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TALASSEMIAS • Desordens hereditárias, caracterizadas pela deficiência na síntese das cadeias de globina o As anomalias da hemoglobina resultam de síntese anormal de Hb, ou diminuição da velocidade de síntese das cadeias normais alfa ou beta • São classificadas de acordo com tipo de cadeia globínica deficiente Alfa-talassemia → produção inadequada na cadeia alfa Beta-talassemia → produção inadequada na cadeia beta • Têm aspecto clínico amplo, varia desde pctes assintomáticos até anemia grave, deformidades ósseas e destruição acelerada de células vermelhas. • Manifestações e laboratório vão depender da cadeia afetada e do grau de desbalanço. o Redução do tetrâmero da hemoglobina → redução da Hb, com hipocromia e microcitose. o Sobra da cadeia que está sendo produzida normal → precipitados intra-eritrocitários (precursores) → hemólise → eritropoese ineficaz ❖ A talassemia é a mais comum das hemoglobinopatias → estima-se que 5% da população mundial tenha ao menos um alelo genético positivo para algum tipo de cadeia globina. • Há grande prevalência em áreas que eram ou são endêmicas de malária → África subsaariana, sudeste da Ásia e região do Mediterrâneo o O estado de portador desse defeito da Hb parece fornecer proteção contra a malária Beta-Talassemias • Forma mais comum de talassemia no Brasil → 3ª hemoglobinopatia mais registrada (menos prevalente que a anemia falciforme e hemoglobinopatia SC) • A prevalência do gene β-talassêmico é mais elevado nas áreas de colonização italiana • Maioria dos casos se concentra nos países do mediterrâneo → prevalência do gene β-talas. de 5-15% o Identificada com certa frequência no norte da África, países do Oriente Médio e negros dos EUA MECANISMOS GENÉTICOS • Caracterizada por diminuição ou ausência na síntese de cadeias β de globina • O gene defeituoso apresenta geralmente mutações pontuais de troca, acréscimo ou deleção de 1 ou 2 nucleotídeos → envolvendo a regulação ou expressão do gene produtor da cadeia β. o O gene da cadeia β está presente no cromossoma 11, junto com genes das cadeias delta ou δ (forma adulta) e a cadeia gama ou γ (forma fetal) ▪ Os genes dessas 3 cadeias compõem o haplótipo do grupamento betaglobínico. • Há pelo menos 200 tipos de mutação envolvidos com as β-talassemias, mas 20 respondem por 80% dos casos mundiais → cada etnia tem apenas 3 ou 4 dessas mutações • As diversas mutações só podem determinar 2 tipos de gene β-talassêmico: o Um gene totalmente incapaz de produzir cadeia β → gene β0 o Gene que produz pequenas quantidades de cadeia β, mas inferior ao normal → gene β+ ▪ Há subtipos dentro do gene β+ que produzem mais ou menos cadeia beta • O gene β+ mediterrâneo produz menos cadeia beta do que o gene β+ africano ❖ Genótipos possíveis de encontrar são: • β/β → pessoa normal • β0/β0 e β+/β+ → homozigotos o Homozigotos do gene β0 não produzem nenhuma cadeia beta → β-talassemia major, muito grave e letal o Homozigotos para o gene β+ costumam gerar a talassemia intermedia → moderadamente grave mas não depende de transfusão • β0/ β+ → duplo heterozigoto o Produzem muito pouco cadeia beta • β0/ β e β+/β → heterozigotos o Apresentam a β-talassemia minor ou “traço” → um gene produz cadeia beta normalmente e o outro não produz ou produz menos, são geralmente assintomáticos o Raramente, genótipo β0/β pode cursar com uma β-talassemia intermédia “branda” → e o genótipo β+/β+pode se apresentar com β-talassemia major “menos grave” FISIOPATOLOGIA • Quando cadeia β está em quantidade diminuída ou ausente nas células eritroides, há 2 consequências: o Baixa na síntese de Hb → promovendo microcitose, hipocromia e anemia o Sobram cadeias α no citoplasma do eritroblasto → cadeias α livres são insolúveis, e precipitam no citoplasma da célula ▪ Seu efeito tóxico gera destruição dos eritroblastos na própria MO → eritropoiese ineficaz • Na β-talassemia major, só 15-30% dos eritroblastos escapam da destruição medular • Os poucos que sobrevivem originam hemácias “defeituosas” → além de microcíticas e hipocrômicas, elas contêm corpúsculos de inclusão (remanescentes de cadeia α) o Isso as torna suscetíveis aos macrófagos do baço, levando a hemólise extravascular crônica. Anemia é consequência ao mesmo tempo da diminuição síntese de Hb, eritropoiese ineficaz e hemólise Eritropoiese ineficaz acaba estimulando a absorção intestinal de ferro, levando à hemocromatose, mesmo na ausência da reposição inadvertida de sulfato ferroso QUADRO CLÍNICO E LABORATÓRIO Beta-Talassemia Major (Anemia de Cooley) • O tipo mais clássico se desenvolve no homozigoto para gene β0 → pode ocorrer com β0/β+ e β+/β+ mediterrâneo, mas menos frequente o A ausência completa (ou quase) de cadeia β permite formação de qtd expressiva de complexos de cadeia α que irão provocar a destruição celular. • Como até os 3-6 meses a Hb predominante é a HbF (α2γ2), não há necessidade de cadeia β → a partir dessa faixa etária, a doença se instala com anemia grave (Hg 3,0-5,0 g/dl) e icterícia. • O ritmo acelerado de destruição de células eritroides na MO e periferia estimula a proliferação e maturação dos eritroblastos → há grande expansão da MO (mais do que em outra anemia) o Leva às clássicas deformidades ósseas → proeminência dos maxilares (“fácies de esquilo”) ▪ Aumento da arcada