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Métodos QuantitativosMétodos Quantitativos MatemáticosMatemáticos AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), desenvolver habilidades matemáticas pode abrir novos horizontes, pois a matemática é importante para análise, tomada de decisões e projeções em uma organização. Então, vemos uma crescente por busca de pro�ssionais que têm base para processos decisórios nas mais diversas áreas. É com muito prazer que apresento a você, aluno(a), este material. Nele abordaremos conceitos relacionados a Métodos Quantitativos Matemáticos. Mas o que são tais métodos? São ferramentas que dão suporte para aplicações matemáticas em modelagem em diversas ciências, como economia, física, biologia, dentre outras. Escrevi este material com o objetivo de aumentar os níveis de autocon�ança e criar mecanismos para que você possa interagir com a matemática. O material está distribuído em quatro unidades, em que buscamos conceitos elementares dentro da matemática. Acreditamos que você, depois deste curso, terá capacidade de abordar temas como teoria dos conjuntos e funções em seu dia a dia. Na Unidade I trataremos de matemática básica e conjuntos numéricos. Essa unidade irá trazer uma abordagem de conceitos elementares que, como o próprio nome diz, é base para vários assuntos dentro das outras unidades. Na Unidade II abordaremos relações e funções, que são ferramentas com grande uso em modelagem matemática. Na Unidade III continuaremos tratando de funções, mas um caso particular, uma família de funções chamadas funções polinomiais, esta com uma gama de aplicações gigantesca. Por �m, na Unidade IV, as chamadas funções modulares e exponenciais, essa última usada em vários conceitos econômicos. Espero que você aproveite ao máximo este material que foi confeccionado com muito carinho e dedicação. Convido você para, junto conosco, percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigado e bom estudo! Unidade 1 Matemática Básica e Conjuntos Numéricos AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Introdução Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à primeira unidade de nosso material. A Matemática é uma ciência essencial à vida do ser humano. Napoleão disse: “o progresso de um povo depende, exclusivamente, do desenvolvimento da matemática”. A Matemática é a base para todas as ciências e artes, por envolver conceitos necessários e fundamentais dentro da matemática. Os conteúdos apresentados na primeira parte desta unidade serão chamados de Matemática Básica, que não é restrita apenas às operações de soma, subtração, multiplicação e divisão, como muita gente pensa, tem muito mais. Em um segundo momento, apresentaremos os Conjuntos Numéricos, que são as classi�cações para os números conforme sua natureza. O que faremos nesta unidade é focar em conteúdos especí�cos de álgebra que são essenciais para o bom desenvolvimento dos métodos quantitativos matemáticos. Trataremos das expressões numéricas que são ferramentas importantes pelo fato de indicarem organização de operações. Depois você irá trabalhar com regra de três, famosa conhecida desde o ensino fundamental. Ela tem o intuito de trabalhar com grandezas diretas e inversas. Ainda nesta unidade falaremos sobre um conceito que está presente, de forma frequente, em nosso dia a dia: as porcentagens. Você irá aprender como fazer o cálculo deste conceito. Outro assunto importante abordado nesta unidade são as equações, no momento, do primeiro e segundo grau. Iremos abordar resoluções para essas equações e também iremos analisar alguns problemas referentes a elas. Por �m, entraremos na teoria dos conjuntos. Faremos um “passeio” sobre esse assunto que é a base de vários conceitos dentro da matemática. Iremos abordar tipos de conjuntos e as classi�cações para os números, naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais, que são chamados de conjuntos numéricos. Aproveite ao máximo seus estudos. Vamos lá então! Bons estudos! Expressões Numéricas AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Você deve ter ouvido falar muito em Expressões Numéricas, mas o que é isso? A resposta é simples, são sequências de operações que são ordenadas, ou seja, devem ser realizadas respeitando determinada ordem. Para indicar essa ordem, é comum usarmos símbolos de separação de operações. Esses símbolos são parênteses, colchetes e chaves. Para resolver uma expressão numérica devemos seguir uma ordem de resolução, tanto em relação aos símbolos de separação quanto à ordem das operações. A ordem é essa: Quanto os símbolos separadores: 1. Eliminar os parênteses. 2. Eliminar os colchetes. 3. Eliminar as chaves. Quanto às operações: 1. Efetuar potenciação e radiciação. 2. Efetuar multiplicação e divisão. 3. Efetuar adição e subtração. Ao se resolver a expressão, se você notar mais de uma operação com prioridade, então se deve começar com aquela que aparece primeiro. Exemplo resolvido: Determine o valor da expressão E = 396 : {2.[ 26 – 5.(2 + 3)5]} . Resolução: Note que, pela ordem de prioridade, devemos resolver a soma dentro parênteses. Desta forma temos E = 396 : {2.[ 26 – 5.(5)5]}. Como só temos um elemento dentro dos parênteses podemos eliminá-lo fazendo a potência: E = 396 : {2.[ 26 – 5.25]} . Agora, iremos trabalhar os colchetes, dentro temos uma operação prioritária, que é multiplicação, em seguida faremos a subtração. Então E = 396 : {2.[26 – 125]} . E = 396 : {2.[– 99]} . Ficamos com apenas um elemento dentro dos colchetes. Agora podemos calcular usando o produto por dois. E = 396 : {–198} . Como agora temos apenas um elemento dentro das chaves podemos eliminá-las, assim E = – 2. Regra de Três AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Regra de três é um assunto que você já deve ter ouvido falar muito. Mas o que é isso? São problemas que apresentam grandezas relacionadas, tanto diretamente quanto inversamente proporcionais. Temos duas situações a considerar, a primeira chamada simples e a segunda, composta. Vamos conhecer cada uma delas. Regra de três simples é um processo prático para resolver problemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos três já conhecidos. Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de duas grandezas. Exemplos resolvidos: 1) Para percorrer certo trajeto, um carro, à velocidade de 60km/h, faz certo percurso em 4 horas. Se a velocidade desse carro fosse de 80km/h, em quantas horas seria feito o mesmo percurso? Resolução: Observe que a velocidade e o tempo são grandezas inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a velocidade, menor o tempo, ele diminui em razão inversa. Então podemos nos guiar pelo esquema de �echas, informando que sentidos iguais nos informam que as grandezas são diretas e sentidos opostos, grandezas inversas: Assim Logo o tempo que ele irá gastar é 3 horas. 2) A construtora ALEGRIA está trabalhando fazendo a terraplanagem de um grande terreno. Como o terreno era desnivelado, ela pretendia colocar 20 caminhões idênticos para transportar 160m3 de terra em 8 horas, o que seria su�ciente para o serviço. Mas o engenheiro recalculou e veri�cou que serão necessários descarregar apenas 125m3. Por questão de logística, os caminhões irão trabalhar apenas 5 horas. Nessas condições, quantos caminhões serão necessários? = ⇒ 8x = 4 × 6 ⇒ 8x = 24 4 x 8−0 6−0 x = ⇒ x = 3 24 8 Resolução. Devemos analisar as grandezas número de caminhões com horas e também com volume de forma separada. Observamos que aumentando o número de horas de trabalho, podemos diminuir o número de caminhões, logo temos grandezas inversamente proporcionais. Agora, aumentando o volume devemos ter mais caminhões, então temos grandezas diretamente proporcionais. Guiando-nos pelo esquema de �echas: Concluímos que serão necessários 25 caminhões. = × ⇒ = ⇒ 8x = 10 × 20 20 x 160 125 58 20 x 8−0−0 10−0−0 8x = 200 ⇒ x = ⇒ x = 25 200 8 Porcentagem AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Você provavelmente deve ouvir essa palavra quase todo dia: porcentagem. Ela origina-se do latim per centum, que signi�ca por cem ou “por cento”, ou seja, é uma razão cujo denominador é 100. Usamos o símbolo % para representar porcentagem, assim quando dizemos x% estamos indicando a fração . Isso signi�ca que dividimos algo em 100 partes e tomamos x dessas partes. Para representarmos porcentagem podemos usar uma fração centesimal (denominador igual a cem) ou um número decimal. A seguir estão algumas representações que são equivalentes. A porcentagem é vastamente utilizada no mercado �nanceiro, sendo aplicada para capitalizar empréstimos e aplicações, expressar índices in�acionários e de�acionários, descontos, aumentos, taxas de juros, entre outros. Exemplos resolvidos. 1) Uma loja fez um anúncio de uma promoção, indicando que estava dando descontos de até 60%. Uma pessoa que nela fosse comprar uma calça que antes da promoção custava R$ 90,00, e na liquidação estava com desconto máximo, levaria a calça por qual valor? Resolução: Devemos calcular o desconto que essa calça tem. Para se obter 60% de R$ 90,00 uma forma é dividir o valor em reais por 100 e multiplicar por 60. Assim R$90,00:100 = 0,9.60 = R$54,00. Logo o desconto será de R$ 54,00 e ela pagará R$ 90,00 – R$ 54,00 = R$ 36,00. 