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Jeremias Silvio Dutra DEZ/2015 2 Sumário Jeremias 1 4 Jeremias 2 18 Jeremias 3 31 Jeremias 4 38 Jeremias 5 45 Jeremias 6 52 Jeremias 7 59 Jeremias 8 65 Jeremias 9 72 Jeremias 10 80 Jeremias 11 86 Jeremias 12 91 Jeremias 13 95 Jeremias 14 101 Jeremias 15 110 Jeremias 16 118 Jeremias 17 122 Jeremias 18 128 Jeremias 19 133 Jeremias 20 137 Jeremias 21 143 Jeremias 22 147 Jeremias 23 152 Jeremias 24 160 Jeremias 25 164 3 Jeremias 26 171 Jeremias 27 176 Jeremias 28 180 Jeremias 29 184 Jeremias 30 190 Jeremias 31 195 Jeremias 32 211 Jeremias 33 221 Jeremias 34 227 Jeremias 35 231 Jeremias 36 235 Jeremias 37 241 Jeremias 38 244 Jeremias 39 251 Jeremias 40 255 Jeremias 41 258 Jeremias 42 261 Jeremias 43 264 Jeremias 44 267 Jeremias 45 273 Jeremias 46 275 Jeremias 47 279 Jeremias 48 289 Jeremias 49 290 Jeremias 50 297 Jeremias 51 304 Jeremias 52 316 4 Jeremias 1 A Boca de Deus nos Profetas O pai de Jeremias era sacerdote, e como este era um cargo vitalício passado de pai para filho, na descendência de Arão, então Jeremias também estava sendo preparado para o sacerdócio quando lhe veio a palavra do Senhor, dando-lhe como profeta às nações. O próprio nome Jeremias era um nome profético, porque significa “chamado pelo Senhor” ou “a quem o Senhor designou”, ou ainda “levantado pelo Senhor”, tal como foi profetizado acerca de Jesus como o Profeta que seria levantado do meio de Israel (Dt 18.15,18). Ninguém se faz profeta, pastor, evangelista, missionário, a não ser por um chamado, por uma designação, por um levantamento realizados pelo Senhor. E o profeta, pastor, evangelista ou missionário receberá também mensagens da parte do Senhor para que sejam pregadas e ensinadas às pessoas às quais forem enviados por Ele. Tal como sucedeu com Jeremias, como se afirma no verso 9: “Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.” Estas palavras que foram colocadas na boca de Jeremias, seriam as revelações que lhes seriam dadas da parte de 5 Deus, especialmente os juízos contra o pecado de Judá e das nações. O motivo desta chamada e desta ação divina em relação a Jeremias, foi também declarado pelo Senhor ao profeta, quando lhe disse que velava sobre a Sua Palavra para a cumprir. O Senhor havia afirmado na Lei de Moisés que traria juízos sobre Israel e sobre as nações, no período da dispensação da Antiga Aliança, caso andassem desviados dos Seus caminhos, e agora, tal como a vara de amendoeira era uma planta temporã, que florescia sem falta, antes das demais árvores, o juízo do Senhor também estava amadurecido e seria cumprido tal como Ele havia prometido. E este juízo contra Judá viria como um vapor fervente que sai de uma panela e que vinha desde a direção do Norte, porque seria de lá, de Babilônia, que viria a ruína de Judá, porque seriam levados para o cativeiro pelos babilônios e teriam suas cidades e o templo destruídos por eles. Jeremias conhecia a Palavra do Senhor, porque vivia numa cidade de sacerdotes (Anatote), e bem conhecia as ameaças de juízos da Lei contra a infidelidade de Israel, mas não contava que fosse exatamente ele um dos instrumentos chamados pelo Senhor para protestar diretamente contra as nações o cumprimento de todas aquelas ameaças previstas na Lei, e se sentiu pequeno demais para a grandeza e importância da tarefa que teria que realizar. 6 Jeremias começou o seu ministério no décimo segundo ano do reinado de Josias, o qual começou a reinar cerca de 638 a. C., quando era ainda menino, com apenas oito anos de idade, tendo reinado durante 31 anos. Então, Jeremias começou seu ministério por volta de 626 a. C., ou seja, treze anos após Josias ter começado a reinar. Como seu ministério se estendeu até Judá ter sido levado para o cativeiro em 586 a. C. e se prolongando ainda por um pequeno tempo depois disto, então temos um tempo superior a 40 anos para a sua duração total. Foi somente no décimo oitavo ano do seu reinado que o rei Josias começou a empreender suas reformas religiosas em Judá, depois de ter sido achado o original do livro da Lei no templo (II Reis 22.3, 10). Nesta ocasião, Jeremias se encontrava no sexto ano do seu ministério, mas ainda não tinha sido feito notório ao rei, porque em vez de mandar consultá-lo acerca das ameaças contidas no livro da Lei, o rei mandou que fosse consultada a profetiza Hulda (II Reis 22.13,14). Nesta altura do nosso comentário nós lembramos das palavras proferidas pelo profeta Samuel ao rei Saul, quando este desobedecendo à ordem do Senhor poupou o rei Agague dos amalequitas, e os animais do seu rebanho sob o pretexto de que pretendia oferecê-los como sacrifício a Deus: “Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua Palavra?” (I Sm 15.22 a). 7 Realmente este é o único modo de se servir e agradar ao Senhor, a saber, honrar e cumprir a Sua Palavra. E foi isto que o rei Josias se dispôs a fazer quando o livro da lei foi achado no templo pelo sacerdote Hilquias. Por que havia tantos altares espalhados em todas as nações, como também em Israel e Judá? Por que eram oferecidos tantos sacrifícios e tanto incenso era queimado nestes altares? Não era porque eles queriam alcançar o favor dos seus deuses? Sim, não há dúvida. Eram dias de muitas guerras, muitas enfermidades e poucos recursos médicos, e não eram raras as mortes por simples infecções. Então tudo isto chamava a necessidade da proteção de um ser superior, de uma divindade à qual se pudesse recorrer, não somente na hora da necessidade, mas em todo o tempo para se prevenir do mal. Mas por que os israelitas faziam isto sabendo que o Senhor o havia proibido expressamente na Lei de Moisés e mostrava o Seu desagrado pelas palavras dos profetas e de todos os juízos que trazia sobre eles? Simplesmente porque lhes era mais cômodo seguir os costumes das nações pagãs e continuarem fazendo a própria vontade pecaminosa e supersticiosa deles do que se submeterem aos mandamentos e à vontade do Senhor. Este é basicamente o problema com a maioria da humanidade até os dias de hoje, porque não consegue entender que não é possível ter as bênçãos de Deus e 8 agradar-Lhe quando não se vive para obedecer a Sua Palavra, tal como o profeta Samuel havia dito ao rei Saul. Nós podemos assim entender porque não há qualquer eficácia diante do Senhor no simples fato de alguém entrar num templo e se submeter aos ritos religiosos que ali se praticam, quando não se tem este caminhar na Sua presença, por um desejo de se cumprir os Seus mandamentos, sabendo que não é o mero rito religioso que lhe agrada, senão a verdadeira obediência da Sua Palavra. E isto não mudou na dispensação da graça, porque tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, se aprende sobre a vontade imutável de um Deus imutável quanto à obediência que é devida à Sua Palavra. “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.” (Mt 7.24). “E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.”Mt 15.6). “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.” (Mc 13.31). “Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.” (Lc 8.21). “Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lc 11.28). “Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;” (Jo 8.31). 9 “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.” (Jo 8.47). “Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quemo julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo 12.48). “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.” (Jo 14.23). “Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15.7). “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (Jo 17.17). “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tg 1.22). “mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21). Quando lemos todos estes textos bíblicos sacados do Novo Testamento sobre a necessidade de se guardar a Palavra de Deus, é que nós podemos entender melhor de que espírito estava imbuído o rei Josias. Ele queria agradar ao Senhor completamente, e percebeu que havia somente um modo de fazê-lo: por uma estrita obediência aos Seus mandamentos. 