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CICLO MENSTRUAL

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OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
ANATOMIA FISIOLÓGICA DOS ÓRGÃOS REPRODUTIVOS FEMININOS 
• O sistema reprodutor feminino é composto por dois grupos de órgãos → externos e internos 
 
Genitália Externa 
 VULVA 
• Representa a entrada da vagina, cobrindo e protegendo protege o meato uretra 
• Monte de vênus ou púbico → região rica em tecido adiposo, localizado em frente a sínfise púbica 
o Grandes lábios → pregas cutâneas responsáveis pela proteção das estruturas externas, como o óstio da 
uretra, o clitóris e a entrada da vagina 
o Pequenos lábios → circundam o vestíbulo da vagina, atuando como fator de proteção auxiliar. 
• Clitóris → consta de dois corpos cavernosos que se inserem no ramo isquiopúbico e de porção distal, glande, a única 
visível → responsável pela estimulação sexual, sendo órgão erétil com muitas terminações nervosas sensitivas. 
• Espaço interlabial ou fenda vulvar → vestíbulo, meato uretral, introito vaginal e hímen 
o Vestíbulo da vagina → fenda entre os pequenos lábios que contém os óstios da vagina e da uretra e os 
ductos das glândulas vestibulares maiores 
o O hímen é a membrana situada no vestíbulo, contornando o óstio vaginal e com morfologia variável. 
▪ Em mulheres virgens oclui parcialmente o orifício vaginal → quando se rompe, deixa vestígios 
conhecidos como carúnculas mirtiformes 
• Glândulas acessórias → parauretrais (de Skene) e vulvovaginais (de Bartholin) 
o Glândulas parauretrais de Skene → homólogas da próstata masculina 
o Glândulas vulvovaginais de Bartholin → localizadas de cada lado do introito vaginal, secretam muco 
especialmente durante o ato sexual 
 
❖ Vascularização assegurada pela artéria pudenda interna, ramo da hipogástrica, que emerge pelo canal de Alcock 
o O retorno venoso acompanha as artérias 
• Os nervos provêm do pudendo interno, ramos genitais do grande e pequeno abdominogenital e do genitocrural, 
além da porção perineal do pequeno ciático 
 
 PERÍNEO 
• Habitualmente dividido em anterior (genital) e posterior (retal), pelo traçado da linha bi-isquiática 
• Músculos do diafragma ou assoalho pélvico → levantador do ânus e coccígeo, obturador interno e o piriforme 
• Músculos do períneo anterior → superficiais – transverso superficial, isquiocavernoso e bulbocavernoso 
o Profundos – transverso profundo e esfíncter externo da uretra 
• Músculo do períneo posterior → esfíncter externo do ânus 
• Aponeurose perineal superficial → cobre os músculos superficiais 
• Aponeurose perineal média ou diafragma urogenital → dois folhetos aponeuróticos que englobam os mm profundos 
do períneo anterior, atravessados pela vagina e uretra 
• Aponeurose perineal profunda /endopélvica → recobre internamente o assoalho pélvico, bexiga, útero, vagina e reto 
 
Genitália Interna 
• Se compõe de um canal que se estende da superfície externa do corpo até a cavidade peritoneal (vagina, útero e 
tubas uterinas) e um par de gônadas (ovários) 
 
VAGINA 
• Órgão da cópula destinado a receber o pênis e o sêmen ejaculado durante o coito 
• Canal muscular que se interpõe da vulva até o útero → na mulher virgem, a sua abertura inferior (óstio vaginal) é 
provida do hímen, e em torno estão localizados os mm bulbocavernosos ou constritores da vagina 
 
ÚTERO 
• Órgão oco, situado na pelve menor, com paredes musculares grossas e contráteis 
o Apresenta variação de forma e tamanho, localização e estrutura de acordo com idade, fases da vida 
reprodutiva e paridade → é o local onde o embrião é levado para ocorrer o desenvolvimento. 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• Composto por 3 camadas separadas e distintas 
• Serosa → cobertura peritoneal externa 
• Miométrio → camada de músculo liso, formado por 3 camadas de fibras musculares lisas 
o Em cada uma há células musculares lisas justapostas por tecido conjuntivo rico em fibras elásticas 
o Arranjo dos vasos sanguíneos entre os feixes musculares constitui método ideal de hemostasia 
• Endométrio → membrana mucosa que reveste a cavidade uterina 
o Responsável por sofrer alterações durante o ciclo menstrual que permite o sangramento. 
• O útero é constituído por 2 partes → colo (porção caudal) e o corpo (acima do colo, separado pelo istmo) 
 
 Colo Uterino 
• A vagina se dispõe em volta do colo, possibilitando separar uma porção supravaginal e outra vaginal 
• Porção supravaginal → lateralmente, se inserem os ligamentos paracervicais (cardinais/de Mackenrodt), que contêm 
os vasos uterinos 
o Posteriormente está recoberta pelo peritônio e une-se ao sacro pelos ligamentos uterossacros 
• Porção vaginal do colo → projeta-se na vagina entre os fundos de saco anterior e posterior 
• Orifício externo limita o epitélio pavimentoso estratificado da porção vaginal, contíguo ao epitélio cilíndrico, 
glandular, que reveste o canal cervical ou endocérvice 
o Endocérvice → se estende do orifício externo até o orifício interno histológico, onde começa o istmo 
o O epitélio endocervical é cilíndrico e glandular, com córion correspondente → eventualmente pode existir 
uma terceira mucosa mista de origem metaplásica 
▪ A zona de transição entre o epitélio escamoso e o cilíndrico é a junção escamocolunar (JEC). 
 
 Corpo Uterino 
• Porção superior constitui o fundo, com ângulos onde penetram as tubas 
o Estruturalmente, é composto de serosa (peritônio), miométrio e endométrio 
• Área estreitada que liga o corpo ao colo é o istmo → com canal demarcado pelo orifício interno anatômico (separa 
da cavidade do corpo) e pelo orifício interno histológico (limite do canal cervical) 
o Orifício histológico → zona de transição entre o epitélio endocervical e o endométrio 
o O istmo, na gravidez, incorpora-se ao corpo para constituir o segmento inferior do útero 
• Os espaços entre os folhetos peritoneais que revestem a bexiga, o útero e o reto constituem os fundos de saco 
anterior e posterior (ou de Douglas) 
• As coberturas peritoneais do corpo uterino se juntam lateralmente e formam o ligamento largo 
o Os ligamentos redondos vão da face anterolateral do fundo uterino até os grandes lábios, após penetrarem 
no canal inguinal. 
 
