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História_da_Educação_20183_EAD_SEC

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EAD
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Maria de Lourdes Cardoso da Silva Santos
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Perguntas De Um Operário Que Lê. 
Quem construiu Tebas, a das sete portas? 
Nos livros vem o nome dos reis, 
Mas foram os reis que transportaram as pedras? 
Babilônia, tantas vezes destruída, 
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas 
Da Lima Dourada moravam seus obreiros? 
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde 
Foram os seus pedreiros? A grande Roma 
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem 
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio 
Só tinha palácios 
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida 
Na noite em que o mar a engoliu 
Viu afogados gritar por seus escravos. 
O jovem Alexandre conquistou as Índias 
Sozinho? 
César venceu os gauleses. 
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço? 
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha 
Chorou. E ninguém mais? 
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos 
Quem mais a ganhou? 
Em cada página uma vitória. 
Quem cozinhava os festins? 
Em cada década um grande homem. 
Quem pagava as despesas? 
Tantas histórias 
Quantas perguntas 
 
Bertold Brecht 
 
 
 
Caro aluno 
 
O estudo da História e da Educação permite identificar as condições nas quais as 
práticas sociais ocorreram. Precisamos conhecer os cenários que produzem as 
sociedades nas diversas épocas e lugares. Dessa forma, poderemos perceber que 
a educação também é um processo histórico e social e pode, dependendo da 
ação do professor, ser reprodutora ou transformadora. 
O poema de Brecht ajuda nessa reflexão. O fazer histórico e a reflexão sociológica 
nos impõem a necessidade de formular várias perguntas, analisar de diferentes 
ângulos, inquirir sobre os protagonistas e duvidar daquilo que parece definitivo. 
A História, na formação do professor da Educação Básica, tem como propósitos 
suscitar perguntas que ajudam a superar a visão construída sobre a lógica do 
pensamento hegemônico. Coloca dúvidas para que o sentido da educação – 
conhecer, interpretar e transformar – seja objeto permanente da prática docente. 
Para que os conceitos sejam adequadamente analisados durante o processo de 
realização da disciplina é imprescindível que haja dedicação aos estudos e que 
você realize todas as leituras e se valha dos vários recursos que a educação a 
distância oferece. A equipe em EAD da UNAR está à disposição para acompanhá-
lo e auxiliá-lo nessa trajetória. 
 
Seja bem vindo e bom estudo. 
 
 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
 
PLANO DE ENSINO 
 
Ementa: 
O que é História. História e educação: aproximação necessária. Periodização 
clássica - a trajetória do ocidente da antiguidade clássica aos tempos pós-
modernos. História da Educação no Brasil: processo histórico do desenvolvimento 
do ensino no Brasil. 
 
Objetivos 
• Contribuir para a compreensão da História da educação e sua importância 
na formação do professor da Educação Básica; 
• Analisar a periodização da história da educação contextualizando com a 
evolução da sociedade ocidental; 
• Identificar os principais determinantes da história da educação na 
sociedade ocidental e na evolução da sociedade brasileira. 
• Estabelecer relação entre processos educativos escolares e o conceito de 
democracia 
• Identificar os principais movimentos da educação brasileira no século XX. 
 
Programa da Disciplina 
• Cultura, educação e desenvolvimento. 
• Características da educação na antiguidade da paidéia ao costume 
educativo. 
• Características da educação medieval. 
• Características da educação moderna – iluminismo: o ideal liberal de 
educação. 
• Características da educação contemporânea. 
➢ Educação e ideologia. 
➢ Mitos da educação Escola e reformas 
➢ Conflitos ideológicos – sociedade industrial e educação. 
➢ Escolanovismo . 
➢ Novas emergências educativas. 
• História da Educação no Brasil 
➢ Movimento jesuítico. 
➢ Reforma Pombalina. 
➢ Educação no império. 
➢ O movimento da escola nova. 
➢ Educação e desenvolvimento indústria. 
➢ Educação na república. 
➢ Educação e o desenvolvimento brasileiro após 1930. 
➢ Educação e autoritarismo – ditadura militar. 
 
Bibliografia Básica 
ARANHA, M. L. A. História da Educação. 3ª. ed. São Paulo: Moderna, 1998. 
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo: 
Editora UNESP. 1999. 
ROMANELLI, O. O. História da educação no Brasil. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. 
 
Bibliografia Complementar 
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1998. 
GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. 
MANACORDA, M. A. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 7ª. ed. 
São Paulo: Cortez, 1999. 
MONARCHA, Carlos (Org). História da Educação Brasileira: formação do campo. 
Ijuí-RS: Ed. UNIJUI, 1999. 
SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: 
Cortez, 1989. 
 
 
UNIDADE 01 - GRÉCIA NA HISTÓRIA E NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Conhecer aspectos importantes da História de Esparta e Atenas e analisar os 
fundamentos do legado da pedagogia Grega para a História da Educação. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O PONTO DE PARTIDA: A PAIDÉIA 
A palavra Paidéia é criada por volta do século V a.C. e, segundo Werner Jaeger, 
seu significado é muito amplo e agrega os conceitos de cultura, civilização, 
tradição, literatura e educação, todos ao mesmo tempo. Portanto, não existe 
tradução que dê conta da plenitude do conceito de paidéia criado pelos gregos. 
Cambi (1999, p. 87) define paidéia como: 
 
Ideal de formação humana, da “formação de uma 
humanidade superior” nutrida de cultura e de civilização, que 
atribui ao homem, sobretudo uma identidade cultural e 
histórica. “Ela não parte do indivíduo, mas da ideia. Acima do 
homem-rebanho, e do homem pretensamente autônomo, 
está o homem como ideia”, ou seja, “como imagem universal 
e exemplar da espécie” (Jaeger) Nutrida de história e capaz 
de realizar os princípios da vida contemplativa (bios 
theoretikos). Esse humanismo (ou humanitas) ninguém o 
possui por natureza, ele é fruto apenas da educação, e é o 
desafio máximo que alimenta todos os processos de 
formação. 
 
Esse postulado de Cambi mostra a importância do legado dos gregos para a 
História da Educação. Segundo esse autor, a transição que definiu o surgimento 
da paidéia foi tão marcante para a humanidade que ficou conhecida como “o 
milagre Grego”. 
A EDUCAÇÃO GREGA: ESPARTA E ATENAS 
Uma das características mais marcantes da Grécia era a inexistência de uma 
unidade política. O território grego constitui-se pela existência de cidades-estado 
denominadas polis1. 
Vejamos como se organizou a educação em dois modelos diferentes de Cidades-
estados: 
Educação Ateniense 
Atenas destacou-se pelo caráter aristocrático da sua organização na qual 
prevalecia e ideia de que o cidadão participava da vida política da polis Nesse 
contexto, surgia uma categoria social composta por comerciantes e educação terá 
como características: 
• Cuidados com a educação física e intelectual. 
• Após o século VI a.C. o Estado, começa a demonstrar interesse pela 
perspectiva da educação em caráter coletivo. 
• Após 7 anos as crianças são direcionadas para formações específicas: 
➢ As meninas continuam sob os cuidados maternos, com formação para 
afazeres domésticos. 
➢ Os meninos são afastados da autoridade e da referência materna e 
recebem instrução para a formação no campo da Educação Física, da 
música e da alfabetização. Existe uma preocupação com a formação 
integral. O conceito de educação física vai além da ideia de agilidade física, 
agrega elementos da formação moral e estética. 
• Três tipos de formação: 
 
1 A polis Grega caracterizou-se pela existência de diversas cidadesindependentes. Não havia um poder 
político centralizado. Em razão disso, cada uma delas desenvolveu seu próprio sistema de governo, suas 
leis, seu calendário, sua moeda. O que caracteriza a civilização grega era o conjunto de elementos da 
sua cultura. 
 
1) Elementar. Por volta dos 13 anos se conclui esta etapa. As crianças de 
origem mais simples se dedicam à busca de um ofício. Os que são de 
famílias mais abastadas continuam nos estudos. 
2) Secundária. Dos 16 aos 18 anos a educação assume um caráter cívico e de 
preparação militar. 
3) Superior. Este nível mais elevado de educação surge com a figura dos 
sofistas. Neste estágio existe preocupação com a ampliação das disciplinas. 
 
Educação espartana 
Esparta caracterizou-se pela militarização da sua população. A educação nesta 
cidade-estado se caracterizou pela valorização das atividades guerreiras, com 
educação rígida e fundamentada em princípios militares, marcada por: 
• Forte política de eugenia2 
• Valorização das atividades guerreiras e formação severa, voltada para a 
competência militar. 
• Até os 07 anos as crianças permanecem sob os cuidados das famílias. 
• Após 07 anos a educação é pública e obrigatória. Até os 12 anos as atividades 
são, predominantemente, lúdicas. Destaque para as atividades com música, 
canto e dança. 
• Na adolescência, após os 12 anos, a formação adquire a forma de treino 
militar (os adolescentes são treinados para suportar o rigor da fome, frio, 
desconforto, educação moral, obediência, respeito aos mais velhos). Não há 
preocupação com atividades voltadas para a formação intelectual, nem aos 
argumentos da oratória. 
 
2 Prática que estimulava as famílias a abandonarem as crianças que nasciam com alguma fragilidade ou 
defeito. Essas crianças eram entendidas como inadequadas ao serviço da cidade–estado. As mulheres 
também eram incentivadas a cuidarem da saúde do corpo com vistas a tornarem-se boas geradoras de 
filhos sadios e compatíveis com a visão de sociedade guerreira. 
• Mulheres participam de atividades físicas. Preocupação justificada pela 
obsessão de geração de crianças saudáveis e aptas aos rigores da formação 
militarizada. 
 
Analisando as características dessas duas cidades-estados é possível inferir que foi 
na Grécia que ocorreu o desenvolvimento das primeiras linhas conscientes da 
ação pedagógica. Essas orientações influenciarão de modo decisivo, a cultura 
ocidental e, até hoje, percebe-se sua presença nas práticas educativas escolares. 
Para identificar as referências mais marcantes do legado grego adotaremos como 
eixo analítico a divisão clássica da filosofia grega: 
 
SOCRÁTICO (SÉCS. VII E VI A.C.) 
É nesse período que ocorre o processo de separação entre a filosofia e o 
pensamento mítico. 
Para os pré-socráticos a origem do homem se explica por meio daquilo que 
fundamenta o ser. A filosofia pressupõe divergências e pluralidade de explicações 
levando as pessoas a exercícios reflexivos uma vez que problematiza a origem 
humana e nega as explicações sobrenaturais. 
É importante, porém, destacar que não há uma ruptura radical de pensamento. É 
Heródoto que no século V a. C. conota a história de sentido objetivo, 
desvinculando-a do pensamento mítico. 
Esse lento e gradual processo de transformação das representações míticas por 
elementos da racionalidade humana promove mudanças na pedagogia. Essas 
mudanças se expressam na atitude dos filósofos que apresentam novas 
concepções de homem e de mundo. 
 
 
 
 
O PERÍODO SOCRÁTICO OU CLÁSSICO (SÉCULOS V E IV A.C.): 
A sofística3, criticada por Sócrates, contribui para valorização da figura do 
professor e para a sistematização do ensino. Forma um currículo de estudos no 
qual estavam presentes a gramática, a retórica, a dialética, a aritmética, a 
geometria, a astronomia e a música. 
Sócrates (469-399 a.C.) destaca que o princípio da sabedoria é o reconhecimento 
da própria ignorância. Foi condenado à morte por seus pensamentos 
contraditórios aos valores vigentes. 
 
Método socrático 
Para Sócrates o princípio da sabedoria consiste, antes de qualquer coisa, no 
reconhecimento da própria ignorância. Além disso, desenvolve o princípio de que 
a filosofia dever ter por alvo favorecer a vida moral do homem. Desenvolve o 
conceito de intelectualismo ético – doutrina que identifica o sábio e o homem 
virtuoso. 
Por suas ideias entendidas como corruptivas da mocidade, Sócrates foi 
condenado a morte. 
É possível inferir que o pensamento socrático trouxe como consequências para a 
educação: 
1) A ideia de que o conhecimento tem por fim tornar possível a vida moral; 
2) A noção de que é por meio da educação que se desencadeia o processo para 
adquirir o conhecimento e o diálogo; 
3) A premissa de que nenhum conhecimento poder ser dado dogmaticamente; 
4) A referência de que toda educação é essencialmente ativa e que 
5) O conteúdo das discussões deve adotar como referência situações da vida 
cotidiana. 
 
 
3 Criação de educação intelectual. Ampliam a noção de Paidéia para a formação contínua, que repensa a 
cultura de seu tempo. Foram criticados por abusarem da retórica. Segundo eles, que representavam 
uma classe social nova de emergentes comerciantes a virtude pode ser ensinada. 
O Pensamento de Platão (428-347 a.C.) 
A obra que expressa com riqueza de detalhes o pensamento platônico é o Mito 
da caverna. Esse trabalho, de acordo com Aranha (1989) permite desenvolver 
análise do ponto de vista epistemológico e político. 
No que diz respeito à dimensão do Epistemológico as coisas, para Platão, são 
meras aparências e a doxa (opinião) faz com que as ideias sejam mais reais do 
que as próprias coisas. 
Na dimensão da análise Política a indagação que nos faz refletir sobre a sabedoria 
humana pode ser formulada da seguinte maneira: como influenciar os homens 
que não vêem? 
 
Aristóteles (384 – 322 a. C.). 
O pensamento aristotélico traz contribuições para a Pedagogia quando afirma 
que importância da ação da vontade e o exercício repetido da ação boa levam ao 
hábito. 
Aristóteles ainda afirmava que o que difere o homem do animal e o conota do 
sentido da perfeição é o exercício da sua capacidade de pensamento. 
A organização da lógica formal marcou a produção aristotélica. Por esse 
procedimento, que exige a compreensão das dimensões da análise e síntese, 
indução e analogia contribuem para que se desenvolva o método lógico de 
ensinar. 
 