10 Por um desejo intenso de guardá-los em todas as suas minúcias, sabendo que eles expressam a vontade do Deus Altíssimo para todos os Seus filhos. Não faz justiça à piedade de Josias pensar que ele se dispôs a guardar a Palavra de Deus somente porque temeu os juízos que estavam proferidos na Lei de Moisés sobre o pecado que Deus traria sobre os judeus, por terem transgredido os Seus mandamentos, e em razão das ameaças dos castigos previstos na Lei. Obviamente que tais juízos encheram de temor o Seu coração mas foi por um genuíno amor à vontade do Senhor revelada na Sua Palavra que ele se dispôs completamente a praticá-la. Por que então teria o Senhor determinado o cativeiro de Judá, mesmo nos dias em que Josias empreendia suas reformas religiosas, e de estar se agradando tanto da vida deste rei piedoso? Nós achamos a resposta para esta pergunta em II Reis 23, no qual podemos ver quantas abominações havia em Judá quando o rei Josias começou a destruí-las; e ao mesmo tempo, o quanto os judeus estavam negligenciando as ordenanças da Lei de Moisés, como por exemplo o terem deixado de celebrar a páscoa; da qual se diz no verso 22, que não vinha sendo celebrada desde os dias dos Juízes. O fato de Deus ter suportado por tanto tempo as transgressões da sua Lei pelos israelitas, a par dos juízos que trouxe sobre eles por causa destas transgressões, demonstra quão grandes são realmente a Sua misericórdia e longanimidade, pois não estamos falando 11 de dias, mas de séculos, porque desde Moisés até Josias, nós temos cerca de 800 anos. E deve ser considerado que a par de que eles seriam levados para o cativeiro, e até mesmo de terem ficado sem profetas durante os 400 anos do período interbíblico, e ainda, depois de terem sido espalhados pelo mundo após 70 d. C., Deus não havia rejeitado definitivamente os judeus, conforme é afirmado pelo apóstolo Paulo no 11º capítulo da epístola aos Romanos (v. 1 a 6); e nos versículos 11 e 12 deste mesmo capítulo, ele expõe que o motivo de os israelitas terem tropeçado já havia sido previsto por Deus de maneira a poder se voltar também para os gentios, mas não deixando a Israel de lado, porque foi este povo que Ele havia plantado para trazer através dele a salvação a todo o mundo. Como poderia então o Senhor rejeitar definitivamente a quem havia formado e elegido para tão grande vocação de ser bênção para o mundo? E sem qualquer outra consideração somente o fato de termos recebido através deles as Escrituras já justifica a importância desta nação para Deus. Por isso, a salvação em Cristo sempre permanecerá aberta para eles, e até mesmo com prioridade, conforme o próprio Deus estabeleceu no princípio da pregação do evangelho, porque o mundo tem uma dívida para com os judeus, e não admira portanto que esta porta para a salvação esteja aberta para eles para serem enxertados de novo na oliveira santa e na videira verdadeira que é o Senhor Jesus (Rom 11.23), da qual, na verdade, eles 12 nunca teriam sido cortados se permanecessem na fidelidade que é devida ao Senhor. Então nós só podemos entender que o brasume da Sua ira demonstrado contra os judeus nos dias de Josias, mesmo em meio às reformas que aquele rei estava empreendendo tinha a ver com a visitação dos pecados deles para serem purificados da sua idolatria, como efetivamente foram depois de terem sido levados cativos para Babilônia, porque os que retornaram de Babilônia para Jerusalém 70 anos depois do cativeiro, podem ser chamados de fato de judeus novos, porque demonstravam agora um grande apreço pela Palavra do Senhor e haviam sido curados definitivamente do pecado da idolatria, que era tão comum nos dias dos Juízes e dos Reis de Israel. De sorte que a afirmação que se lê nos versos 26 e 27 de II Reis 23, que o Senhor, apesar de toda a fidelidade de Josias, não se demoveu do ardor da Sua grande ira, com que ardia contra Judá, e que o levara a decidir por expulsá-los da terra, tanto como fizera ao reino de Israel, não significava que não estivesse se agradando das coisas que Josias e muitos do povo estavam fazendo para obedecer a Sua Palavra, mas que não seria isto que suspenderia os juízos previstos na Lei, quanto a serem expulsos da terra, porque na Sua presciência o Senhor sabia que sempre continuariam idolatrando, e somente seriam convencidos de que foi a idolatria deles a causa do Seu desagrado e juízos, quando fossem conduzidos para o cativeiro, onde aprenderiam definitivamente que é uma vida reta com Deus que livra do mal, e não altares, 13 templos etc, porque Ele permitiria que o próprio templo de Jerusalém fosse totalmente destruído e saqueado pelos babilônios. E foi por isso que antes de fazê-lo Ele lhos anunciou pelos profetas, dizendo que não somente rejeitaria ao Seu povo como ao Seu próprio templo que ele mandara edificar nos dias de Salomão, e para este propósito Jeremias havia sido também levantado por Deus. Ele havia sido separado (santificado – v. 5) por Deus para o ofício profético desde antes de ter sido formado no ventre, ou seja, desde antes da fundação do mundo, conforme Seu conselho eterno. A incapacidade que Jeremias sentiu para o exercício da função para a qual estava sendo designado, confirmava que de fato aquele era um trabalho para ser feito pelo próprio poder de Deus através dele, de maneira que ao dizer que não sabia falar porque era um menino (v. 6), não foi duramente repreendido pelo Senhor, mas apenas advertido para que não dissesse que era um menino, porque deveria ir a todos aos quais fosse enviado por Ele, e lhes dizer tudo quanto Lhe ordenasse para ser dito (v. 7), e que não deveria temer a face do homem, porque seria com ele para livrá-lo deles (v. 8). Jeremias foi capacitado e ungido por Deus para o ministério, quando o Senhor estendeu a Sua mão e lhe tocou a boca dizendo que estava colocando as Suas palavras na sua boca (v. 9). E lhe instruiu quanto à autoridade que lhe estava conferindo para arrancar e derrubar nações, porque seria por Sua boca, que o Senhor profetizaria sobre a queda de 14 Judá, de Babilônia e de outros reinos, bem como acerca daqueles que passariam a exercer domínio na terra. E não somente isto, ele também receberia autoridade para profetizar o que seria destruído e arruinado nas nações, como consequência dos juízos de Deus, bem como proferiria promessas consoladoras quanto ao que haveria de ser restaurado e plantado pelo Senhor no futuro, especialmente a restauração de Judá, depois de cumpridos os setenta anos determinados para o seu cativeiro, conforme foi revelado a Jeremias (v. 10). Não foi um ancião que Deus chamou para protestar contra o pecado das nações, e especialmente de Judá, mas um jovem, porque os últimos quarenta anos de existência do reino deJudá, antes do cativeiro, deveriam ser acompanhados pelo profeta. Ele envelheceria durante a realização do seu ministério sendo um sinal de Deus que o juízo seria amadurecido também até o ponto de ser cumprido sobre toda a nação pecadora. Jeremias não deveria portanto temer ser menosprezado por sua juventude porque o poder do Senhor seria com ele, revelando a Judá que jovens tais como Jeremias e o próprio rei Josias, podiam e deviam viver uma vida consagrada a Ele, coisa que estava sendo rejeitada pela grande maioria dos judeus, quando isto era um dever de todos eles, na condição de povo da aliança. De tal maneira Jeremias foi fiel no cumprimento da missão de falar as palavras que Deus colocasse em sua boca, que tudo o que recebera da parte dEle se encontra registrado na Bíblia como Escritura eterna. 15 A Palavra de Deus continuava sendo produzida nesta época, e seria fechada no Antigo Testamento somente com o profeta Malaquias. É importante trazer isto em lembrança, para sabermos que o caráter da chamada de Jeremias era algo diferente da chamada comum de pastores e outros ministros do evangelho, porque somente a eles (profetas) e aos apóstolos de Cristo, foi dada a honra de receberem as revelações de Deus que são imutáveis, e que foram registradas por escrito para a instrução do Seu povo na verdade, vindo a ser reconhecidas como a Sua Palavra autorizada e canônica, para todas as gerações, Palavra esta que temos a incumbência de pregar, ensinar e defender, porque é questão fechada que a ninguém mais Deus estará revelando qualquer nova verdade que já não se encontre registrada na Bíblia. Uma vez comissionado o profeta, Deus lhe deu instruções quanto ao posicionamento que deveria ter dali por diante. Ele deveria ser achado cingido e firmemente de pé, para lhes dizer tudo quanto lhe ordenasse, e que não ficasse espantado diante deles, porque senão ele próprio seria espantado por Deus diante deles, ou seja, não Lhe daria a graça e autoridade necessárias para o desempenho da sua função, de maneira que viria então a ser menosprezado e envergonhado diante daqueles contra os quais pronunciaria os juízos de Deus (v. 17). Todavia, não deveria temer porque o Senhor havia feito dele uma cidade fortificada com colunas de ferro e muros de bronze, capaz de suportar os ataques que lhes viessem 16 de todas as partes da terra, e especialmente dos reis de Judá, seus príncipes, sacerdotes, bem como de todo o povo, que não andasse debaixo do temor do Senhor e que se voltasse contra Jeremias com fúria, para pelejar contra ele. Contudo o Senhor lhe fez a promessa que eles lutariam contra ele e o perseguiriam mas não poderiam prevalecer, porque o Senhor estaria com ele para livrá-lo (v. 19). O mesmo que Deus fez com Jeremias fez com Paulo, e com todos os servos que tem chamado para pregarem o evangelho e protestarem contra os pecados dos homens e das nações, para que se arrependam e se convertam a Jesus Cristo. “Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim; 2 ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado; 3 e lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês. 4 Ora veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 5 Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei; e às nações te dei por profeta. 17 6 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque sou um menino. 7 Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás. 8 Não temas diante deles; pois eu seu contigo para te livrar, diz o Senhor. 9 Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca. 10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares; e também para edificares e plantares. 11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo uma vara de amendoeira. 