natural – um Naturalista. Sendo estudioso de geologia, zoologia, botânica e química, este naturalista procurou aliar seu conhecimento teórico à observação meticulosa e à aplicação criteriosa do Método Científico de investigação. É aqui que você entra nesta história: esta prática tem por objetivo trabalhar a interação entre a exploração do ambiente com os sentidos e os conhecimentos construídos por você em sala de aula, desenvolvendo o hábito do pensamento crítico e do olhar investigativo, ao invés de simplesmente um olhar contemplativo. Procure refletir sobre as seguintes questões, e posteriormente discuta com o seu grupo: • O que você entende por Método Científico? • O que você entende por Modelo Científico? • Na sua opinião, é possível se definir a “VERDADE” sobre os eventos biológicos por meio da ciência? 10 ATIVIDADE DE CAMPO Para iniciar nosso trabalho podemos seguir alguns passos que irão facilitar a composição do relatório. 1) Observação Utilizando seus sentidos, com interesse e sensibilidade, devemos caminhar pelas trilhas observando atentamente seus elementos. É importante manter um olhar curioso, investigativo e questionador, não apenas contemplativo. Nesta parte da prática, procure formular tantas perguntas quanto puder, para que possa escolher a melhor para trabalhar. 2) Identificação de um padrão ou objeto de interesse. A partir dos elementos observados e das questões formuladas, identifique um padrão: algo que se repita de maneira regular; ou escolha um objeto, um elemento ou curiosidade que achar particularmente intrigante. Focalize-se na sua escolha e procure descrevê-la com o máximo de atenção. 3) Formulação de um problema Esta é uma parte importantíssima do trabalho. Você deve se questionar acerca do padrão encontrado: Por que ele ocorre? Onde ele ocorre? Como se desenvolve? A formulação correta de um problema irá facilitar muito os passos seguintes. 4) Elaboração de uma hipótese Por definição, uma hipótese é o enunciado de uma solução estabelecida provisoriamente para um dado problema. Ao estabelecer uma hipótese, você estará fazendo uma previsão sobre o seu objeto de pesquisa, que deverá ser confirmada ou refutada por meio de evidências experimentais. 5) Proposição de uma metodologia Agora, seu grupo deverá debater sobre as melhores abordagens experimentais para se testar a hipótese. Como não teremos tempo de realizar os experimentos, você deve apenas avaliar as possibilidades. Você poderá propor abordagens ousadas, mas tenha em mente que sua abordagem deverá ter coerência com a ciência, e utilizar mecanismos possíveis, conceitualmente falando 6) Debate e avaliação do trabalho Depois de formulada sua metodologia, é hora de apresentá-la aos seus companheiros de trabalho. Procure ouvir atentamente e anotar as críticas e sugestões dadas por seus colegas, monitores e professores. Muitas vezes é neste passo que se delineiam as melhores idéias. Lembre-se de que sua idéia deve ser defendida, mas não a qualquer custo. Deve-se manter a coerência, sempre. Relatório: Ao fazer seu relatório, procure elaborá-lo como se fosse um projeto de pesquisa a ser submetido a um órgão financiador, como o CNPq. Ele deverá ter, antes de mais nada, rigor científico; e deverá resumir todas as etapas realizadas pelo seu grupo. Na investigação científica, a integração entre o que é captado pelos sentidos e os conhecimentos prévios do investigador deve ser total. Em determinadas etapas, como na formulação da hipótese, as idéias vêm primeiro: é necessário se refletir sobre o que se sabe de modo a prever o comportamento de um determinado sistema. Durante a fase experimental, os fatos são preponderantes. O que é observado tem peso de prova, e irá direcionar o raciocínio do pesquisador. Em todas as etapas, deve-se estar munido de criatividade, intuição e conhecimento prévio. Vale lembrar que mesmo os naturalistas, como Darwin, possuíam algum conhecimento nas suas áreas de 11 