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Microbiologia II - Aula bactérias anaérobias - 02 02 2021

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Existem 4 classificações para bactérias de acordo 
com a capacidade ou possibilidade do uso de 
oxigênio no seu metabolismo celular. 
> Bactérias aeróbias: Só crescem na presença 
de O2, pois realizam respiração aeróbica, sem 
oxigênio no ambiente elas não conseguem 
sobreviver. 
> Bactérias facultativas: Esse tipo de bactéria 
cresce melhor em ambiente com O2 mas também 
consegue se manter em ambiente sem O2, pois 
realiza respiração aeróbica, respiração anaeróbica 
e fermentação. Ela realiza o processo metabólico 
mais adequado ao ambiente em que se encontra. 
> Bactérias microaerofílicas: Esse tipo de 
bactéria realiza respiração aeróbica, porém 
possuem baixa quantidade de enzimas 
detoxificadoras de radicais livres gerados pelo O2, 
por isso, o ambiente ideal para elas tem que 
possuir baixa concentração de O2, cerca de 5% 
de Oxigênio. 
● O microrganismo a partir de uma quantidade 
maior, forma radicais tóxicos, as bactérias 
que realizam respiração aeróbicas precisam 
ter enzimas detoxificadoras. 
> Bactérias anaeróbicas: Esse tipo de bactéria 
não é capaz de realizar respiração aeróbica e/ou 
possui quantidade mínima de enzimas 
detoxificadoras de radicais livres formados pelo 
O2 ou não vai ter nenhuma quantidade dessas 
enzimas por isso elas crescem apenas em 
ambientes sem O2 ou em quantidade muito baixas 
de O2. 
 
Quando o oxigênio entra na célula e se acumula 
em grande quantidade, formam-se radicais tóxicos 
e substâncias com ação tóxica sobre estruturas 
celulares. 
Bactérias aeróbicas e facultativas possuem 
enzimas detoxificadoras de radicais tóxicos. 
Já as bactérias anaeróbicas se dividem em dois 
subtipos de acordo com a sobrevivência em 
contato com o Oxigênio. 
> Anaeróbica obrigatória: Não possuem 
nenhum tipo de enzima detoxificadora de radicais 
de oxigênio. Qualquer contato com O2 é letal 
porque os radicais livres se acumulam e se ligam 
a estruturas celulares como ácido nucleico, 
proteínas, membranas celulares e causam a morte 
do microrganismo. 
> Anaeróbias moderadas: Possuem pequena 
quantidade de enzimas detoxificadoras (catalase) 
e conseguem sobreviver por um curto período de 
tempo em contato com O2. O metabolismo deste 
microrganismo fica parado (bacteriostático) 
durante o contato com O2. Quantidade de 
enzimas ainda menores do que o de bactérias 
microaerofílicas. 
 
As bactérias moderadas conseguem se 
disseminar no organismo e causar infecções mais 
generalizadas porque essa quantidade ainda que 
baixa de enzimas detoxificadoras é suficiente para 
ambientes com O2. 
As bactérias anaeróbicas obrigatórias não 
conseguem se disseminar tão bem, costumam 
causar mais infecções localizadas. 
As bactérias anaeróbicas obrigatórias quando são 
encontradas em infecções mais disseminadas, 
elas estão associadas a bactérias facultativas. 
Nessa associação, a bactéria facultativa consome 
o oxigênio disponível no ambiente, deixando-o 
propício para o crescimento das bactérias 
anaeróbicas obrigatórias. 
A anaeróbica, por outro lado, realiza fermentação 
e gera três tipos de moléculas, ácidos, gases e 
álcool, que são altamente energéticas e podem 
ser utilizadas pelas bactérias facultativas. Essa 
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associação causa uma infecção polimicrobiana, 
pois são dois ou mais microrganismos associados. 
As bactérias anaeróbias são mais difíceis de 
serem isoladas para fins de diagnóstico, 
clinicamente existem sinais que indicam a 
presença de bactérias anaeróbicas. Infecções por 
bactérias anaeróbias frequentemente causam 
abscessos e necrose de tecidos(gangrena). 
Outros fatores associados também são 
importantes para a evolução da infecção: 
> Tamanho do inóculo 
> Fatores de virulência 
> Fatores predisponentes (ex.: Doenças crônicas)) 
> Resistência individual do paciente infectado 
 
