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A naturalização da identidade profissional em Psicologia e as demandas psicossociais da Atenção Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Fabiana Gonçalves Silva Discente do 4º ano de Psicologia da Universidade Paranaense -UNIPAR, Campus Umuarama- PR. Email: bia00_@hotmail.com Endereço: Rua Guilherme Bruxel, nº 1100, centro, CEP: 87538-000, Perobal-PR. Franciele Cristina Milan Discente do 4º ano de Psicologia da Universidade Paranaense -UNIPAR, Campus Umuarama- PR. Email: franciele_milan@outlook.com Endereço: Rua Antonio Bonato, nº 555, centro, CEP: 87555-000, São Jorge do Patrocínio-PR. Layssa Emanuelly Caberlin Delmonico Discente do 4º ano de Psicologia da Universidade Paranaense -UNIPAR, Campus Umuarama- PR. Email: delmonicolayssa@gmail.com Endereço: Avenida Paraná, nº 1317, centro, CEP: 87538-000, Perobal-PR. Danille Jardim Barreto. mailto:bia00_@hotmail.com mailto:franciele_milan@outlook.com mailto:delmonicolayssa@gmail.com A naturalização da identidade profissional em Psicologia e as demandas psicossociais da Atenção Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Apresentação A formação básica da graduação em Psicologia no Brasil: Psicologia Social Comunitária e sua relação com as diretrizes de atuação do psicólogo na Atenção Básica do SUAS Problematização das grades curriculares frente às demandas psicossocias Considerações finais Referências Professional identity’s naturalization in Psychology and psychosocial demands of the Sistema Único de Assistência Social’s (SUAS) primary care Introduction Psychology’s basic education in Brazil Community Social Psychology and its relation to the psychologist’s practice directives in SUAS’ Primary Care Questions on curricula before psychosocial demands Final considerations References La naturalización de la identidad profesional en Psicología y las demandas psicosociales de la Atención Primaria del Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Presentación La formación básica del curso de Psicología en Brasil La Psicología Social Comunitaria y sus relaciones con las directrices de la actuación del psicólogo en la Atención Primaria del SUAS La problematización de los planes de estudio ante las demandas psicosociales Consideraciones finales Referencias Resumo O presente trabalho tem por objetivo problematizar e refletir sobre a formação em Psicologia no que diz respeito à formação básica ofertada e as possíveis articulações da Psicologia Social Comunitária com as diretrizes de atuação do psicólogo na atenção básica. Buscamos discutir através do mesmo se a formação ofertada por seis Instituições de Ensino Superior (IES) das regiões oeste e noroeste do Paraná ofertam em sua graduação diretrizes curriculares generalistas que vão ao encontro com as demandas das políticas de atuação vinculadas ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Os dados levantados através de pesquisa quantitativa em sites das Instituições de Ensino Superior demonstram que são necessárias mudanças na estrutura dos cursos, pois estas disponibilizam predominantemente disciplinas que contemplam a área clínica individual, ou seja, mantem-se ainda a formação tradicional em Psicologia, tendo como efeito a manutenção de uma identidade profissional enrijecida e pouco conectada com as demandas das políticas psicossociais do SUAS. Palavras-chave: Formação em Psicologia; Psicologia Social Comunitária; Currículos; Sistema Único de Assistência Social; identidade profissional. Abstract This paper aims at raising questions and reflections upon the undergraduate degree in Psychology concerning the basic education granted and the possible articulations of Community Social Psychology with psychologist’s working directives in primary care. We sought to discuss through them if the education offered by six Instituições de Ensino Superior (IES – Higher Education Institution) from the west and northwest regions of Paraná provide in their undergraduate degree generalist curricular directives that meet the working policies’ demands associated to the Sistema Único de Assistência Social (SUAS). The data collected by this quantitative research in Higher Education Institutions websites demonstrate that changes in the courses’ structures are necessary, since they make available mainly subjects that encompass the individual clinical area, in other words, they still remain in a traditional Psychology education, having as its effect the maintenance of a hardened professional identity little connected to SUAS psychosocial policies’ demands. Keywords: Education in Psychology; Community Social Psychology; Curricula, Sistema Único de Assistência Social (Unified Social Assistance System); professional identity. Resumen Este estudio tiene como objetivo problematizar y reflexionar sobre la formación en Psicología con respecto a la formación básica ofrecida y las posibles articulaciones de la Psicología Social Comunitaria con las directrices de la actuación del psicólogo en la atención primaria. Buscamos discutir a través del mismo si la formación ofrecida por seis Instituições de Ensino Superior (IES – Instituciones de Educación Superior) de las regiones oeste y noroeste de Paraná ofrecen en su graduación directrices generales del plan de estudios que cumplan con las demandas de las políticas de actuación vinculadas al Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Los datos recogidos a través de la investigación cuantitativa en los sitios web de las instituciones de educación superior muestran que se necesitan cambios en la estructura de los cursos, ya que en su mayor parte ofrecen asignaturas que abarcan la área clínica individual, o sea, la manutención de una identidad profesional enrigidecida y poco conectada con las demandas de las políticas psicosociales del SUAS. Palabras Clave: Formación en Psicología; Psicología Social Comunitaria; Plan de estudios; Sistema Único de Assistência Social (SUAS); identidad profesional. Apresentação O presente trabalho tem como foco levantar questionamentos referentes à formação em Psicologia, objetivando refletir sobre quais perfis de profissionais estão sendo formados nas universidades e faculdades das mesorregiões noroeste e oeste do Paraná, buscando através de revisão teórica problematizada, possíveis articulações entre a formação acadêmica e a prática psicológica no contexto psicossocial, na atenção básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). De acordo com o IPARDES de 2012 e de 2015 a mesorregião Noroeste do Paraná conta com 61 municípios sendo predominantes municípios de pequeno porte, contando com população estimada de 716. 