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DPOC DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA DEFINIÇÃO Estado patológico caracterizado por limitação do fluxo aéreo não totalmente reversível. Caracteriza pela progressiva obstrução ao fluxo de ar, em grande parte IRREVERSÍVEL. Normalmente com aparecimento clínico em pessoas de meia idade ou idosos com histórico de consumo de cigarros, e que não pode ser atribuída a outra doença específica, tal como bronquiectasia ou asma. A DPOC inclui ENFISEMA, um distúrbio definido anatomicamente, que se caracteriza por destruição e dilatação dos alvéolos pulmonares. Definida patologicamente pelo aumento anormal dos espaços aéreos, devido a destruição e deformação das paredes alveolares. A gravidade do enfisema pode variar muito em pacientes com DPOC com graus semelhantes de obstrução ao fluxo aéreo. Inclui também a BRONQUITE CRÔNICA, uma afecção definida clinicamente por tosse crônica e expectoração purulenta. Além de doenças as pequenas vias respiratórias, uma condição na qual os bronquíolos de pequeno calibre se encontram estreitados. Definida patologicamente como o alargamento anormal das glândulas mucosas no seio das vias aéreas centrais cartilaginosas. Essa ideia de bronquite crônica e enfisema está um pouco ultrapassada, já que quase todos os pacientes com diagnóstico clínico de DPOC têm destruição do espaço aéreo (ou seja, enfisema) e alterações patológicas das vias aéreas de condução consistente com bronquite crônica. A DPOC está presente apenas quando há obstrução crônica do fluxo aéreo, a bronquite crônica sem obstrução crônica do fluxo aéreo não está incluída na definição de DPOC. ❖ GOLD: Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease Doença comum, prevenível e tratável Caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo de ar Anormalidades de alvéolos e vias aéreas (brônquios) Exposição significativa a partículas ou gases tóxicos Doença de vias aéreas de pequeno calibre (bronquite) + doença parenquimatosa (destruição alveolar – enfisema) o Hipertensão pulmonar A contribuição relativa de cada um desses componentes varia de paciente para pacientes. FATORES DE RISCO ➢ Tabagismo ➢ Fumaça de lenha ➢ Exposição ocupacional ➢ Infecções respiratórias graves na infância ➢ Irritantes químicos EPIDEMIOLOGIA Representa um problema crescente de saúde pública mundial. Fumar cigarros é o principal fator de risco para DPOC. TABAGISMO Principal causa de DPOC Provoca declínio na função pulmonar que excede aquele esperado apenas pelo envelhecimento, e a magnitude da perda é dependente da intensidade e da duração da exposição à fumaça de cigarro. Obstrução ao fluxo aéreo é o distúrbio fisiológico sentinela em pacientes com DPOC, e o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é o melhor indicador isolado da gravidade. Homem branco não fumante tem redução de 25 mL do VEF1 ao ano Homem fumante tem redução de 40 mL do VEF1 ao ano Os efeitos adversos da fumaça do cigarro sobre a função pulmonar podem ocorrer já no desenvolvimento fetal. OBS: capacidade pulmonar total = Volume máx dos pulmões depende mm inspiratórios ativados ao máximo + retração elástica pulmonar + retração elástica da parede torácica PATOGÊNESE A limitação de um fluxo aéreo, principal alteração fisiológica da DPOC, pode advir da obstrução das pequenas vias respiratórias e do enfisema. As pequenas vias respiratórias são estreitadas por células (hiperplasia e acúmulo), muco e fibrose. Ativação do fator de crescimento transformador (TGF- ) → fibrose das vias aéreas. Falta de TGF- inflamação do parênquima e o enfisema ENFISEMA Agentes nocivos agressão ao epitélio alveolar recrutamento dos neutrófilos com liberação de elastase leucocitária destruição da parede alveolar** redução da retração elástica redução do fluxo expiratório obstrução ao fluxo expiratório de ar. OBS: Capacidade Pulmonar Total = Volume Máximo dos pulmões. Depende mm inspiratórios ativados ao máximo + retração elástica pulmonar _ retração elástica da parede torácica A lesão do epitélio alveolar ocorre sobretudo naqueles que tem deficiência de alfa 1 antitrpsina, enzima inibidora da elastase – predisposição ao enfisema. Aumento anormal dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, com destruição das paredes alveolares, mas sem fibrose evidente. Possui dois tipos: centroacinar e panacinar ▪ Centroacinar – localiza-se nos bronquíolos