TUBAS UTERINAS 
• Órgãos pares responsáveis por fazer a ligação entre os ovários e útero, permitindo a condução dos oócitos liberados 
pelo ovário para o interior da cavidade uterina → é aqui que ocorre a fertilização 
o Se inserem nos cornos uterinos até os ovários, onde permanecem em aposição 
o Tem aprox. 10 cm de comprimento 
• Divididas em 4 regiões → intersticial (intramural), ístmica, ampular e infundibular (com aprox 25 fímbrias distais) 
• Paredes formadas por serosa, muscular e mucosa 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
o A mucosa apresenta 3 tipos de células → ciliadas, aciliadas ou secretórias e intersticiais 
▪ As células ciliadas tem grande capacidade de movimentação e é importante na migração do ovo 
 
OVÁRIOS 
• Órgãos pares, sendo responsáveis pela origem dos oócitos (células germinativas femininas ou gametas) e pela 
função endócrina de produção dos hormônios sexuais 
• Estão ligados anteriormente à face posterior do ligamento largo pelo mesovário → face posterior livre 
o A região do ligamento largo que prende os ovários à pelve chama-se ligamento suspensor do ovário, por 
onde transitam os vasos ovarianos → em um dos polos do ovário está o ligamento uterovariano 
• O ovário é constituído pelo córtex, revestido pelo epitélio celômico (ou germinativo), contém os folículos ovarianos 
o E medula, que apresenta estroma e rica vascularização 
 
O CICLO MENSTRUAL NORMAL 
• O ciclo menstrual normal tem variação entre 21 a 35 dias (média de 28), devido a variação do número de dias da 
primeira fase do ciclo (proliferativa ou folicular),uma vez que a segunda fase (lútea ou secretora) tem 14 dias. 
• Para a reprodução ter sucesso, o início do ciclo reprodutivo se dá com o desenvolvimento dos óvulos nos ovários, 
• No meio de cada ciclo menstrual mensal, um só óvulo é liberado e expelido do folículo ovariano para a cavidade 
abdominal próxima das aberturas fimbriadas das tubas uterinas 
• O óvulo cursa através da tuba uterina em caminho ao útero → durante esse processo, pode ocorrer a fecundação 
por um espermatozóide, fazendo com que o óvulo se implante no útero 
o Ali passa a ocorrer o desenvolvimento do feto, com placenta e membranas fetais até a formação do bebê. 
 
Gametogênese 
• Processo de formação dos gametas em organismos sexuados → ocorre por um processo de divisão meiótico que 
reduz à metade a quantidade de cromossomos nas células 
• Os gametas são derivados das células germinativas primordiais, formadas na 2ª semana após a fertilização, 
movendo-se pela estria primitiva durante a gastrulação em direção a parede da vesícula vitelínica 
o Durante a 4ª semana até a 5ª, as células na vesícula vitelínica sofrem nova migração, em direção as 
gônadas em desenvolvimento. 
• Ali as células (oogônias) sofrem mitose, aumentando a quantidade e formando as células chamadas de oócitos 
primários (células diplóides) → dão início a gametogênese, com a meiose em duas etapas 
o Meiose Primária → forma células haplóides com duas cromátides irmãs (diplóides antes da divisão), 
chamadas de Oócito secundário na mulher 
o Meiose Secundária → forma células haplóides com apenas uma das cromátides irmãs em cada célula, que 
darão origem ao óvulo quando fecundadas. 
 
Oogênese E Desenvolvimento Folicular Nos Ovários 
• Oogênese é o processo pelo qual a oogonia (ovo em desenvolvimento) se diferencia em oócitos maduros → a 
maturação dos gametas femininos acontece antes mesmo do nascimento 
• Quando as células gaméticas primárias (CGPs) do saco vitelino chegam a gônada de um embrião feminino, elas se 
diferenciam em oogônias → células que sofrem divisões mitóticas constantes até o final do 3º mês 
o Ali ficam dispostas em grupos cercados por células epiteliais do estroma ovariano, formando o epitélio 
folicular → o ovulo junto ao epitélio forma o folículo primordial 
▪ Após, quando uma célula da oogonia para de se dividir por mitose, ela cresce para dar início a 
meiose I → a partir dai se chama oócito primário 
▪ O restante das células (oogônias) ainda podem sofrer mitose ou morte celular programada 
• No 5º mês do embrião, estima-se que existam cerca de 7 milhões de células germinativas no ovário → no 7º mês, 
a maioria das oogônias já se degenerou (algumas próximas à superfície da gônada resistem à morte celular) 
 
 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• Com o início da meiose I, os oócitos primários iniciam a prófase da meiose I, mas não continuam até a metáfase, e 
sim entram em estágio diplóteno 
o Estágio de repouso durante a prófase, que interrompe a meiose para não ocorrer divisão até que a 
puberdade seja alcançada → só quando a mulher atinge a puberdade, a maturação dos oócitos continua 
▪ Esse estado de repouso celular é produzido pelo inibidor de maturação do oócito (IMO), peptídeo 
secretado pelas células foliculares. 
 
❖ Na puberdade, um conjunto de folículos em crescimento é mantido continuamente a partir de uma reserva → a 
cada mês, 15 a 20 começam a maturar, 1 alcança a maturidade completa, e os demais degeneram-se 
• Quando o folículo está maduro, um pulso de hormônio luteinizante induz o crescimento pré-ovulatório, continuando 
a meiose I do oócito primário e formando 2 células-filhas de tamanho desigual 
o Uma delas, o oócito secundário, recebe a maior parte do citoplasma, enquanto a outra (corpo polar) recebe 
praticamente nada → cada uma dessas células contém 23 cromossomos duplicados 
• O primeiro corpo polar pode sofrer ou não uma segunda divisão meiótica e depois se desintegra 
• O óvulo é submetido a segunda divisão meiótica e, após a separação das cromátides irmãs, ocorre uma pausa → 
se fertilizado, ocorre o estágio final da meiose, e as cromátides irmãs do óvulo viram células separadas. 
o Se não houver fertilização, a célula se degenera em aproximadamente 24h após a ovulação. 
 
