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conceito Da PEDAGOGIA

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Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 1 
 
UNIDADE I: A CIÊNCIA PEDAGÓGICA E SEU OBJECTO 
 
1.1. Significado de Pedagogia como Reflexão sobre E ducação 
 
1.1.1. Conceitos, Objecto e Objectivo da Pedagogia 
• Conceito de Pedagogia 
A palavra Pedagogia vem do grego (pais, paidós=criança; agein=conduzir; logos=tratado, 
ciência) que significava conduzir a criança ao saber. 
 
Portanto, na Antiga Grécia, eram chamados de Pedagogos os escravos que 
acompanhavam as crianças que iam a escola, fazendo valer sua autoridade quando 
necessária, o que lhes conferiu o desenvolvimento de grande habilidade no tratamento 
das crianças. 
 
Segundo Piletti (2004), Pedagogo é o especialista em assuntos educacionais e Pedagogia 
é o conjunto de conhecimentos sistemáticos relativos ao fenómeno educativo. 
 
Daí que de acordo com Durkheim & Radice, citados por Piletti (2004), existem diversas 
definições de Pedagogia, a destacar: 
− Pedagogia é a ciência da Educação. 
− Pedagogia é a ciência e arte de educar. 
− Pedagogia é a arte de educar. 
− Pedagogia é a reflexão metódica sobre a Educação para esclarecer e orientar a 
prática educativa. 
 
Nesta perspectiva, é de salientar que a Pedagogia não pode se limitar ao entendimento 
de como se dão as relações educativas e ao estabelecimento de directrizes gerais para 
a educação nos horizontes ampliados da emancipação humana e da maioridade dos 
sujeitos, mas sim, presidir a organização e condução da instituição educativa, no 
sentido de como se vão dar as relações internas de poder, mediadas pela infra-
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 2 
 
estrutura de recursos e controles, e de como se vão relacionar a gestão institucional, a 
dinâmica das relações interpessoais e a produção ou circulação dos conhecimentos. 
 
O Conceito moderno de Pedagogia, conforme Prof. C. Mattos citado por Piletti (2004), 
refere que ela é a filosofia, a ciência e a técnica da educação. Esse conceito é completo 
porque abrange todos os aspectos fundamentais da Pedagogia. 
 
• Objecto da Pedagogia 
O Pedagogo não possui quanto ao seu objecto de estudo um conteúdo intrinsecamente 
próprio, mas um domínio próprio (a educação), e um enfoque próprio (o educacional), 
que lhe assegurara seu carácter científico. O objecto de estudo do Pedagogo 
compreende os processos formativos que actuam por meio da comunicação e 
intercâmbio da experiência humana acumulada. Estuda a Educação como prática 
humana e social naquilo que modifica os indivíduos e os grupos em seus estados 
físicos, mentais, espirituais e culturais. 
 
Nesta ordem de ideia, o Objecto da Pedagogia é a prática educativa, ou seja, o 
fenómeno educativo. 
 
• Objectivo da Pedagogia 
A Pedagogia assenta-se no desenvolvimento de serviços científico-técnicos que 
permitem a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do próprio processo 
pedagógico, do processo educacional e do processo educativo. 
 
No entanto, sumariamente, o Objectivo da Pedagogia é a reflexão, a crítica, a 
ordenação e a sistematização do processo educativo. 
 
1.1.2. Aspectos Fundamentais da Pedagogia 
Fundamentalmente, a Pedagogia apresenta-se sob 3 (três) aspectos: o Aspecto 
Filosófico, Científico e Técnico. 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 3 
 
− Aspecto Filosófico – esse aspecto abrange os princípios fundamentais da 
educação, tais como as relações da Educação com a vida, os valores, os ideais 
e as finalidades da educação. Procurando responder às seguintes questões: 
� O que deve ser a educação? 
� Para onde a educação deve conduzir as novas gerações? 
O Aspecto Filosófico procura estabelecer as directrizes da Educação de acordo com os 
valores de cada povo e de cada época. 
 
− Aspecto Científico – a Pedagogia moderna apoia-se nos dados apresentados 
pelas ciências, procurando estabelecer o que é a Educação. Ela se apoia 
principalmente nos dados das ciências que estudam o comportamento humano. 
Portanto, desenvolvimento científico de áreas do conhecimento como a 
Psicologia, a Biologia, a Sociologia, a Antropologia, as Ciências Políticas e a 
Economia trouxe uma contribuição muito importante para o estudo do 
comportamento. 
 
A integração dos conhecimentos dessas áreas tem possibilitado a identificação de 
factores que influenciam no comportamento. É impossível identificar o comportamento 
através de uma única causa. O comportamento humano é resultado de factores 
psicológicos, biológicos, antropológicos, sociológicos, económicos e políticos. 
− Aspecto Técnico – refere-se à técnica educativa, ao como educar. Este aspecto 
situa-se entre o filosófico e o científico, isto é, entre o que deve ser e o que é, 
ligando o ideal ao real. 
Sob o aspecto técnico estuda-se: os métodos e processos educativos; os sistemas 
escolares; as normas e directrizes orientadoras da parte estática e da dinâmica de sala 
de aula; os métodos e as práticas de ensino; as técnicas de trabalho escolar. 
 
1.1.3. Divisão da Pedagogia 
Em consonância com o conceito último de Pedagogia, ela divide-se em Disciplinas 
Filosóficas, Científicas e Técnicas. 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 4 
 
− Disciplinas Filosóficas: 
� História da Educação 
� Filosofia da Educação 
� Educação Comparada 
� Política Educacional 
 
− Disciplinas Científicas: 
� Biologia Educacional 
� Psicologia Educacional 
� Sociologia Educacional 
 
− Disciplinas Técnicas 
� Administração Escolar 
� Higiene Escolar 
� Organização Escolar 
� Orientação Educacional 
� Didáctica Geral e Especial 
 
1.2. Educação Objecto da Pedagogia – Significado e Tipos de Educação 
 
1.2.1. Conceitos de Educação 
“A Educação é um fenómeno social e universal, sendo uma actividade humana 
necessária a existência e funcionamento de todas as sociedades. Ela pode ser 
compreendida em dois sentidos: Amplo e Restrito”, (Libâneo, 1994). 
 
• Em sentido amplo, a Educação compreende os processos formativos que 
ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo 
necessário e inevitável pelo simples facto de existirem socialmente. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 5 
 
• Em sentido restrito, a Educação ocorre em instituições específicas, escolares ou 
não, com finalidades explícitas de instrução e ensino mediante uma acção 
consciente, deliberada e planificada, embora sem separar-se daqueles 
processos formativos gerais. 
 
Ainda Libâneo (1994), advoga que “Educação é um processo de desenvolvimento 
unilateral da personalidade envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, 
morais, intelectuais e estéticas – tendo em vista a orientação da actividade humana na 
sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais”. 
 
De acordo com Cipiri (1996), “Educação é a transmissão de usos e tradições culturais 
afins aos seus descendentes, para servirem de elo de ligação entre o passado e o 
futuro”. 
 
Em suma, poder-se-á dizer que a Educação é um conjunto de acções, processos, 
estruturas, que intervêm no desenvolvimento de indivíduos e grupos na sua relação 
activa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos 
e classes sociais. 
 
