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O Impacto do Suicídio na Família Lúcia Freire Psicóloga, Terapeuta de Casais e Famílias MATERIALISMO ESPIRITUALISMO • Estima-se que um milhão de pessoas cometeram suicídio no ano de 2000 no mundo. • A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. • A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. • O suicídio está entre as três maiores causas de morte entre pessoas com idade entre 15-35 anos. • Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos outras seis pessoas. • O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família e comunidade é imensurável. Suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única razão. Ele resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Dois importantes fatores relacionados ao suicídio: • A maioria das pessoas que cometeu suicídio tem um transtorno mental diagnosticável • Suicídio e comportamento suicida são mais freqüentes em pacientes psiquiátricos Esses são os grupos diagnósticos, em ordem decrescente de risco: • depressão • transtorno de personalidade (anti-social e borderline com traços de impulsividade, agressividade e freqüentes alterações do humor) • alcoolismo (e/ou abuso de substância em adolescentes) • esquizofrenia • transtorno mental orgânico SUICÍDIO – FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E AMBIENTAIS Sexo: Homens cometem mais suicídio que mulheres, mas mais mulheres tentam suicídio. Idade: A taxa de suicídio tem dois picos • em jovens (15 – 35 anos) • em idosos (acima de 70 anos) Estado Civil: Pessoas divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas casadas. As que vivem sozinhas ou são separadas são mais vulneráveis. Profissão: Médicos, veterinários, farmacêuticos, químicos e agricultores têm taxas de suicídio maiores que a média. Desemprego: Perda do emprego, mais do que o fato de estar desempregado, foi associado com suicídio. Migração: Pessoas que se mudaram de uma área rural para urbana, ou diferentes regiões, ou países, são mais vulneráveis a comportamento suicida. FATORES AMBIENTAIS - Estressores da Vida A maioria dos que cometem suicídio passaram por acontecimentos estressantes nos três meses anteriores ao suicídio, como: • Problemas interpessoais: ex. discussões com esposas, família, amigos, namorados; • Rejeição – ex.: separação da família e amigos; • Eventos de perda – ex.: perda financeira, luto; • Problemas financeiros e no trabalho – ex.: perda do emprego, aposentadoria, dificuldades financeiras; • Mudanças na sociedade – ex.: rápidas mudanças políticas e econômicas; • Vários outros estressores como vergonha e ameaça de serem considerados culpados. - Facilidade de acesso O imediato acesso a um método para cometer suicídio é um importante fator determinante para um indivíduo cometer ou não suicídio. Reduzir o acesso a métodos de cometer suicídio é uma estratégia efetiva de prevenção. - Exposição ao suicídio Uma pequena parcela dos suicídios consiste em adolescentes vulneráveis que são expostos ao suicídio na vida real, ou através dos meios de comunicação, e podem ser influenciados a se envolver em comportamento suicida. O ESTADO MENTAL E O SUICÍDIO Três características em particular são próprias do estado das mentes suicidas: 1.Ambivalência: A maioria das pessoas já teve sentimentos confusos de cometer suicídio. O desejo de viver e o desejo de morrer batalham numa gangorra nos indivíduos suicidas. Há uma urgência de sair da dor de viver e um desejo de viver. Muitas pessoas suicidas não querem realmente morrer – é somente porque elas estão infelizes com a vida. Se for dado apoio emocional e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminui. 2.Impulsividade: Suicídio é também um ato impulsivo. Como qualquer outro impulso, o impulso para cometer suicídio é transitório e dura alguns minutos ou horas. É usualmente desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o desejo suicida. 3.Rigidez: Quando pessoas são suicidas,seus pensamentos,sentimentos e ações estão constritos, quer dizer: elas constantemente pensam sobre suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema. Elas pensam rígida e drasticamente. MITO OU FATO? • Pessoas que ficam ameaçando suicídio não se matam • Quem quer se matar, se mata mesmo • Suicídios ocorrem sem avisos • Melhora após a crise significa que o risco de suicídio acabou • Nem todos os suicídios podem ser prevenidos • Uma vez suicida, sempre suicida • A maioria das pessoas que comete suicídio tem um transtorno mental • É amplamente comprovada a relação entre suicídios e drogas, especialmente o álcool. SUICÍDIO – FATO E FICÇÃO FICÇÃO FATO HIERARQUIA TIPOS DE RELAÇÃO FRONTEIRAS PAPÉIS ESTRUTURA • “O luto é uma resposta ao rompimento de um vínculo significativo para o indivíduo” (Parkes) • Resposta natural e esperada após uma perda simbólica ou concreta importante. (Bowlby) • Quando falamos do luto na família, é fundamental que se pense no indivíduo e no todo, pois nem sempre há consonância entre os processos de luto vividos pelos membros da família individualmente. • Reações de luto: crônico, adiado, inibido, complicado e normal. • Tempo de duração: variável, média de 2 anos. • O pacto do silêncio... ETAPAS DO CICLO DE VIDA FAMILIAR • a) Jovens solteiros saindo de casa; • b) O novo casal; • c) Famílias com filhos pequenos; • d) Famílias com adolescentes; • e) Lançando os filhos e seguindo em frente; • f) Famílias no estágio tardio da vida. ESTRESSORES VERTICAIS Padrões, mitos, segredos, legados NÍVEIS DO SISTEMA 1. Social, cultural, político.... 