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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Sistema que se encontra sob o controle involuntário. DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é dividido em SNP e SNC, sendo que o periférico é subdividido em autônomo – dividido em simpático e parassimpático, ou adrenérgico e colinérgico; e somático – inerva a musculatura esquelética e está sobre controle voluntário. DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Os neurônios desse sistema têm origem: a divisão simpática na região toracolombar (T1-L3); e do sistema parassimpático, os nervos saem da região do crânio e do sacro. SISTEMA SIMPÁTICO - ADRENÉRGICO Katsung et al, cap 6, 2014, AMGH Editora. No caso do simpático temos um primeiro neurônio curto, que vai fazer sinapse com o segundo neurônio mais longo. Essa sinapse ocorre na cadeia de gânglios paravertebrais, onde haverá como neurotransmissor do primeiro para o segundo neurônio a acetilcolina, e do segundo neurônio para os tecidos, normalmente noradrenalina/norepinefrina – em algumas exceções é acetilcolina (glândulas sudoríparas) ou dopamina (musculatura lisa vascular renal). O segundo neurônio chega a musculatura lisa e cardíaca, células glandulares e terminações nervosas. • Lembrando que o SNA simpático é o que atua em situações de estresse, luta ou fuga, promovendo os seguintes efeitos: Midríase, broncodilatação, aumento da cascata de renina-angiotensina, impede a liberação de urina, aumenta a FC e a PA... SÍNTESE DE NORADRENALINA Goodman & Gilman, cap 8, 2012. AMGH Editora. Durante o processo de síntese de noradrenalina temos como precursor inicial a tirosina, que sofre ação da tirosina hidroxilase para formar dopa. Essa, por sua vez, sofre ação da enzima dopa descarboxilase para formar dopamina, a qual entra nas vesículas e é convertida em Sistema nervoso autônomo Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez noradrenalina pela dopamina beta hidroxilase. No caso da suprarrenal, ainda há a conversão de noradrenalina em adrenalina, pela enzima feniletanolamina n- metiltransferase. • Intervenções farmacológicas: Metirosina: tem a função de inibir a tirosina hidroxilase. É utilizado no tratamento de feocromocitoma – tumor da adrenal, onde ocorre uma elevada produção da noradrenalina e adrenalina. O paciente apresenta como quadro clínico principal uma hipertensão arterial grave. Carbidopa: fármaco que inibe a dopa descarboxilase, impedindo a conversão de dopa em dopamina. Utilizado no tratamento da doença de Parkinson, associado à levodopa, para impedir a conversão de dopa em dopamina na periferia, fazendo com que essa conversão ocorra principalmente do SNC, uma vez o Parkinson se caracteriza por baixos níveis de dopamina nos núcleos da base. Metildopa: age sobre a enzima dopa descarboxilase. Ele vai alterar sua conformação, provocando a formação de um falso substrato – em vez de gerar dopamina, a conversão gera metildopamina. Com isso, na via de síntese haverá como produto a metil-noradrenalina. A metildopa é um fármaco utilizado no tratamento da hipertensão para gestantes. A metil-noradrenalina tem uma potência muito menor nos receptores, permitindo controlar a hipertensão da gestante. Modificado de Katsung et al, cap 6, 2014, AMGH Editora. Esse é um botão pré-sináptico. A tirosina entre nele por meio do co-transporte com o sódio, sofre todo o processo de síntese, e a noradrenalina fica armazenada nas vesículas. Para que ocorra o processo de exocitose das vesículas, é necessário um potencial de ação, que vai despolarizar a membrana e provocar a abertura dos canais de cálcio voltagem dependente. Esse cálcio será responsável por mobilizar as vesículas até a membrana, na qual ocorre a exocitose da noradrenalina na fenda sináptica. A noradrenalina se liga aos receptores adrenérgicos alfa e beta; pode se difundir para outros lugares e ser degradada em outros tecidos, como por exemplo pela enzima catecol-orto-metiltransferase; pode ser re-captada pelo transportador de norepinefrina da membrana pré- sináptica e ser reaproveitada, armazenada nas vesículas; ou ainda, pode se ligar em receptores pré-sinápticos – o principal é o alfa-2-adrenérgico. Esse receptor alfa-2-adrenérgico é acoplado à proteína Gi, consequentemente, impede a entrada de cálcio no botão pré-sináptico. Logo, impede a liberação de mais noradrenalina. Ou seja, a própria quantidade de noradrenalina liberada controla a sua liberação, através de um feedback negativo mediado pelo receptor alfa-2. Há algumas substâncias que impedem esse processo de recaptação, por exemplo, antidepressivos tricíclicos e a cocaína. A Reserpina foi o primeiro anti-hipertensivo utilizado na clínica, porém não é mais utilizado atualmente. Ele atuava impedindo a vesiculação das aminas. RECEPTORES ADRENÉRGICOS É muito importante conhecer a localização e suas ações fisiológicas, para entender a ação dos fármacos agonistas e antagonistas desse sistema. Alfa-adrenérgicos: ➔ Receptor alfa-1: Está presenta na musculatura lisa vascular, local importante, onde se observa o processo de vasoconstrição. Esse receptor é acoplado à proteína Gq e desencadeia toda a resposta intracelular, com a formação de diacilglicerol IP3, e o IP3 vai até o retículo para liberar o cálcio. Na musculatura lisa geniturinária também há contração. No fígado, ele é responsável por produzir glicogenólise e gliconeogênese. Na musculatura lisa intestinal ocorre a hiperpolarização e relaxamento, já que toda a parte Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez intestinal é ativada apenas como o sistema colinérgico. No coração há o aumento da força contrátil e arritmias – sendo que o principal receptor no coração é o beta-1. ➔ Receptor alfa-2: Acoplados à proteína Gi. Quando localizados nos terminais neurais impedem a liberação de noradrenalina. Nas ilhotas pancreáticas, especificamente nas células beta, observa-se uma redução da secreção de insulina, já que SNA adrenérgico é necessário manter a glicemia