1.2.2. Diferentes concepções sobre Educação 
Como vimos, as definições de Educação são várias. No entanto apresentaremos 
algumas concepções que retractam os diferentes posicionamentos sobre a natureza da 
acção de educar e a sua finalidade, comungando que a Educação é um processo de 
desenvolvimento. Eis as concepções: 
 
− Concepções Naturalistas (inatistas) – dão primazia aos factores biológicos do 
desenvolvimento. Para este os factores sociais regulam o ritmo e a manifestação 
dos processos internos inatos. A finalidade de educação é tirar para fora o que 
existe nointerior do indivíduo. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 6 
 
− Concepções Ambientalistas – para estes, o ambiente externo é a força motriz, 
a sociedade propicia valores, ideias, regras às quais o espírito do educando deve 
submeter-se. No entanto, a Educação é uma imposição ao educando da maneira 
de ver, sentir, e de agir. 
 
− Concepções interaccionistas – evitam a polarização. Advogam que no 
processo educativo o homem desenvolve tanto biológico como psiquicamente na 
interacção com o ambiente implicando interacção entre o sujeito e o meio. A 
educação é um processo interactivo em que os sujeitos constroem seus 
conhecimentos através da interacção com o meio. 
 
1.2.3. Tipos de Educação 
A Educação é vista de diferentes maneiras, daí que ela classifica-se em três principais 
tipos: Educação Formal, não-Formal e Informal. 
• Educação Formal: é aquela que está presente no ensino escolar 
institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado. 
 
• Educação não-Formal: define-se como qualquer tentativa educacional 
organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do 
sistema formal de ensino. 
 
• Educação Informal: é aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula 
conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho e no lazer. 
 
Portanto, a Educação Formal tem objectivos claros e específicos e é representada 
principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma directriz 
educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e burocráticas, 
determinadas ao nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos Ministérios da 
Educação. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 7 
 
A Educação não-Formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Os 
programas de Educação não-Formal não precisam necessariamente seguir um sistema 
sequencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e podem, ou 
não, conceder certificados de aprendizagem. 
 
1.3. A Educação Científica como Resultado do Desenv olvimento do Património 
Sociocultural, Científico da Humanidade 
Como forma de melhor perceber a abordagem da Educação Científica face ao 
Desenvolvimento do Património Sociocultural e Científico da Humanidade, é importante 
fazer o acompanhamento das diferentes épocas do Desenvolvimento da Humanidade. 
 
1.3.1. Educação na Era Primitiva 
A Educação como um processo de transmissão do património sociocultural, técnico e 
científico da Humanidade sempre ocorreu, mesmo antes da existência da escola bem 
como dos métodos de Educação reconhecidos como tais. 
 
Inicialmente, a Educação era a transmissão de formas de acção que ajudavam o 
Homem a aproveitar-se da Natureza. Nesta ordem de ideia, Monroe citado por Piletti 
(1993), pressupõe que a Educação Primitiva tinha por objectivo a promoção do 
ajustamento da criança ao ambiente típico e social por meio da aquisição da 
experiência de gerações passadas. 
 
A estrutura da Educação era simples e entre os povos primitivos a criança adquiria 
conhecimentos por meio da imitação e cerimónias de iniciação. Portanto, por meio da 
imitação as crianças brincavam com pequenas reproduções de instrumentos utilizados 
pelos adultos e numa fase posterior elas participavam das actividades dos adultos onde 
aprendiam as diversas ocupações da tribo como a construção de utensílios, a pesca, a 
caça e o trabalho agrícola. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 8 
 
As cerimónias de iniciação possuíam um especial valor educativo e consistiu na 
cerimónia de admissão do jovem adolescente à comunidade adulta da tribo. O valor 
educativo das cerimónias de iniciação incidia nos seguintes aspectos: 
 
− Valor Moral: as crianças aprendiam a suportar a dor, pela submissão à 
mutilações, a tolerar as circunstâncias difíceis e a fome pela exposição ao tempo 
e falta de alimentação; 
 
− Valor Social e Político: a criança aprendia a obediência e a reverência aos mais 
velhos, bem como a servir aos idosos e a suprir as necessidades da família; 
 
− Valor Religioso: nestas cerimónias existiam os animais ou plantas que eram o 
centro do culto. Este, geralmente, era considerado um antepassado mítico da 
tribo, de que esperavam protecção; 
 
− Valor Prático: os jovens aprendiam os métodos de captura de certos animais, a 
arte de acender o fogo, de preparar os alimentos entre outros. 
 
Por outro lado, existia uma característica comum nos povos primitivos o animismo, que 
consistia na crença de que todas as coisas possuíam alma ou espírito. Portanto, a 
aprendizagem das formas que permitiam a convivência pacífica com os espíritos que 
habitavam os objectos de que se precisavam constituía a parte mais importante da 
educação nestes povos. 
 
As cerimónias de iniciação serviam para transmitir aos jovens a explicação do universo 
para torná-los capazes de assegurar um satisfatório ajustamento às suas exigências. 
Haviam determinadas pessoas que lhes cabia a direcção das cerimónias de iniciação 
que variavam desde chefes de grupos familiares, feiticeiros, curandeiros, etc. 
Nas sociedades primitivas destacavam-se a Educação chinesa e hindu. Nestas 
primitivas civilizações orientais a necessidade de dominar línguas geralmente muito 
difíceis fez com que a Educação girasse em torno do domínio da linguagem e literatura. 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 9 
 
A Educação centrava-se no conhecimento de uma linguagem tecnicamente complexa, 
difícil de dominar, e na posse da sabedoria do passado contida na sua literatura. Esta 
literatura expunha as formas de conduta, o cerimonial religioso e era exclusiva da 
classe sacerdotal, isto é a classe dominante. 
 
Entretanto, nos povos orientais, a Educação consistia em conduta e actividades 
práticas dadas pelos sacerdotes, pela classe literária governante e pelos adultos das 
famílias. Portanto, na sociedade oriental a Educação visava conservar, reproduzir o 
passado mediante a supressão da individualidade. 
 
1.3.2. Educação na Antiguidade Clássica 
Na Educação grega a Educação era a oportunidade para o desenvolvimento individual. 
Como resultado dessa característica surge um novo conceito de Educação, a Educação 
Liberal, uma educação que habilitava o indivíduo a tirar proveito da sua liberdade ou 
dela fazer uso. 
 
Na Educação grega deu-se mais oportunidade para o desenvolvimento individual e os 
ideais gregos eram: liberdade política e moral, desenvolvimento intelectual, e 
racionalidade. Contudo, os privilégios do desenvolvimento intelectual eram limitados 
aos homens livres que correspondia a 9/10 da população e negados aos restantes. 
 