Período pós-socrático ou clássico (sécs. III e II a.C.) 
Com o declínio da autonomia das cidades-estados ocorre uma inversão nas 
reflexões filosóficas. Esse movimento de busca de explicação para os conflitos da 
interioridade humana são muito bem representados por duas correntes filosóficas: 
• Estoicismo: o domínio racional deve levar a aceitação do destino. Negação 
do prazer e da materialidade. 
• Epicurismo: a felicidade é busca do prazer. O homem deve evitar tudo que 
se opõe a felicidade (temor, dor, sofrimento...) 
Durante a produção da história grega é possível identificar significativas alterações 
no ideal grego de educação. 
➢ Cuidado com o corpo do ideal grego de beleza à ideia de obstáculo para 
a racionalidade humana. 
➢ Desvalorização da formação profissional e do trabalho manual 
(predomínio do escravismo na Grécia). 
➢ Primeiras teorias educacionais – tendências pluralistas. 
➢ Natureza Humana – Racionalidade (Princípio da Ciência). 
 
BUSCANDO SABERES 
 
Acesse o sítio eletrônico abaixo indicado e leia o texto para aprofundar seu 
conhecimento sobre a educação em Atenas e Esparta. 
Boa leitura. 
Fonte: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7618/7/7_CAP.pdf. 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 02 - ROMA NA HISTÓRIA E NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Identificar os aspectos marcantesda História e da educação em Roma, bem como 
seu legado para os tempos atuais. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O império romano viveu seu apogeu no período de 753 a.C. a 476 d.C. 
Para entender a produção do legado que está presente em nossa estrutura social, 
iniciaremos nosso estudo com a periodização do processo histórico que projetou 
os romanos como potência na antiguidade: 
Realeza (753 a 509 a.C.) – a marca desse período foi a transição da economia 
baseada no pastoreio para a cultura de cereais. O desenvolvimento do comércio 
desencadeia um crescimento das urbs (cidades). Esse processo propicia o 
surgimento da propriedade privada e a divisão de classes: patrícios, plebeus e 
cliente. Embora em número pouco expressivo, ainda existe nesse período a mão-
de-obra escrava. 
República (509 a 27 a.C.) – esse período é marcado pelo republicanismo, 
entendido como participação dos patrícios (representantes da aristocracia) nas 
esferas políticas. Com o enriquecimento de alguns grupos que se dedicavam a 
atividade comercial, iniciaram-se os conflitos pela participação nas esferas do 
poder político. Nos séculos V e IV a.C. criou-se o Tribunato da plebe que 
concedeu alguns benefícios aos plebeus (Lei das Doze tábuas e permissão de 
casamento entre patrícios e plebeus). Essas conquistas marcam o surgimento de 
uma nova classe aristocrática, que por força do enriquecimento decorrente das 
atividades desenvolvidas, passa a ocupar projeção política em cargos públicos. Os 
plebeus que não se projetaram economicamente mantiveram-se à margem desse 
processo. A essa população o cenário piorou muito: perderam terras e o trabalho 
manual converteu-se em atividade escrava. 
Nesse período intensificaram-se as atividades de comércio. Realizam-se grandes 
obras públicas. A prosperidade de romana é marcada por uma cruel exploração 
do trabalho escravo. Fato que desencadeou várias revoltas entre os séculos II e I a. 
C. 
O expansionismo do território romano também foi marcado pelas transformações 
nas tradições decorrentes da influência estrangeira. Com a anexação da Grécia 
(146 a.C.) o movimento denominado helenismo trouxe profundas transformações. 
Houve também influência dos povos orientais. 
Império (27 a.C. – 476 d.C.) – Apogeu dos domínios romanos. Predomínio do 
desenvolvimento das artes e grandes construções (aquedutos, termas, estradas e 
prédios públicos). Novos mercados comerciais se estabelecem. Grandes 
propriedades de terras desenvolvem atividades monocultura. A mão-de-obra 
escrava ainda predomina no império romano. A necessidade controle do grande 
império exige uma grande máquina pública (muitos funcionários e cobranças de 
impostos). 
O grande desenvolvimento e a complexidade das atividades do governo romano 
fazem surgir o Direito romano. 
Outro fato que marca indelevelmente a história deste período é o surgimento do 
cristianismo. Que, por rejeitar os deuses pagãos, foi considerada subversiva e 
rigorosamente perseguida. Apenas, no ano de 313 d.C. é permitida a liberdade de 
culto. No final do século IV o cristianismo passa a fazer parte da estrutura oficial e 
a igreja representa um polo aglutinador em um cenário de decadência e 
descentralização do poder romano. 
Após termos identificado as principais características dos diferentes períodos do 
desenvolvimento do império romano, analisaremos na próxima unidade as 
questões próprias da educação em cada desses períodos. 
 
A EDUCAÇÃO EM ROMA 
É importante identificar que a trajetória de Roma foi marca por três fases distintas: 
1) Educação latina original 
2) Período de debates entre a cultura helênica e os defensores da tradição 
3) Fusão da cultura romana e helenística com marcas predominantemente 
gregas. 
 
Educação heroico-patrícia (Realeza) 
 A educação no período da realeza era destinada exclusivamente aos patrícios e 
se caracterizava pela ênfase nos valores aristocráticos que era definido pela 
consanguinidade. Para manter as tradições havia ênfase ao culto dos ancestrais de 
família. 
Até os sete anos as crianças permaneciam sob os cuidados da família. A figura 
feminina predominava no papel de cuidados com a infância. Após essa idade os 
meninos são assumidos como responsabilidade paterna e desenvolvem 
habilidades para o cuidado com a terra, leitura, escrita e fazer contas. Era 
necessário também que o jovem soubesse manejar armas, nadar, lutar e dominar 
as técnicas da lida com os cavalos. Participava dos acontecimentos mais 
importantes, aprendia leis. Aos 15 anos participava dos assuntos políticos e as 
noções de civismo eram fortemente estimuladas. Com 16 anos iniciava sua função 
militar ou política. A ênfase na formação dos jovens era marcada fortemente por 
elementos da vida moral. Os aspectos da intelectualidade ainda não eram 
entendidos como fundamentais para a boa formação. 
Para as meninas, que não ocupavam papéis de relevância na vida social, ficava 
reservada a formação voltada para as habilidades domésticas. 
Educação cosmopolita (República) 
Como já estudamos anteriormente, a humanidade estabelece suas relações por 
meio do trabalho. Por esta razão, o surgimento do comércio produz outra 
sociedade com necessidade de um tipo diferente de educação. 
Após o século IV a.C. a formação era oferecida pelas escolas elementares 
particulares – ludi magister – nas quais a aprendizagem acontecia por meio de 
atividades lúdicas. Não existia ainda a figura de um mestre bem formado. Em 
geral, os instrutores eram pessoas mal remuneradas e muito simples. Não existe 
registro de formas de organização curricular, as atividades restringiam-se a alguns 
rudimentos de leitura, escrita e habilidades com as contas. 
A expansão territorial expõe os romanos ao contato direto com os povos 
helênicos. Esse processo, vivido nos séculos III e II a.C. desencadeia a necessidade 
de aprender o grego como idioma, iniciando uma educação bilíngue. Essa 
situação faz com que surjam muitos professores Gregos. 
Como resultado da inserção da tradição grega na educação romana, podemos 
apontar o surgimento de uma educação enciclopédica representada pelas escolas 
dos gramáticos. Estas ofereciam estudos das “disciplinas reais” geografia, 
aritmética, geometria e astronomia. Além disso, valorizava as habilidades da 
escrita e do domínio da fala. 
O aperfeiçoamento das habilidades da escrita e da fala conduz à criação de uma 
educação de nível terciário. Aquela destinada ao desenvolvimento da 
competência com o uso da fala – retórica. Nestas escolas, que surgiram no 
decorrer do século I a.C., os professores são muito bem remunerados, os jovens 
que a frequentam são originários da elite romana e estudam política, filosofia e 
direito além das demais disciplinas enciclopédicas. Além disso, entendia-se que 
era necessário ao jovem em formação conhecer a Grécia e sua opulência cultural. 
Os cuidados com a educação física são marcados pela preocupação com a 
formação militar. 
É possível notar que todo cuidado com a educação estava voltado para uma 
formação para as elites, com atividades consideradas nobres e que não levavam 
em conta as atividades relacionadas ao trabalho manual4. 
 
Educação no Império (27 a.C. – 476 d.C.) 
Nesse período a educação romana mantém basicamente as mesmas 
características do período da república. O elemento que irá diferenciá-la é a 
complexidade da sua organização. 
O Estado passa gradualmente a intervir com mais rigor nas questões da educação 
e a própria estrutura burocrática exige escolaridade mínima para seus 
funcionários. 
Primeiro o Estado inicia com uma forma de inspetoria, sem grandes pretensões de 
controlar a estrutura educacional. Neste momento toda atividade educacional está 
sob responsabilidade de iniciativas particulares. 
Em um segundo momento, o Estado passa a subvencionar a educação. 
Por fim, cria leis e assume como responsabilidade estatal toda a estrutura de 
organização daeducação. Suas principais medidas são: 
• Séc. I a.C. – criação de escolas municipais em todo império. 
• Séc. I d.C. – Os professores de ensino médio e superior são liberados de 
impostos. 
• Alimentação para estudantes pobres. 
• Controle sobre nomeação – perseguição aos professores cristãos. 
• Desenvolvimento de educação terciária – medicina, matemática, mecânica 
e escolas de direito. 
• Bibliotecas são criadas. 
Para concluir o estudo sobre antiguidade clássica analisaremos alguns aspectos 
que revelam semelhanças e diferenças entre esses dois povos: 
 
4 Lembre-se que o trabalho em Roma foi marcado pela utilização da mão-de-obra escrava. Isso 
contribuiu para a formação de uma mentalidade que desvaloriza o trabalho manual. 
– As duas são Sociedades escravistas 
– Trabalho manual é desvalorizado 
– Atividade intelectual restrita a aristocracia 
– Modelo do homem racional 
 
- Na Grécia a pedagogia é fundada em visão filosófica 
- Em Roma a reflexão filosófica não recebe atenção de forma tão sistemática. 
- A Grécia nunca foi uma nação (cidades-estados) – Roma desenvolve a 
concepção de Império – assimila o vencido. 
 
BUSCANDO SABERES 
 
Para entender melhor a importância do estudo histórico para o entendimento da 
transformação da educação, leia o artigo disponível no sítio eletrônico indicado. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2001000200008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt 
 
 
 
 
 
 
 
Semelhanças 
Diferenças 
UNIDADE 03 – A IDADE MÉDIA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Nas unidades anteriores estudamos conceitos importantes na formação dos 
grandes civilizações clássicas da antiguidade: Grécia e Roma. Nessa fase 
estudaremos sobre o cenário histórico que caracterizou o longo período 
denominado Idade Média e como se processou a formação do chamado 
pensamento medieval. Além disso, identificaremos as marcas próprias das escolas 
e do ensino nesse período. Verificaremos também que uma das marcas da força 
arbitrária exercida pela Igreja durante a Idade Média foi a instalação do “Tribunal 
do Santo Ofício”. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
Para localizar nosso estudo na cronologia histórica tradicional iniciamos 
lembrando que a Idade Média é entendida como o período que se inicia com a 
queda do Império Romano em 476 d.C. até a tomada de Constantinopla pelos 
Turcos (1453). 
As principais características do período medieval são definidas, historicamente, 
por dois grandes eixos de estudo: 
1) Alta Idade Média (séculos V ao X). 
Esse longo período se caracteriza pela desagregação da antiga ordem e a divisão 
em reinos Bárbaros. A transição foi lenta até o século X, marcada pela passagem 
do escravismo (modo de produção da antiguidade greco-romana) para o 
feudalismo (modo de produção da Idade Média). Destacamos como 
características desse período: 
• Processo de ruralização (Sociedade essencialmente agrária, auto-suficiente, 
comércio muito restrito à base de trocas, quase desaparece a circulação de 
moedas). 
• Sociedade aristocrática determinada por vínculos de suserania e vassalagem. 
• Pirâmide social: rei (poder enfraquecido pela autonomia dos senhores locais e 
poder do papa), clero (que possui poder e propriedades rurais) e a alta e pequena 
nobreza (duques, marqueses, condes...). 
• Condição dos homens é determinada pela relação com a terra: proprietários – 
nobreza e clero (possuem poder e liberdade) e aqueles que não são proprietários 
de terras (prestam serviços). 
• A religião se estabelece como elemento agregador. Há aliança entre Igreja e 
Estado, sendo que a influência da Igreja é também política. 
• O legado cultural das civilizações da Grécia e Roma fica restrito aos mosteiros. 
• Importância do poder da Igreja em um mundo predominantemente iletrado 
(nem nobres nem servos sabem ler). Cabia a igreja o controle da educação e 
também de princípios morais, políticos e jurídicos da sociedade medieval. 
É importante lembrar que muitas vezes esse período é identificado como um 
tempo de pouca produção artística e intelectual. Essa forma de analisar a idade 
Média é inadequada, pois o pensamento medieval foi produzido por significativas 
expressões e produção cultural heterogênea, por exemplo: 
• Século IX – fundam-se escola e reformula-se o ensino; 
• Século XI – reaparecimento das cidades (burguesia comercial); 
• Séculos XII e XIII – criação de universidades. 
• Desde o século VIII – expansão do islamismo difunde cultura árabe (arte, ciência, 
filosofia) 
 
AS ESCOLAS NA ALTA IDADE MÉDIA (SÉCULOS V AO X) 
• As escolas leigas pagãs: No processo de transição da antiguidade clássica para o 
período medieval é provável que escolas marcadas por características da 
pedagogia romana tenham continuado funcionando. Gradualmente a estrutura foi 
se reconfigurando com a substituição de funcionários leigos por religiosos (os 
únicos que sabiam ler e escrever). 
• O monaquismo: Foi um movimento religioso, desenvolvido nos mosteiros. 
Marcou a cultura medieval. Nesta se destacavam ações como o retiro, marcado 
pela solidão e privações. Daí surge a figura dos ascetas (ascetismo-moral que 
desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem). 
Nas escolas monacais (junto aos mosteiros) se aprendia o latim e as humanidades. 
Os Mosteiros assumem o monopólio da ciência e se tornam os únicos redutos de 
cultura. Destaque para a figura dos monges copistas que reproduziam obras 
clássicas e possibilitaram a preservação da cultura grego-romana. 
• O renascimento carolíngio: Após o século VIII, os europeus perdem acesso ao 
mar mediterrâneo. Em decorrência disso, ocorre o declínio do comércio e início 
do processo de feudalização. Neste novo contexto, já analisado anteriormente, as 
competências de Ler e escrever deixam de ser necessidade. Nos séculos VII e IX 
Carlos Magno reforma a vida eclesiástica e o sistema de ensino. Surge a Escola 
Palatina (funcionava ao lado do palácio), ocorrem a reestruturação das escolas 
monacais, a fundação de escolas catedrais (funcionam ao lado de igrejas nas 
cidades) e escolas paroquiais (elementar). O conteúdo ministrado nestas escolas 
era baseado no estudo clássico trivium (gramática, retórico e dialética) e 
quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música). 
 