❖ No nascimento a mulher possui cerca de 600 a 800 mil oócitos primários → ao longo da infância se tornam atrésicos, 
restando apenas cerca de 40 mil no início da puberdade. 
o Desses, cerca de 500 serão ovulados durante toda a fase reprodutiva da mulher → alguns oócitos ficam até 
40 anos ou mais em estágio diplóteno da primeira divisão meiótica 
▪ Ao fim da capacidade reprodutora (menopausa), somente uns poucos folículos primordiais 
permanecem nos ovários, e mesmo esses folículos se degeneram em pouco tempo 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Sistema Hormonal Feminino 
• Consiste em 3 hierarquias de hormônio, que formam juntos forma o eixo hipotálamo-hipófise-ovário 
o Hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) → hormônio de liberação hipotalâmica 
o Hormônio foliculoestimulante (FSH) e hormônio luteinizante 
(LH) → hormônios sexuais hipofisários anteriores, ambos 
secretados em resposta à liberação de GnRH do hipotálamo 
o Estrogênio e progesterona → secretados pelos ovários em 
resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise 
anterior 
• Todos secretados com intensidades drasticamente distintas, durante 
as diferentes partes do ciclo sexual feminino mensal 
o O GnRH possui secreção mais constante, não ocorrendo 
grandes variações na sua concentração ao longo do ciclo 
▪ Isso porque ele é secretado em pulsos a cada 90 
minutos em média. 
 Na ausência desses hormônios, os ovários permanecem inativos → 
ocorre durante toda a infância 
o Entre os 9 e os 12 anos, a hipófise começa a secretar progressivamente mais FSH e LH, levando ao início 
de ciclos sexuais mensais, que começam entre 11 e 15 anos de idade 
▪ Esse período é denominado puberdade, e o primeiro ciclo menstrual é a menarca 
o Durante cada mês do ciclo sexual, ocorre aumento e diminuição cíclicos de FSH e LH 
 
Eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovário 
• Eixo regulado por alguns hormônios para que ocorra o recrutamento, 
desenvolvimento e seleção dos folículos ovarianos → que leva a 
liberação de um óvulo maduro e saudável, e a produção de hormônios 
esteroides femininos 
o A partir de comandos do córtex cerebral, o hipotálamo libera 
o hormônio secretor de gonadotrofinas (GnRH) de maneira 
pulsátil 
o Células produtoras do GnRH são oriundas do bulbo olfatório e 
ficam no núcleo arqueado 
• Pulsatilidade devido a sua interação a outros neurormônios, 
gonadotropinas hipofisárias e esteroides gonadais → tambem 
controlada por efeitos de retroalimentação com neurotransmissores 
excitatórios (glutamato, neuropeptídeo Y e norepinefrina) e inibitórios 
(endorfinas e dopamina) 
o Fatores ambientais (estresse, exercício físico, desnutrição) 
tambem podem atuar como inibidores 
o O ambiente hormonal mais estrogênico ou progestagênico, 
dependendo da secreção ovariana, altera a amplitude e 
frequência desses pulsos → comando central e periférico 
 
❖ Os anos reprodutivos normais da mulher se caracterizam por variações 
rítmicas mensais da secreção dos hormônios femininos e 
correspondem a alterações nos ovários e outros órgãos sexuais 
• Esse padrão rítmico é denominado ciclo sexual mensal feminino → 
dura, em média, 28 dias 
o Duração anormal frequente associada à menor fertilidade 
o Endométrio é preparado com antecedência para implantação 
do óvulo fertilizado, em momento determinado do mês 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
❖ Os hormônios hipotalâmicos atingem a hipófise trazidos pelosistema porta-hipofisário → trama vascular que 
descende pela haste hipofisária e comunica esses dois compartimentos 
• A porção lateral da hipófise, em resposta à secreção de GnRH, produz e secreta duas gonadotrofinas → hormônio 
folículo-estimulante – FSH e hormônio luteinizante – LH 
o O FSH estimula o recrutamento e crescimento dos folículos ovarianos, e a seleção para dominância até que 
o óvulo esteja maduro para ser fecundado 
o O LH produz a luteinização das células somáticas foliculares (teca e granulosa), completa a maturação do 
óvulo e promove a ovulação. 
• Essa secreção também sofre retrocontrole pelos esteroides ovarianos → estradiol tem papel estimulador na síntese 
e armazenamento das gonadotrofinas 
o A progesterona faz a liberação das gonadotrofinas pela hipófise previamente sensibilizada pelos estrogênios 
 
❖ O ovário, em resposta aos comandos hipotálamo-hipofisários, produz os esteroides sexuais a partir da molécula de 
colesterol obtida na dieta, ou pela molécula endógena, produzida no fígado 
• O colesterol circulante é captado no órgão onde a esteroidogênese ocorrerá (gônadas, adrenal, fígado, tecido 
adiposo...) e convertido inicialmente em progesterona 
o A cascata da esteroidogênese acontece pela perda progressiva de carbonos do anel 
ciclopentanoperidrofenantreno → converte o colesterol à 
progesterona, androgênio e estrogênio 
• A produção de esteroides pelo ovário envolve as células da 
granulosa e da teca, pelo “mecanismo das duas células” 
• Para que haja síntese de qualquer esteroide, é necessário que a 
célula tenha acesso ao colesterol plasmático ou a algum hormônio 
precursor àquele que será sintetizado. 
 
❖ Opioides são importantes para a função e a ciclicidade menstrual 
• Estradiol e a progesterona aumentam a secreção de endorfinas → 
níveis mais baixos durante a menstruação e elevados na fase lútea 
• Redução do pulso de LH está ligada ao aumento das endorfinas 
• Opioides endógenos como beta endorfina, inibem a secreção de 
gonadotrofinas pela supressão da liberação hipotalâmica do GnRH 
 
O Ciclo Ovariano 
• O ciclo é dividido em três fases (folicular, ovulatória e lútea), com base nas alterações ovarianas e na produção 
hormonal características de cada fase 
 
Fase Folicular 
• Nessa fase os folículos são preparados para a ovulação → no final há um folículo maduro dominante 
• O processo dura 10-14 dias e resulta da ação de hormônios e peptídios autócrinos e parácrinos sobre o folículo 
• A formação dos folículos começa por volta de 20 semanas gestacionais, e eles já estarão formados no nascimento 
 