2) Descontos sucessivos de 12% e 20%, correspondem a desconto único de quanto? Resolução: Se um artigo tem desconto de 12% então estaremos pagando 100% – 12% = 88%, de mesma forma, se houver um desconto de 20% então a fração correspondente a ser paga é 100% – 20% = 80%. Uma forma de se calcular os descontos sucessivos é multiplicar esses valores. x 100 x% = x 100 8% = = 0, 08 8 100 57% = = 0, 57 57 100 132% = = 1, 32 132 100 Logo, esses dois descontos sucessivos correspondem a um desconto único de 100% – 70,4% = 29,6% . = = = 70, 4% 88 100 80 100 7040 10000 70, 4 100 Equação AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Dizemos que uma igualdade entre duas expressões matemáticas que se veri�ca para determinados valores das variáveis é chamada de equação. Resolver uma equação é determinar quais os valores satisfazem determinadas condições indicadas na equação. Esses valores são chamados de raízes da equação. Ao conjunto de todas as soluções de uma equação é chamado de conjunto solução. Por exemplo, o número 3 é solução da equação 4x – 3 = 3x, pois a igualdade é veri�cada quando se substitui x por 3, note 4.3 – 3 = 3.3. Equações do 1º Grau Caro(a) aluno(a), neste tópico iremos discutir conceitos envolvidos em equações do 1º grau, em especial a sua resolução. Mas, a�nal, o que é uma equação do primeiro grau? Uma equação do primeiro grau é toda igualdade do tipo ax + b = 0, com a e b ∈ R e a ≠ 0, sendo x um número real a ser determinado, chamado de incógnita. O problema fundamental das equações é a determinação de suas raízes, isto é, determinar a solução da equação. Assim, poderíamos nos perguntar: uma equação tem solução, isto é, tem raízes? Quantas são as raízes? Como determinar essas raízes da equação? Para obter as raízes de uma equação do tipo ax + b = 0, com a e b ∈ R e a ≠ 0, existem vários métodos. Propriedades: Aditiva: somar ou subtrair um número nos dois membros de uma equação, encontrando outra equivalente. Multiplicativa: multiplicar ou dividir por um número não nulo nos dois membros de uma equação, encontrando outra equivalente. Exemplo resolvido Resolver cada uma das equações: a) 5x – 12 = 8 b) 3x – 10 = 2x + 8 Resolução: a) As operações aditiva e multiplicativa podem ser substituídas pelo processo de isolar o valor de x, observe: Podemos “levar” o – 12 para o segundo membro invertendo a operação, daí: 5x = 8 + 12 5x = 20 Agora, como o valor 5 está multiplicando o valor de x então “transferimos” o 5 para o outro membro invertendo a operação: Logo: . b) Pode-se usar o método aplicado em a), mas faremos pelo processo aditivo e multiplicativo. Para obtermos a solução dessa equação devemos somar 10 a cada um de seus membros: 3x – 10 + 10 = 2x + 8 + 10 3x = 2x + 18 Ainda podemos somar –2x em ambos os membros: 3x + (–2x) = 2x + (–2x) + 18 x = 18 Logo, x = 18. Podemos então indicar o conjunto solução S = {18}. Equações do 2º Grau Caro(a) aluno(a), agora você terá contato com um tipo de equação particular, as equações chamadas de equações polinomiais do segundo grau ou equação quadrática. Nós iremos apresentar a você um método de resolução conhecido como Bhaskara. Antes desse método, iremos indicar as equações incompletas que também podem ser resolvidas como o método citado, mas existe a possibilidade de diminuir esforços e tempo na resolução. Vamos então para a de�nição: Uma equação de segundo grau ou quadrática com coe�cientes a, b e c é a equação na forma completa representada por: ax² + bx + c = 0 a, b e c ∈ R e a ≠ 0 e x a incógnita a ser determinada. Observe que a é o coe�ciente que acompanha o x², o coe�ciente b acompanha o x e o c é o termo independente da equação. Não se esqueça de atentar a esses fatores, pois são essenciais para resolver uma equação do 2º grau. Observe as equações a seguir: x = ⇒ x = 420 5 a) 3x² – 7x + 9 = 0 é uma equação do 2º grau, com a = 3, b = –7 e c = 9. b) –2x² – x – 1 = 0 é uma equação do 2º grau, com a = –2, b = –1 e c = –1. c) 9x² – 12x = 0 é uma equação do 2º grau, com a = 9, b = –12 e c = 0. Considere a equação do segundo grau ax² + bx + c = 0, com a ≠ 0. Para obtermos sua solução, um dos processos que pode ser usado é a fórmula resolutiva de Bhaskara: Note que usamos . Esse valor é chamado de delta. Então, conforme temos a, b e c esse valor pode variar o sinal. Acompanhe: 1. Se , então existem duas raízes reais distintas, pois representa um número real positivo. 2. Se então as duas raízes são iguais, uma vez que é igual a zero. 3. Se então não existem raízes reais, pois não representa um número real. Exemplo resolvido: 1) Considere a equação dada por x² – 5x + 6 = 0. Determine, se houver, as raízes dessa equação. Resolução: Comparando a sentença da equação como ax² + bx + c = 0 temos a = 1, b = –5 e c = 6. Para obtermos, se houver, raízes, usaremos o processo de Bhaskara, assim: Logo x₁ = 2 e x₂ = 3. 2) Calcule o valor de m para que a equação do segundo grau x² – 4x + m = 0 tenha uma única raiz. Resolução: Para que a equação quadrática tenha uma única raiz real devemos ter seu discriminante, delta, igual a zero. Usando a = 1, b = – 4 e c = m temos x = = −b ± √b2 − 4ac 2a −b ± √Δ 2a x = −b ± √Δ 2a Δ = b2 − 4ac Δ > 0 √Δ Δ = 0 √Δ Δ < 0 √Δ Δ = (−5)2 − 4.1.6 Δ = 25 − 24 = 1 x = x = −(−5)±√1 2.1 5±1 2 Δ = (–4)² – 4.1.m = 0 16 – 4m = 0 m = 4 Sistemas de Equações do Primeiro Grau Em várias situações encontradas nas descrições matemáticas de fenômenos físicos nos deparamos com a necessidade da solução simultânea de um conjunto de equações. Esses conjuntos apresentam m equações com n incógnitas. A esse conjunto de equações daremos o nome de sistemas. Iremos discutir sistemas lineares de segunda ordem, que são aqueles casos que apresentam duas incógnitas e duas equações. Se um sistema está com as incógnitas x e y, nesta ordem, representamos a solução por S = {(x,y)}. Existem vários métodos para encontrarmos a solução de um sistema linear de ordem dois, aqui apresentaremos o método de adição. Caro(a) aluno(a), este método consiste em somar as equações do sistema, buscando obter uma equação com apenas uma incógnita. Em vários casos ocorrerá a necessidade de multiplicarmos uma ou mais equações por um número de forma conveniente, de modo que uma incógnita tenha coe�cientes opostos nas duas equações. Exemplo resolvido: Determine a solução do sistema . Resolução: Pelo método de adição devemos obter equações equivalente à do sistema de forma que possamos somar essas equações e, assim, obtermos uma incógnita. Neste caso, se optarmos em obter o valor dex podemos multiplicar a primeira equação por 2. Agora, somando essas duas equações temos que: Desta forma temos . Logo, x = 1. Para obtermos o valor de y devemos escolher uma das equações e substituir x = 1, escolheremos a segunda, . Desta forma: { 3x − 2y = −3 5x + 4y = 17 { 6x − 4y = −6 5x + 4y = 17 { 6x − 4y = −6 5x + 4y = 17 –––––––––––––––––– 11x = 11 x = 11 11 5x + 4y = 17 Concluímos que a solução do sistema é S = {(1, 3)}. Inequações Chamamos de desigualdade uma expressão que estabelece uma ordem entre elementos. No conjunto dos números reais, quando pretendemos indicar uma desigualdade usamos um dos símbolos: >, que signi�ca maior que, <, que signi�ca menor que, para representar maior ou igual a, e para menor ou igual a. Também podemos incluir o símbolo para representar diferente. Dados a, x e y, números reais, então a desigualdade tem como propriedades (< e > podem ser substituídos por ≤ e por ≥): 1. x > y ⇒x + a > y + a 2. x > y ⇒x – a > y – a 3. a > 0 ⇒x > y então ax > ay 4. a < 0 ⇒x > y então ax < ay Ainda, damos o nome de inequação à desigualdade literal que é satisfeita por valores especí�cos para suas incógnitas. Pode também ser de�nida como uma sentença matemática expressas por um dos sinais de desigualdade, fato que a faz diferenciar-se da equação que representa relações de equivalência. As inequações são usadas em experiências, estatísticas, análise de dados e comparações, ela serve de recurso da linguagem para organizar problemas. Determinar a solução de uma inequação é obter os valores das incógnitas que satisfazem a desigualdade, tornando-a, assim, uma expressão numérica. Iremos trabalhar, nas unidades seguintes desse material vários tipos de inequações. Exemplos: 1. As expressões 2x + 9 > 0, x2 – 8x ≤ 0, 6x + 7 ≤ 0 são inequações. 2. A �gura a seguir mostra uma balança ao �nal de uma pesagem. Em cada um dos pratos, há um peso de valor conhecido e esferas de peso x, todos representados na mesma unidade de medida. 5.1 + 4y = 17 5 + 4y = 17 4y = 17 − 5 4y = 12 y = ⇒ y = 312 4 ≥ ≤ ≠ Podemos expressar a situação através da inequação 3x + 5 > 2x + 8. Teoria dos Conjuntos AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Um conceito importante em Matemática é a Teoria dos Conjuntos. No seu dia a dia se depara com vários conjuntos, a nossa família, os habitantes de uma cidade dentre outros, então como você de�niria um conjunto? Conjunto é um ente primitivo, ou seja, um conceito aceito sem de�nição formal. Então você deve continuar com a ideia formada de coleção e para �xarmos bem, observe os exemplos: 1. Os dias da semana formam um conjunto. Sábado é um dia da semana, logo dizemos que ele é um elemento desse conjunto. 2. O Brasil é constituído de 26 estados. São Paulo é um deles. Logo São Paulo é um elemento que pertence a esse conjunto. 