> Infecção endógena: Causadas por 
microrganismos próprios da microbiota do 
organismo. Ocorrem quando há um desequilíbrio 
da microbiota e também são chamadas de 
infecções oportunistas. No caso das bactérias 
anaeróbicas esse tipo de infecção costuma ocorrer 
nas mucosas da cavidade oral, trato respiratório 
(mais raro e é infecção mista/polimicrobiana), trato 
gastrointestinal, trato gastro urinário feminino. 
> Infecção exógena: Infecção causada por 
microrganismo oriundo de ambiente externo. No 
caso da bactéria anaeróbica ela pode ser 
transmitida por esporos. Também é possível se 
contaminar em caso de acidentes e traumas, por 
exemplo, se houver rompimento de alguma parte 
do intestino, as bactérias anaeróbicas do intestino 
se disseminam. Em cirurgias também há o risco 
dessa infecção, mesmo com todos os cuidados. 
 
> Odor fétido 
> Presença de gás devido a fermentação feitas 
pelas anaeróbicas 
> Tecido necrosado e gangrenoso 
> Secreções originadas de abcessos 
> Secreção originária de infecção após mordidas 
de animais 
 
> Intra-abdominais (abcessos, peritonites) 
> Pélvicos (Infecções vaginais e uretrais) 
> Pele e tecidos moles 
> Orais e/ou dentários 
> Endocardite 
> Toxi-infecções: A toxi infecção acontece por 
produção de toxinas específicas pelo 
microrganismos. 
 
> Hoje para a identificação das bactérias 
anaeróbicas da cavidade oral são feitas técnicas 
moleculares (sondas genéticas e PCR) que 
detectam a presença do DNA dessas bactérias 
mesmo que elas já estejam mortas. 
> A cavidade oral possui mais de 30 gêneros e 
mais de 700 espécies. 
> Maioria é comensal e não causa doenças em 
situações normais, apenas em desequilíbrio. 
 
> Bacteroides spp: Esse microrganismo 
anaeróbio moderado (bacillus gram negativo) não 
causa doença em condições normais, apenas 
quando há desequilíbrio na microbiota e associado 
a fatores predisponentes do hospedeiro, como por 
exemplo, pacientes diabéticos. 
Essa bactéria costuma estar envolvidas em 
peritonites após traumas/perfurações, infecções 
vaginais e em casos de pé diabético. 
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Tratamento: Debridamento (retirada do tecido 
necrosado), drenagem de abscesso e 
antibioticoterapia. Em último caso, a amputação é 
necessária. 
 
Gênero Clostridium: Bastonetes gram positivos 
formadores de esporos -> Podem ser encontrados 
em todos os locais, solo, água, contaminantesem 
esgoto, em águas contamminadas. 
Causam doenças devido à duas características: 
> Capacidade de esporulação 
> Produtor de toxinas (toxi-infecções) como por 
exemplo, citolíticas (destroem células de forma 
geral), enterotoxinas (atingem os enterócitos, 
células intestinais) causando intoxicação intestinal 
e neurotoxinas (que atacam o sistema nervoso) e 
nestes casos podem ser fatais. Essas 
neurotoxinas se ligam de forma irreversível ao 
tecido. Onde ela se liga não é mais possível 
recuperar a região atingida. 
 
> Clostridium tetani: Causadora do tétano, 
doença aguda não infecciosa, provoca um estado 
de hiperexcitabilidade no Sistema Nervoso 
Central. 
O tétano possui duas formas clínicas: 
> Tétano acidental (toxi-infecção): Esporos que 
entram por ferimentos. 
> Tétano neonatal (toxi-infecção): Infecto coto 
umbilical, causa infecção generalizada. 
O tétano neonatal vem reduzindo principalmente 
pois hoje é recomendado que a mãe tome uma 
dose de reforço próximo ao parto. 
Mas o tétano acidental ainda ocorre pois a vacina 
de tétano requer um reforço a cada 10 anos e há 
adultos que ficam relapsos e não se atentam a 
necessidade desse reforço. 
O Clostridium tetani ao entrar no corpo se 
multiplica no local da ferida de entrada e depois 
começa a produzir a toxina tetânica, 
tetanospasmina. 
 