Segundo Piletti (1993), os ideais da Educação grega foram resultado de uma lenta 
evolução podendo-se destacar os seguintes períodos: 
 
− A Educação no Período Homérico (900-750 a.C.) – onde os ideais de 
Educação apareciam nos poemas Ilíadas e Odisseia. A Educação teve um 
carácter eminentemente poético; 
 
− A Educação no Período Espartano (750-600 a.C.) – o objectivo da Educação 
era dar a cada indivíduo um nível de perfeição física, coragem e hábito de 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 10 
 
obediência às leis que tornassem um soldado ideal. Esta era controlada pelo 
Estado; 
 
− A Educação no Período Ateniense (600-450 a.C. ) – o ideal era a formação 
completa do Homem (física e intelectual). O Estado assegurava a liberdade 
pessoal, criando as condições vantajosas para a Educação; 
 
− A Educação no Período Sofista (450-400 a.C.) – o termo sofista designa uma 
nova classe de professores que surgiram devido a falta de meios para ministrar 
uma Educação que proporcionasse ao indivíduo condições de êxito pessoal 
impostas pela sociedade. Esta classe de professores recebia,em troca das aulas 
que ministravam, elevados valores monetários. Portanto, nos seus ensinamentos, 
os sofistas, acentuavam de forma exagerada o valor da individualidade. É destes 
que surge o termo de Pitágoras, “o Homem é a medida de todas as coisas”. 
 
− O Período dos Grandes Filósofos (400-300 a .C.) – as deficiências do sistema 
ateniense de Educação fez com que se repensasse na Educação de modo a 
resolver o problema que consistia em formular um ideal educativo que pudesse 
satisfazer as necessidades institucionais e o bem do colectivo, para promover o 
desenvolvimento completo da personalidade. 
 
Neste período destacam-se filósofos como: 
• Sócrates (470-399 a.C.) – com o slogan “conhece-te a ti mesmo” afirma que é 
na consciência individual que se deve procurar os elementos determinantes da 
finalidade da vida e da Educação. Este, desenvolveu o método socrático “a 
ironia” – que consistia em perguntar fingindo ignorar –, e “maiêutica” – que 
consistia em fazer outras perguntas para levar o interlocutor a descobrir a 
verdade. 
 
Contribuições de Sócrates para a Educação: 
� O conhecimento possui um valor de natureza universal e não individualistas; 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 11 
 
� O processo objectivo para obter-se conhecimento é o de conversação. 
� A Educação tem por objectivo imediato o desenvolvimento de capacidade de 
pensar e não apenas de ministrar conhecimento. 
 
• Platão (428-348 a.C.) – concordava com Sócrates sobre a necessidade de se 
procurar uma nova base moral para a vida, a qual deveria se encontrar em ideias 
e na verdade universal. Para ele, a Educação é um processo do próprio 
educando mediante o qual são dadas à luz as ideias que fecundam a mente. Dai 
que, o papel do educador consistia em promover no educando o processo de 
interiorização através do qual o educando podia sentir a presença das ideias. 
Eram conteúdos da Educação: os exercícios corporais, a cultura estética e moral, 
a formação científica e filosofia. 
 
• Aristóteles (384-322 a.C.) – ao contrário de Platão e Sócrates, afirmava que a 
virtude está na conquista da felicidade e do bem, enquanto que para os primeiros 
estava na posse do conhecimento pelo indivíduo. Aristóteles, desenvolveu seu 
conceito de Educação partindo da ideia de imitação. Segundo ele, o Homem se 
educa na medida em que copia a forma de viver dos adultos. É conhecido como 
o maior sistematizador, visto que vem dele a ideia de que a Educação deve 
compreender um plano metódico. 
 
Os povos romanos também influenciaram em grande parte a Educação da Antiguidade 
Clássica, pois, o seu ideal de Educação visava a concepção de direitos e deveres, daí 
que esta tinha uma finalidade prática e procurava alcançar resultados concretos 
adaptando os meios aos fins. A característica fundamental do método da Educação 
romana era a imitação. Portanto, cabia a Educação desenvolver aptidões nos 
indivíduos para cumprir os seus deveres como cidadãos romanos. 
 
A Educação estava centralizada na formação do carácter moral das pessoas daí que a 
família desempenhava um papel importante. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 12 
 
Tal como a Educação grega, o desenvolvimento da Educação romana também foi 
gradual. Numa primeira fase era dada praticamente no lar e mais tarde, com a 
expansão do império romano, surgiram as escolas elementares que passaram a 
ministrar a leitura, a escrita e a conta. 
 
Por influência da cultura grega, houve alterações substanciais que alteraram a 
Educação romana. Surgiram novas instituições de Educação que passaram a ministrar 
novos conteúdos como gramática, retórica e mais tarde direito e filosofia. Foi a partir 
destas instituições que se tornou possível o surgimento das universidades. 
 
1.3.3. Educação na Idade Média 
O desenvolvimento do Pensamento Pedagógico e da Educação desta época estava 
estreitamente ligado a história da religião, o cristianismo, que substituiu a concepção 
liberal e individualista dos gregos e um conceito de Educação prática e social dos 
romanos. O cristianismo passou a dar maior importância ao aspecto moral que se 
baseou na ideia de caridade cristã. 
 
Nesta época surge um novo ideal educacional que se concentra no aspecto moral da 
pessoa humana, baseava-se na ideia de caridade cristã ou amor. Conforme esta 
premissa, a função principal da Educação consistia em dominar o corpo e pacificar o 
espírito. 
 
Os recém-convertidos, antes de serem admitidos como membros efectivos da igreja, 
eram chamados de catecúmenos, e essas escolas, de catecumenatos. Mais tarde estas 
escolas vieram a ser organizadas pelos bispos com o intuito de preparar o clero para as 
igrejas que estavam sob sua direcção, e passaram a ser denominadas escolas das 
catedrais. 
 
A escolástica medieval exerceu forte influência na escola e pedagogia da Europa 
Ocidental. O termo, escolástica, inicialmente, significou o conjunto do saber, mais tarde 
se deu o mesmo nome aos que escolarmente se dedicavam à filosofia e à teologia. Foi 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 13 
 
um movimento intelectual que se preocupou em demonstrar e ensinar a relação entre a 
razão e a fé pelo método da análise lógica. 
 
Contudo, a escolástica teve limitações que se repercutiram na Educação: 
− Consideravam-na como uma preparação para o cristianismo e exercício do culto; 
− Nas escolas dava-se maior importância a memorização; 
− Os castigos corporais eram estimulados como forma de purificar a alma. 
 
Entre os seguidores da igreja naquele tempo, e que deram contribuição no campo 
educacional, haviam indivíduos cultos, filósofos e escritores onde se destacaram Santo 
Agostinho (354-430) e São Tomas de Aquino (1225-1274) que afirmavam que Deus é o 
verdadeiro mestre que ensina dentro de nossa alma embora sublinhem a necessidade 
de uma ajuda exterior. 
 
O clero, na primeira metade da idade média, foi muito importante pois foi nos mosteiros 
que se criaram bibliotecas e escolas. 
 
1.3.4. Educação na Idade Moderna 
Durante o fim da Idade Média a Educação foi controlada pela Igreja e tinha a finalidade 
de educar o indivíduo segundo os ensinamentos das sagradas escrituras, interpretadas 
pelas autoridades eclesiásticas. 
 
Na Idade Moderna a religião não deixa de ter influência na Educação. Contudo, com o 
surgimento de um movimento protestante aos católicos, o controle educacional exercido 
pela Igreja de Roma também começa a ser contestado. 
 