AS ESCOLAS NA BAIXA IDADE MÉDIA (SÉCULOS XI AO XV) 
• Renascimento das cidades: As cruzadas provocam as navegações no mar 
mediterrâneo. O desenvolvimento do comércio modifica cenário social e 
econômico: ocorre a reurbanização e surge uma nova classe social denominada 
burguesia. No século XI ocorre o desenvolvimento do comércio, as moedas 
voltam a circular, são criadas feiras e surgem os primeiros banqueiros. Como 
consequência do crescimento das cidades ocorre mudanças em todos os níveis, 
As relações deixam de ser exclusivamente entre nobres e servos e desponta o 
poder da burguesia. Após o reflorescimento urbano passam a ser três os polos de 
atividades: castelo, mosteiro e cidade. São três agentes de expressão de poder: 
nobre, clérigo e burguês. 
• As escolas seculares: Com o surgimento do comércio ressurge a necessidade de 
aprendizagem da escrita e leitura. As escolas monacais e catedrais não dão conta 
dos interesses da burguesia, que precisa de maiores competências para lidar com 
a crescente e complexa atividade comercial. 
No século XII surgem escolas com professores leigos. O ensino é marcado por 
voltar-se para coisas práticas. O latim é gradualmente substituído pela língua 
nacional. Ensina-se história, geografia e ciências naturais. Questionam o ensino 
religioso (aspecto revolucionário). 
No século XIII já despontam diferenças para a própria burguesia (rico patriciado 
urbano, pequenos comerciantes e artesãos). Surge a necessidade de elementos da 
erudição para a classe mais elitizada. O trabalho manual é colocado comoatividade menos nobre, por esta razão já surgem referências da profissionalização 
nas escolas plebeias. 
• A formação das “gentes de ofício”: O crescimento das cidades e as exigências 
geradas por um novo tipo de vida promovem significativa ampliação da produção 
artesanal. Isso faz com que se produza a educação gremial. Surgem as 
“corporações de ofícios” que determinam e controlam os padrões para a 
crescente diversidade e complexidade de produção. 
• A formação militar: a educação do cavaleiro. 
No século XI com as transformações na sociedade consolida-se a cavalaria. 
Fundamentalmente uma instituição da nobreza. Marcada pela realização da 
cerimônia da sagração (pajem – escudeiro – cavaleiro). Nesta instituição havia 
grande atenção para a formação espiritual, das virtudes (honra, fidelidade, coragem, 
fé e cortesia), do código de honra e da disciplina moral. 
• As universidades: São resultados da influência da nova classe burgueses e da 
busca de ascensão social. 
No século XII a sociedade se torna mais complexa e gera a necessidade de 
ampliação de estudos (filosofia, teologia, leis e medicina). Surgem mestres 
independentes. São estabelecidas regras. 
No século X é criada a Universidade de Salerno. 
No século XII é criada a universidade de Paris. 
À medida que cresce em prestígio a Universidade passa a ter seu controle 
disputado por reis e Igreja. 
No século XIV ocorre o início do processo de decadência das universidades. Esse 
processo decorreu de das exageradas visões dogmáticas. 
• A formação das mulheres: Não era aceita pela sociedade medieval que as 
mulheres tivessem acesso a educação formal. As mulheres pobres trabalhavam 
sob a tutela dos maridos. Já as mulheres de classes sociais mais favorecidas 
recebiam uma formação com preceptores no castelo (música, religião e trabalhos 
manuais), competências necessárias apenas para um bom desempenho nas 
situações de convívio social. 
• O servo da gleba: Em sociedade rigidamente estática e hierarquizada havia o 
entendimento de que aos servos não havia necessidade de ensinar letramento e 
outras competências da erudição. Ensinavam apenas elementos que conduzissem 
à obediência e princípios cristãos, canções populares e religiosas. Assim como em 
outras esferas da sociedade medieval, era muito forte a ação da igreja. 
 
BUSCANDO SABERES 
 
Franco Cambi (História da Pedagogia. Ed. UNESP, 1999. P. 141/142) chama atenção 
para a revisão do conceito equivocado que se construiu da Idade Média. Vejamos 
no quadro a seguir como este autor define este período: 
“A imagem tradicional da Idade Média, elaborada pelos humanistas e relançadas 
pelos iluministas, afirmada depois como um topos, girava em torno do princípio 
dos “séculos obscuros”, caracterizados por uma profunda regressão da civilização 
e pelo retorno a condições de vida de tipo arcaico: uma economia de subsistência, 
uma sociedade regulada pela dependência e pela fidelidade e formas de quase 
escravidão, uma técnica bloqueada, uma elaboração cultural repetitiva e reduzida, 
um tipo de relações internacionais rarefeitas e inseguras, porém marcadas 
também por migrações de povos, por conflitos de etnias, por explosões de 
pauperismo. Certamente existe nessa imagem algo de verdadeiro, mas existe 
também um lugar comum que não resistiu a revisão historiográfica, ativada já a 
partir do romantismo. A Idade Média Não é absolutamente a época do meio 
entre dois momentos altos de desenvolvimento da civilização: o mundo antigo e o 
mundo moderno. Foi sobretudo a época da formação da europa cristã e da 
gestação dos pré-requisitos do homem moderno (formação da consciência 
individual; do empenho produtivo; da identidade supranacional etc.), como 
também um modelo de sociedade orgânica, marcada por forte espírito 
comunitário e uma etapa da evolução de alguns saberes especializados como a 
matemática ou a lógica, assim como uma fase histórica que se coagulou em torno 
dos valores e princípios da religião, caracterizando de modo particular toda essa 
longa época: conferindo-lhe conotações de dramaticidade e de tensão, mas 
também aberturas proféticas e fragmentos utópicos que nos apresentam uma 
imagem mais complexa e mais rica da Idade Média; e também uma identidade 
mais próxima de nós e de nossa sensibilidade. (...) A idade Média é o tempo do 
cristianismo e da Igreja, mas também é a época dos povos e dos ideais comuns 
da Europa: ideais-mito; ideais-tradições; ideais-legendas que construíram o 
arcabouço fundamental (ideológico e imaginário) dos povos europeus." 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
O Tribunal do Santo Ofício. Disponível em http://assisbrasil.org/inquisi/oficio.html 
UNIDADE 04 – O RENASCIMENTO E O HUMANISMO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Nessa unidade estudaremos o período denominado “Renascimento”. Como a 
própria palavra nos revela estamos diante de uma situação de retomada, de um 
“nascer de novo” da sociedade européia. 
Refletiremos sobre o que significa, do ponto de vista da historiografia, esse 
“Nascer novamente”. Analisaremos as principais características desse período, com 
destaque para a Reforma Religiosa. Também serão objeto do nosso estudo as 
transformações que promoveram uma nova imagem da sociedade gerando uma 
forma de pensamento denominada Humanismo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Uma retrospectiva das unidades que já estudamos irá nos revelar que começamos 
este estudo pelas referências da antiguidade Clássica (Grécia e Roma). Nessa fase 
foi possível perceber uma sociedade que se destacou pela transição da concepção 
mítica de mundo para uma lógica de racionalidade humana. Essa transição foi 
muito importante e produziu efeitos nas civilizações clássicas para a elaboração 
de um ideal de humanidade (manifestações culturais, produção de grande 
monumentos e modo de pensar que valorizava a capacidade humana de se 
autoproduzir). 
No período medieval essas referências foram gradualmente substituídas pelos 
dogmas religiosos e a visão de mundo que prevaleceu foi o teocentrismo e a 
organização de uma sociedade feudal quase estática. 
Foi esse rigor de estratificação social que provocou interpretações equivocadas 
sobre a Idade Média. Encontramos no texto de Franco Cambi elementos para 
superar os equívocos interpretativos e perceber que a Idade Média foi o período 
que permitiu elaborar o “arcabouço ideológico e imaginário dos povos europeus”. 
Pois bem, decorre dessa compreensão de “superioridade” da cultura da 
antiguidade clássica o termo renascimento atribuído ao período que sucedeu a 
crise do sistema feudal e o ressurgimento das atividades comerciais e urbanas. 
Após essa explicação sobre a ideia de “nascer de novo”, vejamos as principais 
características desse período situado entre os séculos XV e XVI: 
Significativas invenções como bússola, pólvora, imprensa e papel possibilitam a 
ampliação da produção cultural e a potencialização do poder econômico e de 
dominação de alguns povos sobre outros. 
As grandes descobertas exemplificadas pelo Caminho para as Índias e pelo início 
da ocupação do território americano no final do século XV, ampliaram a 
configuração geográfica do mundo e promoveram o enriquecimento e 
fortalecimento da burguesia comercial. 
O acentuado desenvolvimento do comércio promoveu uma verdadeira revolução 
comercial, que irá caracterizar a superação do modo de produção feudal e o 
surgimento do capitalismo. Basicamente o feudalismo de sustentava pela 
concentração de terras e no capitalismo emergente a atividade comercial definirá 
outro tipo de vida e de sociedade, mediada pelas relações comerciais. 
A formação das monarquias nacionais resulta das alianças entre a alta burguesia e 
as representações das realezas. 
A nova configuração de uma nova sociedade promove profundas reações aos 
dogmas religiosos, gerando movimentos contestatórios a estrutura autoritária que 
predominou durante a idade média. Omovimento de ruptura a esta lógica foi 
denominado Reforma religiosa e teve suas maiores representações no 
luteranismo, calvinismo e anglicanismo. A reação da igreja para fortalecer-se 
como referência religiosa ocorreu por meio do movimento denominado contra-
reforma. 
A consequência desta sociedade em “ebulição” faz surgir uma nova corrente de 
pensamento denominada humanismo, que procura uma nova imagem de homem 
e de cultura, que vão além das explicações e preocupação exclusivamente 
teocêntricas. O humanismo não ser apresentado como um movimento a-religioso, 
apenas busca dar novas orientações e significados a existência humana, 
retomando alguns valores da antiguidade clássica. Ressurgem as preocupações 
pelos prazeres mundanos: vestimentas e alegrias da vida familiar e social. Ocorre 
ampliação nos estudos (teoria do heliocentrismo de Copérnico). Desenvolvimento 
das artes (pintura, literatura, escultura). Acentua-se a referência da individualidade, 
do espírito da liberdade em contraposição ao princípio da autoridade 
incontestável que perdurou na idade média. 
Veja, nas obras de arte abaixo, exemplos das grandes transformações que 
ocorreram na forma da humanidade ver o mundo por meio de manifestações 
culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O RENASCIMENTO – REPRESENTANTES DA PEDAGOGIA HUMANISTA 
O espanhol Juan Luis Vives viveu no período de 1492 a 1540. Sua principal obra foi 
o Tratado de Ensino. Vives expressa as preocupações da sua época. Suas obras 
refletem o cuidado com o corpo, com o aspecto psicológico da educação e o 
ensino da língua materna. Desenvolveu também temas relacionados à educação 
feminina, embora não tenha rompido com a imagem doméstica que esta 
educação deveria ter. 
Outro nome de destaque no pensamento renascentista foi o de Erasmo de 
Rotterdam (1467-1536). Sua origem católica não o impediu de se colocar 
radicalmente contra os desmandos da Igreja Católica. Embora não tenha aderido 
plenamente ao movimento reformista, em muitas ocasiões apoiou as 
manifestações de Martinho Lutero. Na sua obra de maior destaque – Elogio a 
loucura – critica as estruturas de poder referenciadas pela tirania e pelas 
superstições. Faz críticas também a severidade da educação da sua época e 
sugere uma educação que não se orientasse pela obtenção de resultados 
imediatos. 
Também fez críticas rigorosas ao modelo de educação escolástica o pensador 
François de Rabelais (1494-1553). Defendia as ideias de retomada do saber greco-
 
latino. Entretanto, entendia que era necessário não descuidar dos saberes da 
emergente ciência. Por meio de seus romances Gargantua e Pantagruel promove 
suas ideias sobre a educação. Com linguagem metafórica expressa a necessidade 
de extirpar todo resquício do pensamento medieval de educação para que uma 
nova mentalidade de ensino possa nascer na sociedade renascentista. 
O Ensaio de Michel de Montaigne (1533-1592) é outra obra que pode ser 
apontada como uma critica ao rigor excessivo da educação. Enaltece o caráter 
integral da formação humana, e afirma que isso somente será possível com a 
superação de métodos que incluem castigos para obtenção de resultados. O ideal 
de homem educado, para Montaigne, trás em si elementos das dúvidas e 
contradições indicando a perspectiva de um relativo ceticismo. 
O renascimento foi um período de grandes contradições. A nova configuração de 
sociedade com ascensão dos burgueses a um padrão de vida aristocrática 
demandará um tipo de educação mais condizente com a retomada dos valores 
greco-romanos. 
Embora a maior ênfase esteja na superação da autoridade dogmática da Igreja e 
na necessidade de uma educação mais voltada às questões práticas da vida, 
outros aspectos como a educação para a massa popular continuam excluídos das 
pautas dos temas educacionais. 
 