Folículo Primordial 
• O folículo ovariano é composto por um óvulo central e duas camadas de células somáticas → a granulosa, interna, 
e a teca, externa 
• No período embrionário, as células precursoras das células germinativas migram para a crista gonadal, e por volta 
da 5a semana, o embrião terá o ovário formado 
• Essas células precursoras (oogônias), ainda diploides, multiplicam-se e atingem 6 a 8mi de células entre 16 e 20 
semanas de gestação → parte delas inicia a meiose para formar as células germinativas femininas 
o Passa a ser denominada óvulos, agora com 23 cromossomos → cerca de 75% entram degeneração e são 
perdidos durante a vida intrauterina → ao nascimento, a população de óvulos é cerca de 2mi 
 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• Uma vez sendo ovulo, cada um é circundado por uma camada células da granulosa inativas → dando origem ao 
folículo primordial → processo se completa até o 6º mês depois do nascimento 
o Durante a infância, as células da granulosa oferecem nutrição ao óvulo e secretem um fator inibidor da 
maturação do oócito que mantém o óvulo parado em seu estado primordial → prófase da meiose 
o Depois da puberdade, quando FSH e LH da hipófise anterior começam a ser secretados em quantidades 
significativas, os ovários em conjunto com alguns dos folículos em seu interior, começam a crescer 
 
• O folículo destinado a ovular é recrutado logo nos primeiros dias do ciclo menstrual 
• O primeiro estágio de crescimento folicular é o aumento em 2 a 3x do próprio óvulo 
o Em seguida ocorre em alguns folículos o desenvolvimento de outras camadas de células da granulosa → 
esses são chamados de folículos primários 
 
Folículos Antrais e Vesiculares 
• Durante os primeiros dias de cada ciclo mensal feminino, as concentrações de FSH e LH aumentam leve a 
moderadamente → aumento do FSH ligeiramente maior que de LH e o precede em alguns dias 
o Eles, especialmente o FSH, causam o crescimento acelerado de 6 a 12 folículos primários por mês → efeito 
inicial de rápida proliferação das células da granulosa, aparecendo muitas outras camadas dessas células 
• As células fusiformes do interstício ovariano agrupam-se em camadas por fora das células da granulosa → 
aparecimento de 2ª massa de células, denominadas teca, que se dividem em duas camadas. 
o Na teca interna, as células adquirem características epitelioides semelhantes às das células da granulosa, e 
desenvolvem a capacidade de secretar mais hormônios sexuais esteroides (estrogênio e progesterona) 
o A teca externa se desenvolve formando uma cápsula de tecido conjuntivo bem vascular, que passa a ser a 
cápsula do folículo em desenvolvimento 
 
❖ O estrogênio é secretado no folículo e faz com que as células da granulosa formem quantidades cada vez maiores 
de receptores de FSH → provocando feedback positivo, tornando as células ainda mais sensíveis ao FSH 
o O FSH hipofisário e os estrogênios se combinam para promover receptores de LH nas células da granulosa, 
permitindo que ocorra estimulação tambem pelo LH, provocando aumento ainda rápido da secreção folicular 
▪ O estrogênio na secreção folicular mais o LH da hipófise anterior agem causando a proliferação das 
células tecais foliculares e aumentando também a sua secreção 
• Quando folículos antrais começam a crescer, é de modo quase explosivo → diâmetro do óvulo aumenta > 3-4x 
o Enquanto o folículo aumenta, o óvulo permanece incrustado na massa de células da granulosa localizada 
em um polo do folículo. 
 
❖ Depois da fase proliferativa em que o folículo atinge a condição multilamelar, a massa de células da granulosa 
secreta o fluido folicular, com alta concentração de estrogênio → o acumulo dele forma um antro dentro da massa 
o O fluido facilita a troca de substâncias entre as células da granulosa e óvulo no chamado crosstalk folicular 
e exerce regulação do processo de maturação do óvulo 
• Há crescimento acelerado causado por alguns fatores, levando a folículos ainda maiores → folículos vesiculares 
• O crescimento do volume de fluido folicular ocorre em 
direção à superfície do ovário, onde a resistência do 
tecido é menor → facilita a extrusão do óvulo para a 
cavidade pélvica 
• A cavidade antral promove a diferenciação das células 
da granulosa → células da granulosa do cumulus, que 
permanecem aderidas ao óvulo e dão suporte ao 
crescimento e diferenciação, e produzem ácido 
hialurônico 
o E as células da granulosa mural, que compõem 
a parede do folículo juntamente com a teca → 
tendo função endócrina mais proeminente 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
➢ Apenas as células da teca externa são vascularizadas → únicas com acesso ao colesterol plasmático e com 
capacidade de produzir os primeiros esteroides da cascata 
o Cabe à teca produzir progesterona e androgênios, que entram nas células da granulosa por difusão, e pela 
aromatase se convertem em estradiol pela ação do FSH 
• A produção de estradiol pela granulosa é proporcional ao número de células da granulosa que se prolifera no folículo 
o Essa interação entre as células da teca e granulosa para produção de esteroides sexuais ovarianos é o 
“mecanismo das duas células” → cadacélula tem papel bem definido, variável de acordo com a fase do ciclo 
 
❖ Após uma semana ou mais de crescimento — mas antes de ocorrer a ovulação —, um dos folículos começa a crescer 
mais do que os outros, e os outros 5 a 11 involuem → atresia 
• Hipótese é que a grande qtd de estrogênio no folículo em crescimento rápido deprime a secreção intensa de FSH 
no hipotálamo → bloqueando o crescimento dos folículos menos desenvolvidos 
o Esse processo é importante pois permite que apenas um dos folículos cresça o suficiente para ovular → 
evita que mais de uma criança se desenvolva em cada gravidez 
• O folículo único atinge diâmetro de 1 a 1,5cm na época da ovulação, quando é denominado folículo maduro. 
 
