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Jeremias

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Jeremias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
Jeremias 1 4 
Jeremias 2 18 
Jeremias 3 31 
Jeremias 4 38 
Jeremias 5 45 
Jeremias 6 52 
Jeremias 7 59 
Jeremias 8 65 
Jeremias 9 72 
Jeremias 10 80 
Jeremias 11 86 
Jeremias 12 91 
Jeremias 13 95 
Jeremias 14 101 
Jeremias 15 110 
Jeremias 16 118 
Jeremias 17 122 
Jeremias 18 128 
Jeremias 19 133 
Jeremias 20 137 
Jeremias 21 143 
Jeremias 22 147 
Jeremias 23 152 
Jeremias 24 160 
Jeremias 25 164 
 
 
3 
 
 
Jeremias 26 171 
Jeremias 27 176 
Jeremias 28 180 
Jeremias 29 184 
Jeremias 30 190 
Jeremias 31 195 
Jeremias 32 211 
Jeremias 33 221 
Jeremias 34 227 
Jeremias 35 231 
Jeremias 36 235 
Jeremias 37 241 
Jeremias 38 244 
Jeremias 39 251 
Jeremias 40 255 
Jeremias 41 258 
Jeremias 42 261 
Jeremias 43 264 
Jeremias 44 267 
Jeremias 45 273 
Jeremias 46 275 
Jeremias 47 279 
Jeremias 48 289 
Jeremias 49 290 
Jeremias 50 297 
Jeremias 51 304 
Jeremias 52 316 
 
 
4 
 
Jeremias 1 
 
A Boca de Deus nos Profetas 
 
O pai de Jeremias era sacerdote, e como este era um 
cargo vitalício passado de pai para filho, na descendência 
de Arão, então Jeremias também estava sendo 
preparado para o sacerdócio quando lhe veio a palavra 
do Senhor, dando-lhe como profeta às nações. 
O próprio nome Jeremias era um nome profético, porque 
significa “chamado pelo Senhor” ou “a quem o Senhor 
designou”, ou ainda “levantado pelo Senhor”, tal como 
foi profetizado acerca de Jesus como o Profeta que seria 
levantado do meio de Israel (Dt 18.15,18). 
Ninguém se faz profeta, pastor, evangelista, missionário, 
a não ser por um chamado, por uma designação, por um 
levantamento realizados pelo Senhor. 
E o profeta, pastor, evangelista ou missionário receberá 
também mensagens da parte do Senhor para que sejam 
pregadas e ensinadas às pessoas às quais forem enviados 
por Ele. Tal como sucedeu com Jeremias, como se afirma 
no verso 9: 
“Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e 
disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na 
tua boca.” 
Estas palavras que foram colocadas na boca de Jeremias, 
seriam as revelações que lhes seriam dadas da parte de 
 
5 
 
Deus, especialmente os juízos contra o pecado de Judá e 
das nações. 
O motivo desta chamada e desta ação divina em relação 
a Jeremias, foi também declarado pelo Senhor ao 
profeta, quando lhe disse que velava sobre a Sua Palavra 
para a cumprir. 
O Senhor havia afirmado na Lei de Moisés que traria 
juízos sobre Israel e sobre as nações, no período da 
dispensação da Antiga Aliança, caso andassem desviados 
dos Seus caminhos, e agora, tal como a vara de 
amendoeira era uma planta temporã, que florescia sem 
falta, antes das demais árvores, o juízo do Senhor 
também estava amadurecido e seria cumprido tal como 
Ele havia prometido. 
 E este juízo contra Judá viria como um vapor fervente 
que sai de uma panela e que vinha desde a direção do 
Norte, porque seria de lá, de Babilônia, que viria a ruína 
de Judá, porque seriam levados para o cativeiro pelos 
babilônios e teriam suas cidades e o templo destruídos 
por eles. 
Jeremias conhecia a Palavra do Senhor, porque vivia 
numa cidade de sacerdotes (Anatote), e bem conhecia as 
ameaças de juízos da Lei contra a infidelidade de Israel, 
mas não contava que fosse exatamente ele um dos 
instrumentos chamados pelo Senhor para protestar 
diretamente contra as nações o cumprimento de todas 
aquelas ameaças previstas na Lei, e se sentiu pequeno 
demais para a grandeza e importância da tarefa que teria 
que realizar. 
 
6 
 
Jeremias começou o seu ministério no décimo segundo 
ano do reinado de Josias, o qual começou a reinar cerca 
de 638 a. C., quando era ainda menino, com apenas oito 
anos de idade, tendo reinado durante 31 anos. 
Então, Jeremias começou seu ministério por volta de 626 
a. C., ou seja, treze anos após Josias ter começado a 
reinar. 
Como seu ministério se estendeu até Judá ter sido levado 
para o cativeiro em 586 a. C. e se prolongando ainda por 
um pequeno tempo depois disto, então temos um tempo 
superior a 40 anos para a sua duração total. 
Foi somente no décimo oitavo ano do seu reinado que o 
rei Josias começou a empreender suas reformas 
religiosas em Judá, depois de ter sido achado o original 
do livro da Lei no templo (II Reis 22.3, 10). 
Nesta ocasião, Jeremias se encontrava no sexto ano do 
seu ministério, mas ainda não tinha sido feito notório ao 
rei, porque em vez de mandar consultá-lo acerca das 
ameaças contidas no livro da Lei, o rei mandou que fosse 
consultada a profetiza Hulda (II Reis 22.13,14). 
Nesta altura do nosso comentário nós lembramos das 
palavras proferidas pelo profeta Samuel ao rei Saul, 
quando este desobedecendo à ordem do Senhor poupou 
o rei Agague dos amalequitas, e os animais do seu 
rebanho sob o pretexto de que pretendia oferecê-los 
como sacrifício a Deus: 
“Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos 
e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua Palavra?” (I 
Sm 15.22 a). 
 
7 
 
Realmente este é o único modo de se servir e agradar ao 
Senhor, a saber, honrar e cumprir a Sua Palavra. 
E foi isto que o rei Josias se dispôs a fazer quando o livro 
da lei foi achado no templo pelo sacerdote Hilquias. 
Por que havia tantos altares espalhados em todas as 
nações, como também em Israel e Judá? 
Por que eram oferecidos tantos sacrifícios e tanto 
incenso era queimado nestes altares? 
Não era porque eles queriam alcançar o favor dos seus 
deuses? 
Sim, não há dúvida. Eram dias de muitas guerras, muitas 
enfermidades e poucos recursos médicos, e não eram 
raras as mortes por simples infecções. 
Então tudo isto chamava a necessidade da proteção de 
um ser superior, de uma divindade à qual se pudesse 
recorrer, não somente na hora da necessidade, mas em 
todo o tempo para se prevenir do mal. 
Mas por que os israelitas faziam isto sabendo que o 
Senhor o havia proibido expressamente na Lei de Moisés 
e mostrava o Seu desagrado pelas palavras dos profetas 
e de todos os juízos que trazia sobre eles? 
Simplesmente porque lhes era mais cômodo seguir os 
costumes das nações pagãs e continuarem fazendo a 
própria vontade pecaminosa e supersticiosa deles do que 
se submeterem aos mandamentos e à vontade do 
Senhor. 
Este é basicamente o problema com a maioria da 
humanidade até os dias de hoje, porque não consegue 
entender que não é possível ter as bênçãos de Deus e 
 
8 
 
agradar-Lhe quando não se vive para obedecer a Sua 
Palavra, tal como o profeta Samuel havia dito ao rei Saul. 
Nós podemos assim entender porque não há qualquer 
eficácia diante do Senhor no simples fato de alguém 
entrar num templo e se submeter aos ritos religiosos que 
ali se praticam, quando não se tem este caminhar na Sua 
presença, por um desejo de se cumprir os Seus 
mandamentos, sabendo que não é o mero rito religioso 
que lhe agrada, senão a verdadeira obediência da Sua 
Palavra. 
E isto não mudou na dispensação da graça, porque tanto 
no Antigo, quanto no Novo Testamento, se aprende 
sobre a vontade imutável de um Deus imutável quanto à 
obediência que é devida à Sua Palavra. 
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as 
põe em prática, será comparado a um homem prudente, 
que edificou a casa sobre a rocha.” (Mt 7.24). 
“E assim por causa da vossa tradição invalidastes a 
palavra de Deus.”Mt 15.6). 
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não 
passarão.” (Mc 13.31). 
 “Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos 
são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.” 
(Lc 8.21). 
“Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que 
ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lc 11.28). 
“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós 
permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois 
meus discípulos;” (Jo 8.31). 
 
9 
 
“Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós 
não as ouvis, porque não sois de Deus.” (Jo 8.47). 
“Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já 
tem quemo julgue; a palavra que tenho pregado, essa o 
julgará no último dia.” (Jo 12.48). 
“Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a 
minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e 
faremos nele morada.” (Jo 14.23). 
“Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras 
permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será 
feito.” (Jo 15.7). 
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (Jo 
17.17). 
 “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, 
enganando-vos a vós mesmos.” (Tg 1.22). 
“mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente 
se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E 
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, 
esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado 
de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (Jo 
14.21). 
Quando lemos todos estes textos bíblicos sacados do 
Novo Testamento sobre a necessidade de se guardar a 
Palavra de Deus, é que nós podemos entender melhor de 
que espírito estava imbuído o rei Josias. 
Ele queria agradar ao Senhor completamente, e percebeu 
que havia somente um modo de fazê-lo: por uma estrita 
obediência aos Seus mandamentos. 
 