dentária superior, com separação dos dentes e bossa frontal. ❖ Enquanto as reservas metabólicas são utilizadas para expansão eritrocitária, outras funções como crescimento, desenvolvimento e resposta imunológica ficam prejudicadas Baixa estatura, além de disfunção endócrina, inanição e suscetibilidade a infecções. • Pela hemólise crônica, as crianças estão sujeitas à litíase biliar (cálculos de bilirrubinato de cálcio) e úlceras maleolares • Hepatoesplenomegalia é clássico, decorrente da hemólise crônica (hiperplasia reticuloendotelial) o E eritropoiese extramedular → o intenso estímulo à hiperplasia dos eritroblastos faz com que o baço e fígado retomem a produção de células eritroides RX de crânio pode revelar os aspectos clássicos da expansão medular → adelgaçamento da cortical, alargamento da cavidade medular e a imagem de “cabelos na extremidade”. • RX de mão → adelgaçamento cortical, com expansão dos espaços entre as trabéculas ósseas. ❖ Crianças que recebem hemotransfusão esporádica continuam mantendo os efeitos deletérios da hiperplasia eritroide exagerada → acabam falecendo de complicações na 1a década de vida o Déficit de crescimento e desenvolvimento, deformidades ósseas e infecções recorrentes. • Com a terapia com hipertransfusão regular (objetivo Hb 11-13 g/dl), as complicações podem ser evitadas, permitindo crescimento adequado e qualidade de vida razoável, pelo menos até 15-17 anos Porém, transfusões repetidas durante longos anos levam à sobrecarga de ferro no organismo (hemocromatose transfusional) → pcte já acumula ferro pelo aumento da absorção o O ferro se acumula em diversos órgãos e tecidos, provocando morte de células e disfunção orgânica → principalmente fígado, sistema endócrino, pele, coração ▪ O quadro clínico é marcado por agravamento da hepatoesplenomegalia, coloração “bronzeada” da pele, hipogonadismo, diabetes mellitus e ICC refratária • Com o início precoce da terapia quelante de ferro, a sobrevida média pode chegar aos 31 anos. LABORATÓRIO Anemia grave → microcítica (VCM 48-72 Fl) e hipocrômica (CHCM: 23-32 g/dl). • Hemograma pode apresentar leucocitose neutrofílica, com plaquetometria está normal. o Reticulocitose com índice de 5-15% • Alterações de hemólise extravascular estão presentes → hiperbilirrubinemia indireta, aumento do LDH, diminuição da haptoglobina Esfregaço do sangue periférico → intensa anisopoiquilocitose, com predomínio de hemácias microcíticas e hipocrômicas e de hemácias em alvo (leptócitos).o Fragilidade osmótica das hemácias em alvo está menor, porque sua superfície é maior proporcionalmente ao seu volume. • Eritroblastose é marcante, decorrente da hiperplasia eritroide exagerada o Eritroblastos na periferia correspondem a > 10% da contagem leucocitária, ou mais de 200/mm3 → eventualmente pode ter a contagem extrema de 50.000-100.000 eritroblastos por mm3 • Hematoscopia também pode revelar hemácias com pontilhado basofílico. Beta-Talassemia Intermédia • É quadro mais brando, porque os pctes tem produção intermediária de cadeia β pelos seus eritroblastos. • Diagnóstico frequentemente feito na adolescência ou fase adulta • São indivíduos cronicamente anêmicos → Hb entre 6-9g/dl e hematócrito entre 18-27% o Com deformidades ósseas características, icterícia intermitente, episódios de litíase biliar recorrente e esplenomegalia moderada. • O crescimento, desenvolvimento e fertilidade estão preservados. • Absorção de ferro intestinal também está aumentada (3-10x), por mecanismo semelhante → sinais e sintomas da hemossiderose só aparecem após os 30 anos. • Achados dos índices hematimétricos e na hematoscopia do sangue periférico são idênticos → o que as diferencia é o grau de anemia. Beta-Talassemia Minor • Considerada entidade benigna → também chamada de traço talassêmico • São pacientes heterozigotos para gene β+ (β+/β) ou para gene β0 (β0 /β). • Se 2 indivíduos com talassemia minor tiverem prole o 25% de chance te ter filhos genotipicamente normais (β/β) o 50% chance de filho nascer com “traço talassêmico” (β0 β+/β). o 25% chance de terem 1 filho com β-talassemia major (β+ /β+ ou β0 /β+) ou intermédia (β0/β0) ▪ Risco de talassemia major está presente se ambos os pais forem heterozigotos para gene β0 ou 1 dos pais tiver gene β0 e o outro tiver o gene β+ ▪ O risco de talassemia intermédia ocorre quando ambos os pais têm o gene β+ Paciente é assintomático, e diagnóstico é feito acidentalmente no seu hemograma • Alguns tem anemia discreta (Hg > 10 g/dl), outros não apresentam anemia o Grandes marcadores da doença são a microcitose (VCM 60-75 fL) e hipocromia (HCM 18-21pg) • Sangue periférico contém hemácias em alvo e pontilhado basofílico. DIAGNÓSTICO • Exame padrão-ouro é a ELETROFORESE DE Hb → quantifica proporcionalmente os tipos de Hb nas hemácias do pcte o O normal de um adulto é → 97% HbA1, 2% HbA2 e 1% HbF • Como há menos ou não há cadeias β, as Hbs formadas por outras cadeias não-α sobressaem (HbA2 e HbF) → valores de HbA2 entre 3,5 a 8% são característicos. o O % de HbF depende do grau de deficiência da cadeia β → na major pode ultrapassar 90%, enquanto na minor pode ser normal ou levemente aumentado TRATAMENTO Beta-Talassemia Major • Tratamento baseado na Hipertransfusão Crônica → controla a hiperplasia eritroide desordenada, por retirar o estímulo anêmico à produção renal de