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@resumosdamed_ 1 FARMACOLOGIA – ANTINFLAMATÓRIOS E OPIOIDES ANTI-INFLAMATÓRIOS: A resposta inflamatória inicia quando um tecido sofre uma lesão, liberando, através de reações, vários mediadores inflamatórios, que vão ativar cascatas de respostas inflamatórias. A mediação desses receptores inflamatórios, faz com que o organismo tenha respostas, como: edema, rubor, calor e dor (sinais da resposta inflamatória). • Histamina: é formada a partir da histidina e depende de receptores, localizados nas células alvo (efetores) para realizar sua ação, sendo eles H1 (faz vasodilatação, participa da permeabilidade capilar, anti-histamínico), H2 (faz a secreção HCl e a excitação cardíaca) e H3 (inibe a liberação da histamina e alguns neurotransmissores). Durante um processo inflamatório, ocorre a produção dos eicosanóides, que rompem a membrana celular, ativando a liberação de fosfolipídios e uma cascata. Quando ocorre a ativação da fosfolipase A2, há a ativação da cascata do ácido araquidônico, que possui duas vias: a via das COX (ciclooxigenase), que liberam endoperóxidos e, posteriormente, prostaglandinas e tromboxanos (vasodilatadoras - hiperalgésica); e a via dos leucotrienos (vasoconstrição). A ciclooxigenase (COX) é classificada em dois tipos: • COX-1: é uma proteína expressa constitutivamente em nosso organismo (tem sempre); e • COX-2: é induzida, ou seja, só acontece a expressão dessa proteína se houver uma indução através de processos inflamatórios. A inflamação estimula a liberação de PGE2 (prostaglandina), que diminui o limiar das fibras aferentes sensoriais, formando o edema e a dor, levando um estímulo nociceptivo para o tálamo. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES): São fármacos que apresentam propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias usados no tratamento dos sintomas da inflamação. • Ação antipirética: faz a inibição da produção de prostaglandinas no hipotálamo. Durante uma reação inflamatória, as endotoxinas bacterianas induzem os macrófagos @resumosdamed_ 2 a liberar um pirógeno – interleucina 1 (IL-1), que estimula a produção das prostaglandinas tipo E, e que estas, por sua vez, podem causar elevação do ponto de ajuste da temperatura. Outras evidências indicam que as prostaglandinas não são os únicos mediadores da febre; os AINEs também são, pelo fato de terem um outro efeito antipirético por mecanismos ainda não conhecidos. • Ação analgésica: algumas prostaglandinas sensibilizam terminais nervosos nociceptivos aferentes a mediadores como a bradicinina. Assim, na presença de PGE1 ou PGE2, vão ser sentidas dores, até mesmo em concentrações de mediadores inflamatórios como 5-hidroxitriptamina ou bradicinina, que são demasiado baixas para causar dor por si mesmas, ou seja, gera quadros de hiperalgesia. • Ações anti-inflamatórias: está relacionada com a sua inibição da COX-2 e é provável que, quando usados como agentes anti- inflamatórios, seus efeitos indesejados se devam principalmente à sua inibição de COX-1. Os novos compostos com ação seletiva sobre COX-2 que estão sendo desenvolvidos acabam gerando uma nova abordagem no tratamento da inflamação. São classificados em: • Derivados de Ácido Salicílico; • Derivados do para-aminofernol; • Derivados indólicos; • Derivados do ácido heteroaril acético; • Fenamatos; • Derivados do ácido propiônico; • Ácidos enólicos; • Derivados da pirazolona; • Furanonas diaril; e • Pirazois diaril. DERIVADOS DE ÁCIDO SALICÍLICO: • Ácido acetilsalicílico – Aspirina: é um inibidor não seletivo de COX; tem efeito dose-dependente, que, em baixas doses, tem efeito antipirético, e, em altas does, é antimetabólico. É indicado para dores leves, febre, artrite reumatoide e doenças de agregação plaquetária. DERIVADOS DE PARA-AMINOFENOL: @resumosdamed_ 3 • Paracetamol: é um inibidor não seletivo de COX, que tem pouco pode anti-inflamatório, mas com um excelente poder analgésico. É indicado para dores leves a moderadas, febre e alergia ao AAS. DERIVADOS INDÓLICOS: • Indometacina: é um potente inibidor não seletivo de COX, que afeta a migração de neutrófilos e a proliferação de linfócitos, podendo gerar toxicidade renal. É indicado para o fechamento do canal arterial e para o trabalho de parto prematuro. FENAMATOS: • Ácido mefenâmico: é um inibidor não seletivo de COX, indicado para doenças reumáticas, dor menstrual e contrações uterinas. DERIVADOS DO ÁCIDO HETEROARIL ACÉTICO: • Diclofenaco: é um inibidor não seletivo de COX, que possui efeito nas 3 linhas de frente dos AINEs. O diclofenaco de