 
10 
 
Por um desejo intenso de guardá-los em todas as suas 
minúcias, sabendo que eles expressam a vontade do 
Deus Altíssimo para todos os Seus filhos. 
Não faz justiça à piedade de Josias pensar que ele se 
dispôs a guardar a Palavra de Deus somente porque 
temeu os juízos que estavam proferidos na Lei de Moisés 
sobre o pecado que Deus traria sobre os judeus, por 
terem transgredido os Seus mandamentos, e em razão 
das ameaças dos castigos previstos na Lei. 
Obviamente que tais juízos encheram de temor o Seu 
coração mas foi por um genuíno amor à vontade do 
Senhor revelada na Sua Palavra que ele se dispôs 
completamente a praticá-la. 
Por que então teria o Senhor determinado o cativeiro de 
Judá, mesmo nos dias em que Josias empreendia suas 
reformas religiosas, e de estar se agradando tanto da vida 
deste rei piedoso? 
Nós achamos a resposta para esta pergunta em II Reis 23, 
no qual podemos ver quantas abominações havia em 
Judá quando o rei Josias começou a destruí-las; e ao 
mesmo tempo, o quanto os judeus estavam 
negligenciando as ordenanças da Lei de Moisés, como por 
exemplo o terem deixado de celebrar a páscoa; da qual 
se diz no verso 22, que não vinha sendo celebrada desde 
os dias dos Juízes. 
O fato de Deus ter suportado por tanto tempo as 
transgressões da sua Lei pelos israelitas, a par dos juízos 
que trouxe sobre eles por causa destas transgressões, 
demonstra quão grandes são realmente a Sua 
misericórdia e longanimidade, pois não estamos falando 
11 
 
de dias, mas de séculos, porque desde Moisés até Josias, 
nós temos cerca de 800 anos. 
E deve ser considerado que a par de que eles seriam 
levados para o cativeiro, e até mesmo de terem ficado 
sem profetas durante os 400 anos do período 
interbíblico, e ainda, depois de terem sido espalhados 
pelo mundo após 70 d. C., Deus não havia rejeitado 
definitivamente os judeus, conforme é afirmado pelo 
apóstolo Paulo no 11º capítulo da epístola aos Romanos 
(v. 1 a 6); e nos versículos 11 e 12 deste mesmo capítulo, 
ele expõe que o motivo de os israelitas terem tropeçado 
já havia sido previsto por Deus de maneira a poder se 
voltar também para os gentios, mas não deixando a Israel 
de lado, porque foi este povo que Ele havia plantado para 
trazer através dele a salvação a todo o mundo. 
Como poderia então o Senhor rejeitar definitivamente a 
quem havia formado e elegido para tão grande vocação 
de ser bênção para o mundo? 
E sem qualquer outra consideração somente o fato de 
termos recebido através deles as Escrituras já justifica a 
importância desta nação para Deus. 
Por isso, a salvação em Cristo sempre permanecerá 
aberta para eles, e até mesmo com prioridade, conforme 
o próprio Deus estabeleceu no princípio da pregação do 
evangelho, porque o mundo tem uma dívida para com os 
judeus, e não admira portanto que esta porta para a 
salvação esteja aberta para eles para serem enxertados 
de novo na oliveira santa e na videira verdadeira que 
é o Senhor Jesus (Rom 11.23), da qual, na verdade, eles 
 
12 
 
nunca teriam sido cortados se permanecessem na 
fidelidade que é devida ao Senhor. 
Então nós só podemos entender que o brasume da Sua 
ira demonstrado contra os judeus nos dias de Josias, 
mesmo em meio às reformas que aquele rei estava 
empreendendo tinha a ver com a visitação dos pecados 
deles para serem purificados da sua idolatria, como 
efetivamente foram depois de terem sido levados cativos 
para Babilônia, porque os que retornaram de Babilônia 
para Jerusalém 70 anos depois do cativeiro, podem ser 
chamados de fato de judeus novos, porque 
demonstravam agora um grande apreço pela Palavra do 
Senhor e haviam sido curados definitivamente do pecado 
da idolatria, que era tão comum nos dias dos Juízes e dos 
Reis de Israel. 
De sorte que a afirmação que se lê nos versos 26 e 27 de 
II Reis 23, que o Senhor, apesar de toda a fidelidade de 
Josias, não se demoveu do ardor da Sua grande ira, com 
que ardia contra Judá, e que o levara a decidir por 
expulsá-los da terra, tanto como fizera ao reino de Israel, 
não significava que não estivesse se agradando das coisas 
que Josias e muitos do povo estavam fazendo para 
obedecer a Sua Palavra, mas que não seria isto que 
suspenderia os juízos previstos na Lei, quanto a serem 
expulsos da terra, porque na Sua presciência o Senhor 
sabia que sempre continuariam idolatrando, e somente 
seriam convencidos de que foi a idolatria deles a causa 
do Seu desagrado e juízos, quando fossem conduzidos 
para o cativeiro, onde aprenderiam definitivamente que 
é uma vida reta com Deus que livra do mal, e não altares, 
13 
 
templos etc, porque Ele permitiria que o próprio templo 
de Jerusalém fosse totalmente destruído e saqueado 
pelos babilônios. 
E foi por isso que antes de fazê-lo Ele lhos anunciou pelos 
profetas, dizendo que não somente rejeitaria ao Seu 
povo como ao Seu próprio templo que ele mandara 
edificar nos dias de Salomão, e para este propósito 
Jeremias havia sido também levantado por Deus. 
Ele havia sido separado (santificado – v. 5) por Deus para 
o ofício profético desde antes de ter sido formado no 
ventre, ou seja, desde antes da fundação do mundo, 
conforme Seu conselho eterno. 
A incapacidade que Jeremias sentiu para o exercício da 
função para a qual estava sendo designado, confirmava 
que de fato aquele era um trabalho para ser feito pelo 
próprio poder de Deus através dele, de maneira que ao 
dizer que não sabia falar porque era um menino (v. 6), 
não foi duramente repreendido pelo Senhor, mas apenas 
advertido para que não dissesse que era um menino, 
porque deveria ir a todos aos quais fosse enviado por Ele, 
e lhes dizer tudo quanto Lhe ordenasse para ser dito (v. 
7), e que não deveria temer a face do homem, porque 
seria com ele para livrá-lo deles (v. 8). 
Jeremias foi capacitado e ungido por Deus para o 
ministério, quando o Senhor estendeu a Sua mão e lhe 
tocou a boca dizendo que estava colocando as Suas 
palavras na sua boca (v. 9). 
E lhe instruiu quanto à autoridade que lhe estava 
conferindo para arrancar e derrubar nações, porque seria 
por Sua boca, que o Senhor profetizaria sobre a queda de 
14 
 
Judá, de Babilônia e de outros reinos, bem como acerca 
daqueles que passariam a exercer domínio na terra. 
E não somente isto, ele também receberia autoridade 
para profetizar o que seria destruído e arruinado nas 
nações, como consequência dos juízos de Deus, bem 
como proferiria promessas consoladoras quanto ao que 
haveria de ser restaurado e plantado pelo Senhor no 
futuro, especialmente a restauração de Judá, depois de 
cumpridos os setenta anos determinados para o seu 
cativeiro, conforme foi revelado a Jeremias (v. 10). 
Não foi um ancião que Deus chamou para protestar 
contra o pecado das nações, e especialmente de Judá, 
mas um jovem, porque os últimos quarenta anos de 
existência do reino deJudá, antes do cativeiro, deveriam 
ser acompanhados pelo profeta. Ele envelheceria 
durante a realização do seu ministério sendo um sinal de 
Deus que o juízo seria amadurecido também até o ponto 
de ser cumprido sobre toda a nação pecadora. 
Jeremias não deveria portanto temer ser menosprezado 
por sua juventude porque o poder do Senhor seria com 
ele, revelando a Judá que jovens tais como Jeremias e o 
próprio rei Josias, podiam e deviam viver uma vida 
consagrada a Ele, coisa que estava sendo rejeitada pela 
grande maioria dos judeus, quando isto era um dever de 
todos eles, na condição de povo da aliança. 
De tal maneira Jeremias foi fiel no cumprimento da 
missão de falar as palavras que Deus colocasse em sua 
boca, que tudo o que recebera da parte dEle se encontra 
registrado na Bíblia como Escritura eterna. 
 
15 
 
A Palavra de Deus continuava sendo produzida nesta 
época, e seria fechada no Antigo Testamento somente 
com o profeta Malaquias. 
É importante trazer isto em lembrança, para sabermos 
que o caráter da chamada de Jeremias era algo diferente 
da chamada comum de pastores e outros ministros do 
evangelho, porque somente a eles (profetas) e aos 
apóstolos de Cristo, foi dada a honra de receberem as 
revelações de Deus que são imutáveis, e que foram 
registradas por escrito para a instrução do Seu povo na 
verdade, vindo a ser reconhecidas como a Sua Palavra 
autorizada e canônica, para todas as gerações, Palavra 
esta que temos a incumbência de pregar, ensinar e 
defender, porque é questão fechada que a ninguém mais 
Deus estará revelando qualquer nova verdade que já não 
se encontre registrada na Bíblia. 
Uma vez comissionado o profeta, Deus lhe deu instruções 
quanto ao posicionamento que deveria ter dali por 
diante. 
Ele deveria ser achado cingido e firmemente de pé, para 
lhes dizer tudo quanto lhe ordenasse, e que não ficasse 
espantado diante deles, porque senão ele próprio seria 
espantado por Deus diante deles, ou seja, não Lhe daria 
a graça e autoridade necessárias para o desempenho da 
sua função, de maneira que viria então a ser 
menosprezado e envergonhado diante daqueles contra 
os quais pronunciaria os juízos de Deus (v. 17). 
Todavia, não deveria temer porque o Senhor havia feito 
dele uma cidade fortificada com colunas de ferro e muros 
de bronze, capaz de suportar os ataques que lhes viessem 
16 
 
de todas as partes da terra, e especialmente dos reis de 
Judá, seus príncipes, sacerdotes, bem como de todo o 
povo, que não andasse debaixo do temor do Senhor e 
que se voltasse contra Jeremias com fúria, para pelejar 
contra ele. 
Contudo o Senhor lhe fez a promessa que eles lutariam 
contra ele e o perseguiriam mas não poderiam 
prevalecer, porque o Senhor estaria com ele para livrá-lo 
(v. 19). 
O mesmo que Deus fez com Jeremias fez com Paulo, e 
com todos os servos que tem chamado para pregarem o 
evangelho e protestarem contra os pecados dos homens 
e das nações, para que se arrependam e se convertam a 
Jesus Cristo. 
 
“Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos 
sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de 
Benjamim; 
2 ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, 
filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do 
seu reinado; 
3 e lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho de 
Josias, rei de Judá, até o fim do ano undécimo de 
Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém 
foi levada em cativeiro no quinto mês. 
4 Ora veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 
5 Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes 
que saísses da madre te santifiquei; e às nações te dei por 
profeta. 
 
17 
 
6 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; 
porque sou um menino. 
7 Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou um 
menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo 
quanto te mandar dirás. 
8 Não temas diante deles; pois eu seu contigo para te 
livrar, diz o Senhor. 
9 Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e 
disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na 
tua boca. 
10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os 
reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e 
arruinares; e também para edificares e plantares. 
11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que 
vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo uma vara de 
amendoeira. 
12 Então me disse o Senhor: Viste bem; porque eu velo 
sobre a minha palavra para a cumprir. 
13 Veio a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: 
Que é que vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, que 
se apresenta da banda do norte. 
14 Ao que me disse o Senhor: Do norte se estenderá o 
mal sobre todos os habitantes da terra. 
15 Pois estou convocando todas as famílias dos reinos do 
norte, diz o Senhor; e, vindo, porá cada um o seu trono à 
entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus 
muros em redor e contra todas as cidades de Judá. 
16 E pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa 
de toda a sua malícia; pois me deixaram a mim, e 
 
18 
 
queimaram incenso a deuses estranhos, e adoraram as 
obras das suas mãos. 
17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes 
tudo quanto eu te ordenar; não te espantes diante deles, 
para que eu não te infunda espanto diante deles. 
18 Eis que hoje te ponho como cidade fortificada, e como 
coluna de ferro e muros de bronze contra toda a terra, 
contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os 
seus sacerdotes, e contra o povo da terra. 
19 E eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; 
porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.”. 
(Jeremias 1.1-19) 
 
 
 
Jeremias 2 
 
As Batalhas do Amor 
 
Se não tivermos diante de nossos olhos o propósito 
principal para o qual Deus criou o homem, que é o de 
adorá-lo, de estar em comunhão com Ele, em amor, e em 
plena alegria, e santidade, jamais poderemos entender o 
teor das palavras de repreensão dirigidas ao povo de 
Judá, no segundo capítulo de Jeremias, que mais 
parecem um lamento do que uma repreensão. 
Não poderemos também entender esta mensagem se 
nos falta a devida santidade de vida, e espiritualidade, 
19 
 
porque as coisas aqui tratadas são espirituais e não 
carnais, sobrenaturais e não naturais. 
A expressão da alegria espiritual que se vê na face de 
Deus quando está em comunhão com o Seu povo, 
quando este anda em Seus caminhos, não pode ser vista 
a não ser por uma experiência real e pessoal disto, senão 
veremos ao Senhor como um Deus carrancudo e 
impaciente com nossas fraquezas, quando isto não é 
verdade e não corresponde ao Seu caráter. 
Deus é bom, puro, alegre, amável, gentil, amoroso, mas 
não pode, por causa da Sua perfeita justiça, ser conivente 
com o erro deliberado, com o espírito de rebeldia que 
endurece o coração do homem e que o leva a viver por 
escolha, debaixo da escravidão do pecado. 
Deus quer manifestar Sua alegria, Seu amor, Sua 
misericórdia e bondade, mas como poderá fazê-lo para 
com aqueles que lutam contra Ele e contra Sua vontade, 
como inimigos ferrenhos? 
Podemos dizer que Deus criou o homem para se 
alegrarem mutuamente. Mas que alegria pode ter um pai 
com um filho rebelde? Este é o ponto, para que possamos 
entender não apenas as repreensões do segundo capítulo 
de Jeremias, bem como as que permeiam toda a Bíblia. 
Então é basicamente a tristeza de Deus por causa dos 
pecados do Seu povo, que impediam a comunhão com 
eles, o que encontramos em Jeremias 2. 
Por isso somos exortados na Igreja de Cristo a também 
 
 
 
20 
 
não entristecermos o Espírito Santo com os nossos 
pecados, porque é o pecado que quebra a nossa 
comunhão com Deus, e por conseguinte, a possibilidade 
de nos alegrarmos nEle, e Ele em nós. 
“mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e 
o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu 
rosto de vós, de modo que não vos ouça.” (Is 59.2) 
Quanto os judeus haviam desprezado ao Senhor com as 
suas idolatrias e injustiças! 
Quanto haviam desprezado a aliança que havia feito com 
eles! 
Elelhes havia dado esta grande honra, e no entanto, eles 
a haviam desprezado totalmente. 
Deus tem proposto uma aliança com os homens de todas 
as nações, por meio do sangue de Cristo, mas a grande 
maioria da humanidade tem desprezado este sangue 
precioso, e tão maravilhosa aliança, que livra da morte 
eterna para a vida eterna; das trevas para a luz; da 
escravidão para a liberdade. 
Deveríamos aprender então, desta primeira mensagem 
que foi dada por Deus para ser proclamada aos judeus, 
para não incorrermos nos mesmos erros deles, e 
consequentemente, cairmos no desagrado de Deus, em 
vez de agradá-lO. 
Primeiro, devemos evitar a ingratidão por todo o amor 
que o Senhor tem por nós, e por todos os livramentos que 
nos tem dado, tal como fizera com Israel no passado, e os 
judeus dos dias de Jeremias haviam esquecido de trazer 
isto em lembrança (v.Jer 2.2; 3). 
 
21 
 
Em segundo lugar, o Senhor jamais fará qualquer 
injustiça, especialmente no tocante ao Seu povo. Então 
porque deixamos Aquele que é perfeitamente justo, para 
seguirmos nossos caminhos e pensamentos de vaidade? 
(v. 5) 
Além disso, por que não buscamos o Senhor todos os dias 
de nossas vidas, lembrando os Seus poderosos feitos 
relativos à Sua Igreja, tal como havia feito com Israel no 
passado? (v. 6) 
Como podemos esquecer que ainda que tenhamos que 
trabalhar, semeando, juntando em celeiros, comendo o 
pão com o suor do rosto, no entanto, não é o Senhor que 
faz brotar o pão da terra? 
Como podemos dar as costas para um Deus provedor que 
garante a nossa subsistência? 
Usaremos a terra que ele nos tem dado por herança, para 
praticarmos nela abominações, contaminando-a com os 
nossos pecados? (v. 7) 
Nos dias de Jeremias, até mesmo os sacerdotes haviam 
deixado de buscar ao Senhor, e apesar de terem o 
encargo de ensinarem a Sua Palavra, não O conheciam, 
de modo que os governantes não eram justos e 
prevaricavam contra o Senhor, e falsos profetas 
profetizaram por Baal, e falando de coisas que não são de 
qualquer proveito (v. 8). 
Portanto, o Senhor tinha uma contenda com eles, e até 
mesmo com as gerações que se levantariam depois deles, 
porque Ele, o Senhor, não muda (v. 9). 
Nenhuma nação pagã da terra havia renegado os seus 
falsos deuses e continuavam adorando fielmente as 
22 
 
obras das suas próprias mãos, contudo, Israel havia 
abandonado o único Deus verdadeiro, que havia entrado 
em aliança somente com eles, e não com qualquer outra 
nação da terra (v. 10,11). 
Como eles não poderiam ficar espantados com o horror 
desta realidade, por causa do endurecimento no pecado, 
então o Senhor apelou para os céus, onde há somente 
verdade, e seres santos, para que ficassem horrorizados 
e desolados com tal impiedade dos judeus, porque não 
somente haviam abandonado o Senhor, o manancial da 
vida eterna, como estavam tentando fazer valer a sua 
própria forma de adoração de Deus, baseada nas 
idolatrias e abominações que eles praticavam, e que 
haviam adotado no lugar da Palavra do Senhor (v. 12,13). 
Israel fora libertado do Egito para não mais ser servo, no 
entanto, haviam escolhido permanecer debaixo de 
escravidão, tal como os crentes gálatas nos dias de Paulo 
(Gál 5.1). 
Então os de Judá, deveriam aprender com os juízos que 
vieram sobre Israel (Reino do Norte), cujas terras se 
encontravam desoladas nos dias de Jeremias, por que 
haviam sido levados para o cativeiro pelos assírios desde 
722 a. C., ou seja, cerca de 100 anos antes de Jeremias ter 
começado o seu ministério (v. 14-16). 
Como Judá havia abandonado ao Senhor, tanto como 
havia feito Israel, então seriam também alvo do mesmo 
tipo de juízo que eles haviam sofrido, porque seriam 
castigados por causa da sua malícia, e repreendidos por 
causa das suas apostasias, de modo que pudessem 
entender quão duro e amargo é o povo de Deus lhe voltar 
23 
 
as costas, porque Ele não deixará de castigá-lo, assim 
como um pai faz com o seu filho. 
Eles veriam quão amargo é não ter o temor de Deus 
diante de si, porque quando se perde o temor do Senhor, 
automaticamente se deixa de andar nos Seus caminhos, 
porque Ele passa a ser tido por nada, por aqueles que se 
deixam enredar pelo pecado. 
Judá, de há muito, havia quebrado o jugo da obediência 
devida ao Senhor, e tudo o que o ligava a Ele, decidindo 
voluntariamente não servi-lO mais, para poder se 
entregar às suas práticas idolátricas (v. 20). 
Como puderam fazer uma tal coisa, uma vez que haviam 
sido plantados pelo próprio Senhor, de uma semente 
inteiramente fiel, ou seja, dos seus patriarcas, que eram 
homens de fé, e em vez de permanecerem na sua 
vocação, acabaram se tornando numa planta degenerada 
(v. 21). 
Judá não poderia purificar a si mesma, e ainda que o 
tentasse, a mancha da iniquidade deles permaneceria 
diante de Deus (v. 22). 
Somente a justiça do Senhor, quando nos é concedida por 
graça e misericórdia, pode nos purificar de nossas 
impurezas (v. 22). 
Se tal era a grandeza do pecado de Judá, como podiam 
continuar afirmando que não estavam contaminados, e 
mentindo que não haviam andado após Baal? 
No entanto, nada escapa aos olhos do Senhor, e ele 
conhecia todos os lugares escondidos do vales onde 
fizeram suas ofertas aos demônios, pensando que não 
 
