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Direito Empresarial - EAD

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DIREITO EMPRESARIAL
PROF.A MA. OLÍVIA ALAIDE DA SILVA LUZ CAPARROZ
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica: 
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD: 
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araujo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA: TEORIA DE COMÉRCIO X TEORIA DA EMPRESA ..................................................... 5
2. ATIVIDADE EMPRESARIAL (ART. 966, CAPUT, CC)........................................................................................... 11
3. NOME EMPRESARIAL ..........................................................................................................................................13
4. MARCA ...................................................................................................................................................................15
4.1 COLIDÊNCIA ENTRE NOME EMPRESARIAL E MARCA ..................................................................................17
5. CONCEITO DE EMPRESÁRIO ...............................................................................................................................19
5.1 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ...............................................................................................................................21
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 27
NOÇÕES PRELIMINARES DE 
DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL
PROF.A MA. OLÍVIA ALAIDE DA SILVA LUZ CAPARROZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
DIREITO EMPRESARIAL
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INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora, iniciaremos o nosso estudo sobre o Direito 
Empresarial, ou Comercial, como é chamado por alguns doutrinadores.
Nesta unidade, será apresentada a evolução histórica do Direito Comercial/Empresarial, 
sendo expostos os principais marcos inseridos no ordenamento jurídico pátrio com o advento da 
teoria de comércio e a teoria da empresa.
Uma vez explicado o surgimento da atividade comercial ou empresarial, assim denominada 
pelos doutrinadores, faz-se necessário tecer apontamentos sobre a atividade empresarial descrita 
no art. 966, caput, do Código Civil Brasileiro, assim como a de� nição do termo empresarial e o 
que diferencia esse instituto da marca empresarial.
Será apresentado, nesta unidade, o conceito de empresário previsto em nosso ordenamento, 
que consiste nas � guras do empresário individual, EIRELI e sociedade empresarial.
Trata-se de uma unidade introdutória, porém, essencial para você, administrador, ter 
conhecimento de como ocorreu o surgimento da estrutura jurídica da atividade empresarial. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA: 
TEORIA DE COMÉRCIO X TEORIA DA EMPRESA
As raízes do Direito Empresarial tiveram seu primeiro marco histórico ainda na Idade 
Média, com a transição dos feudos para os burgos (surgimento das cidades). Não havia moeda 
única, e cada lugar possuía regras próprias. Surgem, nesse período, as corporações de ofício 
(artesãos, comerciantes etc.) (RAMOS, 2017).
O professor André Luiz Ramos (2017) ensina que, nesse período, surgiram os primeiros 
institutos jurídicos do Direito Empresarial/Comercial, tais como os títulos de crédito (letra de 
câmbio), as sociedades (comendas), os contratos mercantis (contrato de seguro) e os bancos. 
Além disso, algumas características próprias do Direito Comercial começam a se delinear, como 
a informalidade e a in� uência dos usos e costumes no processo de elaboração de suas regras.
Em 1807, foi publicado o Código Comercial francês, o qual adotava a Teoria dos Atos de 
Comércio. Nesse período, o objetivo de Napoleão Bonaparte era a organização e uniformização 
das legislações de seu império. Nessa esteira, o Código Civil napoleônico atendia aos interesses 
da nobreza fundiária, pois estava centrado no direito de propriedade. Já o Código Comercial 
encarnava o espírito das burguesias comercial e industrial, valorizando a riqueza mobiliária.
A doutrina estrangeira apresenta duas formulações sobre os atos de comércio, destacando-
se: (i) a formulação apresentada por � aller, que resumia os atos de comércio à atividade 
de circulação de bens ou serviços; e (ii) a de Alfredo Rocco, que via nos atos de comércio a 
característica comum de intermediação para a troca.
A teoria de Rocco teve predominância sobre a de � aller, por concluir que os atos de 
comércio possuíam uma característica comum, qual seja, a função de intermediação na efetivação 
da troca. Nesse sentido, os atos de comércio seriam aqueles que ou realizavam diretamente a 
intermediação (ato de comércio por natureza, fundamental ou constitutivo) ou facilitavam a sua 
execução (ato de comércio acessório ou por conexão).
Os atos de comércio napoleônicos sofreram algumas críticas da doutrina da época, sob o 
argumento de que não eram su� cientes para de� nir de forma satisfatória os atos de comércio, vez 
que não englobavam todos os atos comerciais praticados socialmente.
O Brasil, que não possuía uma legislação própria a versar sobre Direito Comercial até 
1850, utilizava-se das leis de Portugal, conhecidas como as Ordenações do Reino (Ordenações 
Filipinas, Ordenações Manuelinas, Ordenações Afonsinas). Foi somente com a promulgação da 
Lei nº 556/1850, denominada de Código Comercial, que o Brasil se desvinculou das ordenações 
de Portugal.
Insta mencionar que, em que pese o novo Código Civil de 2002 tenha revogado a primeira 
parte daquele Código Comercial, ele ainda permanece em vigor no nosso ordenamento. 
O regulamento 737 de 1850 (BRASIL, 1850) disciplinou os procedimentos a serem 
observados nos então existentes “Tribunais do Comércio”, que tinham relação com as atividades 
econômicas reputadas como mercancia. Em linguagem atual, esta relação compreenderia: a) 
compra e venda de bens móveis ou semoventes, no atacado ou varejo, para revenda ou aluguel; 
b) indústria; c) bancos; d) logística; e) espetáculos públicos; f) seguros; g) armação e expedição 
de navios (COELHO, 2016).
Com o passar do tempo, a insu�ciência da teoria dos atos de comércio napoleônicos fez 
com que ela deixasse de ser utilizada. Isso, porque ela não abrangia atividades econômicas tão 
ou mais importantes que o comércio de bens, tais como a prestação de serviços, a agricultura, a 
pecuária e a negociação imobiliária. 
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Em 1942, na Itália, surge um novo sistema de regulação das atividades econômicas entre 
particulares, inserindo nelas as atividades de prestação de serviços e as ligadas à terra. Chamou-
se o novo sistema de disciplina das atividades privadas de teoria da empresa.
A partir dessa teoria, o Direito Comercial deixa de cuidar somente das atividades de 
mercancia e passa a disciplinar toda a forma de produção e circulação de bens ou serviços. 
Em 1942, no auge da 2ª Grande Guerra, a Itália era governada pelo ditador fascista 
Mussolini, mas a ideologia fascista não foi tão aprimorada como a comunista, embora um estreito 
paralelo entre ela e o marxismo ajude a entender a ambientação política do surgimento da teoria 
da empresa.
Para essas duas concepções ideológicas, burguesia e proletariado estão em luta. Para o 
marxismo, o proletariado tomará o poder do Estado, expropriará das mãos da burguesia os bens 
de produção e porá � m às classes sociais (e, em seguida, ao próprio Estado), reorganizando as 
relações de produção. Para o fascismo, a luta de classes terminaria em harmonização patrocinada 
pelo estado nacional.
Nesse cenário, a teoria da empresa acabou se desvencilhando das raízes ideológicas 
fascistas. Por seus méritos técnicos, sobreviveu à redemocratização da Itália e permanece 
delimitando o Direito Comercial italiano. Outro ponto que permitiu a permanência dessa teoria 
decorre de sua operacionalidade, adequada aos objetivos da disciplina da exploração de atividades 
econômicas. A teoria da empresa inspirou a reforma da legislação comercial de outros países de 
tradição jurídica romana, como foi o caso da Espanha em 1989.
Em 1946, a publicação do Código Civil italiano ensejou a uni� cação do Direito Privado 
italiano em um único diploma, adotando-se a Teoria da Empresa em detrimento da Teoria dos 
Atos do Comércio. Isso in� uenciou o Brasil a adotar a teoria da empresa, o qual também alterou 
a nomenclatura de Direito Comercial para Direito Empresarial (VIDO, 2019).
Nessa esteira, não se trata mais do comerciante como sendo aquele que pratica 
habitualmente atos de comércio. A nomenclatura correta é “empresário”, sendo ele aquele que 
“exerce pro� ssionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de 
bens ou de serviços”, nos termos constantes do art. 966 do Código Civil.
Tendo o Código Civil de 2002 adotado a teoria da empresa, restou superado o ultrapassado 
e de� ciente critério do Código Comercial de 1850, o qual de� nia o comerciante como aquele 
que pratica habitualmente atos de comércio. Com a edição do Código Civil de 2002, portanto, 
tornam-se obsoletas as noções de comerciante e de ato de comércio, que são substituídas pelos 
conceitos de empresário e de empresa, respectivamente (RAMOS, 2017).
A Teoria da Empresa foi adotada pelo Brasil com o Código Civil de 2002, o qual buscou 
concentrar grande parte do direito privado, mas não logrou êxito em uni� cá-lo, já que existem 
muitas normas de Direito Empresarial em legislação esparsa, como é o caso da Lei nº 6.404/1976 
(que dispõe sobre as Sociedades por Ações), a Lei do cheque etc.