EPO • Além disso, está se fornecendo hemácias com Hb normal ao pcte, justamente o que está faltando o 5-10 ml/kg a cada 3-5 semanas → objetivo manter Hb média de 12 g/dl e mínima de 10 g/dl. • Com esse tratamento, as crianças recuperam o crescimento e desenvolvimento, se diminui o risco de infecções e controla a hepatoesplenomegalia. • Reposição de ácido fólico 1 mg/dia é rotineira. • Esplenectomia é recomendável sempre que as necessidades de transfusão aumentarem mais de 50% em 1 ano ou ultrapassem 200 ml/kg/ano o Toda criança candidata deve ter pelo menos 6-7 anos de idade e deve ser imunizada (antes da cirurgia) para pneumococo, hemófilo tipo B e meningococo. ❖ Tratamento para hemocromatose secundária (transfusional) com deferoxamina → quelante parenteral • Adm por via SC, infundida em 12h, com dose variando de 1,5-2,5 g/dia, 5x/semana o Há preferência pelo deferasirox (20-30 mg/kg/ dia) → VO, com os mesmos benefícios • Avaliação da sobrecarga de ferro e a resposta à terapêutica deve ser feita por dosagens seriadas da ferritina, ferro sérico, saturação da transferrina e quantificação de ferro no parênquima hepático o A ferritina sérica deve permanecer < 1.000 ng/ml. • Eventos adversos incluem alterações visuais, tinido e disfunção renal → reversíveis com a suspensão ❖ Transplante halogênico de medula (células-tronco) tem ótimos resultados se indicada corretamente. • Crianças sem hepatomegalia e fibrose periportal, com boa adesão à terapia quelante de ferro → possuem chance de sobrevida longa livre de doença (“cura”) > 90%. • Aquelas que apresentam hepatomegalia ou fibrose periportal → taxa cai para 80%. • As que têm hepatomegalia e fibrose periportal → chance passa a ser < 50% e transplante não é indicado. Beta-Talassemia Intermédia e Minor ❖ Talassemia intermédia → pctes devem ser acompanhados para avaliação contínua de seus sintomas, função cardíaca e sinais de sobrecarga de ferro. o Hemotransfusões indicadas para os sintomáticos e para aqueles com sinais de IC. • A reposição de ácido fólico 1 mg/dia está indicada. • Mesmo sem transfusões, muitos pacientes evoluem com hemocromatose por aumento da absorção intestinal de ferro o Terapia quelante de ferro indicada quando ferritina sérica > 1.000 ng/ml ▪ Pode-se tentar quelante oral (deferiprona [Ferriprox]) ou a própria deferoxamina. ❖ Talassemia minor → não exige tratamento, só orientação e aconselhamento genético • Se for possível, deve-se estudar mutações do casal, para ver chances do filho ter talassemia major Alfa-Talassemia • O gene da α-talassemia tem alta concentração em localidades no sudeste da Ásia e na China, e em populações originárias da costa oeste da África (negros) • Também encontrada esporadicamente na Índia, Oriente Médio, Itália, Grécia e nordeste da Europa o Nos demais países a doença é rara MECANISMOS GENÉTICOS • Há 4 genes da cadeia α de globina, dispostos no cromossomo 16 → 2 alelos em cada braço cromossomial • Decorre de deleção de 1 ou + genes α, ao contrário das betas, que decorrem de mutações pontuais Genótipos o αα/αα → normal o αα/α_ (1 deleção) → carreador assintomático o αα/_ _ (2 deleções) → alfatalassemia minor (heterozigoto α0); o α_/α_ (2 deleções) → alfatalassemia minor (homozigoto α+); o α_/_ _ (3 deleções) → doença da HbH o _ _/_ _ (4 deleções) → hidropsia fetal ❖ O alelo α0, representado por _ _, é a deleção de ambos os genes α de um braço cromossomial. • O alelo α+, representado por α_, é a deleção de apenas 1 gene α de um braço cromossomial. o Os sintomas da doença só se manifestam com 3 ou 4 deleções. • Um casal com alfatalassemia minor, dependendo do genótipo, pode ou não ter filho com hidropsia fetal → casal heterozigoto α0 (αα/_ _) tem 25% chance o Casal homozigoto α+ (α_/α_) nunca terá um filho com esta doença. • Nos EUA negros americanos têm prevalência de 15% do gene da α-talassemia, mas a doença manifesta é raríssima → porque os que têm α-talassemia minor são homozigotos α+ FISIOPATOLOGIA E CLÍNICA Hidropsia Fetal • Ausência completa de cadeias α é incompatível com vida extrauterina → natimorto ou nascimento de bebê com hidropsia fetal, rapidamente fatal. • A única cadeia que substitui a cadeia α é a ξ (da Hb embrionária), ativa só até a vida fetal → nesse momento, é essencial a síntese de cadeias α, para produzir HbF (α2γ2) • Sem nenhuma cadeia α, as cadeias gama se juntam, formando tetrâmeros γ4, denominados Hb de Bart Essa Hb é muito ávida por O2, não entregando ele para tecidos do feto ▪ Anemia grave com hepatoesplenomegalia secundária a eritropoiese extramedular. ▪ Insuficiência cardíaca congestiva, hipoalbuminemia → edema generalizado (hidropsia) Doença da Hemoglobina H • A ausência de 3 genes permite o nascimento da criança sem maiores problemas, mas já com anemia • A sobra de cadeias beta não possui o efeito tóxico grave das cadeias alfa livres → formação de tetrâmeros de cadeia β → HbH o Pode se precipitar nas hemácias → aparece noesfregaço sanguíneo, corado pelo azul brilhante de cresil, como um pontilhado eritrocítico. • Quadro clínico se desenvolve como uma talassemia intermédia → hemólise extravascular e moderada eritropoiese ineficaz o Anemia moderada com microcitose, hipocromia, e fragmentação das hemácias → apresentam esplenomegalia • Pacientes chegam à fase adulta sem necessidade de hemotransfusões ou