide (não pode ser classificada como exclusivamente primária) -Na doença cutânea isolada, 50% dos casos têm lesões no couro cabeludo e a minoria desenvolve LE sistêmico. Mais comum em mulheres adultas, principalmente afrodescendentes. -Quadro clínico: Lesões discoides com eritema, atrofia, dilatação dos óstios foliculares (rolhas córneas) e alopecia, associadas a prurido e hipersensibilidade. Hipopigmentação central e hiperpigmentação periférica são comuns em negros. -Tratamento: Hidroxicloroquina e corticosteroides (tópicos, intralesionais e orais). Pode haver repilação parcial, quando de tratamento precoce. Outras opções consistem em ciclosporina, micofenolato mofetila, retinoides sistêmicos e metotrexato em baixas doses semanais. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 •Líquen plano pilar (LPP) -Doença inflamatória cicatricial mais frequente em mulheres caucasianas, o LPP pode apresentar lesões na pele glabra e nas mucosas ou alterações ungueais de líquen plano. -Quadro clínico: Alopecia de início insidioso ou abrupto com prurido e hipersensibilidade frequentes. Geralmente, há vários focos de alopecia com eritema e descamação perifolicular. As bordas das placas são irregulares e pode ter pelos terminais no interior. Pode apresentar também pápulas foliculares no mento e na região temporal, além da perda de pelos da axila, da virilha e dos membros. Centrado no topo/vértex ou linha média, ou predominantemente acometendo a linha de implantação frontal e sobrancelhas (“alopecia frontal fibrosante”), ou, raramente, apresentando um padrão difuso. *Existem quatro formas clínicas de apresentação: LPP clássico, alopecia fibrosante frontal (AFF), alopecia fibrosante de padrão androgenético (AFPA) e síndrome de Graham-Little. O curso da doença inflamatória é indolente, com períodos de ausência de atividade alternando com fases de reativação. Prurido intenso, queimação e aumento da queda diária são sinais de alerta para atividade inflamatória. -Diagnóstico: Achados dermatoscópicos com presença de infiltrado liquenoideperifolicular, fibrose concêntrica perifolicular associados a achados compatíveis com alopecia androgenética. -Tratamento: Apesar de alguns casos entrarem em remissão, geralmente não há interrupção completa da queda dos cabelos. Antimaláricos (hidroxicloroquina), doxiciclina e corticosteroides (tópicos, intralesionais e orais), micofenolato mofetil oral (se grave) representam opções terapêuticas. O tratamento da AFPA pode ser feito com associação de finasterida oral na dose de 5 mg/dia em mulheres, hidroxicloroquina pode ser associada na dose de 400 mg/dia e corticoterapia intralesional na dose de 5 mg/mL a cada 6 semanas. O uso de clobetasol tópico e minoxidil a 5% auxiliam o tratamento. •Pseudopelada clássica (alopecia de Brocq) -Alopecia cicatricial caracterizada por áreas pequenas, às vezes confluentes, cuja pele é lisa e brilhante, que progridem de modo semelhante a pseudópodos, sem inflamação clinicamente visível; ocasionalmente, no centro de uma área, persistem um ou mais fios de cabelos normais por vezes em tufos. -É de causa desconhecida. Pode ocorrer na infância, porém costuma manifestar-se mais em mulheres acima de 40 anos. -Não há um tratamento efetivo para a pseudopelada; caso persistam áreas pilosas passíveis de serem doadoras de cabelos para implantes, essa técnica pode ser tentada nas áreas cicatriciais. •Alopecia cicatricial centrífuga central -Doença crônica e progressiva, principal causa de alopecia cicatricial em afro-americanos e três vezes mais comum em mulheres. -Quadro clínico: Lentamente progressiva, centrada no topo/vértex/linha média. Pode ter prurido/hipersensibilidade e alguns pelos isolados com politriquia na área de alopecia. A minoria dos casos apresenta pústulas e crostas por progressão rápida ou infecção secundária (foliculite decalvante). -Tratamento: Geralmente, o tratamento dura anos e envolve combinação de tetraciclinas (p. ex., doxiciclina) e corticosteroide de alta potência (clobetasol). Se inflamação intensa, considerar antibiótico oral (clindamicina ou rifampicina oral 2 vezes/dia durante 10 semanas). •Alopecia mucinosa -Quadro clínico: É a que ocorre, em geral, no couro cabeludo, nas sobrancelhas, ou na área da barba, em consequência do depósito de mucina ao nível dos folículos; é caracterizada por pápulas ou placas eritematosas, por vezes levemente escamosas e alopécicas, com acentuação folicular. Pode ser primária, idiopática ou secundária, mais comumente