Em que pese o Código Civil de 2002 não ter de� nido o conceito de empresa, é a partir 
do conceito de empresário que o intérprete do Direito infere o conceito jurídico de empresa, 
como sendo o exercício organizado ou pro� ssional de atividade econômica para a produção ou a 
circulação de bens ou de serviços. Nesse sentido, o exercício pro� ssional da atividade econômica 
é elemento integrante do conceito de empresa, o que permite concluir que empresa é a exploração 
de atividade com � nalidade lucrativa.
Insta mencionar que o objeto do Direito Empresarial é, essencialmente, regular as relações 
entre empresários e dispor sobre as regras das sociedades empresariais. Isso sem perder de vista 
o conceito de Direito Empresarial, de Cesare Vivante, disciplinador da circulação dos bens entre 
aqueles que os produzem e aqueles que os consomem (TEIXEIRA, 2018).
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Em se tratando de fontes do Direito Empresarial, elas podem ser divididas em primárias 
e secundárias. São fontes primárias (ou diretas) as leis em geral, sobretudo as de conteúdo 
empresarial (por exemplo, as leis de franquia, de concessão mercantil, falimentar, de títulos de 
crédito etc.), o Código Comercial (a parte não revogada de Direito Marítimo), a Constituição 
Federal, o Código Civil etc. 
Por sua vez, as fontes secundárias (ou indiretas) são formadas pelos princípios gerais do 
Direito, analogia, equidade e, principalmente, os usos e costumes. É secundária no sentido de que 
sua importância é subsidiária, não principal.
O operador do Direito deve inicialmente aplicar as fontes primárias, sendo que, somente 
quando estas não trouxerem respostas satisfatórias ao caso, aí sim é que deverá buscar socorro 
nas fontes secundárias.
Ou seja, as fontes secundárias terão aplicação às relações jurídicas quando houver omissão 
das fontes primárias. Usos e costumes empresariais são “práticas continuadas” de determinados 
atos pelos agentes econômicos, que são aceitas pelos empresários como regras positivadas e 
obrigatórias.
Figura 1 - Fontes do Direito Empresarial. Fonte: Vido (2019).
Conforme dito, deve o operador do direito ou empresário, necessitando de regulamentação 
do direito Empresarial/Comercial, buscar socorro no Código Comercial de 1850, no Código 
Civil e em algumas leis esparsas que, aos poucos, serão mencionadas no decorrer deste estudo. 
No Código Civil, tratou o legislador do conceito inicial da pessoa jurídica na parte geral, 
título II, denominado “Das Pessoas Jurídicas”, entre os artigos 40 a 69, os quais, muito embora 
não tenham se aprofundado nos tipos empresariais, apresentaram sua classi� cação.
Tratou, também, da diferenciação entre as pessoas jurídicas de direito público externo, 
pessoas jurídicas de direito público interno e pessoas jurídicas de direito privado, apresentando, 
ainda, quais pessoas são criadas para auferir lucro e quais não têm essa � nalidade em sua essência.
Nesse sentido, segundo a redação do art. 40, são pessoas jurídicas, para o código civil 
brasileiro, as de direito público - interno ou externo - e as de direito privado. 
Carlos Roberto Gonçalves (2016) cita, como principal característica das pessoas jurídicas, 
personalidade e patrimônio diverso do de seus membros. Ou seja, em regra, a responsabilidade 
dos sócios membros da pessoa jurídica é o equivalente descrito no contrato social, respondendo, 
assim, cada membro de acordo com os limites consolidados contratualmente.
Dito isso, pode-se dizer que são três os requisitos para existência de uma pessoa jurídica, 
quais sejam: reunião de pessoas ou bens, � nalidade comum e personalidade e capacidade jurídica 
diversa da de seus membros (TARTUCE, 2019).
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Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2019) ensinam que, no tocante aos pressupostos 
existenciais da pessoa jurídica, é necessária a conjugação de três requisitos, que consistem na 
vontade humana criadora, na observância das condições legais para sua instituição e na licitude 
do seu objeto.
Em relação à natureza jurídica, a doutrina não é pací� ca ao tentar explicá-la, dando 
ensejo a algumas teorias diversas, destacando-se entre elas: a teoria da � cção, a teoria da realidade 
jurídica e a teoria da realidade técnica.
A teoria da � cção, defendida por Savigni, consiste no entendimento de que a pessoa 
jurídica é uma � cção jurídica, pois somente apessoa natural é detentora de direitos e deveres no 
ordenamento jurídico. Os direitos das pessoas jurídicas se restringem aos direitos patrimoniais 
(TARTUCE, 2019).
Os críticos dessa teoria apontam que ela não se sustenta, tendo em vista que os direitos 
das pessoas jurídicas não se restringem aos direitos patrimoniais, na medida que o Código Civil, 
em seu artigo 52, possibilita a aplicação dos direitos de personalidade às pessoas jurídicas no que 
coube.
A teoria da realidade jurídica tem como defensores os doutrinadores Maria Helena Diniz, 
Sílvio Rodrigues, Washington de Barros Monteiro, Serpa Lopes e Caio Mário da Silva Pereira, os 
quais a� rmam que “A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga 
a entes que a merecerem (apud TARTUCE, 2019). Para estes autores, esta teoria é a que melhor 
atende à essência da pessoa jurídica, por estabelecer, com propriedade, que a pessoa jurídica é 
uma realidade jurídica. Ou seja, as pessoas naturais se reúnem no intuito de atingir determinados 
� ns sociais (serviços e ofícios); logo, consideram pessoas jurídicas como sendo uma organização 
social destinada a um serviço ou ofício e, por isso, personi� cadas.
A crítica que se faz contra essa doutrina é que ela não consegue explicar a existência das 
fundações e associações, pessoas jurídicas cuja criação não se destina à obtenção de lucro. Essa 
teoria também não consegue explicar a existência do Estado.
Por sua vez, a teoria da realidade técnica, defendida por Colin e Capitant, de� ne que a 
personalidade jurídica da pessoa jurídica é um atributo que o Estado concede a um grupo de 
pessoas ou bens que possuem objetivos comuns e que cumprem os requisitos exigidos pela lei. 
As pessoas jurídicas são reais, mas baseadas em uma realidade técnica. Em razão disso, a lei as 
concede personalidade jurídica, que não se confunde com a de seus membros. Esta é a teoria 
adotada pelo Brasil.
O rol das pessoas jurídicas de direito público interno está disciplinado no artigo 41 do 
Código Civil. São elas: a União, os Estados membros da República Federativa do Brasil, o Distrito 
Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas, e as demais 
entidades de caráter público criadas por lei .
No artigo 42 do Código Civil, tem-se a classi� cação das pessoas jurídicas de direito 
público externo, que consiste nos Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo 
direito internacional público, a exemplo da ONU, a OIT etc.
No tocante às pessoas jurídicas de direito público interno, o artigo 43 do Código Civil 
prescreve que estas pessoas são civilmente responsáveis pelos atos dos seus agentes quando eles, 
nessa qualidade, causarem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores 
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Nesse sentido, imagine um acidente de trânsito que ocorre entre um veículo do Município 
de Maringá e um indivíduo qualquer. Nesse caso, pela redação civilista, sendo o funcionário do 
Município (que estava conduzindo o referido veículo) o causador do acidente, o responsável por 
indenizar o indivíduo que sofreu os danos (materiais e estéticos) seria o Município de Maringá.
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Agora, se houver culpa ou dolo por parte do motorista do Município, poderá a entidade 
pública, em processo autônomo, requerer que o responsável pelo prejuízo ao erário público pague 
com seus bens pessoais.
O art igo 44 do Código Civil apresenta o rol das pessoas jurídicas de direito privado, 
sendo elas: as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos 
políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Pode-se dizer que as pessoas jurídicas de direito público interno e de direito privado se 
diferem tanto na constituição como no início de sua validade, uma vez que, com fulcro no artigo 
37, XIX, da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público só podem ser criadas 
mediante lei especi� ca e após publicação no diário o� cial competente.
Já em relação à pessoa jurídica de direito privado, o artigo 45 do Código Civil disciplina que 
o início de sua existência legal ocorre com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2019) ensinam que, assim como a pessoa natural surge 
com o nascimento com vida e só daí adquire sua personalidade civil, a pessoa jurídica possui 
seu ciclo de existência, o qual exige observância da legislação em vigor, sendo indispensável o 
registro para a aquisição de sua personalidade jurídica. O que nos leva ao entendimento de que, 
antes do registro, não há que se falar em pessoa jurídica como sujeito de direitos, pois o Código 
Civil é claro no sentido de que a existência legal da pessoa jurídica tem início a partir de seu 
registro (art. 45, CC).