elevada, como fonte energética. Nas plaquetas se observa a agregação plaquetária. Beta-adrenérgicos: todos são acoplados à proteína Gs. ➔ Beta-1: No coração ele é essencial, promovendo o efeito inotrópico positivo – aumento da força de contração cardíaca; cronotrópico positivo – aumento da FC e o efeito dromotrópico positivo – aumento da velocidade de condução do potencial de ação no coração, gerado no nó SA, migra para o AV e desce no sistema Purkinje. Nas células justaglomerulares, provoca a secreção de renina e a ativação de todo o sistema renina-angiotensina- aldosterona, o que também contribui para o aumento da pressão arterial, já que a Angiotensina II promove uma vasoconstrição e a aldosterona retém sódio e água. ➔ Beta-2: está presente nas musculaturas lisas, incluindo a vascular – promovendo vasodilatação, brônquica – broncodilatação, gastrointestinal e geniturinária – relaxamento. Na musculatura esquelética promove a glicogenólise e captação de potássio. No fígado promove glicogenólise e gliconeogênese. ➔ Beta-3: está presente no tecido adiposo promovendo lipólise. Só há fármacos com atuação no beta-1 e beta-2, não existem agonistas do receptor beta-3. AGONISTAS ADRENÉRGICOS Eles se subdividem em 3 classes: ação direta, indireta e mista. Os fármacos de ação direta são os que se ligam diretamente nos receptores e possuem ação agonista. Tem os seletivos, para um único tipo de receptor como por exemplo: fenilefrina, agonista alfa-1 seletivo; clonidina, agonista alfa-2 seletivo; dobutamina, agonista beta-1 seletivo e salbutamol, agonista beta-2 seletivo. Já os fármacos não seletivos possuem afinidade por 2 ou mais tipo de receptores,como por exemplo: Isoproterenol, agonita beta não seletivo (tem afinidade por beta 1 e beta 2); Adrenalina e noradrenalina são nt endógenos, mas também se encontram na forma sintética – adrenalina tem ação agonista não seletiva em alfa-1, alfa-2, beta-1 e beta-2, já a noradrenalina tem em alfa-1, alfa-2 e beta-1. Os fármacos de ação indireta são aqueles que não possuem afinidade pelos receptores adrenérgicos, mas que de alguma forma vão aumentar a concentração de noradrenalina e consequentemente a ativação do sistema simpático. Tem os fármacos que inibem a recaptação neuronal, como a cocaína (não é fármaco, mas é droga de abuso que provoca esses efeitos) e amitriptilina (antidepressivo); fármacos que inibem as enzimas responsáveis por degradar a NA, como a monoaminoxidase (MAO) inibida pelo fármaco selegilina e inibidores COMT como entacapona; ainda, há substâncias que vão estimular a liberação de NA, como a anfetamina e a tiramina (não é um fármaco, mas é uma substância presente em alimentos que aumenta essa liberação e pode interagir com outros fármacos). Os fármacos de ação mista são aqueles que tem afinidade pelos receptores, mas também de alguma forma aumentam a liberação de NA. Exemplo: a efedrina – ela é agonista a1, a2, b1 e b2, além de aumentar a liberação de NA. É uma ação muito extensa no sistema, por isso suas aplicações clínicas são muito específicas e localizadas. Sinalização do receptor alfa-1 de Katsung et al, cap 6, 2014, AMGH Editora. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Acoplado à proteína Gq. Ele ativa a fosfolipase C, dando origem ao diacilglicerol e ao trifosfato de Inositol. O IP3 vai no retículo, libera o cálcio e há vasoconstrição. Receptor alfa-2 Sua principal localização é a região pré-sináptica. À medida que a NA se liga – ou algum fármaco agonista se liga ao receptor, há o acoplamento com a proteína Gi, impedindo a ação da adenilciclase, e consequentemente, impede a entrada de cálcio no botão pré-sináptico, assim como todo o processo de exocitose. Receptores beta São os receptores acoplados à proteína Gs, os quais estimulam a enzima adenilciclase, a qual vai degradar o ATP para gerar o AMPc. Esse ampc estimula a PKA, que fosforila e abre os canais de cálcio da membrana plasmática. A partir disso é observado um influxo de cálcio na célula. O cálcio que vem do meio extracelular estimula maior liberação de cálcio do retículo (processo chamado de cálcio libera cálcio), promovendo os efeitos inotrópico, cronotrópico e dromotrópico positivos no coração. AGONISTAS ADRENÉRGICOS (CATECOLAMINAS) Noradrenalina, adrenalina e dopamina. São catecolaminas endógenos, mas também são comercializadas na forma sintética e administradas nos pacientes com suas respectivas indicações clínicas. Modificado de Rang & Dale, cap. 14, 2016. Editora Elsevier. No gráfico é possível avaliar os registros de PA, FC e RVC após a administração se adrenalina, noradrenalina e isoproterenol. Noradrenalina: ela é uma agonista a1, a2 e b1. Com sua ação no a1, podemos observar um efeito de vasoconstrição e consequentemente fica mais difícil para que o sangue passe, aumentando a resistência vascular periférica e por consequente, aumento do retorno venoso de sangue ao coração e maior pressão de preenchimento durante o momento de relaxamento das câmaras cardíacas – avaliado na pressão diastólica, observado no gráfico. Além disso, a NA tem efeito no b1, cujos efeitos são aumento de força de contração cardíaca, FC e da velocidade de condução do potencial de ação. Se aumenta a força de contração – sístole, aumenta a pressão sistólica, e como resultado o aumento total da PA média. Porém, ao avaliar o gráfico de frequência cardíaca, é observada uma redução da FC. Isso acontece devido a que toda vez que ocorre uma elevação significativa da PA, o organismo vai gerar um barorreflexo, para que ocorra a diminuição da FC. No caso de administração de adrenalina, essa substância é agonista a1, a2, b1 e b2. Ela age no a1 fazendo vasoconstrição. Porém, tem o efeito predominante do receptor b2 promovendo a vasodilatação, o que vai diminuir a resistência vascular periférica e o retorno do sangue ao coração, e como consequência, observa-se uma redução da pressão diastólica. Pode ser observado também um efeito do b1, com aumento da FC e aumento da força de contração durante a pressão sistólica. Há uma elevação da PA média – aumento da sistólica e leve redução da diastólica. • Em casos de parada cardíaca, é necessário optar pelo uso de adrenalina para restaurar a FC cardíaca. Em casos de hipotensão e choque – PA muito baixa, deve-se utilizar a administração de NA. O isoproterenol é um agonista beta não seletivo que promove vasodilatação, reduzindo a resistência vascular periférica, o que diminui o retorno venoso e a pressão diastólica. E, o efeito de b1, que aumenta a FC e a pressão sistólica. Usos terapêuticos A adrenalina pode ser utilizada em quadros de asma – situações de emergência onde outros broncodilatadores já foram utilizados sem sucesso, em tratamento de choque anafilático, parada cardíaca, associada a anestésicos locais para fazer vasoconstrição e como agente hemostático tópico em superfícies com sangramento. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez A noradrenalina pode atuar em pacientes em choque ou em hipotensão. Efeitos adversos Adrenalina: inquietação, cefaleia, tremor e palpitações, hiperglicemia, hemorragia cerebral, arritmias ventriculares. Contra-indicação do seu uso em pacientes usuários de beta-bloqueadores não seletivos, já que uma vez que esses receptores beta estejam bloqueados, a adrenalina se ligará totalmente nos receptores alfa, fazendo uma vasoconstrição intensa e uma crise hipertensiva. Noradrenalina: parecidos com a adrenalina, hipertensão grave, necrose no local da injeção após extravasamento e diminuição do fluxo sanguíneo para rins e intestino. AGONISTAS ɑ SELETIVOS Alfa1 seletivos Metoxamina: age no alfa-1, que é acoplado à proteína Gq, promovendo a vasoconstrição, o que aumenta a resistência vascular periférica, e consequentemente observamos um aumento de PA. (PA: DC x RVP). DC: FCxVS). Há também uma bradicardia sinusal compensatória, em função do aumento de PA. A meia- vida é curta, de 1 hora. A substância é utilizada em quadros de hipotensão por via intravenosa. É importante ressaltar que os quadros de hipotensão podem ser tratados de outras formas, não apenas farmacológica, como reposição volêmica, colocar em decúbito dorsal, membros inferiores elevados... Fenilefrina: também faz vasoconstrição, o que pode aumentar a RVP e a PA. Porém, a aplicação clínica é apenas em duas situações: como descongestionante nasal – durante a congestão nasal há edema na mucosa, com a vasoconstrição o líquido do espaço extravascular é drenado, desobstruindo a passagem do ar; ou como colírio midriático para realizar exame de fundo de olho. Os efeitos adversos são muito raros de acontecer com essas aplicações locais, são eles: hipertensão e bradicardia reflexa – eles só acontecem no indivíduo que usa o descongestionante nasal em excesso e possua um quadro clínico sendo agravado. Outros agonistas alfa1 seletivos: Mefentermina, metaraminol, midodrina. São quase sempre utilizados em casos de hipotensão. Alfa2 seletivos Clonidina: o de mais importância clínica. Ela se liga ao receptor alfa-2 pré-sináptico acoplado à proteína Gi, causando uma redução da liberação de NA. Em função disso, ocorre a vasodilatação, pela ausência no nt e uma diminuição da FC. Usada no tratamento de hipertensão (raramente, porque há mais fármacos eficazes e com menos efeitos adversos), na preparação dedependentes na suspensão de narcóticos, no tratamento da diarreia em pacientes com neuropatia autonômica e como coadjuvante na anestesia geral – principal aplicação clínica: durante a anestesia, muitos fármacos são associados para tentar reduzir o uso do anestésico tóxico e ter uma melhor analgesia e sedação. Não é anestésico, mas se utiliza como coadjuvante. Possíveis efeitos adversos: boca seca e sedação – 50% dos pacientes, depressão, disfunção sexual, bradicardia, síndrome de abstinência com a interrupção do fármaco, náusea, tonteira, retenção hidrossalina e dermatite de contato. ➔ Em casos de superdosagem, o paciente apresentará hipertensão transiente seguida de hipotensão, bradicardia, depressão respiratória e miose. AGONISTAS b NÃO SELETIVOS Dopamina: essa substância tem um efeito dose- dependente. Em doses baixas, ela ativa o receptor D1, promovendo vasodilatação de alguns vasos específicos, como vasos renais, mesentéricos e coronarianos. Em doses medianas, tem ação agonista beta-1, promovendo os efeitos inotrópico, cronotrópico e dromotrópico positivos, além do aumento da liberação de renina. Em doses elevadas tem o efeito agonista alfa-1, promovendo vasoconstrição. Esse fármaco só está disponível para administração por via intravenosa, sendo necessário monitorar PA e ECG durante toda a sua administração, já que ela deve ser interrompida quando diminuir o volume de urina (que deve ser monitorado) ou aumentar muito a FC, assim como se forem detectadas arritmias. Sua meia-vida é de apenas 2 min (não sendo necessária dose de ataque). É utilizada no tratamento agudo da insuficiência cardíaca para restaurar a força de contração cardíaca e no tratamento de choque séptico ou cardiogênico. Os possíveis efeitos tóxicos são: náuseas, vômitos, taquicardia, angina, arritmias cardíacas, cefaleia, hipertensão, vasoconstrição periférica. Isoproterenol: pode reduzir a RVP, em função na vasodilatação mediada pelo beta-2, o que vai reduzir a pressão diastólica, sendo que a sistólica fica inalterada Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez ou levemente aumentada. Há também um aumento do débito cardíaco, podendo causar relaxamento de outras musculaturas lisas. Efeitos colaterais: comum dos agonistas beta – taquicardia, isquemia cardíaca, arritmias cardíacas e cefaleia. É pouco utilizado, tendo como aplicação clínica casos de bradicardia ou bloqueio cardíaco. AGONISTAS b SELETIVOS Beta1 seletivos Dobutamina: um dos principais. Causa efeitos inotrópico, cronotrópico e dromotrópico positivos. Não se sabe por que, mas tem um efeito inotrópico – na força de contração – maior do que cronotrópico positivo – não altera tanto a FC, o que é benéfico, pois há uma menor incidência