esplenectomia, apenas se anemia grave. Alfatalassemia Minor • São pacientes assintomáticos, mas com microcitose e hipocromia no hemograma. o Valor médio do VCM 72fl → do HCM 31 g/dl. • Diagnóstico é suspeitado com exames de check-up • Principal preocupação é saber o genótipo e possibilidade de filhos com hidropsia fetal ou doença da HbH. DIAGNÓSTICO • Eletroforese de Hb pode confirmar o diagnóstico de casos de hidropsia fetal → mostra Hb Bart e ausência completa de HbA • Também diagnóstico a Doença da HbH → % de HbH detectado varia entre 5-40% o A HbA2 e a HbF estão proporcionalmente normais ou diminuídas • A α-Talassemia minor é de mais difícil diagnóstico o Indivíduos com microcitose entre 70-80 fL, sem anemia, com lab do ferro normal e eletroforese de Hb normal → provavelmente possuem α-talassemia minor ▪ O diagnóstico deve ser confirmado por estudo genético. • Diagnóstico precoce da hidropsia fetal já é possível a partir da 10a semana de gestação, através de biópsia do vilo coriônico com realização de teste genético no material coletado TRATAMENTO • Só á indicado na doença da HbH, semelhante ao da b-talassemia intermedia Indicações de hemotransfusão, quelação de ferro e esplenectomia • A reposição de ácido fólico 1 mg VO/dia está sempre indicada. LEUCOPENIA E LEUCOCITOSE • A contagem periférica normal de glóbulos brancos varia entre 4.500/μL e 10.000/ μL, com média de 7.500/μL → é composta de neutrófilos, linfócitos, monócitos, basófilos e eosinófilos • Neutrófilos representam 60% dos leucócitos periféricos → a alteração na CGB normalmente reflete na elevação ou redução da contagem absoluta de neutrófilos LEUCOCITOSE → CGB elevado LEUCOPENIA → CGB baixo Dinâmica Neutrofílica Normal • Os neutrófilos se originam de células progenitoras multipotentes na MO que também dão origem aos eritrócitos, megacariócitos, eosinófilos, basófilos e monócitos o Os precursores de neutrófilos na medula amadurecem em 6 a 10 dias para formar um pool de armazenamento de neutrófilos maduros • A população medular constitui cerca de 95% do total da massa de granulócitos do corpo → 20% de precursores de neutrófilos, 75% de bastonetes maduros e neutrófilos • O pool de neutrófilos circulantes representa apenas 5% do total de neutrófilos do corpo → e pouco mais da metade são aderentes, em dado momento, ao endotélio vascular e baço → marginação o Neutrófilos marginais são posicionados para liberação imediata na circulação durante momentos de estresse ▪ Os neutrófilos remanescentes circulam livremente no sangue, onde podem sobreviver por 6 a 12 horas → ou migram para os tecidos, onde podem sobreviver por 1 a 4 dias ❖ A neutrofilia ocorre como resultado do aumento da produção medular, do aumento da liberação de neutrófilos do grupo de armazenamento, ou da mobilização de neutrófilos do grupo marginal • A neutropenia pode resultar da diminuição da produção, aumento na marginação com ou sem sequestro pelo baço, ou do aumento da destruição das células periféricas Neutrofilia • Aumento do número de neutrófilos circulantes > 7,5 x 109/L. • A maioria dos casos de neutrofilia é reacional ou secundários a um processo inflamatório → infecção, inflamação crônica, estresse, drogas, neoplasia não hematológica, estimulação da medula... o As causas primárias podem ser congênitas → neutrofilia hereditária, síndrome de Down e deficiência de adesão leucocitária (LAD) ▪ Ou adquiridas → leucemia mieloide crônica e outras doenças mieloproliferativas Causas Secundárias INFECÇÃO • Muitas infecções bacterianas agudas se apresentam com leucocitose discreta com "desvio a esquerda" → circulação de células mieloides imaturas o Relacionado com liberação maior de bastonetes, mas em casos de estresse grave se observam metamielócitos e ate células anteriores • A leucocitose ocorre em horas da infecção devido à liberação de neutrófilos da MO e dos marginais. o Esfregaço de sangue demonstra granulação tóxica, corpúsculo de Döhle e vacúolos citoplasmáticos. • Certas infecções (Clostridium difficile, TB) causam elevação > 30.000/μL → 1 a cada 4 pctes podem ter uma reação leucemoide > 50.000/μL com acentuado desvio à esq INFLAMAÇÃO CRÔNICA • Resulta de aumento na produção de leucócitos (neutrófilos e monócitos) em oposição à alteração na distribuição de neutrófilos o Grupos de neutrófilos maduros são depletados com inflamação e o setor mieloide da MO se expande para aumentar a produção neutrofílica. ▪ Muitas citocinas, como o (TNF-α), CSF de granulócitos, CSF de granulócitos-macrófagos, proteína inflamatória do macrófago, IL-1, 6 e 8 estão envolvidos nessa estimulação • Condições particularmente associadas → artrite reumatoide juvenil, artrite reumatoide, doença de Crohn, colite ulcerativa, infecção granulomatosa e hepatite crônica o Elevação na contagem mais moderadas do que as observadas na inflamação aguda ou infecção. ❖ TABAGISMO • Pode causar leucocitose e neutrofilia em 25-50% dos fumantes crônicos • Pode persistir por 5 anos depois do abandono do cigarro. ❖ ESTRESSE • Após minutos de exercício, cirurgia ou estresse, podemos notar elevação de neutrófilos circulantes • Presume-se que seja efeito das catecolaminas sobre neutrófilos marginais → causa liberação destes o Alguns casos podem ser prevenidos pelo pré-tto com antagonistas β-adrenérgicos (propanolol) ▪ A neutrofilia por exercício não melhora