 O artigo 44 do Código Civil nos traz o rol das pessoas jurídicas de direito privado, 
tendo especial importância no Direito Empresarial as pessoas jurídicas dispostas nos incisos 
II e VI, os quais tratam de sociedades e de empresas individuais de responsabilidade limitada, 
respectivamente. In verbis: 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.  
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento 
das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes 
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu 
funcionamento. 
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às 
sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.  
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto 
em lei especí� ca (BRASIL, 2002, grifo nosso).
Os autores Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2019) diferenciam esses tipos de pessoas 
jurídicas, explicando que, nas sociedades civis/mercantis e nas associações, ocorre união de 
pessoas (universitas personarum), já nas fundações ocorre a reunião de um patrimônio (universitas 
bonorum) determinado por seu instituidor para determinada � nalidade.
O artigo 45 do Código Civil disciplina que o início da personalidade civil da pessoa 
jurídica ocorre a partir do registro de seu ato constitutivo no órgão competente.
Nesse diapasão, para a doutrina majoritária, não há que se falar em pessoa jurídica como 
sujeito de direito antes do registro, de maneira que o não cumprimento das solenidades exigidas 
por lei para o registro implica a penalização da pessoa jurídica, tida, então, como uma sociedade 
irregular ou de fato. 
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Sociedade irregular ou de fato é aquela que, muito embora a pessoa jurídica constituída 
possua capacidade para contrair obrigações perante terceiros, a falta de personalidade leva à 
responsabilidade ilimitada dos sócios perante os terceiros, conforme dispõe o art. 986 do Código 
Civil: 
Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por 
ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente 
e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples (BRASIL, 
2002).
A sociedade civil tem seu conceito no art. 981 do Código Civil, do qual consta que 
“Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com 
bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados” 
(BRASIL, 2002).
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2019) ensinam que a sociedade é espécie de corporação, 
dotada de personalidadejurídica própria e instituída por meio de um contrato social, com o 
precípuo escopo de exercer atividade econômica e partilhar lucros.
Não se deve perder de vista que, para a aquisição de personalidade jurídica diversa da de 
seus membros, as sociedades civis devem cumprir os requisitos previstos no art. 985 do Código 
Civil, em que se determina que “A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no 
registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150) (BRASIL, 2002).
 Ao contrário da sociedade civil, as associações descritas no art. 53 do Código Civil são 
constituídas pela união de pessoas que se organizam para � ns não econômicos. Imagine, a título 
de exempli� cação, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, entidade essa que 
possui � ns altruístas e � lantrópicos, não podendo aferir lucro � nanceiro a � m de ser rateado 
entre seus membros. 
Todavia, é possível à APAE promover eventos para arrecadação de ganhos econômicos. 
A diferença de seus ganhos em relação às sociedades civis é que, nas associações, o percentual 
� nanceiro adquirido não é dividido entre seus membros. 
Em verdade, todo o lucro angariado por meio de eventos promovidos pela instituição 
associativa deve ser revertido para seu próprio aprimoramento ou melhorias de sua estrutura.
Retorne-se ao exemplo da APAE: o lucro obtido por meio de uma festa junina poderá ser 
revertido à ampliação do prédio ou à compra de equipamentos diversos (como ares-condicionados, 
mesas, cadeiras etc.). Observe que todo o ganho � nanceiro se destinará à melhoria ou sustento 
da própria associação.
No tocante às fundações, o art. 62 do Código Civil disciplina que, para sua criação, 
deverá o instituidor proceder a uma escritura pública ou testamento, fazendo a indicação de bens 
livres, especi� cando o � m a que se destina e declarando, caso entenda necessário, a maneira de 
administrá-la.
Observe que o legislador, ao contrário das demais pessoas jurídicas, não utilizou a 
expressão “união de pessoas” e, sim, a dotação de “bens livres”, sendo esta a razão pela qual 
doutrinadores (como Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona, Flavio Tartuce, Sílvio Venosa e Carlos 
Roberto Gonçalves) são categóricos ao dizer que fundações consistem na reunião de bens livres. 
Caio Mário (2001) ensina que a fundação é a atribuição de personalidade jurídica a um 
patrimônio, que a vontade humana se destina a uma � nalidade social. Tanto isso é verdade, que o 
art. 63 do Código Civil disciplina que, quando insu� cientes para constituir a fundação, os bens a 
ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados a outra fundação 
que se proponha a � m igual ou semelhante.
O ponto em comum entre a fundação e as associações consiste no fato de que sua criação 
não pode ter como base a aferição de � ns econômicos. 
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O parágrafo único do art. 62, do Código Civil, especi� ca de forma detalhada a 
� nalidade de uma fundação: ela somente poderá constituir-se para � ns de assistência social , 
cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, educação, saúde, segurança 
alimentar e nutricional, defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do 
desenvolvimento sustentável , pesquisa cientí� ca, desenvolvimento de tecnologias alternativas, 
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos 
técnicos e cientí� cos, promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos e, 
por � m, para atividades religiosas. 
Traçadas essas primeiras premissas sobre o Direito Empresarial, mister se faz distinguir 
atividade empresarial de empresário, conforme será demonstrado nos tópicos que seguem.
2. ATIVIDADE EMPRESARIAL (Art. 966, caput, CC)
O Código Civil de 2002 e demais normas que tratam de Direito Empresarial/Comercial 
não apresentam uma de� nição legal de empresa, mas, sim, a de� nição do seu titular. Nesse 
diapasão, os doutrinadores buscam um conceito jurídico e sua natureza no âmbito do Direito 
Empresarial. 
Para se aferir se há ou não empresa, deve-se observar a atividade, em conformidade com 
o art. 966, caput, CC, que consigna as características da atividade empresarial. Para existir per� l 
(elemento funcional na Teoria da Empresa), isto é, atividade empresarial, é necessário haver, 
concomitantemente, os seguintes elementos:
a) Atividade econômica, ou seja, atividade com objetivo de obter lucro, ainda que não seja 
concretizado (excluindo-se associações ou ONGs).
b) Atividade exercida com pro� ssionalismo, veri� cável por meio de habitualidade e 
continuidade (em detrimento de pontualidade ou esporadicidade, como o particular que 
vende o próprio carro). 
c) Atividade organizada para prestação de serviços, produção (industrial) ou circulação 
de bens, isto é, o dono da atividade empresarial se ocupa da gestão do todo. Com efeito, 
há atividade econômica, isto é, há objetivo de angariar lucro, ainda que não se consiga 
obtê-lo (VIDO, 2019).
Observe, na � gura a seguir, os requisitos necessários à existência da atividade empresarial: 
Figura 2 - Atividade empresarial. Fonte: Vido (2019).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quando o mais importante no exercício da atividade econômica for a pessoalidade e 
a con� ança, a atividade deixa de ser empresarial. É o que acontece com a atividade exercida 
por advogados ou médicos, os quais, mesmo tendo escritório ou consultório com funcionários/
auxiliares e secretárias, a escolha do cliente se baseia na con� ança no pro� ssional (e não na 
organização). Logo, não se pode dizer que a atividade é empresarial. É o que determina o art. 
966, § único, CC, vejamos:
Considera-se empresário quem exerce pro� ssionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce pro� ssão intelectual, 
de natureza cientí� ca, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares 
ou colaboradores, salvo se o exercício da pro� ssão constituir elemento de 
empresa (BRASIL, 2002).
Ou seja, não é considerada atividade empresarial aquela exercida por pro� ssional 
intelectual, uma vez que, normalmente, há relação pessoal. É o caso de dentistas, médicos, 
músicos, escritores etc., salvo se a atividade constituir elemento essencial da empresa, a exemplo 
de petshop com veterinário, hospital com médicos etc. (VIDO, 2019).
Pro� ssional intelectual é gênero da espécie pro� ssional liberal, sendo certo que, em 
regra, a atividade do pro� ssional intelectual é o único motivo para atrair cliente, exceto quando 
constituir elemento de empresa, situação em que o pro� ssional intelectual é apenas um dos 
motivos da escolha pelo cliente. 
O pro� ssional liberal é considerado empresário quando a atividade intelectual constituir 
elemento de empresa, ocasião em que se perde a pessoalidade, conforme dita o art. 966, § único, 
CC. É o que ocorre quando a atividade do pro� ssional intelectual, de natureza cientí� ca, literária 
ou artística, torna-se fator de produção, juntamente com outras atividades (a exemplo da atividade 
do professor em uma escola, do médico em um hospital, do músico em uma banda etc.
A atividade do pro� ssional intelectual, de cunho cientí� co, literário ou artístico, só é 
considerada empresarial quando constituir fator de produção de atividade empresarial, e não 
meramente por haver funcionários. 
Em regra, a atividade empresarial é fungível, porque pode ser praticada por terceiros, 
perdendo a característica de pessoalidade ínsita à atividade intelectual. Portanto, a ideia de 
empresa se atrela à de atividade empresarial, a qual deve apresentar como atributos os elementos 
de empresa (atividade econômica, pro� ssional e organizada). 