BUSCANDO SABERES 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
O movimento de reforma religiosa e cultural, iniciado por Lutero na Alemanha, 
que tem importantes consequências na história da cultura europeia, assume 
desde seus inícios um importante significado educativo. Seja Lutero ou 
Melanchton, os dois maiores representantes da Alemanha reformada também no 
que diz respeito ao campo pedagógico, embora com ênfases em partes 
diferentes, voltam sempre a enfrentar o problema educativo. Se de fato a 
“reforma” põe como seu fundamento um conto mais estreito e pessoal entre o 
crente e as escrituras e, por conseguinte, valoriza uma religiosidade interior e o 
princípio do “livre exame” do texto sagrado, resulta essencial para todo cristão a 
posse dos instrumentos elementares da cultura (em particular a capacidade de 
leitura) e, de maneira mais geral, para as comunidades religiosas, a necessidade 
de difundir essa posse em nível popular, por meio de instituições escolares 
públicas mantidas a expensas dos municípios. Pode-se dizer que, com o 
protestantismo, afirmam-se em pedagogia o princípio do direito-dever de todo 
cidadão em relação ao estudo, pelo menos no seu grau elementar, e o princípio 
da obrigação e da gratuidade da instrução, lançando-se as bases para a afirmação 
de um conceito autônomo e responsável de formação, não estando mais o 
indivíduo condicionado por uma relação mediata de qualquer autoridade com a 
verdade e com Deus. (CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Ed. 
UNESP, 1999) 
 
 
UNIDADE 05 – IDADE MODERNA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Os dois séculos (XV e XVI) que caracterizaram o renascimento foram marcados 
por grandes conflitos ideológicos e profundas transformações na sociedade. Na 
História da Educação observaremos que no século XVII as transformações e 
contradições ainda ocorrem: o comércio se intensifica, o processo de colonização 
expande e a América se torna o grande pólo extrator de riquezas. 
Também é objetivo nessa unidade apresentar alguns representantes do 
racionalismo e do empirismo de que caracterizaram a modernidade e construíram 
as bases da estrutura educacional que até hoje, em grande medida, perdura. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O mercantilismo promove o fortalecimento do Estado e, em função disso, se 
difundem as ideias liberais como reação ao demasiado controle do Estado sobre a 
economia e as manifestações dos cidadãos para questionar o poder da realeza. O 
grande expoente da ideias liberais foi John Locke (1632-1704). 
Nesta atmosfera de intensas transformações são características do pensamento 
moderno: 
RACIONALISMO: Apresenta referências opositoras ao critério da fé x o poder da 
razão, ao dogmatismo x a possibilidade da dúvida. Questiona o poder da Igreja e 
assume atitude polêmica diante da tradição. Propõe a laicização do saber e luta 
contra preconceito e intolerância. 
Outra característica marcante do racionalismo é a sua tendência antropocêntrica e 
a ênfase na referência do sujeito que conhece. Alguns pensadores indicam a 
preocupação com a questão do método, ou seja, procedimentos da razão na 
investigação da verdade. 
SABER ATIVO: Durante os períodos anteriormente estudados – Antiguidade e 
Idade Média – predominou uma Ciência própria das sociedades nas quais o 
trabalho manual é desvalorizado: contemplativa e sem técnica. Com o surgimento 
da burguesia e o crescente prestígio do novo modelo de homem e de sua 
capacidade de trabalho, ocorre um processo de valorização da técnica. 
Desse ambiente de transformação emerge as condições para o surgimento do 
método científico que se apresenta como uma revolução, uma nova linguagem no 
campo do conhecimento. Nesse contexto saber é poder e o renascimento 
científico nasce como uma expressão da ordem burguesa. 
Esse complexo conjunto de transformações na forma de pensar foi denominada 
por alguns autores como a crise da consciência europeia, entendida como uma 
verdadeira revoluçãoespiritual marcada pela: 
• Superação do “saber por saber” para “saber para transformar” 
• Contraposição da teoria geocêntrica x teoria heliocêntrica. 
• Alteração da concepção de universo. 
• Ordem econômica também se modifica – surgimento de anseios liberais. 
• Religião e moral x tendências a laicização. 
Os efeitos observados na sociedade se fazem sentir também na educação. Assim, 
no século XVII a educação se caracterizou por empreendimento de esforços para 
institucionalização da escola. Elaboração de legislação para normatizar de 
questões como obrigatoriedade, programas, níveis e métodos. 
Embora tenha toda uma estrutura de novas demandas sociais determinadas pelo 
mercantilismo e a formação de uma “nova mentalidade” ainda persistirá, por 
muito tempo, o monopólio da igreja católica, que possui estrutura organizada, 
porém tradicional e de desvalorização da ciência e filosofia moderna. 
Como a orientação moderna é realista e exige novos métodos o que se viu foi um 
grande empenho para romper com a visão dogmática perpetrada pela Igreja e 
instaurar condições efetivas para uma estrutura adequadas às novas demandas 
educacionais. 
No que diz respeito ao desenvolvimento de ações para a criação de Educação 
pública a Alemanha é pioneira. Regulamenta, em 1619, a obrigatoriedade escolar 
para todas as crianças de 06 a 12 anos. Legisla sobre níveis, horas de trabalho, 
exames e inspeção e formação de mestres. 
Na França, no período de 1636-1689 as escolas são gratuitas para crianças pobres 
e são fundados seminários para formação de professores. É verdade que os 
maiores investimentos acontecerão na região de Lyon (importante centro fabril), o 
que indica uma preocupação em “capacitar” uma nova demanda produtora, 
preparando trabalhadores para a nova exigência do trabalho. 
Além das escolas públicas surgem também outras congregações. 
Os oratorianos que ofereciam educação para crianças ricas e já aceitavam a 
influência das novas ciências e da filosofia. Ensinavam francês, latim, geografia, 
história e estimulam a curiosidade científica. O número de alunos por turma era 
pequeno e a disciplina não era tão rígida. 
Os Jansenistas caracterizam pela aberta oposição aos jesuítas e pela pretensão de 
promover reforma moral e espiritual na igreja católica. São Influenciados pelas 
ideias de Santo Agostinho e acreditam que a finalidade da educação é impedir o 
desenvolvimento da natureza corruptível do homem. Acreditavam que é 
necessária vigilância constante dos atos dos alunos e por esta razão as turmas são 
reduzidas numericamente. Valorizam a racionalidade e o combate às paixões. 
Priorizam o ensino de francês e do latim. Os métodos são marcados pela 
referência da memorização, erudição e oposição aos métodos dos jesuítas. 
As academias surgem no século XVI e não são escolas institucionalizadas. É uma 
referência importante, pois atendiam aos interesses da nobreza para a formação 
adequada. No século XVII, com os novos tempos da racionalidade surgem as 
academias científicas. 
 
BUSCANDO SABERES 
 
PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA PEDAGOGIA MODERNA. 
O chamado mundo moderno surge orientado por um novo paradigma: a lógica 
do racionalismo. Porém, na Idade Moderna também se destacou outra corrente 
para tratar as questões relacionadas ao conhecimento: o empirismo. 
Como representante do racionalismo o grande nome que podemos apresentar é 
o de Descartes (1596- 1650) que usa o recurso da dúvida metódica. Questiona 
tudo. É dele a conhecida expressão Penso, logo existo. Para esse pensador as 
ideias inatas - ideias da razão – são resultantes exclusivas da capacidade de 
pensar. 
Do grupo dos empiristas destacamos o pensamento de Locke (1632-1704). Esse 
pensador defende o princípio de que não existem ideias inatas. Tudo passa pelos 
sentidos. 
Outro nome de destaque no grupo que defende o princípio do empirismo é o de 
Bacon (1561-1626). O princípio da indução é valorizado em seu pensamento que 
denuncia os preconceitos que, na sua interpretação, dificultam a interpretação da 
realidade. 
No que diz respeito aos aspectos próprios da educação destacaram-se neste 
período três grandes pensadores: Comênio (1592-1670), Locke (1632-1704) e 
Fenelon (1651-1715). Vejamos, agora alguns postulados defendidos por esses 
pensadores: 
Comênio 
Empreende um caráter inovador e revolucionário da compreensão de ensino e de 
escola. Na sua principal obra Didática Magna defende o princípio de que é 
possível “ensinar tudo a todos”. 
Para este autor o homem é a mais alta, a mais absoluta e a mais excelente das 
criaturas e a educação deve ter por fim desenvolver condições para o exercício da 
sua plenitude humana. Aponta três dimensões para a preparação para a 
eternidade conhecermo-nos a nós mesmos (e conosco todas as coisas), 
governarmo-nos e dirigirmo-nos para Deus. Aborda temas inovadores para sua 
época e defende princípios revolucionários como a idéia de que é necessário, ao 
mesmo tempo, formar a juventude e abrir escolas e que toda a juventude de 
ambos os sexos deve ser enviada às escolas. 
Em contraposição a visão elitizada, que mesmo na modernidade era preservada 
pelo pensamento burguês, afirmava que nas escolas, a formação deve ser 
universal e que as escolas podem ser reformadas. 
Para Comênio a ordem perfeita da escola deve ir buscar-se à natureza e para essa 
finalidade propunha procedimentos específicos para ensinar artes, línguas, 
ciências, moral e incutir devoção. Na sua obra são fartas as referências para a 
superação da educação dual (para ricos e para pobres). Anuncia a possibilidade 
da universalização da educação como bem público e inalienável. 
 
Locke 
Antes de apresentar as bases do pensamento de Locke para a educação é 
importante lembrarmos que foi ele também o grande precursor das idéias 
liberais5. 
Esse pensador não concorda com as ideias inatas apresentados por Descartes. 
Para Locke a alma é como tábula rasa e é pela educação que se desenvolve as 
ideias, por meio de duas fontes possíveis: 1) sensação que pode ser descrita como 
a modificação feita na mente pelos sentidos e 2) reflexão que é o resultado da 
percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Não deprecia o trabalho da 
razão, considera a experiência fundamental. 
No campo da pedagogia Locke: 
 
5 De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa liberalismo (p. 835) é o conjunto de 
ideias e doutrinas que visam assegurar a liberdade individual no campo da política, da moral, 
da religião, etc, dentro da sociedade... 
 
 Destaca o papel do mestre, que deve por meio da razão, oportunizar 
experiências significativas aos seus alunos. 
 Critica a preocupação com latim e o descaso com o cálculo. 
 Enfatiza a importância do estudo da contabilidade e da escrituração 
comercial. 
 Propõe o estudo de história, geografia, geometria e ciências naturais. 
 Valoriza a educação física como forma de ampliação da resistência e do 
auto-domínio. 
 Entende o jogo como desafio e superação dos limites. 
 Defende o rigor para obtenção de “espírito dócil e obediente”. 
 Ambiguamente argumenta que a educação deve ser alegre o educador 
nada deve impor. 
 Declara que as finalidades da educação devem ser a formação do caráter e o 
desenvolvimento físico, moral e intelectual. 
 Não propugna a universalização da educação. 
 Infere que a educação deve ter modelos diferentes para os que governam e 
os que são governados. 
 
Fénelon 
Do pensamento deste teólogo, poeta e escritor que viveu na França entre 1651 e 
1715 destacam-se a sua preocupação com a educação feminina. É importante 
tornar claro que Fénelon não rompe com os padrões da época nos quais a mulher 
ocupava apenas papel secundário e doméstico na sociedade. Fénelon vê a mulher 
como apêndice do mundo masculino. 
A novidade é que ele atribui o comportamento “fútil” dasmulheres a uma 
educação inadequada. Para que ocorram mudanças no comportamento feminino 
defende o princípio da educação pelo prazer, na qual prevaleçam aspectos da 
instrução geral com ensino de gramática, poesia, história e leitura selecionada. A 
formação intelectual não é prioritária. 
Dá especial relevância para a educação religiosa e moral para a vida doméstica. 
 
 
UNIDADE 06 – ILUMINISMO, LIBERALISMO E EDUCAÇÃO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Nesta unidade estudaremos o século XVIII como o período que marca a transição 
do mundo moderno para o mundo contemporâneo. Analisaremos alguns eventos 
que redefiniram a organização política e social do mundo. A grande marca 
transformadora se assenta sobre o surgimento do pensamento liberal. Dois 
grandes pensadores do século XVIII influenciaram decisivamente a educação 
contemporânea: Rousseau e Kant. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Vamos iniciar esta unidade com uma afirmação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Franco Cambi (1999) afirma que o século XVIII completa processo de laicização 
que foi típico do mundo moderno. 
Nesse período se consolida a emancipação dos poderes supranacionais, das 
condições de vida e de produção de âmbito local e de uma concepção do mundo 
dominada pelo modelo religioso. 
O SÉCULO XVIII É O DIVISOR DE ÁGUAS 
ENTRE O MUNDO MODERNO E O MUNDO 
CONTEMPORÂNEO 
O efeito mais perceptível dessa transição foi a liberdade de classes sociais e de 
indivíduos. 
Esse mesmo autor chama nossa atenção para outro aspecto muito importante do 
século XVIII. Foi palco de Três revoluções: Independência Americana, Revolução 
Francesa e Econômico-industrial na Inglaterra. 
Diante de tudo isso o século XVIII coloca em crise o antigo regime sob um duplo 
viés: 
Político – com a afirmação de novas classes; de novos povos, de novos modelos 
de Estado e de governo. 
Cultural – com política de reformas radicais. A Europa caracterizada pelo 
pluralismo, pelas tensões, pelos ideais de liberdade e de reforma que será típica 
da contemporaneidade, ou seja, dos séculos XIX e XX. 
Neste cenário a figura do intelectual adquire proporções de importância sem 
precedentes. Atua como figura central, mediador entre sociedade e poder e tem 
função educativa dupla: estimular ao novo e fazer convergir as massas para o 
poder, assumindo papel paternalista da educação social. 
Em outras palavras o intelectual desponta como o educador da sociedade civil. 
Cambi afirma que: 
 
No século XVIII, portanto, assistimos a uma potencialização (...) Do problema 
educativo que é posto cada vez mais no centro da vida social: à educação é 
delegada a função de homologar classes e grupos sociais, de recuperar todos os 
cidadãos para a produtividade social, de construir em cada homem a consciência 
de cidadão, de promover uma emancipação (sobretudo intelectual) que tende a 
tornar-se universal (libertando os homens de preconceitos, tradições acríticas, fés 
impostas, crenças irracionais). A educação se torna cada vez mais uma (ou a?) 
Chave mestra da vida social, enquanto constitui o elemento que a consolida como 
tal e manifesta seus mais autênticos objetivos: dar vida a um sujeito humano 
socializado e civilizado, ativo e responsável, habitante da “cidade” e capaz de 
assimilar e também renovar as leis do estado que manifestam o conteúdo ético da 
sua vida de homem cidadão. 
 
Outra dimensão das grandes transformações ocorridas neste período pode ser 
caracterizada por uma tríade de constatações. 
Primeiro de que as próprias instituições educativas devem laicizar-se como 
resposta aos problemas emergentes da educação. 
Em segundo lugar a família se reorganiza de forma a lidar com a gradual 
assimilação dos efeitos gerados pela crescente industrialização. 
Por último a escola se renovou radicalmente no nível da organização (sistema 
escolar; competência laborativa; reprodução de ideologia), no nível dos 
programas de ensino (novas ciência, línguas, recuo do modelo humanístico) e no 
nível da didática (novos métodos) 
Consequência dessa reorganização da escola é o entendimento, expresso por 
Cambi, de que: 
 
A escola contemporânea, com suas características públicas, estatais e civis, com 
sua estrutura sistemática, com seu diálogo com as ciências e os saberes em 
transformação, nasceu no século XVIII, já envolvendo também aquela confiança 
na alfabetização e na difusão da cultura como processo de crescimento 
democrático coletivo que permaneceu durante muito tempo, até ontem (ou hoje) 
como uma crença sem incertezas da sociedade contemporânea. 
 