sódio tem melhor ação em lesões musculoesqueléticos, enquanto o de potássio atua melhor em tecidos mucoides. É indicado para dor pós-operatória, lesões musculoesqueléticas e dismenorreia. DERIVADOS DO ÁCIDO PROPRIÔNICO: • Ibuprofeno, Cetoprofeno e Naproxeno: são inibidores não seletivos de COX, que possuem efeitos nas 3 linhas de frente dos AINEs, contudo, dependendo do fármaco, variam a potência. Além disso, antagonizam o efeito antiagregante plaquetário (não recomendado em cardiopata em uso de AAS). ÁCIDOS ENÓLICOS: • Piroxicam: é um inibidor não seletivo de COX com potente ação anti-inflamatória. É indicado para artrite reumatoide e osteoartrite. DERIVADOS DA PIRAZOLONA: • Dipirona: é um inibidor não seletivo de COX-2, que possui excelente atividade analgésica, porém, há risco de agranulocitose (risco raro). Além disso, possui baixo risco de efeitos adversos. FURANONAS DIARIL: • Celecoxibe: é um inibidor seletivo de COX-2 (atua mais nas prostaglandinas), que não inibe a COX-1 e nem afeta a função plaquetária. @resumosdamed_ 4 É indicado para osteoartrite, dor pós-operatória e dismenorreia. OUTROS: • Nimesulida: possui propriedades antioxidantes, que inibe a ativação de neutrófilos. É indicado como anti-inflamatório e para dor pós-operatória. ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS CORTICOSTERÓIDES: São fármacos que possuem glicocorticoides e ações anti- inflamatórias, por isso, eles têm ação mais longa, já que atuam em receptores nucleares. Todos os hormônios são produzidos a partir do mesmo precursor, o colesterol, que é estimulado pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O principal glicocorticoide endógeno é o cortisol, que é necessária para a manutenção da vida, possuindo síntese e secreção estritamente reguladas. Além disso, ele age na regulação do metabolismo intermediário, na resposta ao estresse, em alguns aspectos da função do SNC e na imunidade. • Mecanismo de ação: é uma ação nuclear, ou seja, o corticoide entra na célula, pois é lipossolúvel, e no citoplasma, liga-se ao seu receptor (que está inativo), formando o dímero, e, assim, entrando no núcleo. Quando chega no núcleo, ele estimula ou inibe alguma via metabólica/RNAm, que vai traduzir proteínas, gerando o efeito biológico. É uma ação que demora para começar, porém demora para acabar. As ações biológicas são várias, como: • Redução da síntese de proteínas e aumento da degradação de proteínas: gera atrofia muscular. • Aumentam a resistência ao estresse: aumento do nível de glicose plasmática. • Promovem o metabolismo intermediário normal: favorecem a gliconeogênese (hiperglicemia e hiperinsulinemia) e estimulam o catabolismo proteico e a lipólise (ativação da lipase – redistribuição da gordura corporal). • Alteram os níveis de células sanguíneas no plasma: diminuição dos leucócitos e aumento de hemoglobina, hemácias e plaquetas. • Redução da ativação de neutrófilo e macrófago: redução da transcrição de genes de fatores de adesão e citocinas. • Redução da ativação de células T helper: redução da transcrição de genes para IL-2. • Redução da função de fibroblastos: menor produção de colágenos e menor cicatrização.• Redução da atividade dos osteoblastos: osteoporose. • Mediadores inflamatórios: produção reduzida de prostanóides (expressão reduzida de COX), produção reduzida de citocinas (expressão reduzida de IL), fatores de adesão e TNF-alfa, redução do complemento, redução de @resumosdamed_ 5 NO, redução na liberação de histamina e redução na produção de IgG. • Outros sistemas: aumenta a produção de pepsina e ácido gástrico, pode gerar grave perda óssea (estimula osteoclasto). • Adeno-hipófise: redução da secreção de CRH e ACTH (atrofia da suprarrenal). A ação anti-inflamatória dos glicocorticóides dá-se pela estimulação da lipocortina, que irá inibir a fosfolipase A2, impedindo que ocorra a cascata do ácido araquidônico; ou pela inibição da via das COXs, não interferindo na cascata. A seleção dos fármacos é baseada em três propriedades fundamentais: 1. Atividade anti-inflamatória; 2. Atividade mineralcorticoide: atua na aldosterona e no sódio, formando edema; 3. Meia vida plasmática: depende do tempo de ação. A Hidrocortisona é utilizada como base para analisar se possui efeito anti-inflamatório ou mineralocorticoide. A exposição excessiva aos glicocorticóides podem gerar alguns efeitos adversos, como: • Síndrome de Cushing: que é resultado da administração exógena excessiva de glicocorticoides, mas também pode ser desencadeada por problemas endógenos (adenomas adrenais ou produção de ACTH ectópica). @resumosdamed_ 