respiratórios, enquanto o restante do ácino é em grande parte preservado. As lesões mais proeminentes são mais no lobo superior. Quase sempre os casos graves estão relacionados com o tabagismo. ▪ Panacinar – os ductos alveolares são difusamente aumentados, ao avéolos adjacentes podem ser destruídos a tal ponto que unidades individuais não podem mais ser identificadas. Com a progressão da doença, as lesões individuais não podem coalescer para formar bolhas grandes. Típico da grave deficiência de α1 – antitripsina, mas podendo também ocorrer em casos de tabagismo. A maioria dos pacientes com DPOC grave parece ter elementos mistos de centroacinar e enfisema panacinar, e subtipos individuais não podem ser confiavelmente distinguidos na doença avançada. BRONQUITE CRÔNICA Agentes nocivos estimulam macrófagos alveolares recrutamento de neutrófilos inflamação, hipertrofia e hiperplasia das glândulas produtoras de muco, hipertrofia dos MM lisos, destruição parcial da cartilagem brônquica e fibrose OBSTRUÇÃO por inflamação, muco e fibrose Glândulas mucosas, localizadas entre a membrana basal epitelial e placas cartilaginosas dentro da árvore brônquica central, e as células caliciformes secretam muco no lúmen brônquico, para auxiliar o epitélio das vias aéreas na defesa do hospedeiro. Aumento das glândulas mucosas e expansão da população de células caliciformes epiteliais brônquicas, que ocorrem mais comumente na DPOC, são correlacionados com sintomas clínicos de excesso de tosse e produção de escarro, mas não com a obstrução do fluxo aéreo. Uma resposta inflamatória leve, consistindo em neutrófilos, macrófagos e linfócitos T CD8 + também pode ser vista nas vias aéreas cartilaginosas de pacientes com DPOC. Outras alterações patológicas nas vias aéreasdistais incluem fibrose, metaplasia de células caliciformes e do epitélio escamoso de revestimento, aumento do músculo liso nas paredes das vias aéreas e regiões esparsas de formação de tampões mucosos. Em comparação a indivíduos normais, as vias aéreas distais em pacientes com DPOC têm paredes das vias aéreas mais espessas e lumens menores. HIPERTENSÃO PULOMONAR Hipoxia alveolar vasoconstrição arteriolar remodelação vascular com aumento da musculatura lisa medial, fibrose da intima e destruição do leito capilar aumento da resistência vascular pulmonar COMPONENTES CLÍNICOS ❖ Bronquite crônica Tosse produtiva por 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos Definição arbitrária, mas muito usada Afastar outras causas ❖ Enfisema Termo patológico que descreve algumas das mudanças estruturais associado à DPOC ❖ Asma Componente de broncoespasmo reversível Comum a vários pacientes MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Enfisematoso x bronquítico Conceito clássico, mas sem aplicabilidade clínica real Mistura de sintomas Predomínio de um dos padrões possíveis o DISPNEIA • Limitação progressiva a atividade física • Percebida como “cansaço” • Muitas vezes não chama atenção do paciente o TOSSE CRÔNICA o PRODUÇÃO DE ESCARRO • Tosse, pigarro o SIBILÂNCIA • Sinal de obstrução de via aérea (irreversível ou componente de asma) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – DOENÇA AVANÇADA • Respiração com lábios semicerrados • Uso demusculatura acessória • Posição do tripé • Sinais de síndrome de hiperinsuflação • Sinais de ICC (direita) • Baqueteamento digital? ANAMNESE o Manifestações clínicas o Fatores de risco o Investigar sinais de complicações • Cardiovasculares/oncológicas ➢ Pacientes muito sedentário e com poucos sintomas aparentes Questionamento cuidadoso Ajuste insciente do estilo de vida ➢ Paciente com sintomas respiratórios Dispneia e tosse crônica Dispneia progressiva Tosse produtiva (pior pela manhã) ➢ Paciente que cursa com episódios de piora sintomática, com melhora entre os episódios. ➢ Alguns apresentam ganho de peso Sedentarismo ➢ Perda ponderal Dispneia ao comer Taquipneia ➢ Perda de peso geralmente indica doença mais avançada EXAME FÍSICO ▪ No início pode ser normal ▪ Prolongamento do tempo expiratório e sibilos ▪ Sinais de hiperinsuflação ▪ Redução de MV, presença de crepitos, sibilos, bulhas hipofonéticas (atenção para hiperfonese de B2P) ▪ Posição do tripé, uso de musculatura acessória, cianose, sinais de falência de coração direito. ▪ Conformação do tórax ▪ Expansibilidade ▪ Palpação ▪ Percussão ▪ Ausculta AVALIAÇÃO INICIAL Pensar em DPOC se dispneia, tosse