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Caso J.S. 75 anos Aposentada Anamnese Queixa principal Sonolência excessiva, emagrecimento, sobrecarga do cuidador. Histórico do problema atual Srª J.S. de 75 anos recebe visita domiciliar da equipe de saúde da família, após solicitação do esposo, responsável pelos cuidados. Ao ser questionado sobre a história de saúde da esposa relata que há três meses ela apresentava humor deprimido, ficava o dia todo no sofá, recusava-se a comer e emagreceu aproximadamente cinco quilos. Há dois meses começou o uso de Fluoxetina. A partir de então a esposa apresentou-se agitada e com dificuldade para dormir. Há 15 dias, ao conversar com uma vizinha sobre os problemas da esposa, ela lhe cedeu uma cartela de Diazepam para auxiliar no sono. Agora a queixa é a de que a idosa dorme a maior parte do tempo, apresenta-se apática e com fala arrastada. O cuidador mostra-se solícito, porém cansado e triste com o estado da esposa. Pergunta à equipe de saúde o que deve fazer nessa situação. Histórico História social Usuária reside em casa de alvenaria com quatro cômodos (sala, cozinha, banheiro e quarto), todos em boas condições de higiene, posição solar inadequada, mas bem ventilada. A casa apresenta pátio pequeno, com chão de terra batida com árvores frutíferas no entorno. Não possui animais de estimação, mora somente com o esposo, também idoso, que manifesta preocupação com sua saúde. Têm 5 filhos, a mais velha prepara diariamente o almoço para os pais, no entanto, não pode ficar para servir à mãe, pois precisa retornar ao trabalho. Medicações em uso Maleato de enalapril 10mg - 2x ao dia (manhã e noite); Hidroclorotiazida 25mg - 1x ao dia (manhã) Fluoxetina 20 mg - 1x ao dia (manhã) Diazepan 10 mg - 1x ao dia (noite) Antecedentes pessoais Hipertensa há 35 anos, em acompanhamento na UBS do seu bairro, nega uso de álcool e tabaco, teve cinco filhos, todos nascidos de parto via vaginal. Colecistectomia há 20 anos. Antecedentes familiares Pai hipertenso, com câncer de pulmão, óbito em decorrência de complicações do câncer aos 45 anos. Mãe cardiopata, óbito por Infarto Agudo do Miocárdio aos 60 anos. Exame Físico Idosa sonolenta, porém orientada. Mucosas coradas e hidratadas. Linfonodos cervicais não palpáveis. Ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares presentes sem ruídos adventícios. Eupneica. Ausculta cardíaca: bulhas normofonéticas em 2t. Pulso cheio e regular. Abdome escavado, indolor à palpação, ruídos hidroaéreos diminuídos. Não evacua há 2 dias, urina concentrada em fralda. Alimentação pastosa por via oral em pequena quantidade. Membros inferiores e superiores sem alterações. PA: 125/80 mmHg FR: 22 mrpm FC: 80 bpm Temperatura: 36,5ºC Peso: 54 kg Estatura: 1,60 m Índice de Massa Corpórea: 21,1 kg/ m² Glicemia capilar: 100 mg/dL Questão 1 Escolha múltipla Tendo como base o cuidado integral à idosa e sua família pode-se considerar como possíveis problemas a serem investigados: Baixo peso Diabetes Mellitus Demência Iatrogenia medicamentosa Sobrecarga do cuidador 100 / 100 acerto É considerada diabetes quando a glicemia de jejum encontra-se maior de 126 mg/dL ou glicemia maior de 200 mg/dL, realizada a qualquer hora do dia, independente dos horários das refeições. Entre os principais sinais e sintomas de demência estão: falha de memória, desorientação e comportamento inadequado, nenhum é apresentado pela idosa. Saiba mais Farmacocinética e farmacodinâmica em idosos Na elaboração do projeto terapêutico é preciso considerar as mudanças fisiológicas do organismo decorrentes do processo de envelhecimento, pois estas podem levar a uma farmacocinética diferenciada e maior sensibilidade. Para os idosos a concentração sérica terapêutica é muito próxima à concentração tóxica, com o envelhecimento, a distribuição e metabolização dos fármacos são afetadas. A distribuição das drogas sofre modificações, as lipossolúveis como o Diazepam apresentam maior volume de distribuição no idoso, pois a proporção de tecido adiposo nesses indivíduos é maior (BEERS et al., 1991 apud NÓBREGA; KARNIKOWSKI, 2005, p. 310). “Duas outras condições que frequentemente se apresentam no idoso podem contribuir para uma distribuição irregular dos medicamentos: 1) concentração plasmática de albumina