12 Então me disse o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir. 13 Veio a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: Que é que vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, que se apresenta da banda do norte. 14 Ao que me disse o Senhor: Do norte se estenderá o mal sobre todos os habitantes da terra. 15 Pois estou convocando todas as famílias dos reinos do norte, diz o Senhor; e, vindo, porá cada um o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus muros em redor e contra todas as cidades de Judá. 16 E pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa de toda a sua malícia; pois me deixaram a mim, e 18 queimaram incenso a deuses estranhos, e adoraram as obras das suas mãos. 17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te ordenar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto diante deles. 18 Eis que hoje te ponho como cidade fortificada, e como coluna de ferro e muros de bronze contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. 19 E eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.”. (Jeremias 1.1-19) Jeremias 2 As Batalhas do Amor Se não tivermos diante de nossos olhos o propósito principal para o qual Deus criou o homem, que é o de adorá-lo, de estar em comunhão com Ele, em amor, e em plena alegria, e santidade, jamais poderemos entender o teor das palavras de repreensão dirigidas ao povo de Judá, no segundo capítulo de Jeremias, que mais parecem um lamento do que uma repreensão. Não poderemos também entender esta mensagem se nos falta a devida santidade de vida, e espiritualidade, 19 porque as coisas aqui tratadas são espirituais e não carnais, sobrenaturais e não naturais. A expressão da alegria espiritual que se vê na face de Deus quando está em comunhão com o Seu povo, quando este anda em Seus caminhos, não pode ser vista a não ser por uma experiência real e pessoal disto, senão veremos ao Senhor como um Deus carrancudo e impaciente com nossas fraquezas, quando isto não é verdade e não corresponde ao Seu caráter. Deus é bom, puro, alegre, amável, gentil, amoroso, mas não pode, por causa da Sua perfeita justiça, ser conivente com o erro deliberado, com o espírito de rebeldia que endurece o coração do homem e que o leva a viver por escolha, debaixo da escravidão do pecado. Deus quer manifestar Sua alegria, Seu amor, Sua misericórdia e bondade, mas como poderá fazê-lo para com aqueles que lutam contra Ele e contra Sua vontade, como inimigos ferrenhos? Podemos dizer que Deus criou o homem para se alegrarem mutuamente. Mas que alegria pode ter um pai com um filho rebelde? Este é o ponto, para que possamos entender não apenas as repreensões do segundo capítulo de Jeremias, bem como as que permeiam toda a Bíblia. Então é basicamente a tristeza de Deus por causa dos pecados do Seu povo, que impediam a comunhão com eles, o que encontramos em Jeremias 2. Por isso somos exortados na Igreja de Cristo a também 20 não entristecermos o Espírito Santo com os nossos pecados, porque é o pecado que quebra a nossa comunhão com Deus, e por conseguinte, a possibilidade de nos alegrarmos nEle, e Ele em nós. “mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.” (Is 59.2) Quanto os judeus haviam desprezado ao Senhor com as suas idolatrias e injustiças! Quanto haviam desprezado a aliança que havia feito com eles! Elelhes havia dado esta grande honra, e no entanto, eles a haviam desprezado totalmente. Deus tem proposto uma aliança com os homens de todas as nações, por meio do sangue de Cristo, mas a grande maioria da humanidade tem desprezado este sangue precioso, e tão maravilhosa aliança, que livra da morte eterna para a vida eterna; das trevas para a luz; da escravidão para a liberdade. Deveríamos aprender então, desta primeira mensagem que foi dada por Deus para ser proclamada aos judeus, para não incorrermos nos mesmos erros deles, e consequentemente, cairmos no desagrado de Deus, em vez de agradá-lO. Primeiro, devemos evitar a ingratidão por todo o amor que o Senhor tem por nós, e por todos os livramentos que nos tem dado, tal como fizera com Israel no passado, e os judeus dos dias de Jeremias haviam esquecido de trazer isto em lembrança (v.Jer 2.2; 3). 21 Em segundo lugar, o Senhor jamais fará qualquer injustiça, especialmente no tocante ao Seu povo. Então porque deixamos Aquele que é perfeitamente justo, para seguirmos nossos caminhos e pensamentos de vaidade? (v. 5) Além disso, por que não buscamos o Senhor todos os dias de nossas vidas, lembrando os Seus poderosos feitos relativos à Sua Igreja, tal como havia feito com Israel no passado? (v. 6) Como podemos esquecer que ainda que tenhamos que trabalhar, semeando, juntando em celeiros, comendo o pão com o suor do rosto, no entanto, não é o Senhor que faz brotar o pão da terra? Como podemos dar as costas para um Deus provedor que garante a nossa subsistência? Usaremos a terra que ele nos tem dado por herança, para praticarmos nela abominações, contaminando-a com os nossos pecados? (v. 7) Nos dias de Jeremias, até mesmo os sacerdotes haviam deixado de buscar ao Senhor, e apesar de terem o encargo de ensinarem a Sua Palavra, não O conheciam, de modo que os governantes não eram justos e prevaricavam contra o Senhor, e falsos profetas profetizaram por Baal, e falando de coisas que não são de qualquer proveito (v. 8). Portanto, o Senhor tinha uma contenda com eles, e até mesmo com as gerações que se levantariam depois deles, porque Ele, o Senhor, não muda (v. 9). Nenhuma nação pagã da terra havia renegado os seus falsos deuses e continuavam adorando fielmente as 22 obras das suas próprias mãos, contudo, Israel havia abandonado o único Deus verdadeiro, que havia entrado em aliança somente com eles, e não com qualquer outra nação da terra (v. 10,11). Como eles não poderiam ficar espantados com o horror desta realidade, por causa do endurecimento no pecado, então o Senhor apelou para os céus, onde há somente verdade, e seres santos, para que ficassem horrorizados e desolados com tal impiedade dos judeus, porque não somente haviam abandonado o Senhor, o manancial da vida eterna, como estavam tentando fazer valer a sua própria forma de adoração de Deus, baseada nas idolatrias e abominações que eles praticavam, e que haviam adotado no lugar da Palavra do Senhor (v. 12,13). Israel fora libertado do Egito para não mais ser servo, no entanto, haviam escolhido permanecer debaixo de escravidão, tal como os crentes gálatas nos dias de Paulo (Gál 5.1). Então os de Judá, deveriam aprender com os juízos que vieram sobre Israel (Reino do Norte), cujas terras se encontravam desoladas nos dias de Jeremias, por que haviam sido levados para o cativeiro pelos assírios desde 722 a. C., ou seja, cerca de 100 anos antes de Jeremias ter começado o seu ministério (v. 14-16). Como Judá havia abandonado ao Senhor, tanto como havia feito Israel, então seriam também alvo do mesmo tipo de juízo que eles haviam sofrido, porque seriam castigados por causa da sua malícia, e repreendidos por causa das suas apostasias, de modo que pudessem entender quão duro e amargo é o povo de Deus lhe voltar 23 as costas, porque Ele não deixará de castigá-lo, assim como um pai faz com o seu filho. Eles veriam quão amargo é não ter o temor de Deus diante de si, porque quando se perde o temor do Senhor, automaticamente se deixa de andar nos Seus caminhos, porque Ele passa a ser tido por nada, por aqueles que se deixam enredar pelo pecado. Judá, de há muito, havia quebrado o jugo da obediência devida ao Senhor, e tudo o que o ligava a Ele, decidindo voluntariamente não servi-lO mais, para poder se entregar às suas práticas idolátricas (v. 20). Como puderam fazer uma tal coisa, uma vez que haviam sido plantados pelo próprio Senhor, de uma semente inteiramente fiel, ou seja, dos seus patriarcas, que eram homens de fé, e em vez de permanecerem na sua vocação, acabaram se tornando numa planta degenerada (v. 21). Judá não poderia purificar a si mesma, e ainda que o tentasse, a mancha da iniquidade deles permaneceria diante de Deus (v. 22). Somente a justiça do Senhor, quando nos é concedida por graça e misericórdia, pode nos purificar de nossas impurezas (v. 22). Se tal era a grandeza do pecado de Judá, como podiam continuar afirmando que não estavam contaminados, e mentindo que não haviam andado após Baal? No entanto, nada escapa aos olhos do Senhor, e ele conhecia todos os lugares escondidos do vales onde fizeram suas ofertas aos demônios, pensando que não 24 sendo vistos pelos homens, não estavam sendo vistos pelo Deus onisciente, que tudo sabe e vê (v. 23). Judá não vivia pelo espírito, mas pelos instintos naturais, de modo que sempre estaria pronta para o pecado, e para toda adoração de natureza carnal (v. 24). Qualquer tentação que lhes viesse não poderia ser, portanto, vencida por eles. Judá estava correndo para os seus amantes espirituais (ídolos e falsos deuses) mas é lembrada que deveria evitar a que viesse a andar descalço e com sede, porque quando fosse levado para o cativeiro por causa dos seus pecados, já não correria mais com os pés calçados para os seus ídolos, e saciada em sua sede, porque seriam conduzidos para uma terra estranha com os pés descalços e teriam sede na longa caminhada que teriam que fazer a pé, para a terra do cativeiro (v. 25). Eles seriam surpreendidos, como alguém que tem a sua casa arrombada inesperadamente por um ladrão. Assim ficariam os reis, os príncipes, os sacerdotes e os profetas de Judá que estavam idolatrando e chamando ao pau e à pedra de seu pai. Quando o juízo lhes sobreviesse e se encontrando em angústia se voltariam para o Senhor lhe pedindo que os livrasse, mas teriam como resposta da parte dEle que fossem buscar tal auxílio nos deuses que vinham adorando (v. 26-28). Ninguém poderia livrar Judá dos juízos pronunciados pelo Senhor, nem mesmo as nações com as quais tentariam entrar em aliança para serem livrados de Babilônia, como por exemplo a Assíria e o Egito. 