Figura 3 – Atividade empresária. Fonte: Vido (2019).
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3. NOME EMPRESARIAL
O nome empresarial diz respeito à identi� cação utilizada pelo empresário que exerce 
alguma atividade econômica. Assim como a pessoa natural possui seu nome como uma forma 
de identidade, a atividade econômica também necessita de um nome para que seja identi� cada. 
Fábio Ulhoa Coelho (2016) ensina que, se a marca é um meio de identi� cação de produtos 
e serviços, o nome empresarial identi� cará o sujeito de direito e normalmente será revestido da 
forma de sociedade (mais comumente, limitada ou anônima). Pode-se dizer, então, que o nome 
empresarial, além de ser uma forma de identidade, também é uma forma de distinção de uma 
empresa das demais.
Ainda que o nome empresarial tenha por função identi� car o titular ou o sujeito de 
direito que exerce a atividade econômica, ele integra o conceito de estabelecimento comercial 
(CHAGAS, 2019).
O Código Civil, em seu artigo 1.164, preceitua que o nome empresarial não pode ser 
objeto de alienação; contudo, não impede sua alienação se assim o contrato permitir, desde que 
o nome do alienante seja precedido pela quali� cação de seu sucessor. Assim, mesmo após o 
encerramento da atividade exercida por determinado empresário, o nome empresarial poderá 
remanescer agregado à atividade ainda que exercida por outro empresário.
A Constituição Federal, em seu artigo 5º XXIX, trata o nome empresarial como sendo 
direito fundamental, ao a� rmar que a lei assegurará sua proteção bem como a outros sinais 
distintivos, tais como a marca, o título do estabelecimento, o domínio eletrônico, entre outros, 
não devendo estes serem confundidos com o nome empresarial (VIDO, 2019).
O nome utilizado para a identi� cação empresarial diz mais ao meio empresarial do que 
ao mercado de consumo, vez que diz respeito, também, à forma como o empresário é visto entre 
seus fornecedores e � nanciadores. Serve como instrumento de reputação, razão pela qual goza de 
proteção jurídica, tendo previsão entre os artigos 1.155 a 1.168, todos do Código Civil. 
Existem duas espécies de nome empresarial disciplinados no Código Civil, especi� camente 
no art. 1.155, quais sejam: � rma ou denominação. O professor Fabio Ulhôa Coelho ensina que 
o que os distingue é o fato de que na � rma, individual ou coletiva, o nome será formado pela 
utilização dos nomes dos sócios, completos ou abreviados, acompanhados ou não do ramo da 
atividade exercida. Por exemplo: se João da Silva, ou J. Silva Doces, vier a contrair sociedade 
limitada com Maria Pereira, a � rma social será formada pelo nome deles: Silva e Pereira Doces 
Ltda. ou J. Silva & M. Pereira Ltda (COELHO, 2016).
Admite-se, ainda, em caso de três ou mais sócios, a utilização da partícula & Cia., bem 
como a referência ao ramo empresarial. Por exemplo: Silva & Cia. Ltda. – Doces; Maria Pereira 
& Cia. Comércio de Doces Ltda. Destaque-se, ainda, que a expressão habitualmente usada 
“razão social” caracteriza o mesmo que � rma, quando titularizada por pessoa jurídica.
Por outro lado, a denominação é um nome inventado, obrigatório em se tratando de 
Sociedade Anônima (S.A) e facultativo à Sociedade Limitada (Ltda.) e à Comandita por Ações 
(C/A.). Assim, em caso de sociedade entre João Silva, Maria Pereira e Luís Costa, eles podem 
optar por utilizar Doces Divinos S.A. ou Cia. Doces Divinos (VIDO, 2019). 
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Espécies de nomes empre-
sariais
Composição Quem utiliza
Firma Individual Composto pelo nome do empresário 
individual
Empresário individual
Firma Social ou Razão Social Composto pelos patronímicos de um 
ou mais sócios
Sociedade em nome coletivo 
Sociedade em comandita 
simples
Sociedade limitada
Sociedade em comandita por 
ações
Denominação social Nome Inventado Sociedade Anônima
Sociedade Limitada
Sociedade em comandita por 
ações
Quadro 1 - Espécies de nome empresarial. Fonte: Vido (2019).
A formação do nome empresarial, por sua vez, deverá seguir as regras estabelecidas pela 
Lei 8.934/1994, art. 33 e 34, devendo atender a dois princípios: (i) o princípio da veracidade, o 
qual proíbe a adoção de nome que veicule informação falsa sobre o empresário; e (ii) o princípio 
da novidade, que impede que seja adotado nome igual ou semelhante ao de outro empresário.
Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do 
arquivamento dos atos constitutivos de � rma individual e de sociedades, ou de 
suas alterações.
Art. 34. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da 
novidade (BRASIL, 1994).
Dessa forma, o primeiro empresário que arquivar sua � rma ou denominação na Junta 
Comercial tem o direito de impedir que outro obtenha nome igual ou semelhante ao seu. É-lhe 
vedado que o nome empresarial induza a erro quem venha a contratar, não podendo constar do 
nome empresarial um ramo de atividade diferente do de fato exercido (VIDO, 2019). 
Sobre o nome da pessoa jurídica, insta mencionar que, conforme disposto no art. 52 
do Código Civil, “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da 
personalidade”. Do que decorre que, vindo a pessoa jurídica a sofrer abalo à sua credibilidade, 
com violação à sua imagem ou nome no mercado em que atua, pode, sim, ser indenizada na 
extensão do dano sofrido, sendo este o entendimento adotado pelo STJ em julgamento que deu 
origem à súmula nº 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Todavia, insta mencionar que o abalo moral deve ser provado, como demonstra 
entendimento unânime da jurisprudência majoritária, em especial, o adotado pelo Tribunal de 
Justiça do Estado do Paraná, o qual segue:
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APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
– CANCELAMENTO UNILATERAL DE CONTA CORRENTE – AUTOR 
QUE NÃO FOI NOTIFICADO DO CANCELAMENTO, FICANDO 
IMPEDIDO DE REALIZAR TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS – PREVISÃO 
CONTRATUAL DE NOTIFICAÇÃO, COM PRAZO MÍNIMO DE 15 DIAS, 
PARA O CANCELAMENTO UNILATERAL – DESCUMPRIMENTO 
CONTRATUAL PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA – MULTA QUE DEVE 
SER MANTIDA, MAS QUE NÃO INCIDIRÁ, DESDE QUE A REQUERIDA 
CUMPRA A DECISÃO LIMINAR, CONFIRMADA PELA SENTENÇA –
PESSOA JURÍDICA QUE PODE SOFRER DANOS MORAIS, DESDE 
QUE DEVIDAMENTE COMPROVADA A VIOLAÇÃO A SEU NOME OU 
IMAGEM – DANOS MORAIS DEVIDAMENTE COMPROVADOS – DEVER 
DE INDENIZAR CONFIGURADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO 
REDUZIDO – PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL – SENTENÇA 
PARCIALMENTE REFORMADA – RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO 
E PARCIALMENTE PROVIDO. Nos termos da jurisprudência deste Tribunal: 
“Para a con� guração de dano moral à pessoa jurídica, imprescindível à 
demonstração da violação de sua honra objetiva, que ocorre nos casos em 
que seu bom nome, credibilidade ou imagem são atingidos por um ato 
ilícito, hipóteses estas não veri� cadas, in casu.” (grifos do autor. TJPR - 9ª 
C.Cível - AC - 1602630-9 - Wenceslau Braz. J. 27.04.2017. TJPR - 16ª C.Cível 
- 0002857-87.2017.8.16.0103 - Lapa - Rel.: Desembargador Luiz Antônio Barry 
- J. 03.07.2019).
Nesta esteira, ocorrendo algum dano à imagem ou ao nome da pessoa jurídica, a lei 
civilista é clara ao protegê-la, de maneira a impedir a perpetuação do dano por seus agressores.
4. MARCA
Marcas correspondem a sinais grá� cos, visualmente distintivos, que podem servir para 
identi� car produtos e serviços, padrões de qualidade ou certi� cação. Esse sinal não poderá ser 
sonoro nem olfativo, deverá ser perceptível aos olhos (VIDO, 2019). 
 
As espécies de nome empresarial são duas: FIRMA e DENOMINAÇÃO. Diferen-
ciam-se quanto à estrutura e a fundação.
Atenção!! O empresário individual possui CNPJ, mas não possui personalidade ju-
rídica. A fi nalidade do CNPJ para a pessoa física que desenvolve atividade empre-
sarial é para que o Fisco tribute de forma diferenciada as atividades empresariais 
e as atividades pessoais.16WWW.UNINGA.BR
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Figura 4 - Marcas. Fonte: Google fotos (2019). 