24 
 
sendo vistos pelos homens, não estavam sendo vistos 
pelo Deus onisciente, que tudo sabe e vê (v. 23). 
Judá não vivia pelo espírito, mas pelos instintos naturais, 
de modo que sempre estaria pronta para o pecado, e 
para toda adoração de natureza carnal (v. 24). Qualquer 
tentação que lhes viesse não poderia ser, portanto, 
vencida por eles. 
Judá estava correndo para os seus amantes espirituais 
(ídolos e falsos deuses) mas é lembrada que deveria 
evitar a que viesse a andar descalço e com sede, porque 
quando fosse levado para o cativeiro por causa dos seus 
pecados, já não correria mais com os pés calçados para 
os seus ídolos, e saciada em sua sede, porque seriam 
conduzidos para uma terra estranha com os pés 
descalços e teriam sede na longa caminhada que teriam 
que fazer a pé, para a terra do cativeiro (v. 25). 
Eles seriam surpreendidos, como alguém que tem a sua 
casa arrombada inesperadamente por um ladrão. Assim 
ficariam os reis, os príncipes, os sacerdotes e os profetas 
de Judá que estavam idolatrando e chamando ao pau e à 
pedra de seu pai. 
Quando o juízo lhes sobreviesse e se encontrando em 
angústia se voltariam para o Senhor lhe pedindo que os 
livrasse, mas teriam como resposta da parte dEle que 
fossem buscar tal auxílio nos deuses que vinham 
adorando (v. 26-28). 
Ninguém poderia livrar Judá dos juízos pronunciados 
pelo Senhor, nem mesmo as nações com as quais 
tentariam entrar em aliança para serem livrados de 
Babilônia, como por exemplo a Assíria e o Egito. 
25 
 
Eles haviam desprezado as correções do Senhor, e Lhe 
haviam abandonado por inumeráveis dias, de modo que 
nada poderia lhes livrar da sentença do cativeiro, nem 
mesmo as reformas que o rei Josias estava 
empreendendo no país. 
Deus conhece o coração, e sabia que eles estavam 
somente se sujeitando externamente às ordenanças do 
citado rei. 
Eles estavam se arrependendo superficialmente, mas não 
de coração, conforme podemos ver em todo o livro do 
profeta Jeremias, que ultrapassou em muitos anos o 
período de reinado de Josias. 
Judá se proclamava um povo livre, e portanto não queria 
se submeter aos mandamentos de Deus. Isto nos faz 
lembrar muito aqueles na Igreja que a pretexto de 
estarem debaixo da graça, são, no entanto, livres para 
continuarem pecando. 
Até mesmo as vestes de muitos em Judá estavam 
manchadas pelo sangue de crianças inocentes, que 
haviam sido oferecidas como sacrifício à divindade 
moabita, chamada Moloque, e apesar disso ainda se 
diziam inocentes, e que não haveria nenhuma ira de 
qualquer juízo de Deus sobre eles. 
Todavia o Senhor entraria em juízo com eles, exatamente 
porque estavam afirmando que não haviam pecado (v. 
34, 35). Quando o homem se endurece e considera que 
não necessita de arrependimento,como poderá ser 
perdoado por Deus? 
 
 
26 
 
UMA BREVE REFLEXÃO PARA ENTENDER AS CONTENDAS 
DE DEUS COM O HOMEM PECADOR 
 
Não se trata de uma batalha física. Não é uma guerra ao 
molde humano, com canhões e mísseis. 
Se fosse algo de ordem de mera conquista de territórios, 
ou de se submeter uma nação ao jugo da servidão, Deus 
poderia fazê-lo com um simples sopro de Sua boca. 
Se quisesse destruir toda a humanidade de sobre a face 
da terra, poderia fazê-lo num único instante. 
Mas nunca foi este o seu objetivo na contenda que tem 
com a humanidade pecaminosa. 
Sua guerra é de cunho moral e de santidade. 
Sua vitória está em conduzir o homem decaído no 
pecado, à Sua própria santidade. 
As batalhas desta guerra são empreendidas para 
submeter o mal e estabelecer o bem, não no exterior, 
mas no coração de cada pessoa. 
As armas são espirituais: oração, louvor, pregação da 
verdade. 
O campo de batalha é o coração humano. 
O motivo da guerra é o amor de Deus pela 
humanidade criada por Ele, para viver no amor, na 
justiça e na verdade. 
 
“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 
2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim 
diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua 
mocidade, do teu amor quando noiva, de como me 
seguiste no deserto, numa terra não semeada. 
27 
 
3 Então Israel era santo para o Senhor, primícias da sua 
novidade; todos os que o devoravam eram tidos por 
culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor. 
4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e todas as 
famílias da casa de Israel; 
5 assim diz o Senhor: Que injustiça acharam em mim 
vossos pais, para se afastarem de mim, indo após a 
vaidade, e tornando-se levianos? 
6 Eles não perguntaram: Onde está o Senhor, que nos fez 
subir da terra do Egito? que nos enviou através do 
deserto, por uma terra de ermos e de covas, por uma 
terra de sequidão e densas trevas, por uma terra em que 
ninguém transitava, nem morava? 
7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o 
seu fruto e o seu bem; mas quando nela entrastes, 
contaminastes a minha terra, e da minha herança fizestes 
uma abominação. 
8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os 
que tratavam da lei não me conheceram, e os 
governadores prevaricaram contra mim, e os profetas 
profetizaram por Baal, e andaram após o que é de 
nenhum proveito. 
9 Portanto ainda contenderei convosco, diz o Senhor; e 
até com os filhos de vossos filhos contenderei. 
10 Pois passai às ilhas de Quitim, e vede; enviai a Quedar, 
e atentai bem; vede se jamais sucedeu coisa semelhante. 
11 Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que 
contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua 
glória por aquilo que é de nenhum proveito. 
 
28 
 
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! ficai 
verdadeiramente desolados, diz o Senhor. 
13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me 
deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si 
cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. 
14 Acaso é Israel um servo? É ele um escravo nascido em 
casa? Por que, pois, veio a ser presa? 
15 Os leões novos rugiram sobre ele, e levantaram a sua 
voz; e fizeram da terra dele uma desolação; as suas 
cidades se queimaram, e ninguém habita nelas. 
16 Até os filhos de Mênfis e de Tapanes te quebraram o 
alto da cabeça. 
17 Porventura não trouxeste isso sobre ti mesmo, 
deixando o Senhor teu Deus no tempo em que ele te 
guiava pelo caminho? 
18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito, 
para beberes as águas do Nilo? e que te importa a ti o 
caminho da Assíria, para beberes as águas do Eufrates? 
19 A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te 
repreenderão; sabe, pois, e vê, que má e amarga coisa é 
o teres deixado o Senhor teu Deus, e o não haver em ti o 
temor de mim, diz o Senhor Deus dos exércitos. 
20 Já há muito quebraste o teu jugo, e rompeste as tuas 
ataduras, e disseste: Não servirei: Pois em todo outeiro 
alto e debaixo de toda árvore frondosa te deitaste, 
fazendo-te prostituta. 
21 Todavia eu mesmo te plantei como vide excelente, 
uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste 
para mim uma planta degenerada, de vida estranha? 
 
29 
 
22 Pelo que, ainda que te laves com salitre, e uses muito 
sabão, a mancha da tua iniquidade está diante de mim, 
diz o Senhor Deus. 
23 Como dizes logo: Não estou contaminada nem andei 
após Baal? Vê o teu caminho no vale, conhece o que 
fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus 
caminhos; 
24 asna selvagem acostumada ao deserto e que no ardor 
do cio sorve o vento; quem lhe pode impedir o desejo? 
Dos que a buscarem, nenhum precisa cansar-se; pois no 
mês dela, achá-la-ão. 
25 Evita que o teu pé ande descalço, e que a tua garganta 
tenha sede. Mas tu dizes: Não há esperança; porque 
tenho amado os estranhos, e após eles andarei. 
26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, 
assim se confundem os da casa de Israel; eles, os seus 
reis, os seus príncipes, e os seus sacerdotes, e os seus 
profetas, 
27 que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me 
geraste. Porque me viraram as costas, e não o rosto; mas 
no tempo da sua angústia dir-me-ão: Levanta-te, e livra-
nos. 
28 Mas onde estão os teus deuses que fizeste para ti? 
Que se levantem eles, se te podem livrar no tempo da tua 
tribulação; porque os teus deuses, ó Judá, são tão 
numerosos como as tuas cidades. 
29 Por que disputais comigo? Todos vós transgredistes 
contra mim diz o Senhor. 
 
 
30 
 
30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram 
a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas 
como um leão destruidor. 
31 Óh! Que geração! Considerai vós a palavra do Senhor: 
Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma 
terra de espessa escuridão? Por que pois diz o meu povo: 
somos livres; jamais tornaremos a ti? 
32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou 
a esposa do seu cinto? todavia o meu povo se esqueceu 
de mim por inumeráveis dias. 
33 Como ornamentas o teu caminho, para buscares o 
amor! de sorte que até às malignas ensinaste os teus 
caminhos. 
34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue dos 
pobres inocentes; e não foi no lugar do arrombamento 
que os achaste; mas apesar de todas estas coisas, 
35 ainda dizes: Eu sou inocente; certamente a sua ira se 
desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, 
porquanto dizes: Não pequei. 
36 Por que te desvias tanto, mudando o teu caminho? 
Também pelo Egito serás envergonhada, como já foste 
envergonhada pela Assíria. 
 
37 Também daquele sairás com as mãos sobre a tua 
cabeça; porque o Senhor rejeitou aqueles em quem 
confiaste, e não prosperarás com eles.”. 
 
