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O etnocentrismo é a crença ou manifestação de superioridade cultural, com relação a outros grupos étnicos. Focalizando a análise ao contexto brasileiro, o etnocentrismo é um legado colonial. Colocando a escravidão em segundo plano e priorizando o estudo dos sistemas de aculturação praticados pelos europeus, fica evidente o esforço dos colonizadores em eliminar qualquer resquício de cultura não-europeia, negros foram proibidos de praticar sua religião, falar seu idioma, tiveram seus pertences, roupas e terras destruídas e eram vistos como objetos de comercialização. Enquanto indígenas eram obrigados a aderir ao Cristianismo, aprender Português, tratados e vistos como selvagens, inocentes, toscos, que precisavam ser educados como gente civilizada. Passaram-se 500 anos e é possível observar o etnocentrismo se manifestando em falas de políticos e da população comum, que defendem a 'ressocialização indígena', expropriação de terras, objetivando obrigar os povos indígenas a sair de suas terras, aprender a norma culta da língua portuguesa, trabalhar nas empresas, pois consideram a cultura indígena 'ultrapassada'. Esse mesmo comportamento é praticado por cristãos que vão até as aldeias catequizar, dizer que o que os povos originários acreditam é uma mentira, que só há "um caminho para a vida eterna", desvalorizando o conhecimento, cultura e a filosofia indígena. Negros são marginalizados, tratados como criminosos, com olhares de desconfiança, ocupam os cargos de serviços braçais, religiões africanas são demonizadas, músicas dos povos pretos e periféricos como funk, samba e pagode, são desvalorizadas, consideradas de segunda linha. A mídia e a produção audiovisual do país possuem papel fundamental na perpetuação ou eliminação dessa herança ruim. Pois em novelas e filmes, pessoas pretas são sempre retratados como empregados, faxineiros, seguranças, ocupam profissões mal remuneradas e braçais, os "macumbeiros" são personagens construídos de maneira a causar repulsa, enquanto o herói costuma ser branco e cristão, quando não cristão, ele é desprezível e arrogante, induzindo a crença de que somente cristãos podem ser seres humanos bons. Quanto a indígenas, mulheres sempre em retratadas como inocentes e sexys. Em 1865 foi publicado "Iracema", livro de José de Alencar, carregado de estereótipos e romantização do povo indígena, 200 anos depois o mesmo padrão estereotipado se repete em novelas, já a mídia reduz a população indígena a violência rural e briga por terras, desconsidera todo o legado indígena, que em meio a 500 anos de aculturação, continua forte, presente e resistente.
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