2. Comunidade 3. Família ampliada 4. Família Nuclear 5. Indivíduo TEMPO ESTRESSORES HORIZONTAIS 1.Desenvolvimentais: transições do ciclo de vida. 2. Imprevisíveis: morte, doença crônica, acidente, desemprego... OS ESTRESSORES DO CICLO DE VIDA FAMILIAR ALGUMAS FALAS E SENTIMENTOS... Suicídio na família... • Intensos e dolorosos processos de culpa e de perguntas... • Muitas perguntas ficam sem respostas e só poderiam ser respondidas pela pela pessoa que morreu... • Há um contexto histórico que condena o suicídio e as famílias e essas passam a ser julgadas e condenadas... • Co-responsabilidade... • Sentimento comum: que a pessoa não gostava da família. Depoimentos... • Depoimento 1: um irmao sobre seu irmao gemeo... • “Em primeiro lugar, com o acontecimento vem um sentimento de perplexidade, e uma pergunta martela, já evidenciando um sentimento de culpa que vai se ampliando gradativamente: por que nada percebemos de anormal? E vem a sensação de certo descaso na relação, muitíssimo desconfortável. O que poderíamos ter feito para ajuda-lo? É o lugar comum. O impacto na família foi monumental. Meu irmão, solteiro, era amparo para os irmãos em situação de dificuldade. Para mamãe, era o foco de sua existência. Ele contraiu poliomielite na infância, e restando sequelas para MMII, que obrigou desde cedo ao uso de aparelho ortopédico que nada tinha a haver aos atuais. Sempre foi um guerreiro, insubmisso, que superando os adversidades se formou em medicina. Por vários anos exerceu a profissão. Desde cedo o preconceito. Detestava o termo "aleijado". Portanto, foi uma enorme surpresa sua decisão. Foi o maior sofrimento que experimentei até o momento. Irmão gêmeo, convívio "in útero". Foi difícil o processo de superação”. Depoimento 2: uma mãe sobre o seu filho... “O sentimento originado pelo suicídio de nosso filho foi de profunda dor... Não tenho sentido nada igual em toda minha vida. Algo desgarrador ... sentimento deimpotência total. Desolação... Não deixou nenhuma explicação , nenhuma nota, carta o bilhete. Imediatamente depois surgiram as perguntas: Aonde foi que nós erramos como pais ? O que é que poderíamos ter feito e não fizemos? Profunda tristeza ao pensar quão sozinho ele deve ter se sentido quando tomou essa decisão !!. Impossibilidade de poder ter" ajudado" , não poder ter sido "mãe" nesse dramático momento...” “... Meu filho tinha 25 anos quando decidiu finalizar sua vida. Era o primogênito e foi uma criança desejada e muito amada. Tivemos mais dois filhos, um casal de gêmeos. Era uma criança alegre, amorosa, muito bonita e querido por todos. Formado em Medicina 1 ano e meio antes. Morava sozinho e se sustentava com seu trabalho como medico. profissão que exerceu nesse curto período de vida dando plantões em cidades do interior do estado, afastadas dos centro urbanos, donde achava que podia ajudar e mitigar os problemas de quem mais necessitava. Desde sua adolescência surpreendia por seu grande interesse e sensibilidade por tudo o que acontecia a seu redor, tanto nos aspectos sociais como nos culturais. Amava a natureza, a leitura, música, esportes, com interesse especial praticava o futebol e surf”. A posteriori... “...O tempo, a compreensão e presença em especial de uma querida amiga, assim como o acompanhamento da terapia para o grupo familiar, foi ajudando a mitigar a dor e o vácuo deixado para sempre por esse trágico acontecimento nas nossas vidas. Lembrança que se reaviva nas as datas do aniversário de nosso querido S. e noutras significativas para a família”. A espiritualidade como fator preventivo do suicídio O que fazer? • Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo; • Ser afetuoso e dar apoio; • Leve a situação a sério e verifique o grau de risco; • Pergunte sobre tentativas anteriores; • Explore as outras saídas, além do suicídio; • Pergunte sobre o plano de suicídio; • Ganhe tempo – faça um contrato; • Identifique outros formas de dar apoio emocional; • Remova os meios, se possível; • Tome atitudes, conte a outros, consiga ajuda; • Se o risco é grande, fique com a pessoa. Terapia Familiar CVV Centro de Valorização da Vida Disque 188 Em Recife: Av. Manoel Borba, 99/102 – Boa Vista (81) 3421-7311 cvv.org.br O que não fazer? • Ignorar a situação; • Ficar chocado ou envergonhado e em pânico; • Falar que tudo vai ficar bem; • Desafiar a pessoa a continuar em frente; • Fazer o problema parecer trivial; • Dar falsas garantias; • Jurar segredo; • Deixar a pessoa sozinha. “Não podemos voltar atrás e fazer um novo começo, mas todos podemos recomeçar e fazer um novo fim...” Chico Xavier Lúcia Freire CECAF Centro de Estudos, Consultoria e Atendimento Familiar familiacecaf@gmail.com (81) 9-9996-9323 mailto:familiacecaf@gmail.com
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