Os Estados que estavam sob orientação dos protestantes começaram a organizar 
sistemas próprios de escolas transferindo para o seu controle as escolas paroquiais. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 14 
 
Portanto, destacou-se no movimento protestante Martinho Lutero (1483-1546) segundo 
o qual a Educação deveria se libertar das amarras que a prendiam à igreja e 
subordinar-se ao Estado. Perante este movimento, a igreja católica reagiu criando 
novas ordens religiosas que dessem especial atenção ao ensino, tendo-se destacado a 
Companhia de Jesus. Esta criou um Sistema de Educação mais eficiente abrangendo a 
Educação Secundária e Superior. 
 
Com o tempo, as grandes transformações que ocorreram na passagem da Idade Média 
para a Moderna, tais como as grandes navegações, o surgimento dos Estados 
Nacionais, a reforma protestante, imprensa, o desenvolvimento da burguesia e do 
capitalismo, fortaleceram o movimento no sentido de que a autoridade da igreja ficasse 
restrita aos assuntos religiosos. 
 
O Pensamento Pedagógico desta época foi influenciado pelas ideias de Francis Bacon 
(1561-1626), Galileu Galileu (1564-1642), René Descartes, João Amós Coménius 
(1592-1670), Jean Jaques Russeau (1712-1778), entre outros. 
 
Embora tenha havido alterações substanciais na abordagem pedagógica, a Educaçãoelementar do povo permaneceu esquecida durante este período pois a Educação era 
dirigida para a nobreza e o clero. 
 
1.3.5. Educação na Idade Contemporânea 
No desenvolvimento da humanidade, novas e importantes transformações ocorreram 
entre os séculos XVII e XX que deram início ao que se convencionou Era 
Contemporânea. 
 
Foram factores motivadores a revolução industrial, o surgimento das ciências humanas, 
o nascimento de uma nova classe social, o proletariado formado por trabalhadores 
assalariados, o derrube do Estado Absolutista pela burguesia que passa a assumir o 
poder político e a separação entre o Estado e a Igreja. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 15 
 
Esta nova forma de estar teve influência no Pensamento Pedagógico. A passagem da 
Idade Moderna para a Contemporânea na segunda metade do século XVIII é 
assinalada pela Revolução Burguesa que teve repercussões na Educação como 
consequência da separação entre a Igreja e o Estado que conduziram ao 
desenvolvimento dos Sistemas Públicos de Educação. 
 
Com o desenvolvimento industrial a escola passou a desenvolver um outro papel, isto 
é, a dar mais importância aos conteúdos técnicos e científicos ao lado das antigas 
matérias clássicas e literárias. 
 
O ensino público e gratuito tornou-se obrigatório e foi visto como a melhor forma para o 
alcance da verdadeira democracia. Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), Johann 
Friedrich Herbart (1776-1841) e Friedrich Froebel (1782-1852) foram os educadores 
que se destacaram durante este período pelas inovações que propuseram a Educação. 
 
1.4. As Categorias da Pedagogia – Alguns Requisitos do Carácter Científico da 
Pedagogia 
 
1.4.1. Educação, Instrução e Ensino 
A Educação, Instrução e o Ensino são considerados como sendo as Categorias da 
Pedagogia, onde: 
 
• Educação: é o processo de formação da personalidade do Homem para a vida e 
o trabalho na sociedade. É um conjunto de acções, processos, estruturas, que 
intervêm no desenvolvimento de indivíduos e grupos na sua relação activa com o 
meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e 
classes sociais. 
 
• Instrução: é o processo de conhecimento e a aquisição de capacidades e 
habilidades que é propriamente o processo de exercício. É o processo e o 
resultado da assimilação de conhecimentos, hábitos e habilidades. Caracteriza-
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 16 
 
se pelo nível de desenvolvimento intelectual e das capacidades criadoras do 
homem. Pressupõe determinado nível de preparação do indivíduo para a 
participação em qualquer esfera da actividade social. 
 
• Ensino: é o processo de transmissão e aquisição de instruções e de educação 
de modo planificado e sistematizado. É o processo de organização da actividade 
cognitiva. É um processo bilateral que inclui a assimilação do material de estudo 
que é a actividade do aluno e a direcção deste processo que é actividade do 
mestre/professor. Portanto, é um processo bilateral que inclui actividade: ensino 
– aprendizagem. 
 
1.4.2. Educação Intencional e Não Intencional 
 
Considera-se Educação Intencional ou Sistemática , quando há, propositadamente, 
intenção de influenciar no comportamento do indivíduo e de maneira organizada, como 
é o caso dos Lares Estudantis, Igrejas, Escolas. 
 
Portanto, a Escola é tida como a instituição social destinada, especialmente, a realizar a 
Educação Intencional e apresenta as seguintes características: 
• Ambiente Social Simplificado; 
• Ambiente Social Purificado; 
• Ambiente de Vida Democrática; 
• Ambiente Impregnado de Ideias. 
 
A Educação Intencional surge no desenvolvimento histórico da sociedade, como 
consequência da complexidade da vida social e cultural, da modernização e das 
instituições, do processo técnico-científico, da necessidade de cada vez maior número 
de pessoas participarem das decisões que envolvem a colectividade. 
 
Nesta ordem de ideias, os processos educacionais intencionais implicam objectivos 
sócio-políticos explícitos, conteúdos, métodos, lugares e condições específicas de 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 17 
 
educação, precisamente para possibilitar aos indivíduos a participação consciente, 
activa e crítica na vida da sociedade. 
 
A Educação Não Intencional, também designada por Educação Inintencional ou 
Assistemática , ocorre quando a modificação do comportamento resulta da influência 
de instituições que não têm esta intenção, de forma específica, tais como a Rádio, o 
Cinema, o Teatro, o Jornal, o Clube, os Amigos, a Rua, etc. 
 
Nesta perspectiva, grande parte das influências que operam e condicionam a prática 
educativa ocorrem de modo não intencional, não sistemático, não planificado. Estas 
actuam, embora de modo disperso e com carácter informal, na formação da 
personalidade, daí que, não se deve negar os seus efeitos educativos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 18 
 
UNIDADE II: A PEDAGOGIA NO SISTEMA DAS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 
 
2.1. O Carácter Sistemático da Ciência Pedagógica: Relação da Pedagogia com 
Outras Ciências 
A Pedagogia, enquanto ciência, estabelece relações íntimas com outras ciências, 
visando o desenvolvimento da Humanidade. 
 
2.1.1. Relação da Pedagogia com Psicologia 
Partindo da ideia de que o objecto de estudo da Psicologia é o comportamento e as 
actividades mentais de todos animais e o da Pedagogia que é o processo ou fenómeno 
educativo (a educação, instrução e ensino do Homem), podemos dizer que a Psicologia 
fornece fundamentos para alguns aspectos da aprendizagem do aluno. Tais 
fundamentos podem ser os aspectos ligados a motivação para que o aluno se interesse 
pela matéria. 
 
Aos alunos com necessidades educativas especiais ou mesmo específicas, precisam 
de uma educação “especial ou específica” e um acompanhamento psicológico 
adequado, isto é, o professor deve estar munidos de ferramentas da psicologia para 
lidar com os alunos com necessidades educativas especiais/específicas. 
 
A selecção dos conteúdos e meios didácticos apropriados para a mediação da aula, 
devem ter em conta o desenvolvimento psíquico da criança. Essa avaliação (do 
desenvolvimento psíquico da criança) é fornecida pela psicologia. 
 