740 habitantes. Conforme os autores Junior, Villa e Villa (2015) o Noroeste do estado abrange a região do substrato arenito-caiuá onde a economia é diversificada e as atividades são o cultivo de cana-de-açúcar, pastagens, silvicultura; porém atualmente a região vem sucessivamente substituindo as pastagens por cana-de-açúcar motivado pelo arrendamento e das usinas de álcool e açúcar instaladas na região. Ainda conforme consta no IPARDES (2012 e 2015) a mesorregião Oeste do Paraná conta com 50 municípios e com uma população estimada em 1.294.417 de habitantes, sendo esta, uma região de fronteira, que se caracterizou, até o início do século XX, como um espaço de exploração do capital estrangeiro além de delimitar a divisa entre os países: Brasil, Argentina e Paraguai (Kinzler, 2013). O levantamento das informações da formação em Psicologia, para esta pesquisa foi realizado através da pesquisa em sites de domínio público, de universidades e faculdades privadas de quatro cidades do Paraná que possuem cursos de Psicologia em seu roll de oferta, podendo dessa forma constatar de que maneira as instituições de ensino estão ofertando aos seus alunos subsídios básicos para a formação e uma futura atuação na área psicossocial. As informações foram extraídas através de análise qualitativa das matrizes curriculares disponibilizadas nos sites de universidades efaculdades, resguardando suas identidades sociais e comerciais. As cidades que tem cursos de Psicologia, disponibilizam equipamentos do SUAS da rede governamental, sendo estes de atenção básica como Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), e de atenção especial como Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), além dos órgãos da rede não governamental. Através do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi possível criar uma ampla rede de proteção social, que consolida a política pública da assistência social como direito do cidadão e dever do Estado, conforme previsto na Constituição Federal de 1988. O ano de 2011 marca a sanção da Lei do Sistema Único da Assistência Social (LOAS), a Lei do SUAS. O sistema, descentralizado e participativo é direcionado pela unidade e totalidade da ação pública, e o seu objetivo é o de superar a fragmentação e a sobreposição das ações governamentais e não governamentais, sem desconsiderar as diversidades regionais, as características de cada município e os aspectos dos territórios e das populações neles existentes. A organização e funcionamento deste equipamento são caracterizados pela gestão compartilhada, pelos equipamentos públicos, pelos serviços e benefícios, pela parceria pública e privada, pela vigilância social, sistema de informação, gestão do trabalho, regulação, monitoramento e avaliação e controle social. Essas questões garantem um novo formato à assistência social pública não contributiva (Brasil, 2011). Tendo em vista a nova resolução de pesquisa em ciências humanas (Resolução nº. 5010 de 07 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde), nossa pesquisa não precisou passar pelo comitê de ética local, pois em seu artigo 1º, parágrafo único afirma que fica dispensável o registro desta pesquisa e sua avaliação por comitês de éticas (Sistema CEP/CONEP), tendo em vista nossa pesquisa abarcarem os itens II, III e V da referida resolução, quais sejam, pesquisa que utiliza informações de acesso público, são informações de domínio público e também utilizaremos dados com informações agregadas, que impossibilitam a identificação individual. As indagações do presente artigo giraram em torno de problematizações sobre a graduação em Psicologia no Brasil enfatizando reflexões, que nos levem a pensar a Psicologia Social Comunitária enquanto prática histórica relacionando as matrizes curriculares das instituições de ensino investigadas e a prática psicológica na atenção básica do SUAS. De acordo com as diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de psicólogos é preciso romper com a dicotomia existente entre teoria e prática, a fim de propor uma formação inovadora, passando a ter uma visão ampliada de saúde, instigando as Universidades a implementar em sua grade curricular a articulação de disciplinas relevantes e estimulantes, promovendo assim um papel mais ativo do estudante no processo ensino– aprendizagem (Poppe & Batista, 2012). Deste modo, conforme a Resolução nº. 8, de 7 de maio de 2004, atualizada pela Resolução nº. 5, de 15 de março de 2011, que instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em Psicologia, traçaram-se um novo perfil para a formação do profissional da Psicologia, buscando a articulação de conteúdos, desenvolvimento de competências e habilidades que objetivem através de metodologias inovadoras uma melhor formação acadêmica aproximando o futuro profissional da realidade social (Abdalla, Batista & Batista, 2008). A Psicologia Social Comunitária busca o desenvolvimento de uma consciência crítica do sujeito a partir de sua realidade, possibilitando o empoderamento dos indivíduos no contexto ao qual ele pertence. De acordo com Góis (2005) pode-se definir Psicologia Social Comunitária, como uma área que se insere dentro da Psicologia Social, enfatizando as questões psicossociais da vida comunitária, enfatizando tanto preocupações de uma Psicologia voltada para populações mais carentes como também as questões de saúde mental da comunidade e de ação sócio-político-pedagógica. Ao problematizar a formação e atuação na área social-comunitária podem-se relacionar disciplinas no âmbito social contemplando uma formação plural que abranja diferentes contextos de intervenção, rompendo com modelos naturalizados que englobam conteúdos de áreas emergentes oferecendo uma multiplicidade de caminhos para atuação. Portanto, a formação em Psicologia deve buscar uma reflexão permanente sobre as relações e dinâmica social, questionando os saberes cristalizados das abordagens tradicionais (Dantas, 2010). É de obrigatoriedade das instituições que ofertam o curso de Graduação em Psicologia detalhar e explicitar as ênfases curriculares que adotará em seu projeto de curso, sendo que, caso este projeto contempla mais de um perfil de formação deve fornecer ao aluno informações para que o mesmo possa optar entre um ou mais perfis ofertados, também deve ser pautado na divisão de ênfases, que devem conter pelos menos duas opções, além da formação básica de núcleo comum (Brasil, 2002). Com base nas grades curriculares dos cursos de Psicologia podemos destacar as deficiências de conteúdo e as práticas inovadoras na atualidade, dando ênfase a atuações em políticas públicas de atenção básica do SUAS, fazendo uma ponte entre formação e práxis psicossociais. De acordo com Neiva (2010) as referências iniciais no que diz respeito ao termo psicossocial remetem as ideias de mudança, transformação, pesquisa e ação. Essa transformação pode ser relacionada pela qual a profissão vem passando nos últimos anos, pois a formação generalista é uma necessidade para uma atuação comprometida com o perfil multiprofissional, visando uma prática que almeja a qualidade de vida da sociedade e integra às necessidades atuais decorrentes das transformações da profissão (Bardagi et. al. 2008). Em razão do até aqui exposto, faz-se necessário destacar uma formação socialmente engajada, comprometida com a realidade social, formando profissionais que atuem como agentes de transformação e desenvolvimento social, que se posicionem politicamente frente à realidade que estão inseridos, contextualizando a sua atuação com a base teórica adquirida na formação, possibilitando assim uma maior reflexão sobre o papel do psicólogo ao posicionar- se frente aos desafios que estão por vir. A formação básica da graduação em Psicologia no Brasil A regulamentação da profissão do psicólogo no país se deu através da Lei nº 4119, de 27 de agosto de 1962. Antes mesmo de sua regulamentação a atuação psicológica já era realizada no país, através de conhecimentos compartilhados pela Medicina, Pedagogia e Filosofia além de outros campos de saber (Jacó-Vilela, Jabur & Rodrigues, 1999). A definição das Psicologias no Brasil tem relação com os saberes biomédicos, técnicos e positivistas. A atuação dita psicológica em seus primórdios se caracterizava através de exames e de seleção realizados em instituições como, por exemplo, o Instituto de Orientação e Seleção Profissional – ISOP, onde a prática psicológica era ensinada em cursos de curta duração visando formar psicotécnicos (Barreto, 2016). De acordo com Antunes (2012), pode-se reconhecer que a atuação do psicólogo na área de atuação e seleção profissional possibilitou condições essenciais para que o trabalho realizado com base na ciência psicológica se consolidasse como modalidade específica de atuação profissional, e que assim garantisse estrutura para a reivindicação de seu reconhecimento legal. Desse modo, a Psicologia chega ao Brasil com o intuito de selecionar e recrutar, de modo racional, os profissionais para diferentes cargos, no serviço público, nas indústrias e no comércio. Entendia-se que a atuação psicológica era utilizada para avaliar as aptidões e habilidades, objetivando o ajustamento entre o trabalhador e o trabalho, favorecendo assim, uma adaptação mais harmoniosa e produtiva aos cargos e funções(Jacó-Vilela, Jabur & Rodrigues, 1999). Ainda conforme os autores acima mencionados, a atuação do psicólogo tinha espaço nas escolas e na orientação vocacional/profissional, da qual as mesmas também se relacionavam à aplicação de testes, onde se pretendia obter aptidões profissionais individuais e seleção/orientação precedente para o mercado de trabalho. A partir destas práticas constituem-se os então chamados psicotécnicos ou psicologistas, associados principalmente entre médicos, pedagogos, engenheiros e militares, tendo por objetivo tornar a produção mais eficiente. Por fim, é preciso reconhecer que aos profissionais da Psicologia Aplicada, formados ou não no ISOP, mas com certeza tomando esta instituição como referencial, pode-se atribuir a responsabilidade maior pela consolidação da Psicologia no Rio de Janeiro. Com suas práticas, difundiram a profissão, divulgaram-na, construíram o clima necessário à regulamentação da Psicologia e imprimiram sua marca na Lei que regulamentou a profissão de psicólogo (Jacó-Vilela, Jabur & Rodrigues, 1999, p. 58). Segundo Barreto (2016) a formação em Psicologia, desde sua gênese, associa duas características sendo elas: o ensino de bases filosóficas e epistemológicas das verdades e dos saberes de produção da ciência psicológica – designado campo teórico tendo a contribuição de autores estrangeiros; e o ensino de instrumentos de mensuração, avaliação e produção de diagnósticos através de disciplinas práticas e dos estágios curriculares obrigatórios básicos e específicos. No curso de Psicologia é fornecida uma determinada prática “psi”. Desde seu início está impressa a marca da tradição positivista; exemplos é o predomínio do behaviorismo e de uma Psicologia social que retrata mecanicamente conceitos e técnicas de estudo de influência norte-americana. Destaca-se o domínio da Psicologia experimental positivista, com suas características de cientificidade, neutralidade, objetividade e tecnicismo. Uma clínica demarcada torna-se a grande demanda dos estudantes de Psicologia, que sonham com seus consultórios privados; tendo como referência o modelo psicanalítico. Portanto há um grande domínio do atendimento privado, em oposição do trabalho em outros setores, o que atende às subjetividades dominantes forjadas ao longo dos anos anteriores e as fortalece (Jacó-Vilela, Jabur & Rodrigues, 1999). Conforme citado por Bastos e Gondim (2010) fica evidente que o campo de atuação do psicólogo na área clínica concentra a maior porcentagem de profissionais atuantes, como os mesmos evidenciam abaixo: A área clínica indiscutivelmente possui o maior peso, pois as inserções profissionais relacionadas às atividades clínicas representam 39,9% dos psicólogos que atuam nela de modo exclusivo ou não. Em outras palavras, mesmo que o psicólogo atue na clínica e em outra área ao mesmo tempo, os seus trabalhos (ou empregos) demandam de modo mais expressivo atividades de natureza clínica. Em segundo lugar, desponta a área de saúde, pois dos 27% que atuam nessa área de modo exclusivo ou não, 20,2% dos trabalhos ou inserções (empregos) estão a ela relacionada. Na terceira posição, encontra-se a área organizacional e do trabalho, com peso de 18,1% (inserções ou trabalhos) para 25, 1% dos psicólogos que mantém alguma inserção nessa área (Bastos & Gondim, 2010, p. 181). Ao longo do processo de construção da Psicologia no Brasil, levantou-se a necessidade de avaliar a qualidade da formação fornecida possibilitando dessa forma buscar novos padrões para o ensino da Psicologia que esteja em constante interação com as necessidades atuais que são consequências das transformações da profissão nos últimos tempos (Bardagi et. al. 2008). Os questionamentos em torno da formação nos levam a refletir sobre os saberes impostos como os tradicionais, esses modelos naturalizados de saber fortalecem alguns territórios, gerando assim, a produção e reprodução de modelos. A Psicologia nos dias atuais deve buscar ampliar o olhar refletindo sobre os lugares que essa ciência abrange, e enquanto projeto de formação possibilitar a garantia de integração, diversidade e formação generalista (Dantas, 2010), neste sentido: “(...), há necessidade de diversificação dos estudos com alunos e egressos a fim de ampliar a visão sobre a profissão e especificar vicissitudes relativas à atuação e formação nos diferentes contextos socioculturais do País” (Bardagi et. al., 2008, p. 307). A atuação em meio à cientificidade é perpassada por uma grande diversidade de teorias e práticas, que expressam visões epistemológicas opostas apesar da hipotética neutralidade dessa ciência, todas as teorias psicológicas estão atravessadas pelo determinismo histórico. Portanto, fica evidente que muitas dessas teorias e atuações respondem a interesses sociais, ética e politicamente preservadores do “status quo” (CFP, 2013). Em torno da construção de uma formação generalista, o objetivo da mesma é formar psicólogos-cidadãos socialmente engajados atuando enquanto agentes de transformação, na direção da construção de uma sociedade mais justa e democrática. Contudo sustenta-se uma formação que possibilita e garanta a preparação de profissionais que reflitam e critiquem, amplamente, suas práticas (Moura, 1999). Dessa forma, a formação generalista não pode ser reduzida a um mover-se, em pouco tempo, entre áreas ou campos de atuação em Psicologia; não pode ser confundida com a soma de experiência dos estudantes por meio de diversas áreas ou campos de atuação em Psicologia sequer pode ser confundida com pluralidade ou diversidade (sugere-se sempre que os cursos sejam múltiplos em suas abordagens teóricas, garantindo assim, a diversidade na formação) (Bernardes, 2012). No caso da Psicologia no Brasil, faz-se necessário compreendê-la como construção histórica e social, síntese de múltiplas determinações, orientada por determinadas concepções de homem e de sociedade e comprometida com posições de classe e, portanto, contraditória, sendo que o embate entre esses elementos que se opõem produz movimento e possibilita superação (Antunes, 2012, p.46). De acordo com Barbosa e Lisboa (2009), após a regulamentação da profissão no Brasil, a Psicologia atingiu um nível provavelmente inimaginável para os pioneiros. Pode-se identificar que o passado permitiu que muitas conquistas se realizassem e que somente conhecendo-o possibilita-nos perceber o presente, e planejando assim o futuro. Os atuais cursos de graduação na área, concebidos por essa história, muito se assemelham ao modelo estabelecido pelos primórdios, não respondem as demandas atuais e não capacitam os profissionais para serem os agentes de transformação que o País tanto precisa. A formação “psi” busca lutar diariamente no sentido de declarar caminhos diferentes dos padrões impostos pela “mídia” e demais equipamentos que se encontram persistentes nos espaços acadêmicos. Diversas teorias, técnicas, compreensões e explicações no que diz respeito ao indivíduo são necessárias, pois se caracterizam como uma das bases da formação em Psicologia. A problematização que se configura é precisamente o que estas teorias nos expõem, o que elas promovem e o que elas reproduzem em nossas práticas habituais. O quanto estas teorias acabam prisioneiras em formar apenas os especialistas, em transmitir conceitos fundamentais à formação, sem, contudo provocá-los no contexto histórico da contemporaneidade. É fundamental uma discussão sobre a relação entre teoria e prática política que representa uma práxis não reprodutora de especialismos, mas reprodutora de uma reflexão de nossas ações no mundo (Dantas, 2010). A formação inicial dos psicólogos brasileiros não é a pretendida, a desejada pelos próprios integrantes da área e, também, por aqueles que dela podem se beneficiar. Forma-se, atualmente, para o passado, para poucos, para a manutenção, para a alienação. Há que se formar para o futuro, para o compromisso social, para a transformação, para a libertação(Barbosa & Lisboa, 2009, p. 735). Portanto, conforme salienta Antunes (2012) torna-se necessário compreender esse campo de atuação como construção histórica e social, composta por múltiplas determinações, norteada por determinadas concepções de homem e de sociedade e comprometida com posições de classe consequentemente contraditória, sendo que o embate entre esses princípios que se opõem produz movimento e promove a superação. Psicologia Social Comunitária e sua relação com as diretrizes de atuação do psicólogo na Atenção Básica do SUAS A Psicologia Comunitária adquire características tendo como referência a situação histórico-social e econômico do contexto brasileiro. Surge a partir da problematização psicossocial da vida dos brasileiros, concretizada por psicólogos engajados na busca de soluções para os graves problemas sociais do país (Góis, 2003). De acordo com a Resolução nº 005 do Conselho Federal de Psicologia (2003), a Psicologia Social: Atua fundamentada na compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo de problematizar e propor ações no âmbito social. O psicólogo, nesse campo, desenvolve atividades em diferentes espaços institucionais e comunitários, no âmbito da Saúde, Educação, trabalho, lazer, meio ambiente, comunicação social, justiça, segurança e assistência social. Seu trabalho envolve proposições de políticas e ações relacionadas à comunidade em geral e aos movimentos sociais de grupos e ações relacionadas à comunidade em geral e aos movimentos sociais de grupos étnico-raciais, religiosos, de gênero, geracionais, de orientação sexual, de classes sociais e de outros segmentos socioculturais, com vistas à realização de projetos da área social e/ou definição de políticas públicas. Realiza estudo, pesquisa e supervisão sobre temas pertinentes à relação do indivíduo com a sociedade, com o intuito de promover a problematização e a construção de proposições que qualifiquem o trabalho e a formação no campo da Psicologia Social (CFP, 2003). Para Góis (2003) a Psicologia Social Comunitária diferencia-se da Psicologia Comunitária pela prática assistencial originada nos Estados Unidos, portanto adota o enquadre teórico da Psicologia Social crítica desenvolvida nos anos 70 na América Latina. A partir da integração dessas duas áreas de atuação da Psicologia foi possível a consolidação da Psicologia Social Comunitária frente ao cenário das transformações sociais. O surgimento da Psicologia Social Comunitária no Brasil se deu a partir da oposição aos modelos tradicionais e os estudos experimentais que se faziam até então, o fazer psicológico eram importados da Europa, não levando em consideração a realidade em que vivemos na América Latina, e mais especificamente no Brasil (Gonçalves & Portugal, 2012). De acordo com Freitas (2004), a Psicologia Social Comunitária parte de uma práxis, que objetiva um compromisso voltado para os sujeitos em situação de vulnerabilidade, visando colaborar para sua conscientização e mobilização. Por atuar em meio às relações cotidianas não é classificado como um trabalho assistencialista, sendo que o mesmo focaliza na perspectiva do sujeito, não tem como objetivo “psicologizar” os problemas dos sujeitos, mas trabalhar com o diferente, compreendendo o mesmo como resultado de um processo das estruturas sociais e comunitárias, que atingem e influenciam diretamente o sujeito. Desta forma, Bock (2008) argumenta que a Psicologia apresenta-se comprometida com a sociedade e abrange uma atuação voltada para um olhar crítico para o espaço que constitui uma comunidade, permitindo assim propor estratégias de intervenção com enfoque transformador. Portanto, a utilização de princípios teóricos e metodológicos da Psicologia Social Comunitária contribui para o desenvolvimento de ações eficazes. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação em Psicologia, aprovadas em 2004 e atualizadas em 20111, para os cursos de graduação em Psicologia destaca-se a importância da preparação do estudante para responder os desafios da contemporaneidade. Desta forma, Azevêdo e Pardo (2014) salientam que a Psicologia Social Comunitária é de grande importância na graduação em Psicologia, pois permite que o psicólogo reflita e questione sobre os modelos de atuação. Sendo assim, a atuação do mesmo precisa considerar as necessidades sociais dos sujeitos, grupos e comunidades. Torna-se, portanto muito relevantes estudos acerca da formação nessa área, para assim analisar questões críticas relacionadas ao futuro da profissão. O trabalho das psicólogas e psicólogos na Política de Assistência Social se desenvolveu e se expandiu desde a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 2005. O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por intermédio da Comissão Nacional da Psicologia na Assistência Social (CONPAS), vem seguindo e buscando qualificar a atuação e potencializar a participação da Psicologia nesta Política (CFP, 2016). É notório que a recente conquista de espaço institucional da atuação do psicólogo no SUAS, está relacionado com os processos formativos desses profissionais, pois os mesmos não os preparam de modo integral para esse campo, uma vez que não há muitos referenciais 1 BRASIL. Resolução nº. 8, de 7 de maio de 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em Psicologia. Brasília: Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior, 2004. _______. Resolução nº. 5, de 15 de março de 2011. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de graduação em Psicologia. Brasília: Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior, 2011. teórico-metodológicos específicos capazes de sustentar os trabalhos do profissional nesse meio, devido à implantação do SUAS ser muito recente, bem como o fato de não se buscar, nas produções psicológicas já existentes, a base teórico-conceitual e metodológica para o desenvolvimento das atividades, como a já desenvolvida pela Psicologia Social Comunitária (Silva & Gorgozinho, 2011). No que diz respeito à atuação no campo das políticas públicas, principalmente no SUAS, o saber psi tornou-se indispensável, uma vez que entende-se a relação do sujeito e sua subjetividade inseparáveis do seu mundo social, sendo assim cabe a esse profissional atuar nos parâmetros da proteção social, da proteção de direitos, da cidadania, da autonomia, das necessidades humanas, e da família e sua contextualização no território (CFP, 2016). Consequentemente, o compromisso do psicólogo no SUAS deve estar pautado na compreensão do aspecto subjetivo dos fenômenos sociais e coletivos, sob diferentes visões teóricas e metodológicas, com a finalidade de problematizar e apresentar ações no âmbito social (CFESS, 2007). Sendo assim, as Políticas do SUAS esperam do profissional da Psicologia uma intervenção pautada em estratégias que conceda aos atendidos pensar de forma crítica e como protagonistas de suas próprias histórias. A atuação profissional do psicólogo no SUAS deve se amparar no princípio da garantia de direitos, instituído na Política de Assistência Social. Sendo assim, embasará sua prática nos campos teóricos e metodológicos que contemplam a visão crítica da realidade social, a sua historicidade, as lutas políticas e as relações de poder (CFP, 2016). A atuação do psicólogo na proteção social básica não exige apenas uma adaptação ao trabalho, exige também um conhecimento de aspectos que estão fora do objetivo do que a Psicologia definiu em seus campos de saber. A atuação voltada para sujeitos em situação de vulnerabilidade exige não a apropriação de um conhecimento teórico-técnico, mas, sim a criação de novos conhecimentos e uma mudança na postura que marca historicamente a atuação dos psicólogos. De acordo com Paiva (2013) reconhecer a dimensão psicossocial é agregar domínios por muitotempo tratados de modo separados na formação profissional – o social do individual, a sociedade da pessoa, o autor ainda argumenta que este conceito habitualmente é usado para definir uma dimensão que não depende apenas do indivíduo ou então considera fenômenos compreendidos ao mesmo tempo como “sociais” e “psicológicos” querendo dizer simplesmente que não poderiam ser apenas psicológicos ou sociais, ambos se complementam. É perceptível que, mesmo não sendo possível definir especificamente um único sentido para o termo psicossocial, se tem pensado cada vez mais o plano simbólico e cultural como algo mais significativo da dimensão psicossocial em relação com outros fatores localizados na organização social e no indivíduo/sujeito/pessoa. O termo psicossocial é um rompimento do modelo hegemônico da Psicologia, é uma ruptura crítica. Somente a partir do momento que compreendermos este conceito iremos desfazer com o modelo anterior de se fazer Psicologia (CFP, 2013). Deste modo, faz-se necessário pensar numa atuação que associe um posicionamento político mais crítico por parte dos psicólogos, com novos referenciais teóricos e técnicos que podem ou não partir dos já consolidados, e também há a necessidade de rever alguns campos de saberes enraizados, que necessariamente precisariam ultrapassá-los, é o grande desafio para a profissão no campo das políticas sociais em geral (Yamamoto & Oliveira, 2010). Problematização das grades curriculares frente às demandas psicossocias Através de análise de pesquisa realizada em sites de sete Instituições de ensino superior (IES), de quatro cidades da região oeste e noroeste do Paraná, que disponibilizam cursos de formação em Psicologia, foram levantadas as informações das grades curriculares, destacando as disciplinas que pelos títulos e/ou pelas ementas tratavam de conceitos produzidos em Psicologia social comunitária e áreas afins do conhecimento, como ciências sociais, direitos humanos e relações sociais, ou seja, que tenham relação com a Psicologia Social Comunitária em suas práticas e teóricas de cunho psicossocial. Destacamos que apenas uma IES não disponibiliza o acesso via online nem do currículo, e nem da ementa, sendo este então excluído da quantificação da análise. Trabalhamos durante a pesquisa com seguintes palavras chaves: Psicologia Social, Psicologia Comunitária, e conceitos trabalhados nas ações psicossociais, como relações sócio- históricas, vulnerabilidades, aspetos culturais, relações étnicas raciais, gênero, situação de pobreza, saúde mental, empoderamento, protagonismo, estigmas, autonomia. Sendo assim, dentro desses conceitos foi possível constatar que dos seis currículos analisados, todos trabalham com ao menos uma disciplina relacionada à Psicologia Social Comunitária. Por meio desse levantamento foram analisados dois eixos temáticos essenciais nas quais as disciplinas estão sendo analisadas, sendo estes: Psicologia clínica e