interesse, e foi conjugando este conhecimento com o que se observava em campo que se pôde elaborar conhecimentos mais amplos e complexos. A ciência, enquanto instituição, constrói-se a si mesma. Os conhecimentos construídos com base no método científico tornam-se progressivamente mais sólidos, à medida em que são utilizados para respaldar novas pesquisas, estudos e observações. As teorias que são aceitas com maior adesão são chamadas de PARADIGMAS, e é sobre elas que se constroem os conhecimentos mais novos, mais complexos e mais ousados, à semelhança da base de uma pirâmide. A ciência construída sobre esta base é chamada “ciência paradigmática ou ciência normal”, mas isso não quer dizer que estas bases sejam imutáveis. Ocasionalmente, novos corpos de conhecimento são desenvolvidos e escapam às proposições do paradigma. Este momento de ruptura é designado “ciência revolucionária”, mas, ao contrário do que se possa pensar, ele não anula o paradigma anterior. A ciência, por seu caráter não-absolutista, reconstrói suas bases sobre alicerces mais sólidos, e cresce em complexidade, fornecendo modelos cada vez mais confiáveis e complexos. As afirmações científicas constituem uma base para o desenvolvimento de novas e melhores maneiras de vida para o homem, mas não têm a intenção de descrever o mundo como ele é. A construção da realidade é uma tarefa que cabe a cada um de nós. Como você constrói a sua? 12 PRÁTICA DE MANGUEZAL O que quer dizer a palavra manguezal? Manguezal é um substantivo coletivo que designa um ecossistema formado por uma associação de animais e plantas que vivem na faixa entre-marés das costas tropicais baixas, ao longo de estuários, deltas, águas salobras interiores, lagoas e lagunas. Já o termo “mangue” refere- se ao conjunto de plantas de diferentes espécies típicas deste ecossistema. O manguezal teve sua origem na superfície da Terra há aproximadamente 60 milhões de anos, no Período Terciário. Ocorrência e formação dos manguezais Os manguezais ocorrem em regiões onde a amplitude média da maré varia de 2 a 4 metros e cujo terreno é formado por um suave gradiente de planície costeira ou ilhas deltaicas, apresentando grande quantidade de partículas finas (silte) na água. São locais protegidos de correntes fortes e ação das ondas, onde acontece a mistura da água doce com a água do mar, o que promove as condições ideais para o desenvolvimento – em altura e taxa de crescimento – das espécies de árvores de mangue. A temperatura média deve ser acima de 20ºC, a amplitude térmica anual menor que 5ºC e a precipitação acima de 1550mm/ano, sem períodos de seca prolongados. Com a união dessas propriedades, em condições específicas, ocorre o acúmulo de partículas finas – vindas tanto do riacho como do mar – que vão sendo depositadas e dão condições de fixação aos propágulos de plantas do mangue. As raízes, conforme se desenvolvem, permitem a retenção de mais partículas que, juntamente com material orgânico proveniente dessas próprias plantas, matéria orgânica animal e material recebido do rio e do mar, irão formar o sedimento do manguezal. O ecossistema de manguezal ocorre na faixa intertropical, que estende-se do Trópico de Câncer ao Trópico de Capricórnio, sendo encontrado desde a América Central até o sul do Brasil, na costa leste e oeste da África, no sul da Ásia, na Austrália e nas ilhas oceânicas. No Brasil, os manguezais estão distribuídos ao longo de 6800 Km de costa, do Oiapoque (Amapá) até a Praia do Sonho (Santa Catarina). Características dos manguezais O manguezal é caracterizado por vegetação lenhosa típica, adaptada às condições limitantes de salinidade, substrato inconsolidado e pouco oxigenado e freqüente submersão pelas marés. Uma fauna típica, igualmente adaptada a essas características, compõe também o ecossistema. Manguezais são ecossistemas com funções extremamente importantes relacionadas à zona costeira, o que pode ser atribuído à sua