Ovulação 
• A ovulação na mulher que tem ciclo sexual de 28 dias 
se dá 14 dias do início da menstruação → variável de 
um ciclo para outro na mesma mulher 
• Pouco antes de ovular, a parede externa protuberante 
do folículo incha rapidamente, e a área no centro da 
cápsula folicular (estigma), projeta-se como um bico 
o Em 30min ou mais, o líquido começa a vazar 
do folículo pelo estigma → 2min depois o 
estigma se rompe, permitindo que um líquido 
mais viscoso da porção central do folículo seja 
lançado para fora 
▪ Este carrega consigo o óvulo, cercado 
milhares de células da granulosa, 
denominada coroa radiada 
 
❖ O LH é necessário para o crescimento folicular final e para a ovulação → sem ele, mesmo quando grandes 
quantidades de FSH estão disponíveis, o folículo não progredirá ao estágio de ovulação. 
• 2 dias antes da ovulação, a secreção de LH pela hipófise anterior aumenta de 6 a 10x, com pico 16h antes 
o O FSH aumenta cerca de 2-3x, e FSH e LH causam a rápida dilatação do folículo durante os últimos dias 
antes da ovulação 
• LH tem efeito nas células da granulosa e tecais, convertendo-as em secretoras de progesterona → a secreção de 
estrogênio cai cerca de 1d antes da ovulação, e quantidades cada vez maiores de progesterona são secretadas 
• Nesse ambiente de crescimento rápido do folículo, menor secreção de estrogênio após fase prolongada de sua 
secreção excessiva, e início da secreção de progesterona, ocorre a ovulação 
o Sem o pico pré-ovulatório inicial de LH, a ovulação não ocorreria → concentração de LH deve ser mantida 
por pelo menos 14-27h para completa maturação do oócito 
• A primeira evidência histológica da ovulação é o aparecimento de vacúolos intracitoplasmáticos de glicogênio 
subnuclear no epitélio glandular por volta dos dias 17 e 18 do ciclo 
 
❖ O LH ocasiona rápida secreção dos hormônios esteroides foliculares que contêm progesterona 
• Em algumas horas, a teca externa libera enzimas proteolíticas dos lisossomos → causa dissolução da parede capsular 
do folículo e enfraquecimento dela, resultando em dilatação do folículo e degeneração do estigma 
• Simultaneamente, há rápido crescimento de vasos sanguíneos na parede folicular, e são secretadas prostaglandinas 
nos tecidos foliculares → promovem transudação de plasma p folículo, contribuindo para sua dilatação 
o A combinação da dilatação folicular e degeneração do estigma faz o folículo se romper, liberando o óvulo 
o O complexo ovulado é captado pelas fimbrias da tuba ovariana, onde inicia seu trajeto rumo ao útero 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Fase Lútea 
• Durante as primeiras horas depois da expulsão do óvulo do folículo, as células da granulosa e tecais internas 
remanescentes se transformam em células luteínicas 
o Elas aumentam 2-3x em diâmetro, e ganham inclusões lipídicas que lhes dão aparência amarelada 
▪ Processo de luteinização, sendo a massa total de células o corpo lúteo 
o Suprimento vascular bem desenvolvido também cresce no corpo lúteo 
• Função lútea requer folículo pré-ovulatório bem desenvolvido, boa estimulação de FSH e liberação contínua de LH 
• As células da granulosa no corpo lúteo desenvolvem retículos endoplasmáticos lisos intracelulares, que formam 
grandes quantidades de progesterona e estrogênio (com mais progesterona) 
o As células tecais formam os androgênios androstenediona e testosterona → e a maioria desses também é 
convertida pela enzima aromatase em estrogênios 
• O corpo lúteo cresce até cerca de 1,5cm, atingindo esse estágio de desenvolvimento 7 a 8d após a ovulação → 
depois começa a involuir e perde suas funções secretoras e a característica lipídica 12 dias depois 
o Passa a ser o corpus albicans, que será substituído por tecido conjuntivo e absorvido ao longo dos meses 
• A alteração das células da granulosa e tecais internas em células luteínicas depende essencialmente do LH secretado 
pela hipófise → a luteinização também depende da extrusão do óvulo do folículo 
• O hormônio local fator inibidor da luteinização ajuda a controlar esse processo pós ovulação 
 
❖ As células luteínicas secretam pequenas quantidades do hormônio inibina, que inibe a secreção de FSH pela hipófise 
anterior, reduzindo o FSH e LH e levando a perda desses → faz com que o corpo lúteo se degenere 
• A involução final normalmente se dá ao término de quase 12 dias exatos de vida do corpo lúteo, em torno do 26º 
dia do ciclo sexual feminino normal, 2 dias antes da menstruação 
• Aqui, a parada súbita de secreção de estrogênio, progesterona e inibina remove a inibição por feedback da hipófise 
anterior → que começa a secretar novamente quantidades cada vez maiores de FSH e LH 
o O FSH e o LH dão início ao crescimento de novos folículos, começando novo ciclo ovariano 
o A escassez de progesterona e estrogênio, nesse momento, também leva à menstruação uterina 
 Caso ocorra a gestação, a gonadotrofina coriônica humana (HCG) produzida pelo embrião evita a regressão do 
corpo lúteo, mantendo a esteroidogênese ovariana até a placenta assumir a produção hormonal da gestação. 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Estradiol E Progesterona 
• Os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos são os estrogênios e as progestinas → estradiol é o mais importante 
dos estrogênios e a mais importante das progestinas é a progesterona 
 Estrogênios 
• Proliferação e crescimento de células específicas no corpo, responsáveis pelo desenvolvimento da maioria das 
características sexuais secundárias da mulher 
• Na mulher não grávida normal, estrogênios são secretados significativamente pelos ovários e em quantidades 
mínimas pelos córtices adrenais → na gravidez, quantidade enorme de estrogênios é secretada pela placenta 
• Apenas 3 estrogênios estão presentes em quantidades significativas no plasma feminino → b-estradiol, estrona e 
estriol → o principal secretado pelos ovários é o b-estradiol, com potência estrogênica muito alta 
o Pequenas quantidades de estrona também são secretadas, mas grande parte é formada nos tecidos 
periféricos de androgênios secretados pelos córtices adrenais e pelas células tecais ovarianas 
• Estriol é um estrogênio fraco, derivado do estradiol e da estrona, convertido no fígado 
 Progestinas 
• A mais importante é a progesterona, mas pequenas quantidades de 17-ahidroxiprogesterona são secretadas em 
conjunto e têm os mesmos efeitos 
• Na mulher não grávida, a progesterona é secretada em quantidades significativas apenas na 2ª metade de cada 
ciclo ovariano, pelo corpo lúteo 
 