3. Saturno tem várias Luas. Essas Luas formam um conjunto e Titãs pertence a esse conjunto. Evidente que em seu pensamento deve pendurar “qualquer tipo de elemento tem possibilidade de ser reunido em um conjunto”. Você está correto! Faremos uma análise à Teoria dos Conjuntos, ela é aplicada na maioria das vezes a elementos que são relevantes a algum estudo para a matemática ou alguma outra ciência. Conjunto Unitário e Conjunto Vazio Um conjunto caracterizado por possuir apenas um elemento é chamado de conjunto unitário. Por exemplo, o conjunto A = {x/x é dia da semana que começa com a letra D} só tem um elemento. Se um conjunto não possui nenhum elemento ele é chamado de conjunto vazio. O conjunto B = {x/x é mês do ano que começa com T} é um exemplo de conjunto sem elementos, logo, é um conjunto vazio. A sua representação pode ser feita utilizando duas simbologias: { } ou Ø. Relação de pertinência e de inclusão Quando um elemento x faz parte do conjunto A, dizemos que ele pertence ao conjunto A, indicamos essa relação por x A. De forma contrária, quando o elemento não faz parte de A, dizemos que ele não pertence a A, então indicamos por x A. Exemplo. Sejam o conjunto A = {0, 2, 4, 8} temos que 4 A e 7 A. Um conjunto A é subconjunto de B, se e só se, todo elemento que pertence a A pertence a B. A ⊂ B → lê-se A está contido em B (relação de inclusão). Exemplo. Seja B o conjunto formado por todos os estados do Brasil. Consideremos S o conjunto dos estados da região Sul do Brasil, que é composta por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Então, podemos dizer que o conjunto S é subconjunto de B, pelo fato de todos os seus elementos também pertencerem a B. Observações: ∅ ⊂ A, ∀ A ⊂ A, ∀ Dois conjuntos são iguais A = B, se e só se, A ⊂ B e B ⊂ A ⊃ B, signi�ca A contém A ⊄B e C ⊅ D signi�ca, respectivamente, A não está contido em B e C não contém D. Operações com Conjuntos Até agora comentamos algumas indicações e alguns tipos de conjuntos. Quando falamos de operações logo nos vem à mente a adição, subtração, divisão, multiplicação entre números. Os conjuntos também têm sua álgebra, é possível Figura 1 - Divisão dos estados brasileiros Fonte: @santoldesign em Freepik. operá-los. Iremos estudar as principais operações com conjuntos e saber como aplicá-las. Essas operações são conhecidas como: União de conjuntos, Interseção de conjuntos, Diferença de conjuntos, Complementar de conjuntos. O jogo de futebol representa uma operação entre dois conjuntos. União ou Reunião entre Conjuntos Chamamos de união entre os conjuntos A e B um conjunto gerado pelo agrupamento de todos os elementos do conjunto A com todos os elementos do conjunto B, ou seja, a união de A com B é o conjunto formado por todos os elementos pertencentes a A ou a B. Simbolicamente representamos a União entre dois conjuntos A e B, pelo símbolo , e de�nimos da seguinte maneira: Preste atenção no cognitivo “ou” na de�nição, com sentido inclusivo, ele é o indicador da união (ou reunião) entre conjuntos. Exemplo: Seja A = {1, 2, 3, 7} e B = {3, 5, 7}, então . Podemos representar essa operação também através de um diagrama: Propriedades da União: Sejam A, B e C conjuntos quaisquer, temos: A ∪ B A ∪ B = {x/x ∈ A ou x ∈ B} A ∪ B = {1, 2, 3, 5, 7} P1. P2. P3. Intersecção entre Conjuntos Consideramos como Intersecção entre os conjuntos A e B, um conjunto gerado pelos elementos que aparecem simultaneamente entre eles, ou seja, a intersecção de A com B é o conjunto formado pelos elementos comuns a A e B. Simbolicamente representamos a União entre dois conjuntos A e B, pelo símbolo , e de�nimos da seguinte maneira: O cognitivo “e” na de�nição, com sentido de simultaneidade, é o indicador da intersecção entre conjuntos, observe esse detalhe. Exemplo: Seja A = {1, 2, 3, 7} e B = { 3, 5, 7}, então . Como acontece com a União, podemos representar essa operação também por uma área hachurada em diagrama: Dois conjuntos A e B são chamados disjuntos se não tiverem nenhum elemento em comum. Em outras palavras, dois conjuntos são disjuntos se sua intersecção representar um conjunto vazio. Exemplo: Seja A = {1, 2, 3, 7} e B = { 5, 6, 8}, são disjuntos pois . A ∪ B = B ∪ A (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) A ⊂ B ⇔ A ∪ B = B A ∩ B A ∩ B = {x/x ∈ A e x ∈ B} A ∩ B = {3, 7} A ∩ B = ∅ Propriedades da União: Sejam A, B e C conjuntos quaisquer, temos: P1. . P2. . P3. . Por consequência desta propriedade temos que e . Além das propriedades anteriores, há duas propriedades que são importantes, elas envolvem operações de união e intersecção. P4. . P5. Analisando as operações de União e Intersecção entre os conjuntos A e B, é fácil veri�car que o número de elementos da união é igual a soma do número de elementos do conjunto A com o número de elementos do conjunto B subtraído do número de elementos da intersecção entre eles. Observe que se os dois conjuntos forem disjuntos temos Diferença entre Conjuntos Chamamos de diferença entre dois conjuntos A e B, nesta ordem, os elementos do conjunto A que não pertencem ao conjunto B. Observe que a diferença entre A e B é o conjunto formado pelos elementos exclusivos de A, istoé, retira-se de A o que for comum com B. A operação de diferença não é comutativa. Exemplo: Seja A = {1, 2, 3, 7} e B = { 3, 5, 7}, então A – B = {1, 2} e B – A = {5}. Note a diferença pela área hachurada nos diagramas: A ∩ B = B ∩ A (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) A ⊂ B ⇔ A ∩ B = A A ∩ ϕ = ϕ A ∩ A = A A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) n (A ∪ B) = n (A) + n (B) − n (A ∩ B) n (A ∪ B) = n (A) + n (B) Obs.: O conjunto gerado por A – B, quando todos os elementos do conjunto B são elementos de A, é chamado de complementar de B em relação a A, indicamos . , com . Exemplo: Sejam os conjuntos A = {2, 4, 6, 8, 9} e B = {4, 6, 8}. Vemos que , então o complementar de B em A é . A área hachurada do diagrama a seguir mostra esse complementar. Propriedades da diferença. Sejam A e B conjuntos quaisquer, temos: P1. . P2. . P3. . C B A C B A = A − B B ⊂ A B ⊂ A C B A = A − B = {2, 9} A ∩ B = ϕ ⇔ A − B = A A ≠ B ⇔ A − B ≠ B − A A ⊂ B ⇔ A − B = ϕ Resolução de Problemas Envolvendo Conjuntos Certas situações que se referem à conjuntos �nitos podem ser representados através de diagramas de Venn. Isso facilita de forma signi�cativa a sua resolução. Daremos como exemplo a resolução de um problema passa a passo. Exemplo resolvido: Uma pesquisa realizada com 200 pessoas teve como foco veri�car a e�ciência de um anúncio sobre dois produtos, A e B. Ao �nal dessa pesquisa veri�cou-se que, dos entrevistados, precisamente, 120 conhecem o produto A. 110 conhecem o produto B. 50 conhecem ambos os produtos. Quantas pessoas, dentre as entrevistadas na pesquisa, não conhecem nenhum dos produtos? Resolução: Pelas informações oferecidas no problema, o número de elementos do conjunto é 80. Para facilitar, iremos representar essa operação no diagrama indicando essa quantidade de pessoas. O conjunto A tem 120 elementos. Observe que desses, 50 já foram representados, faltando, portanto, 70 pessoas. Esse número é a quantidade de elementos do conjunto A – B. A ∩ B De mesmo modo do passo anterior, o conjunto B tem 110 elementos, como 50 já foram indicados, então o conjunto B – A tem 60 elementos. O diagrama mostra esse conjunto. Para �nalizar, o conjunto tem 70+50+60=180 elementos. Como estamos nos referindo a um universo de 200 pessoas, logo temos que 20 delas não conhecem o produto A nem o produto B. A ∪ B Conjuntos Numéricos AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Caro(a) aluno(a), número é um objeto matemático usado para descrever ordem, medida ou quantidade. Você se depara com números o dia todo, na escola, no trabalho, na igreja, no carro, na sua conta bancária, entre outros. Iremos fazer uma abordagem aos conjuntos formados por números, motivo pelos quais são chamados de conjuntos numéricos. Podemos agrupar números conforme alguma característica. Iremos tratar de alguns agrupamentos especí�cos que serão chamados de Conjunto dos Números Naturais, Conjunto dos Números Inteiros, Conjunto dos Números Racionais, Conjunto dos Números Irracionais e, por �m, Conjunto dos Números Reais. Vamos lá! Conjunto dos Números Naturais Nos deparamos com situações que envolvem contagens, quantos objetos existem em determinadas situações, quantos irmãos você tem, quantas pessoas tem sem seu trabalho, entre outras. Os números envolvidos no processo de contagem são chamados de Naturais. De�nimos como Conjunto dos Números Naturais aquele formado por todos os elementos usados no processo de contagem. Simbolicamente escrevemos: N = {0, 1, 2, 3, 4, ...} N * = {1, 2, 3, 4, ...} Conjunto dos Números Inteiros SAIBA MAIS Os homens primitivos não tinham necessidade de contar, pois o que necessitavam para a sua sobrevivência era retirado da própria natureza. A necessidade de contar começou com o desenvolvimento das atividades humanas. Fonte: Gongorra e Sodré (2016). ACESSAR http://www.uel.br/projetos/matessencial/fundam/numeros/numeros.htm Dizemos que um número k é inteiro se ele for natural ou oposto em relação a um natural. Mas o que é um número oposto? Dois números são chamados de opostos se a soma entre eles for zero, por exemplo, 2 e – 2 são opostos. Como 2 é natural ele é inteiro, ainda, –2 é inteiro, pois é oposto de um natural. É comum nos depararmos com várias situações de números negativos, por exemplo, um termômetro em Paranavaí que, em um dia de inverno, marcou 15° C acima de zero durante o dia, à noite e na manhã seguinte o mesmo termômetro passou a marcar 1° C abaixo de zero, é uma dessas situações. Quando indicamos acima de zero estamos nos referindo aos números positivos e quando falamos dos números abaixo de zero estamos referindo aos números negativos. Para reforçar, de�nimos como Conjunto dos Números Inteiros aquele constituído por todos os naturais unidos com os opostos dos naturais. Simbolicamente escrevemos. Z = {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ... } Conjunto dos Números Racionais Figura 2 - Termômetro graduado Fonte: @tow�qu999 em Freepik Outro conjunto importante é o chamado Conjunto dos Números Racionais. De�nimos como racional todo número que pode ser escrito na forma , com e . Em outras palavras, o conjunto dos números racionais é formado por todos os quocientes entre dois números inteiros a e b, com b sendo não nulo. Simbolicamente escrevemos: Você deve ter percebido que, pela de�nição, um número inteiro também é racional, basta ver que podemos escrever um inteiro k com a forma k/1. Alguns exemplos de racionais: a) 2,45 pois = 2,45. b) 8 pois = 8. c) 0,3333... pois Os números racionais podem ser representados de várias formas. A seguir listamos algumas: frações (próprias ou impróprias), números mistos (que é uma variação das frações impróprias), números decimais de escrita com forma �nita, dízimas periódicas, que são números decimais em cuja escrita aparecem períodos numéricos in�nitos. Veja: I) Em forma de fração ordinária: Exemplos: , , . II) Números mistos: Exemplos: , , . III) Números Decimais com forma �nita: Exemplos: ; ; . IV) Dízimas Periódicas: Exemplos: ; ; . Conjunto dos Números Irracionais a b a ∈ Z