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Existem 4 classificações para bactérias de acordo com a capacidade ou possibilidade do uso de oxigênio no seu metabolismo celular. > Bactérias aeróbias: Só crescem na presença de O2, pois realizam respiração aeróbica, sem oxigênio no ambiente elas não conseguem sobreviver. > Bactérias facultativas: Esse tipo de bactéria cresce melhor em ambiente com O2 mas também consegue se manter em ambiente sem O2, pois realiza respiração aeróbica, respiração anaeróbica e fermentação. Ela realiza o processo metabólico mais adequado ao ambiente em que se encontra. > Bactérias microaerofílicas: Esse tipo de bactéria realiza respiração aeróbica, porém possuem baixa quantidade de enzimas detoxificadoras de radicais livres gerados pelo O2, por isso, o ambiente ideal para elas tem que possuir baixa concentração de O2, cerca de 5% de Oxigênio. ● O microrganismo a partir de uma quantidade maior, forma radicais tóxicos, as bactérias que realizam respiração aeróbicas precisam ter enzimas detoxificadoras. > Bactérias anaeróbicas: Esse tipo de bactéria não é capaz de realizar respiração aeróbica e/ou possui quantidade mínima de enzimas detoxificadoras de radicais livres formados pelo O2 ou não vai ter nenhuma quantidade dessas enzimas por isso elas crescem apenas em ambientes sem O2 ou em quantidade muito baixas de O2. Quando o oxigênio entra na célula e se acumula em grande quantidade, formam-se radicais tóxicos e substâncias com ação tóxica sobre estruturas celulares. Bactérias aeróbicas e facultativas possuem enzimas detoxificadoras de radicais tóxicos. Já as bactérias anaeróbicas se dividem em dois subtipos de acordo com a sobrevivência em contato com o Oxigênio. > Anaeróbica obrigatória: Não possuem nenhum tipo de enzima detoxificadora de radicais de oxigênio. Qualquer contato com O2 é letal porque os radicais livres se acumulam e se ligam a estruturas celulares como ácido nucleico, proteínas, membranas celulares e causam a morte do microrganismo. > Anaeróbias moderadas: Possuem pequena quantidade de enzimas detoxificadoras (catalase) e conseguem sobreviver por um curto período de tempo em contato com O2. O metabolismo deste microrganismo fica parado (bacteriostático) durante o contato com O2. Quantidade de enzimas ainda menores do que o de bactérias microaerofílicas. As bactérias moderadas conseguem se disseminar no organismo e causar infecções mais generalizadas porque essa quantidade ainda que baixa de enzimas detoxificadoras é suficiente para ambientes com O2. As bactérias anaeróbicas obrigatórias não conseguem se disseminar tão bem, costumam causar mais infecções localizadas. As bactérias anaeróbicas obrigatórias quando são encontradas em infecções mais disseminadas, elas estão associadas a bactérias facultativas. Nessa associação, a bactéria facultativa consome o oxigênio disponível no ambiente, deixando-o propício para o crescimento das bactérias anaeróbicas obrigatórias. A anaeróbica, por outro lado, realiza fermentação e gera três tipos de moléculas, ácidos, gases e álcool, que são altamente energéticas e podem ser utilizadas pelas bactérias facultativas. Essa 1 associação causa uma infecção polimicrobiana, pois são dois ou mais microrganismos associados. As bactérias anaeróbias são mais difíceis de serem isoladas para fins de diagnóstico, clinicamente existem sinais que indicam a presença de bactérias anaeróbicas. Infecções por bactérias anaeróbias frequentemente causam abscessos e necrose de tecidos(gangrena). Outros fatores associados também são importantes para a evolução da infecção: > Tamanho do inóculo > Fatores de virulência > Fatores predisponentes (ex.: Doenças crônicas)) > Resistência individual do paciente infectado > Infecção endógena: Causadas por microrganismos próprios da microbiota do organismo. Ocorrem quando há um desequilíbrio da microbiota e também são chamadas de infecções oportunistas. No caso das bactérias anaeróbicas esse tipo de infecção costuma ocorrer nas mucosas da cavidade oral, trato respiratório (mais raro e é infecção mista/polimicrobiana), trato gastrointestinal, trato gastro urinário feminino. > Infecção exógena: Infecção causada por microrganismo oriundo de ambiente externo. No caso da bactéria anaeróbica ela pode ser transmitida por esporos. Também é possível se contaminar em caso de acidentes e traumas, por exemplo, se houver rompimento de alguma parte do intestino, as bactérias anaeróbicas do intestino se disseminam. Em cirurgias também há o risco dessa infecção, mesmo com todos os cuidados. > Odor fétido > Presença de gás devido a fermentação feitas pelas anaeróbicas > Tecido necrosado e gangrenoso > Secreções originadas de abcessos > Secreção originária de infecção após mordidas de animais > Intra-abdominais (abcessos, peritonites) > Pélvicos (Infecções vaginais e uretrais) > Pele e tecidos moles > Orais e/ou dentários > Endocardite > Toxi-infecções: A toxi infecção acontece por produção de toxinas específicas pelo microrganismos. > Hoje para a identificação das bactérias anaeróbicas da cavidade oral são feitas técnicas moleculares (sondas genéticas e PCR) que detectam a presença do DNA dessas bactérias mesmo que elas já estejam mortas. > A cavidade oral possui mais de 30 gêneros e mais de 700 espécies. > Maioria é comensal e não causa doenças em situações normais, apenas em desequilíbrio. > Bacteroides spp: Esse microrganismo anaeróbio moderado (bacillus gram negativo) não causa doença em condições normais, apenas quando há desequilíbrio na microbiota e associado a fatores predisponentes do hospedeiro, como por exemplo, pacientes diabéticos. Essa bactéria costuma estar envolvidas em peritonites após traumas/perfurações, infecções vaginais e em casos de pé diabético. 