A psicologia na educação não se limita na sala de aula, mas se estende para todos os 
intervenientes do processo do ensino-aprendizagem, ajudando na elaboração dos 
currículos e na resolução dos conflitos entre professores, entre professor e a direcção 
da escola, entre o professor e ele mesmo e até entre o professor com a comunidade. 
A psicologia contribui para o enriquecimento da teoria e o melhoramento da prática 
educativa. 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 19 
 
A psicologia também estuda aspectos importantes do processo de ensino-
aprendizagem, tais como as implicações das fases do desenvolvimento dos alunos 
conforme as idades e os mecanismos psíquicos presentes na assimilação da matéria e 
no desenvolvimento das habilidades. 
 
A relação da pedagogia com a psicologia não é de dependência, mas sim de 
interdependência, porque a pedagogia oferece mecanismos para o desenvolvimento 
das capacidades psíquicas pouco desenvolvidas nos alunos. 
 
2.1.2. Ralação da Pedagogia com a Sociologia 
A Sociologia estuda o meio em que as pessoas se encontram e Pedagogia nesse caso 
estuda a educação como prática social, orienta-se pelos objectivos da sociedade onde 
ela ocorre. 
 
A sociedade tem sempre a necessidade de educar porque sempre precisa de passar os 
conhecimentos das gerações mais velhas para as gerações “imaturas”. Sendo assim, 
não há sociedade sem educação. 
 
A Pedagogia tem em vista o desenvolvimento integral do serHumano, para que este 
possa integrar-se no sistema social de que faz parte. Ajuda aos professores a 
reconhecer a relação existente entre e escola e a sociedade, permitindo que este 
medeie a sua aula com a colaboração da sociedade e que também participe nas 
actividades da sociedade onde se encontra. 
 
Portanto, conforme os fundamentos de Durkheim (2001), a Educação é o meio pelo 
qual a sociedade renova perpetuamente as condições da sua própria existência. A 
sociedade só poderá viver se entre os membros da mesma se existir uma certa 
homogeneidade na maneira de pensar e essa homogeneidade só pode ser fornecida 
pela educação. 
 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 20 
 
2.1.3. Relação da Pedagogia com a Filosofia 
A Filosofia, sendo o amor e a sabedoria, não tem um objecto de estudo definido, isto é, 
estuda a globalidade das coisas e é considerada a mãe de todas as ciências, é 
evidente que influencie no pensamento pedagógico. Portanto, ela abrange os princípios 
fundamentais da educação como as relações entre a educação e a vida quotidiana. 
 
A Filosofia esclarece o que deve ser a educação; para que sociedade educar?; para 
onde deve se conduzir as novas gerações e com que valores educar as pessoas? 
 
Daí que, a Pedagogia busca bases filosóficas para melhor esclarecer o papel da 
educação no desenvolvimento das sociedades. 
 
2.1.4. Relação da Pedagogia com as Ciências Politic as 
As Ciências Políticas analisam o sistema governativo de uma sociedade e a maneira 
de viver da mesma. Assim, a realização do processo educativo de um país ou de uma 
sociedade depende do sistema governativo do mesmo e as mudanças que afectam o 
sistema governativo dessa sociedade, também afectam o processo educativo. Por sua 
vez, a Pedagogia fornece quadros para a manutenção do sistema governativo. 
 
2.1.5. Relação da Pedagogia com a Ética 
A Ética é uma ciência que se ocupa no comportamento humano, na sua relação com o 
meio natural e social, visando assegurar a prática das boas normas culturais e sociais. 
 
A Ética ajuda a Pedagogia a delinear as suas regras/princípios de acordo com as 
normas de cada sociedade. 
 
Não obstante, a Pedagogia ajuda na modificação de alguns hábitos e costumes das 
sociedades que não sejam válidos para um determinado contexto, visto que as 
sociedades se desenvolvem e algumas normas precisam de ser revistas para se 
ajustarem às novas realidades. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 21 
 
2.1.6. Relação da Pedagogia com a Economia Política 
A Economia Política é a ciência dos interesses da sociedade e, como todas as 
verdadeiras ciências, baseia-se na experiência, cujos resultados metodicamente 
agrupados e alinhados, se tornaram princípios das verdades gerais. 
 
Nesta perspectiva, a qualidade e a quantidade da educação depende das condições 
financeiras que o Estado oferece e que as populações são capazes de investir neste 
domínio. 
 
2.1.7. Relação da Pedagogia com a História 
Antes porém, dizer que a História é a ciência social que estuda o passado com o intuito 
de melhor compreender o presente e perspectivar o futuro. Neste contexto, ajuda a 
compreender a evolução do pensamento educativo e ajuda a pedagogia a perspectivar 
o futuro da educação. 
 
Por exemplo, segundo Ngoenha (2000), repensar na educação na sua dimensão 
histórica, permitirá reconstruir a história da educação em Moçambique e buscar bases 
teóricas para projectar nesta área um projecto de educação que supere os sistemas 
educativos coloniais. 
 
Assim, para que o educador possa educar uma certa pessoa, é necessário que 
conheça o seu passado. 
 
2.1.8. Relação da Pedagogia com a Antropologia Cult ural 
A Antropologia Cultural estuda o Homem como ser criador, portador e transmissor de 
cultura. Portanto, os dados fornecidos pela antropologia cultural são importantes para o 
desenvolvimento da educação, visto que os conhecimentos são transmitidos de 
geração em geração. 
 
Neste contexto, para melhor compreender o processo educativo é necessário conhecer 
a história do povo em que este ocorre, seus hábitos e costumes. 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 22 
 
2.1.9. Relação da Pedagogia com a Didáctica 
Sabendo que o objecto de estudo da Didáctica é “a problemática do ensino”, enquanto 
prática da educação, e o estudo da educação em tempos, ou seja, no qual a 
aprendizagem é intencionalmente almejada, no qual os sujeitos envolvidos (professor e 
aluno) e suas acções (o trabalho com o conhecimento) são estudados nas sua 
dimensões histórico-culturais, ela fornece à Pedagogia as ferramentas necessárias para 
a execução do processo de ensino-aprendizagem. 
 
2.2. Os Fundamentos Científicos da Pedagogia: Ramos da Pedagogia 
Ramos da Pedagogia 
A Pedagogia enquanto Ciência, assenta-se nos seguintes Ramos: Pedagogia Geral, 
Teoria ou Filosofia da Educação, Didáctica Geral, Pedagogia Especial ou defectologia, 
Administração e Gestão Escolar e metodologia de ensino. 
 
i. Pedagogia Geral: ensina as conexões ou interligações da educação e do 
ensino, inerentes a educação do Homem, independentemente da idade e 
qualquer campo da educação; estabelece as bases gerais da educação, da 
instrução e do ensino. 
 
ii. Teoria ou Filosofia da Educação : estuda os processos parciais da educação 
dentro e fora do ensino, nos quais se formam as qualidades do carácter (atitude, 
convicções, hábitos e formas de comportamento do homem), e analisa a 
essência desses processos, isto é, suas leis, elaboração de princípios da 
educação nas diferentes esferas: intelectual, politica, ideológico, moral, estético, 
laboral e físico; ensina o processo educativo, orienta o campo comportamental, 
analisa as leis do desenvolvimento e da formação de comportamentos. 
 