b ∈ Z∗ Q = {x = /a, b ∈ Zeb ≠ 0}a b =245 100 49 20 8 1 = 0, 3333...1 3 3 5 4 11 7 9 6 2 5 −3 1 4 34 19 0, 8 = 4 5 1, 22 = 61 50 −2, 5 = − 5 2 1, 6666... = 5 3 0, 727272... = 8 11 3, 3333... = 10 3 Vamos agora falar sobre outra classi�cação, o conjunto dos números irracionais. Para introduzirmos uma ideia inicial, imagine um triângulo retângulo isósceles, cujos catetos medem 1, que, com a aplicação do teorema de Pitágoras, conseguimos ver que a hipotenusa mede . O número encontrado para a hipotenusa é uma raiz não exata, logo não existe a possibilidade de escrevê-la como divisão entre dois números inteiros. Outro número irracional bem conhecido, surge da divisão entre o comprimento de uma circunferência de raio qualquer e seu diâmetro, que resulta um número constante e igual a 3,141592... que representamos pela letra grega π (lê-se pi). Note que nos exemplos citados, no primeiro caso temos uma raiz não exata e no segundo um número decimal não periódico. Ao conjunto dos números com essas características chamamos de conjunto dos números Irracionais. Outros exemplos de irracionais: 2,3456734... ; . Conjunto dos Números Reais Caro(a) estudante, você já teve contato com os números naturais, inteiros, racionais e irracionais. Algumas observações podem ser feitas, entre elas uma relação de inclusão entre esses conjuntos, por exemplo, todo natural é inteiro, logo, o conjunto dos naturais está contido no conjunto dos inteiros. Ainda, todo número inteiro é racional, logo o conjunto dos números inteiros está contido no conjunto dos racionais. Agora iremos introduzir um conjunto no qual todos os conjuntos citados até aqui estão contidos, o chamado Conjunto dos Números Reais. De�nimos como Conjunto dos Números Reais como sendo o conjunto formado por todos os números racionais e todos os irracionais. √2 √7 Simbolicamente o conjunto dos números reais é representado por ℝ. ℝ = {x/x é racionalou x é irracional} Exemplos: Os números 4; 3,25; e 0,444... são casos de números reais. Os números e são casos de números que não são reais. √7 √−16 6√−6 REFLITA Pitágoras dizia que o “Universo deve ser visto como um todo harmonioso, onde tudo emite um som ou vibração e obedece a uma ordem criada pelos números”. Os números estão muito enraizados em nosso dia a dia que nem pensamos mais sobre eles, mas o que eles representam? São formas apenas de medir ou quanti�car o que existe ao nosso redor? Fonte: Pereira (2013). Pronto! Você chegou ao �nal da Unidade I de nosso material. Passou por uma sequência didática que te proporcionou uma base sólida em conteúdos de Matemática Básica e Conjuntos. Aqui você estudou as expressões numéricas, teve contato com as operações elementares e o uso de sinais separadores, como colchetes, chaves e parênteses. Depois você estudou regra de três, que nada mais é do que problemas que envolvem grandezas diretas e inversas. Também envolvemos, neste material, o conceito de porcentagem, por ser algo cotidiano, a todo momento estamos trabalhando com isso. Fizemos um procedimento para calcular casos que envolvem esse conceito. Ainda ampliamos os nossos conhecimentos sobre expressões do primeiro grau, no caso equações e sistemas. Nas equações indicamos um procedimento para encontrar a solução e os sistemas que trabalhamos são os sistemas lineares com duas incógnitas. Finalmente, tratamos da teoria de conjuntos. Você notou que os conjuntos são caracterizados por coleção de elementos. Conforme a estrutura do conjunto podemos classi�cá-lo. Apresentamos algumas formas de classi�cação. Ainda vimos que existe uma álgebra estrutural para os conjuntos, que são as operações de união, intersecção e diferença, todas geram conjuntos. A primeira indica uma junção, a segunda o que se tem em comum e a terceira, os elementos que um conjunto tem e o outro não. Tratamos de problemas que envolvem conjuntos, neste caso usamos as operações juntamente com os diagramas de Venn. Para �nalizar, falamos sobre as classi�cações dos números, os chamados conjuntos numéricos, nos casos, números naturais, números inteiros, números racionais, números irracionais e números reais. Espero que você tenha aproveitado ao máximo esse material e que ele sirva como referência para futuras consultas. Conclusão - Unidade 1 Livro Filme Web Acesse o link https://matematicabasica.net/ ALVAREZ, T. G. A matemática da reforma Francisco Campos em ação no cotidiano escolar. 2004. 270 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) - Departamento de Matemática, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004. BETHLEM, A. Curso de mathematica. 5ª série. Porto Alegre: Livraria Globo, 1935. BIANCHINI, E. Curso de Matemática. São Paulo, Moderna, 2010. DANTE, L. R. Matemática-Contextos e Aplicações. São Paulo: Ática, 2011. GIOVANNI, J. R.; BONJORNO, J. R. Matemática uma nova abordagem. São Paulo: FTD, 2010. GIOVANNI, J.; CASTRUCCI, B. A Conquista da Matemática. São Paulo: FTD, 2010. GONGORRA, M.; SODRÉ, U. Ensino fundamental: Origem dos números. 2016. Disponível http://www.uel.br/projetos/matessencial/fundam/numeros/numeros.htm PAIVA, M. Matemática. São Paulo: Moderna, 2010. em: PEREIRA, M. do C. Matemática e música de Pitágoras aos dias de hoje. 2013. 95 f. Dissertação (Mestrado em Matemática) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. Unidade 2 Relações e Funções AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Introdução Olá, caro(a) aluno(a). Você já estudou a Unidade I, agora entraremos em nossa segunda unidade, nela estaremos introduzindo um dos conceitos mais importantes e fundamentais no estudo de vários assuntos em Matemática, que é: funções. Desenvolvemos a sequência didática pensando em propor uma orientação que aprimore o pensamento sobre os temas que serão aqui abordados. Em boa parte do que fazemos existem funções. Por exemplo, se você vai à pani�cadora comprar pão, estamos usando função, a quantidade de pães que pretende comprar está diretamente ligada com o dinheiro que você irá pagar. Também nos deparamos com outros casos de funções, como o número de questões que você acerta em um teste estará ligado com a nota que irá tirar, velocidade de um automóvel e o tempo de duração de uma viagem, entre outros. Mas o que é função? Para responder essa pergunta nossa unidade irá se iniciar com o conceito de plano cartesiano, faremos uma explanação para que você tenha a possibilidade de localizar pontos no plano. Se você já jogou batalha naval sua vida irá ser facilitada. Em seguida faremos um estudo sobre o produto cartesiano, que nada mais é do que uma operação envolvendo conjuntos. Também iremos falar sobre as relações binárias, que são subconjuntos de um produto cartesiano, este assunto é importante pois nos remeterá uma base para as funções. A partir das relações binárias estudaremos os casos elementares de funções, bem como sua de�nição e ainda iremos representá-las com notações especiais. E, para �nalizar, iremos fazer um estudo das funções do primeiro grau. Essa função é amplamente usada em várias áreas do conhecimento, como Engenharia, Química, Física, Geogra�a, Economia e outras. Ainda estudaremos as desigualdades, em especial o caso da inequação do primeiro grau. Espero que você aproveite ao máximo esta unidade, até porque ela é uma referência inicial para as Unidades III e IV deste material. Vamos começar? Bons estudos! Plano Cartesiano AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Chama-se de Sistema de Coordenadas no plano cartesiano um esquema usado para especi�car pontos no plano. Ele é formado por dois eixos perpendiculares, um horizontal, chamado abscissa, é representado por x, e outro vertical, chamado de ordenada, e representado por y. Os eixos são enumerados e orientados conforme o conjunto dos números reais com o encontro dos eixos sendo o zero, chamado de origem do sistema. A seguir temos uma �gura que representa esse plano cartesiano. Esse sistema recebe esse nome por ter sido criado por René Descartes. Figura 1 – Plano cartesiano Fonte: o autor. A indicação de uma localização, as chamadas coordenadas cartesianas, é da forma (x,y). Assim, se queremos o ponto P(a,b), primeiramente observamos o valor a no eixo x, fazemos uma linha r paralela à y, passando por a, e, em seguida, observamos o valor b no eixo y, traçamos outra linha t paralela à x, passando por b. O encontro de r e t é o ponto P. Por exemplo, vamos localizar o ponto P(2,1). Figura 2 - Localização de P Fonte: o autor. Exemplo resolvido: Indique no plano cartesiano os seguintes pontos: A(2, 3), B(–2, 1), C(–4, 3), D(–1, –2), E(4, 0) e F(0, –3) Resolução: Prosseguindo de forma equivalente ao exemplo do ponto P indicado anteriormente temos: Quadrantes Percebemos que, como os eixos se interceptam formando 90º, eles dividem o plano em quatro regiões, designadas quadrantes, que indicaremos, no sentido anti- horário, primeiro, segundo, terceiro e quarto quadrante, contados a partir do lado positivo do eixo x, qualquer ponto que não se encontrar sobre os eixos, estará localizado nos quadrantes. Figura 3 - Indicação dos quadrantes Fonte: o autor. Observe que no 1. Primeiro quadrante temos x e y valores positivos. 2. Segundo quadrante temos x negativo e y positivo. 3. Terceiro quadrante temos x e y negativos. 