2 Tratamento: Debridamento (retirada do tecido necrosado), drenagem de abscesso e antibioticoterapia. Em último caso, a amputação é necessária. Gênero Clostridium: Bastonetes gram positivos formadores de esporos -> Podem ser encontrados em todos os locais, solo, água, contaminantesem esgoto, em águas contamminadas. Causam doenças devido à duas características: > Capacidade de esporulação > Produtor de toxinas (toxi-infecções) como por exemplo, citolíticas (destroem células de forma geral), enterotoxinas (atingem os enterócitos, células intestinais) causando intoxicação intestinal e neurotoxinas (que atacam o sistema nervoso) e nestes casos podem ser fatais. Essas neurotoxinas se ligam de forma irreversível ao tecido. Onde ela se liga não é mais possível recuperar a região atingida. > Clostridium tetani: Causadora do tétano, doença aguda não infecciosa, provoca um estado de hiperexcitabilidade no Sistema Nervoso Central. O tétano possui duas formas clínicas: > Tétano acidental (toxi-infecção): Esporos que entram por ferimentos. > Tétano neonatal (toxi-infecção): Infecto coto umbilical, causa infecção generalizada. O tétano neonatal vem reduzindo principalmente pois hoje é recomendado que a mãe tome uma dose de reforço próximo ao parto. Mas o tétano acidental ainda ocorre pois a vacina de tétano requer um reforço a cada 10 anos e há adultos que ficam relapsos e não se atentam a necessidade desse reforço. O Clostridium tetani ao entrar no corpo se multiplica no local da ferida de entrada e depois começa a produzir a toxina tetânica, tetanospasmina. A toxina tetânica é absorvida pela via neural, não é o microrganismo que se dissemina e sim a toxina. A toxina entra nas terminações nervosas periféricas, liga-se de modo irreversível, então percorre de maneira retrógrada ao longo dos axônios e através das sinapses e, finalmente, entra no sistema nervoso central. Como resultado, o bloqueio dos neurotransmissores Gaba permite que ocorra estímulo muscular sem oposição por acetilcolina e espasticidade tônica generalizada, geralmente com sobreposição de convulsões tônicas 3 intermitentes. A desinibição dos neurônios autônomos e a perda de controle da liberação de catecolamina adrenal causam instabilidade autonômica e um estado hiper simpático. Uma vez ligada, a toxina não pode ser neutralizada. Na maioria das vezes, o tétano é generalizado, acometendo os músculos esqueléticos ao longo do corpo. No entanto, às vezes, o tétano se localiza nos músculos perto da abertura de uma ferida. O período de incubação varia de 2 a 50 dias (média de 5 a 10 dias). Os sintomas do tétano com a evolução da doença são: > Riso sardônico > Dificuldade para engolir > Agitação > Irritabilidade > Rigidez de pescoço > Espasmo dorsal O diagnóstico do tétano é basicamente clínico. Tratamento: Antibioticoterapia (metronidazol) e imunização passiva. Prevenção: Vacinação com toxóide tetânica, série de 3 doses na infância com reforço a cada 10 anos. Clostridium botulinum: Microrganismo causador do botulismo, doença neuroparalítica grave, não contagiosa. Possui duas formas clínicas: > Botulismo alimentar (intoxicação): Contaminação através do consumo de conservas caseiras contaminadas por esporos. A intoxicação se diferencia da toxi-infecção porque neste caso a infecção ocorre pelo consumo da toxina pré formada. Mesmo após a morte da bactéria a toxina continua presente no alimento e é resistente a aquecimento, então mesmo após uma rápida fervura da conserva, a toxina botulínica pré-formada continua no alimento. Essa doença é menos grave do que o tétano porque como a toxina está presente no alimento mas a bactéria já foi eliminada ao entrar em contato com o ar após a abertura da conserva. A quantidade de toxina envolvida no processo é apenas a que está no alimento contaminado, não há formação de mais toxina, assim como ocorre no tétano. > Botulismo infantil (toxi-infecção): Forma mais grave da doença, muito associada ao consumo de mel contaminado por esporos. É mais grave porque a microbiota da criança ainda não está bem estabelecida e isso faz com que seja mais fácil para o esporo se ligar ao epitélio intestinal e germinar e se multiplicar. Esse processo é mais grave porque nesse tipo de botulismo a bactéria viável está se multiplicando dentro do corpo da criança e não apenas a toxina como ocorre no botulismo alimentar. A toxina botulínica age nas junções neuromusculares dos neurônios motores e bloqueia a passagem da Acetil CoA, impedindo a contração muscular e o tecido muscular se mantém em paralisia flácida. No botulismo alimentar o efeito é pontual e depende da quantidade de toxina consumida. No botulismo infantil o efeito é disseminado e mais grave. Tratamento: Suporte ventilatório; metronidazol; toxina anti botulínica Prevenção: Aquecer o alimento por 20 minutos ou mais em temperatura acima de 80ºc e não dar mel a crianças menores de 1 ano de idade. Não há vacina. 4
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