com o uso de propranolol → sugerindo que ocorra pelo fluxo e perturbação mecânica dos neutrófilos no pulmão. INDUZIDA POR MEDICAMENTOS • Corticosteroides são os + associados • Outros incluem os β-agonistas e o lítio → lítio causa neutrofilia pela maior produção endógena de fatores estimulantes de colônia • Tratamento com G-CSF ou GM-CSF também resulta em neutrofilia → é o efeito desejado, mas pode ser bastante pronunciada se não adequadamente monitorada. ESTÍMULO DA MEDULA • A destruição periférica de hemácias e plaquetas (anemia hemolítica e PTT) pode estimular a MO e refletir em leucocitose. • A recuperação das contagens celulares após supressão da MO pode resultar em leucocitose rebote que pode durar por várias semanas. MALIGNIDADES NÃO HEMATOLÓGICAS • A leucocitose pode ser vista em uma série de malignidades não hematológicas • Alguns tumores (pulmão, língua, rins, bexiga) parecem secretar G-CSF como fator de crescimento hematopoético ectópico o Outros (estômago, mama), com metástases ósseas e da MO, podem ocasionar reação leucoeritroblástica → leucocitose com desvio, trombocitose e anormalidades eritroides • A presença de entidades não hematopoéticas invadindo a medula é denominada mielofitise Causas Primárias NEUTROFILIA HEREDITÁRIA • Doença genética autossômica dominante • Caracterizada por contagem elevada de leucócitos de 20.000 a 100.000/μL com esplenomegalia e alargamento da diploe (tecido esponjoso) do crânio. • Neutrófilos nesta doença parecem funcionar normalmente → pctes não têm risco maior de infecção NEUTROFILIA IDIOPÁTICA CRÔNICA • Condição marcada por leucocitose na faixa de 11.000 a 40.000/µL com biópsia normal da medula • Em uma série de 20 anos de acompanhamento, os pacientes não possuíam nenhuma consequência por esta contagem elevada de leucócitos. PÓS-ESPLENECTOMIA • Pacientes desenvolvem leucocitose após a esplenectomia → pode ser de longa duração, em função da perda de importante local de marginação neutrofílica.• Isso não tem importância clínica URTICÁRIA FAMILIAR AO FRIO • Caracterizada pela presença de febre, leucocitose, urticária, eritema, conjuntivite e dor à palpação da pele e músculo na exposição ao frio o A erupção é composta pelo infiltrado neutrofílico. • A síndrome parece estar relacionada à diminuição dos níveis do inibidor de C1- esterase → associada a mutações no gene CIAS1 ou cromossomo 1q ANOMALIA DE PELGER-HUËT • Causada por mutação no gene do receptor da lâmina B o Se manifesta com neutrófilos maduros de cromatina condensada e aglomerada com núcleo bilobulado → esses neutrófilos funcionam normalmente. • Vários fármacos podem reversivelmente induzir uma pseudo-APH → colchicina, sulfonamidas, ibuprofeno, taxoides e valproato • Deficiência de vit B12 ou folato pode aumentar a lobulação nuclear de neutrófilos em pctes com APH, prejudicando o diagnóstico → reposição vitamínica reverte o processo. SÍNDROME DE DOWN • Até 10% pctes com síndrome de Down desenvolvem doença mieloproliferativa transitória → relacionada à leucocitose de sangue periférico, com blastos e acúmulo de megacarioblastos no sangue, fígado e MO. • Atribuível à aquisição de mutações no gene GATA1, que codifica um fator de transcrição chave para regulação hematopoiética o Leva à perda de expressão GATA-1 normal e a expressão de uma proteína truncada GATA-1 ▪ São mutações adquiridas na vida fetal. • Se resolve espontaneamente na maioria, mas pode progredir p leucemia megacarioblástica em 23-30% → a progressão requer presumivelmente novos eventos genéticos DEFICIÊNCIA DA ADESÃO LEUCOCITÁRIA • É uma anormalidade da adesão leucocitária como reflexo da perda de moléculas de adesão da superfície DAL I se deve à ausência ou redução acentuada na cadeia comum β de integrinas β2 → resulta em perda da expressão de leucócito associado à função antígeno 1, o receptor C3bi e GP150;95 o Isso resulta em uma falha em ingerir e matar micro-organismos opsonizados por C3bi. Na LAD II, neutrófilos não possuem sialil-Lewis X → ligante para L-selectina das células endoteliais. • Pacientes apresentam leucocitose, defeitos de ativação de neutrófilos dependente de estímulo, infecções recorrentes e separação tardia do cordão umbilical. o Neutrófilos parecem morfologicamente normais, mas apresentam defeitos na quimiotaxia, adesão e fagocitose. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA E OUTROS DISTÚRBIOS MIELOPROLIFERATIVOS • Principais distúrbios hematológicos primários adquiridos associados a neutrofilia → caracterizados pela expansão clonal de precursores mieloides o E aumento da liberação de células mieloides imaturas e maduras para sangue periférico. • Em contraste com uma reação leucemoide, a LMC é caracterizada pela presença de anormalidades de outras linhagens de células sanguíneas e pela presença de anormalidades específicas. o O esfregaço de sangue periférico na LMC demonstra números aumentados em todas as células das séries neutrofílica Reação Leucemoide • É leucocitose reacional excessiva, caracterizada pela presença de células imaturas no sangue periférico. costumam ser bastante intensa em crianças. o Condições associadas → infecções graves ou crônicas, hemólise intensa e CA metastático. • Alterações granulocíticas ajudam na diferenciação entre reação leucemoide e leucemia mieloide crônica Reação Leucoeritroblástica • Caracteriza-se