4. Quarto quadrante temos x positivo e y negativo. Observando o exemplo anterior, vemos que A(2, 3) está no primeiro quadrante, B(– 2,1) e C(–4, 3) estão no segundo quadrante, D(–1, –2) está no terceiro quadrante, E(4,0) está sobre o eixo das abscissas e F(0, –3) está no eixo das ordenadas. Produto Cartesiano Dados dois conjuntos não vazios, A e B, de�nimos produto cartesiano A por B, nesta ordem, o conjunto formado por todos os pares ordenados (x,y) de forma que x pertence a A e y pertence a B. Então AxB = {(x,y) / x A e y B} Observe que, de forma geral, temos AxB diferente de BxA. Não é difícil notar que o número de elementosdo produto cartesiano pode ser dado por: n(AxB) = n(A).n(B). ∈ ∈ Propriedades: 1. A² = AxB. 2. Ax = 3. x = Exemplo resolvido: Sendo A = {x / x – 3 < –1} e B = {x / –2 < x ≤ 1}. Determine o produto AxB. Resolução: No conjunto A temos x – 3 < –1, então x < –1+3, logo x < 2, assim A = {0, 1}. O conjunto B está bem de�nido, são os inteiros entre – 2 e 1 incluindo 1, assim B = { – 1, 0, 1}. Agora temos que AxB = {(0, –1); (0,0); (0, 1); (1, –1); (1,0); (1, 1)}. Relação Binária Dados dois conjuntos não vazios A e B, chama-se relação binária de A em B qualquer subconjunto do produto cartesiano A x B. Normalmente esses subconjuntos estão associados a uma lei de formação. Obs.: o número de relações é dado por: 2n(A).n(B). Exemplos resolvidos: ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ∈ N ∈ Z 1) Considere os seguintes conjuntos: A = { –2, –1, 0, 1, 2} e B = {0, 1, 2, 3, 4,5}. Represente cada um dos conjuntos com o uso de diagrama de �echas. 1. R1 = {(x, y) A x B / y = x + 1} 2. R2 = {(x, y) A x B / y = x2 – 1} Resolução: Em ambos os casos devemos substituir o valor de x pelos elementos de A em suas respectivas leis de formação e relacionar o resultado y, se estiver contido, com os elementos em B. 1. R1 = {(–1, 0); (0, 1); (1, 2); (2, 3)} 2. R2 = {(–2, 3); (–1, 0); (1, 0); (2, 3)} Obs.: quando temos uma relação R de A em B, chamamos de domínio de R o conjunto dos elementos x de A usados e de imagem de R os valores y de B relacionados com elementos de A. 2) Seja P uma relação de�nida por P = {(a, b) ; a + b = 2}. Indique os elementos de P. Resolução: Vemos que se a +b =2, então b = 2 – a. Então como a e b são naturais, eles não podem ser negativos, daí, o maior valor para a é 2. Assim, se a =0, então b = 2 – 0 = 2. se a = 1, então b = 2 – 1 = 1. se a = 2, então b = 2 – 2 = 0. Logo , P = {(2,0), (1, 1), (0, 2)}. ∈ ∈ ∈ N 2 Função AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Agora, você, estudante, terá contato com a de�nição de função. Um conceito matemático importante para várias ciências, tais como Engenharia, Física, Economia, Biologia entre outras. Exemplos: o crescimento de bactérias se dá através de uma função que associa o tempo com o número de bactérias, a compra de um item no supermercado também é uma função do dinheiro que você leva para tal �m, o consumo de gás em sua cozinha dentre outros casos. Mas o que é uma função? Sejam dois conjuntos não vazios A e B, chamamos de Função de A em B toda relação que associa cada elemento de A a um único elemento em B. Todo elemento de uma função é da forma (x, y), por efeito de notação usamos: (x, f(x)). Exemplos resolvidos: 1) Indique se cada uma das relações abaixo representa função: a) b) c) d) e) f) Resolução: a) Pela de�nição, é uma função. b) Não é função, pois do primeiro conjunto, o elemento “a” está relacionado com “x” e com “y”, contrariando a de�nição. c) Temos uma função. d) Não é função. No primeiro conjunto existe um elemento sem relação com algum elemento do segundo conjunto, ou seja, está sobrando um elemento. e) É uma função, basta observar a de�nição. f) É uma função. 2) Sejam os conjuntos A = {0, 1, 2, 3} e B = { x / 2x – 9 < 7}. Considere a função f: A → B de�nida por y = f(x) = 2x + 1. Calcule f(0), f(1), f(2) e f(3). Faça um diagrama de �echas indicando a função. Resolução: Vemos que 2x – 9 < 7, então 2x < 7 + 9. Assim 2x < 16 implica em x < 8. Logo B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}. Desta forma: f(0) = 2.0 + 1 = 0 + 1 = 1 f(1) = 2.1 + 1 = 2 + 1 = 3 f(2) = 2.2 + 1 = 4 + 1 = 5 f(3) = 2.3 + 1 = 6 + 1 = 7 Domínio, Contradomínio e Imagem de uma Função Anteriormente comentamos que um botijão de gás é uma função do tempo de uso. Por exemplo, se você consome em média 500g de gás por dia e seu botijão é de 13 kg então ele irá durar 26 dias. O tempo que ele irá durar é chamado de domínio da função. A seguir iremos conceituar o domínio e introduziremos os conceitos de contradomínio e imagem. Chamamos de domínio de uma função real f: A R → B R o conjunto formado ∈ N ∈ ∈ pelos elementos de A. Em tese, quando precisamos descobrir esse conjunto A pensamos em todos os valores que podem ser atribuídos à variável independente. Indicamos pelo nome imagem de uma função o conjunto dos elementos de B que estão relacionados com os valores do domínio. O contradomínio de uma função é o conjunto em que estão os elementos que podem estar relacionados com os elementos do domínio. Podemos resumir se f: A R → B R dizemos que A é o domínio, B é o contradomínio e os elementos de B que estão relacionados com algum de A são chamados de imagem de f. Dada a função f: A → B escrevemos: Domínio da função: Dom f = A. Contradomínio da função: Cd f = B. Imagem da função: o conjunto imagem é o conjunto dos elementos y de B que estão associados a x de A. Exemplo resolvido: Sejam os conjuntos A = {–1, 0, 1, 2} e B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Obtenha o domínio, contradomínio e imagem da função f: A B de�nida por f(x) = x² + 2. Resolução: Dom f = A Cd f = B Ainda para obter a imagem: f(– 1) = (– 1)² + 2 = 1 + 2 = 3 f(0) = 0² + 2 = 0 + 2 = 2 f(1) = 1² + 2 = 1 + 2 = 3 f(2) = 2² + 2 = 4 + 2 = 6 Logo Im f = {2, 3, 6}. ∈ ∈ → Função Real de Variável Real AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Chamamos de grá�co uma �gura cujo objetivo é a transmissão de uma informação qualquer. O grá�co é uma maneira de representarmos, visualmente, determinadas situações que envolvem dados numéricos relacionando grandezas. Os meios de comunicação (revistas, jornais, televisão) se utilizam frequentemente deste recurso para transmitir de forma clara, simples e compacta indicadores �nanceiros, resultados de pesquisas, dados estatísticos dentre vários outros tipos de informações. O termo grá�co matemático, geralmente é usado quando estamos querendo descrever uma situação por meio de uma condição que é satisfeita. Dentre as representações grá�cas mais comuns em matemática está o grá�co de uma função. Podemos representar gra�camente uma função usando vários tipos de grá�cos, de barras, correspondência ou relação entre conjuntos, grá�co cartesiano. Reconhecimento de Funções através de Grá�cos Chamamos de grá�co cartesiano de uma função o conjunto de todos os pontos (x,y) que satisfazem a condição y = f(x). Podemos também dizer que o grá�co de uma função é o conjunto de todos os pontos do plano da forma (x, f(x)), com x variando no domínio de f. Os grá�cos cartesianos nos fornecem “a forma” geométrica de uma função, bem como suas principais características. Observe que: A projeção do grá�co de uma função sobre o eixo das abscissas é o domínio da mesma. A projeção do grá�co de uma função sobre o eixo das ordenadas é a imagem da mesma. Para que uma relação binária seja função, cada x do domínio deve estar associado com um único y no contradomínio. Assim, podemos identi�car se um grá�co cartesiano representa uma função traçando retas paralelas ao eixo y. Então você pode notar que se todas essas retas verticais interceptam o grá�co em apenas um ponto, então, temos uma função. Observe as �guras a seguir: Nessas �guras note que a lei de formação de ambas tem domínio o intervalo D = [x₁, x₂]. Mas I não representa função pelo fato existir um x D com mais de uma imagem, enquanto II representa uma função. Exemplo resolvido: Dos grá�cos a seguir, indique quais representam funções e, caso a�rmativo, obtenha o domínio e a imagem. Resolução: Os grá�cos representados em a) e b) não são funções. Para ver isso basta traçar retas paralelas ao eixo y que veremos intersecção em mais de um ponto. ∈ Isso não ocorre no grá�co representado em c). Então temos uma função f. O domínio da função é a projeção do grá�co sobre o eixo x e a imagem é a projeção sobre o eixo y. Crescimento e Decrescimento de Função Seja f uma função real cujo domínio é o conjunto D. Considere R um subconjunto de D, então: f é crescente em R, se e somente se, para quaisquer valores x₁ e x₂ pertencentes a R, com x₁ < x₁ temos f(x₁)< f(x₂). f é decrescente em R, se e somente se,para quaisquer valores x₁ e x₂ pertencentes a R, com x₁ < x₂ temos f(x₁)> f(x₂). f é constante em R, se e somente se, para quaisquer valores x₁ e x₂ pertencentes a R, com x₁ ≠ x₂ temos f(x₁) = f(x₂). A seguir temos dois grá�cos de funções, o primeiro crescente e o segundo decrescente. Exemplo resolvido: Determine os intervalos onde a função a seguir é crescente, decrescente ou constante. Resolução: Observando a disposição do grá�co temos que a função é crescente nos intervalos [–1, 1] e [3,4]. Decresce nos intervalos [–3, –1] e [1, 3] e é constante no intervalo [4, 5]. Zeros ou Raízes de uma Função Chamamos de raiz de uma função f, o valor de x pertencente ao seu domínio tal que f(x) = 0. Para obtermos a raiz ou, em alguns casos, as raízes de uma função basta simplesmente resolver a equação gerada quando igualamos a zero a sentença da função. Dependendo da natureza da sentença da função e do domínio, ela pode não possuir raízes reais, pois pode não existir no seu domínio nenhum elemento que a anule, bem como possuir in�nitas raízes. Exemplo resolvido: Determine a raiz da função . Resolução: Devemos obter o valor de x para que f(x)=0. Assim: Representação da Raiz no Grá�co Como vimos anteriormente, a raiz de uma função é obtida resolvendo a equação f(x) = 0. Então temos que os pontos nessa condição têm como característica (x,0). Observe o grá�co da função seguinte e perceba que alguns dos seus pontos estão localizados sobre o eixo das abscissas. f (x) = 3x−6 x2+1 = 0 3x − 6 x2 + 1 3x − 6 = 0 3x = 6 x = 2 Figura 4 - Representação de uma função f. Fonte: o autor. Esses pontos têm como característica (x,0). Todo elemento do domínio da função que tem como imagem o elemento 0, é uma raiz da função. Em resumo, para que você determine as raízes, veri�que os valores de x onde o grá�co tem intersecção com o eixo das abscissas. Sinais de uma Função AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Quando estudamos os conceitos iniciais de funções