Nesse sentido, preceitua o Código de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96), em seu artigo 
122, que “São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, 
não compreendidos nas proibições legais”, podendo-se dizer, então, que, se uma marca não 
é visualmente perceptível, esta não poderá ser tida como marca; ou seja, segundo o referido 
dispositivo legal, o plim plim, da rede televisa Globo, não poderá ser considerado marca por não 
preencher o quesito visual.
Para que uma marca obtenha proteção perante ao Instituto Nacional de Propriedade 
Industrial (INPI), é necessário que sejam observados alguns requisitos, tal como a novidade 
relativa, que diz respeito ao uso linguístico ou visual utilizado na identi� cação de um produto ou 
serviço, podendo inclusive haver coincidência de nomes e/ou símbolos, o que se veri� ca tolerável, 
desde que possível distinguir os produtos e serviços.
O que se deve atentar é que a distinção, ainda que relativa, deve ser su� ciente para evitar 
confusão entre os produtos e serviços aos quais se referem, sendo possível que haja marcas 
semelhantes num determinado ramo, desde que não induzam o consumidor a erro (CHAGAS, 
2019).
Não colidência com marca notória representa uma exceção ao princípio da especialidade, 
que protege a marca apenas em determinado ramo de atividade. Marca notória ou de alto renome 
é aquela conhecida em grande parte do território nacional e, para que seja considera como tal, é 
necessário que se demonstre o prestígio de sua marca perante ao INPI para, assim, ser protegida 
em todos os ramos de atividade (Lei 9.279/96).
Uma vez reconhecida pelo INPI como de alto renome, a marca passa a ter proteção em 
todos os ramos de atividade durante 5 anos, sem a necessidade de nova produção de provas 
(Resolução INPI n. 107/2013).
A partir de então, o titular da marca pode impedir qualquer tentativa de utilização por 
terceiro ou registro de marca idêntica ou semelhante, em qualquer ramo de atividade; contudo, 
não poderá impedir registro concedido anteriormente.
Quando se fala em marcas de alto renome, uma marca que demonstra bem esse aspecto 
é a Coca-Cola, uma das marcas mais conhecidas em todo o mundo e um exemplo típico da 
importância dessa proteção especial dada a marcas mundialmente conhecidas.
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4.1 Colidência entre Nome Empresarial e Marca 
Nome empresarial e marca se referem a coisas distintas. Nome empresarial é a identi� cação 
do sujeito de direito – empresário, pessoa física ou jurídica. Marca é a identi� cação, direta ou 
indireta, de produtos ou serviços. A proteção dispensada a cada denominação está prevista em 
regime jurídico. Sob a ótica de Fábio Ulhoa Coelho (2016): “São quatro as diferenças entre esses 
regimes: a) órgão registral; b) âmbito territorial da tutela; c) âmbito material; d) âmbito temporal”.
Órgão registral: a proteção ao nome empresarial e à marca se refere ao órgão de registro. 
O nome empresarial decorre da inscrição da � rma individual ou do arquivamento do ato 
constitutivo da sociedade na Junta Comercial, enquanto a da marca nasce do registro no 
Instituto Nacional da Proteção Industrial.
Âmbito territorial da tutela: o nome empresarial tem proteção onde houver o 
arquivamento de seus atos constitutivos, podendo ser em uma ou mais unidades da 
Federação, dependendo da extensão do registro a uma ou mais juntas comerciais. Uma 
vez registrada, a marca será protegida em todo o território nacional e em determinado 
ramo de atividade, salvo se marca de alto renome (VIDO, 2019).
Âmbito material: a proteção ao nome empresarial é independente do ramo econômico 
exercido. A marca, por outro lado, tem proteção restrita ao segmento de produto ou 
serviço, para que não haja confusão pelo consumidor.
Âmbito temporal: o direito de utilização exclusiva da marca extingue-se em 10 anos, 
podendo ser solicitada sua prorrogação. A duração do nome empresarial vigorará por 
prazo indeterminado, ou seja, enquanto a atividade empresarial estiver funcionando de 
forma regular, ela terá a tutela ao nome.
A marca serve como sinal distintivo de determinados produtos, serviços, padrões de 
qualidade ou certi� cações, servido tanto para sua identi� cação pelo consumidor do produto ou 
serviço como para indicar sua procedência e qualidade. 
Apesar das diferenças entre esses dois institutos, a similitude entre os símbolos e 
expressões que podem vir a compor cada um deles pode gerar confusão entre os consumidores, 
fornecedores e � nanciadores.
Assim, pode-se dizer que o nome empresarial é aquele em que o empresário e a sociedade 
empresária exercem suas atividades e se obrigam aos atos pertinentes. Marca se refere ao sinal 
visualmente perceptível ou não, que tem por � nalidade identi� car, distinguir e certi� car produtos 
e serviços de origem diversa, mas do mesmo ramo de atividade.
O professor Ricardo Negrão (2018) ensina que o detentor do nome e da marca possui 
legitimidade para utilizá-los em seus campos especí� cos, para a � nalidade a que se propõem: 
a marca serve para identi� car o produto ou serviço, e o nome, para identi� car a pessoa do 
empresário.
Insta mencionar que, ocorrendo o exercício de uma mesma atividade pelos detentores dos 
direitos e podendo disso resultar confusão ao consumidor ou desvio de clientela, deve-se atender 
a dois critérios para sua solução: (i) a especi� cidade, isto é, o ramo de atividade de uma e de 
outra empresa; e (ii) a novidade ou precedência de registro, vez que, na hipótese de colidência 
entre empresários de um mesmo ramo, impõe-se atentar primeiramente à anterioridade de cada 
um dos registros, prevalecendo o princípio da novidade.
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MARCA DE ALTO RENOME MARCA NOTORIAMENTE CONHECIDA 
ART. 125 DA LEI Nº 9.276/96 ART. 126 DA LEI Nº 9.279/96
CONHECIDA POR UM NÚMERO EXPRESSIVO DE 
PESSOAS EM GRANDE PARTE DO TERRITÓRIO NA-
CIONAL 
CONHECIDA POR PESSOAS QUE ATUAM EM DETERMINADO 
RAMO DE ATIVIDADE 
REGISTRADA PELO INPI PODE TER SIDO REGISTRADA EM OUTRO PAÍS 
PROTEGIDA EM TODOS OS RAMOS DE ATIVIDADE PROTEGIDA APENAS NO PRÓPRIO RAMO DE ATIVIDADE 
Quadro 2 - Para Fixar - diferenças entre marca de alto renome e marca notoriamente conhecida. Fonte: Vido (2019).
Desde a época do Império, o Brasil teve regulamentações sobre propriedade das 
invenções e das marcas de comércio, sendo a primeira delas o alvará de 1809. 
Em 1822, o imperador D. Pedro assinou a primeira patente de invenção para uma 
máquina de descascar café.
Mas foi apenas em 1923 que o presidente Arthur Bernardes criou a primeira insti-
tuição dedicada especifi camente ao tema, a Diretoria-Geral da Propriedade Indus-
trial (DGPI).
- O DGPI foi extinto em 1931, com suas atividades absorvidas pelo Departamento 
Nacional da Indústria, do Ministério do Trabalho.
- Em 1933, foi criado o Departamento Nacional da Propriedade Industrial (DNPI), 
que agregou novas atividades, como concessão de outros tipos de patentes, além 
da de invenção (era o caso de desenho industrial), repressão à concorrência des-
leal e execução de convenções internacionais.
Para ter exclusividade ao nome de um serviço ou produto ou, ainda, a um logotipo 
que o identifi que, você precisa registrar uma marca. Conheça os tipos de marca, a 
transferência de direitos, as diretrizes de análise do processo e outras informações 
no Manual de Marcas. Você também deve acessar a legislação sobre o tema. 
Caso não seja isso o que procura, veja os demais serviços do INPI. Disponível em: 
http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas e em http://www.inpi.gov.br/menu-
servicos/Portal/sobre/legislacao-1.
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5. CONCEITO DEEMPRESÁRIO
O artigo 966 do Código Civil brasileiro traz expresso o conceito de empresário, qual 
seja: aquele que exerce pro� ssionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens ou de serviços.
Também diferencia empresário do indivíduo que exerce pro� ssão intelectual, de natureza 
cientí� ca, literária ou artística, no parágrafo único do referido artigo 966 (mesmo que, para 
o efetivo exercício de sua pro� ssão, tenha ajuda de auxiliares como secretário(a), ajudante(s) 
ou colaborador(es)). Todavia, caso o exercício da sua pro� ssão constitua elemento principal 
da empresa, o Código Civil o enquadrará como empresário e, não, pro� ssional que presta 
determinado exercício.
Portanto, empresário é o titular da atividade empresarial, havendo três espécies na ordem 
jurídica brasileira, que são: 
a) o empresário individual. 
b) o EIRELI.
c) a sociedade empresarial.