pela presença de eritroblastos e precursores granulocíticos no sangue. • Causado por infiltração metastática da MO ou por certos distúrbios sanguíneos benignos ou neoplásicos → mielofibrose primária, leucemia mieloide, mieloma, linfoma, TB miliar, hemólise severa... Manifestações Clínicas e Diagnóstico • Leucocitose adquirida é mais comumente o resultado de uma infecção ou inflamação o Deve ser vista como um sinal de um sistema hematopoético saudável, respondendo a estresse externo. o A avaliação da medula óssea é, portanto, raramente indicada. • Persistência de leucocitose na ausência de sinais de inflamação, infecção, neoplasias não hematológicas e drogas → deve ser avaliada p doença mieloproliferativa primária ou neoplasia hematológica o Particularmente quando há evidência de uma reação leucoeritroblástica. • LMC e PV podem ser excluídas por diagnóstico molecular no sangue periférico o Exame da MO é indicado, para avaliar quanto à infiltração da MO por infecção, tumor ou fibrose o Deve incluir culturas para tuberculose e infecção fúngica, citogenética e citometria de fluxo Leucocitose Decorrente de Expansão de Outras Linhas Celulares Monocitose • Definida por contagem de monócitos absolutas > 500/µL • Geralmente ocorre em inflamação crônica resultante de infecções como TB, sífilis, endocardite bacteriana subaguda → além de doença autoimune ou por doença granulomatosa e sarcoidose • Também pode ser observada em estados pré-leucêmicos → neoplasias como leucemia não linfocítica mielomonocítica aguda e leucemia monocítica, histiocitose, doença de Hodgkin, linfoma não Hodgkin... • Pode ser observada no quadro de neutropenia crônica, após a esplenectomia, e no contexto de recuperação de supressão da medula Linfocitose • Definida por contagem absoluta de linfócitos > 5.000/µL. • As causas mais comuns são as infecções virais, como vírus Epstein-Barr e vírus da hepatite. o Pertussis e doença da arranhadura do gato em função do Bartonella henselae (bactérias) podem causar impressionante linfocitose. • Outras infecções são a toxoplasmose e a babesiose. • Reações de hipersensibilidade a drogas ou doença do soro também se associam a linfocitose. • Transtornos primários que causam uma linfocitose incluem leucemia linfocítica crônica e linfocitose monoclonal de células B Eosinofilia • Definida por contagem de eosinófilos absolutos > 400/µL. • Eosinófilos proliferam sob a influência da IL-5 e tem papel na fagocitose e modulação da toxicidade decorrente da degranulação do mastócito em reações de hipersensibilidade. o Mais frequente no contexto de reações a drogas, alergia, atopia e asma • Uma variedade de infecções, particularmente infecções parasíticas e fúngicas, podem ser associadas • Também pode ser resultado de condições inflamatórias e autoimunes, como vasculite Churg-Strauss. o Doença ateroembólica e insuficiência da adrenal também podem causar eosinofilia. • Há vários cânceres associados à expansão politípica de eosinófilos, como linfomas e tumores sólidos → distúrbios clonais de eosinófilos ocorrem no contexto de algumas leucemias. • Finalmente, há um grupo heterogêneo de distúrbios denominados síndromes hipereosinofílicas o Uma fusão de genes FIP1L1-PDGFRA confirmou que alguns desses são distúrbios clonais primários de eosinófilos Neutropenia • Pode ser reflexo de baixos números de neutrófilos circulantes com reserva neutrofílica baixa ou normal. o Risco de infecção é dependente do tamanho do grupo de armazenamento de neutrófilos. • É definida por uma contagem absoluta de neutrófilos < 1.500/µL → mas pctes com contagens abaixo deste número podem ter diferentes riscos de infecção dependendo da causa da neutropenia • Neutropenia pode ser seletiva ou parte de pancitopenia global Causas Primárias NEUTROPENIA ÉTNICA BENIGNA • A faixa de normalidade da contagem de neutrófilos é geneticamente determinada e pode ser variável o Vários grupos raciais e étnicos foram observados com proporção alta dos membros que são neutropênicos em comparação com as faixas normais publicadas • Polimorfismos de um nucleotídeo no gene para o receptor antígeno de quimiocina Duffy (DARC) demonstraram estar associados à raça o Esse polimorfismo gera a perda de sua expressão e esta associada a NEB o 98% pessoas oriundas da África Oriental tem esse polimorfismo Parece ter sido selecionada na evolução devido a maior resistência à malária → Plasmodium usa DARC como receptor para adentrarnos eritrócitos o A perda da sua expressão causaria diretamente o estado da neutropenia étnica benigna ❖ Há também a condição de neutropenia familiar benigna hereditária autossômica dominante → caracterizada por contagens de neutrófilos de 800 a 1.400/µL • Ambas as neutropenias não têm sido associadas a nenhum risco elevado de infecção NEUTROPENIA CONGÊNITA SEVERA • É uma doença autossômica recessiva com contagens de neutrófilos < 500/µL → apresentando-se no período neonatal com infecções bacterianas recorrentes o Essas infecções podem ocorrer logo nos primeiros meses de vida e muitas vezes incluem onfalite e abscessos perirretais. • Maioria dos casos é causada por mutações no gene que codifica a elastase do neutrófilo • Muitas vezes há um aumento em outras linhagens de células mieloides, incluindo monócitos e eosinófilos. • A biópsia de medula óssea revela uma "parada de