tende a ser menor, reduzindo a ligação das drogas a essa proteína, resultando em maior fração livre da droga no plasma e maior volume de distribuição; 2) a eliminação renal pode estar prejudicada, prolongando a meia-vida plasmática dos fármacos e aumentando a probabilidade de causar efeitos tóxicos“ (BEYTH; SHORR, 2002; THORN BURG, 1997; BEERS et al., 1991 apud NÓBREGA; KARNIKOWSKI, 2005, p. 310). Os critérios de Beers-Fick (GORZONI; FABBRI; PIRES, 2008) determinam a prevalência de fármacos potencialmente inapropriados para idosos e estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 - Medicamentos não recomendados em idosos, independentemente do diagnóstico ou da condição clínica, devido ao alto risco de efeitos colaterais e com opções a prescrição de outros fármacos mais seguros pelos critérios de Beers-Fick e comercializados no Brasil. • Benzodiazepínicos o Lorazepam > 3,0 mg/dia o Alprazolam >2,0 mgfldia o Clordiazepóxido o Diazepam o Clorazepato o Flurazepam • Amitriptilina • Fluoxetina (diariamente) • Barbitúricos (exceto fenobarbital) • Tioridazina • Mepetidina • Anoréxicos • Anfetaminas • Anti-histaminicos o Clorfeniramina o Difenidramina o Hidroxizina o Ciproeptadina o Tripelenamina o Dexclorfeniramina o Prometazina • Clorpropamida • Estrogênios não associados (via oral) • Extrato de Tireóide • Metiltestosterona • Nitrofurantoina • Sulfato ferroso • Cimetidina • Amiodarona • Digoxina > 0,125 mg/dia (exceto em arritmias atriais) • Dizopiramida • Metildopa • Clonidina • Nifedipina • Doxazosina • Dipiridamol • Ticlopidina • Antiinflamatórios não hormonais o Indomelacina o Naproxeno o Piroxicam • Miorrelaxantes e antiespasmódicos o Carisoprodol o Clorzoxazona o Ciclobenzaprina o Orfenadrina o Oxibutinina o Hiosciamina o Propantelina o Alcalóides da Belladonna • Cetorolaco • Ergot e ciclandelata • Laxantes o Bisacodil o Cáscara Sagrada o Oleo mineral Fonte: GORZONI; FABBRI; PIRES, 2008. Em idosos, a Fluoxetina aumenta a concentração de Diazepam plasmático causando sedação e elevando o risco para quedas e fraturas, por esse motivo, essa interação medicamentosa é potencialmente danosa para as pessoas acima de 65 anos. Questão 2 Escolha múltipla Quais ações/orientações que a equipe deve considerar com relação à medicação da idosa? Suspender a Fluoxetina Separar adequadamente as medicações de acordo com os turnos Atentar para as datas de validade das medicações Manter a medicação, orientando que os efeitos são passageiros Orientar a não utilização de medicação sem prescrição médica Solicitar consulta médica e adequação da receita Orientar o cuidador a administrar as medicações com a idosa acordada e sentada Suspender Diazepam e observar se há regressão dos sintomas 100 / 100 acerto No caso apresentado, o Diazepam poderá ser suspenso pelo enfermeiro, pois não está na prescrição médica e também porque está sendo utilizado há apenas 15 dias. Entretanto, a Fluoxetina necessita de avaliação médica, devido o tempo de tratamento e o risco de induzir a síndrome de retirada do inibidor seletivo da recaptação da serotonina. Cabe ao enfermeiro reforçar a informação do risco de utilizar medicações sem prescrição médica, bem como as orientações relacionadas à prescrição médica, administração de medicação por via oral no domicílio, validade e armazenamento dos medicamentos. Saiba mais Iatrogenia Iatrogenia significa qualquer alteração patogênica provocada pela prática médica. Em idosos, é fundamentalevitá-la devido à vulnerabilidade mais acentuada às reações adversas associadas às drogas, às intervenções medicamentosas, decorrentes da senescência, do risco de polipatogenia e de polifarmácia, além de incapacidades. O Quadro 1 apresenta alguns efeitos adversos às drogas mais comuns em idosos (MORAES; MARINO; SANTOS, 2010). Quadro 1 - Principais efeitos colaterais das drogas nos idosos Confusão Mental Anticolinérgicos: antipsicóticos (tiaridazina > haloperidol) Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina > imipramina > nortriptilina), antiparkinsonianos Bloqueadores H2 (cimetidina, ranitidina), corticosteróides, digitálicos, fenitoina, benzodiazepinicos, analgésicos narcóticos Quedas Psicotrópicos (sedação): benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, anticolinérgicos. Antihipertensivos (hipotensão hostostática): metildopa > nifedipina > diuréticos > β- bloqueadores Constipação Intestinal Anticolinérgicos: antipsicóticos (tiaridazina > haloperidol) Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina > imipramina > nortriptilina), antiparsonianos Bloqueadores H2 (cimetidina, ranitidina), corticosteróides, digitálicos, fenitoina, benzodiazepinicos, analgésicos narcóticos Hipotensão Ortoestática Anticolinérgicos, antiadrenérgicos (antidepressivos triciclicos: amitriptilina > imipramina > nortriptilina, antidepressivos, anti- histamínicos, álcool Incontinência Urinária Anticolinérgicos, analgésicos narcóticos, agonistas α- adrenérgicos, bloqueadores do canal de cálcio, (antidepressivos triciclicos: amitriptilina > imipramina > nortriptilina, antidepressivos, anti-histamínicos, álcool Parkinsonismo Antagonistas dopaminérgicos (cinarizina, funarizina), antipsicóticos (haloperidol > tioridazina > risperidona > olanzapina > quetiapina > copazina) metoclopramida, fluoxetina Xerostomia Anticolinérgicos, antidepressivos triciclicos, anti-histamínicos, anti-hipertensivos, antiparkinsonianos, ansiolíticos, diuréticos Tinnitus Aminoglicosídeos, salicilatos, AINEs, diuréticos de alça Anorexia Digoxina, teofilina, hidroclorotiazida, AINEs, triantereno, inibidores da enzima conversora Má-absorção de Vitamina B 12 Metformina, cimetidina, ranitidina, omeprazol, colchicina Má-absorção de Ácido Fólico Metrotexato, difenilhiantoina, primodona, carbamazepina, fenobarbital, isoniazida, trimetropin, contraceptivos orais, sulfasalazina, triantereno, álcool, metformina, colestiramina Má-absorção de Vitaminas Lipossolúveis Óleo Mineral Insônia Teofilina, descongestionantes nasais, inibidores de recaptação de serotonina (fluoxetina), IMAO, β-agonistas Fonte: MORAES; MARINO; SANTOS, 2010. Iatrogenia medicamentosa realizada pelo cuidador no domicílio No atendimento domiciliar, uma situação especial é a iatrogenia medicamentosa cometida pela cuidador. Segundo o Ministério da Saúde. Em toda internação, inclusive a domiciliar, existe o risco da falha humana. Um erro frequente é a administração inadequada em dose, horário, via ou espécie de medicações. Dependendo do tamanho do erro, as consequências podem ser graves. Portanto, a equipe deve estar preparada para orientar as famílias quanto a conduta a ser tomada em situações de erros na administração de medicamentos, com possibilidade de intoxicação medicamentosa (BRASIL, 2013b, p. 162) Dessa forma, os seguintes questionamentos devem ser realizados: - Qual a medicação dada por engano? Por qual via? - Em que dose? - Há quanto tempo? - Já era usuário prévio? - Como o paciente está nesse momento? - Foi feita tentativa de retirada da droga (indução de vômito)? - Tomou, ou foi administrada outra medicação ou alimento concomitante? (BRASIL, 2013b, p. 162) Essas perguntas são importantes e conduzem a decisão a ser tomada, em todo Brasil há centros de informação toxicológica que funcionam 24 horas por dia. Agitação ou alucinações, bradicardia ou taquicardia, hipotensão ou hipertensão, convulsões, cianose e/ou dificuldade respiratória, tremores ou fasciculações musculares, torpor ou coma, alterações oculares, hipo ou hipertermia, queimaduras de pele e/ou mucosas, enrijecimento articular e dificuldade de fala e vômitos são alguns sinais de alerta indicadores da necessidade de encaminhamento para a urgência. Questão 3 Escolha múltipla Quais orientações e medidas a equipe pode fornecer com o intuito de aumentar a ingesta hídrica e alimentar da idosa? Registrar a ingesta alimentar e hídrica Manter o saleiro na mesa e permitir que a idosa tempere sua própria refeição Fracionar as refeições Fazer as refeições isoladamente Fazer ao menos três refeições ao dia Estimular o entrosamento social durante as refeições 100 / 100 acerto A idosa tem diagnóstico médico de Hipertensão Arterial Sistêmica, portanto, necessita de dieta balanceada e pobre em sódio, dessa forma, não é indicado que o saleiro permaneça na mesa. As refeições são atos sociais, manter a idosa isolada durante as mesmas pode desencadear ou agravar quadros depressivos e consequentemente diminuição da ingesta hídrica e alimentar. Saiba mais Desnutrição na pessoa idosa Embora seja um processo natural, o envelhecimento