de arritmias cardíacas em comparação com a dopamina. Não existe alteração da RVP e observamos o aumento da PA com sua administração. Sua administração é exclusivamente por via intravenosa. Tem uma meia-vida de apenas 2 min, não sendo necessária a dose de ataque. Utilizada do tratamento agudo da insuficiência cardíaca, no pós-infarto do miocárdio e no tratamento a curto prazo da descompensação cardíaca após cirurgia cardíaca – durante esse tipo de cirurgia é induzida momentaneamente uma parada cardíaca, o sangue é oxigenado na máquina de circulação extracorpórea e a dobutamina terá a função de restaurar a função cardíaca depois do procedimento. Efeitos indesejáveis: aumento do consumo de oxigênio do miocárdio – devido ao aumento do trabalho cardíaco, todos os fármacos agonistas beta podem causar tolerância – em função do processo de dessensibilização homóloga que pode acontecer nos receptores, o aumento da condução atrioventricular, aumento da taxa de resposta ventricular em pacientes com fibrilação atrial e o desenvolvimento de atividade ventricular ectópica – o ritmo cardíaco é comandado pelo nó SA, porque ele bate em uma frequência maior do que as outras células do coração, na atividade ventricular ectópica, um grupo de miócitos (não o nó SA) passa a comandar o ritmo, ocasionando contração e relaxamento equivocados. Beta2 seletivos Há dois grandes grupos, de acordo com o tempo de ação. Grupo de ação intermediária – em torno de 3 a 6h, como por exemplo: metaproterenol, salbutamol, bitolterol, pirbuterol, terbutalina, fenoterol. Grupo de fármacos com ação mais prolongada – mais de 12h, como salmeterol e formoterol. Esses fármacos estão disponíveis para administração por via inalatória em diversas formulações – líquido para nebulização, nas bombinhas, cápsulas associadas a corticoides para evaporar. O efeito farmacológico principal é a broncodilatação. São utilizados no tratamento de doenças obstrutivas das vias aéreas – como dpoc, no tratamento do broncoespasmo agudo, asma e como relaxante uterino (ritodrina) para evitar partos prematuros. Os efeitos indesejáveis mais comuns são: B2 – tremor da musculatura esquelética – que vai cessando ao longo do tratamento, cansaço e ansiedade. ➔ Os fármacos são seletivos para um determinado receptor nas doses terapêuticas. Porém, em doses elevadas, acabam atingindo outros receptores. É o que acontece com os b2 seletivos, que podem provocar efeitos no receptor beta1 – taquicardia, tolerância, aumento de mortalidade com a asma e hiperglicemia. DEVE SER USADA SEMPRE A MENOR DOSE POSSÍVEL. Uso abusivo O uso prolongado desses agonistas b-adrenérgicos ou de doses excessivas pode levar a uma dessensibilização do receptor: O receptor acoplado à proteína G sofre ação de fosforilação do receptor, e consequentemente a ligação de uma proteína, a beta-arrestina,que impede o acoplamento da proteína G. Ocorre o sequestro do receptor, que será internalizado. A partir daí pode ser degradado em lisossomos ou reciclado para a membrana plasmática – tal processo demora. Ou seja, os pacientes Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez não podem utilizar doses elevadas ou repetir muitas vezes a dose, porque uma hora pode parar de responder ao tratamento, desenvolvendo tolerância ao efeito farmacológico, por conta da ausência ou diminuição considerável da quantidade de receptores no tecido. AMINAS SIMPATOMIMÉTICAS DE AÇÃO MISTA Efedrina: aumenta a liberação de NA. Por ter uma ação muito extensa, ao aumentar a liberação e sendo agonista direto também dos receptores a1, a2, b1 e b2, sua aplicação clínica é bem restrita. E utilizada como descongestionante nasal e raramente utilizado no tratamento da asma. Os efeitos colaterais incluem taquicardia, palidez, hipertensão e insônia. de Katsung et al, cap 9, 2014, AMGH Editora. Anfetamina e seus derivados: Outro exemplo de fármaco com ação indireta. Inicialmente, a anfetamina utiliza o NET – transportador de recaptação neuronal do botão pré-sináptico para entrar nele. Com isso, começa uma competição entre a anfetamina e a NA pelo transportador, o que gera um acúmulo de NA na fenda sináptica. A anfetamina também entra nas vesículas e c gera o funcionamento do NET invertido – antes ele só funcionava trazendo a NA de fora para dentro, agora ele começa a liberar a NA por um mecanismo que não existe fisiologicamente. Por causa dessas alterações, há o acúmulo de NA na fenda sináptica, e todos os efeitos adversos ocorrerão em função do excesso de NA presente no sistema. Logo, os efeitos farmacológicos da anfetamina são aumento da RVP e da PA – a qual pode se elevar bastante e levar a uma redução da FC de forma reflexa, podem acontecer arritmias, o DC não é alterado em doses terapêuticas, estimula a contração do esfíncter da bexiga, no TGI pode causar relaxamento ou contração dependendo do indivíduo, e além desses efeitos, pode estimular o centro respiratório bulbar – o que acaba aumentandoa capacidade ventilatória do indivíduo (por isso foram bastante utilizadas como forma de abuso em atletas, para aumentar a performance física) já que também aumenta a vasodilatação através do receptor b2 nos vasos que irrigam a musculatura esquelética. O potencial de abuso da anfetamina se deve à sua capacidade de aumentar o estado de alerta, reduzir o cansaço, elevação do humor, aumento da iniciativa e da autoconfiança, maior habilidade de concentração (e maior probabilidade de erros). Esses efeitos podem ser revertidos por superdosagem ou uso repetido. Seu uso clínico é bem restrito, indicada apenas em indivíduos portadores da síndrome da deficiência de atenção, em forma de dextroanfetamina e dexmetilfenidato. Esses pacientes devem ser muito bem diagnosticados – atualmente há muitos diagnósticos errôneos e se prescreve incorretamente. Podem ser observados como efeitos tóxicos tremor, cefaleia, febre, loquacidade, irritabilidade/agressividade, depressão – ao esgotar os níveis de NA do sistema, já que o sistema não consegue produzir