associada ou precedendo linfomas T cutâneos. -Tratamento: Quando secundária, o tratamento deve ser direcionado à doença de base. Nos casos primários, corticosteroides tópicos de alta potência ou infiltração intralesional de triancinolona têm sido relatados como primeira escolha. Outros possíveis tratamentos são retinoides sistêmicos, dapsona, tetraciclina, minociclina e PUVA. •Queratose folicular espinulosa e decalvante -Tríade alopecia cicatricial do couro cabeludo, ceratose folicular na face, tronco e extremidades, associadas a fotofobia e alterações corneanas. -Quadro clínico: Atopia e ceratose palmoplantar podem acompanhar o quadro. As manifestações da doença iniciam-se na infância, frequentemente na face, podendo ainda atingir extremidades, ou generalizar-se. O quadro marcante da doença é a alopecia cicatricial do couro cabeludo e dos supercílios. Manuelli Antunes da Silva- Tutoria p8 -Tratamento: Corticosteroides potentes, tópicos ou infiltração intralesional, retinoides sistêmicos, dapsona podem ser utilizados. GRUPO 2: NEUTROFÍLICAS •Foliculite decalvante -Quadro clínico: Doença inflamatória que geralmente começa no vértex com placas atróficas de alopecia, pápulas, pústulas e hiperqueratose folicular e pelos em tufos. Pode haver dor, prurido e hipersensibilidade. Politriquia (ou foliculite em tufos), apesar de não exclusiva, é característica deste tipo de alopecia, na qual múltiplas hastes emergem de um mesmo óstio folicular. Axilas, região pubiana e barba podem raramente estar afetadas. *São fatores relacionados infecção por Staphylococcus aureus e redução da imunidade celular. -Tratamento: antibióticos sistêmicos (dapsona, sulfametoxazol-trimetoprima ou ciprofloxacino + clindamicina). A sulfona 100 mg/dia ou mesmo tópica a 5% em gel, 2 vezes/dia pode ser útil e complementar ao uso da isotretinoína sistêmica. Orientar higiene local e corte curto dos cabelos. •Foliculite/celulite dissecante -Doença incomum que faz parte da tétrade de oclusão folicular (acne conglobata, hidradenite supurativa e cisto pilonidal), afeta mais homens jovens negros. -Quadro clínico: Nódulos endurecidos inicialmente no vértex e na região occipital superior evoluem para áreas de flutuação e amolecidas que podem drenar a secreção purulenta. Geralmente, não são dolorosas, com alopecia e odor fétido. -Tratamento: sotretinoína (0,5 a 1,5 mg/kg/dia até 4 meses após remissão clínica), além de corticosteroide intralesional, antibiótico oral e drenagem/excisão cirúrgica como possíveis opções, e inibidores de TNF-alfa em casos refratários. Incisão e drenagem, excisão. GRUPO 3: MISTO •Foliculite (acne) queloidiana - Forma de alopecia cicatricial mais frequente em homens negros jovens. -Quadro clínico: Pápulas firmes, pequenas, planas e pústulas foliculares na região occipital e cervical posterior, que deixam áreas de alopecia em meio a várias lesões papulosas. Lesões iniciais evoluem com alopecia e/ou pápulas protuberantes. Em muitos casos, as pápulas coalescem formando placas semelhantes a queloides, que podem ser dolorosas e desfigurantes. Na fase mais avançada, são possíveis fístulas e secreção purulenta. -Tratamento: clobetasol e doxiciclina combinados; lesões queloidianas maiores podem necessitar de infiltração com corticosteroide (triancinolona 10 a 20 mg/mℓ), antibióticos orais e abordagem cirúrgica. •Foliculite (acne) necrótica -Mais comum em adultos, apresenta-se com pápulas edematosas e eritematosas, mais tarde com pústulas, que evoluem para necrose central, localizadas no nariz, na fronte e na porção anterior do couro cabeludo, eventualmente deixando cicatriz. Pode haver lesões também no tronco anterior e dorso. •Dermatose pustulosa erosiva -Entidade muito rara que afeta principalmente idosos com idade média de 75 anos. -Fatores desencadeantes têm sido aventados, como herpes-zóster, cirurgia ou radioterapia para carcinoma espinocelular, bem como crioterapia, 5-fluorouracila tópica ou retinoides para ceratose actínicas, em pacientes com dano actínico intenso. -Quadro clínico: Apresenta-se como um machucado que não cicatriza, e evolui para placa de alopecia com aspecto esponjo- crostoso friável, sobre a esponja, que pode ser facilmente destacada, “lagos de pus” são vistos. -Tratamento: Repilação pode ocorrer após tratamento com corticosteroides tópicos de alta potência, mas calcipotriol e tacrolimo também foram relatados. Alguns relatos bem-sucedidos com uso de dapsona a 5% em gel.
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