iii. Didáctica Geral : estuda as leis gerais da educação, da instrução, da auto-
instrução e do ensino propriamente dito, sob orientação do pedagogo. Elabora 
objectivos, conteúdos, métodos, formas de organização e matérias de ensino, 
elabora ou investiga as regularidades gerais, tendências e perspectivas de 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 23 
 
ensino, elabora finalidades, conteúdos, princípios, métodos e formas de 
organização da educação, da instrução e do ensino. 
 
iv. Pedagogia Especial ou Defectologia : ocupa-se das pesquisas dos problemas 
da educação e do ensino, da preparação laboral da criança com deficiência física 
e mentais; agrupa as disciplinas e investiga as particularidades do ensino e da 
educação das crianças com danificação física e mental. Essas disciplinas são: 
• Sudopedagogia: trata de crianças com problemas de deficiência auditiva; 
• Tiflopedagogia: trata de crianças com deficiência visual; 
• Ougofrenopedagogia: trata de crianças com deficiência mental, 
• Logopedagogia: trata de crianças com problemas de afasia (mudez) e sua 
prevenção. 
 
v. Administração e Gestão Escolar : investiga os problemas de planificação, 
organização, administração dos sistemas de organização, analisa e elabora 
conteúdos e métodos de direcção de uma instituição de ensino, orienta as 
instituições da educação para obtenção de melhores rendimentos. 
 
vi. Metodologia de Ensino: examina as leis e as regularidades do ensino nas 
diferentes disciplinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 24 
 
UNIDADE III: A NECESSIDADE DE REFLEXÃO SOBRE A EDU CAÇÃO E SUA 
PRÁTICA NO CAMPO DA PEDAGOGIA 
 
3.1. Função Social e Cultural da Educação 
A Educação como sendo um conjunto de acções/práticas visando o desenvolvimento 
integral da personalidade do indivíduo na sociedade, assenta-se na função socializadora e 
cultural do mesmo. 
 
Portanto, neste item pretende-se discutir a função social e cultural daEducação no 
processo de formação dos Homens como sujeitos históricos. 
 
3.1.1. A Educação como Meio Social 
3.1.1.1. A Família 
Tomando a Família como um conjunto de pessoas unidas por um laço de parentesco, 
pelo sangue ou por aliança e que em geral, vivem na mesma casa ela, ocupa maior 
relevância no que concerne à educação para toda a vida. 
 
A Família assume a responsabilidade da educação primordial das crianças desde o 
cuidado das crianças, sendo o assunto de suma importância universalmente 
reconhecida. Para a educação das crianças na Família torna-se necessário que se faça 
a combinação operativa do homem e da mulher. 
 
A Família é a base da inserção do Homem na sociedade, sendo a partir dela que 
aprendemos a nossa cultura, o respeito, o amor, coisas essenciais para no futuro 
sermos pessoas responsáveis e bons cidadãos. É na Família que recebemos os 
primeiros ensinamentos tais como: 
• O respeito pelos mais velhos e pelo próximo; 
• O amor pelos nossos irmãos e parentes; 
• O espírito de entre ajuda ou de cooperação; entre outros. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 25 
 
A Família constitui o primeiro lugar de toda e qualquer educação e assegura, por isso, a 
ligação entre o afectivo e o cognitivo, assim como a transmissão dos valores e das 
normas. As suas relações com o sistema educativo são, por vezes, tidas como relações 
de antagonismo: em alguns países em desenvolvimento, os saberes transmitidos pela 
escola podem opor-se aos valores tradicionais da família; acontece também que as 
famílias mais desfavorecidas encaram, muitas vezes, a instituição escolar como um 
mundo estranho de que não compreendem nem os códigos nem as práticas. 
 
Um diálogo verdadeiro entre pais e professores é, pois, indispensável, porque o 
desenvolvimento harmonioso das crianças implica uma complementaridade entre 
educação escolar e educação familiar. Diga-se, a propósito, que as experiências de 
educação pré-escolar dirigidas à populações desfavorecidas mostraram que a sua 
eficácia deveu-se muito ao facto das famílias terem passado a conhecer melhor e a 
respeitar mais o sistema escolar. 
 
Por outro lado, cada um aprende ao longo de toda a sua vida no seio do espaço social 
constituído pela comunidade a que pertence. Esta varia, por definição, não só de um 
indivíduo para outro, mas também no decurso da vida de cada um. 
 
A educação deriva da vontade de viver juntos e de basear a coesão do grupo num 
conjunto de projectos comuns: a vida associativa, a participação numa comunidade 
religiosa, os vínculos políticos, concorrem para esta forma de educação. A instituição 
escolar não se confunde com a comunidade mas, guardando a sua especificidade, 
deve evitar desligar-se do ambiente social. 
 
3.1.1.2. A Escola como Meio de Socialização 
De acordo com Pinto (1995), a “Escola é um determinado conjunto de acções levadas 
a cabo por pessoas situadas num sistema de interacção caracterizado por 
determinados estatutos, papéis e regras de funcionamento – formal e informal”. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 26 
 
Cohen (1980), advoga que “Socialização é o processo através do qual o ser humano 
começa a aprender o modo de vida de sua sociedade, adquire uma personalidade e 
desenvolve a capacidade de funcionar como individuo e como membro. Já em idade 
bem tenra, a criança aprende dos outros qual o comportamento que se espera dela e 
qual o tipo de pessoa ela é. 
 
Nesta perspectiva, define-se a Socialização como sendo o processo pelo qual as 
crianças, ou outros novos membros da sociedade, aprendem o modo de vida da sua 
sociedade. 
 
Neste contexto, os objectivos básicos do processo de socialização podem ser 
apontados como sendo os seguintes: 
• Deve-se ensinar à pessoa as habilidades necessárias para viver em sua 
sociedade; 
• A pessoa deve ser capaz de comunicar-se de um modo eficiente e de 
desenvolver a capacidade de ler, escrever e falar; 
• Deve-se aprender a controlar as funções orgânicas através do uso adequado do 
banheiro; 
• O indivíduo deve internalizar os valores e as crenças básicas da sociedade. 
 
Assim, em conformidade com Giddens (2005), a Socialização ocorre em duas fases 
envolvendo um número de diferentes agentes de socialização, que são grupos ou 
contextos sociais em que ocorrem processos significativos da mesma. 
• Socialização Primária: ocorre na primeira infância e é o mais intenso período de 
aprendizagem cultural. É o tempo que a criança aprende a língua e os padrões 
básicos do comportamento que formam a base para o aprendizado posterior. A 
família é o principal agente de socialização durante esta fase. 
 
• Socialização Secundária: tem lugar mais tarde na infância e na maturidade. 
Nesta fase, outros agentes de socialização assumem algumas das 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 27 
 
responsabilidades que antes eram da família. As escolas, organizações, a média 
e finalmente o lugar de trabalho se tornam formas socializantes para os 
indivíduos. 
 
Portanto, as interacções sociais nesses contextos ajudam as pessoas a aprenderem os 
valores, as normas e as crenças que constituem os padrões da sua cultura. 
 
Os Grupos Sociais são as formas de vida em sociedade, que têm uma configuração 
concreta, como na família, a tribo, a nação, o grupo de brinquedos, a vizinhança, a 
sociedade recreativa, o clube desportivo, etc. 
 