 
 
 
31 
 
Jeremias 3 
 
Volta Para Mim Esposa Infiel 
 
O terceiro capítulo de Jeremias revela quão compassivo, 
longânimo, misericordioso e perdoador é o Senhor. 
Apesar de toda a grande maldade de Judá, conforme 
descrita por Ele próprio no capítulo anterior, nós o vemos 
no segundo capítulo estendendo Sua mão, não para 
castigar, mas para chamar, para convidar Judá ao 
arrependimento. 
E Ele o faz, não em base de desconsideração para com o 
pecado, porque protesta que estava estendendo as mãos 
para uma nação infiel que estava se prostituindo. 
Era como um marido traído se dispondo a perdoar uma 
esposa infiel. 
Somente pelo apelo deste capítulo se vê quão 
endurecido estava o povo de Judá, porque seria 
impossível, recusar a um tal convite. 
Com isto nós vemos quão excessivamente maligno é o 
pecado, quanto a nos impedir de receber a graça e o 
perdão de Deus. 
Não é exatamente isto o que ocorre com a pessoas que 
recusam a graça do evangelho que lhes está sendo 
oferecida em Cristo Jesus? 
É a mesma base quanto ao convite para a aproximação, 
porque não são pessoas justas que Deus está chamando, 
 
32 
 
mas pecadores que têm transgredido os Seus 
mandamentos e vontade. 
Pessoas que têm uma natureza que é inimiga de Deus e 
dos Seus santos e justos mandamentos. 
Pessoas que têm deliberadamente voltadoas suas costas 
para Ele, apesar de lhes estar oferecendo gratuitamente 
um perdão infinito, que lhe custou um preço terrível e 
infinito: a morte de Seu Filho Jesus Cristo na cruz, 
carregando sobre Si os nossos pecados. 
O rei Josias estava empreendendo as suas reformas 
religiosas em Judá, e o Senhor interpôs com esta 
mensagem de Jeremias, para que os judeus se voltassem 
realmente de coração para Ele, e não apenas 
externamente, em cumprimento de ritos religiosos, e por 
destruírem os ídolos de madeira e de pedra que haviam 
feito para si. 
Além disso, não basta destruir os ídolos no coração, 
porque é necessário adorar ao Senhor em espírito e em 
verdade. 
O rei Josias não podia saber o que ia na verdade no 
coração do povo, mas o Senhor conhece perfeitamente a 
corrupção do coração, e por isso disse para ilustrar tal 
dureza no pecado, o fato de Judá não ter aprendido com 
os juízos que haviam sido trazidos por Ele sobre Israel; ao 
contrário, se entregaram às mesmas práticas idolátricas 
deles, e agora estavam fingindo nos dias de Josias, ter 
deixado a idolatria, que na verdade continuava em seus 
corações (v. 10). 
Eles fingiram que estavam voltando para o Senhor, e 
portanto, não o estavam fazendo de todo o coração. 
33 
 
Se o rei não podia ver isto, no entanto, era perfeitamente 
conhecido por Deus. 
O pecado de Judá era maior do que o de Israel, porque 
não tiveram a oportunidade de aprenderem com 
qualquer juízo de cativeiro que Deus tivesse trazido sobre 
Judá, porque foram para o cativeiro antes deles (Jer 
3.11). 
Então, o Senhor se voltou em misericórdias também para 
os próprios israelitas que tinham sido levados em 
cativeiro pelos assírios, lhes rogando que voltassem para 
Ele, não necessariamente que saíssem da terra do 
cativeiro, onde estavam obrigados a se encontrar, mas 
que o fizessem em espírito, de coração, que Ele os 
receberia (v. 11-13), e no tempo próprio, o Senhor, 
libertaria os que se arrependessem e os traria a Sião, 
quando esta fosse restaurada depois do cativeiro 
babilônico, e ali lhes daria pastores segundo o Seu 
coração, que lhes apascentariam com conhecimento e 
com inteligência das coisas divinas (v. 15). 
Esta profecia relativa aos pastores devotados ao Senhor 
se aplica mais especificamente ao tempo do evangelho, 
porque se diz no verso seguinte (Jer 3.16) que não haveria 
mais necessidade de se cultuar a Deus com uma arca da 
aliança, que representava a Sua presença no meio do Seu 
povo, tal como sucedia nos dias do Antigo Testamento, e 
nem haveria necessidade de que se construísse outra, 
porque isto não seria necessário nem ordenado por Ele. 
Os adoradores do Senhor no Novo Pacto não o fariam 
tendo a arca da aliança em seus pensamentos, senão ao 
 
34 
 
próprio Cristo, a quem representava em figura aquela 
arca. 
No reino do Messias, o Seu trono estará em Jerusalém, 
e Ele regerá sobre as nações, de maneira que o povo do 
Senhor não andará mais disperso e segundo o propósito 
maligno dos seus corações, porque terão sido purificados 
de todo pecado, e serão aperfeiçoados por Deus, para 
que estejam para sempre com Ele, em completa 
santidade de vida (v. 17). 
O remanescente fiel de Judá juntamente com o de Israel 
estarão juntos nestes dias de glória do reino do Messias 
(v. 18). 
Assim, seria cumprido o propósito eterno de Deus para o 
Seu povo, de ser a mais formosa terra e herança 
desejável entre as nações, sendo reconhecido como Pai 
do Seu povo, e dEle jamais se desviarão (v. 19). Veja que 
estas palavras tinham o propósito de fixar a esperança no 
coração dos israelitas, mesmo em cativeiro, para que não 
deixassem morrer a esperança messiânica, porque Deus 
tem feito boas e fiéis promessas para Israel, que se 
cumprirão no Messias. 
O propósito eterno de Deus em relação a eles não pode 
ser frustrado, e portanto, por maiores que sejam as suas 
apostasias, o Senhor sempre terá um remanescente fiel 
entre eles, porque a Sua promessa, a Sua Palavra, não 
podem falhar. 
Por causa disso, Deus estava chamando a mulher infiel 
para com o Seu marido, que havia sido o Seu povo, para 
 
 
35 
 
que voltasse para Ele, em arrependimento, com 
confissão de pecados, de maneira que pudessem 
participar desta gloriosa vocação que Ele havia planejado 
para os israelitas. 
 
“1 Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela 
se desligar dele, e se ajuntar a outro homem, porventura 
tornará ele mais para ela? Não se poluiria de todo aquela 
terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas 
ainda assim, torna para mim, diz o Senhor. 
2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê: onde 
é o lugar em que não te prostituíste? Nos caminhos te 
assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto. 
Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua 
malícia. 
3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve 
chuva tardia; contudo tens a fronte de uma prostituta, e 
não queres ter vergonha. 
4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o 
guia da minha mocidade; 
5 Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-se-á 
continuamente? Eis que assim tens dito; porém tens feito 
todo o mal que pudeste. 
6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste, 
porventura, o que fez a apóstata Israel, como se foi a todo 
monte alto, e debaixo de toda árvore frondosa, e ali 
andou prostituindo-se? 
7 E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, voltará 
para mim. Mas não voltou; e viu isso a sua aleivosa irmã 
Judá. 
36 
 
8 Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter cometido 
adultério a pérfida Israel, a despedi, e lhe dei o seu libelo 
de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; 
mas se foi e também ela mesma se prostituiu. 
9 E pela leviandade da sua prostituição contaminou a 
terra, porque adulterou com a pedra e com o pau. 
10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá 
não voltou para mim de todo o seu coração, mas 
fingidamente, diz o Senhor. 
11 E o Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-se mais 
justa do que a aleivosa Judá. 
12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do 
norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor. E não 
farei cair a minha ira sobre ti; porque misericordioso sou, 
diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira. 
13 Somente reconhece a tua iniquidade: que contra o 
Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus 
favores para os estranhos debaixo de toda árvore 
frondosa, e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor. 
14 Voltai, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque eu sou 
como esposo para vós; e vos tomarei, a um de uma 
cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião; 
15 e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais 
vos apascentarão com conhecimento e com inteligência. 
16 E quando vos tiverdes multiplicado e frutificado na 
terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A 
arca do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao 
pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; 
nem se fará outra. 
 
37 
 
17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do 
Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome 
do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão 
obstinadamente segundo o propósito do seu coração 
maligno. 
18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de 
Israel; e virão juntas da terra do norte, para a terra que 
dei em herança a vossos pais. 
19 Pensei como te poria entre os filhos, e te daria a terra 
desejável, a mais formosa herança das nações. Também 
pensei que me chamarias meu Pai, e que de mim não te 
desviarias. 
20 Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do 
seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó 
casa de Israel, diz o Senhor. 
21 Nos lugares altos se ouve uma voz, o pranto e as 
súplicas dos filhos de Israel; porque perverteram o seu 
caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus. 
22 Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade. 
Responderam eles: Eis-nos aqui, vimos a ti, porque tu és 
o Senhor nosso Deus. 
23 Certamente em vão se confia nosouteiros e nas orgias 
nas montanhas; deveras no Senhor nosso Deus está a 
salvação de Israel. 
24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o trabalho de 
nossos pais desde a nossa mocidade os seus rebanhos e 
os seus gados os seus filhos e as suas filhas. 
25 Deitemo-nos em nossa vergonha, e cubra-nos a nossa 
confusão, porque temos pecado contra o Senhor nosso 
Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o 
38 
 
dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso 
Deus.”. (Jeremias 3.1-25) 
 
 
 