SÍNTESE, TRANSPORTE E DEGRADAÇÃO DE ESTROGÊNIO E PROGESTINAS 
• Todos são esteroides sintetizados nos ovários, do colesterol derivado do sangue e tambem da acetilcoA 
• Durante a síntese, progesterona e androgênios (testosterona e androstenediona) são sintetizados primeiro 
o Em seguida, na fase folicular, antes que deixem os ovários, quase todos os androgênios e grande parte da 
progesterona são convertidos em estrogênios pela enzima aromatase, nas células da granulosa 
▪ As células da teca não têm aromatase, então, eles se difundempara as células da granulosa 
adjacentes, onde são convertidos em estrogênios 
o Durante a fase lútea, muito mais progesterona é formada do que pode ser totalmente convertida, havendo 
grande secreção de progesterona no sangue circulante nesse momento 
• Tanto estrogênios quanto progesterona são transportados no sangue, ligados principalmente à albumina plasmática 
e a globulinas de ligação específica a estrogênio e progesterona 
o Ligação entre esses dois hormônios e as proteínas plasmáticas é fraca o bastante para que sejam liberados 
aos tecidos, durante período de aproximadamente 30min 
• O fígado conjuga os estrogênios para formar glicuronídeos e sulfatos, e cerca de 1/5 dos produtos conjugados é 
excretado na bile, com grande parte do restante excretado na urina 
o O fígado converte estradiol e estrona no estrogênio quase totalmente impotente estriol 
• Poucos minutos após ter sido secretada, quase toda a progesterona é degradada em outros esteroides que não têm 
qualquer efeito progestacional, fígado tem papel importante na degradação 
 
FUNÇÕES DOS ESTROGÊNIOS 
• Uma função primária dos estrogênios é causar proliferação celular e crescimento dos tecidos dos órgãos sexuais e 
outros tecidos relacionados com a reprodução 
 Efeito no útero e órgãos sexuais femininos externos → na infância, os estrogênios são secretados apenas em 
quantidades mínimas, enquanto na puberdade a qtd aumenta > 20x 
o Nessa época, os órgãos sexuais femininos se alteram dos de criança para os de adulto 
• Estrogênios alteram o epitélio vaginal do tipo cuboide para o tipo estratificado, considerado mais resistente a 
traumas e infecções do que o epitélio das células cuboides pré-púberes 
o Causam proliferação acentuada do estroma endometrial e grande desenvolvimento das glândulas 
endometriais, que ajudarão no fornecimento de nutrição ao óvulo implantado 
 Efeitos nas trompas de falópio → fazem com que os tecidos glandulares desse revestimento proliferem, e aumentam 
o número de células epiteliais ciliadas que revestem as trompas de Falópio 
• Cílios sempre batem na direção do útero, ajudando a propelir o óvulo nessa direção 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
 Efeito nas mamas → causam desenvolvimento dos tecidos estromais das mamas, crescimento de um sistema de 
ductos e depósito de gordura nas mamas 
o Os lóbulos e alvéolos das mamas se desenvolvem até certo ponto sob a influência apenas dos estrogênios, 
mas é a progesterona e a prolactina que determinam o crescimento e a função final 
 Efeito no esqueleto → inibem a atividade osteoclástica nos ossos, e estimulam o crescimento ósseo 
o Causam a união das epífises com a haste dos ossos longos 
o Osteoporose dos ossos causada por deficiência de estrogênio na velhice 
• Os estrogênios aumentam ligeiramente o depósito de proteínas 
o Aumentam o metabolismo corporal e o depósito de gordura subcutânea 
• Os estrogênios não afetam muito a distribuição de pelos → os androgênios são os principais responsáveis 
 Efeito na Pele → fazem com que a pele desenvolva textura macia e normalmente lisa 
o Fazem com que a pele se torne mais vascularizada, muitas vezes associado à pele mais quente e maior 
sangramento nos cortes superficiais do que se observa nos homens 
 Efeito no Equilíbrio Eletrolítico → causam retenção de sódio e água nos túbulos renais 
o Durante a gravidez, a enorme formação de estrogênios pela placenta pode contribuir para a retenção de 
líquidos no corpo 
 
FUNÇÕES DA PROGESTERONA 
• A progesterona promove alterações secretoras no endométrio uterino, durante a última metade do ciclo sexual 
feminino mensal, preparando o útero para a implantação do óvulo fertilizado o 
o Tambem diminui a frequência e a intensidade das contrações uterinas, ajudando a impedir a expulsão do 
óvulo implantado 
 Efeito nas trompas de falópio → promove também aumento da secreção pelo revestimento mucoso das trompas de 
Falópio, necessárias para nutrir o óvulo fertilizado e em divisão 
• A progesterona promove o desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos das mamas, fazendo com que as células 
alveolares proliferem, aumentem e adquiram natureza secretora 
 
CICLO ENDOMETRIAL MENSAL E MENSTRUAÇÃO 
• Associado à produção cíclica mensal de estrogênios e progesterona pelos ovários, há um ciclo endometrial no 
revestimento do útero, que opera por meio de estágios 
o Proliferação do endométrio uterino, desenvolvimento de alterações secretoras no endométrio e descamação 
do endométrio (menstruação) 
 
FASE PROLIFERTATIVA (estrogênica) 
• No início de cada ciclo, grande parte do endométrio foi descamada pela menstruação → pequena camada de estroma 
permanece (camada basal), com células epiteliais restantes apenas nas porções profundas das glândulas e criptas 
• Sob a influência dos estrogênios, células do estroma e células epiteliais proliferam rapidamente nessa primeira parte 
do ciclo → superfície endometrial é reepitelizada de 4 a 7d após o início da menstruação 
o Durante a próxima semana e meia, antes da ovulação, a espessura do endométrio aumenta gradativamente 
pelo crescente número de células estromais e crescimento das glândulas endometriais e vasos sanguíneos 
no endométrio → chegando a 3-5mm na época da ovulação 
• As glândulas endometriais principalmente da região cervical, secretam muco fino e pegajoso 
o Esses filamentos de muco se alinham ao longo da extensão do canal cervical, formando canais que ajudam 
a guiar o espermatozoide na direção correta da vagina até o útero 
 
FASE SECRETORA (progestacional) 
• Durante grande parte da última metade do ciclo mensal, depois da ovulação, a progesterona e o estrogênio são 
secretados em grande quantidade pelo corpo lúteo 
• Estrogênios causam leve proliferação celular adicional do endométrio durante essa fase, e a progesterona causa 
inchaço e desenvolvimento secretor acentuados do endométrio 
o Glândulas aumentam em tortuosidade, e excesso de substâncias secretoras se acumula nas células epiteliais 
glandulares 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
o Citoplasma das células estromais aumenta, e os depósitos de lipídios e glicogênio aumentam bastante nas 
células estromais 
o Fornecimento sanguíneo ao endométrio aumenta ainda mais em proporção ao desenvolvimento da atividade 
secretora, e os vasos sanguíneos ficam muito tortuosos 
▪ Tudo isso acontece para produzir endométrio altamente secretor que contenha muitos nutrientes 
armazenados → provem condições apropriadas à implantação do óvulo fertilizado 
▪ Cerca de 1 semana após a ovulação, o endométrio tem espessura de 5-6mm 
 