onde o seu domínio e contradomínio são subconjuntos dos números reais, vimos que os valores de y são funções dos valores de x, isso signi�ca que os valores de y dependem de x. Conforme a natureza da lei de formação da função poderá ter valores positivos, negativos ou zero para y. Fazer análise de sinal de uma função é exatamente indicar, no domínio, onde existe essa variação. Por exemplo, a curva de Gauss a seguir é uma função positiva. No plano cartesiano, quando traçamos o grá�co de uma função, temos que a parte acima do eixo x tem valores para y positivos e abaixo, negativo. Exemplo resolvido: A função f a seguir tem domínio D = {x / -1 ≤ x < 4}. Faça a análise de sinal dessa função. Resolução: ∈ R Os valores de x onde a função intercepta o eixo x são as raízes, então temos f(x) = 0. Assim a função se anula em –1, 0 e 2. Analisando o sentido do sinal do eixo y temos: Concluímos: f(x) > 0 para no intervalo {x / –1 < x < 0} e também em {x / 0 < x < 2}. f(x) < 0 para no intervalo {x / 0 < x < 2}. Domínio Real de Funções Uma função real de variável real é uma função em que tanto os elementos do conjunto de partida ou domínio, bem como o conjunto imagem são números reais, isto é, pertencem ao conjunto R, e representa-se por f: R R. As funções de�nidas pelas sentenças f(x) = 2x + 3, f(x) = x2 + 4x + 3, f(x) = -5x + 1/2, são exemplos de funções reais de variável real. Se substituirmos x por um valor real, ao realizar as operações obteremos sempre um número real f(x). Pode acontecer que nem todos os números reais tenham imagem pela função. Nesta �gura temos várias fórmulas matemáticas, mas algumas delas você não pode usar qualquer valor real nas variáveis. ∈ R ∈ R ∈ R O conjunto formado pelos números reais que têm imagem chama-se domínio real. Em geral, uma função real de variável real tem a seguinte expressão f: A → R, onde A é um subconjunto dos números reais. Para se obter o domínio real devemos analisar a condição de existência da lei de formação da função. Exemplos resolvidos: 1) Qual o domínio da função real de�nida por ? Resolução: Temos uma função cuja lei de formação é uma raiz quadrada. Então temos que existe se . Assim, o domínio será o conjunto dos valores reais de x, tais que: Logo, Dom f = 2) Escreva o domínio da função . Resolução: A lei da função é uma fração, então se temos , a condição de existência da sentença é . Assim , logo devemos ter . Concluímos que: Dom f = f(x) = √2x + 4 √k k ≥ 0 2x + 4 ≥ 0 2x ≥ −4 x ≥ − 4 2 x ≥ −2 {x ∈ R/x ≥ −2} f(x) = x 2−7x+12 x−1 a b b ≠ 0 x − 1 ≠ 0 x ≠ 1 {x ∈ R/x ≠ 1} Funções Polinomiais do 1º Grau AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Em uma loja o vendedor João recebe um salário �xo mensal de R$ 2300,00 e uma comissão de 5% sobre o total de vendas que ele faz. Em um mês que ele vender R$ 10000,00, por exemplo, receberá um salário (S) igual a R$ 2300,00 + 0,05.(R$ 10000,00) que equivale R$ 2800,00. Observamos que o salário mensal desse vendedor é dado em função do valor x, em reais que ele vender. Logo, podemos dizer que seu salário S(x) é dado por: S(x) = 2 300,00 + 0,05.x Uma outra situação: um taxista cobra uma taxa �xa de R$ 4,30, chamada bandeirada, mais R$ 0,60 por quilômetro rodado. Então, um cliente que usar o táxi por 25 quilômetros, pagará a quantia (Q) de R$ 4,30 + R$ 0,60.25 que é R$ 19,30. Então, se um cliente percorrer x quilômetros nesse táxi, ele pagará Q(x) = 4,3 + 0,6x Esses dois casos são tipos de funções a�ns que estaremos retratando nesta unidade. Função A�m Chamamos de função polinomial do primeiro grau aquela cuja fórmula é expressa por um polinômio de grau 1. Então, dizemos que uma função é do primeiro grau, ou a�m, se ela é de�nida como: f(x) = ax + b, com {a, b} R e a ≠ 0. Para que uma função seja considerada a�m ela deverá assumir alguma característica: toda função do 1º grau deve ser de�nida de um conjunto dos reais para o outro pertencente aos reais. O valor a é chamado coe�ciente angular, b coe�ciente linear e x é a variável independente da função. Exemplo resolvido: Determine o coe�ciente angular e linear das funções. a) f(x) = x + 2 b) y = -2x + 6 c) f(x) = 7x Resolução: Comparando as sentenças com a forma da lei de formação da função a�m, temos que: ⊂ a) a = 1 e b = 2 b) a = –2 e b = 6 c) a = 7 e b = 0 Zero ou raiz de uma função do primeiro grau Chamamos de zero ou raiz de uma função do primeiro grau o valor que atribuímos à x, para que f(x) seja igual a zero. Encontramos a raiz dessa função igualando ax + b a zero, e ao resolver essa equação temos que a raiz da função a�m é . Exemplo resolvido: Determine a raiz da função f(x) = 2x – 4. Resolução: A raiz de f é o valor de x para que f(x) = 0, assim: 2x – 4 = 0 2x = 4 x = 2 (raiz) −b a SAIBA MAIS Quando o tronco de uma árvore écortado, é fácil notar que existem círculos escuros. Cada círculo desse échamado de anel de crescimento. Cada anel corresponde a um ano de vida. Nasespécies de regiões tropicais, como é o caso do Brasil, os anéis são difíceisde de�nir. Os anéis são contados de dentro para fora, a partir da medula. Nasárvores que vivem em regiões de clima temperado esses anéis são bem fáceis decontar. Podemos associar essa contagem a uma função do primeiro grau. Fonte: Santos (2020). Grá�co da Função do Primeiro Grau Como vimos no começo desta aula, chamamos de grá�co cartesiano de uma função o conjunto de todos os pontos (x,y) que satisfazem a condição y = f(x). Assim, podemos construir o grá�co da função do primeiro grau colocando os pontos (x, ax + b) no plano cartesiano. Inicialmente, vamos representar gra�camente uma função do primeiro grau atribuindo valores arbitrários para x e obtendo suas respectivas imagens. Para visualizarmos o comportamento de um grá�co, usaremos a função do taxista apresentada na introdução, Q(x) = 4,3 + 0,6x. Construiremos um quadro atribuindo distâncias x, e indicando o valor Q(x). Observe que, como estamos tratando de distância, neste caso, não temos valores tais que x < 0. Colocandono plano cartesiano os pontos apresentados na tabela, e levando em consideração que podemos usar qualquer valor real para x, temos o seguinte grá�co: Quadro 1 - Referente a função Q(x) Distância percorrida (km) Valor (em reais) x y 0 4,30 1 4,90 2 5,50 3 6,10 4 6,70 Fonte: o autor. Figura 5 - Grá�co referente a Q(x) Fonte: o autor. O grá�co da função do primeiro grau é constituído por uma reta inclinada, que pode ser crescente ou decrescente, podendo determiná-lo apenas com dois pontos. Exemplo resolvido: Construir o grá�co da função de�nida por f(x) = –x + 3. Resolução: Vemos que temos uma função do primeiro grau, logo seu grá�co será uma reta. Basta, para a construção desse grá�co sabermos dois de seus pontos. Mas, traçaremos através de cinco pontos. f(x) = –(–2) + 3 = 2 + 3 = 5 f(x) = –(–1) + 3 = 1 + 3 = 4 f(x) = –0 + 3 = 3 f(x) = –1 + 3 = 2 f(x) = –2 + 3 = 1 R → R Figura 6 - Grá�co de f. Fonte: o autor. Conclusões da Análise Grá�ca Perceba que no caso do taxista, Q(x) = 4,3 + 0.6x, à medida que os valores de x no domínio aumentam, os valores de f(x) na imagem também aumentam. Já no exemplo resolvido, f(x) = –x + 3, à medida que os valores de x aumentam, vemos que os valores de y fazem o sentido contrário, ou seja, diminuem. Assim, podemos concluir que a função do taxista é crescente e a do exemplo resolvido é decrescente. O que determina se uma função do primeiro grau é crescente ou decrescente é o coe�ciente angular a. Se a > 0, a função será crescente; a < 0, a função será decrescente. Outra observação que você pode notar é que a reta de uma função do primeiro grau toca o eixo y (eixo das ordenadas) quando x = 0, assim teremos f(0) = b, logo tocará no ponto correspondente ao coe�ciente b, ou seja, em (0, b). Ainda, você deve ter percebido que a reta de uma função do primeiro grau toca o eixo x (eixo das abscissas) com coordenadas (x, 0). Assim, teremos um ponto correspondente à sua raiz, logo, sempre haverá o ponto (–b/a, 0). Análise de Sinais Analisar o sinal da função a�m é determinar os intervalos em que a função tem imagem positiva, negativa, bem como os valores em que a função se anula. Para tal, devemos determinar o valor da raiz e, em seguida, veri�car o grá�co de f. Os valores da função que �carem acima de zero têm sinal positivo e abaixo, valores negativos. Com base no formato do grá�co da função do primeiro grau temos a seguinte análise: Função Constante Seja f: R R, f é uma função constante se, e somente se, f(x) = k com k R. Note que a função não depende de x, logo, sua imagem é sempre k, ou seja, Im f = { k }, motivo pelo qual é chamada de função constante. Seu grá�co é uma reta paralela ao eixo x. Se a > 0 Se a < 0 se se se se se se f(x) > 0 x > − b a f(x) < 0 x < − b a f(x) = 0 x = − b a f(x) > 0 x < − b a f(x) < 0 x > − b a f(x) = 0 x = − b a → ∈ Inequações do 1º Grau AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Caro(a) aluno(a), �zemos um estudo sobre as funções do primeiro grau, incluindo a análise de sinal dessas funções. A ideia para trabalharmos com inequações do primeiro grau é observar o comportamento da função do primeiro grau. De�nimos como inequação do 1° grau, na incógnita x, qualquer expressão do 1° grau, com a, b sendo números reais com a ≠ 0, que pode ser reduzida a uma das seguintes formas: ax + b > 0; ax + b < 0; ax + b ≥ 0; ax + b ≤ 0. Por exemplo, as expressões –5x + 9 > 0, 2x – 10 ≤ 0, 6x + 7 ≤ 0 e 12 – 8x < 0 são inequações do 1º grau. Exemplo resolvido: A �gura a seguir mostra uma balança ao �nal de uma pesagem. Em cada um dos pratos há um peso de valor conhecido e esferas de peso x, todos representados na mesma unidade de medida. A expressão matemática que relaciona os pesos nos pratos da balança é: a) 3x - 5 < 8 - 2x b) 3x - 5 > 8 - 2x c) 2x + 8 < 5 + 3x d) 2x + 8 > 5 + 3x. e) 3x + 8 > 5 + 2x. Resolução: Observe que o peso no segundo prato é menor que o do primeiro, assim: x + x + 8 < x + x + x + 5, logo 2x + 8 < 5 + 3x. A resposta correta é a C. Os métodos para solucionar uma inequação do 1º grau são bem simples. Podemos fazer a análise de sinal da função f(x) = ax + b e veri�car o intervalo que satisfaz a desigualdade ou simplesmente isolar a incógnita e, caso façamos uma operação que envolva a necessidade de um produto por número negativo, em especial –1, invertemos o sinal da desigualdade. Exemplos resolvidos: 1) Resolva a inequação –2x + 7 > 0. Resolução: 1º modo: Usamos o procedimento semelhante ao da resolução de uma equação do 1º grau: –2x > –7, Multiplicando por (-1) 2x < 7 x < 7/2 Portanto, a solução da inequação é S = { x R/ x < 7/2}. 