O novo cenário que propicia o “nascimento” da escola contemporânea também 
traz para o palco das discussões novos sujeitos: 
Mulheres – por meio do reconhecimento do direito à instrução e educação 
específica. 
Povo – Houve a percepção social do seu alijamento histórico. Reclama-se uma 
educação que o liberte da condição de atraso. 
Por toda essa “efervescência” social existe o reconhecimento de que as 
transformações podem ser analisadas de forma desvinculada das orientações 
religiosas: 
Na economia – Ideias decorrentes do liberalismo clássico são representadas por 
Adam Smith (1723-1790) e preconizam as leis naturais de distribuição de riquezas. 
O liberalismo representa os interesses da burguesia em se livrar do controle do 
estado sobre a produção de riquezas. 
Na política – os fundamentos do liberalismo se opõem ao absolutismo 
monárquico. Por meio de teoria contratualista, se constrói a ideia de que a 
legitimidade do poder deve ser consequência do pacto entre indivíduos. 
Rousseau, por meio da obra intitulada “Contrato Social” analisa o pacto entre 
indivíduos sob uma ótica mais democrática. Suas ideias serão muito propagadas 
na educação. 
Na educação o liberalismo impõe seus efeitos, sobretudo por meio da difusão da 
idéia de laicização. Deve princípio surgiram ideias como: ser o ensino atribuição 
obrigatória do Estado, gratuidade e obrigatoriedade do ensino elementar, 
racionalismo da educação, ênfase nas línguas vernáculas e orientação clara 
voltadas para o ensino das ciências superando a visão exclusivamente humanista. 
Entretanto, um aspecto fundamental permanece inalterado no campo da 
educação: o princípio da escola dual. Manteve-se o entendimento da necessidade 
de modelos preparatórios diferenciados para a classe popular e para os filhos das 
famílias elitizadas. Esse princípio perdura ainda hoje na nossa forma de 
organização dos sistemas de ensino. 
 
 
BUSCANDO SABERES 
 
O ILUMINISMO PEDAGÓGICO - ROUSSEAU E KANT. 
Dois grandes pensadores do século XVIII que influenciaram decisivamente a 
educação contemporânea: Rousseau e Kant. 
Jean Jacques Rousseau (1712-1778), 
 
 
Suíço de Genebra. Viveu na França e conviveu com os enciclopedistas. Suas obras 
de maior destaque sobre política são: Discurso sobre origem e desigualdade dos 
homens, Do contrato social. Nos temas sobre educação Emílio é a obra que 
marcou profundamente a pedagogia contemporânea. 
Rousseau revolucionou as concepções de educação quando propôs o 
deslocamento do centro de toda preocupação para a formação plena da criança. 
Cambi (1999) atribui a Rousseau o título de “pai” da pedagogia contemporânea; 
 
“Viver é o que eu desejo ensinar-lhes. Quando sair das minhas mãos, ele não será 
magistrado, soldado ou sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem”. 
(Rousseau) 
 
É impossível fazer uma análise da obra de Rousseau separando suas idéias 
políticas de seus postulados para a educação. Critica o absolutismo e vê o homem 
como um ser naturalmente bom, que pode ser corrompido pela sociedade. 
Desenvolve os conceitos de soberania (corpo coletivo que expressa a vontade 
geral) e cidadão (homem ativo e soberano). 
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Em Emílio, Rousseau ilustra como seria a educação ideal de um jovem.Em sua 
pedagogia naturalista propõe o retorno à espontaneidade original, livre dos 
hábitos que escravizam o homem. Portanto, para educar a criança é necessário 
tomar como ponto de partida seus interesses naturais. Há que se valorizar os 
sentidos, as emoções e os sentimentos que antecedem ao pensamento. 
A educação não se processa de “fora para dentro” evolui a partir do 
desenvolvimento interno e orgânico da criança. 
Em O Contrato, Rousseau desenvolve a ideia de uma educação socializada e 
regulada pela intervenção do Estado. 
 
Os estudos mais recentes sobre a pedagogia de Rousseau puseram em destaque 
a existência na sua obra da maturidade, de dois modelos educativos, bem 
diferenciados entre si e, as vezes, até mesmo opostos. De um lado, coloca-se o 
modelo da educação natural e libertária que privilegia a formação do Homem, 
típica do Emílio; de outro, o modelo de uma educação social e política, 
desenvolvida pelo estado e ligada mais ao princípio da “conformação social” do 
que ao da liberdade, e que encontramos desenvolvida, em particular, nas 
Considerações sobre o governo da Polônia, obra póstuma de 1782. Educação do 
homem e educação do cidadão são contrapostas por Rousseau já no início do 
Emílio, onde segunda vem desvalorizada, uma vez, que “a instrução pública não 
existe mais e não pode mais existir, já que onde não há mais pátria não pode mais 
haver cidadãos”. Onde é possível, porém, reformar a sociedade e restituir-lhe um 
espírito nacional, a educação do cidadão permanece ainda como a fórmula mais 
justa e mais praticável. (Cambi, 1999. P. 353) 
 
Immanuel Kant (1724-1804) 
Da escola do racionalismo interessa-se por problemas da cosmologia e da lógica, 
autor das obras crítica da razão pura (1781); crítica da razão prática (1788) e crítica 
do juízo (1790). 
Os principais aspectos da sua obra indicam para um pensamento pedagógico 
marcado pelo objetivo de “transformar a animalidade em humanidade” e essa 
transformação só poderá acontecer por meio da disciplina e da educação ética 
como formação da consciência do dever. Para Kant é a educação que possibilita 
ao homem atingir seu objetivo individual e social. 
O pensamento de Kant traz como principal contribuição a tentativa de superar as 
duas correntes epistemológicas do século XVII – o racionalismo e o empirismo. 
Investiga a questão da natureza do conhecimento. 
Nas suas obras valoriza a tolerância religiosa e preocupa-se com as superstições 
desde muito cedo inculcadas nas crianças. 
 
“Mandamos, em primeiro lugar, as crianças à escola, não na intenção de que nela 
aprendam alguma coisa, mas a fim de que se habituem a observar pontualmente 
o que se lhes ordene”. (Kant) 
 
 
 
 
UNIDADE 07 - EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
O Século XIX marcou a pedagogia com grandes conflitos ideológicos, modelos 
educativos e saberes da educação. Nosso propósito nessa unidade é conhecer os 
postulados de educação referentes a esse período, bem como analisar as 
perspectivas que se apresentam para a educação do século XXI. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
As grandes transformações ocorridas no século XIX indicaram para um processo 
de “revolução cultural” e trouxe elementos para uma chamada pedagogia 
romântica da qual foram expoentes: 
Pestalozzi (1746-1827) 
Fröebel (1782-1852) 
Herbart (1776-1841) 
Spencer (1820-1903) 
 
A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA – O SÉCULO XXI. 
Para fazermos uma análise do atual cenário educacional vamos nos reportar a 
obra de Cecília Braslavsky - DEZ FATORES PARA UMA EDUCAÇÃO DE 
QUALIDADE PARA TODOS NO SÉCULO XXI. Editora Moderna, 2001. 
O esquema a seguir ilustra as principais características do atual cenário educativo 
e servirá de referência para o desenvolvimento da atividade que será solicitada ao 
final da unidade. 
 
O MUNDO DO FUTURO E AS PESSOAS DO MUNDO 
• Educação  serve para que as pessoas atuem no mundo 
 
 
 
• As surpresas inevitáveis do século XXI: 
1) Aumento na expectativa de vida; 
2) A ciência e tecnologia permitem vida melhor, com mais lucidez, com 
maior capacidade de leitura, compreensão e criação; 
3) Aumento e aceleração da mobilidade das pessoas; 
4) Crescimento exponencial do conhecimento – revolução científica e 
tecnológica – renovação da relação com o conhecimento; 
5) Aumento exponencial das comunicações; 
6) Aumento das interdependências – aumento da competitividade 
internacional e desigualdades. 
 
 
 
 
• As previsões e profecias descartáveis: 
 
➢ Desigualitária: acirramento das desigualdades na distribuição da riqueza; 
➢ Guerreira: sustenta a inevitabilidade da persistência e do acirramento da 
violência 
➢ Apocalíptica: sustenta que o meio-ambiente será destruído, pois os 
recursos naturais só vão durar mais 20 ou 30 anos. 
 
Conhecendo-o, interpretando-o, transformando-o. 
As seis surpresas inevitáveis modificam significativamente o lugar das pessoas no mundo e o perfil educativo 
que as pessoas necessitam e demandam (...) Exercem pressão para educar de outra maneira, mas também 
oferecem pistas para pensar no sentido dessa educação, por que deixam uma ampla margem para o exercício 
da liberdade e da vontade (...) para poder utilizar essa margem e essas pistas, é necessário desnaturalizar aquilo 
que chamaremos de previsões e profecias descartáveis. 
Braslavsky, 2001. 
 
 
 
 
 
 
• As pessoas no mundo do século XXI 
➢ Cenário de conflitos armados ou condições extremas de pobreza; 
➢ Tendência em investir programas para melhorar a qualidade de 
vida. 
 
... A qualidade da educação deve ser avaliada também por sua capacidade de 
criar uma rejeição visceral às condições que favorecem o surgimento e a 
permanência de tais contextos de adversidade, também entre aqueles que, à 
primeira vista e no curto prazo, não estão sujeitos a essas condições de forma 
direta e pessoal. 
Braslavsky, 2001 
 
Características necessárias para beneficiar-se das surpresas inevitáveis e evitar as 
previsões descartáveis: 
1) Possibilidade de explicar sua própria vida e o mundo; 
2) A autoestima e a estima pelos outros; 
3) A possibilidade de realizar um projeto; 
4) O domínio das capacidades necessárias para concluí-lo; 
5) Estratégias para relacionar-se com os demais de maneira saudável. 
 
 
 
 
Nesse contexto, pode-se definir que uma educação de qualidade é aquela que permite que todas as pessoas 
aprendam aquilo que é necessário para se beneficiar das surpresas inevitáveis e para evitar as previsões e 
profecias descartáveis. Em outras palavras, trata-se de formar pessoas que possam distinguir melhor entre o que 
acontecer, e o que deseja estimular, e aquilo que está acontecendo o que se apresenta como natural, quando 
na realidade são tendências que poderiam ser evitadas. 
Braslavsky, 2001 
BUSCANDO SABERES 
 
DEZ FATORES PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS NO SÉCULO 
XXI. 
1) Foco na relevância pessoal e social. 
• Ser feliz não é sinônimo de ser hedonista. 
2) A convicção, a estima e a autoestima dos envolvidos. 
• Tensão criativa entre a convicção, a estima e a autoestima das 
sociedades, dos dirigentes políticos e das administrações sobre o valor 
da educação. 
3) A força ética e profissional dos mestres e professores. 
• Formação de qualidade. 
• Atualização e aperfeiçoamento. 
• Direção e supervisão. 
• Dispositivos de mediação entre o saber elaborado e o saber escolar. 
4) A capacidade de condução de diretores e inspetores. 
5) O trabalho em equipe dentro da escolar e dos sistemas educacionais. 
6) As alianças entre as escolas e os demais agentes educacionais. 
7) O currículo em todos os seus níveis. 
• Bases estruturais. 
• Bases disciplinares. 
• Bases cotidianas. 
8) A quantidade, a qualidade e a disponibilidade de materiais educativos. 
9) A pluralidade e a qualidade das didáticas. 
• a qualidade da educação é mais bem sucedida quando as pessoas que 
produzem s didáticasestão mais perto daquelas que a utilizam. 
10) Condições materiais e incentivos socioeconômicos e culturais mínimos. 
 
Tendências básicas do processo de construção de uma educação de qualidade 
para todos 
• O processo de uma educação de qualidade não termina nunca. 
• As heranças perigosas. 
➢ Não há progresso sem educação. Entretanto, a educação por si só – 
e qualquer que seja a educação – não é garantia de progresso: 
depende da sua qualidade. 
➢ Precários resultados de leitura. 
➢ Precários resultados em matemática e ciências. 
➢ Déficit nas atitudes de produtividade e de solidariedade. 
 
Indícios alentadores 
• Algumas políticas adequadas aos contextos parecem apresentar resultados; 
• Consegue-se formar pessoas racionais, boas e práticas. 
• Em todas as partes encontram-se boas práticas. 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 08 – EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO PERÍODO COLONIAL. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Conhecer e analisar as principais características do processo de colonização 
brasileira, identificando-o no contexto de transição para a modernidade. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O processo de ocupação do território brasileiro se dá no período da 
modernidade, no início do século XVI, e em um contexto de grandes 
transformações econômicas, políticas e sociais. A colonização brasileira traz 
características que irão revelar a dimensão desse cenário de transformações e no 
que diz respeito à educação serão evidenciadas as questões decorrentes do 
movimento da reforma protestante, bem como das ações da Igreja Católica no 
chamado movimento de Contra reforma com a ação dos jesuítas nas colônias. 
No renascimento vimos que muitas transformações ocorreram na sociedade. Uma 
dessas mudanças foi o movimento denominado reforma protestante que criticava 
a atuação da Igreja Católica e preconizava a defesa da personalidade autônoma e 
repudiava a hierarquia religiosa. 
Nesse contexto a educação se torna importante instrumento de divulgação da 
reforma. Como referências importantes para a difusão das ideias protestantes 
para a educação destacaram-se Lutero (1483-1546) e Melanchthon (1497-1560) 
que, de forma pioneira, lutaram pela implantação da escola primária para todos. 
Lutero também postulava que a educação deveria ser incumbência e 
responsabilidade do Estado. 
É importante que destaquemos que idéia de universalização da oferta não 
implicava em igualdade de formação. Aos mais pobres caberia um tipo mais 
elementar de educação e para os ricos havia a possibilidade de ensino médio e 
superior. 
No contexto da reforma protestante, outro nome que se destaca é o de Calvino 
(1509-1564). 
Toda a referência para a educação protestante partia do princípio de uma 
educação humanista com valorização de atividades físicas, repudio aos castigos 
físicos e destaque para o estudo da história e da matemática. 
Como forma de reação a esse vigoroso movimento, a Igreja católica se organiza 
para recuperar o espaço que vinha perdendo para as ideias protestantes. Inicia 
um movimento denominado contrarreforma ou reforma católica. 
As novas orientações e direcionamentos para o trabalho de recuperação da força 
da Igreja são determinados pelo Concílio de Trento (1545-1563) que foi 
organizado em diferentes períodos e marcado por sessões que abordaram 
diferentes temas de relevância para a Igreja. Nestas sessões se reafirma a 
supremacia do papa, princípios da fé, o poder inquisitorial e se decide que é 
necessária a criação de seminários para formação de “quadros” religiosos para 
fazer frente à expansão protestante. 
No Brasil, o resultado prático que se observa do movimento de contrarreforma da 
Igreja para impedir a dissidência religiosa, é notado pelo trabalho da Companhia 
de Jesus. 
Já com o primeiro governador Geral – Tomé de Souza – em 1549, chegaram os 
primeiros jesuítas. Para cumprir seu papel de “propagação da fé” criam escolas, 
seminários e missões e passam a intervir de maneira direta para ajudar a 
assegurar a unidade política. 
A força do trabalho de educação e catequese dos jesuítas se espalha por todo 
território brasileiro e os jesuítas atuam hegemonicamente neste campo por mais 
de 200 anos. Apenas em 1759, com a política adotada pelo Marques de Pombal 
de fortalecimento do poder do Estado, os jesuítas são expulsos do país. Neste 
momento, como veremos na unidade 04, a educação ficará sob os cuidados de 
leigos. 
 
CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO JESUÍTICA 
Agora que já sabemos que os jesuítas tiveram, por mais de 200 anos, uma grande 
importância e uma atuação hegemônica na organização da estrutura educacional 
do Brasil iremos tratar nesta unidade os aspectos relacionados às características 
que marcaram o trabalho catequético e educativo da Companhia de Jesus. 
As finalidades da educação jesuítica: Todo trabalho educativo realizado pelos 
Jesuítas voltava-se para uma formação humanista nas quais conciliavam 
postulados de obras clássicas como Sêneca, Ovídio, Virgílio e ideais cristãos. 
Embora durante o século XVII tenham se intensificado as críticas a filosofia 
medieval e os fundamentos da ciência moderna ganhavam força por meio de 
descobertas científicas como Galileu e Isaac Newton, os jesuítas relutavam em 
incorporar as novas orientações aos currículos escolares. 
A grande referência para o desenvolvimento do trabalho pedagógico dos jesuítas 
foi o Ratio Studiorum. Este documento, publicado em 1599, estabelecia 
minuciosamente regras e procedimentos para todas as dimensões do trabalho 
pedagógico. 
Um dos aspectos de destaque é o tratamento dispensado pelos Jesuítas a questão 
da disciplina. O lema predominante era proteção e vigilância, instaurando assim, 
uma rotina de rigoroso controle na admissão de alunos e padres, bem como 
disciplina que vinculava a conduta a um inflexível código hierárquico de 
obediência. Todos – alunos e padres – deveriam submeter-se ao regime de 
conduta virtuoso da obediência, distanciando-se de tudo que era entendido pela 
igreja católica como referência de vida mundana. 
Quando eram necessárias as sanções não deveriam caracterizar-se pelo emprego 
da força física. As admoestações deveriam ocorrer pelo uso da palavra e quando 
o recurso da punição física fosse entendido como absolutamente indispensável 
deveria ser “aplicada” por um corretor (pessoa não vinculada aos quadros da 
Companhia de Jesus). 
Quanto aos procedimentos voltados ao ensino eram estabelecidas cinco horas de 
estudo diárias. Os procedimentos para aprendizagem se fundamentavam na 
prática da repetição com a finalidade de memorização. Aos grupos de estudantes 
com maiores dificuldades era utilizado o sábado para as atividades de reforço. 
A competição era estimulada por meio de premiações. 
No que diz respeito aos conteúdos escolhidos para a organização do currículo 
escolar nota-se ênfase humanista e os cursos eram divididos em Studia inferiora: 
destinado às letras humanas, filosofia e ciências e Studia superiora: focado na 
teologia e ciências sagradas. 
Durante o século XVII com o desenvolvimento do pensamento iluminista o 
ensino Jesuítico passa a ser alvo de críticas acentuadas. Para Aranha (1989) A 
crença no poder da razão e na capacidade de cada um discernir seu próprio 
caminho tem sua expressão máxima no Iluminismo do século XVIII, crítico severo 
da intolerância religiosa. Os Jesuítas são considerados excessivamente 
dogmáticos, autoritários e por demais comprometidos com o Santo Ofício. 
No processo de colonização brasileira a obra Jesuítica se expressará de forma 
intensa pela catequese, nos quais se destacaram personagens como os Padres 
Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e Vieira. No conturbado cenário de 
ocupação do território os interesses se conflitavam, enquanto os jesuítas 
objetivavam a conversão dos indígenas, os colonos desejavam utilizá-lo como 
mão de obra escrava. Por esta razão instituíram-se as Missões que se 
caracterizaramcomo lugares nos quais os índios eram “civilizados” e catequizados 
pela Companhia de Jesus. 
 A influência do pensamento iluminista irá atingir sua expressão mais acentuada 
em 1759 com a atuação do Marquês de Pombal. 
 
 
REFORMA POMBALINA 
A forma mais explícita e radical de intervenção à obra instaurada pelos Jesuítas no 
período colonial se deu pela ação do Marquês de Pombal, que expulsou os 
Jesuítas de Portugal do Brasil e das demais colônias portuguesas no ano de 1759. 
É importante destacar que a intervenção do Marquês de Pombal na atuação da 
Companhia de Jesus decorreu de uma concepção de modelo de Estado 
Absolutista determinado pelos ideais iluministas no qual se destaca uma 
acentuada preocupação com o fortalecimento do poder. Na visão de Pombal, a 
Companhia de Jesus e sua forte inserção nas colônias, bem como a sua 
hegemonia no controle das estruturas educacionais eram entendidas como uma 
ameaça. Por esta razão, a intenção era criar um sistema educacional controlado e 
fiscalizado exclusivamente pelo Estado. 
O Brasil, nesse período, vivia os efeitos da economia mineradora que promovia 
um processo de urbanização que ocasionou o aumento populacional e o 
surgimento de uma nova classe social: a pequena burguesia. É nesse contexto que 
os ideais de maior acesso aos bens culturais e o sentimento de nacionalismo e 
emancipação política se prolifera. 
Em contraposição a este desenvolvimento urbano e cultural, a expulsão dos 
Jesuítas, ocasionou, na visão de grande parte dos historiadores, um retrocesso ao 
sistema de ensino na colônia. Muito embora existissem críticas ao monopólio e 
conservadorismo do ensino jesuítico o fato é que não havia nenhuma outra forma 
de estrutura educacional organizada. 
Somente a partir de 1772 são promovidas ações para preencher a lacuna 
decorrente da expulsão dos jesuítas e organizar o sistema educacional da colônia. 
As primeiras medidas consistiam em nomeação de professores leigos6 e 
estabelecimento de planos de estudo e de fiscalização do ensino. As Aulas Régias, 
que eram ministradas de forma isolada e autônoma e não se articulavam para dar 
coesão ao currículo, substituem os cursos da studia inferiori. 
 
6 Nesse contexto leigo tem a conotação de não religioso. 
Grandes problemas, como a inexistência de cursos de formação de professores, 
promovem a falta de continuidade dos programas de ensino. A centralização da 
gestão em Portugal dificulta todos os procedimentos que são ineficazes e 
morosos. 
Este cenário produziu um contingente de professores mal preparados e mal 
remunerados que somente foi alterado com a chegada da família real portuguesa 
em 1808. 
Para finalizar esta unidade podemos afirmar que a expulsão dos jesuítas do Brasil 
foi uma medida decorrente de um pensamento iluminista que orientou uma 
concepção de modelo de Estado. Embora não tenha produzido resultados 
satisfatórios e eficientes para a educação, foi a primeira experiência desenvolvida 
pela ação do Estado no sentido de assumir a responsabilidade pela educação. 
 
BUSCANDO SABERES 
 
Para contribuir neste estudo, apresentamos abaixo um fragmento do texto das 
pesquisadoras Ana Paula Seco e Tania Amaral - em artigo intitulado “Marquês de 
Pombal e a reforma educacional brasileira”7, no qual interpretam este processo: 
 
É muito interessante perceber por quais vias o iluminismo implantou-se no Brasil. 
É justamente através da política imperial de racionalização e padronização da 
administração de Pombal que a educação passou para as mãos do Estado, mas 
essa educação que passou a ser pública, não se faz para os interesses dos 
cidadãos. Ela serviu aos interesses imediatos do Estado, que para garantir seu 
status absolutista precisa manter-se forte e centralizado nas mãos e sobre 
comando de uns poucos preparados para tais tarefas. Assim, mesmo que 
 
7 Texto publicado no site www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html - 68k 
– acesso em 06 de março de 2008. 
 
aparentemente as ações de Pombal induzam ao entendimento de uma política 
despótica de benefícios individuais - ideia que não é de toda inválida - é preciso 
acordar com a análise de Maxwell de que os lucros das reformas pombalinas 
foram individuais, privados. Mas os interesses foram públicos - no sentido de 
estatal - na medida em que naquele contexto, iluminismo, racionalidade e 
progresso têm um significado muito diferente aos quais se deve estar atento: 
iluminismo no contexto da colônia brasileira tratou-se, na verdade do 
engrandecimento do poder do Estado e não das liberdades individuais, Dessa 
forma, entender o projeto do iluminismo pombalino talvez seja a chave para 
ajudar a perceber a tradição reformista nas tentativas de construção de um 
sistema nacional de educação pública realmente voltado aos interesses públicos, 
que até hoje não se consolidou no Brasil. 
 
UNIDADE 09 - EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO PERÍODO MONÁRQUICO 
E A TRANSIÇÃO PARA A REPÚBLICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Analisar as marcas históricas mais relevantes do período que compreende entre a 
chegada da família real portuguesa na colônia brasileira, a monarquia e o 
processo de transição para a República. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A vinda família real portuguesa para o Brasil em 1808 elevou a colônia à condição 
de Reino Unido de Portugal e Algarves. Esta situação modificou radicalmente a 
vida da colônia que precisou assimilar hábitos da nobreza na sua vida cotidiana. 
Uma das primeiras medidas de impacto foi a liberação dos portos brasileiros para 
transações comerciais com a Inglaterra que naquela época, era uma grande 
potencia comercial. Além disso, foi revogada a proibição de instalação de 
indústrias manufatureiras, fato que gradualmente, promoveu o desenvolvimento 
industrial da colônia. 
Além de medidas econômicas, o cenário cultural também se adaptou aos novos 
tempos de nobreza: implantação da imprensa, instalação de museu, bibliotecas e 
academias. 
As transformações no campo da economia também repercutem na aristocracia 
rural colonial, que se vê excluída das decisões políticas. 
A chamada proclamação da independência em 1822, como podemos perceber, foi 
o resultado de um processo de “maturidade” da colônia que se consolidou com o 
estabelecimento da família real. O episódio que marca a emancipação não altera a 
estrutura social que se organizou após 1808. 
Após 1850 novos fatores mobilizam a vida no Brasil (agora Império): o 
desenvolvimento da cafeicultura, a incipiente industrialização, a construção de 
estradas de ferro, instalação de bancos, o desenvolvimento da comunicação 
(telégrafo) e o processo de transição de mão-de-obra escrava para assalariada. 
Essa conjugação de fatores inaugura uma sociedade mais complexa, na qual 
cresce a burguesia urbana. 
Em 1870, com o final da Guerra do Paraguai e os desgastes políticos decorrentes 
desse grande conflito, associado às demais condições de transformação da 
economia e sociedade, as condições para a abolição de escravidão (1888) e 
proclamação da república são mais favoráveis. 
É importante lembrar que apesar de todas as mudanças aqui apresentadas, a 
marca do Brasil durante o período monárquico continuou acentuadamente 
agrário, exportador e dependente do capital metropolitano e inglês. 
 
O ensino no Império – a lógica invertida 
As grandes mudanças sociais, econômicas e políticas inauguradas a partir de 1808 
refletiram na organização da sociedade e, consequentemente, na educação no 
Brasil como veremos: 
1808 – Criação da imprensa. 
1808 – Academia real da marinha. 
1808 - Cursos médicos-cirúrgicos. 
1810 – Academia real Militar. 
1810 – Biblioteca pública. 
1810 – Jardim Botânico. 
1818 – Museu real. 
1816 – Missão cultural francesa. 
1827 – Cursos jurídicos. 
A curiosidadeé que o apressamento em resolver as questões decorrentes da 
instalação da família real no Brasil, desenvolve um processo invertido. Primeiro 
são investidos esforços para a criação de cursos superiores, fato que Haidar8 
explica: 
 
Por circunstâncias históricas, nosso país teve ensino superior antes que nele se 
organizasse, verdadeiramente, um ensino de tipo secundário: feita a 
independência, necessitávamos, antes de tudo, de escolas que preparassem, tão 
rapidamente quanto possível, as elites intelectuais e administrativas indispensáveis 
para pôr as instituições a funcionar. Essas circunstâncias marcaram, em grande 
parte, - e até hoje continuam a fazê-lo – o ensino brasileiro: este, apesar da 
reformas, continua organizado “de cima para baixo”, as exigências dos graus 
superiores determinando o conteúdo e a função dos inferiores, de tal forma que a 
escola secundária (hoje ensino de 2º. Grau e a parte final do 1º. Grau) cede as suas 
funções próprias à tarefa ancilar de curso preparatório para o ingresso no ensino 
superior. 
 