❖ A partir do momento em que o óvulo fertilizado chega à cavidade uterina, vindo da trompa de Falópio (3 a 4d depois 
da ovulação), até o momento em que o óvulo se implanta (7-9d), as secreções uterinas (“leite uterino”) fornecem 
nutrição ao óvulo em suas divisões iniciais 
• Quando o óvulo se implanta no endométrio, as células trofoblásticas na superfície do ovo implantado (estágio de 
blastocisto) começam a digerir o endométrio e absorver as substâncias endometriais armazenadas 
o Disponibiliza grandes quantidades de nutrientes para o embrião recém-implantado 
 
MENSTRUAÇÃO 
• Se o óvulo não for fertilizado, cerca de 2 dias antes do final do ciclo mensal, o corpo lúteo no ovário subitamente 
involui por apoptose e a secreção de hormônios ovarianos diminui 
• A menstruação é causada pela redução de estrogênio e progesterona, especialmente da progesterona, no final do 
ciclo ovariano mensal → causa a redução da estimulação das células endometriais por esses hormônios, seguida 
pela involução do endométrio para 65% da sua espessura prévia 
• Em seguida, nas 24h que precedem a menstruação, os vasos sanguíneos tortuosos das camadas mucosas do 
endométrio, ficam vasoespásticos →supostamente devido a liberação de material vasoconstritor como PGF2alfa 
o O vasoespasmo, a diminuição dos nutrientes ao endométrio e a perda de estimulação hormonal 
desencadeiam necrose no endométrio, especialmente dos vasos sanguíneos 
▪ O sangue primeiro penetra a camada vascular do endométrio, e as áreas hemorrágicas crescem 
rapidamente em 24 a 36h 
• Gradativamente, as camadas externas necróticas se separam do útero em locais de hemorragia, até que, em cerca 
de 48h, todas as camadas superficiais do endométrio tenham descamado 
• A massa de tecido descamado e sangue na cavidade uterina mais os efeitos contráteis das prostaglandinas agem 
em conjunto, iniciando as contrações para expelir esse conteúdo → 40ml de sangue e 35ml de liquido seroso 
o O líquido menstrual não coagula porque uma fibrinolisina é liberada junto do material endometrial necrótico 
→ se sangramento excessivo da superfície uterina, a quantidade de fibrinolisina pode não ser suficiente 
▪ Coágulos podem representar uma doença uterina 
• 4 a 7 dias após o início menstrual a perda de sangue cessa, devido a ação reparadora do estrogênio, estase vascular 
e colapso tecidual 
o Além disso, a camada basal do endométrio não foi afetada durante a menstruação → ele inicia a reparação 
de uma nova camada funcional, reiniciando o ciclo endometrial. 
 
❖ Durante a menstruação, grandes quantidades de leucócitos são liberadas em conjunto → é provável que alguma 
substância liberada pela necrose endometrial cause tal eliminação 
• Como resultado disso e possivelmente de outros fatores, o útero é muito resistente às infecções durante a 
menstruação, apesar de as superfícies endometriais estarem desprotegidas 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Puberdade E Menarca 
• Puberdade significa o início da fase adulta, e menarca significa o primeiro ciclo de menstruação 
• O período da puberdade é causado por aumento gradual na secreção dos hormônios gonadotrópicos pela hipófise, 
começando em torno dos 8 anos → culminando no início da puberdade e menstruação, entre 11 e 16 anos 
o A hipófise infantil e os ovários são capazes de funcionar completamente, se estimulados apropriadamente 
→ porem o hipotálamo não secreta quantidades significativas de GnRH durante a infância 
▪ Ele é capaz de secretar esse hormônio, mas o sinal apropriado de alguma outra área do cérebro 
para desencadear a secreção está ausente 
• Acredita-se que o início da puberdade se dê por algum processo de amadurecimento que ocorre em alguma outra 
parte do cérebro, talvez em algum ponto do sistema límbico. 
 
Menopausa 
• Entre 40 e 50 anos de idade o ciclo sexual geralmente torna-se irregular, e a ovulação muitas vezes não ocorre, e 
depois de alguns meses a anos, o ciclo cessa totalmente 
o O período durante o qual o ciclo cessa e os hormônios femininos caem a quase zero é a menopausa → 
causada pelo “esgotamento” dos ovários 
• Durante toda a vida reprodutiva da mulher, cerca de 400 folículos primordiais crescem em folículos maduros e 
ovulam, e centenas de milhares de óvulos degeneram 
• Em torno dos 45 anos, apenas poucos continuam a ser estimulados por FSH e LH, e a produção de estrogênios 
pelos ovários diminui à medida que o número de folículos primordiais se aproxima de zero 
• Quando cai abaixo de nível crítico, os estrogênios não conseguem mais inibir a produção de FSH e LH 
o As gonadotropinas são produzidas em quantidades elevadas e contínuas, mas, como os folículos primordiais 
remanescentes ficam atrésicos, a produção de estrogênios cai quase a zero 
• Na menopausa, a mulher precisa reajustar sua vida de uma que era fisiologicamente estimulada pela produção de 
estrogênio e progesterona para uma desprovida desses hormônios 
o Essa perda causa mudanças fisiológicas acentuadas, incluindo rubor extremo da pele, sensações psíquicas 
de dispneia, irritabilidade, fadiga, ansiedade e diminuição da resistência e calcificação dos ossos 
▪ A administração diária de estrogênio em pequenas quantidades normalmente reverte os sintomas 
 
Ciclos Anovulatórios 
• Se o pico pré-ovulatório de LH não tiver grandeza suficiente, a ovulação não ocorrerá 
• As fases do ciclo sexual continuam, mas são alteradas → a ausência de ovulação leva ao não desenvolvimento do 
corpo lúteo, não havendo quase nenhuma secreção de progesterona durante a última porção do ciclo. 
o O ciclo é encurtado por vários dias, mas o ritmo continua 
• Os primeiros ciclos depois do início da puberdade geralmente são anovulatórios, assim como que ocorrem meses a 
anos antes da menopausa → talvez porque o pico de LH não seja potente o bastante 
 