25 Eles haviam desprezado as correções do Senhor, e Lhe haviam abandonado por inumeráveis dias, de modo que nada poderia lhes livrar da sentença do cativeiro, nem mesmo as reformas que o rei Josias estava empreendendo no país. Deus conhece o coração, e sabia que eles estavam somente se sujeitando externamente às ordenanças do citado rei. Eles estavam se arrependendo superficialmente, mas não de coração, conforme podemos ver em todo o livro do profeta Jeremias, que ultrapassou em muitos anos o período de reinado de Josias. Judá se proclamava um povo livre, e portanto não queria se submeter aos mandamentos de Deus. Isto nos faz lembrar muito aqueles na Igreja que a pretexto de estarem debaixo da graça, são, no entanto, livres para continuarem pecando. Até mesmo as vestes de muitos em Judá estavam manchadas pelo sangue de crianças inocentes, que haviam sido oferecidas como sacrifício à divindade moabita, chamada Moloque, e apesar disso ainda se diziam inocentes, e que não haveria nenhuma ira de qualquer juízo de Deus sobre eles. Todavia o Senhor entraria em juízo com eles, exatamente porque estavam afirmando que não haviam pecado (v. 34, 35). Quando o homem se endurece e considera que não necessita de arrependimento,como poderá ser perdoado por Deus? 26 UMA BREVE REFLEXÃO PARA ENTENDER AS CONTENDAS DE DEUS COM O HOMEM PECADOR Não se trata de uma batalha física. Não é uma guerra ao molde humano, com canhões e mísseis. Se fosse algo de ordem de mera conquista de territórios, ou de se submeter uma nação ao jugo da servidão, Deus poderia fazê-lo com um simples sopro de Sua boca. Se quisesse destruir toda a humanidade de sobre a face da terra, poderia fazê-lo num único instante. Mas nunca foi este o seu objetivo na contenda que tem com a humanidade pecaminosa. Sua guerra é de cunho moral e de santidade. Sua vitória está em conduzir o homem decaído no pecado, à Sua própria santidade. As batalhas desta guerra são empreendidas para submeter o mal e estabelecer o bem, não no exterior, mas no coração de cada pessoa. As armas são espirituais: oração, louvor, pregação da verdade. O campo de batalha é o coração humano. O motivo da guerra é o amor de Deus pela humanidade criada por Ele, para viver no amor, na justiça e na verdade. “1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua mocidade, do teu amor quando noiva, de como me seguiste no deserto, numa terra não semeada. 27 3 Então Israel era santo para o Senhor, primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor. 4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel; 5 assim diz o Senhor: Que injustiça acharam em mim vossos pais, para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e tornando-se levianos? 6 Eles não perguntaram: Onde está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito? que nos enviou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e densas trevas, por uma terra em que ninguém transitava, nem morava? 7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e o seu bem; mas quando nela entrastes, contaminastes a minha terra, e da minha herança fizestes uma abominação. 8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, e os governadores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal, e andaram após o que é de nenhum proveito. 9 Portanto ainda contenderei convosco, diz o Senhor; e até com os filhos de vossos filhos contenderei. 10 Pois passai às ilhas de Quitim, e vede; enviai a Quedar, e atentai bem; vede se jamais sucedeu coisa semelhante. 11 Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito. 28 12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. 13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. 14 Acaso é Israel um servo? É ele um escravo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa? 15 Os leões novos rugiram sobre ele, e levantaram a sua voz; e fizeram da terra dele uma desolação; as suas cidades se queimaram, e ninguém habita nelas. 16 Até os filhos de Mênfis e de Tapanes te quebraram o alto da cabeça. 17 Porventura não trouxeste isso sobre ti mesmo, deixando o Senhor teu Deus no tempo em que ele te guiava pelo caminho? 18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito, para beberes as águas do Nilo? e que te importa a ti o caminho da Assíria, para beberes as águas do Eufrates? 19 A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que má e amarga coisa é o teres deixado o Senhor teu Deus, e o não haver em ti o temor de mim, diz o Senhor Deus dos exércitos. 20 Já há muito quebraste o teu jugo, e rompeste as tuas ataduras, e disseste: Não servirei: Pois em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa te deitaste, fazendo-te prostituta. 21 Todavia eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, de vida estranha? 29 22 Pelo que, ainda que te laves com salitre, e uses muito sabão, a mancha da tua iniquidade está diante de mim, diz o Senhor Deus. 23 Como dizes logo: Não estou contaminada nem andei após Baal? Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos; 24 asna selvagem acostumada ao deserto e que no ardor do cio sorve o vento; quem lhe pode impedir o desejo? Dos que a buscarem, nenhum precisa cansar-se; pois no mês dela, achá-la-ão. 25 Evita que o teu pé ande descalço, e que a tua garganta tenha sede. Mas tu dizes: Não há esperança; porque tenho amado os estranhos, e após eles andarei. 26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se confundem os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, e os seus sacerdotes, e os seus profetas, 27 que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste. Porque me viraram as costas, e não o rosto; mas no tempo da sua angústia dir-me-ão: Levanta-te, e livra- nos. 28 Mas onde estão os teus deuses que fizeste para ti? Que se levantem eles, se te podem livrar no tempo da tua tribulação; porque os teus deuses, ó Judá, são tão numerosos como as tuas cidades. 29 Por que disputais comigo? Todos vós transgredistes contra mim diz o Senhor. 30 30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão destruidor. 31 Óh! Que geração! Considerai vós a palavra do Senhor: Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra de espessa escuridão? Por que pois diz o meu povo: somos livres; jamais tornaremos a ti? 32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a esposa do seu cinto? todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias. 33 Como ornamentas o teu caminho, para buscares o amor! de sorte que até às malignas ensinaste os teus caminhos. 34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue dos pobres inocentes; e não foi no lugar do arrombamento que os achaste; mas apesar de todas estas coisas, 35 ainda dizes: Eu sou inocente; certamente a sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei. 36 Por que te desvias tanto, mudando o teu caminho? Também pelo Egito serás envergonhada, como já foste envergonhada pela Assíria. 37 Também daquele sairás com as mãos sobre a tua cabeça; porque o Senhor rejeitou aqueles em quem confiaste, e não prosperarás com eles.”. 31 Jeremias 3 Volta Para Mim Esposa Infiel O terceiro capítulo de Jeremias revela quão compassivo, longânimo, misericordioso e perdoador é o Senhor. Apesar de toda a grande maldade de Judá, conforme descrita por Ele próprio no capítulo anterior, nós o vemos no segundo capítulo estendendo Sua mão, não para castigar, mas para chamar, para convidar Judá ao arrependimento. E Ele o faz, não em base de desconsideração para com o pecado, porque protesta que estava estendendo as mãos para uma nação infiel que estava se prostituindo. Era como um marido traído se dispondo a perdoar uma esposa infiel. Somente pelo apelo deste capítulo se vê quão endurecido estava o povo de Judá, porque seria impossível, recusar a um tal convite. Com isto nós vemos quão excessivamente maligno é o pecado, quanto a nos impedir de receber a graça e o perdão de Deus. Não é exatamente isto o que ocorre com a pessoas que recusam a graça do evangelho que lhes está sendo oferecida em Cristo Jesus? É a mesma base quanto ao convite para a aproximação, porque não são pessoas justas que Deus está chamando, 32 mas pecadores que têm transgredido os Seus mandamentos e vontade. Pessoas que têm uma natureza que é inimiga de Deus e dos Seus santos e justos mandamentos. Pessoas que têm deliberadamente voltadoas suas costas para Ele, apesar de lhes estar oferecendo gratuitamente um perdão infinito, que lhe custou um preço terrível e infinito: a morte de Seu Filho Jesus Cristo na cruz, carregando sobre Si os nossos pecados. O rei Josias estava empreendendo as suas reformas religiosas em Judá, e o Senhor interpôs com esta mensagem de Jeremias, para que os judeus se voltassem realmente de coração para Ele, e não apenas externamente, em cumprimento de ritos religiosos, e por destruírem os ídolos de madeira e de pedra que haviam feito para si. Além disso, não basta destruir os ídolos no coração, porque é necessário adorar ao Senhor em espírito e em verdade. O rei Josias não podia saber o que ia na verdade no coração do povo, mas o Senhor conhece perfeitamente a corrupção do coração, e por isso disse para ilustrar tal dureza no pecado, o fato de Judá não ter aprendido com os juízos que haviam sido trazidos por Ele sobre Israel; ao contrário, se entregaram às mesmas práticas idolátricas deles, e agora estavam fingindo nos dias de Josias, ter deixado a idolatria, que na verdade continuava em seus corações (v. 10). Eles fingiram que estavam voltando para o Senhor, e portanto, não o estavam fazendo de todo o coração. 