crônica, produção de escarro Declínio gradual e progressivo nas atividades Fatores de risco Espirometria, laboratório e imagem ESPIROMETRIA • Fundamental para o diagnostico • Determinar obstrução ao fluxo respiratório, sem resposta à prova broncodilatadora. • Medidas mais importantes: VEF1 e CVF LABORATÓRIO • Não existe nenhuma alteração laboratorial diagnóstica específica • Avaliar anemia • BNP ou pro-BNP • Glicemia, função renal, eletrólitos, tireoide • Gasometria arterial - Hipoxemia, hipercapnia, alcalose metabólica IMAGEM – RX DE TÓRAX • Não é necessária para o diagnóstico • Exacerbação, comorbidades, complicações, diagnósticos alternativos • Sensibilidade baixa para DPOC • Apenas 50% com alterações significativas IMAGEM – TC DE TÓRAX • Maior sensibilidade de especificidade para enfisema • Não é necessária para diagnóstico • Complicações, diagnósticos alternativos, avaliação de cirurgia DIAGNOSTICO • Sintomas + fator de risco (avaliar TODOS) • Espirometria - VEF1/CVF < 0,7 e VEF1 < 80% do previsto para idade - Sem resposta à prova broncodilatadora • Ausência de outra explicação para os sintomas APÓS CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA • Determinar o nível de limitação ao fluxo aéreo • Impacto na saúde do pacinete • Risco de eventos futuros (exacerbações, internamentos, mortes) • Estadiamento - Múltiplos fatores a considerar - Presença e gravidade de alterações espirométricas Hiperextensão com escassez de estruturas vasculares nas bases e redistribuição do fluxo vascular para os lobos superiores. - Natureza e magnitude dos sintomas atuais do paciente - Passado e risco futuro de exacerbações - Presença de comorbidades AVALIANDO EXACERBAÇÕES • Piora aguda dos sintomas respiratórios que resulta em terapia adicional • Exacerbador frequente - Duas ou mais por ano • Principal fator de fisco: exacerbação prévia AVALIANDO COMORBIDADES • Doença cardiovascular • Disfunção muscular e esquelética • Síndrome metabólica • Osteoporose • Depressão/ansiedade • Câncer de pulmão MANEJO DE DPOC OBJETIVOS DO TRATAMENTO – DPOC ESTÁVEL • Aliviar sintomas • Melhorar tolerância aos exercícios • Melhorar status de saúde • Prevenir progressão de doença • Prevenir e tratar exacerbações • Reduzir mortalidade CONCEITOS GERAIS • Interromper tabagismo • Terapia farmacológica – reduz sintomas, exacerbações e melhora qualidade de vida. - Individualizada - Gravidade dos sintomas, risco de exacerbações, efeitos colaterais, comorbidades, disponibilidade e custo, resposta, preferência. • Vacinação • Reabilitação pulmonar • Oxigenoterapia crônica • Ventilação não invasiva domiciliar • Intervenções cirúrgicas TERAPIA FARMACOLÓGICA – BRONCODILATADORES • Beta2-agonista: curta ação (SABA) e longa ação (LABA) • Antimuscarínicos/anticolinérgicos: curta ação (SAMA) e longa ação (LAMA) • Metilxantinas – efeito controverso TERAPIA FARMACOLÓGICA – ANTI-INFLAMATÓRIOS • Corticoide inalados (CI) • Inibidores seletivos de fosfodiesterase 4 - Roflumilaste • Antibióticos profiláticos - Presença de bactérias >>> inflamação crônica • Mucorreguladores e antioxidantes - N-acetilcisteína MANEJO • Broncodilatador de curta SOS para todos • Grupo A (poucos sintomas, não exacerbadores) - Broncodilatador (curta ou longa) • Grupo B (mais sintomáticos, não exacerbadores) - Broncodilatador de longa ação - Terapia dupla com dispneia muito importante • Grupo C (exacerbadores pouco sintomáticos) - Monoterapia com brocodilatador de longa ação - LAMAs se mostraram superiores • Grupo D (exacerbadores muito sintomáticos) - Considerar monoterapia com LAMA - Se MUITO sintomático: iniciar com LABA/LAMA - Se asma/eosinofilia: LABA/CI (risco de pneumonia) CICLO DO MANEJO FOLLOW UP o Se boa resposta ao tratamento inicial - Manter o Se resposta inadequada - Manutenção da dispneia ou por exacerbações? - Escalonar SUPLEMENTAÇÃO DE OXIGÊNIO • Hipoxemia crônica - PaO2 < 55mmHg ou SaTO2 ≤ 88% - PaO2 > 55 mas < 60 mmHg com sinais de ICC direita ou eritrocitose • Manter Sat02 ≥ 90% • Reavaliar EXACERBAÇÕES DA DPOC • Piora aguda dos sintomas respiratórios, necessitando de terapia adicional • Infecções respiratórias • Embolia pulmonar, pneumotórax, IC • Impacto negativo na qualidade de vida e prognóstico • Leves - Tratadas apenas com broncodilatador de curta duração • Moderada - ATB e/ou corticosteroides orais • Grave - Hospitalização / ida à emergência
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