 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Outros 
IDADE MATERNA ELEVADA 
• Não há definição única para gestação tardia, mas a taxa de fecundabilidade inicia seu declínio em torno dos 32 anos, 
e esse declínio se torna mais acentuado após os 37 anos 
• A principal causa de abortos espontâneos são trissomia ou aneuploidias, que aumentam com o declínio da qualidade 
oocitária 
• Estima-se que 12% das gestações de mulheres < 30 anos evoluam para aborto espontâneo, sendo essa estatística 
de 15% em mulheres entre 30-34, 25% entre 35-39, 52% entre 40- 44 e 93% para mulheres > 45 
• Idade materna > 35 anos também determina aumento de 4-8x na incidência de gestações ectópicas 
• IDADE PATERNA ELEVADA → associada a aumento das mutações autossômicas dominantes fetais 
 
HÁBITOS E AMBIENTE 
• Álcool é o teratógeno humano de uso mais largamente difundido que impacta o crescimento fetal e o 
desenvolvimento em todos os estágios da gestação 
o Não existe dose segura de álcool na gestação e não há clara relação dose-efeito 
• Tabagismo materno está comprovadamente associado a menor crescimento fetal 
o Tambem associa-se a subfertilidade e aborto espontâneo, e maior risco de diversas complicações obstétricas 
 
ÁCIDO FÓLICO 
• Uso de ácido fólico reduz incidência de malformações congênitas → reduz 70% incidência de defeitos do tubo neural 
• Usa-se antes da concepção até a 12 semana → introduzida por medicamento, pois em quantidades presentes em 
alimentos não são suficientes 
 
Métodos Contraceptivos 
• Impedem que o gameta feminino e masculino se encontre 
o Divididos em comportamentais, de barreia, definitivos ou químicos 
• O óvulo permanece viável e capaz de ser fertilizado depois de expelido do ovário, por período não superior a 24h 
• É preciso haver espermatozoide disponível logo depois da ovulação para haver fertilização → alguns 
espermatozoides podem permanecer férteis no aparelho reprodutor feminino por até 5 dias 
• Para que ocorra a fertilização, o intercurso deve ocorrer entre 4 e 5 dias antes da ovulação até algumas horas 
depois da ovulação → o período de fertilidade durante cada mês é em torno de 4 a 5 dias 
 
COMPORTAMENTAIS 
• Tabelinha → abstinência sexual no período fértil → recomenda-se evitar o intercurso 4 dias antes do dia calculado 
para a ovulação e 3 dias depois 
• Falha de até 30% 
• A dificuldade é predizer o momento exato da ovulação → intervalo da ovulação até o surgimento da próxima 
menstruação é quase sempre 13 a 15 dias 
o Se o ciclo for regular, com periodicidade exata de 28 dias → ovulação ocorre no 14º dia 
o Se a periodicidade for de 40 dias, a ovulação ocorrerá no 26º dia 
o Se a periodicidade for de 21 dias, a ovulação ocorrerá no 7º dia do ciclo 
 
BARREIRA 
• Fisicamente impede que o ovócito e espermatozoide se encontrem → preservativos feminino e masculino 
o A taxa de falha é mais ligada ao mau uso → 98% de eficácia 
o Protege contra IST 
• Diafragma → tampa a passagem dos espermatozoides para o útero, aplica-se espermicida 
• DIU → estrutura inserida dentro do útero, sendo o método mais utilizado no mundo 
o Cobre → a estrutura física dentro do útero impedea contração uterina, causa alterações no endométrio 
e impede a implantação em caso de fertilização → 99,4% 
o Hormonal → libera levonorgestrel, que provoca atrofia da cavidade uterina, aumenta o muco cervical e 
obstrui o orifício das trompas → 99,8% 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
DEFINITIVOS 
• Vasectomia → cirurgia que desconecta o ducto deferente responsável por levar o espermatozoide para a uretra 
no momento da ejaculação 
o 99,9% 
• Laqueadura → corte das tubas uterinas 
o Mulher ovocita e menstrua normalmente, mas não há formação de gametas 
o 99,5% de eficácia 
 
HORMONAIS 
• Fármacos que possuem estrutura molecular semelhante ao próprio hormônio, entrando em contato com o 
organismo e suprime o ciclo, não ocorrendo ovocitação 
• A administração de estrogênio ou progesterona nas quantidades apropriadas, durante a primeira metade do ciclo 
mensal, pode inibir a ovulação 
o A administração pode evitar o pico pré-ovulatório da secreção de LH pela hipófise → essencial à ovulação 
o Evitaria a depressão hormonal ovariana inicial que representaria o sinal desencadeador da ovulação. 
 
• Anticoncepcionais de estrogênio e progesterona → atuam pelo feedback negativo, inibindo o hormônio produzido 
pela adeno hipófise 
o 97% de eficácia 
• Implante subcutâneo → bastao com progestangenio e etenogestral colocado sob a pele 
o 99,9% de eficácia por ate 3 anos 
• Injeção anticoncepcional → mensal ou trimestral, injeção com progesterona e certos estrogênios, que inibem a 
ovulação e tornam o muco cervical espesso 
o 99,4% 
 
❖ No primeiro ano de uso, as taxas de gestação com o uso típico são 
o < 1% com métodos não relacionados ao coito e que não exigem o envolvimento da usuária → DIUs, 
implantes subcutâneos de progesterona, contracepção permanente 
o 6 a 9% com métodos hormonais não relacionados ao coito, que exigem o envolvimento do usuário → 
contraceptivos orais, injeção de progesterona, adesivo transdérmico, anel vaginal 
o 10% com métodos relacionados ao coito que exigem envolvimento do usuário → preservativos, 
diafragmas, métodos de percepção da fertilidade, espermicidas, interrupção do coito) 
• Se a contracepção falhar, a anticoncepção de emergência pode ajudar a prevenir uma gestação indesejada. 
Contracepções de emergência não devem ser usadas como um forma regular de contracepção. 
 
LITERATURA: 
- Obstetrícia – Rezende 13 ed. 
- Ginecologia – tratado da FEBRASGO 
- Tratado de Fisiologia Médica, Guyton e Hall - 13 ed. 
- Fisiologia Humana Silverthorn - 7ª ed. 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/planejamento-familiar/contracep%C3%A7%C3%A3o-de-emerg%C3%AAncia

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