O que se observou nesse processo foi a valorização de uma educação 
aristocrática voltada a atender as necessidades de uma reduzida elite em 
detrimento a projetos voltados para a formação da população majoritária. 
Prevaleceu um tipo de ensino enraizado na referência erudita da cultura europeia. 
A origem da nossa formação escolar se dá adotando como referência o 
pensamento hegemônico elitizado que caracteriza, em grande medida, até hoje 
nosso sistema educacional. 
Azevedo9 descreve essa situação de desigualdade de tratamento com a educação 
das diferentes classes sociais. Para esse autor: 
 
“Esse contraste entre a quase ausência de educação popular e o desenvolvimento 
de formação de elites tinha de forçosamente estabelecer, como estabeleceu, uma 
 
8 Haidar, Maria de Lourdes Mariotto. O Ensino secundário no império brasileiro. São Paulo: USP, 1972. 
9 Azevedo, Fernando, A cultura brasileira, São Paulo: Melhoramento, 
enorme desigualdade entre a cultura da classe dirigida, de nível extremamente 
baixo, e a da classe dirigente, elevando uma grande massa de analfabetos, - ‘a 
nebulosa humana desprendida do colonato’ -, uma pequena elite em que 
figuravam homens de cultura requintada e que, segundo ainda, em 1890, 
observava Max Leclerc, não destoaria entre as elites das mais cultas sociedades 
europeias”. 
 
Observemos a partir das iniciativas desencadeadas para a formação superior e 
emergencial, produzida pelo cenário histórico do início do século XIX, como a 
educação elementar e secundária no nosso país foi produzida. 
 
O ensino elementar e secundário 
A grande cisão entre a organização do ensino superior e o ensino elementar e 
secundário resultou do Ato adicional à constituição de 1834. Por este dispositivo 
legal ficou estabelecido que no artigo 10, parágrafo 2º que as províncias10 têm o 
direito de legislar sobre a instrução pública. Com essa medida ficou legitimada 
uma dualidade de competências que possibilitava a existência de dois sistemas 
paralelos de ensino: o provincial e geral. 
No entendimento de muitos historiadores essa medida atribuiu status diferentes 
aos níveis de formação: a formação superior (destinada às elites) ficava sob os 
cuidados da coroa e formação elementar (popular) dependia da precariedade das 
estruturas das provinciais. 
Essa lógica de fracionamento da estrutura criou uma dependência direta da 
organização dos currículos escolares. Estes são organizados para atender às 
exigências da formação superior. 
Em 1837 é fundado o Colégio Pedro II, no Rio de janeiro, com a finalidade de 
servir de padrão de ensino. Esse Colégio, excepcionalmente, fica sob o encargo da 
 
10 Divisão territorial administrativa. Atualmente recebe a denominação de estados. 
coroa e tem autorização para realizar exames parcelados11 de davam acesso aos 
cursos superiores. 
Após 1860 os colégios particulares começam a se organizar, sobretudo os 
católicos e alguns protestantes. Nota-se, nessa iniciativa o retorno a uma tradição 
confessional católica da educação. 
No ensino elementar a situação é mais precária. Como a economia, durante o 
Império, ainda é predominante agrária, não há demanda suficiente para mobilizar 
mudanças na oferta da educação elementar. Educação é luxo para poucos e 
privilegiados. Para a maioria da população, não há uma relação direta entre 
escolaridade e vida produtiva. 
Como não havia vinculação entre os diferentes níveis de escolaridade, não era 
obrigatória ter certificação de conclusão de um nível inferior para ingresso em 
níveis mais avançados. Assim, os filhos da elite poderiam ser educados por 
preceptores e posteriormente enviados a estudos superiores. 
Para se ter uma ideia do papel que a escola institucionalizada ocupava na 
sociedade monárquica, em 1867, apenas 10% da população escolar estava 
matriculada nas escolas. 
Como formas de melhorar o cenário educacional no Império, a partir de 1835, são 
criadas as escolas de formação de professores. As famosas Escolas Normais. Elas 
surgem como escolas para rapazes e, somente muito depois, vão se tornar espaço 
de formação feminina. 
No que diz respeito ao ensino técnico, a situação não é muito diferente. Em 1856 
algumas escolas de comércio e o Liceu de artes e ofícios. Porém, não há grande 
interesse para que estas se desenvolvam e prosperem. 
Durante o longo período do império no Brasil, pode-se perceber que a 
organização do sistema de ensino não chegou a se configurar como uma 
 
11 Para Haidar (1972) o sistema de exames não apenas favorecia os estudos parcelados e assistemáticos, 
(sic) como também instituíra, antes mesmo que leis e decretos dispusessem (sic) efetivamente sobre o 
assunto, o regime da frequência livre na área dos estudos preparatórios: cada um que estudasse onde e 
como quisesse (sic) e depois provasse nos exames, realizados na ordem que lhe aprouvesse, os 
conhecimentos adquiridos. (p. 60) 
prioridade de Estado. As medidas descentralizadoras produziram uma lógica de 
educação dual (escola para ricos e escola para pobres) cujo legado está até hoje 
enraizado no imaginário da população e, em grande medida, dos professores e 
alunos. 
 
BUSCANDO SABERES 
 
O cenário de transição – Império/República 
O período que revela o declínio do Império foi marcado, por profundas 
transformações na sociedade brasileira: a abolição da escravidão e a adoção da 
mão de obra assalariada, os melhoramentos urbanos, a expansão da lavoura 
cafeeira e o desenvolvimento dos centros urbanos. Esses fatos lançaram o Brasil a 
um cenário de desenvolvimento e ampliação de horizontes econômicos e sociais. 
Porém, do ponto de vista da política, o incipiente regime republicano não rompeu 
completamente com a tradição elitista. 
Porém, é inegável que novas necessidades surgiram para a população e a 
remodelação do modelo de Estado implicou em novas orientações para o sistema 
educacional brasileiro. 
A República, proclamada em 1889, desenvolve suas próprias características 
próprias. Estabelece a naturalização de estrangeiros, liberdade de cultos e o 
regime presidencialista. 
Temas até então ausentes nas pautas políticas, emergiram como referências 
fundamentais: democracia, maior poder para os estados - federalismo, incentivo à 
industrialização e a necessidade de uma política de oferta de ensino para a 
população analfabeta. 
A força política e econômica no período de implantação do regime republicano 
estava centralizada nas mãos dos cafeicultores e esta característica acentuou 
práticas contraditórias ao ideal republicano (voto de cabresto, curral eleitoral, 
entre outras). 
Em 1891 é promulgada a primeira constituição republicana fortemente 
influenciada pela constituição dos EstadosUnidos da América. 
Dois anos depois toma posse o primeiro presidente civil do Brasil: Prudente de 
Moraes, representante das oligarquias cafeeiras que irá, por força dos interesses 
oligárquicos, arrefecer o interesse por temas educacionais. 
A lógica da economia agrário-exportadora e a centralidade do poder nas 
oligarquias cafeeiras irá se abalar apenas depois do advento da primeira guerra 
mundial (1914-1918) quando se inicia novo ciclo de desenvolvimento industrial e 
uma propensão à nacionalização da economia expressa pela redução das 
exportações. 
A década de vinte será fortemente marcada por movimento como greves 
operárias, o tenentismo, a Coluna Prestes, a criação do partido comunista e a 
efervescência cultural – representada pela Semana de arte moderna de 1922. 
O final da década de 20 foi marcada pela “grande depressão” e a quebra da Bolsa 
de Nova Iorque em 1929, que no Brasil se manifestou pela crise da produção 
cafeeira. Este fato abala o poder das oligarquias hegemônicas e inaugura um 
novo ritmo de vida social urbana e de retomada do crescimento industrial. 
Iniciam-se neste período as condições necessárias para a implantação de um 
sistema de ensino que reagisse às novas demandas industriais e urbanas. A 
população brasileira, neste período era predominantemente analfabeta, condição 
inadequada para um pleno desenvolvimento econômico. Em 1930 é criado o 
ministério da educação e da saúde pública com o forte propósito de criar uma 
estrutura educacional compatível com as demandas desenvolvimentistas. 
 
 
 
UNIDADE 10 – EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA REPÚBLICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Identificar e analisar as principais características da educação brasileira após a 
proclamação da república. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A educação na primeira República (1889-1930) 
Para Ghiraldelli Jr. 12 Neste período destacaram-se três correntes pedagógicas: A 
Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia Libertária. 
A vertente tradicional pode ter suas raízes identificadas no herbatismo 
caracterizada por uma tendência de psicologizar a educação. Ghiraldelli Jr. (1990, 
p. 22) afirma que o princípio da psicologia de Herbart dizia que desejo e vontade 
não são autônomos, mas que são resultados da atividade intelectual responsável 
pelas ideias e representações – ‘a volição tem suas raízes no pensamento’ – 
enfatizou a psicologia herbartiana. 
Essa tendência forjou em “método” que se caracteriza por etapas distintas ensino: 
preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação. 
A pedagogia Nova marcou na história da educação com o denominado 
movimento da Escola Nova. Essa forma de abordagem do ensino valoriza um 
processo de ensino-aprendizagem orientado por “métodos ativos”. Ou seja, 
valoriza a liberdade e o interesse da/o aluno/a, práticas de trabalho em grupos e 
desloca o aluno para o centro do processo educativo (lugar antes ocupado pelo 
professor). 
Dewey (1859-1952) pode ser apontado como um dos expoentes dessa orientação 
pedagógica o postulado dos “cinco passo para o funcionamento do raciocínio 
 
12 Guiraldelli Jr, Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. 
indutivo” (tomada de consciência do problema, análise de elementos e coleta de 
informações, sugestões para a solução do problema, experimentação e recusa ou 
aceitação das soluções). 
A pedagogia nova foi divulgada pelo conjunto de reformas ocorridas nos anos 20. 
Grandes educadores brasileiros como Anísio Teixeira, Francisco Campos, Lourenço 
Filho e Fernando Azevedo, contribuíram para a divulgação dos princípios da 
pedagogia nova. A crítica que se formula a este movimento é sua exagerada 
preocupação com aspectos técnicos que distancia os debates de temas 
importantes como a oferta da educação popular. 
A corrente libertária decorreu das manifestações originárias do crescente 
proletariado urbano formado por imigrantes de várias origens (italianos, 
portugueses, espanhóis). Associam-se a esta corrente pedagógica os ideais 
anarquistas difundidos nesse período. 
No que diz respeito a organização da estrutura de ensino este período foi 
marcado pelas seguintes realizações: 
• Reforma Benjamin Constant (1891) – elaborada com base nos princípio de 
liberdade e laicidade do ensino. 
• Lei orgânica Rivadávia Correia (1911) – estabelece o ensino livre e retira do 
Estado 
• Reforma Carlos Maximiano (1915) 
• Reforma Luiz Alves/Rocha Vaz 
 
A era Vargas e a educação (1930-1945). 
Aranha13 afirma que na década de trinta a educação foi alvo de atenção 
governamental nunca antes observada. Os movimentos dos educadores as 
iniciativas governamentais promoveram grandes mudanças neste cenário. 
1930 – É criado o ministério da instrução e da saúde pública (vide texto 
complementar). 
 
13 Aranha, Maria Helena de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1989. 
1931 e 1932 – Reforma Francisco Campos. 
1932 – É publicado o manifesto dos pioneiros da educação nova. Este documento 
faz crítica ao sistema dual de educação e reivindica educação como dever do 
Estado, leiga, gratuita e obrigatória. 
1934 – É fundada a Universidade de São Paulo 
1935 – É criada a Universidade do Distrito Federal 
1937 – São diplomados no Brasil os primeiros professores licenciados para o 
ensino secundário. 
1942 – 1946 – Leis Orgânicas do ensino – Reforma Capanema. 
 
A reforma Francisco Campos 
A reforma Francisco Campos (1930-1931) foi marcada por um conjunto de 
decretos (19.850, que cria o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos 
Estaduais de Educação; Decreto 19.851, dispõe sobre a organização do ensino 
superior no Brasil e adota o regime universitário; Decreto 19.852, dispõe sobre a 
organização da Universidade do Rio de Janeiro; Decreto 19.890, dispõe sobre a 
organização do ensino secundário; Decreto 20.158, organiza o ensino comercial, 
regulamenta a profissão de contador e dá outras providências; Decreto 21.241, 
consolida as disposições sobre o ensino secundário. 
Pode-se observar que no conjunto das ações realizadas não houve empenho na 
organização da educação primária e no que diz respeito a formação de 
professores. Quanto a organização do currículo, ela se deu de forma 
acentuadamente enciclopédico o que imprimiu às escolas um caráter seletivo e 
elitizante. 
Em 1937, o governo de Getúlio Vargas revela tendência fascista. Após esse 
período observa-se uma preocupação com o controle ideológico e partidário, 
deslocando a tendência renovadora da educação para um plano secundário. 
Outro conjunto de medidas que orientou o sistema educacional no governo de 
Getúlio Vargas foram as Leis Orgânicas do ensino, decretos que orientaram a 
organizou dos sistemas de ensino (O Decreto-lei 4.048, criou o SENAI; Decreto-lei 
4.073, regulamentou o ensino industrial; Decreto-lei 4.244, regulamentou o ensino 
secundário; O Decreto-lei 4.481, dispõe sobre a obrigatoriedade dos 
estabelecimentos industriais empregarem um total de 8% correspondente ao 
número de operários e matriculá-los nas escolas do SENAI; Decreto-lei 4.436, 
amplia o âmbito do SENAI, atingindo também o setor de transportes, das 
comunicações e da pesca; Decreto-lei 4.984, determina que as empresas oficiais 
com mais de cem empregados devem manter, por conta própria, uma escola de 
aprendizagem destinada à formação profissional de seus aprendizes; Decreto-lei 
6.141, de regulamenta o ensino comercial). Nesse período (1934 a 1945) esteve à 
frente do ministério da educação Gustavo Capanema que segundo Schwartzman14 
desenvolveu uma proposta de ensino que visava conformar o cidadão político, 
dedicado a construir e fortalecer a nação, ao passo que, em nossos dias, dá 
preferência à formação do homem econômico, destinado a competir e 
enriquecer, indiferente à solidariedade comunitária.BUSCANDO SABERES 
 
TEXTO COMPLEMENTAR – TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO A NOVA POLÍTICA DO 
BRASIL – Tomo I – Da Aliança liberal às realizações do 1º ano de governo 1930-
1931 – Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro. 1938. P. 227/230. 
 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA 
Questões interdependentes e correlatas por natureza e finalidade, as referentes à 
educação e saúde pública só admitem solução comum. 
O homem valoriza-se, é certo, pela cultura da inteligência, mas não poderá atuar, 
no sentido de eficiência social, se, por efeito de causas congênitas ou adquiridas, 
 
14 Schwartzman, Simon. Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra: FGV, 2000. 
estiver fisicamente incapaz ou encontrar meio hostil. Inapto à vida saudável e sem 
condições de adaptação produtiva. 
Em obediência a esse princípio, geralmente aceito, o Governo Provisório resolver 
unificar todos os serviços que dizem respeito ao desenvolvimento da instrução e 
da assistência sanitária, constituindo com eles o Ministério da Educação e Saúde 
Pública. 
A nomenclatura da organização do novo Ministério foi calcada em moldes 
técnicos, de acordo com as nossas necessidades reais e dentro de rigorosas 
normas de economia. Distribuídos os respectivos serviços por uma secretaria 
geral, nove repartições e quatro departamentos autônomos, o orçamento 
correspondente é de 4.003:727$145, ouro, e de 66.408:231$243, papel, na 
proporção de 3,505 % da despesa geral, na parte ouro, e 4,893 % na parte papel. 
 