Elisabete Vigo ensina que a atividade empresarial deve ser organizada para prestação de 
serviços, produção industrial ou circulação de bens, de modo que o titular da atividade esteja 
ocupado da gestão do todo – e não apenas do que pessoalmente faz – o que o diferencia do 
pro� ssional intelectual, que se preocupa apenas com sua atividade, ainda que haja concurso de 
auxiliares ou colaboradores.
Tarcísio Teixeira (2018) ensina que a palavra “empresário” é gênero do qual o empresário 
individual, a sociedade empresária e a empresa individual de responsabilidade limitada são 
espécies. Conforme veremos adiante, ME (microempresa), EPP (empresa de pequeno porte) e 
MEI (microempreendedor individual) não são, necessariamente, novas espécies de empresário, 
mas, sim, formas simpli� cadas do ponto de vista contábil e � scal/tributário.
Nesse sentido, o conceito de empresário, a princípio, compreende a � gura do empresário 
individual (uma só pessoa física) e da sociedade empresária (pessoa jurídica com dois ou mais 
sócios), que também pode ser denominada de empresário coletivo. 
Em 2011, por meio da Lei nº 12.441/2011, criou-se a � gura da Empresa Individual de 
Responsabilidade Limitada (EIRELI), a qual pode ser tida como a terceira espécie de empresário.
Logo, para a caracterização do empresário, devem ser consideradas as seguintes 
características: o exercício de uma atividade; a natureza econômica da atividade; a organização 
da atividade; a pro� ssionalidade no exercício de tal atividade; e a � nalidade da produção ou da 
circulação de bens ou de serviços.
É correto a� rmar que o empresário é um ativador do sistema econômico. Ele é o elo 
entre os capitalistas (que têm capital disponível), os trabalhadores (que oferecem a mão de obra) 
e os consumidores (que buscam produtos e serviços). Ainda, pode-se dizer que o empresário 
funciona como um intermediário, pois, de um lado, estão os que oferecem capital e/ou força de 
trabalho, e, de outro, os que demandam satisfazer suas necessidades (VIDO, 2019).
A personalidade do empresário não se confunde com a personalidade do sócio (seja 
majoritário ou controlador), que jamais pode ser considerado empresário, uma vez que, ao 
celebrar contrato, o nome do sócio não consta do negócio jurídico, já que a pessoa jurídica não é 
necessariamente representada por seus sócios, mas por seu administrador. 
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Face ao exposto, é importante atentar-se ao fato de que o sócio de uma sociedade 
empresária não é seu empresário. O empresário na sociedade empresarial é a própria sociedade, 
ente ao qual o ordenamento jurídico confere personalidade e, consequentemente, capacidade 
para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim, pode-se dizer que a expressão empresário 
designa um gênero, do qual são espécies o empresário individual (pessoa física) e a sociedade 
empresária (pessoa jurídica). Con� ra-se, a esse respeito, o seguinte julgado do STJ:
A pessoa física, por meio de quem o ente jurídico pratica a mercancia, por 
óbvio, não adquire a personalidade desta. Nesse caso, comerciante é somente 
a pessoa jurídica, mas não o civil, sócio ou preposto, que a representa em suas 
relações comerciais. Em suma, não se há confundir a pessoa, física ou jurídica, 
que pratica objetiva e habitualmente atos de comércio, com aquela em nome da 
qual estes são praticados. O sócio de sociedade empresarial não é comerciante, 
uma vez que a prática de atos nessa qualidade é imputada à pessoa jurídica à 
qual está vinculada, esta sim, detentora de personalidade jurídica própria. 
Com efeito, deverá aquele sujeitar-se ao Direito Civil comum e não ao Direito 
Comercial, sendo possível, portanto, a decretação de sua insolvência civil. 6. 
Recurso especial não conhecido (grifos do autor. REsp 785.101/MG, Rel. Min. 
Luís Felipe Salomão, 4.ª Turma, j. 19.05.2009, DJe 01.06.2009.)
Nota-se que a grande diferença entre o empresário individual e a sociedade empresária é 
que, ao contrário daquele, a sociedade empresária tem patrimônio próprio, distinto do patrimônio 
dos sócios que a integram. 
Assim, os bens particulares dos sócios, em princípio, não podem ser executados por 
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais (nesse sentido, con� ra-se o 
disposto no art. 1.024 do Código Civil).
O empresário individual, por sua vez, não goza dessa separação patrimonial, respondendo 
com todos os seus bens, inclusive os pessoais, pelo risco do empreendimento. Sendo assim, pode-
se concluir que a responsabilidade dos sócios de uma sociedade empresária é subsidiária (já que, 
primeiro, devem ser executados os bens da própria sociedade), enquanto a responsabilidade do 
empresário individual é direta.
A respeito do assunto, foi aprovado, em 2012, o Enunciado 5 da I Jornada de Direito 
Comercial do CJF, com o seguinte teor: 
Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário individual 
tipi� cado no art. 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens 
vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do 
Código Civil (BRASIL, 2012).
Embora até possua simpatia pelo referido enunciado, André Luiz Ramos (2017) destaca 
que ele é absolutamente contra legem (contra a lei), tendo em vista o descrito no art. 1.024, do 
CC, que se trata de uma regra especí� ca para as sociedades empresárias.
Há dois projetos de lei em trâmite, um no Senado Federal e outro na Câmara dos 
Deputados, ambos com o objetivo de uni� car em um só diploma legal todo o arcabouço jurídico 
que versa sobre Direito Comercial/Empresarial (VIDO, 2019).
No tocante à atividade, importante se faz distingui-la de ato, uma vez que ato é cada 
parte de uma peça. Em outras palavras, signi� ca algo que se exaure, que é completo e alcança 
o resultado pretendido. Já atividade é o conjunto de atos coordenados para se alcançar um � m 
comum, o que também se denomina “empresa”. Ou seja, para a existência de uma empresa, faz-se 
necessário coordenação, como ocorre, por exemplo, com as linhas de produção de automóveis.
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Tarcísio Teixeira (2018) ensina que a atividade pode envolver atos jurídicos e atos 
materiais. Os atos jurídicos são aqueles que têm efeito na esfera do Direito (por exemplo: a venda 
de mercadorias gera uma obrigação de pagar tributo). Já os atos materiais geram efeitos jurídicos 
(por exemplo: o deslocamento de mercadorias dentro da empresa de um almoxarifado para 
outro). Nesse diapasão, atividade pressupõe uma habilidade do sujeito que a exerce ou a organiza, 
assumindo o seu risco econômico.
Logo, é correto dizer que atividade econômica é aquela que cria riqueza por meio da 
produção ou circulação de bens e de serviços, com a � nalidade de se obter lucro. Dito isso, aquele 
que explora a atividade econômica objetiva o lucro, ainda que, por vezes, experimente prejuízos. 
Tratando desses eventuais prejuízos, a doutrina os denomina risco da atividade, sendo 
esse o motivo peloqual a atividade econômica deve ser exercida com total responsabilidade do 
empresário, pois existe o risco de perder todo o seu capital na atividade empresarial empregada.
Outra característica do empresário é a organização da atividade. Ele deve combinar os 
fatores de produção de forma organizada. Dentre tais fatores, citam-se: 
1) natureza (matéria-prima). 
2) capital (recursos � nanceiros, bens móveis e imóveis etc.). 
3) trabalho (mão de obra). 
4) tecnologia (técnicas para desenvolver uma atividade). 
O empresário, ao combinar os fatores de produção, cria riquezas e atende às necessidades 
do mercado.
5.1 Empresário Individual 
Diz respeito à pessoa natural que realiza atividade empresarial e possui empresa, uma 
vez que presentes os per� s subjetivo, funcional (� nalidade econômica, pro� ssionalismo/
habitualidade/continuidade e organização) e objetivo, dispensando, pois, o registro para sua 
constituição. 
Empresário pode ser pessoa física ou jurídica. Sendo pessoa física, denomina-se 
empresário individual, enquanto sendo pessoa jurídica, denomina-se sociedade empresária.
Frise-se que os sócios da sociedade empresária não são empresários, o que signi� ca dizer 
que, quando pessoas (naturais) unem seus esforços para, em sociedade, ganharem dinheiro com 
a exploração empresarial de uma atividade econômica, elas não se tornam empresárias. 
A sociedade por elas constituída (uma pessoa jurídica com personalidade autônoma, 
sujeito de direito independente) é que será empresária, para todos os efeitos legais. 
Os sócios da sociedade empresária são empreendedores ou investidores, a depender de 
sua colaboração individual na sociedade, pois os empreendedores, além de capital, costumam 
exercer atividade de trabalho junto à pessoa jurídica, na condição de administradores, enquanto 
os investidores limitam-se a investir capital.
O empresário individual é pessoa natural que realiza atividade empresarial. Tem empresa, 
uma vez que presentes os per� s subjetivo, funcional (� nalidade econômica, pro� ssionalismo/ 
habitualidade/ continuidade e organização) e objetivo, dispensando, pois, o registro para sua 
constituição.