maturação" em pctes de NSC com ausência de elementos neutrófilos maduros. • G-CSF produz respostas clinicas, embora possa favorecer evolução para fibrose da MO e LMA ❖ A NCS pode seguir os padrões de herança autossômica dominante e recessiva ligada ao cromossomo X e tem sido demonstrada em associação às mutações em uma variedade de genes • Elastase de neutrófilos (ELANE) é uma serina protease sintetizada em altos níveis no estágio de promielocítico da maturação neutrofílica, e é acondicionada em grânulos primários o O acúmulo de elastase mutantes no retículo endoplasmático ativa a resposta de uma proteína desdobrada (hax-1), levando à apoptose ▪ É a proteína implicada nos casos originais autossômicos recessivos de NSC descritos • A proteína da síndrome de Wiskott-Aldrich (WASP) regula a polimerização da actina em células hematopoéticas → sua deficiência resulta na síndrome de Wiskott-Aldrich o Caracterizada por pequenas plaquetas em baixo número, infecções sinopulmonares e eczema ▪ Outro fenótipo de mutação WASP é a trombocitopenia ligada ao X e neutropenia. • Mutações numa subunidade da glicose-6-fosfatase são causas recentemente descobertas → perda dessa enzima leva a apoptose NEUTROPENIA CÍCLICA • Síndrome rara que cursa com neutropenia grave < 200/µL, com periodicidade de 3-4 semanas o Monócitos tendem a aumentar à medida que neutrófilos diminuem. • O distúrbio pode ser herdado, predominante, ou esporádico → mutação no gene da elastase do neutrófilo é condição determinante em alguns casos • Esses períodos de neutropenia podem ser marcados por febre recorrente, feridas na boca e infecções da pele, do trato respiratório superior e orelhas. o O diagnóstico pode ser estabelecido por sequenciamento do gene da elastase neutrofílica. • Ela é tratada com sucesso com G-CSF e não está associada a maior risco de transformação leucêmica. Causas Secundárias NEUTROPENIA RELACIONADA À INFECÇÃO • Várias infecções virais podem causar neutropenia transitória → normalmente se resolve à medida que a viremia desaparece o Varicela, sarampo, rubéola, hepatite A e B, VEB, influenza, parvovírus e CMV • O HIV e a AIDS podem causar leucopenia e neutropenia em decorrência de aumento do sequestro secundário a esplenomegalia → e através de destruição imunomediada por anticorpos antineutrofílicos • Inúmeras infecções atípicas como Mycobacterium tuberculosis, erliquiose, riquétsias, tularemia, brucelose e infecções estafilocócicas podem causar neutropenia moderada • Qualquer infecção ocasionando sepse grave pode causar neutropenia → geralmente pelo consumo da reserva neutrofílica medular o Há também aumento da marginação de neutrófilos pela ativação do SC ▪ Vista tipicamente em RN e idosos, e não em indivíduos com medula saudável e madura NEUTROPENIA INDUZIDA POR DROGA E NEUTROPENIA DEVIDO À LESÃO MEDULAR • Neutropenia induzida por droga é a causa mais comum de neutropenia • Mecanismo ocorre predominantemente dentro do compartimento medular → mas certas drogas se associam a maior destruição ou remoção dos neutrófilos periféricos o Muitas drogas podem ocasionar supressão medular direta e dose-dependente, enquanto outras estimulam uma destruição imunomediada • Geralmente a neutropenia ocorre 1 a 2 semanas após a exposição à droga → recuperação começa em poucos dias após a interrupção da administração o Em casos atípicos pode ocorrer muito depois do início da utilização da droga, e outros podem estar associados a maiores intervalos para a recuperação da contagem de neutrófilos • A radiação pode ocasionar lesão medular, levando insuficiência medular aguda ou crônica NEUTROPENIA IMUNE • Infecção e drogas causam uma destruição imunomediada de neutrófilos → mas pode também ocorrer como fenômeno isolado ou como manifestação de doença autoimune sistêmica subjacente ❖ Neutropenia Autoimune Primária → doença de crianças < 4 anos, media de 6 a 12 meses • Tto é restrito aos antibióticos profiláticos, com G-CSF reservado para episódios de infecção aguda o 95% dos pacientes têm remissão espontânea em 2 anos • Quase todos possuem anticorpos antineutrófilos dirigidos contra antígenos derivados do receptor de FcγIIIb → mediam a destruição de neutrófilos por sequestro no baço, ou lise por complemento ❖ Neutropenia Autoimune Secundária → doença de adultos e pode ser vista em associação a hipertireoidismo, granulomatose de Wegener, artrite reumatoide e LES ❖ Síndrome de Felty → associação à artrite reumatoide de longa duração • Caracterizada por esplenomegalia e neutropenia profunda o Tanto a síndrome de Felty quanto a síndrome de grandes linfócitos granulares estão associadas a proliferação de linfócitos granulares grandes, com fenótipo de superfície característico NEUTROPENIA RELACIONADA AO AUMENTO DA MARGINAÇÃO E HIPERESPLENISMO • A ativação do complemento pode resultar em neutropenia aguda e crônica → resultado do aumento da marginação do grupo de neutrófilos circulantes o Pois a C5a torna os neutrófilos mais aderentes e propensos a agregação nos vasos pulmonares • Observado em pacientes queimados e reações transfusionais. NEUTROPENIA POR DEFICIÊNCIA DE NUTRICIONAL • Deficiências de vitaminas e minerais → particularmente B12, folato e cobre → associados à neutropenia o Resultam em mielopoiese ineficaz, interrupção da maturação e alterações megaloblásticas com dissincronia