A toxina tetânica é absorvida pela via neural, não 
é o microrganismo que se dissemina e sim a 
toxina. A toxina entra nas terminações nervosas 
periféricas, liga-se de modo irreversível, então 
percorre de maneira retrógrada ao longo dos 
axônios e através das sinapses e, finalmente, 
entra no sistema nervoso central. 
Como resultado, o bloqueio dos 
neurotransmissores Gaba permite que ocorra 
estímulo muscular sem oposição por acetilcolina e 
espasticidade tônica generalizada, geralmente 
com sobreposição de convulsões tônicas 
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intermitentes. A desinibição dos neurônios 
autônomos e a perda de controle da liberação de 
catecolamina adrenal causam instabilidade 
autonômica e um estado hiper simpático. Uma vez 
ligada, a toxina não pode ser neutralizada. 
Na maioria das vezes, o tétano é generalizado, 
acometendo os músculos esqueléticos ao longo 
do corpo. No entanto, às vezes, o tétano se 
localiza nos músculos perto da abertura de uma 
ferida. 
O período de incubação varia de 2 a 50 dias 
(média de 5 a 10 dias). Os sintomas do tétano 
com a evolução da doença são: 
> Riso sardônico 
> Dificuldade para engolir 
> Agitação 
> Irritabilidade 
> Rigidez de pescoço 
> Espasmo dorsal 
O diagnóstico do tétano é basicamente clínico. 
Tratamento: Antibioticoterapia (metronidazol) e 
imunização passiva. 
Prevenção: Vacinação com toxóide tetânica, série 
de 3 doses na infância com reforço a cada 10 
anos. 
Clostridium botulinum: Microrganismo causador 
do botulismo, doença neuroparalítica grave, não 
contagiosa. 
Possui duas formas clínicas: 
> Botulismo alimentar (intoxicação): 
Contaminação através do consumo de conservas 
caseiras contaminadas por esporos. A intoxicação 
se diferencia da toxi-infecção porque neste caso a 
infecção ocorre pelo consumo da toxina pré 
formada. 
Mesmo após a morte da bactéria a toxina continua 
presente no alimento e é resistente a 
aquecimento, então mesmo após uma rápida 
fervura da conserva, a toxina botulínica 
pré-formada continua no alimento. 
Essa doença é menos grave do que o tétano 
porque como a toxina está presente no alimento 
mas a bactéria já foi eliminada ao entrar em 
contato com o ar após a abertura da conserva. A 
quantidade de toxina envolvida no processo é 
apenas a que está no alimento contaminado, não 
há formação de mais toxina, assim como ocorre 
no tétano. 
> Botulismo infantil (toxi-infecção): Forma mais 
grave da doença, muito associada ao consumo de 
mel contaminado por esporos. É mais grave 
porque a microbiota da criança ainda não está 
bem estabelecida e isso faz com que seja mais 
fácil para o esporo se ligar ao epitélio intestinal e 
germinar e se multiplicar. Esse processo é mais 
grave porque nesse tipo de botulismo a bactéria 
viável está se multiplicando dentro do corpo da 
criança e não apenas a toxina como ocorre no 
botulismo alimentar. 
A toxina botulínica age nas junções 
neuromusculares dos neurônios motores e 
bloqueia a passagem da Acetil CoA, impedindo a 
contração muscular e o tecido muscular se 
mantém em paralisia flácida. 
No botulismo alimentar o efeito é pontual e 
depende da quantidade de toxina consumida. No 
botulismo infantil o efeito é disseminado e mais 
grave. 
Tratamento: Suporte ventilatório; metronidazol; 
toxina anti botulínica 
Prevenção: Aquecer o alimento por 20 minutos ou 
mais em temperatura acima de 80ºc e não dar mel 
a crianças menores de 1 ano de idade. Não há 
vacina. 
 
 
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