coloca o organismo a diversas alterações anatômicas e funcionais, que repercutem nas condições de saúde e nutrição do idoso. Muitas dessas mudanças são progressivas, ocasionando efetivas reduções na capacidade funcional, desde a sensibilidade para os gostos primários até os processos metabólicos do organismo (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000, p. 158). É fundamental que as alterações próprias do envelhecimento sejam diferenciadas o mais precocemente possível dos sinais clínicos de desnutrição (Quadro 2). Quadro 2 - Efeitos do envelhecimento em alguns dos sistemas envolvidos diretamente com o sistema nutricional Aparelho ou Sistema Fisiológico Efeitos do Envelhecimento Orofaríngeo Dentição deficiente Xerostomia Alteração da persepção de gosto Diminuição da discriminação olfativa Gastrintestinal Esôfago: diminuição da mobilidade Estômago: atraso no esvaziamento Cólon / reto: constipação e incontinência Endócrino Alteração dos níveis / ação dos hormônios circulantes Nervoso Diminuição da percepção sensorial Diminuição da resposta do músculo a estímulos Diminuição da cognição e memória Perda de células cerebrais Fonte: SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 47. A reabilitação nutricional é importante, pois pode prevenir complicações físicas (baixa capacidade funcional, baixa imunidade, morbimortalidade, vários problemas metabólicos) e psicossociais (autocuidado comprometido, ansiedade, estresse do cuidador, depressão). Na população idosa, conservar o peso adequado caracteriza uma das medidas básicas na prevenção de fraturas e na manutenção da independência e da qualidade de vida. Os valores do IMC (Índice de Massa Corpórea) aumentam com o passar da idade, uma vez que a adiposidade aumenta, mesmo com o peso estável. Consequentemente, para os idosos, sugerem-se diretrizes de idade específica para o IMC, que compreende o intervalo entre 22 e 27 kg/m2. Outra preocupação dos profissionais de saúde é com relação à desidratação na pessoa idosa, pois ao longo da vida o organismo vai paulatinamente diminuindo a porcentagem de água. Portanto, é preciso acurácia para identificar os sinais e sintomas de desidratação. Nesse sentido, o Ministério da Saúde elaborou o documento Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de saúde (BRASIL, 2009) com o objetivo de oferecer subsídios aos profissionais de saúde, apresentando medidas práticas para o preparo e http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_saude.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_saude.pdf consumo dos alimentos, que podem contribuir parapromover mais prazer, conforto e segurança durante as refeições diárias da pessoa idosa. Desidratação na pessoa idosa Grande parte do nosso peso corporal, aproximadamente 60%, é constituída por água, durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações fisiológicas, tais como a diminuição no mecanismo de resposta de sede, perda de massa muscular e diminuição da função renal (ARAÚJO, 2013). Neste sentido, o equilíbrio hídrico na população idosa fica comprometido, aumentando o risco de desidratação. Os sinais e sintomas da desidratação (quadro 3) podem ser cruciais para a sua rápida identificação e consequente tratamento. Quadro 3 - Principais sinais para a avaliação do grau de desidratação Hidratado Desidratado Desidratação grave Aspecto Alerta Irritado, com sede Deprimido, comatoso Olhos Brilhantes com lágrimas Encovados Muito encovados, sem lágrimas Mucosas Úmidas Secas Muito secas Bregma Normotensa Deprimida Muito deprimida Turgor Normal Pastoso Muito pastoso Pulso Cheio Palpável Débil ou ausente Perfusão Normal Normal Alterada Circulação (PA) Normal Normal Diminuída / taquicárdica Diurese Normal Pouco diminuída Oligúria/anúria Redução de peso 0% <= 10% > 10% Fonte: RICCETTO; ZAMBOM, 2005 apud BRASIL, 2013a, p. 57. Questão 4 Escolha múltipla A equipe precisa também estar atenta ao cuidador. Quais as orientações podem ser realizadas ao marido da Sra. J.S. para o alívio do estresse? Praticar atividade física de acordo com a sua preferência e capacidade Buscar envolver outros membros da família no cuidado da esposa Aproveitar para sair de casa quando a idosa estiver dormindo Dedicar alguns minutos do dia na realização de atividades que