Psicologia Social e Comunitária. Para ocultar a identidade das IES buscou-se durante a pesquisa enumerá-las aleatoriamente. A tabela demonstra como essas disciplinas ficaram distribuídas em relação à quantidade total de disciplinas em análise. Universidades 1 2 3 4 5 6 Total de disciplinas/estágios/práticas 37 54 50 58 71 57 Disciplinas relacionadas com a Psicologia Clínica 15 26 14 15 24 22 Disciplinas relacionadas com a Psicologia Social e Comunitária 11 9 15 9 14 13 Outras disciplinas da formação 11 18 21 34 33 22 Optativas - 1 5 1 3 3 Obrigatórias 37 53 45 57 68 54 Como demonstra a tabela acima, a IES representada pelo número 1 disponibiliza 37 matérias sendo que todas são obrigatórias, enquanto as demais instituições oferecem disciplinas optativas, sendo também importante salientar que dentro dessas disciplinas optativas algumas delas relacionam-se ao eixo da Psicologia Social Comunitária e/ou da Psicologia Clínica. Evidencia-se que apesar das IES oferecerem disciplinas relacionadas à Psicologia Social, a matriz curricular de algumas delas ainda se encontram estagnadas em uma formação tradicional, em uma vertente ainda tecnicista, com saberes e modelos naturalizados, esta afirmação se consolida com base nos resultados demonstrados na tabela, sendo então possível constatar que as IES 2, 5 e 6 que ofertam cursos de Psicologia se mostram ainda com grande concentração de disciplinas focadas na ênfase clínica. Vale ressaltar que na IES 3 está o único currículo que disponibiliza um processo formativo generalista possibilitando um equilíbrio na formação, com práticas que abrangem tanto a área clínica quanto a social se destacando em relação a outras IES. Dentre as Instituições pesquisadas a de número 5 mostra ambiguidade entre as disciplinas ofertadas, não deixando claro o que realmente abrange algumas de suas disciplinas. Conforme os levantamentos realizados nas IES, dentre as grades curriculares analisadas é perceptível que ainda se predomina disciplinas relacionadas à ênfase clínica, como: intervenção psicoterapêutica, avaliação psicológica, práticas psicológicas no contexto clínico, introdução a Psicologia clínica, análise experimental do comportamento, Psicologia clínica, psicopatologias, testes psicométricos, dentre outras. Também se verificou que dentro da formação em Psicologia são ofertados estágios obrigatórios de acordo com as ênfases estabelecidas em cada instituição, possibilitando assim uma maior articulação entre teoria e prática. O que se confirma nas palavras de Silva e Yamamoto (2013): A articulação entre teoria e prática e uma formação científica também são indispensáveis para a preparação da atuação em qualquer área da Psicologia, quiçá para um campo emergente como as políticas sociais, para o qual se faz necessária a construção de referenciais e de metodologias de trabalho para o desempenho nesses espaços (Silva & Yamamoto, 2013, p. 831). Sendo assim, Antunes (2012) coloca que a Psicologia avançou para uma ampliação em seu campo de ação e que se consolidou como área social comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e democrática, e uma Psicologia que ainda se propõe a concepções tradicionalistas e arcaicas, que não se renova e que atua se baseando em modelos que já foram explorados, criticados e superados há anos. A análise das diretrizes curriculares para o curso de Psicologia busca contemplar uma formação com saberes multideterminados, porém ainda evidencia-se que a área social continua muito defasada, uma vez que a formação abrange o modelo clínico tradicional. Barreto (2016) argumenta que as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Psicologia integram os documentos oficiais para a execução, organização e validação da formação de psicólogos no Brasil, e a partir delas pode-se discutir a preservação de determinados discursos que naturalizam e normatizam modos de vida e de viver, podendo assim gerar uma desumanização e aviltamento de outras vidas que fogem das identidades consideradas humanas, resultante dos discursos hegemônicos das Psicologias de manual. As disciplinas ofertadas pelas IES pouco contribuem para uma formação generalista e para a quebra do modelo clínico tradicional, pois a busca dos acadêmicos na graduação em Psicologia ainda está voltada para uma prática clínica individualista e de foco diagnóstico, ressaltando que essa formação consequentemente gera uma atuação acrítica. O campo da Psicologia convive com diferentes visões de homem, embora se tenha supostos ideais de neutralidade da ciência, todas as teorias psicológicas estão atravessadas pelo determinismo histórico. É nítido que ainda hoje muitas dessas teorizações/ações respondem a interesses sociais, ética e politicamente preservadores do “status quo” (CFP, 2013). Na trajetória profissional, novos desafios estão colocados, havendo a necessidade de uma busca por aprimoramento, já que a exigência de novos campos e áreas de atuação requer a superação dos papéis tradicionais e a revisão dos referenciaisda Psicologia e da formação acadêmica (Mazer & Melo-Silva, 2010). Predominantemente as Instituições privadas de ensino superior que fornecem formação para psicólogos são mantidas a lógica de uma educação superior com enfoque no mercado, não precisamente para as necessidades da população: procura-se o lucro onde o capital se encontra (Barbosa & Lisboa, 2009) A Psicologia ainda vem sendo o ponto de inúmeras críticas no entendimento de que o trabalho clínico tradicional do psicólogo não retrata grande significado social, já que é designado a uma pequena minoria da população, despreocupando-se com os problemas sociais, além de estar carregado do intenso conteúdo ideológico individualista (Dimenstein & Macedo, 2012). Através dessa pesquisa foi possível analisar que as IES em sua predominância estão formando e estimulando os acadêmicos a aderirem a uma prática nos moldes individualistas uma vez que as grades curriculares quase não ofertam disciplinas de cunho social. Sendo assim, fica claro que é necessária uma formação que articula o fazer psi aos novos desafios que vem se exigindo da profissão, onde as políticas sociais são importantes áreas de atuação para os psicólogos em todo o país implicando em uma atuação interdisciplinar direcionada para a cidadania e participação social. De acordo com Brigagão, Nascimento e Spink (2011) a política pública é um ato intencional, com objetivos a serem atingidos. Embora a mesma tenha consequências em curto prazo, é uma política de longo prazo, envolve processos subsequentes após sua decisão e propostas, sendo assim, provocam também implementação, execução e avaliação. A área de interação entre Psicologia e Políticas Públicas tem ocorrido de diferentes maneiras, nos mais variados processos singulares do campo das políticas públicas. A atuação do psicólogo nas políticas públicas do SUAS em especial as desenvolvidas nas comunidades buscam apoio teórico e metodológico