33 Se o rei não podia ver isto, no entanto, era perfeitamente conhecido por Deus. O pecado de Judá era maior do que o de Israel, porque não tiveram a oportunidade de aprenderem com qualquer juízo de cativeiro que Deus tivesse trazido sobre Judá, porque foram para o cativeiro antes deles (Jer 3.11). Então, o Senhor se voltou em misericórdias também para os próprios israelitas que tinham sido levados em cativeiro pelos assírios, lhes rogando que voltassem para Ele, não necessariamente que saíssem da terra do cativeiro, onde estavam obrigados a se encontrar, mas que o fizessem em espírito, de coração, que Ele os receberia (v. 11-13), e no tempo próprio, o Senhor, libertaria os que se arrependessem e os traria a Sião, quando esta fosse restaurada depois do cativeiro babilônico, e ali lhes daria pastores segundo o Seu coração, que lhes apascentariam com conhecimento e com inteligência das coisas divinas (v. 15). Esta profecia relativa aos pastores devotados ao Senhor se aplica mais especificamente ao tempo do evangelho, porque se diz no verso seguinte (Jer 3.16) que não haveria mais necessidade de se cultuar a Deus com uma arca da aliança, que representava a Sua presença no meio do Seu povo, tal como sucedia nos dias do Antigo Testamento, e nem haveria necessidade de que se construísse outra, porque isto não seria necessário nem ordenado por Ele. Os adoradores do Senhor no Novo Pacto não o fariam tendo a arca da aliança em seus pensamentos, senão ao 34 próprio Cristo, a quem representava em figura aquela arca. No reino do Messias, o Seu trono estará em Jerusalém, e Ele regerá sobre as nações, de maneira que o povo do Senhor não andará mais disperso e segundo o propósito maligno dos seus corações, porque terão sido purificados de todo pecado, e serão aperfeiçoados por Deus, para que estejam para sempre com Ele, em completa santidade de vida (v. 17). O remanescente fiel de Judá juntamente com o de Israel estarão juntos nestes dias de glória do reino do Messias (v. 18). Assim, seria cumprido o propósito eterno de Deus para o Seu povo, de ser a mais formosa terra e herança desejável entre as nações, sendo reconhecido como Pai do Seu povo, e dEle jamais se desviarão (v. 19). Veja que estas palavras tinham o propósito de fixar a esperança no coração dos israelitas, mesmo em cativeiro, para que não deixassem morrer a esperança messiânica, porque Deus tem feito boas e fiéis promessas para Israel, que se cumprirão no Messias. O propósito eterno de Deus em relação a eles não pode ser frustrado, e portanto, por maiores que sejam as suas apostasias, o Senhor sempre terá um remanescente fiel entre eles, porque a Sua promessa, a Sua Palavra, não podem falhar. Por causa disso, Deus estava chamando a mulher infiel para com o Seu marido, que havia sido o Seu povo, para 35 que voltasse para Ele, em arrependimento, com confissão de pecados, de maneira que pudessem participar desta gloriosa vocação que Ele havia planejado para os israelitas. “1 Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele mais para ela? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o Senhor. 2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê: onde é o lugar em que não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto. Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia. 3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve chuva tardia; contudo tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha. 4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade; 5 Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-se-á continuamente? Eis que assim tens dito; porém tens feito todo o mal que pudeste. 6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste, porventura, o que fez a apóstata Israel, como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore frondosa, e ali andou prostituindo-se? 7 E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, voltará para mim. Mas não voltou; e viu isso a sua aleivosa irmã Judá. 36 8 Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e lhe dei o seu libelo de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu. 9 E pela leviandade da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com o pau. 10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá não voltou para mim de todo o seu coração, mas fingidamente, diz o Senhor. 11 E o Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-se mais justa do que a aleivosa Judá. 12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor. E não farei cair a minha ira sobre ti; porque misericordioso sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira. 13 Somente reconhece a tua iniquidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa, e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor. 14 Voltai, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque eu sou como esposo para vós; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião; 15 e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com conhecimento e com inteligência. 16 E quando vos tiverdes multiplicado e frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará outra. 37 17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno. 18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de Israel; e virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos pais. 19 Pensei como te poria entre os filhos, e te daria a terra desejável, a mais formosa herança das nações. Também pensei que me chamarias meu Pai, e que de mim não te desviarias. 20 Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor. 21 Nos lugares altos se ouve uma voz, o pranto e as súplicas dos filhos de Israel; porque perverteram o seu caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus. 22 Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade. Responderam eles: Eis-nos aqui, vimos a ti, porque tu és o Senhor nosso Deus. 23 Certamente em vão se confia nosouteiros e nas orgias nas montanhas; deveras no Senhor nosso Deus está a salvação de Israel. 24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o trabalho de nossos pais desde a nossa mocidade os seus rebanhos e os seus gados os seus filhos e as suas filhas. 25 Deitemo-nos em nossa vergonha, e cubra-nos a nossa confusão, porque temos pecado contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o 38 dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.”. (Jeremias 3.1-25) Jeremias 4 O Leão Alado Assassino A bênção de todas as nações gentias dependia da obediência de Israel, para que se trouxesse por meio deles o Messias ao mundo, através do qual os gentios seriam alcançados, e se gloriariam nEle. Por isso lemos o que se diz em Jeremias 4.2, e o apelo do Senhor dirigido aos judeus para que se voltassem para Ele, tirando todas as suas abominações de diante dEle, e não andando mais por caminhos tortuosos (Jer 4.1). Para que pudessem cumprir o propósito de Deus a ser realizado no mundo inteiro a partir deles, os israelitas deveriam lavrar num coração novo, e não semearem a Palavra de Deus nele, entre os espinhos dos cuidados do mundo, do fascínio das riquezas, e de todos os pecados e interesses mundanos (Jer 4.3). Além disso, mais do que circuncidarem seus prepúcios, deveriam circuncidar os seus corações, ou seja, mortificar as paixões da carne, despojar-se do velho homem, e assim seriam considerados de fato, circuncidados para o Senhor; ou seja, este seria o sinal de pertencerem 39 verdadeiramente a Ele, de estarem aliançados, conforme a promessa que havia feito a Abraão. Somente agindo de tal forma, não experimentariam o fogo do brasume da indignação do Senhor vindo sobre eles, por causa da maldades das suas obras, tal como havia irrompido anteriormente contra a casa de Israel (Reino do Norte – v. 4), depois de esperar por séculos seguidos, que se arrependessem. Isto deveria ser anunciado em toda a terra de Judá, especialmente em Jerusalém, sua capital, onde se encontrava o templo e a maior parte dos principais sacerdotes e anciãos de Israel. Eles deveriam gritar em voz alta dizendo que se ajuntassem para entrarem nas cidades fortificadas, ou seja, nas cidades de refúgio, para acharem proteção contra a invasão iminente de Babilônia, que em poucos anos os alcançaria. O símbolo de Babilônia era um leão