Reformas 
A circunstância de se tratar de um novo departamento deu ensejo a uma série de 
reformas que afetaram, não só a estrutura dos serviços administrativos, como 
estabeleceram modernas diretrizes ao ensino superior e secundário e aos 
trabalhos de assistência sanitária. 
Entre essas reformas, devem ser destacadas: a do sistema universitário; 
organização da Universidade do Rio de Janeiro do ensino secundário; criação do 
Conselho nacional de educação; regulamentação do exercício da profissão 
farmacêutica; instituição do ensino religioso; organização do ensino comercial. 
 
Instrução primária e técnico-profissional 
Em matéria de educação nacional, quase tudo está por fazer-se. 
O ponto de partida é o ensino primário, e, para ministrá-lo com real 
aproveitamento, não adotámos ainda uma fórmula satisfatória. 
O Governo Provisório tem em alta conta o problema e procura enfrentá-lo, dando 
unidade ao seu duplo aspecto – ensino primário de letras e técnico-profissional. 
Seria, talvez, conveniente interessar diretamente, na sua solução, o Governo 
Federal o Estado e o Município. Só assim tornar-se-ia possível provê-lo de 
melhores recursos, â míngua dos quais não o temos desenvolvido e aperfeiçoado, 
como se faz necessário. 
Já existe, em estudos, um anteprojeto elaborado pó técnicos, em que se procura 
reformar o ensino profissional nos estabelecimentos a cargo deste Ministério. 
 
Ensino Superior e secundário 
O ensino secundário, que vinha sendo considerado entre nós como um simples 
instrumento de preparação dos candidatos ao ensino superior, despreza a sua 
função de natureza educativa, que consiste, justamente, no desenvolvimento das 
faculdades de apreciação de juízo e de critério, essenciais a todos os ramos da 
atividade humana, e, particularmente, no treino da inteligência em colocar os 
problemas nos seus termos exatos e procurar as suas soluções adequadas, 
requeria urgente reforma, na qual atendesse às suas necessidades mais 
prementes. O Governo Provisório soube desde logo solucionar a questão, dando 
ao ensino secundário a sua função própria – formar o homem para todos os 
grandes setores da atividade nacional, construindo no seu espírito todo um 
sistema de hábito, atitudes e comportamento que o habilitem a viver por si 
mesmo e a tomar, em qualquer situação, as decisões mais convenientes e mais 
seguras, em lugar de constituir um simples curso de passagem e um mero sistema 
de exames, destituído de virtudes educativas e reduzido ás simples linhas 
essenciais de sua estrutura, estreitamente pragmática e utilitária, de instrumento 
de acesso aos cursos superiores. 
Na conformidade das novas disposições, O Departamento nacional de Ensino 
procedeu ás verificações das condições materiais e didáticas de treze institutos de 
ensino superior, situados em diferentes Estados, para os fins da inspeção 
preliminar. 
Quanto ao ensino secundário, coube ao departamento proceder às verificações 
estipuladas no art. 45 do decreto nº. 19.890, de 18 de abril último, em todos os 
estabelecimentos desta Capital e dos estados, que requereram inspeção 
preliminar, de acordo com a reforma do ensino. Essas verificações se realizaram 
em 144 instituições. 
 
 
 
UNIDADE 11 – EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA REPÚBLICA: POPULISMO E 
DITADURA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Identificar e analisar as os efeitos do populismo e da ditadura na educação 
brasileira. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Educação e populismo no Brasil 
Como vimos o governo de Getúlio Vargas, sobretudo o período denominado 
Estado Novo (1937-1945), foi marcado por medidas acentuadamente autoritárias e 
simpatizantes do nazismo. 
Após a deposição de Vargas e com uma atmosfera mundial que refletia os 
resultados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com um cenário de 
progressiva urbanização da sociedade e um crescente proletariado, o cenário 
político começa a refletir essas transformações. 
Partidos vanguardistas e que se apresentavam como posições de “esquerda” à 
ordem instaurada no governo de Getúlio Vargas, iniciam um movimento de 
reconstrução de suas bases. Neste cenário destaca-se a figura de Luís Carlos 
Prestes, líder fundador do Partido Comunista que, em 1945, mobilizou os 
militantes do partido e simpatizantes para a organização de comitês populares 
com a finalidade de fortalecer o processo de redemocratização. 
No cenário econômico a expectativa de uma crescente e acelerada 
industrialização promove um mudanças de rumos. De uma orientação 
essencialmente nacionalista difundida na era Vargas, passou-se para um otimismo 
internacionalizante. Chegam as indústrias multinacionais e os ventos da 
democracia orientam as ações do Estado brasileiro. 
Em 1946 é instalada a Assembleia Constituinte que tem seu trabalho influenciado 
pelo ciclo de movimentos e manifestações populares. No que diz respeito à 
educação a constituição, promulgada em 1946, caracterizou-se por: 
• Polêmica discussão sobre o caráter facultativo do ensino religioso nas 
escolas. 
• Ênfase no debate sobre o Estado ter papel supletivo na oferta de 
educação, destacando a família como primeira responsável. 
• Obrigatoriedade da oferta, pelo Estado, de 04 anos de escolaridade 
mínima. 
• Definir percentuais mínimos de investimento e de responsabilidades para 
as diferentes esferas administrativas do poder público (município, estado e 
Nação). 
Sobre esse texto Constitucional é importante destacar que, com ele, iniciam-se as 
Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o processo de autonomia para 
a oferta da educação pelos estados. 
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 4024/61 tramitará por 
13 anos no Congresso nacional para ser aprovada. Essa lei retoma o princípio 
defendido pelos pioneiros da educação nova e tem seu processo de discussão 
marcado principalmente, pelos seguintes temas: 
* Descentralização do ensino 
* Campanha em defesa da escola pública 
Esse período, marcado pela busca de construir uma identidade nacional, 
oportunizou o surgimento de movimentos de educação popular: Centros 
Populares de Cultura (1962-1964), Movimentos de Cultura Popular (196), 
Movimentos de Educação de Base (1961) 
Aranha15 afirma que para compreender melhor esses movimentos, é importante 
situá-los no contexto da ideologia nacional-desenvolvimentista reinante e no 
anseio de resolvero dramático e sempre desprezado problema da educação 
brasileira: o da educação popular. (1989. p.252) 
Nesse contexto de intensos debates políticos, são sedimentadas as condições para 
crescer nos meios educacionais os princípios da pedagogia libertadora, que 
Ghiraldelli Junior16 define da seguinte forma: 
 
Segundo a pedagogia libertadora, a educação e a escola colaboravam com a 
situação de mutismo do povo. A escola oficial, além de autoritária, estaria a 
serviço de uma estrutura burocratizada e anacrônica incapaz de colocar-se ‘ao 
lado dos oprimidos’. Como os escolanovistas dos anos 30, e principalmente dos 
anos 50, e também de acordo com as teses do nacionalismo-desenvolvimentista 
do ISEB, os principais textos de Paulo freire criticavam a educação verbalista, o 
ensino baseado na memorização, o bacharelismo, e pregava uma ‘educação 
voltada para a vida’, para os problemas circunstanciais (p. 122). 
 
A obra de Paulo Freire expressa, em grande medida, as orientações provenientes 
do movimento da educação libertadora. 
Os debates sobre a popularização da educação e das demais dimensões da 
participação política foram interrompidos com o golpe militar de 1964. Após esse 
episódio o Brasil mergulhou em um cenário de supressão dos direitos políticos e 
cerceamento das manifestações. Essa nova configuração política trará efeitos 
catastróficos para o sistema educacional. 
 
Educação e Ditadura Militar 
 
15 Aranha, Maria Lucia Arruda. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989. 
16 Ghiraldelli Junior, Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. 
Uma ditadura pode ser definida como um regime político no qual ocorre a 
centralização dos poderes (legislativo, executivo e judiciário) na representação de 
um único líder. O período iniciado com o golpe militar de 1964 revela um 
processo recente da história do Brasil no qual foram suprimidos os direitos 
individuais e as lideranças ou movimentos contrários à ordem determinada pelos 
militares. Qualquer manifestação era silenciada por meio da violência. 
A escola e o sistema educacional do nosso país sofreram e, em significativa 
medida, reproduziram esta mentalidade. 
Aranha17 infere que 
No início da década de 60, o Brasil vive uma séria contradição entre a ideologia 
política e o modelo econômico. A ideologia política é o nacionalismo, com seus 
múltiplos aspectos: procura da identidade nacional, anseio de independência 
econômica, populismo. O modelo econômico, no entanto, se internacionaliza 
cada vez mais e se submete ao controle estrangeiro. 
O golpe militar de 1964 opta pelo aproveitamento do capital estrangeiro e liquida 
de vez o nacional-desenvolvimentismo. A ‘recuperação’ econômica que se segue 
desenvolve um modelo concentrador de renda que favorece uma camada restrita 
da população e submete os trabalhadores ao arrocho salarial. Com o êxodo rural, 
as grandes cidades não têm condições de acolher a todos decentemente. Surgem, 
então, sérios problemas decorrentes da situação de empobrecimento, que chega 
a níveis de miserabilidade (p.252). 
 
Neste cenário de extremas dificuldades, o brasileiro é submetido ao violento 
cerceamento dos seus direitos políticos e da sua liberdade de expressão. Ocorre 
uma sucessão de arbitrariedades com prisões, torturas, cassação de direitos 
políticos, exílio e muitas outras formas de impedir manifestações e 
questionamentos da nova ordem política. 
 
17 Aranha, Maria Lucia Arruda. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989. 
São criadas estruturas próprias para a efetivação do controle: Serviço Nacional de 
Informação-SNI, Lei de Segurança nacional. 
Na educação, o efeito mais imediato do recrudescimento do poder estatal sobre 
as instâncias de participação democrática se faz sentir por meio da perseguição 
aos movimentos estudantis. São proibidas as organizações estudantis em âmbito 
nacional (UNE), toa forma de organização articulada e de grande projeção é 
violentamente reprimida. Até nas escolas de nível médio a organização estudantil 
é proibida e vigiada. 
Na organização do currículo o controle estatal é promovido por meio da 
supressão de disciplinas da área das humanidades como História e Geografia. Nos 
lugar dessas disciplinas são criadas outras como EMC - Educação Moral e Cívica e 
OSPB - Organização Social e Política do Brasil, com o claro propósito de inculcar 
conceitos nacionalistas e ideológicos condizentes com a ditadura instaurada. 
Para “organizar” toda estrutura social e educacional em conformidade com os 
anseios ditatoriais, são desenvolvidos aparatos legais: 
AI-5 (Ato Institucional nº. 5) – suprime todas as garantias individuais, públicas ou 
privadas. O presidente da república concentra os poderes do legislativo e 
executivo. 
Decreto nº 477 – proíbe os professores, alunos e funcionários de escolas de 
qualquer forma de manifestação política.. 
Lei 5540/68 – reforma universitária. Unifica o vestibular e cria o curso básico 
(comum a todos os cursos). Institui sistema de créditos (matrícula por disciplinas). 
Divisão em departamentos. Fragmenta as organizações com clara intenção 
despolitizante. 
Lei 5692/71 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Amplia a 
obrigatoriedade da educação para 08 anos. Supressão dos exames de admissão. 
Currículo organizado em duas partes: educação geral e de formação especial. 
Ensino Técnico obrigatório para toda a educação secundária. 
Para tentar solucionar o alto índice de analfabetismo no país, em 1967 é criado o 
MOBRAL (Movimento brasileiro de Alfabetização). 
No período da ditadura militar destacou-se nas orientações pedagógicas o 
chamado tecnicismo. Movimento de orientação Norte-americana, cuja ênfase se 
dava na aplicação dos princípios da administração e gerenciamento das escolas. A 
base dessa orientação vem do Behaviorismo. 
A preocupação com os aspectos técnicos da formação se expressa na assinatura 
dos acordos “MEC-USAID”18, mecanismo pelo qual o Brasil assina convênio com a 
agência de desenvolvimento norte Americana e passa a receber assessoria e 
cooperação financeira para implantação da reforma. 
Os pilares da reforma educacional imposta pelos governos militares se sustentou 
em três orientações predominantes: educação e desenvolvimento (formação de 
profissionais), educação e segurança (formação do cidadão – civismo e ideologia) 
e educação e comunidade (conselhos e parcerias com empresas). 
 
BUSCANDO SABERES 
 
Para ajudar na compreensão do que significou para a educação brasileira os 
acordos MEC/USAID leia o artigo de Fabiana Pina “Acordo MEC-USAID: ações e 
reações (1966-1968)”, disponível no sítio eletrônico 
 
18 Nome de um acordo que incluiu uma série de convênios realizados a partir de 1964, durante o 
regime militar brasileiro, entre o Ministério da Educação (MEC) e a United States Agency for 
International Development (USAID). Os convênios, conhecidos como acordos MEC/USAID, tinham o 
objetivo de implantar o modelo norte americano nas universidades brasileiras através de uma 
profunda reforma universitária. Segundo estudiosos, pelo acordo MEC/USAID, o ensino superior 
exerceria um papel estratégico porque caberia a ele forjar o novo quadro técnico que desse conta do 
novo projeto econômico brasileiro, alinhado com a política norte-americana. Além disso, visava a 
contratação de assessores americanos para auxiliar nas reformas da educação pública, em todos os 
níveis de ensino. 
A discordância com os acordos MEC/USAID se tornaria na época a principal reivindicação do 
movimento estudantil, cujas organizações foram em seguida colocadas na clandestinidade. 
http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XIX/PDF/Autores%20e%20Artig
os/Fabiana%20Pina.pdf 
 
 
 
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