De acordo com Brandão (1963), a matéria-prima da Escola, como os demais grupos, é 
o ser humano, Homem emoção, isto é, com continuidade temporal, desenvolvendo 
padrões de comportamento e atingindo uma unidade psicológica. 
 
• O agregado é constituído no mínimo por professor e alunos, no caso da escola 
isolada em zonas rurais, em outros tipos de estabelecimentos, mestres e alunos, 
autoridades, auxiliares, pais, ex-alunos antigos da escola e outras agências que 
colaborem estreitamente com o grupo escolar. 
 
• A continuidade temporal é estabelecida pela sociedade que ao fazer da escola 
uma agência de transmissão de conhecimentos e preparação para a vida, ou 
ambiente de desenvolvimento de um mundo especial da criança, determina um 
“tempo” que considera necessário para atingir o objectivo. 
 
• A Escola só pode ser considerada como grupo social, quando seus componentes 
tiverem ajustado seus comportamentos individuais, quando os padrões de 
comportamento, ajustados, regulados, controlados criarem um sistema – o 
sistema social escolar. Antes disso não há escola como grupo social. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 28 
 
• O sistema consolida-se na unidade psicológica da escola quando seus 
componentes, alunos, professores e funcionários, fazem da escola uma 
representação grupal, quando substituírem o “Eu” pelo “Nós”; o “Meu” pelo 
“Nosso” e referirem-se aos outros componentes em termos de camaradagem ou 
equipe. 
 
A Escola em geral, considerada como um grupo social intermediário, já que o contacto 
dos alunos com a cultura é por intermédio do professor, nos outros, atribuem à escola 
uma posição especial entre os demais grupos. 
 
Portanto, a Escola é uma instituição que se coloca entre os grupos primários, 
principalmente a família e as restantes instituições dos grupos secundários. 
 
Na realidade, a Escola e a Educação parecem ter ambas, as funções seguintes: elas 
(re)produzem a sociedade numa dinâmica conservadora e, simultaneamente 
renovadora. Porque há elementos da nossa cultura, da nossa história e tradição que é 
importante preservar, a escola funciona como um instrumento privilegiado nessa acção 
de conservação, nesse acto de transmissão da memória de uma civilização. É esta 
função conservadora que permite viabilizar a inserção de cada indivíduo no meio social 
em que nasceu. 
 
Mas, porque, como em tudo o que é humano há falhasou simplesmente elementos a 
melhorar, a educação e as instituições a ela associadas possuem no seu seio a 
condição de possibilidade para mudanças sociais. 
 
De um modo ou de outro, a escola constitui-se como condição de possibilidade da 
própria sociedade: muito longe de a educação ter por objectivo único ou principal o 
indivíduo ou os seus interesses, a educação é antes de mais o meio pelo qual a 
sociedade renova perpetuamente as condições da sua própria existência. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 29 
 
3.2. Contribuição para a Formação da Personalidade – Interacção com outros 
Factores 
 
3.2.1. Conceito de Personalidade 
O conceito vem do Latin “persona” que significa máscara que os actores usavam para 
indicar os personagens que representavam. 
 
No entanto, a Personalidade de um indivíduo começa a se desenvolver logo após o 
nascimento, continua ao longo da infância e pode estender-se por toda a vida. 
 
Personalidade é um conceito abstracto de muitos aspectos que caracterizam o que a 
pessoa é. Tais aspectos incluem: emoções, motivações, pensamentos, experiências, 
percepções e acções. 
 
Assim, a Personalidade é definida como o conjunto de características psicológicas que 
determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e 
social de alguém. 
 
A maioria dos estudiosos, no entanto, acredita que as experiências precoces são as 
que influenciam mais fortemente o desenvolvimento da personalidade. A maneira como 
cada pessoa vai reagir a algumas situações, vai lidar com as frustrações e vai 
relacionar-se com seus semelhantes quando adulta é determinada nos primeiros anos 
de vida. 
 
A Formação da Personalidade, é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. 
O termo é usado em linguagem comum com o sentido de “conjunto das características 
marcantes de uma pessoa”, de forma que se pode dizer que “uma pessoa não tem 
personalidade”; esse uso no entanto leva em conta um conceito do senso comum e não 
o conceito científico aqui tratado. 
 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 30 
 
3.2.2. A Formação da Personalidade do Aluno 
A Formação da Personalidade do Aluno é a forma como se pretende “moldar” o aluno 
como ser em desenvolvimento. 
 
Portanto, a Formação e Desenvolvimento da Personalidade ocorrem em condições sócio-
históricas, políticas, económicas e culturais concretas. Assim, isto mostra que a 
Personalidade é uma pessoa concreta situada no tempo e no espaço. Isto é, um Ser 
Social que se forma sob determinadas condições, influenciado por essas condições e, 
exercendo a sua influência sobre essas condições. 
 
Tendo em vista que a Educação procura responder as exigências sociais em cada época, 
ela cumpre a tarefa de formar um Homem válido para cada época. 
 
Alguns sinais ressaltam a ideia de que o Homem é um Ser Singular/Único, 
respectivamente: 
• Individualidade: agrega traços, qualidades que combinam de forma particular em 
cada ser humano. 
• Dignidade: reflecte-se na conduta moral de cada um na relação com o mundo e 
com os outros. 
• Liberdade: reflecte-se nas escolhas que cada um faz. 
• Responsabilidade: é a capacidade de responder por aquilo que cada um faz, ou 
seja, pelos seus actos. 
• Razão: é como cada um pensa, raciocina, imagina, calcula, etc. 
 
Assim, deve-se considerar as diferentes esferas constituintes da Personalidade, 
respectivamente: 
• Esfera Intelectual ou Cognitiva: centra-se no desenvolvimento da aquisição do 
conhecimento científico. Consiste na transmissão dos conhecimentos, o que 
implica a passividade do aluno. 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 31 
 
• Esfera Estética: centra-se na educação do Homem para a compreensão e 
apreciação da beleza do mundo natural e social. 
 
• Esfera Laboral: centra-se em fazer compreender ao aluno, o valor do trabalho 
para a produção da riqueza, tanto material como espiritual. 
 
• Esfera Moral ou Social e Afectiva: centra-se na consecução da felicidade e do 
bem-estar através da integração do Homem na sociedade. Neste contexto, a 
escola deve estar centrada na educação de valores tais como: solidariedade, 
responsabilidade, vontade, convivência, boas maneiras. 
 
• Esfera Física ou Psicomotora: centra-se no desenvolvimento do esquema 
corporal, das capacidades motoras (movimentos) e de percepção, privilegiando, 
também, a formação de hábitos de higiene, de protecção da saúde. 
 
3.2.3. Personalidade do Professor 
O Professor, enquanto indivíduo de grande destaque na formação da personalidade do 
aluno, apresenta distintas peculiaridades. 
 
3.2.3.1. Características da Personalidade do Profes sor ou Instrutor 
a) Instrutor ou Professor de Autómatos 
O professor do tipo ‘instrutor” procura ajudar o aluno a adquirir a capacidade de 
responder imediatamente sem necessidade de pensar. Nessas aulas os 
estudantes/alunos pouco fazem que recitar definições, explicações e generalizações; 
memorizam a partir das exposições do professor ou de um texto ou manual dado pelo 
professor. Portanto, o aluno converte-se numa máquina de dar respostas correctas, um 
autómato, nada mais. 
 