Assim, o registro não é requisito para ser considerado empresário individual, embora seja 
um elemento, já que o empresário individual possui obrigação de se registrar, sob penalidade. 
Logo, o registro para o empresário individual é declaratório, e não constitutivo, uma vez que, 
antes mesmo do registro, é possível constatar a � gura do empresário individual conforme o art. 
967, CC.
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Isso também é o que determina o enunciado 199, da III Jornada de Direito Civil, segundo 
o qual: “A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua 
regularidade, e não de sua caracterização”. 
Deve-se enfatizar que o registro do empresário individual é obrigatório antes do início da 
sua atividade, embora não seja pressuposto de existência. O registro do empresário individual se 
trata de uma obrigação sem a qual o empresário é sancionado, não sendo, pois, o registro um ato 
constitutivo do empresário individual. É um ato meramente declaratório, que deve ser efetuado 
na Junta Comercial/Registro Público de Empresas Mercantis.
O registro da atividade empresarial deve ser realizado na Junta Comercial, também 
denominada Registro Público de Empresas Mercantis, conforme o art. 967, CC. Ao efetuar o 
registro, o empresário individual é inscrito no CNPJ/MF, mas a Receita Federal do Brasil não 
possui atribuição de constituir personalidade jurídica, criada apenas por atribuição legal, 
conforme o art. 44, CC, daí por que empresário individual não adquire personalidade jurídica 
com o registro.
Em razão de não possuir personalidade jurídica, o empresário individual é titular de 
um único patrimônio, encampando bens empresariais e pessoais. Assim, diante da inexistência 
de personalidade jurídica do empresário individual, há patrimônio único da pessoa natural do 
empresário individual, integrado por bens pessoais e empresariais, que responde tanto pelas 
dívidas pessoais quanto pelas dívidas empresariais. 
Por esse motivo, o empresário individual assume o risco integral da atividade, não sendo 
possível previsão do quanto vem a perder, eventualmente, se a atividade não prosperar. Isto é, 
o empresário individual perde não apenas os bens empresariais, mas também os bens pessoais, 
exceto os bens absolutamente impenhoráveis, que são protegidos pelo Direito Civil e não pelo 
Direito Empresarial (VIDO, 2019).
O risco integral é objeto de alteração no novo projeto de lei de Código Comercial. 
Assim, o empresário individual assume responsabilidade ilimitada, ou seja, responsabilidade 
pelo pagamento da integralidade das dívidas, respondendo ilimitadamente pelas obrigações, 
razão pela qual não há sentido nem utilidade em desconsideração da personalidade jurídica de 
empresário individual, sobretudo porque não a possui.
A despeito disso, o empresário individual representa 20% dos empresários no Brasil, uma 
vez que pode adquirir a qualidade de microempreendedor individual para desoneração tributária 
do exercício da atividade, recolhendo pelo Simples de acordo com a menor alíquota existente. 
O microempreendedor individual deve possuir receita bruta anual de até R$ 81.000,00 
(oitenta e um mil reais), sendo certo que receita bruta anual não é lucro, senão toda a quantia que 
ingressa na empresa sob rubrica de receitas, conforme o art. 18-A, LC 123/06. Microempreendedor 
individual é o meio mais acessível e menos custoso de se ter empresa, microempresa.
Conforme os arts. 974 a 976, CC, os requisitos para que o incapaz também possa se 
tornar, em caráter excepcional, empresário individual, são:
- apenas continuar a empresa, em virtude de herança ou incapacidade superveniente, 
jamais podendo iniciá-la (ou adquiri-la por negócio intervivos).
- mediante autorização judicial, com nomeação de representante ou assistente, a depender 
da incapacidade.
- com tutela jurisdicional dos bens do incapaz sem relação com a empresa.
- ausência de impedimentos, proibição para ser empresário individual, a exemplo de 
falido não reabilitado, servidor público federal, militar na ativa, Juiz e MP etc. (CHAGAS, 
2019).
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Dessa maneira, em que pese o requisito da capacidade, é possível incapaz tornar-
se empresário individual, mas não é automático, sendo necessário autorização judicial com 
nomeação de representante ou assistente para dar continuidade à empresa, em decorrência de 
herança ou incapacidade superveniente, mas nunca iniciar a atividade empresarial.
A autorização judicial não tem o condão de conferir capacidade ao empresário incapaz, 
devendo ser registrado na Junta Comercial, sendo certo que o representante ou assistente deve 
estar à frente do negócio, continuando a empresa de qualquer maneira em nome do incapaz. 
O impedimento legal para se tornar empresário individual não o proíbe de ser sócio, pois 
se refere apenas a empresário individual. Todavia, pessoa impedida que, eventualmente, torna-se 
empresário individual responde patrimonialmente pelos atos praticados, conforme o art. 973, 
CC.
Aquele que não possuir os requisitos ao exercício de atividade empresarial incorre em 
contravenção penal, exceto o militar, que incorre em crime, conforme o art. 47, Decreto 3688/41, 
Lei das Contravenções Penais, a exemplo de servidor público federal, falido não reabilitado, 
militar na ativa, Juiz, MP. O falido não reabilitado, isto é, o falido que não extinguiu todas as 
obrigações da falência também está impedido de ser empresário individual.
A única exceção em que o registro do empresário individual terá caráter constitutivo é 
o empresário rural. Isso, porque aquele que se predispuser ao exercício da atividade rural, em 
regra, não será quali� cado como empresário por força do art. 971 do CC,mas poderá ser a ele 
equiparado, se o exercício de sua atividade for rural empresarial e optar por se inscrever no 
registro público de empresas mercantis. Sujeitar-se-á, a partir do registro, ao regime próprio das 
empresas, com todos os benefícios e deveres.
Figura 5 – Requisitos do empresário individual. Fonte: A autora.
Figura 6 – Exceção: empresário incapaz. Fonte: A autora.
O livre impedimento anteriormente citado consiste nos casos em que ocorre a 
incompatibilidade do indivíduo com o exercício da atividade empresarial, ou quando decorre de 
punição Estatal, ou simplesmente pela falta de interesse público em que determinados indivíduos 
exerçam a atividade empresarial.
Inicialmente, tratar-se-á dos casos em que ocorre a punição de o sujeito exercer a atividade 
empresarial, seja na � gura do empresário individual, do Eireli ou da administração da sociedade.
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Tal impedimento tem previsão na Lei 11.101/2015, que regula a recuperação judicial, 
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. O art. 102 positiva que 
[...] o falido � ca inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a 
partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, 
respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei (BRASIL, 2015). 
O art. 181 dispõe sobre os efeitos da condenação por crime falimentar, disciplinando que 
os condenados por crimes falimentares estarão inabilitados ao exercício de atividade empresarial, 
impedidos para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou 
gerência das sociedades de direito privado, não podendo gerir empresa por mandato ou por 
gestão de negócio.
Observa-se que o intuito do legislador foi de punir o administrador da sociedade em 
processo de recuperação ou falência, bem como a própria sociedade empresária, uma tentativa 
de coibir fraudes e desvirtuamento da lei. 
Importante mencionar que tais punições não ocorrem de forma automática, devendo 
respeitar o contraditório e a ampla defesa, além de terem de ser motivadas e declaradas na 
sentença, perdurando até cinco anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar 
antes pela reabilitação penal. Para tanto, após a sentença transitada em julgado, o próprio juízo 
noti� ca o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias, visando, assim, 
impedir novo registro em nome dos inabilitados. É o que disciplinam os § 1º e 2º, do art. 181, da 
Lei nº 11.101 de 2015.
Também estão inabilitados para o exercício da atividade empresarial e administração da 
sociedade empresária os servidores públicos, podendo tão somente ser sócios ou acionistas. Essa 
é umas das proibições dispostas no art. 117, X, da Lei 8.112/90, na qual consta expressamente que 
é vedado ao servidor público “[...] participar de gerência ou administração de sociedade privada, 
personi� cada ou não personi� cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista 
ou comanditário” (BRASIL, 1990).
Aos militares na ativa, também é vedado tomar parte na administração ou gerência de 
sociedade comercial ou dela ser sócio ou participar (exceto como acionista ou cotista) de sociedade 
anônima ou por cotas de responsabilidade limitada, sob pena de suspensão do exercício, de seis 
meses a dois anos ou reforma.
Os deputados e senadores, durante o exercício do mandato, não poderão ser “[...] 
proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato 
com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada” (BRASIL, 1988). É o 
que determina o art. 54, da Constituição Federal de 1988.