Jeremias 4 
 
O Leão Alado Assassino 
 
A bênção de todas as nações gentias dependia da 
obediência de Israel, para que se trouxesse por meio 
deles o Messias ao mundo, através do qual os gentios 
seriam alcançados, e se gloriariam nEle. 
Por isso lemos o que se diz em Jeremias 4.2, e o apelo do 
Senhor dirigido aos judeus para que se voltassem para 
Ele, tirando todas as suas abominações de diante dEle, e 
não andando mais por caminhos tortuosos (Jer 4.1). 
Para que pudessem cumprir o propósito de Deus a ser 
realizado no mundo inteiro a partir deles, os israelitas 
deveriam lavrar num coração novo, e não semearem a 
Palavra de Deus nele, entre os espinhos dos cuidados do 
mundo, do fascínio das riquezas, e de todos os pecados e 
interesses mundanos (Jer 4.3). 
Além disso, mais do que circuncidarem seus prepúcios, 
deveriam circuncidar os seus corações, ou seja, mortificar 
as paixões da carne, despojar-se do velho homem, e 
assim seriam considerados de fato, circuncidados 
para o Senhor; ou seja, este seria o sinal de pertencerem 
39 
 
verdadeiramente a Ele, de estarem aliançados, conforme 
a promessa que havia feito a Abraão. 
Somente agindo de tal forma, não experimentariam o 
fogo do brasume da indignação do Senhor vindo sobre 
eles, por causa da maldades das suas obras, tal como 
havia irrompido anteriormente contra a casa de Israel 
(Reino do Norte – v. 4), depois de esperar por séculos 
seguidos, que se arrependessem. 
Isto deveria ser anunciado em toda a terra de Judá, 
especialmente em Jerusalém, sua capital, onde se 
encontrava o templo e a maior parte dos principais 
sacerdotes e anciãos de Israel. 
Eles deveriam gritar em voz alta dizendo que se 
ajuntassem para entrarem nas cidades fortificadas, ou 
seja, nas cidades de refúgio, para acharem proteção 
contra a invasão iminente de Babilônia, que em poucos 
anos os alcançaria. 
O símbolo de Babilônia era um leão alado, e por isso se 
diz no verso 7 que um leão já havia partido do seu 
bosque, que era um destruidor de nações (porque 
Babilônia subjugaria muitas nações além de Judá), e que 
faria com que suas cidades ficassem assoladas e 
desabitadas. 
O profeta convocou portanto o povo de Judá a se vestir 
de saco, lamentar e uivar, porque o ardor da ira de Deus 
não tinha se desviado deles, por causa dos seus pecados, 
dos quais não haviam se arrependido (v. 8). 
No dia em que Babilônia viesse sobre Judá o coração do 
rei e dos príncipes desfaleceria, os sacerdotes ficariam 
 
40 
 
pasmos, porque não criam que Deus permitiria a 
destruição do seu templo, e por isso confiavam que 
estariam para sempre seguros em Jerusalém, 
independentemente do modo como vivessem. 
E além disso é dito que os profetas ficariam 
maravilhados, ou seja, eles não entenderiam como lhes 
sobreviera tamanha ruína, quando pensavam que a 
mensagem de paz que pregavam em nome do Senhor era 
verdadeira (v. 9). 
Jeremias estava no início do seu ministério quando 
proferiu as palavras do verso 10 do quarto capítulo. 
Ele não conhecia ainda muito bem os juízos do Senhor, 
que se misturam às Suas misericórdias, mas somente em 
face do arrependimento. 
Então Suas promessas de paz não eram enganosas, 
conforme havia pensado o profeta, primeiro que não 
eram destinadas a todos os israelitas, senão somente aos 
que se arrependessem, conforme havia dito 
anteriormente pelo próprio profeta, e também que o 
juízo estava penetrando como uma espada na alma dos 
judeus, não propriamente por Seu desejo, mas pelas 
próprias iniquidades deles e endurecimento no pecado. 
O vento forte abrasador que viria sobre os judeus, não 
seria para remover a palha da vaidade do meio do povo 
(cirandar), nem para limpá-los de seus pecados, mas seria 
um vento de juízo, na pessoa dos cavalos e carros dos 
babilônios, que viriam para produzir destruição de 
muitos ímpios do Seu povo. 
Para estes não havia de fato nenhuma promessa de paz, 
ou de futura restauração, senão de destruição por causa 
41 
 
das suas iniquidades, das quais não queriam se desviar 
(v. 18). 
Então, em face deste juízo pronunciado direta e 
claramente por Deus, o profeta convoca Jerusalém a 
lavar o seu coração da maldade, deixando os seus maus 
pensamentos, para que pudesse ser salva (v. 14). 
Porque a calamidade que viria sobre eles era certa, e 
estava sendo proclamada desde Dã, que era a 
extremidade norte de Israel, até os montes de Efraim, a 
saber, o território da tribo principal do Reino do Norte, 
que já não mais existia, por causa do cativeiro assírio. Ou 
seja, até mesmo fora dos termos de Judá estava sendo 
proclamada a ruína que viria sobre os judeus. 
Todavia este juízo seria proclamado a todas as nações 
antes que sucedesse, para que todos soubessem que isto 
viera da parte do Senhor, por causa da iniquidade deles 
(v. 16). Para que se soubesse que o povo do Senhor havia 
se rebelado contra Ele (v. 17). 
O coração do profeta estava acelerado e aflito, e era 
grande a angústia da sua alma, porque ficara alarmado 
com tais declarações, e não poderia ficar calado, porque 
ouvira o som de alerta da trombeta de Deus, e já podia 
ouvir o alarido da guerra que se aproximava (v. 19). 
O profeta via somente destruição sobre destruição sendo 
apregoada e via toda a terra assolada, bem como as suas 
moradas, repentinamente (v. 20). 
Ele indagava em seu espírito até quando veria o 
estandarte de guerra levantado, e o toque de alerta da 
trombeta de Deus? 
 
42 
 
Então conclui que realmente Judá era um povo insensato 
que não conhecia a Deus, porque eram filhos ignorantes 
e que não entendiam os caminhos do Senhor. Eles eram 
sábios apenas para praticarem o mal, e não sabiam fazer 
o bem (v. 22). 
O profeta viu somente desolação na terra, como ela era 
no princípio, sem forma e vazia, e o mesmo ele viu em 
relação aos céus que não tinham luz. 
E até todos os montes e colinas estavam tremendo e 
estremecendo diante dos juízos de Deus. 
E a terra estava vazia, sem que houvesse nela qualquer 
pessoa, como também não havia aves no céu. 
O pecado de Judá havia atingido toda a criação. 
A criação estava gemendo e sofrendo por causa do 
pecado do povo de Deus, e da ira que seria manifestada 
sobre eles. 
De modo que as terras férteis se transformaram em 
desertos, e todas as cidades estavam derrubadas diante 
do Senhor, por causa do furor da Sua ira (v. 26). 
Então o Senhor pronunciou a sentença dos versos 27 a 29, 
onde afirmou que a sua sentença já havia sido lavrada e 
que não voltaria atrás, no entanto não consumiria a terra 
de todo. 
Diante da sentença final do Senhor, o profeta indaga o 
que Judá faria agora, chamando-a de assolada. 
Eles seriam desamparados por todas as nações com as 
quais buscassem se aliançar para fugir da destruição de 
Babilônia, que fora sentenciada sobre eles, mas por mais 
que tentassem lhes agradar, de nada adiantaria, porque 
o profeta havia ouvido uma voz, como a de uma mulher 
43 
 
que está em trabalhos de parto, angustiada para dar à luz 
o seu primogênito, e esta era a voz de Judá ofegante, 
porque a dor que sentia era como a de parto, mas não 
geraria nenhum filho, porque esta seria a dor que sentiria 
em sua alma por causa dos assassinos que dariam contra 
ela. 
 
“1 Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, se voltares para mim 
e tirares as tuas abominações de diante de mim, e não 
andares mais vagueando; 
2 e se jurares: Como vive o Senhor, na verdade, na justiça 
e na retidão; então nele se bendirão as nações, e nele se 
gloriarão. 
3 Porqueassim diz o Senhor aos homens de Judá e a 
Jerusalém: Lavrai o vosso terreno alqueivado, e não 
semeeis entre espinhos. 
4 Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso 
coração, ó homens de Judá e habitadores de Jerusalém, 
para que a minha indignação não venha a sair como fogo, 
e arda de modo que ninguém o possa apagar, por causa 
da maldade das vossas obras. 
5 Anunciai em Judá, e publicai em Jerusalém; e dizei: 
Tocai a trombeta na terra; gritai em alta voz, dizendo: 
Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortificadas. 
6 Arvorai um estandarte no caminho para Sião; buscai 
refúgio, não demoreis; porque eu trago do norte um mal, 
sim, uma grande destruição. 
7 Subiu um leão da sua ramada, um destruidor de nações; 
ele já partiu, saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma 
 
44 
 
desolação, a fim de que as tuas cidades sejam assoladas, 
e ninguém habite nelas. 
8 Por isso cingi-vos de saco, lamentai, e uivai, porque o 
ardor da ira do Senhor não se desviou de nós. 
9 Naquele dia, diz o Senhor, desfalecerá o coração do rei 
e o coração dos príncipes; os sacerdotes pasmarão, e os 
profetas se maravilharão. 
10 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! verdadeiramente 
trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, 
dizendo: Tereis paz; entretanto a espada penetra-lhe até 
a alma. 
11 Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um 
vento abrasador, vindo dos altos escalvados no deserto, 
aproxima-se da filha do meu povo, não para cirandar, 
nem para alimpar, 
12 mas um vento forte demais para isto virá da minha 
parte; agora também pronunciarei eu juízos contra eles. 
13 Eis que vem subindo como nuvens, como o 
redemoinho são os seus carros; os seus cavalos são mais 
ligeiros do que as águias. Ai de nós! pois estamos 
arruinados! 
14 Lava o teu coração da maldade, ó Jerusalém, para que 
sejas salva; até quando permanecerão em ti os teus maus 
pensamentos? 
15 Porque uma voz anuncia desde Dã, e proclama a 
calamidade desde o monte de Efraim. 
16 Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra 
Jerusalém que vigias vêm de uma terra remota; eles 
levantam a voz contra as cidades de Judá. 
 