lhe proporcionem prazer 100 / 100 acerto Não raramente, o cuidador principal da pessoa idosa também é idoso. Assim, é preciso um olhar atento da equipe para que as atividades de cuidado desempenhadas não o sobrecarregue e traga-lhe malefícios à saúde, visto que os idosos são mais vulneráveis. Alguns fatores são associados como desencadeadores e/ou potencializadores do estresse no cuidador: desconhecimento das atividades de cuidado, mudanças grandes na rotina anterior, abandono das atividades e quando há um único cuidador a equipe deve estar atenta e propor alternativas. Saiba mais Cuidado com o cuidador A designação do cuidador é informal e resulta de uma dinâmica, embora possa parecer que esse processo atende certas regras fundamentadas em quatro fatores: parentesco (em sua maioria os cônjuges); gênero (predominantemente a mulher); proximidade física (quem convive com o idoso) e proximidade afetiva (estabelecida pela relação conjugal e pela relação entre pais e filhos) (DIOGO; CEOLIM; CINTRA, 2004). A presença de incapacidade funcional para as atividades instrumentais da vida diária também se mostra como um fator que predispõem a pessoa ao cuidado domiciliar (DUCA; THUMÉ; HALLAL, 2011). A equipe precisa estar atenta a saúde emocional e física do cuidador. Para avaliação do nível de sobrecarga do cuidador, a escala mais utilizada no contexto brasileiro é a Zarit Burden Interview . No Guia Prático do Cuidador (BRASIL, 2009) há uma série de orientações, que podem ser recomendadas, dentre elas, os exercícios de alongamento: Exercícios para a coluna cervical (Pescoço): • Flexione a cabeça até encostar o queixo no peito, depois estenda a cabeça para trás como se estivesse olhando o céu. • Gire a cabeça para um lado e depois para o outro. • Incline a cabeça lateralmente, para um lado e para o outro, como se fosse tocar a orelha no ombro. Exercícios para os ombros (Figura 1): enchendo os pulmões de ar, levante os ombros para próximo das orelhas, solte o ar deixando os ombros caírem rapidamente, depois fazendo movimentos circulares, gire os ombros para frente e para trás. Exercícios para os braços (Figura 2): gire os braços esticados para frente e para trás, fazendo círculos. Exercícios para o tronco (Figura 3): em pé, apoie uma das mãos no encosto de uma cadeira ou na própria cintura, levante o outro braço passando por cima da cabeça, incline lateralmente o corpo. Repita o mesmo movimento com o outro lado. Figura 1: exercícios para os ombros. Fonte: BRASIL, 2009, p.12. Figura 2: exercícios para os braços. Fonte: BRASIL, 2009, p. 13. Figura 2: exercícios para o tronco. Fonte: BRASIL, 2009, p. 13. Exercícios para as pernas (Figura 4): deitado de barriga para cima, apoie os pés na cama com os joelhos dobrados. Mantendo uma das pernas nessa posição, segure com as mãos a outra perna e traga o joelho para próximo do peito. Fique nesta posição por alguns segundos e volte para a posição inicial. Faça o mesmo exercício com a outra perna. Figura 4: exercícios para as pernas. Fonte: BRASIL, 2009, p. 13. Questão 5 Escolha múltipla Como a equipe poderá auxiliar o cuidador a ampliar a rede de cuidados da SrªJ.S.? Denunciar ao conselho do idoso. Construir o genograma e ecomapa. Solicitar a presença de outros familiares na próxima VD Solicitar avaliação da assistência social 100 / 100 acerto Quando uma única pessoa é o responsável por todos os cuidados a chance de sobrecarga e consequências danosas aumentam. É preciso compreender a composição e intensidade dos laços familiares, através do Genograma e o Ecomapa, e tentar envolver outras pessoas no cuidado. Alguns municípios também oferecem atendimento da assistência social através do apoio matricial. Saiba mais GENOGRAMA E ECOMAPA Com a intenção de manter certa independência, tanto para quem cuida, quanto para quem é cuidado, é importante que o cuidador, a família e a pessoa a ser cuidada façam acordos. Para tanto, deve-se saber e negociar as atividades a pessoa cuidada pode fazer e decisões que pode tomar sem prejudicar os cuidados. Neste sentido, os profissionais de saúde precisam compreender a formação e a funcionalidade familiar, para poder intervir e ajudar (BRASIL, 2009). Os diagramas Genograma e Ecomapa , facilitam esta interação e servem de instrumento para visualização