6 • Doença de Addison: que é o oposto da Sd. de Cushing. Aqui, há deficiência de cortisol. • Osteoporose. • Diabetes Mellitus. • Desenvolvimento de úlcera péptica. • Diminuição do crescimento. OPIOIDES: Vários mediadores estimulam os neurônios sensoriais aferentes (fibras C), que chegam ao corno dorsal, liberando substância P e endorfina, que vão para a medula, chegando no tálamo. A via aferente estimula a fibra C a levar o estímulo para o tálamo. São fármacos que podem causar dependência, sendo divididos em agonistas e antagonistas. Os receptores opioides são inibidores de dor, que estão localizados na fibra C e em outros locais do organismo, sendo eles: • μ (mi): fazem a analgesia da supra-espinhal, resultando em depressão respiratória, euforia e dependência física. Um dos principais para a inibição da dor, contudo, estimulam dependência. • κ (kapa): fazem analgesia medular, resultando em miose, sedação e disforia. • δ (delta): responsáveis por alterações no comportamento afetivo. • σ (sigma): geram disforia, alucinações e estimulação vasomotora. OBS: é importante se ligar ao receptor , porque ele causa analgesia. MORFINA: A morfina, a exemplo do que acontece com os opióides endógenos, Endorfina e Encefalina, é reconhecida por receptores denominados de “receptores opióides” distribuídos em neurônios específicos do SNC, podendo estar envolvida na analgesia supra-espinhal e na analgesia a nível espinhal. Ao reagir com , a morfina potencializa a ação da encefalina, inibindo a condução da dor pele substância P. EFEITOS FARMACOLÓGICOS: • Analgesia: é eficaz na dor aguda ou crônica, e estão associadas a lesões teciduais, inflamação ou crescimento tumoral. Além disso, reduz, de maneira marcante, o componente afetivo da dor. • Depressão do reflexo da tosse: entre os opioides, destaca-se a Codeína, o principal agente que deprime o reflexo da tosse. • Constrição pupilar: possui efeito mediado pelos receptores e κ do centro oculomotor. Por isso, as pupilas puntiformes (miose) são sinais típicos de “overdose” de morfina. @resumosdamed_ 7 • Depressão respiratória: sob efeito da morfina pode ocorrer queda na frequência e amplitude da respiração. Esse efeito é mediado pelo receptor . Os neurônios do centro respiratório bulbar perdem a sensibilidade ao CO2 (PCO2), que normalmente funcionam como com estimulante da atividade respiratória. É a principal causa da morte por “overdose” de Heroína. • Náusea e vômito: cerca de 40 % dos pacientes que recebem morfina tem náuseas, pois ela atua na área postrema (zona quimiorreceptora do gatilho), que é sensível a muitos agentes químicos, desencadeando náusea e vômito. • Euforia e Disforia: todos os opioides trazem aos usuários extrema sensação de “bem estar”. Durante o tratamento da dor, esse efeito é benéfico, pois ansiedade, ou agitação são indesejáveis em um paciente com dor. Quando a Heroína é aplica EV, o resultado é o rush (orgasmo abdominal), seguido de intensa euforia (sem agitação). O receptor tem relação direta com o efeito de “bem estar” ou prazer. Alguns autores admitem que o receptor κ, funciona em equilíbrio com o , gerando a disforia que se observa em usuários crônicos de Heroína. OBS: viciados em Heroína apresentam tolerância a disforia, ficando no plano do “bem estar” durante horas, rapidamente o organismo se acostuma, gerando uma dependência e, a longo prazo, podendo causar morte por depressão respiratória. TOLERÂNCIA: Haverá uma redução para os efeitos farmacológicos, com um desenvolvimento rápido (após 12 a 24h). • Euforia: tolerância rápida. • Depressão respiratória: tolerância moderada. • Miose e constipação: não tem tolerância. DEPENDÊNCIA: No estado de tolerância, observa-se a dependência, gerando uma necessidade de aumentar a dose para atingir o mesmo efeito farmacológico. O responsável por isso é a presença de receptores nos sistemas mesolímbico e dopaminérgicos, fazendo com que fatores psicológicos estejam envolvidos. SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA: A morfina inibe a atividade da adenilato ciclase, fazendo com que a tolerância reverta a inibição (necessidade de dose maior). Com isso, a retirada de morfina aumenta a atividade, gerando irritabilidade, perda de peso, febre, midríase, náuseas, diarreia, insônia e convulsões. Contudo, essa síndrome de abstinência é rápida, durando no máximo 3 dias, assim, não é necessário fazer a retirada gradual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Farmacologia Básica e Clínica. Katzung, Bertram G. Mc Graw Hill.12aedição, 2013.
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