2º modo: Podemos utilizar a análise de sinal da função f(x) = –2x + 7. Observe que temos uma função do primeiro grau decrescente. Igualando a função a zero, obtemos uma raiz que é x = 7/2. Assim, tomando o intervalo em que a função é negativa temos: ∈ Logo, a solução da inequação é S = { x / x < 7/2}. 2) Determine a solução da inequação: 5(x + 1) – 5 ≤ x + 4. Usaremos 1º modo apresentado no exemplo 1. Primeiramente devemos eliminar os parênteses, efetuando uma multiplicação dos parênteses, depois isolamos a incógnita x em um dos membros da desigualdade. 5(x + 1) – 5 ≤ x + 4 5x + 5 – 5 ≤ x + 4 5x – x ≤ 4 4x ≤ 4. Assim, temos x ≤ 1. Então a solução da inequação é S = {x R/ x ≤ 1}. ∈ R ∈ REFLITA Nós encontramos em nosso dia-a-dia o uso de função com duas variáveis. Usamos funções ao associarmos a quantidade de leite que compramos ao valor pago, número do sapato em função do tamanho dos pés, ou pessoa em função da impressão digital, entre outros casos. Você percebeu alguma função nas suas atividades hoje? Fonte: o autor. Você terminou mais uma unidade. Mais uma etapa concluída! No decorrer desta unidade você se deparou com o Plano Cartesiano, um instrumento de localização dentro de um plano. Ainda, falamos um pouco sobre o conceito de relação binária e, em seguida, o foco principal: as funções. Durante a unidade você deve ter notado a importância que as funções têm em nosso cotidiano. Encontramos funções nas mais variadas situações, ao fazer compras, ao escolher um plano de saúde, cálculo de custos �nanceiros, consumo de combustível em um automóvel, entre outras. A base para o conceito de funções é a correspondência unívoca entre variáveis. Ainda falamos sobre as particularidades de uma relação e quando elas são consideradas funções. As leis que regem as funções são regras de correspondência entre dois conjuntos, sejam eles �nito ou in�nito. Também abordamos o caso particular da função do primeiro grau, uma função que relaciona duas grandezas através de uma reta, tem equação f(x) = ax + b. Como a construção de uma reta se dá por dois pontos diferentes, para representar gra�camente a função do primeiro grau, além do valor inicial, precisamos de outro ponto. Você não deve esquecer que as retas, de acordo com o sinal do seu coe�ciente angular, podem ser classi�cadas como crescente ou decrescente. Elas são amplamente usadas na Física, em movimento uniforme, em Economia, nas curvas de oferta e de demanda que um produto representa, respectivamente, as quantidades que vendedores e consumidores estão dispostos a comercializar em função do preço do produto, que, em alguns casos, essas curvas podem ser representadas por retas. Por �m, as inequações. Estas são sentenças matemáticas abertas indicadas por alguma desigualdade. Espero que você tenha aproveitado ao máximo os conceitos aqui apresentados, pois eles serão base para as unidades seguintes. Bons estudos! Conclusão - Unidade 2 Livro Filme ALVAREZ, T. G. A matemática da reforma Francisco Campos em ação no cotidiano escolar. 2004. 270 f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) - Departamento de Matemática, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004. BETHLEM, A. Curso de mathematica. 5ª série. Porto Alegre: Livraria Globo, 1935. BIANCHINI, E. Curso de Matemática. São Paulo, Moderna,2010. DANTE, L. R. Matemática-Contextos e Aplicações. São Paulo: Ática, 2011. GIOVANNI, J. R.; BONJORNO, J. R. Matemática uma nova abordagem. São Paulo: FTD, 2010. GIOVANNI, J.; CASTRUCCI, B. A Conquista da Matemática. São Paulo: FTD, 2010. GONGORRA, M.; SODRÉ, U. Ensino fundamental: Origem dos números. 2016. Disponível http://www.uel.br/projetos/matessencial/fundam/numeros/numeros.htm PAIVA, M. Matemática. São Paulo: Moderna, 2010. em: SANTOS, V. S. dos. Anéis de crescimento. 2020. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/aneis-crescimento.htm. STEWART, J. Cálculo. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Unidade 3 Funções Polinomiais AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Introdução Caro(a) aluno(a), começaremos o nosso estudo sobre funções polinomiais. Iremos de�ni-las e introduzir alguns conceitos. As funções polinomiais são objeto de estudo da matemática há séculos, servindo como um processo para facilitar o cálculo de raízes equações gerais que envolvem polinômios. Já estudamos um caso de função polinomial, a função do primeiro grau. Aqui faremos uma abordagem mais geral do que são essas funções. Falaremos sobre valor numérico e raízes dessas funções. Daremos foco, nesta unidade, às funções polinomiais quadráticas, aquelas do segundo grau, pois são uma função interessante e vemos aplicações com uma frequência maior. Vários dos tópicos abordados serão conceitos que você, acredito, já conheça, pois são abordados no ensino médio. Mas, se você não teve contato ainda, não tem problemas, você vai conseguir se localizar neste tipo de função de uma forma rápida. Para que possamos fazer um estudo interessante em funções do segundo grau, faremos uma breve revisão, no decorrer da unidade, do processo de resolução de uma equação do segundo grau. Como disse, iremos nos concentrar em estudar, nesta unidade, a análise da função polinomial do 2º grau que depende de uma �gura plana que será chamada de parábola. Iremos construir seu grá�co e indicar os pontos notáveis a essa construção. Para ver o formato do grá�co, imagine você regando as plantas de um jardim com uma mangueira. Quando você direciona obliquamente o jato dessa mangueira para cima, consegue-se perceber o sentido da água: é uma parábola. Ainda, em um jogo de basquete, com um atleta fazendo um arremesso de longe, percebemos que a bola faz a trajetória de uma parábola, como citaremos adiante. Essa função tem papel importante em outras ciências, principalmente em física nos movimentos uniformemente variados, queda livre etc. Então, vamos estudar! Bons estudos! Funções Polinomiais AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Caro(a) aluno(a), iremos citar agora uma função particular, as chamadas funções polinomiais. Mas quais funções podemos chamá-las de polinomiais? Como o próprio nome diz, as funções polinomiais são de�nidas por expressões polinomiais. Elas são representadas por: f(x) = aₙ . xⁿ + aₙ₋₁ . xⁿ⁻¹ + ... + a₂ . x² + a₁ . x + a₀ onde, n: número inteiro positivo ou nulo x: variável a₀, a₁, .... aₙ₋₁, aₙ: coe�cientes aₙ . xₙ, aₙ₋₁ . xₙ₋₁, ... a₁ . x , a₀: termos Exemplos: As funções f(x) = 3x³ – 5x² + 2x – 7 e g(x) = x⁶ – 5x⁴ + 2x² + 4 são funções polinomiais. Valor Numérico e Raiz da Função Polinomial Para encontrar o valor numérico de um polinômio, substituímos um valor numérico na variável x, caso o valor encontrado seja zero, dizemos, então, que o valor substituído é uma raiz. Exemplo resolvido. Qual o valor numérico de f(x) = x³ + x² – 5x + 3 para x = 2? Resolução: Para responder essa pergunta basta substituir o valor de x na função por 2. Assim, f(2) = 2³ + 2² – 5.2 + 3 = 8 + 4 – 10 + 3 = 5. Se ao invés de x = 2 tivéssemos x = 1, olha o que iria acontecer: f(1) = 1³ + 1² – 5.1 + 3 = 1 + 1 – 5 + 3 = 0 Como o resultado foi zero temos que 1 é uma raiz de f. Grau dos Polinômios Iremos chamar de grau de uma função polinomial o maior expoente que ela apresentar. Por exemplo: A função f(x) = 3x³ – 5x² + 2x – 7 tem grau 3 e a função g(x) = x⁶ – 5x⁴ + 2x² + 4 tem grau 6. Função do Segundo Grau AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Caro(a) aluno(a), já sabemos o que é uma função polinomial, agora iremos falar de um caso particular dessas funções, aquele que o grau é 2, a função do segundo grau, conhecida também como função quadrática. Dizemos que uma função é do 2º grau ou quadrática se for de�nida pela lei de formação f(x) = ax² + bx + c ou y = ax² + bx + c, com a, b e c números reais e ≠ 0. Além disso, uma função, para ser do 2º grau, deve assumir uma característica: o seu domínio e seu contradomínio devem ser subconjuntos dos números reais. Os números a, b e c são chamados coe�cientes e, em particular, c é dito termo independente de x. O adjetivo quadrática no nome da função vem da palavra latina quadratum, que signi�ca quadrado. Em álgebra, um termo como x2 é chamado de quadrado pelo fato de representar a área de um quadrado de lado x. Em uma função do segundo grau, os valores de b e c podem ser iguais a zero. Se isso ocorrer, dizemos que a função é incompleta. Exemplos: Em f(x) = 2x² – 6x + 9 temos a = 2, b = – 6 e c = 9, logo, a função é chamada de completa. A função g(x) = 4x² – 2x é chamada de incompleta, pois a = 4, b = – 2 e c = 0. Mesma coisa acontece com h(x) = – 3x² que tem a = –3, b = 0 e c = 0, é incompleta. Construção do Grá�co de uma Função do 2º Grau Você irá perceber, sem muitas di�culdades, quando temos um grá�co que representa uma função do segundo grau. A representação no plano cartesiano do grá�co da função quadrática é uma parábola que, conforme o sinal do valor do coe�ciente a, possui concavidade voltada para cima ou para baixo. Chamamos de concavidade a abertura da parábola. Por exemplo, em um jogo de basquete, alguns arremessos fazem uma trajetória em formato de parábola. Pelo fato de o grá�co de uma função polinomial do 2° grau ser uma parábola e não uma reta, como no caso de uma função a�m, estudada na unidade anterior, para montarmos o seu grá�co não nos basta conhecer apenas dois pares ordenados pertencentes à curva da função. Nesse caso precisamos de mais alguns pontos para termos uma boa ideia de como �cará a curva no grá�co. Podemos construir esse grá�co através do que chamaremos de pontos notáveis da função quadrática, que são o vértice, a intersecção com o eixo das ordenadas e das abscissas. Podemos também construir uma tabela para percebermos o comportamento do grá�co dessa função. Exemplo resolvido: Construir o grá�co das funções reais: a) f(x) = x² – 2x – 2 b) g(x) = – x² + 1 Resolução: Em ambos iremos construir uma tabela para obtermos alguns pontos para depois traçarmos o grá�co. a) f(–2) = (–2)² – 2.