das possibilidades de apoio familiar e das estruturas sociais do meio em que habitam. APOIO SOCIAL E APROXIMAÇÃO DA FAMILIA A qualidade de vida no idoso está relacionada à capacidade funcional, ao estado emocional, à interação social, à atividade intelectual e à autoproteção de saúde. Além disso, uma relação direta entre relacionamentos sociais, qualidade de vida e capacidade funcional e uma relação inversa desses fatores com a depressão têm sido apontadas por diversos autores. Esses dados sustentam a importância dos relacionamentos sociais para o bem-estar físico e mental na velhice e, consequentemente, para uma vida com qualidade. A pobreza de relações sociais como fator de risco à saúde tem sido considerada tão danosa quanto o fumo, a pressão arterial elevada, a obesidade e a ausência de atividade física (ANDRADE; VAITSMAN, 2002). Redes de suporte social são conjuntos hierarquizados de pessoas que mantêm entre si laços típicos das relações de dar e receber. Na velhice, as relações sociais são fundamentais para a manutenção dos sentimentos de bem-estar subjetivo e das habilidades sociais. Essas relações formam redes de suporte que são construídas e desfeitas ao longo da existência humana. As redes sociais na velhice asseguram ao idoso os sentimentos de ser e pertencer, reduzem o isolamento e são importantes para a manutenção da saúde, uma vez que os laços sociais estimulam e reforçam o senso do significado da vida, ou seja, um por que para viver. É importante frisar que não somente aspectos negativos são associados ao cuidado domiciliar, sentimentos de retribuição e satisfação também são reportados pelos cuidadores. A ajuda dada ou recebida aumenta o sentido de controle pessoal e contribui parao bem-estar psicológico. Dessa maneira, é essencial analisar o suporte social segundo a visão do indivíduo para que seja possível a identificação da composição, da função e da qualidade de cada rede. Para tanto, o Mapa Mínimo de Relações (MMRI - Figura 5) identifica os relacionamentos significativos para o indivíduo, delimitando sua rede de suporte social. O MMRI (Figura 5) inclui quatro categorias: Família, Amigos, Relações comunitárias e Relações com serviços social e de saúde no qual se podem representar a densidade ou tamanho das relações e o nível de proximidade de cada relação em mais íntima, intermediária e mais distante. A aplicação do instrumento ocorreu perguntando aos portadores de DP: - Quem são as pessoas de relação ou de convivência e de cuidados, e qual o tipo de proximidade? Assinalava-se as respostas no mapa segundo as categorias e as linhas de proximidade. Os dados foram organizados em quadros considerando a distribuição da densidade das relações e os níveis de proximidade das relações obtidos em dois momentos: pré e pós-testagem da tecnologia. (SENA et al., 2010). Figura 5: Mapa-Mínimo de Relações – MMRI Fonte: Adaptado de Sluski por Domingues, 2000. Objetivos do Caso Revisar as ações realizadas pelo cuidador no domicílio em situações de iatrogenia medicamentosa. Reconhecer sinais e sintomas de desnutrição e desidratação na pessoa idosa. Discutir sobrecarga do cuidador e o apoio social ao mesmo. Referências 1. ANDRADE, G. R. B.; VAITSMAN, J. Apoio social e redes: conectando solidariedade e saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 925 – 934, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v7n4/14615.pdf> . Cópia local Acesso em : 2014. 2. ARAÚJO, M. L. A. A desidratação no idoso. 2013. 43 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013. Disponível em: <http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4177/1/Tese%20- %20A%20desidrata%C...> . Cópia local Acesso em : 2014. 3. BEERS, M. H. et al. Explicit Criteria for Determining Inappropriate Medication use in Nursing Homes, Arch Intern Med, v. 151, p.1825-1832, 1991. Acesso em : 2014. 4. BEYTH, Rebeca; SHORR, Ronald. Uso de medicamentos. In: DUTHIE, Edmund; KATZ, Paul. Geriatria prática. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. p. 37- 46. Acesso em : 2014. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013a. p. 57. (Cadernos de Atenção Básica, n. 28, Volume II). Disponível em: 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 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