45 
 
17 Como guardas de campo estão contra ela ao redor; 
porquanto ela se rebelou contra mim, diz o Senhor. 
 
 
 
Jeremias 5 
 
O Escassear da Justiça Abrevia o Juízo 
 
A geração de Judá dos dias do profeta Jeremias havia 
se tornado como a geração de ímpios que foi destruída 
nos dias de Noé, ou então como a geração de incrédulos 
que tombou no deserto nos dias de Moisés, com a 
agravante, de que eles tinham diante de si, séculos de 
testemunhos dos poderosos feitos do Senhor, e dos 
juízos que Ele havia trazido sobre o Seu povo no passado, 
especialmente no período dos Juízes. 
Todavia, não se arrependeram e se fizeram piores do que 
eles. 
Daí o rigor das repreensões e das sentenças de juízos que 
receberam da parte de Deus. 
Eles faziam jus a tudo o que o Senhor disse deles no final 
do quinto capítulo de Jeremias (v. 25 a 31). 
O que foi resumido pelo Senhor em poucas palavras no 
início do capítulo, bem expressa que tais atos de 
iniquidade eram a consequência de não se achar nas ruas 
de Jerusalém uma só pessoa que praticasse a justiça e 
buscasse a verdade, e mesmo aqueles que diziam viver 
46 
 
para o Senhor com juramento, faziam isto com lábios 
falsos. Eram falsos religiosos e não pessoas justas que O 
amassem de fato (Jer 5.1,2). 
Deus lhes havia ferido com os Seus castigos, mas eles não 
emendaram os seus caminhos, porque estavam 
insensíveis para os Seus juízos; e mesmo quando eram 
consumidos se recusavam a receber a correção, e tendo 
endurecido as suas faces se recusavam a voltar para o 
Senhor. 
É aqui que devemos entender que não basta pregar aos 
homens que Jesus é o Salvador, que a Sua graça está 
disponível para todos os que crerem nEle, e que é pela 
graça, mediante a fé nEle que somos salvos. 
Porque não faz sentido Deus declarar que uma pessoa é 
justa pela graça por causa da sua fé (justificação) quando 
esta pessoa continua na prática dos seus antigos pecados 
e não se volta para o Senhor para uma verdadeira 
santificação da sua vida. 
Por isso Ele não somente justifica quando a pessoa crê de 
fato, Ele também regenera, isto é, Ele faz com que tal 
pessoa nasça de novo do Espírito, e além disso, o mesmo 
Espírito haverá de impulsionar o crente à perseverança, 
porque é pela evidência da santificação, que se pode ter 
a certeza da salvação. 
Veja o caso de Judá que dizia pertencer ao Senhor, que 
eram descendentes de Abraão, que tinham o templo, e a 
Lei de Deus e a aliança com Ele. 
No entanto, o que encontramos sendo proferido pelo 
próprio Deus contra eles no livro de Jeremias? 
 
47 
 
São meras afirmações dos lábios, como eles faziam, que 
podem ser falsas, que podem garantir a salvação de uma 
pessoa? 
Certamente não. 
Deus requer vida transformada e santificada. 
Testemunho de uma nova vida. 
Por isso nos justifica pela graça, mediante a fé, com base 
na obra que Cristo fez em nosso favor. Para que 
possamos viver de modo digno dEle, e conforme a Sua 
vontade. 
Por isso lemos em Jeremias 5.4 que os olhos de Deus 
atentam para a verdade, e que Ele nos corrige com o fim 
de nos voltarmos para Ele. 
Tanto os pequenos quanto os grandes do povo de Judá se 
encontravam na mesma condição de falta de 
conhecimento dos caminhos do Senhor, e entregues ao 
pecado (Jer 5.4,5). 
Então eles haviam sido colocados no cerco do Senhor 
para serem destruídos, porque eram muitas as suas 
transgressões, e haviam multiplicado sobremaneira as 
suas apostasias, e caso tentassem fugir de Judá seriam 
destruídos pelos animais selvagens (Jer 5.6). 
Eles não mostravam sinais de arrependimento e assim 
não poderiam ser perdoados, porque a condição básica 
para o perdão é o arrependimento (mudança de mente e 
de vida). 
Eles não somente se entregaram à prática da idolatria, 
como à do adultério, e não poderiam portanto, deixar de 
receber o justo castigo do Senhor, por causa das suas 
práticas (v. 7 a 9). 
48 
 
O Senhor os castigaria porque se recusavam a reconhecê-
lo como o Deus deles, e afirmavam descaradamente que 
não lhes sobreviria qualquer juízo da parte dEle, quer sob 
a forma de fome ou de guerra contra as nações inimigas 
de Judá. 
Como eles haviam desprezado ao Senhor e à Sua Palavra, 
dando ouvidos a falsos profetas, então Deus faria com 
que a Sua Palavra fosse como fogo na boca de Jeremias, 
e eles como lenha, para serem consumidos por ela. 
Então foram declaradas as assolações que os babilônios 
fariam na terra de Judá. 
Todavia o Senhor manteria um remanescente no meio do 
Seu povo (v. 18). 
Contudo, os que fossem para o cativeiro, e que não 
fossem mortos em Judá, saberiam que foram enviados a 
servir um povo estrangeiro numa terra que não lhes 
pertencia, porque haviam servido a deuses estranhos na 
sua própria terra (v. 19). 
Este juízo deveria ser proclamado não somente em Judá, 
mas ao remanescente de Israel, que havia permanecido 
no que sobrou do Reino do Norte. 
Mais uma vez Deus chamou Judá de povo insensato, 
porque não tinha o Seu temor, porque sem temer o 
Senhor é impossível chegar a ter a verdadeira sabedoria, 
que é o real conhecimento pessoal de Deus, porque Ele a 
concede somente aos que O temem (v. 21-24). 
 
“1 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e 
informai-vos, e buscai pelas suas praças a ver se podeis 
 
49 
 
achar um homem, se há alguém que pratique a justiça, 
que busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela. 
2 E ainda que digam: Vive o Senhor; de certo falsamente 
juram. 
3 Ó Senhor, acaso não atentam os teus olhos para a 
verdade? feriste-os, porém não lhes doeu; consumiste-
os, porém recusaram receber a correção; endureceram as 
suas faces mais do que uma rocha; recusaram-se a voltar. 
4 Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; são 
insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem a 
justiça do seu Deus. 
5 Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem 
o caminho do Senhor, e a justiça doseu Deus; mas 
aqueles de comum acordo quebraram o jugo, e 
romperam as ataduras. 
6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo dos 
desertos os destruirá; um leopardo vigia contra as suas 
cidades; todo aquele que delas sair será despedaçado; 
porque são muitas as suas transgressões, e multiplicadas 
as suas apostasias. 
7 Como poderei perdoar-te? pois teus filhos me 
abandonaram a mim, e juraram pelos que não são 
deuses; quando eu os tinha fartado, adulteraram, e em 
casa de meretrizes se ajuntaram em bandos. 
8 Como cavalos bem nutridos, andavam rinchando cada 
um à mulher do seu próximo. 
9 Acaso não hei de castigá-los por causa destas coisas? 
diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação 
como esta? 
 
50 
 
10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, porém, 
uma destruição final; tirai os seus ramos; porque não são 
do Senhor. 
11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim 
a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor. 
12 Negaram ao Senhor, e disseram: Não é ele; nenhum 
mal nos sobrevirá; nem veremos espada nem fome. 
13 E até os profetas se farão como vento, e a palavra não 
está com eles; assim se lhes fará. 
14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos: 
Porquanto proferis tal palavra, eis que converterei em 
fogo as minhas palavras na tua boca, e este povo em 
lenha, de modo que o fogo o consumirá. 
15 Eis que trago sobre vós uma nação de longe, ó casa de 
Israel, diz o Senhor; é uma nação forte, uma nação antiga, 
uma nação cuja língua ignoras, e não entenderás o que 
ela falar. 
16 A sua aljava é como uma sepultura aberta; todos eles 
são valentes. 
17 E comerão a tua sega e o teu pão, que teus filhos e tuas 
filhas haviam de comer; comerão os teus rebanhos e o 
teu gado; comerão a tua vide e a tua figueira; as tuas 
cidades fortificadas, em que confias, abatê-las-ão à 
espada. 
18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei 
de vós uma destruição final. 
19 E quando disserdes: Por que nos fez o Senhor nosso 
Deus todas estas coisas? então lhes dirás: Como vós me 
deixastes, e servistes deuses estranhos na vossa terra, 
assim servireis estrangeiros, em terra que não é vossa. 
51 
 
20 Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o em Judá, 
dizendo: 
21 Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem 
entendimento, que tendes olhos e não vedes, que tendes 
ouvidos e não ouvis: 
22 Não me temeis a mim? diz o Senhor; não tremeis 
diante de mim, que pus a areia por limite ao mar, por 
ordenança eterna, que ele não pode passar? Ainda que 
se levantem as suas ondas, não podem prevalecer; ainda 
que bramem, não a podem traspassar. 
23 Mas este povo é de coração obstinado e rebelde; 
rebelaram-se e foram-se. 
24 E não dizem no seu coração: Temamos agora ao 
Senhor nosso Deus, que dá chuva, tanto a temporã como 
a tardia, a seu tempo, e nos conserva as semanas 
determinadas da sega. 
25 As vossas iniquidades desviaram estas coisas, e os 
vossos pecados apartaram de vós o bem. 
26 Porque ímpios se acham entre o meu povo; andam 
espiando, como espreitam os passarinheiros. Armam 
laços, apanham os homens. 
27 Qual gaiola cheia de pássaros, assim as suas casas 
estão cheias de dolo; por isso se engrandeceram, e 
enriqueceram. 
28 Engordaram-se, estão nédios; também excedem o 
limite da maldade; não julgam com justiça a causa dos 
órfãos, para que prospere, nem defendem o direito dos 
necessitados. 
 
 
52 
 
29 Acaso não hei de trazer o castigo por causa destas 
coisas? diz o senhor; ou não hei de vingar-me de uma 
nação como esta? 
30 Coisa espantosa e horrenda tem-se feito na terra: 
31 os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes 
dominam por intermédio deles; e o meu povo assim o 
deseja. Mas que fareis no fim disso?”. (Jeremias 5.1-31) 
 
 
 
Jeremias 6 
 
Não Ajuntou na Verdade se Espalhou na Mentira 
 
O nono capítulo de Jeremias descreve a que nível havia 
chegado a iniquidade dos judeus nos dias de Jeremias. 
Deus havia formado Israel para ser um povo pelo qual 
pudesse ser conhecido por todas as nações da terra, pelo 
que vissem neles. 
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo: tornar Deus 
conhecido pelo testemunho de vida dos cristãos. 
Como haviam perdido totalmente a finalidade para a 
qual haviam sido formados, então o Senhor passaria a 
peneira no meio deles e pouparia somente aqueles 
poucos que eram grãos e não palha. Até estes seriam 
provados pelo fogo, para serem purificados, para que 
pudessem vir a dar um real testemunho de santidade. 
 