alado, e por isso se diz no verso 7 que um leão já havia partido do seu bosque, que era um destruidor de nações (porque Babilônia subjugaria muitas nações além de Judá), e que faria com que suas cidades ficassem assoladas e desabitadas. O profeta convocou portanto o povo de Judá a se vestir de saco, lamentar e uivar, porque o ardor da ira de Deus não tinha se desviado deles, por causa dos seus pecados, dos quais não haviam se arrependido (v. 8). No dia em que Babilônia viesse sobre Judá o coração do rei e dos príncipes desfaleceria, os sacerdotes ficariam 40 pasmos, porque não criam que Deus permitiria a destruição do seu templo, e por isso confiavam que estariam para sempre seguros em Jerusalém, independentemente do modo como vivessem. E além disso é dito que os profetas ficariam maravilhados, ou seja, eles não entenderiam como lhes sobreviera tamanha ruína, quando pensavam que a mensagem de paz que pregavam em nome do Senhor era verdadeira (v. 9). Jeremias estava no início do seu ministério quando proferiu as palavras do verso 10 do quarto capítulo. Ele não conhecia ainda muito bem os juízos do Senhor, que se misturam às Suas misericórdias, mas somente em face do arrependimento. Então Suas promessas de paz não eram enganosas, conforme havia pensado o profeta, primeiro que não eram destinadas a todos os israelitas, senão somente aos que se arrependessem, conforme havia dito anteriormente pelo próprio profeta, e também que o juízo estava penetrando como uma espada na alma dos judeus, não propriamente por Seu desejo, mas pelas próprias iniquidades deles e endurecimento no pecado. O vento forte abrasador que viria sobre os judeus, não seria para remover a palha da vaidade do meio do povo (cirandar), nem para limpá-los de seus pecados, mas seria um vento de juízo, na pessoa dos cavalos e carros dos babilônios, que viriam para produzir destruição de muitos ímpios do Seu povo. Para estes não havia de fato nenhuma promessa de paz, ou de futura restauração, senão de destruição por causa 41 das suas iniquidades, das quais não queriam se desviar (v. 18). Então, em face deste juízo pronunciado direta e claramente por Deus, o profeta convoca Jerusalém a lavar o seu coração da maldade, deixando os seus maus pensamentos, para que pudesse ser salva (v. 14). Porque a calamidade que viria sobre eles era certa, e estava sendo proclamada desde Dã, que era a extremidade norte de Israel, até os montes de Efraim, a saber, o território da tribo principal do Reino do Norte, que já não mais existia, por causa do cativeiro assírio. Ou seja, até mesmo fora dos termos de Judá estava sendo proclamada a ruína que viria sobre os judeus. Todavia este juízo seria proclamado a todas as nações antes que sucedesse, para que todos soubessem que isto viera da parte do Senhor, por causa da iniquidade deles (v. 16). Para que se soubesse que o povo do Senhor havia se rebelado contra Ele (v. 17). O coração do profeta estava acelerado e aflito, e era grande a angústia da sua alma, porque ficara alarmado com tais declarações, e não poderia ficar calado, porque ouvira o som de alerta da trombeta de Deus, e já podia ouvir o alarido da guerra que se aproximava (v. 19). O profeta via somente destruição sobre destruição sendo apregoada e via toda a terra assolada, bem como as suas moradas, repentinamente (v. 20). Ele indagava em seu espírito até quando veria o estandarte de guerra levantado, e o toque de alerta da trombeta de Deus? 42 Então conclui que realmente Judá era um povo insensato que não conhecia a Deus, porque eram filhos ignorantes e que não entendiam os caminhos do Senhor. Eles eram sábios apenas para praticarem o mal, e não sabiam fazer o bem (v. 22). O profeta viu somente desolação na terra, como ela era no princípio, sem forma e vazia, e o mesmo ele viu em relação aos céus que não tinham luz. E até todos os montes e colinas estavam tremendo e estremecendo diante dos juízos de Deus. E a terra estava vazia, sem que houvesse nela qualquer pessoa, como também não havia aves no céu. O pecado de Judá havia atingido toda a criação. A criação estava gemendo e sofrendo por causa do pecado do povo de Deus, e da ira que seria manifestada sobre eles. De modo que as terras férteis se transformaram em desertos, e todas as cidades estavam derrubadas diante do Senhor, por causa do furor da Sua ira (v. 26). Então o Senhor pronunciou a sentença dos versos 27 a 29, onde afirmou que a sua sentença já havia sido lavrada e que não voltaria atrás, no entanto não consumiria a terra de todo. Diante da sentença final do Senhor, o profeta indaga o que Judá faria agora, chamando-a de assolada. Eles seriam desamparados por todas as nações com as quais buscassem se aliançar para fugir da destruição de Babilônia, que fora sentenciada sobre eles, mas por mais que tentassem lhes agradar, de nada adiantaria, porque o profeta havia ouvido uma voz, como a de uma mulher 43 que está em trabalhos de parto, angustiada para dar à luz o seu primogênito, e esta era a voz de Judá ofegante, porque a dor que sentia era como a de parto, mas não geraria nenhum filho, porque esta seria a dor que sentiria em sua alma por causa dos assassinos que dariam contra ela. “1 Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, se voltares para mim e tirares as tuas abominações de diante de mim, e não andares mais vagueando; 2 e se jurares: Como vive o Senhor, na verdade, na justiça e na retidão; então nele se bendirão as nações, e nele se gloriarão. 3 Porqueassim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusalém: Lavrai o vosso terreno alqueivado, e não semeeis entre espinhos. 4 Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitadores de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair como fogo, e arda de modo que ninguém o possa apagar, por causa da maldade das vossas obras. 5 Anunciai em Judá, e publicai em Jerusalém; e dizei: Tocai a trombeta na terra; gritai em alta voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortificadas. 6 Arvorai um estandarte no caminho para Sião; buscai refúgio, não demoreis; porque eu trago do norte um mal, sim, uma grande destruição. 7 Subiu um leão da sua ramada, um destruidor de nações; ele já partiu, saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma 44 desolação, a fim de que as tuas cidades sejam assoladas, e ninguém habite nelas. 8 Por isso cingi-vos de saco, lamentai, e uivai, porque o ardor da ira do Senhor não se desviou de nós. 9 Naquele dia, diz o Senhor, desfalecerá o coração do rei e o coração dos príncipes; os sacerdotes pasmarão, e os profetas se maravilharão. 10 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! verdadeiramente trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; entretanto a espada penetra-lhe até a alma. 11 Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento abrasador, vindo dos altos escalvados no deserto, aproxima-se da filha do meu povo, não para cirandar, nem para alimpar, 12 mas um vento forte demais para isto virá da minha parte; agora também pronunciarei eu juízos contra eles. 13 Eis que vem subindo como nuvens, como o redemoinho são os seus carros; os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! pois estamos arruinados! 14 Lava o teu coração da maldade, ó Jerusalém, para que sejas salva; até quando permanecerão em ti os teus maus pensamentos? 15 Porque uma voz anuncia desde Dã, e proclama a calamidade desde o monte de Efraim. 16 Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra Jerusalém que vigias vêm de uma terra remota; eles levantam a voz contra as cidades de Judá. 45 17 Como guardas de campo estão contra ela ao redor; porquanto ela se rebelou contra mim, diz o Senhor. Jeremias 5 O Escassear da Justiça Abrevia o Juízo A geração de Judá dos dias do profeta Jeremias havia se tornado como a geração de ímpios que foi destruída nos dias de Noé, ou então como a geração de incrédulos que tombou no deserto nos dias de Moisés, com a agravante, de que eles tinham diante de si, séculos de testemunhos dos poderosos feitos do Senhor, e dos juízos que Ele havia trazido sobre o Seu povo no passado, especialmente no período dos Juízes. Todavia, não se arrependeram e se fizeram piores do que eles. Daí o rigor das repreensões e das sentenças de juízos que receberam da parte de Deus. Eles faziam jus a tudo o que o Senhor disse deles no final do quinto capítulo de Jeremias (v. 25 a 31). O que foi resumido pelo Senhor em poucas palavras no início do capítulo, bem expressa que tais atos de iniquidade eram a consequência de não se achar nas ruas de Jerusalém uma só pessoa que praticasse a justiça e buscasse a verdade, e mesmo aqueles que diziam viver 46 para o Senhor com juramento, faziam isto com lábios falsos. Eram falsos religiosos e não pessoas justas que O amassem de fato (Jer 5.1,2). Deus lhes havia ferido com os Seus castigos, mas eles não emendaram os seus caminhos, porque estavam insensíveis para os Seus juízos; e mesmo quando eram consumidos se recusavam a receber a correção, e tendo endurecido as suas faces se recusavam a voltar para o Senhor. É aqui que devemos entender que não basta pregar aos homens que Jesus é o Salvador, que a Sua graça está disponível para todos os que crerem nEle, e que é pela graça, mediante a fé nEle que somos salvos. Porque não faz sentido Deus declarar que uma pessoa é justa pela graça por causa da sua fé (justificação) quando esta pessoa continua na prática dos seus antigos pecados e não se volta para o Senhor para uma verdadeira santificação da sua vida. Por isso Ele não somente justifica quando a pessoa crê de fato, Ele também regenera, isto é, Ele faz com que tal pessoa nasça de novo do Espírito, e além disso, o mesmo Espírito haverá de impulsionar o crente à perseverança, porque é pela evidência da santificação, que se pode ter a certeza da salvação. Veja o caso de Judá que dizia pertencer ao Senhor, que eram descendentes de Abraão, que tinham o templo, e a Lei de Deus e a aliança com Ele. No entanto, o que encontramos sendo proferido pelo próprio Deus contra eles no livro de Jeremias? 