O instrutor é autoridade máxima e o aluno tem poucas alternativas oferecidas ou 
exigidas. Os alunos são obrigados a conseguir uma proficiência que não depende do 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 32 
 
raciocínio e devem aprender um conjunto de informações de uma forma mais ou menos 
mecânica. 
 
Esse tipo de professor é comum nos cursos rápidos de preparação para iniciação à 
educação secundária ou universitária, mas seus semelhantes não são raros em todas 
universidades. 
 
b) O Professor que se Concentra no Conteúdo 
Este professor afirma que sua primeira tarefa consiste em cobrir sistematicamente as 
matérias de sua disciplina para assim ajudar os alunos a dominá-las. Considera um 
disparate a opinião de que o processo de ensinar e de aprendizagem deve consistir 
numa pesquisa conjunta e faz desta apenas como um artificio didáctico, pelo qual o 
aluno chega a uma solução já conhecida de um problema previamente estruturado. 
 
Este professor dá menos importância a originalidade que ao facto do aluno aprender 
toda matéria que já foi descoberta no passado, a ideia de que o professor possa 
aprender algo discutindo com o aluno e para ele completamente estranha ao objectivo 
de ensinar ou aprender. Sua imagem do estudante actual é o aluno que dominou 
totalmente a matéria apresentada nas aulas ou nos textos recomendados. 
 
c) O Professor que se Concentra no Processo de Inst rução 
Assim como o tipo anterior se concentra no domínio da matéria, este tipo se concentra 
em conseguir que seus alunos tratem a matéria com os mesmos métodos e processos 
com que ele se trata. Preocupa-se em impor um modelo de raciocínio e exige de seus 
alunos que demonstrem nos exercícios, exames e discussões, que podem imitar seus 
métodos, perspectivas, formulações bem como sua maneira de usar os dados 
existentes ou pertinentes. 
 
Este professor transmite impressão de autoridade e de independência que atrai os 
estudantes, pois favorece o diálogo com eles, entretanto, se analisar-se bem seu papel, 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 33 
 
observa-se que todas as conversas e suas ideias começam sempre com ele, sendo 
mais cedo ou mais tarde, acabam sempre voltando a ele. 
 
d) O Professor que se Concentra no Intelecto do Alu no 
Para este tipo, o processo de ensino e de aprendizagem deve concentrar-se na própria 
actividade racional para ele; deve-se dar muito mais importância ao como e ao porque 
do saber e preocupa-se sobretudo em desenvolver as habilidades intelectuais do aluno. 
 
Este tipo de professor utiliza a análise e a solução de problemas como o principalartifício do ensino, porém dá mais importância ao intelecto que as atitudes e emoções 
do estudante. O problema é para ele apenas um recurso para a tarefa didáctica, e não 
um assunto com o qual se compromete como pessoa. 
 
e) O Professor que se Concentra na Pessoa Total 
Esse professor tem muito de comum com o tipo d), ambos concentram-se no estudante; 
a diferença e que o professor não acredita que o desenvolvimento intelectual deva ou 
possa ser desligado dos outros aspectos da personalidade humana, tais como os 
factores afectivos e não racionais da identidade e da intimidade. 
 
Este tipo de professor considera como desafio global, a pessoa do estudante, que o 
obriga a buscar respostas ainda não aprendidas, e a experimentá-las. 
 
Ele acha que o estudante deve ser tratado como pessoa integral, pois separando-se do 
mundo intelectual do resto, o processo de crescimento do estudante na direcção de um 
ser adulto torna-se seriamente comprometido. 
 
f) O Professor que tem uma Visão Estrutural da Soci edade 
Trata-se um tipo de professor mais frequente nos países sub-desenvolvidos. Este 
professor considera o aluno, as matérias a ensinar e a si mesmo, como partes 
inseparáveis de um contexto “social” isto é, de uma sociedade historicamente 
estruturada em estratos dominantes e extractos dominados. 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 34 
 
 
A sociedade que por sua vez, esta imersa num mundo onde certas sociedades 
competem com outras, provocando as reacções de conflito ou de libertação que hoje sã 
assuntos das notícias em jornais e revistas. 
 
Ele considera possível que a educação esteja sendo usada pela classe dominante para 
consolidar e perpetuar sua situação privilegiada. 
 
A metodologia didáctica deste último tipo de professor, obviamente será radicalmente 
diferente da utilizada pelos tipos anteriores, principalmente pelo carácter de 
engajamento ou compromisso libertador. 
 
3.2.3.2. Qualidades Profissionais do Professor 
O Professor, no desenvolvimento da sua actividade profissional deve possuir inúmeras 
qualidades que lhe conferem dignidade de formação de indivíduos que prosperam o 
desenvolvimento da sociedade. Tais qualidades podem ser: 
• Conhecer os alunos de modo a contribuir eficazmente para o desenvolvimento; 
• Incentivar nos alunos o desenvolvimento de atitudes responsáveis para a 
sociedade e a natureza; 
• Ajudar os alunos a contribuir nos valores consagrados pela sociedade 
moçambicana com vista a formação de cidadãos livres e responsáveis capazes 
de intervir na consciencialização da comunidade; 
• Utilizar as formas de comunicação mais adequadas e uma correcta relação com 
os seus alunos; 
• Desenvolver nos alunos capacidades, atitudes e hábitos de cooperação e de 
trabalho em equipa; 
• Assegurar um ambiente de respeito mútuo, disciplina, liberdade e cooperação na 
escola; 
• Adoptar o ensino ao nível do desenvolvimento dos alunos; 
• Planificar as actividades de aprendizagem utilizando metodologias adequadas; 
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• Motivar e organizar as actividades de aprendizagem utilizando metodologias 
adequadas; 
• Seleccionar as matérias de ensino; 
• Avaliar o processo de ensino-aprendizagem; 
• Facilitar a cooperação dos pais e da comunidade em geral nas actividades 
educativas; 
• Difundir na comunidade o significado e acções e soluções dos problemas da 
comunidade; 
• Participar activamente na identificação e solução dos problemas da comunidade; 
• Contribuir para a dignificação da profissão do docente; 
• Manter-se actualizado nos domínios científicos e pedagógicos. 
 
Não obstante, o Professor deve possuir as seguintes qualidades essenciais: 
• Aspectos Humanos 
� Empenha-se com uma atitude crítica, na concisão dos objectivos gerais no 
ensino; 
� Interessa os alunos na sua auto-avaliação; 
� Incita a auto e hetero-crítica dos alunos. 
 
• Na Concretização das Aulas 
� Define os objectivos adequados ao nível dos alunos; 
� Seleciona conteúdos do programa; 
� Distingue num conteúdo o essencial do acessório; 
� Define e selecciona os conteúdos de ensino atendendo as diferenças do meio 
e individuais, estratégias variadas aos objectivos, estratégias e avaliação; 
� Prepara material a utilizar nas aulas com cuidado e antecedência; 
� Planifica trabalhos de casa numa perspectiva de criação, nos alunos de 
hábitos de trabalho. 
 
 
Apostila de Fundamentos de Pedagogia 2011 
 
Docente: dr. Nelson Patia 36 
 
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