( –2) – 2 = 6 f(–1) = (–1)² – 2.( –1) – 2 = 1 f(0) = 0² – 2.0 – 2 = – 2 f(1) = 1² – 2. 1 – 2 = – 3 f(2) = 2² – 2. 2 – 2 = – 2 Colocando no plano cartesiano os pontos indicados na tabela, temos uma ideia do comportamento dessa função. x y – 2 6 – 1 1 0 – 2 1 – 3 2 – 2 Figura 1 - Grá�co de f(x) = x² – 2x – 2 Fonte: o autor. b) Fazemos um processo idêntico ao do item a. g(–2)= – (–2)² + 1 = – 3 g(–1)= – (–1)² + 1 = 0 g(0) = 0² + 1 = 1 g(1) = –1² + 1 = 0 g(2) = – 2² + 1 = – 3 Como �zemos no item a, colocamos no plano cartesiano os pontos indicados na tabela, assim temos uma ideia de como é o grá�co dessa função. Figura 2 - Grá�co de f(x) = – x² + 1 Fonte: o autor. x y – 2 – 3 – 1 0 0 1 1 0 2 – 3 Observamos que no exemplo anterior construímos duas parábolas. Na primeira temos concavidade voltada para cima e na segunda voltada para baixo. Isso ocorreu pelo fato de que o coe�ciente a controla a velocidade de aumento ou decréscimo da função quadrática a partir do ponto onde ela muda o sentido de crescimento ou decrescimento. Podemos ter referência do sentido da concavidade da seguinte forma: 1. Coe�ciente a > 0, parábola tem a concavidade voltada para cima. 2. Coe�ciente a < 0, parábola tem a concavidade voltada para baixo. Intersecção com o Eixo das Ordenadas Você já viu como se calculaum valor numérico em uma função. Para obtermos a intersecção do grá�co de uma função como o eixo y, basta notar que devemos ter x = 0. Assim, f(0) = a.0² + b.0 + c = c. Logo, o ponto onde a função f(x) = ax² + bx + c estará interceptando o eixo y é P(0, c). Exemplo resolvido: Determine a intersecção do grá�co da função quadrática f(x) = x² – 3x + 8 com o eixo y. Resolução: Para obter essa intersecção basta substituir o x por 0 na sentença da função: f(0) = 0² – 3.0 + 8 = 8. Assim, o ponto procurado é P(0, 8). Intersecção com o Eixo das Abscissas Podemos obter a intersecção do grá�co da função quadrática com o eixo x a igualando a zero. Com isso, passamos a ter uma equação quadrática ou simplesmente equação do segundo grau. As soluções reais, quando houver, dessa equação recebem o nome de raízes ou zeros da função. Como as raízes da função quadrática são os valores de x, cuja imagem é 0, então os pontos de intersecção do grá�co da função com o eixo x tem a forma P(x, 0). O número de raízes da função depende do valor do discriminante, geralmente chamada de delta, que é uma letra grega, de�nido por: Dependendo dos valores de a, b e c, Δ pode assumir três possibilidades de resultados, condicionando, assim, a quantidade de raízes: Δ = b2 − 4ac Como , que é chamada fórmula de Fórmula de Bhaskara, então: 1. Se , então existem duas raízes reais distintas, pois representa um número real. 2. Se então as duas raízes são iguais, uma vez que é igual a zero. 3. Se então não existem raízes reais, pois não representa um número real. Exemplos resolvidos: 1) Seja a função f: R R de�nida por f(x) = x² – 10x + 16. Determine, se houver, as raízes de f. Resolução: Comparando a sentença da função com f(x) = ax² + bx + c temos a = 1, b = – 10 e c = 16. Para obtermos, se houver, raízes, devemos resolver a equação x² – 10x + 16 = 0. Usando o processo de Bháskara temos Logo as raízes da equação são 2 e 8. x = −b± √Δ 2a Δ > 0 √Δ Δ = 0 √Δ Δ < 0 √Δ SAIBA MAIS As referências mais antigas sobre a resolução de problemas envolvendo equações do segundo grau foram encontradas em textos babilônicos, escritos há cerca de 4000 anos atrás. Os babilônios trabalhavam com equações para resolver problemas práticos, principalmente aqueles ligados à agricultura e divisão de terras. Fonte: Baron (1985). → Δ = (−10)2 − 4.1.16 = 100 − 64 = 36 x = = −(−10) ± √36 2.1 10 ± 6 2 x = = 8 ou x = = 2 10 + 6 2 10 − 6 2 2) Determine m para que a função real f(x) = x² – 2x + m tenha uma única raiz. Resolução: Para que a função quadrática tenha uma única raiz real, devemos ter seu discriminante, delta, igual a zero. Usando a = 1, b = –2 e c = m, temos Δ = (–2)² – 4.1.m = 4 – 4m = 0, logo m = 1. Vértice de uma Parábola Observando que o grá�co da função quadrática é uma parábola com concavidade voltada para cima ou para baixo, então temos um ponto máximo ou mínimo dependendo do sinal do coe�ciente a. Esse ponto é chamado de vértice da parábola y = ax² + bx + c. É no vértice que o grá�co muda de crescente para decrescente ou vice-versa. O vértice da função é dado pelo ponto V(xV, yV), cujas coordenadas são: O grá�co da função f: R R quadrática é simétrica em relação à reta R vertical que passa pela abscissa do vértice. Quando o valor do coe�ciente a é maior que zero, a ordenada do vértice da parábola é também chamado de valor mínimo. Se o valor do coe�ciente a é menor que zero, então dizemos que a ordenado do vértice é o valor máximo. Exemplo resolvido: Considere a função f: R R de�nida por f(x) = x2 – 5x + 6. Obter o vértice do grá�co de f. Resolução: V(− ; − )b 2a Δ 4a → → Para obtermos o vértice dessa parábola iremos usar a fórmula . Então, Logo temos . Imagem da Função Polinomial do 2º Grau O conjunto imagem da função polinomial do 2º grau y = ax² + bx + c é construído por todos os valores que y pode assumir. Quando a < 0, veja que para valores de x menores que a abscissa do vértice, o valor de y vai aumentando até atingir um valor máximo que é a ordenada do vértice, que, como sabemos, é f(xv), daí para frente o valor de y vai diminuindo. Com a > 0 ocorre o contrário, para valores de x menores que a abscissa do vértice y decresce e para frente, cresce. Observe os grá�cos: Então, vemos que existem duas possibilidades para obtenção da imagem dessa função: V(− ; − )b 2a Δ 4a Δ = b2 − 4ac = (−5)2 − 4.1.6 Δ = 25 − 24 = 1 xV = − = − = b 2a (−5) 2.1 5 2 yV = − = − = − Δ 4a 1 4.1 1 4 V( , − )5 2 1 4 1ª - quando a > 0, Im(f) = {x R / y ≥ yV} 2ª - quando a < 0, Im(f) = {x R / y ≤ yV} Exemplo resolvido: Determinar a imagem da função real y = x² – 2x – 3. Resolução: Temos a > 0, então o valor máximo é dado por , assim Logo temos Im(f) = {x R/y ≥ –4}. ∈ ∈ yV = − Δ 4a Δ = b2 − 4ac = (−2)2 − 4.1.(−3) Δ = 4 + 12 = 16 yV = − = − = −4 Δ 4a 16 4.1 ∈ Formas da Função Quadrática AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Caro(a) aluno(a), a função quadrática pode ser apresentada de várias formas, a seguir cito três formatos: 1. f(x) = ax² + bx + c, que é chamada de forma geral ou forma polinomial, também conhecida como forma desenvolvida; 2. f(x) = a(x – r₁)(x – r₂), chamada forma fatorada, onde r₁ e r₂ são as raízes da equação quadrática; 3. f(x) = a(x – h)² + k, com h e k números reais, é chamada a forma canônica, forma padrão ou forma vértice. Para fazer a conversão da forma geral para a forma fatorada, é necessário usar a fórmula quadrática e encontrar as raízes r₁ e r₂, se houver. Para converter a forma geral para a forma padrão, é necessário usar o processo de completar o quadrado. Para converter a forma fatorada para a forma geral, é necessário multiplicar, expandir e/ou distribuir os fatores. Exemplo resolvido: Seja a função f: R R de�nida por f(x) = x² – 10x + 16. Expresse f em sua forma fatorada. Resolução: Comparando a sentença da função com f(x) = ax² + bx + c, temos a = 1, b = – 10 e c = 16. Para obtermos a forma fatorada, devemos obter suas raízes. Como já �zemos isso em um exemplo anterior, temos as raízes de f sendo x = 2 e x = 8. Logo, a forma fatorada de f é f(x) = a(x – r₁)(x – r₂) = (x – 2).(x – 8). → REFLITA O Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV) é aquele que é realizado em linha reta, por isso é chamado de retilíneo. Além disso, apresenta variação de velocidade sempre nos mesmos intervalos de tempo e uma aceleração �xa. A relação entre a posição e o tempo é dado por S = S₀ + V₀t + (a/2)t². Interpretando esta função, podemos dizer que seu grá�co será uma parábola? Fonte: Bonjorno (1993). Inequações do 2º Grau AUTORIA Luciano Xavier de Azevedo Analisar o sinal da função quadrática é determinar os intervalos em que a função tem imagem positiva, negativa, bem como os valores nos quais a função se anula. Para tal, devemos determinar o valor da raiz ou das raízes, se houver, e em seguida, veri�car o grá�co de f. De�nimos como inequação do 2° grau, na incógnita x, qualquer expressão do 2° grau, com a, b, c sendo números reais com a ≠ 0, que pode ser reduzida a uma das seguintes formas: ax² + bx + c > 0; ax² + bx + c < 0; ax² + bx + c ≥ 0; ax² + bx + c ≤ 0. Para resolvermos uma inequação do segundo grau, devemos fazer um estudo dos sinais da função do 2º grau f(x) = ax² + bx + c. O estudo do sinal da função do 2º grau é feito determinando-se os seus zeros (caso existam) e analisando o esboço do grá�co, indicando onde a função é positiva ou negativa. Essa análise deve ser comparada ao sinal apresentado na inequação, com o objetivo de formular o conjunto solução. Exemplos resolvidos: 1) Determine o conjunto solução da inequação 3x² + 10x + 7 < 0. Resolução: Para fazermos a análise de sinal da função f(x) = 3x² + 10x + 7 devemos obter, se houver, suas raízes. Resolvemos a equação 3x² + 10x + 7 = 0. Observe que a função f(x) = 3x² + 10x + 7 tem duas raízes e seu grá�co tem concavidade voltada para cima. Queremos os valores de x tais que a função é negativa. Δ = b2 − 4ac = 102 − 4.3.(7) Δ = 100 − 84 = 16 x =
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