47 São meras afirmações dos lábios, como eles faziam, que podem ser falsas, que podem garantir a salvação de uma pessoa? Certamente não. Deus requer vida transformada e santificada. Testemunho de uma nova vida. Por isso nos justifica pela graça, mediante a fé, com base na obra que Cristo fez em nosso favor. Para que possamos viver de modo digno dEle, e conforme a Sua vontade. Por isso lemos em Jeremias 5.4 que os olhos de Deus atentam para a verdade, e que Ele nos corrige com o fim de nos voltarmos para Ele. Tanto os pequenos quanto os grandes do povo de Judá se encontravam na mesma condição de falta de conhecimento dos caminhos do Senhor, e entregues ao pecado (Jer 5.4,5). Então eles haviam sido colocados no cerco do Senhor para serem destruídos, porque eram muitas as suas transgressões, e haviam multiplicado sobremaneira as suas apostasias, e caso tentassem fugir de Judá seriam destruídos pelos animais selvagens (Jer 5.6). Eles não mostravam sinais de arrependimento e assim não poderiam ser perdoados, porque a condição básica para o perdão é o arrependimento (mudança de mente e de vida). Eles não somente se entregaram à prática da idolatria, como à do adultério, e não poderiam portanto, deixar de receber o justo castigo do Senhor, por causa das suas práticas (v. 7 a 9). 48 O Senhor os castigaria porque se recusavam a reconhecê- lo como o Deus deles, e afirmavam descaradamente que não lhes sobreviria qualquer juízo da parte dEle, quer sob a forma de fome ou de guerra contra as nações inimigas de Judá. Como eles haviam desprezado ao Senhor e à Sua Palavra, dando ouvidos a falsos profetas, então Deus faria com que a Sua Palavra fosse como fogo na boca de Jeremias, e eles como lenha, para serem consumidos por ela. Então foram declaradas as assolações que os babilônios fariam na terra de Judá. Todavia o Senhor manteria um remanescente no meio do Seu povo (v. 18). Contudo, os que fossem para o cativeiro, e que não fossem mortos em Judá, saberiam que foram enviados a servir um povo estrangeiro numa terra que não lhes pertencia, porque haviam servido a deuses estranhos na sua própria terra (v. 19). Este juízo deveria ser proclamado não somente em Judá, mas ao remanescente de Israel, que havia permanecido no que sobrou do Reino do Norte. Mais uma vez Deus chamou Judá de povo insensato, porque não tinha o Seu temor, porque sem temer o Senhor é impossível chegar a ter a verdadeira sabedoria, que é o real conhecimento pessoal de Deus, porque Ele a concede somente aos que O temem (v. 21-24). “1 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas suas praças a ver se podeis 49 achar um homem, se há alguém que pratique a justiça, que busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela. 2 E ainda que digam: Vive o Senhor; de certo falsamente juram. 3 Ó Senhor, acaso não atentam os teus olhos para a verdade? feriste-os, porém não lhes doeu; consumiste- os, porém recusaram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; recusaram-se a voltar. 4 Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem a justiça do seu Deus. 5 Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, e a justiça doseu Deus; mas aqueles de comum acordo quebraram o jugo, e romperam as ataduras. 6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo dos desertos os destruirá; um leopardo vigia contra as suas cidades; todo aquele que delas sair será despedaçado; porque são muitas as suas transgressões, e multiplicadas as suas apostasias. 7 Como poderei perdoar-te? pois teus filhos me abandonaram a mim, e juraram pelos que não são deuses; quando eu os tinha fartado, adulteraram, e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos. 8 Como cavalos bem nutridos, andavam rinchando cada um à mulher do seu próximo. 9 Acaso não hei de castigá-los por causa destas coisas? diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação como esta? 50 10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, porém, uma destruição final; tirai os seus ramos; porque não são do Senhor. 11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor. 12 Negaram ao Senhor, e disseram: Não é ele; nenhum mal nos sobrevirá; nem veremos espada nem fome. 13 E até os profetas se farão como vento, e a palavra não está com eles; assim se lhes fará. 14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos: Porquanto proferis tal palavra, eis que converterei em fogo as minhas palavras na tua boca, e este povo em lenha, de modo que o fogo o consumirá. 15 Eis que trago sobre vós uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor; é uma nação forte, uma nação antiga, uma nação cuja língua ignoras, e não entenderás o que ela falar. 16 A sua aljava é como uma sepultura aberta; todos eles são valentes. 17 E comerão a tua sega e o teu pão, que teus filhos e tuas filhas haviam de comer; comerão os teus rebanhos e o teu gado; comerão a tua vide e a tua figueira; as tuas cidades fortificadas, em que confias, abatê-las-ão à espada. 18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei de vós uma destruição final. 19 E quando disserdes: Por que nos fez o Senhor nosso Deus todas estas coisas? então lhes dirás: Como vós me deixastes, e servistes deuses estranhos na vossa terra, assim servireis estrangeiros, em terra que não é vossa. 51 20 Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o em Judá, dizendo: 21 Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis: 22 Não me temeis a mim? diz o Senhor; não tremeis diante de mim, que pus a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, que ele não pode passar? Ainda que se levantem as suas ondas, não podem prevalecer; ainda que bramem, não a podem traspassar. 23 Mas este povo é de coração obstinado e rebelde; rebelaram-se e foram-se. 24 E não dizem no seu coração: Temamos agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, tanto a temporã como a tardia, a seu tempo, e nos conserva as semanas determinadas da sega. 25 As vossas iniquidades desviaram estas coisas, e os vossos pecados apartaram de vós o bem. 26 Porque ímpios se acham entre o meu povo; andam espiando, como espreitam os passarinheiros. Armam laços, apanham os homens. 27 Qual gaiola cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de dolo; por isso se engrandeceram, e enriqueceram. 28 Engordaram-se, estão nédios; também excedem o limite da maldade; não julgam com justiça a causa dos órfãos, para que prospere, nem defendem o direito dos necessitados. 52 29 Acaso não hei de trazer o castigo por causa destas coisas? diz o senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação como esta? 30 Coisa espantosa e horrenda tem-se feito na terra: 31 os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam por intermédio deles; e o meu povo assim o deseja. Mas que fareis no fim disso?”. (Jeremias 5.1-31) Jeremias 6 Não Ajuntou na Verdade se Espalhou na Mentira O nono capítulo de Jeremias descreve a que nível havia chegado a iniquidade dos judeus nos dias de Jeremias. Deus havia formado Israel para ser um povo pelo qual pudesse ser conhecido por todas as nações da terra, pelo que vissem neles. Esta é a mesma missão da Igreja no mundo: tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida dos cristãos. Como haviam perdido totalmente a finalidade para a qual haviam sido formados, então o Senhor passaria a peneira no meio deles e pouparia somente aqueles poucos que eram grãos e não palha. Até estes seriam provados pelo fogo, para serem purificados, para que pudessem vir a dar um real testemunho de santidade. 53 Quando Deus é abandonado pelo Seu povo, tal como se deu com os judeus, o resultado disto será o que lemos nos primeiros versículos de Jeremias 9, onde o Senhor ordena que ninguém confiasse no próprio irmão, porque o que prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a falsidade. Armavam armadilhas contra o seu próximo, e com a mesma língua que lisonjeavam produziam feridas terríveis na reputação destas mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8). Para quem não anda no Espírito, isto pode parecer exagerado, mas é a mais pura realidade, para aqueles que têm discernimento espiritual para perceberem tal estado de corrupção, quando até mesmo cristãos deixam de andar no temor de Deus. Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por causa de tais pecados, que o profeta gostaria que a sua cabeça se tornasse em águas, para que seus olhos derramassem lágrimas continuamente como uma fonte, por causa do pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das muitas mortes que o Senhor produziria no meio deles, quando consumasse os Seus juízos através dos babilônios (Jer 9.1). Todavia, a par de tais sentimentos da mais profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de Israel, não por causa dos juízos que lhes sobreviriam, mas em razão do modo como eles viviam, apesar de serem o povo do Senhor. Eram um bando de adúlteros e de aleivosos (Jer 9.2). 54 Eles não tinham um conhecimento pessoal do Senhor, porque viviam para fortalecer as suas línguas, não para a verdade, mas para a mentira (v. 3). Por amarem o engano se recusavam a conhecer ao Senhor. Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao Senhor porque Ele é a verdade. Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, para remover do Seu povo a grande quantidade de escória que eram muitos deles, e reservaria para si somente aqueles que fossem achados fiéis (v. 7). Deus disse que não poderia deixar sem castigo um tal estado de coisas, e se vingaria da nação de Israel, porque havia sido traído por eles (v. 9). Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de Judá como já executada, porque dali a poucos anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia pronunciado contra eles pelos seus profetas, e não apenas através de Jeremias. Por que Deus levanta mestres na Igreja? São meros professores de teologia? Não. Eles têm o encargo de torná-lO conhecido, bem como a Sua vontade, conforme revelada na Sua Palavra. Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, mas como se corromperam na sua função, e amaram a avareza, as suas cobiças carnais, Deus levantou os profetas para falar diretamente ao povo através deles, quanto aos Seus juízos. Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não haveria necessidade de profetas para repreendê-los e exortá-los. 55 Os judeus em vez de servirem ao Senhor, voltaram-se para os baalins, porque não conheciam os juízos terríveis da Sua Palavra contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), ou então, os conhecendo, consideravam que eram ameaças mortas de uma letra morta. A propósito, muitos pensam que não haverá juízo final, e gracejam acerca da volta do Senhor Jesus como Juiz (II Pedro 3.3-10). Todavia, o Senhor revelaria aos judeus que a Sua Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as ameaças previstas na Lei, especialmente a do cativeiro, e a morte pela espada das nações inimigas. Então conheceriam o temor que lhe é devido e à Sua Palavra, pelo preço altíssimo que teriam que pagar como nação, de modo que tal temor fosse achado nas geraçõesseguintes, quando retornassem do cativeiro em Babilônia, passados os setenta anos determinados, que pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer. Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos, porque não haveria nem tempo, nem condições para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal que até mesmo na morte foram desonrados por Deus. E as nações saberiam que Deus é santo, e nada tinha a ver com as iniquidades praticadas pelo Seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à destruição. Por isso ninguém deveria se gloriar em Judá na sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas suas riquezas, porque nada disto lhes poderia livrar dos juízos de Deus, 56 e nada disto pode levar uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23). O único motivo que temos para nos gloriar é o próprio Deus, e o conhecimento que temos dEle e da Sua vontade, especialmente quanto a sabermos que Ele faz benevolência, juízo e justiça na terra, coisas estas que são todo o Seu agrado, e que, pelo conhecimento e prática das mesmas, somos livrados dos seus juízos . Então quem quiser agradar a Deus deve imitá-lo na prática da misericórdia, do juízo e da justiça. É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, que Deus julga toda a carne, e não por se ser circuncidado ou não no prepúcio. Judá pensava que era diferente das demais nações por causa da circuncisão. Mas o Senhor está dizendo que diante dEle não há nenhum justo, a não ser aqueles que são circuncidados de coração, ou seja aqueles que são justificados pela graça, mediante a fé, e que andam na prática da justiça, que é segundo a santificação (v. 25, 26). “1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite os mortos da filha do meu povo! 2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem de viandantes, para poder deixar o meu povo, e me apartar dele! porque todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos. 57 3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em malícia, e a mim me não conhecem, diz o Senhor. 4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que enganar, e todo próximo anda caluniando. 5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade; ensinaram a sua língua a falar a mentira; andam se cansando em praticar a iniquidade. 6 A tua habitação está no meio do engano; pelo engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor. 7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os fundirei e os provarei; pois, de que outra maneira poderia proceder com a filha do meu povo? 8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca fala cada um de paz com o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas. 9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal como esta? 10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas pastagens do deserto lamentação; porque já estão queimadas, de modo que ninguém passa por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as aves dos céus até os animais, fugiram e se foram. 11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de Judá farei uma desolação, de sorte que fiquem sem habitantes. 12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por 58 que razão pereceu a terra, e se queimou como um deserto, de sorte que ninguém passa por ela? 13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei, que lhes pus diante, e não deram ouvidos à minha voz, nem andaram nela, 14 antes andaram obstinadamente segundo o seu próprio coração, e após baalins, como lhes ensinaram os seus pais. 15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de comer losna a este povo, e lhe darei a beber água de fel. 16 Também os espalharei por entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e mandarei a espada após eles, até que venha a consumi-los. 17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai as carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que venham também; 18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós, para que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem águas. 19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui envergonhados, por termos deixado a terra, e por terem eles transtornado as nossas moradas. 20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra da sua boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha a lamentação. 59 21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e das praças os mancebos. 22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens cairão como esterco sobre a face do campo, e como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha. 23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; 24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor. 25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado juntamente com os incircuncisos: 26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.”. Jeremias 7 Mais uma vez o Senhor apelou aos judeus para que não confiassem em mero ritualismo religioso, e nem mesmo nos sacrifícios e nas edificações do próprio 60 templo de Jerusalém, porque não poderiam livrá-los da destruição, caso não emendassem os seus caminhos. Eles pensavam erroneamente que Deus estava obrigado a defender Jerusalém porque o templo se situava nela. Entretanto o Senhor, lhes lembrou do que havia feito em Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli, quando o tabernáculo se encontrava naquela cidade, como permitiu que fosse destruída, e também removeu o tabernáculo de lá, por causa dos pecados de Israel. Mais do que holocaustos e sacrifícios apresentados no templo Ele queria misericórdia, justiça, santidade. Queria não uma religião que se baseasse em práticas meramente externas, mas uma religião que partisse de corações transformados e santificados pela Sua Palavra. Por isso lhes disse as seguintes palavras: “22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. 23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. 24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante. 25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia; 61 26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.” (v. 22 a 26). Como a prática religiosa dos judeus não se harmonizava com o testemunho de vida deles, então o Senhor lhes disse as seguintes palavras, e por causa disto, reafirmou os juízos contras as idolatrias, injustiças e impiedades que eles vinham praticando, e a pior delas, a de se recusarem a ouvir a Palavra que lhes enviava pela boca dos Seus profetas: “9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente,
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