tanta, fadiga, insônia, anorexia, ansiedade, alucinação paranoica – visões e perseguição, convulsão, coma, efeitos cardiovasculares, dependência e tolerância. O tratamento de um quadro agudo de intoxicação deve ser feito com a acidificação da urina – já que são substâncias básicas, com sedativos – as pessoas ficam muito agressivas, e com antagonistas a-adrenérgicos, para bloquear o efeito hipertensivo fazendo vasoconstrição com o receptor a1. Tiramina: não é um fármaco, mas é uma substância presente em alimentos como queijos, vinhos e alguns iogurtes. A chamada reação do queijo é quando os indivíduos utilizam fármacos inibidores na monoaminoxidase (principal enzima que degrada NA e tiramina) e comem em excesso os alimentos ricos em tiramina. Esses indivíduos têm um aumento de NA pelos medicamentos e pelo aumento das concentrações de tiramina proveniente dos alimentos, que vai estimular indiretamente a liberação de NA no organismo. Com isso, o indivíduo pode apresentar uma crise hipertensiva, além de cefaleia, palpitação, rigidez de pescoço, náusea, vômito, sudorese, midríase, fotofobia e angina. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS ANTAGONISTAS a-adrenérgicos NÃO SELETIVOS Podem ser competitivos reversíveis, como por exemplo a fentolamina, ou competitivo irreversível, como a fenoxibenzamina. Ao bloquear o receptor alfa-1 pode ser observado o efeito vasodilatador, que ocorre em arteríolas e veias, contribuindo para a redução da RVP e da PA. Essa diminuição da PA pode gerar um reflexo barorreceptor que aumentará a FC e o DC. Pode haver retenção de fluidos, além de relaxamento de músculo liso não vascular (esfíncter da bexiga e próstata). Com o bloquei do alfa2, acontece o aumento da liberação de NA, aumento de secreção de insulina e a vasodilatação direto nos vasos (mesmo havendo menos a2 do que a1). Com o bloqueio dos receptores alfa, a NA acaba se ligando, assim como a adrenalina, nos receptores beta que estão livres. A partir disso vemos o aumento do débito cardíaco e da frequência cardíaca, em função da ação das aminas no b1 e uma hipotensão em função da vasodilatação mediada pelo receptor b2. Esses fármacos podem ser utilizados no tratamento do Feocromocitoma – tumor da adrenal responsável por produzir um excesso de catecolaminas (adrenalina e NA). Esse indivíduo tem como quadro clínico principal uma hipertensão grave. Em algumas situações o tumor pode ser operável e em outras não – sendo importante a atuação desses fármacos no controle da HA. A fenoxibenzamina pode ser utilizada nos pacientes portadores de hiperreflexia autonômica – indivíduos cadeirantes, paraplégicos, que precisam fazer regularmente o esvaziamento da bexiga. Além do esvaziamento ou outros fenômenos que podem ser agressivos ao organismo, o indivíduo responde com um excesso de ativação do sistema simpático, então o fármaco faz o bloqueio alfa não seletivo e impede a crise hipertensiva que ocorre durante os estímulos nocivos no organismo. Esse medicamento também pode ser utilizado no tratamento da hiperplasia prostática benigna – nessa doença ocorre o aumento da próstata, que vai comprimir o ureter e dificultar a liberação de urina. A fentolamina pode ser utilizada na prevenção da necrose local com administração e extravasamento de agonista alfa2, no caso de administração incorreta. Também pode atuar no tratamento da crise hipertensiva após interrupção da clonidina – ocorre normalmente durante a interrupção abrupta do tratamento, ou pela crise hipertensiva na associação tiramina + IMAO (reação do queijo). Esses antagonistas podem causar hipotensão postural, taquicardia e arritmias. A fenoxibenzamina pode inibir a ejaculação e aspermia. Já a fentolamina pode causar dor abdominal, náuseas e exacerbação de úlcera péptica. ANTAGONISTAS a-ADRENÉRGICOS SELETIVOS Antagonistas a1 seletivos São exemplos: a prazosina, terazosina, doxazosina, tanzulosina. Todos eles são competitivos reversíveis. Fazem vasodilatação arteriolar e venosa, o que reduz bastante a PA e pode gerar o aumento da FC e do DC de forma reflexa. Podemos observar uma melhora do perfil lipídico, com uma diminuição do colesterol total, LDL e triglicerídeos, aumento de HDL e lipoproteína lipase – essa melhora não é indicação clínica, mas é um efeito associado (consequência). Além desses efeitos, pode diminuir o crescimento celular mediado pelo receptor alfa1, o que será benéfico no paciente portador da hiperplasia prostática benigna, por exemplo. Alguns usos: HAS, doença de Raynaud – doença caracterizada por um vasoespasmo digital que ocorre em situações de frio, o qual pode causar até necrose digital; e hiperplasia prostática benigna (tanzulosin). Os possíveis efeitos adversos são: durante o tratamento, na primeira dosagem, pode haver uma hipotensão postural e síncope (deve-se alertar); quando associado com outro anti-hipertensivo pode causar síncope ou por rápido aumento da dosagem; outros efeitos não específicos como dor de cabeça, vertigem e astenia. ANTAGONISTAS B-ADRENÉRGICOS Há 3 gerações de fármacos, incluindo não seletivos e seletivos. Nos fármacos não-seletivos, que bloqueiam beta1 e beta2 de primeira geração temos: propranolol (+ utilizado), nadolol, timolol, sotalol e pindolol. Depois vieram os fármacos de segunda geração, que são os antagonistas seletivos b1: esmolol, metoprolol, atenolol, acebutol, bisoprolol. Dentro da geração estão os fármacos não seletivos como: labetalol e carvedilol – que além de bloquear b1 e b2, também bloqueiam o a1; carteolol e buncindolol. Ainda na terceira geração estão os seletivos para b1: betaxolol, celiprolol e nebivolol. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Quando há o bloqueio do receptor beta1, ocorre uma redução no efeito ino, crono e dromotrópico, o que contribui para a redução do DC, uma melhora na relação entre a oferta e consumo de O2 – importante nos pacientes portadores de angina, o aumento da RVP que pode ser desencadeada de forma reflexa à redução da PA, assim como redução da liberação de renina pelas células justaglomerulares (a longo prazo), o que reduz toda a cascata de ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona, com redução da formação e ação de angiotensina 2 (vasoconstritora), além da redução da produção de aldosterona que retém sódio e água. Com o bloqueio de beta2, há uma diminuição da performance no exercício, em função da redução do fluxo sanguíneo para o músculo esquelético, a diminuição do metabolismo da glicose e lipólise e broncoconstrição em pacientes com asma ou DPOC. Os fármacos de terceira geração têm algumas outras propriedadesfarmacológicas que não eram observadas nos fármacos de primeira e segunda geração. Em relação aos bloqueadores beta não-seletivos: carvedilol – além de bloquear beta1 e beta2 é antagonista de a1, faz bloqueio de canal de cálcio e atua como antioxidante (raro); labetalol também bloqueia alfa1; carteolol – contribui na produção de óxido nítrico, que tem um potente efeito vasodilatador. Em relação aos bloqueadores beta1 seletivos da 3ra geração: betaxolol – é bloqueador de canal de cálcio; celiprolol – produz NO e é agonista parcial b2, o que contribui para o efeito vasodilatador; nebivolol – produz NO e atua como antioxidante. Bloqueadores beta – 3ra geração Goodman & Gilman, 2012. O NO tem um papel importante no processo de vasodilatação. Normalmente ele é produzido no endotélio vascular. Alguns fármacos conseguem estimular sua produção, o que contribui para uma redução da aglutinação e aderência das plaquetas e leucócitos, reduzir a oxidação das moléculas de LDL e a proliferação das células musculares lisas, o que contribui para a redução da formação das placas de ateroma, que são constituídas principalmente pelas lipoproteínas de LDL. A ação antioxidante de alguns fármacos reduz a oxidação da LDL, a peroxidação de lipídeos, a disfunção endotelial e a apoptose das células endoteliais – que tem o papel importante no processo de vasodilatação e manutenção da PA. Os antagonistas b-adrenérgicos são muito utilizados na clínica, principalmente no tratamento de doenças cardiovasculares como: hipertensão arterial, angina, arritmias cardíacas, síndromes coronarianas agudas, cardiomiopatia hipertrófica, insuficiência cardíaca crônica ou infarto agudo do miocárdio (desses 2 apenas a longo prazo). A atuação desses fármacos na ICC é justificada por uma redução do excesso de ativação simpática que ocorre durante a insuficiência cardíaca e que é bastante deletéria nas células vasculares e os miócitos, então há uma redução importante no processo de remodelação cardíaca que ocorre na ICC e os fármacos são prescritos para os pacientes em fase I ou II da doença, sendo contra-indicados na IV. Também são utilizados para tratar hipertireoidismo – os pacientes normalmente possuem problemas cardíacos associados; para prevenção da enxaqueca; distúrbios de ansiedade (crises); síndrome de abstinência ao álcool; prevenção primária da hemorragia em pacientes com hipertensão portal. Além disso, pode ser utilizado no tratamento do glaucoma, onde vai causar uma miose, que facilita a drenagem do humor aquoso e uma redução da pressão intraocular. Em relação aos efeitos adversos, quando se faz o bloqueio do beta1 – o paciente pode desencadear uma IC aguda se for susceptível, bradicardia ou bradiarritmias, diminuição dos sintomas associados a hipoglicemia – o paciente não sente a taquicardia que acompanha a hipo, o que pode levá-lo a um caso grave e não perceber; hipotensão, extremidades frias e fenômeno de raynaud. Com o bloqueio beta-2: aumento da resistência das vias aéreas em pacientes com doença broncoespásmica; hipoglicemia; atraso da recuperação da hipoglicemia induzida pela insulina – pacientes diabéticos devem ter cuidado no uso. Outros efeitos adversos que não são Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez resultado do bloqueio beta – pesadelos, insônia e reações psicóticas. As contra-indicações são em pacientes com hipotensão severa, angina variante ou de Prinzmetal (causada por um vasoespasmo nas coronárias), choque cardiogênico – compromete mais a função cardíaca, arritmia chamada de bloqueio atrioventricular de 2 e 3 grau, na insuficiência cardíaca de grau III (questionável) e IV, na bradicardia sinusal e na asma brônquica. Há interações farmacocinéticas que podem acontecer com colestiramina e colestipol, que vão diminuir a absorção desses antagonistas; rifampicina, fenitoína e barbitúricos: vão aumentar a metabolização e aumentar sua eliminação e reduz a concentração plasmática; cimetidina, furosemida, clorpromazina: diminuem a metabolização, aumentam sua concentração e levam a maior chance de efeitos tóxicos. Há interações fármaco dinâmicas, onde pode ser observado sinergismo na depressão nodal – com bloqueadores de canais de cálcio, digocina e amiodarona, havendo uma redução da FC; sinergismo de efeito com outros anti-hipertensivos; antagonismo de efeito anti-hipertensivo, quando os antagonistas betas são prescritos junto com AINES. SISTEMA NERVOSO AUTONOMO COLINÉRGICO/PARASSIMPÁTICO É a parte parassimpática, cujos neurônios saem do crânio e do sacro. Tem o primeiro neurônio longo, o qual libera acetilcolina e se liga nos receptores nicotínico neuronal ou muscarínico do tipo 1, os quais se encontram no segundo neurônio. Essa sinapse ocorre no gânglio, que está localizado perto dos tecidos. O segundo neurônio é mais curto, o qual também libera acetilcolina, a qual se liga nos receptores muscarínicos M1, M2, M3, M4, M5 – M4 e M5 não têm ações bem definidas e estão localizados no SNC, ou nos receptores nicotínicos, do tipo neuronal ou muscular. Katsung et al, cap 6, 2014, AMGH Editora. Pode-se observar o primeiro neurônio longo, fazendo inervação no gânglio próximo ao tecido; também vemos o segundo neurônio curto. Inerva musculatura cardíaca e lisa, células glandulares e terminais nervosos. Esse sistema parassimpático funciona quando o indivíduo está em repouso e digestão. Ações provocadas (em azul): favorece a liberação de urina, lacrimação, ereção... Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez TRANSMISSÃO COLINÉRGICA Goodman & Gilman, 2012. A acetilcolina é o principal nt do sistema. Sua síntese começa no botão pré-sináptico, a partir da colina. Ela entra no botão por meio de cotransporte com o sódio, sofre uma reação com acetil coenzima a para formar a ACh, através da enzima colina-acetil transferase. A ACh será armazenada em vesículas. Para que ocorra a liberação das vesículas, é necessário que ocorra a despolarização do neurônio, com abertura dos canais de cálcio e influxo de Ca 2+, o qual as mobiliza a sofrer a exocitose. Uma vez liberada na fenda sináptica, a ACh vai se ligar nos receptores muscarínicos ou nicotínicos. ➔ No sistema há receptores pré-sinápticos, porém não são tão importantes quanto no SNSimpático. Esse neurônio é rapidamente degradado por uma enzima, a acetilcolinesterase, formando colina (que pode ser reaproveitada) e acetato. Não há o processo de recaptação neuronal do adrenérgico. ATIVAÇÃO DOS RECEPTORES Na imagem podemos observar a ativação dos receptores muscarínicos – receptores metabotrópicos acoplados á proteína G. M1 e M3 são acoplados à Gq, então ativam a fosfolipase C e dão origem ao diacilglicerol e IP3. M2 é acoplado à proteína Gi, inibindo a atividade da adenilciclase, impedindo a entrada de cálcio e favorecendo o efluxo de potássio. RECEPTORES COLINÉRGICOS MUSCARÍNICOS M1 está localizado no SNC, nos gânglios autonômicos e acoplado a Gq. Com sua ligação à ACh, ocorre a geração de um potencial pós-sináptico excitatório lento. Também se encontra nas células parietais do estômago, onde se observa um aumento na secreção de HCl, o que facilita o início do processo de digestão. M2 está no coração, acoplado à Gi. Ele tem um efeito inibitório sobre a função cardíaca: crono, ino e dromotropismo negativos. M3 se encontra em diversas musculaturas lisas, incluindo o TGI, musculatura lisa de bexiga e brônquios, onde promove contração muscular. Também se encontra em glândulas exócrinas – lacrimais, brônquicas, aumentando as secreções. Além disso, estão no endotélio vascular, causando vasodilatação pelo aumento da liberação de NO, que se difunde no músculo liso.O receptor M3 presente no endotélio vascular. A ACh se liga, estimula a produção de NO, o No se difunde para a célula muscular lisa e provoca a vasodilatação. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez NICOTÍNICO Apresenta 5 subunidades, formando o receptor ionotrópico. São necessárias 2 moléculas de ACh que se liguem às subunidades alfa do receptor. Com essa ligação, ocorre a abertura do canal e entrada de sódio na célula. Há dois tipos Nm e Nn. O Nm é o receptor nicotínico muscular, presente na junção neuromuscular – fazendo parte do sistema somático. Com a entrada de sódio, ocorre a despolarização da placa motora e a contração muscular esquelética. O Nn (nicotínico neuronal) está presente nos gânglios autônomos e na medula suprarrenal. Ocorre a despolarização dos neurônios pós-ganglionares e no caso da medula a secreção de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). TRANSMISSÃO NEUROMUSCULAR – SISTEMA SOMÁTICO A transmissão neuromuscular que ocorre durante a ativação do sistema somático (voluntário e que regula a atividade da musculatura esquelética) também tem a presença do receptor nicotínico favorecendo a contração do músculo. AGONISTAS MUSCARÍNICOS AÇÃO DIRETA Esses são os agonistas muscarínicos que agem diretamente nos receptores. Não há fármacos muito seletivos para os receptores M1, M2 e M3, então as propriedade farmacológicas são mais simples: no sistema cardiovascular – ocorre a diminuição da FC, efeito dromo, ino e crono negativos, vasodilatação; TGI – aumento da motilidade e de secreções gástricas; trato urinário – contração do músculo detrusor da bexiga e aumento da peristalse uretral, facilitando a liberação de urina; glândulas – aumento da secreção nas lacrimais, sudoríparas, salivares e traqueobrônquicas; aparelho respiratório – broncoconstrição; olho – miose. Apesar de não haver uma seletividade pelos receptores, alguns fármacos apresentam uma afinidade um pouco maior para determinados tecidos. Exemplos: Carbacol e betanecol tem uma ação muito mais intensa no TGI e vesical do que na parte cardiovascular – isso é benéfico para evitar efeitos adversos; Esses fármacos podem ser utilizados no tratamento da atonia gástrica pós-operatória – para facilitar a movimentação peristáltica, íleo paralítico – aumentar a contratilidade da musculatura do íleo, retenção urinária pós-operatória e pós-parto – aumentar a contração do detrusor e relaxamento dos esfíncteres, xerostomia após radiação de cabeça e pescoço, síndrome de Sjogren – acomete as glândulas exócrinas, principalmente lacrimais e salivares, e para diagnóstico de hiper- reatividade brônquica. Também atua no tratamento de glaucoma de ângulo aberto (emergência) e de ângulo fechado (crônico), nos quais ocorre o aumento da pressão intraocular – com o uso de colírios de agonistas muscarínicos há uma contração da pupila, facilitando a drenagem do humor aquoso. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez São contraindicados em pacientes portadores de asma ou doenças pulmonares obstrutivas crônicas, hipertireoidismo – por doenças cardíacas associadas, insuficiência coronariana – a bradicardia pode ser prejudicial, e pacientes com doença acidopéptica – ocorre aumento da secreção de HCl. Efeitos adversos: rubor, sudorese, cólicas abdominais, salivação, cefaleia e dificuldade de acomodação visual pela miose. AÇÃO INDIRETA São os fármacos que vão inibir a enzima acetilcolinesterase, também conhecidos como anticolinesterásicos. Ao inibi-la, favorecem o acúmulo de ACh na fenda sináptica, aumentando a atividade dos receptores pós-sinápticos. Não existe possibilidade de administrar ACh por via intravenosa, porque há uma colinesterase no sangue, chamada de butirilcolinesterase, que degrada rapidamente as moléculas de ACh – logo, a única forma de aumentar a concentração