núcleo-citoplasmática • O achado característico no contexto de anemia megaloblástica é a hipersegmentação de neutrófilos Características Clínicas • A neutropenia se torna evidente quando resulta em infecção → risco substancialmente maior quando < 500/microL, apesar de < 1000 já ter risco • Dada a falta de neutrófilos, os sinais e sintomas da infecção podem estar atenuados o Pneumonia pode ser presente com mínimo infiltrado no RX, ou ITU com apenas leve piúria. o Febre em qualquer pcte neutropênico deve ser considerada emergência → pronta coleta de culturas e administração da terapia antibiótica empírica ❖ Quando a febre, infecção ou sepse e neutropenia se apresentam concomitantemente e pela primeira vez, pode ser difícil determinar se a neutropenia é anterior ou resultado da infecção o Esfregaço de sangue periférico pode ser útil → elevação de bastonetes e evidência de granulação tóxica sugerem a última • Neutropenia severa é particularmente associada a infecções da boca e da garganta. o Úlceras dolorosas e frequentemente intratáveis podem ocorrer nesses locais, na pele e no ânus. A neutropenia induzida por droga é a causa mais comum de neutropenia adquirida → história cuidadosa de todas as exposições a fármacos e toxinas é recomendada. o Deve haver avaliação cuidadosa para condições inflamatórias e malignas subjacentes como o fator precipitante da neutropenia. o Deve-se prestar atenção para a pele, ossos, anexos e as unhas porque anormalidades podem apontar para uma das síndromes de neutropenia congênita • Hemograma completo, esfregaçoe níveis de vitamina B12 e folato também devem ser realizados. ❖ Quando a neutropenia não é grave e está associada à anemia e à trombocitopenia, deve-se considerar a possibilidade de hiperesplenismo. • Em muitos casos, diagnóstico pode ser feito pelo achado de esplenomegalia palpável. o Em obesos, exame de imagem deve ser usado para avaliar o tamanho do baço. Exame da MO é útil em pctes com neutropenia crônica, sem histórico de infecção ou exposição a droga, deficiência evidente de folato ou B12 • Também para determinação da magnitude do dano à granulopoese – se há baixa dos neutrófilos maduros circulantes e da MO, com permanência de promielócitos e mielócitos o Exame de MO por aspiração e biópsia também servem para excluir as possibilidades alternativas de leucemia, mielodisplasia ou outro processo infiltrativo Tratamento • O manuseio da neutropenia depende da etiologia, gravidade e presença/ausência de febre ou infecção. • Neutropenia febril é uma emergência → pctes avaliados com coleta de culturas prontamente, antibióticos devem ser administrados em 30 a 60 minutos da apresentação o Pronta adm de combinação de antibióticos antipseudomonas resultou em um benefício clínico o Estudos têm mostrado que monoterapia com cefalosporina 3ª ou 4ª geração pode ser suficiente o A adição de um segundo agente antipseudomona, vancomicina ou agente antifúngico é justificada em pacientes considerados de risco • Pacientes com neutropenia imunomediada são tratados com terapia imunossupressora → corticosteroides, globulina antitimocítica, ciclosporina, ou uma combinação destes o Objetiva principalmente o tratamento da doença autoimune subjacente o Pacientes em geral respondem bem ao G-CSF → congênita tambem • Pacientes com neutropenia crônica tem infecções recidivantes → tratamento rigoroso com antibióticos, antifúngicos e antivirais adequados são essenciais. o Antibacterianos profiláticos (cotrimoxazol oral ou ciprofloxacina e agentes antifúngicos) podem ser importantes para menor incidência e gravidade das infecções. FATORES DE CRESCIMENTO MIELOIDES • Estimulam a proliferação e a diferenciação ao interagirem com receptores específicos presentes nas células progenitoras mieloides • À semelhança do receptor de eritropoietina, esses receptores são membros da família JAK-STAT Fator de Estimulação das Colônias de Granulócitos-Macrófagos SARGRAMOSTIM • GM-CSF recombinante humano • Glicoproteína produzida em leveduras • Trata-se de um fator de crescimento multipotencial → estimula a proliferação e diferenciação das células progenitoras granulociticas imaturas e na fase final de maturação ❖ Utilizado para encurtar o período de neutropenia e reduzir a morbidade em pctes submetidos a quimio • Estimula a mielopoiese em pctes com neutropenia cíclica, mielodisplasia, anemia aplásica/associada a AIDS, neutropenia grave após transplante de CT o Aumenta G-CSF, aumentando a contagem de neutrófilos e encurtando o período do ciclo ▪ Impedindo infecções bacterianas recorrentes Fator de Estimulação das Colônias de Granulócitos FILGRASTIM • C-CSF humano recombinante • Derivada de uma glicoproteína produzida pela E coli • Aumenta a produção de neutrófilos e potencializa as funções fagocíticas e citotóxicas dos neutrófilos o Tambem tem capacidade de mobilizar as células-tronco hematopoiéticas aumentando a concentração do sangue periférico ❖ Utilizada no tratamento da neutropenia grave pós transplante de células tronco e quimioterapia o Em pctes com mielodisplasia ou aplasias também • Encurta o tempo da neutropenia → diminui a morbidade secundaria a infecções o Diminui a frequência de internações por neutropenia febril Ambos só funcionam se houver realmente neutropenia, com uma doença medula
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