Por � m, insta mencionar a situação dos estrangeiros, os quais possuem algumas restrições 
na prática do exercício empresarial, descritas na Constituição Federal, artigos 176 e 222, in verbis:
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Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais 
de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para 
efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao 
concessionário a propriedade do produto da lavra.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais 
a que se refere o «caput» deste artigo somente poderão ser efetuados mediante 
autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou 
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração 
no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições especí� cas quando essas 
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na 
forma e no valor que dispuser a lei.
 § 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as 
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou 
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.
 § 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial 
de energia renovável de capacidade reduzida.
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de 
sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez 
anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham 
sede no País (BRASIL, 1988, grifo nosso) .
          
O fi lme Coco avant Chanel conta a história de Gabrielle 
Chanel. Após a morte de sua mãe, seu pai deixa Gabrielle 
e a irmã em um orfanato. Para sobreviver, passou a tra-
balhar, ainda jovem, em uma alfaiataria durante o dia e a 
cantar em um cabaré à noite.
Aos poucos e com muita luta e disciplina no trabalho, Ga-
brielle desponta como estilista. Suas criações ganham 
as ruas após a Segunda Guerra Mundial, quando se tor-
nam uma alternativa às tradicionais roupas das mulheres, 
roupas que, agora, precisam ser mais práticas, vez que 
as mulheres assumiram os postos de trabalho deixados 
pelos homens que foram à guerra. O fi lme traz lições im-
portantes, tais como a busca de solução em face de situ-
ações que muitas vezes parecem insolúveis.
Figura 7 - Coco avant 
Chanel. Fonte: Adoro Cine-
ma (2014).
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Obra disponível na Biblioteca On-line Uningá. Excelente ma-
terial de estudo para quem pretende estudar para concurso 
ou para obter os conceitos básicos e a legislação correlata 
de Direito Empresarial. O autor traz temas como a evolução 
histórica e a autonomia do Direito Comercial, os conceitos e 
fontes formais, a teoria da empresa e o conceito de empre-
sário, o estabelecimento comercial, sociedades, falência e 
recuperação e títulos de crédito. Uma obra sucinta, porém, 
com os principais temas de Direito Empresarial. 
Figura 8 - Direito 
Empresarial. Fonte: 
Minha Biblioteca Unin-
gá (2019).
Obra disponível na Biblioteca On-line Uningá. Esta obra apre-
senta em uma abordagem concisa e objetiva, os principais 
institutos que compõem o Direito Empresarial e as socieda-
des empresárias. A indicação é para quem não tem tempo 
ou interesse em se aprofundar em conceitos técnicos e dou-
trinários, mas que, em virtude de sua profi ssão, necessita 
dos elementos mínimos para criar e administrar uma socie-
dade empresária. 
Figura 9 - Direito 
Empresarial. Fonte: 
Minha Biblioteca Unin-
gá (2019).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nesta unidade introdutória, foi apresentada a evolução histórica do Direito Comercial/
Empresarial e suas principais marcas surgidas no ordenamento jurídico pátrio, como teoria de 
comércio e teoria da empresa.
Nesse diapasão, após explanação do surgimento no Brasil da atividade comercial, expôs-
se a evolução da atividade empresariale sua de� nição descrita no Art. 966, caput, do Código Civil 
Brasileiro, e suas principais distinções.
Também foram apontadas as características e diferenças legais entre nome empresarial 
e marca empresarial, bem como as diferenças entre esses regimes jurídicos, quais sejam: órgão 
registral, âmbito territorial da tutela, âmbito material e âmbito temporal.
Apresentou-se, ainda, o conceito de empresário no ordenamento jurídico pátrio e 
quais os indivíduos que assim podem ser denominados. Trata-se de uma unidade introdutória, 
mas essencial para você, administrador, ter conhecimento da estrutura jurídica da atividade 
empresarial. 
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 29
1. EIRELI ................................................................................................................................................................... 30
2. ATIVIDADE RURAL ...............................................................................................................................................31
3. O EMPRESÁRIO CASADO .................................................................................................................................... 32
4. SOCIEDADE EMPRESARIAL ............................................................................................................................... 33
5. ESTABELECIMENTO COMERCIAL ..................................................................................................................... 36
6. AVIAMENTO / FUNDO DE COMÉRCIO / GOODWILL ........................................................................................37
7. SHOPPING CENTER ..............................................................................................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................41
ESPÉCIES E BENS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
PROF.A MA. OLÍVIA ALAIDE DA SILVA LUZ CAPARROZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
DIREITO EMPRESARIAL
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INTRODUÇÃO
Adentraremos o tema microempreendedor individual, tendo por base que há um limite 
para a receita bruta anual que se diferencia de lucro. Será abordada toda a forma de constituição, 
quem pode ser empresário individual, além das vantagens e desvantagens desta forma empresarial.
Também será apresentada a EIRELI, seu modo de constituição, a divergência de patrimônio 
entre pessoa física e jurídica e a denominação (que pode ser tanto o nome do constituidor com 
� nal EIRELI como um nome criado, seguido da nomenclatura EIRELI).
Outra forma apresentada é a atividade rural, que faculta ao seu constituidor o registro na 
Junta Comercial. Uma vez registrada, passa a ser atividade empresarial. 
Já a sociedade empresarial tem como vantagens a limitação da responsabilidade, com 
patrimônio individual divergente do de seu sócio.
Não se pode deixar de mencionar o estabelecimento comercial que se refere ao complexo 
de bens organizados por empresário ou sociedade empresária. Ainda, o aviamento ou fundo do 
comércio com capacidade de obtenção de lucro, visto no tema de sociedade, pois se vincula aos 
tipos de sociedade abordados.
Outra forma também observada no tema é o shopping center, que é uma construção que 
visa à aglomeração de várias empresas e suas espécies.
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1. EIRELI 
A EIRELI, prevista no artigo 980-A, CC, não é um tipo de empresário individual, 
tampouco um tipo societário. Não se pode utilizar o termo sócio. 
Uma empresa EIRELI é composta por um único titular, que pode ser tanto pessoa física 
quanto pessoa jurídica. 
O departamento nacional de registro empresarial e integração – DREI – é órgão 
� scalizador dos registros das micro e pequenas empresas e disciplina que é possível uma limitada 
dono de uma EIRELI. 
O registro dessa EIRELI vai depender do ramo da atividade. Se for atividade empresarial, 
o registro será na Junta Comercial. Se for uma atividade não empresarial, será em cartório.
A EIRELI só passa a ter existência após o registro de seu ato constitutivo, conforme 
previsão do art. 44, do CC, que estabelece que a EIRELI é uma pessoa jurídica de direito privado 
e, por isso, detentora de personalidade jurídica diversa da de seu titular; logo, o exercício da 
atividade econômica sem o devido registro será considerado um empresário individual irregular, 
nunca uma EIRELI. 
Isso signi� ca dizer que, quando uma EIRELI adquire personalidade jurídica, ocorre a 
separação dos patrimônios. O patrimônio da EIRELI é diferente do patrimônio do titular. A 
pessoa que contrata com a EIRELI não poderá, em regra, cobrar qualquer valor de seu titular. 
Similarmente, no caso de inadimplência por dívidas com credores, é o nome da EIRELI que será 
inserido no rol do cadastro de inadimplentes e, não, o de seu titular. Exceção é a desconsideração 
da personalidade jurídica, que será melhor exempli� cada e descrita nos tópicos a seguir.
A EIRELI tem previsão no art. 980-A, do Código Civil, que estabelece as regras para 
a composição desse tipo empresarial. De lá, constam, além do valor mínimo do capital social 
integralizado, outras previsões. Vejamos:
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será 
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, 
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior 
salário-mínimo vigente no País.  
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão 
«  EIRELI  « após a � rma ou a denominação social da empresa individual de 
responsabilidade limitada.  
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade 
limitada somente poderá � gurar em uma única empresa dessa modalidade.
 § 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar 
da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, 
independentemente das razões que motivaram tal concentração.  
 § 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada 
constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração 
decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, 
marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à 
atividade pro� ssional.  
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que 
couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.  
 § 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da 
empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se 
confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, 
ressalvados os casos de fraude (BRASIL, 2002, grifo nosso).
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Conforme traz o parágrafo 2º do artigo 980-A transcrito, a pessoa física/natural somente 
pode ser titular de uma única EIRELI. Já uma sociedade limitada (pessoa jurídica) pode ter mais 
de uma. O administrador é quem usa o nome empresarial e assina pela empresa, representa a 
empresa, entre outros poderes, mas, para que ele obtenha tais poderes, estes deverão ser expressos. 
O administrador pode ser o próprio titular ou um terceiro. Essa informação deve constar do ato 
constitutivo ou em ato separado, devendo, em qualquer caso, ser averbado no registro da empresa 
na junta comercial competente. 
No tocante ao nome empresarial, ele pode ser constituído em duas modalidades, quais 
sejam: (i) � rma/razão social (quando aparece o nome do titular – nome de pessoa física), por 
exemplo: Elisabete

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