de ACh é através da inibição da enzima acetilcolinesterase. A enzima possui dois sítios de ligação para fármacos e outras substâncias: o sítio esterásico e o aniônico. O esterásico é um sítio de ligação de moléculas irreversível e o aniônico é um local de ligação reversível. A grande maioria dos fármacos se liga apenas no sítio aniônico, como por exemplo o edrofônio – se liga, bloqueia a ação da enzima e depois de desliga, fazendo com que a enzima volte a funcionar. Porém, outras substâncias se ligam no sítio esterásico de forma irreversível – os inseticidas organofosforados e da classe dos ésteres de ácido carbâmico (carbamatos – podem se ligar em ambos os sítios). Exemplos: Neostigmina, fármaco anticolinesterásico, se liga no sítio reversível da enzima. Diflos, inseticida anticolinesterásico irreversível. Os fármacos reversíveis são: edrofônio, ambemônio, neostigmina, fisostigmina, piridostigmina. Rivastigmina, donepezil, tacrina e galantamina são utilizados exclusivamente no tratamento do Alzheimer. As substâncias irreversíveis são os inseticidas organofosforados: DFP, tabun, sarin, soman, paraion, malation, TEPP. O ecotiofato é uma exceção – é um fármaco utilizado na forma de colírio, os outros são inseticidas. Foram muito utilizados em guerra para derramar nos soldados. Os anticolinesterásicos (reversíveis) possuem as propriedades farmacológicas parecidas com os fármacos agonistas diretos dos receptores muscarínicos: miose, hiperemia conjuntival, diminuição da pressão intraocular; aumento de motilidade do TGI e da secreção de HCl; aumento da secreção glandular brônquica, sudorípara, salivar e lacrimal; bradicardia, com diminuição do DC e da PA. Os usos terapêuticos também são bem parecidos: íleo paralítico, atonia de bexiga, glaucoma, Alzheimer, na reversão do efeito de bloqueadores neuromusculares competitivos e no tratamento de intoxicação com fármacos anticolinérgicos. Outro uso terapêutico é no tratamento da Miastenia Gravis – doença autoimune que atinge e destrói os receptores nicotínicos musculares presentes na placa motora do sistema somático. Um dos primeiros sinais clínicos observados é a ptose palpebral, pela diminuição da força muscular. Nessa doença há anticorpos que destroem os receptores da ACh, fazendo com que o doente perca a força muscular esquelética, podendo chegar à paralisia respiratória. Há tratamentos para combater os anticorpos. Os anticolinesterásicos provocam o aumento da oferta de ACh na região da placa motora para os receptores saudáveis que ainda não foram destruídos. As contraindicações são as mesmas dos agonistas diretos: asma, IC, úlcera péptica e hipertireoidismo. Intoxicação por organofosforados Inseticidas usados no solo, pulverizando plantação. A manifestação clínica dependerá da forma de contato com a substância. Se o contato for pela exposição local a vapores ou aerossóis ou após inalação, haverá: miose acentuada, congestão conjuntival, dor ocular, visão embaçada, rinorreia, aumento da secreção brônquica e broncoconstrição. Caso o contato seja por meio da ingestão, haverá: náuseas e vômitos, sialorreia, cólicas intestinais, diarreia, sudorese, miofasciculações, lacrimejamento. Em quadros de intoxicação grave, os sintomas são: sialorreia, defecação e micção involuntárias, sudorese, lacrimejamento, bradicardia, hipotensão, broncoespasmo, confusão mental, fala arrastada, Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez convulsões, alucinações, fraqueza e fadiga musculares (até a paralisia). O tratamento inicial deve ser pela administração de atropina – principal bloqueador dos receptores muscarínicos, pralidoxima – única substância capaz de reverter a ligação irreversível do inseticida com a enzima (usar independente do tempo de intoxicação na tentativa de restaurar a atividadeda enzima). Caso não seja restaurada a atividade enzimática, é necessário transferir plasma e repor as colinesterases, além de medidas de suporte geral para amenizar os sintomas conforme surgirem – retirar a roupa contaminada, dar banho, tratar. ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS Alcalóides naturais: atropina – principal fármaco, escopolamina. Derivados semi-sintéticos: homatropina, tropicamida, ciclopentolato, ipratrópio, tiotrópio. Derivados sintéticos: fármacos mais seletivos, glicopirrolato (n seletivo), pirenzepina (M1), tolterodina (M3), darifenacina (M3), solifenacina (M3), oxibutinina (M3). Muitos fármacos de outras classes apresentam também efeitos anti-muscarínicos, sendo efeitos adversos dessas outras classes, tais como: anti-histamínicos, antipsicóticos e antidepressivos. Propriedades farmacológicas: diminuição da secreção glandular; taquicardia em função do bloqueio de M2, sendo que em alguns pacientes é possível observar bradicardia inicial, devido ao bloqueio de M1 nos gânglios no sistema autônomo simpático; midríase e ciclopegia (paralisia do globo ocular); relaxamento dos músculos lisos das vias aéreas e urinárias; TGI com diminuição de motilidade e secreção gástrica; leve excitação do SNC. A escopolamina pode causar sonolência e amnésia, e depois excitação. Podem ser utilizados em tratamento de bradicardia após infarto agudo do miocárdio e exames oftalmológicos (colírios). Colírios que fazem midríase. Outros usos: tratamento de asma e DPOC (ipratrópio e tiotrópio, via inalatória, associados com agonistas b2 adrenérgicos); anti-espasmódico (diciclomina); Parkinsonismo (Benzotropina); Intoxicação com anticolinesterásicos (atropina); Prevenção da cinetose – distúrbio de tontura durante viagens (escopolamina, pode colocar em adesivo para prevenção); doença ácido- péptica (pirenzepina, não muito usada); pré-anestésico (atropina bloqueia o reflexo causado durante a manipulação de órgãos do TGI); incontinência urinária (tolterodina). Contraindicados nos pacientes com glaucoma e hiperplasia prostática. Efeitos adversos: xerostomia – boca seca, aumento da temperatura corpórea, rubor e fotofobia.
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