na Psicologia Social Comunitária para intervenções nesse cenário. Vale ressaltar que o termo comunidade é compreendido de várias maneiras e fornece vastas e diversas possibilidades de problematização, [...] o conceito de comunidade se configura as dinâmicas sociais que se desenvolvem em cada espaço-tempo (Scarparo & Guareschi, 2007). A conexão entre Psicologia e Políticas Públicas vem sendo desenvolvida consideravelmente nos últimos anos e dessa forma contribuindo para o crescimento das duas áreas. De acordo com Pasini e Guareschi (2009) é preciso refletir sobre quais profissionais estão sendo formados e com qual objetivo. O profissional já graduado ao ingressar no mercado de trabalho se depara com conhecimentos, ferramentas teóricas e técnicas que não lhe garantem campos de atuação, do mesmo modo que quando obtém o seu emprego os conhecimentos adquiridos não são suficientes para responder as demandas que surgem. É perceptível que o campo de atuação e intervenção da Psicologia nas políticas públicas é amplo, no entanto, os novos (e velhos) profissionais não se permitem problematizar sobre os novos modos de intervenção que essa área demanda, sendo este resultado do empobrecimento de conhecimentos e problematizações ofertada na formação. Neste sentido, a graduação em Psicologia como apresentado na tabela sofre uma grande defasagem em relação à oferta de disciplinas que conversem com as políticas sociais e que dê suporte para o profissional atuar nessa área e desenvolver práticas inovadoras frente às demandas da territorialidade. Quando o processo formativo oferta a reflexão e problematização do campo psicossocial, contribui-se para que o futuro profissional venha pautar sua práxis de forma comprometida com o meio que está inserido. Para a Psicologia a atuação dos psicólogos em diversos campos e instituições tem instigado os profissionais a criar novas técnicas e estratégias de trabalho e possibilitando assim, recriar novas práticas no campo psi. Para as políticas públicas a atuação engajada dos profissionais da Psicologia tem permitido que estas incluam, tanto nas teorias, quanto nas práticas o diálogo interdisciplinar para sustentar a busca de soluções para os conflitos e problemas sociais (Brigagão, Nascimento & Spink, 2011). Tomando a Psicologia Social Comunitária como aporte teórico-metodológico, a mesma se destina a estudar, compreender e intervir no cenário de temas psicossociais que caracterizam uma comunidade, evidenciando sua praticidade e pela diversidade das opções teóricas e intencionalidades que estruturam seus fazeres (Scarparo & Guareschi, 2007). A política de assistência social associada a outras políticas públicas de proteção social voltada à garantia de direitos e condições dignas de vida se constitui como a origem de investigação e problematização no campo da Psicologia Social Comunitária (Scisleski, Gonçalves & Cruz, 2015). Ainda que as IES disponham de uma formação que complete tanto a área clínica como social fica claro o grande domínio de uma abordagem clínica como demonstrado na tabela sobre a instituição representada pelo número 2, onde a mesma oferta 26 disciplinas centradas na ênfase clínica e apenas 9 relacionadas a Psicologia Social Comunitária, dessa forma fica evidente o despreparo das IES em formar profissionais com suporte para atuar frente ao cenário das políticas sociais. Levando em consideração os 54 anos de legalização da Psicologia no Brasil ainda se tem uma visão da identidade de um profissional engessado dentro dos parâmetros da clínica tradicional, em geral o profissional da Psicologia ainda é visto somente vinculado a práticas de psicoterapia individual. Na trajetória profissional, novos desafios estão colocados, havendo a necessidade de uma busca por aprimoramento, já que a exigência de novos campos e áreas de atuação requer a superação dos papéis tradicionais e a revisão dos referenciais da Psicologia e da formação acadêmica (Mazer & Melo-Silva, 2010, p. 288). O trabalho realizado pelos psicólogos nas políticas públicas tem como base a orientação nos documentos/referências técnicas desenvolvidos para atuação em determinado âmbito em que se encontra o profissional, desse modo o profissional poderá fazer uso de teorias existentes, que o qualifique, oriente e dê suporte para sua prática. Tomando como suporte os conceitos da Psicologia Social Comunitária o mesmo terá como foco o respeito pela identidade e alteridade do sujeito, em sua qualificação em busca de autonomia (Silva & Corgozinho, 2011). A relação entre Psicologia e as políticas sociais colaboram não somente para o melhor atendimento ao sujeito como também para a produção e implementação das políticas. A percepção do psicólogo é capaz de compreender questões subjetivas que são constituídas no meio social e consequentemente compõem fenômenos sociais permitindo que tais políticas de fato garantam direitos humanos (CFP, 2011) De acordo com os dados levantados através da pesquisa nos sites das IES dentre as seis instituições destaca-se somente uma (número 3) contempla uma grade curricular de formação equilibrada nos eixos destacados na tabela, sendo que as disciplinas ofertadas no âmbito clínico são 14, enquanto as disciplinas voltadas para a área Social Comunitária são 15, perfazendo dessa forma, uma formação generalista, dando suporte teórico e prático para que os futuros profissionais pautem sua prática em novas formas de atuação. Portanto, a atuação do psicólogo no cenário das políticas sociais parte da preposição de apesar do sofrimento ser vivido pelo sujeito, sua origem é social, está na intersubjetividade. Desse modo, essa atuação estará sempre embasada em uma perspectiva psicossocial ampliando nosso olhar e nosso campo de intervenção (CFP, 2011). A formação psicossocial visa uma prática comprometida com a realidade sociocultural de uma comunidade e que compreenda o encontro da Psicologia com demandas psicossociais, essas práticas tem nos aproximado de uma realidade que até então era considerada distantedo fazer psicológico. No campo das políticas públicas, assim como em qualquer contexto de atuação, é imprescindível ao psicólogo a análise de suas implicações, a reflexão acerca de suas vinculações institucionais, suas referências teóricas, sua posição política, suas escolhas ético-afetivas. Não apenas questionar seu contexto de atuação, mas igualmente pôr a si próprio em questão pode ser uma estratégia para reconhecer o lugar em que estamos colocados e vislumbrar aquele em que queremos estar enquanto profissionais atuantes nas políticas públicas (Reis & Zanella, 2015, p. 21). Conforme os autores acima mencionados ainda que a ciência psi tenha sua origem no século XIX com sua nítida função adaptacionista e, sendo assim, traz a marca permanente de um saber-poder normativo a ditar/legitimar modelos de normalidade, entre outros, a sua função vem sendo discutida, identificando a necessidade da Psicologia se (re) inventar em outros campos de atuação. Tendo por base a atuação do psicólogo na assistência social, o processo formativo ainda não capacita o futuro profissional para atuar nesse cenário amplo caracterizado como as políticas sociais, pois a implantação do SUAS é recente, porém, de acordo com Silva e Yamamoto (2013) ao passo que a formação do psicólogo continuar adotando um modelo clínico e se distanciar das discussões voltadas às políticas sociais, será incoerente requerer um profissional com uma atuação em conexão com as propostas das políticas sociais, que por ventura pode contribuir com os desafios que estão enraizados nessa estratégia, na constatação de que a questão social deve ser enfrentada e na perspectiva de superação do capitalismo. Considerações finais De acordo com o presente trabalho pode-se observar que a formação em Psicologia se encontra por vezes ainda descontextualizada dos fenômenos sociais e dos campos a qual o psicólogo ganhou espaços de atuação. Sendo assim, é de grande relevância que a questão da formação possa ser indagada, refletida a fim de construir novas práticas que se encontram com as demandas que por muito tempo foram desconsideradas, compreendendo dessa forma, os aspectos da realidade social/política/cultural brasileiras. É imprescindível que a formação contribua para o conhecimento e a crítica dos pressupostos das políticas sociais e da extensão do espaço público. Do contrário, podem se intensificar práticas elitistas e inacessíveis aos sujeitos para as quais se presume igualdade de direitos (Scarparo & Guareschi, 2007). Apesar da recente conquista de espaço da atuação do psicólogo nas políticas sociais os processos formativos desses profissionais não os preparam de modo integral para essa área, uma vez que não há referenciais teórico-metodológicos característicos adequados para suprir as atividades do profissional nesse campo, devido à implantação do SUAS ser muito recente, bem como o fato de não se buscar, nas produções psicológicas já existentes, a base teórico- metodológica para o desenvolvimento das atividades, como a já realizada pela Psicologia Social Comunitária (Silva & Corgozinho, 2011). Através dos resultados obtidos com essa pesquisa, ficou claro que as IES das mesorregiões noroeste e oeste do Paraná se apresentaram com uma oferta de diretrizes curriculares para a formação de psicólogo, ainda voltadas para o trabalho individualizante. Esses levantamentos nos levaram a refletir que apesar das instituições ofertarem disciplinas relacionadas à Psicologia Social Comunitária, ainda assim a formação tem por predomínio o viés tradicional, não apresentando coerência entre o conteúdo ofertado e o que é demandado das áreas emergentes. Dessa forma, devemos então considerar que não apenas o profissional de Psicologia construiu um modo de trabalho individualizante, mas também os integrantes da sociedade levam vidas individualizadas, sendo que a presença do “outro” incide como uma ameaça (Fiedler & Guimarães, 2014). A formação acadêmica apesar de dita “generalista” ainda contempla somente uma área de atuação na maioria das IES, onde muitos dos profissionais graduados quando entram em contato com o mercado de trabalho adentram em atuações voltadas para políticas sociais, sendo que o trabalho nesse campo exige uma postura diferenciada, uma visão ampla, e com práticas comprometidas com a transformação social. De acordo com Moura (1999), os cursos de formação em Psicologia constantemente foram "especialistas". Tendo como base o modelo biomédico. De fato, tem-se preparado profissionais especializados em uma prática de consultório particular. O foco de discussões deve girar em torno de uma proposta de formação generalista, para que assim sejamos capazes de identificar e estabelecer nossas prioridades durante o processo de formação de psicólogos. Frequentemente é exigido do profissional que trabalha no campo comunitário requerimentos de práticas clínicas. Tem-se a visão histórica dos espaços tradicionais ocupados pela Psicologia como exemplos, os settings terapêuticos e os atendimentos fragmentados, completamente afastados e desconectados da rede de serviços mais ampla (Fiedler & Guimarães, 2014). Ainda que as IES ofertem disciplinas que dialoguem com a Psicologia social comunitária é necessário a criação de práticas psis voltadas para os contextos das políticas sociais enfatizando assim, a promoção da cidadania, da autonomia, do desenvolvimento pessoal e a transformação social. Através da Psicologia comunitária podem-se levantar demandas clínicas fazendo assim os possíveis encaminhamentos, sendo esta realizada de forma diferente das práticas tradicionais realizadas, podendo usar de estratégias inovadoras inserindo o sujeito em ações que promovam o fortalecimento da identidade pessoal, ações que visem à promoção de saúde e também a realização de grupos que se utilizam como dispositivos a arte, esporte entre outros, propiciando a valorização e a potencialização de redes de apoio (Barros, 2014). É necessária uma constante problematização e reflexão sobre o processo formativo em Psicologia no que diz respeito à naturalização da identidade profissional que vem se fazendo diante dos novos espaços de atuação, configurando-se como repertório de atuação do profissional de Psicologia, como exemplo, o sistema único de assistência social, como foi relatado neste trabalho. Desinstitucionalizar a atenção e a formação é traçar essas localidades, mais isto é complicado quando temos poucos conceitos ou poucas elaborações que visualizem a clínica de outra forma, a vida nas cidades de outra forma, e as políticas públicas de outro aspecto. Podemos refletir as políticas públicas como submetidas a nossa intervenção, como objeto de nossa reivindicação como direito social e político (Ceccim, 2009). A Psicologia como profissão se estabelece como ponto de partida da identidade profissional do psicólogo. Tomar como foco a problematização da identidade do psicólogo brasileiro é relevante no sentido de compreender em ampla profundidade a carreira, e as mais diversas áreas de atuação e as possibilidades de trajetórias pessoais e profissionais (Mazer & Melo-Silva, 2010). Sendo assim, é perceptível que a identidade do profissional de Psicologia ainda se constrói pautada através de uma única atuação (clínica tradicional), mesmo o psicólogo tendo adquirido novos campos de atuação como o caso da assistência social, é necessário dessa forma construir uma formação assumindo um compromisso pautado na realidade sociocultural, levando em consideração as demandas emergentes em que a Psicologia é chamada a intervir, através de um olhar crítico e transformador. Referências Abdalla, I. G.; Batista, S. H. & Batista, N. A. (2008). Desafios do ensino de Psicologia clínica em cursos de Psicologia. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 28, n. 4, 806-819. 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