53 
 
Quando Deus é abandonado pelo Seu povo, tal como se 
deu com os judeus, o resultado disto será o que lemos 
nos primeiros versículos de Jeremias 9, onde o Senhor 
ordena que ninguém confiasse no próprio irmão, porque 
o que prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a 
falsidade. 
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e com a 
mesma língua que lisonjeavam produziam feridas 
terríveis na reputação destas mesmas pessoas que 
haviam elogiado (v. 8). 
Para quem não anda no Espírito, isto pode parecer 
exagerado, mas é a mais pura realidade, para aqueles 
que têm discernimento espiritual para perceberem tal 
estado de corrupção, quando até mesmo cristãos deixam 
de andar no temor de Deus. 
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por causa de 
tais pecados, que o profeta gostaria que a sua cabeça se 
tornasse em águas, para que seus olhos derramassem 
lágrimas continuamente como uma fonte, por causa do 
pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das muitas 
mortes que o Senhor produziria no meio deles, quando 
consumasse os Seus juízos através dos babilônios (Jer 
9.1). 
Todavia, a par de tais sentimentos da mais profunda 
tristeza, o profeta deseja se afastar de Israel, não por 
causa dos juízos que lhes sobreviriam, mas em razão do 
modo como eles viviam, apesar de serem o povo do 
Senhor. Eram um bando de adúlteros e de aleivosos (Jer 
9.2). 
 
54 
 
Eles não tinham um conhecimento pessoal do Senhor, 
porque viviam para fortalecer as suas línguas, não para a 
verdade, mas para a mentira (v. 3). 
Por amarem o engano se recusavam a conhecer ao 
Senhor. 
Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao Senhor 
porque Ele é a verdade. 
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, para 
remover do Seu povo a grande quantidade de escória que 
eram muitos deles, e reservaria para si somente aqueles 
que fossem achados fiéis (v. 7). 
Deus disse que não poderia deixar sem castigo um tal 
estado de coisas, e se vingaria da nação de Israel, porque 
havia sido traído por eles (v. 9). 
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de Judá como 
já executada, porque dali a poucos anos lhes sobreviria 
tudo o que o Senhor havia pronunciado contra eles pelos 
seus profetas, e não apenas através de Jeremias. 
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São meros 
professores de teologia? Não. Eles têm o encargo de 
torná-lO conhecido, bem como a Sua vontade, conforme 
revelada na Sua Palavra. 
Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, mas 
como se corromperam na sua função, e amaram a 
avareza, as suas cobiças carnais, Deus levantou os 
profetas para falar diretamente ao povo através deles, 
quanto aos Seus juízos. 
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não haveria 
necessidade de profetas para repreendê-los e exortá-los. 
 
55 
 
Os judeus em vez de servirem ao Senhor, voltaram-se 
para os baalins, porque não conheciam os juízos terríveis 
da Sua Palavra contra aqueles que praticam a idolatria (v. 
13,14), ou então, os conhecendo, consideravam que 
eram ameaças mortas de uma letra morta. 
A propósito, muitos pensam que não haverá juízo final, e 
gracejam acerca da volta do Senhor Jesus como Juiz (II 
Pedro 3.3-10). 
Todavia, o Senhor revelaria aos judeus que a Sua Palavra 
é viva, trazendo sobre eles todas as ameaças previstas na 
Lei, especialmente a do cativeiro, e a morte pela espada 
das nações inimigas. 
Então conheceriam o temor que lhe é devido e à Sua 
Palavra, pelo preço altíssimo que teriam que pagar como 
nação, de modo que tal temor fosse achado nas geraçõesseguintes, quando retornassem do cativeiro em 
Babilônia, passados os setenta anos determinados, que 
pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer. 
 Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até mesmo 
jovens e velhos, que ficariam insepultos, porque não 
haveria nem tempo, nem condições para sepultá-los, e 
isto seria para eles um sinal que até mesmo na morte 
foram desonrados por Deus. 
E as nações saberiam que Deus é santo, e nada tinha a ver 
com as iniquidades praticadas pelo Seu povo, tanto que 
Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à 
destruição. 
Por isso ninguém deveria se gloriar em Judá na sua 
própria sabedoria, ou na sua força, ou nas suas riquezas, 
porque nada disto lhes poderia livrar dos juízos de Deus, 
56 
 
e nada disto pode levar uma pessoa a agradar ao Senhor 
(v. 23). 
 O único motivo que temos para nos gloriar é o próprio 
Deus, e o conhecimento que temos dEle e da Sua 
vontade, especialmente quanto a sabermos que Ele faz 
benevolência, juízo e justiça na terra, coisas estas que são 
todo o Seu agrado, e que, pelo conhecimento e prática 
das mesmas, somos livrados dos seus juízos . 
Então quem quiser agradar a Deus deve imitá-lo na 
prática da misericórdia, do juízo e da justiça. 
É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, que Deus 
julga toda a carne, e não por se ser circuncidado ou não 
no prepúcio. 
Judá pensava que era diferente das demais nações por 
causa da circuncisão. 
Mas o Senhor está dizendo que diante dEle não há 
nenhum justo, a não ser aqueles que são circuncidados 
de coração, ou seja aqueles que são justificados pela 
graça, mediante a fé, e que andam na prática da justiça, 
que é segundo a santificação (v. 25, 26). 
 
“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em águas, e os 
meus olhos numa fonte de lágrimas, para que eu 
chorasse de dia e de noite os mortos da filha do meu 
povo! 
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem 
de viandantes, para poder deixar o meu povo, e me 
apartar dele! porque todos eles são adúlteros, um bando 
de aleivosos. 
 
57 
 
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a 
mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; 
porque avançam de malícia em malícia, e a mim me não 
conhecem, diz o Senhor. 
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de irmão 
nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que 
enganar, e todo próximo anda caluniando. 
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a 
verdade; ensinaram a sua língua a falar a mentira; andam 
se cansando em praticar a iniquidade. 
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo engano 
recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor. 
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os 
fundirei e os provarei; pois, de que outra maneira poderia 
proceder com a filha do meu povo? 
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com 
a sua boca fala cada um de paz com o seu próximo, mas 
no coração arma-lhe ciladas. 
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor; ou 
não me vingarei de uma nação tal como esta? 
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas 
pastagens do deserto lamentação; porque já estão 
queimadas, de modo que ninguém passa por elas; nem 
se ouve mugido de gado; desde as aves dos céus até os 
animais, fugiram e se foram. 
11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de 
chacais, e das cidades de Judá farei uma desolação, de 
sorte que fiquem sem habitantes. 
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem 
falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por 
58 
 
que razão pereceu a terra, e se queimou como um 
deserto, de sorte que ninguém passa por ela? 
13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei, que lhes 
pus diante, e não deram ouvidos à minha voz, nem 
andaram nela, 
14 antes andaram obstinadamente segundo o seu 
próprio coração, e após baalins, como lhes ensinaram os 
seus pais. 
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de 
Israel: Eis que darei de comer losna a este povo, e lhe 
darei a beber água de fel. 
16 Também os espalharei por entre nações que nem eles 
nem seus pais conheceram; e mandarei a espada após 
eles, até que venha a consumi-los. 
17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai 
as carpideiras, para que venham; e mandai procurar 
mulheres hábeis, para que venham também; 
18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós, 
para que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos, e as 
nossas pálpebras destilem águas. 
19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como 
estamos arruinados! Estamos mui envergonhados, por 
termos deixado a terra, e por terem eles transtornado as 
nossas moradas. 
20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e 
recebam os vossos ouvidos a palavra da sua boca; e 
ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha 
a lamentação. 
 
 
59 
 
21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em 
nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e 
das praças os mancebos. 
22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens 
cairão como esterco sobre a face do campo, e como 
gavela atrás do segador, e não há quem a recolha. 
23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua 
sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se 
glorie o rico nas suas riquezas; 
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e 
em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço 
benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas 
coisas me agrado, diz o Senhor. 
25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a 
todo circuncidado juntamente com os incircuncisos: 
26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a 
Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua 
cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são 
incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de 
coração.”. 
 
 
Jeremias 7 
 
Mais uma vez o Senhor apelou aos judeus para que 
não confiassem em mero ritualismo religioso, e nem 
mesmo nos sacrifícios e nas edificações do próprio 
 
60 
 
templo de Jerusalém, porque não poderiam livrá-los da 
destruição, caso não emendassem os seus caminhos. 
Eles pensavam erroneamente que Deus estava obrigado 
a defender Jerusalém porque o templo se situava nela. 
Entretanto o Senhor, lhes lembrou do que havia feito em 
Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli, quando o 
tabernáculo se encontrava naquela cidade, como 
permitiu que fosse destruída, e também removeu o 
tabernáculo de lá, por causa dos pecados de Israel. 
Mais do que holocaustos e sacrifícios apresentados no 
templo Ele queria misericórdia, justiça, santidade. Queria 
não uma religião que se baseasse em práticas meramente 
externas, mas uma religião que partisse de corações 
transformados e santificados pela Sua Palavra. 
Por isso lhes disse as seguintes palavras: 
 
“22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da 
terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de 
holocaustos ou sacrifícios. 
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu 
serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em 
todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. 
24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; 
porém andaram nos seus próprios conselhos, no 
propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, 
e não para diante. 
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do 
Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos 
os meus servos, os profetas, dia após dia; 
 
61 
 
26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os 
seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior 
do que seus pais.” (v. 22 a 26). 
 
Como a prática religiosa dos judeus não se harmonizava 
com o testemunho de vida deles, então o Senhor lhes 
disse as seguintes palavras, e por causa disto, reafirmou 
os juízos contras as idolatrias, injustiças e impiedades 
que eles vinham praticando, e a pior delas, a de se 
recusarem a ouvir a Palavra que lhes enviava pela boca 
dos Seus profetas: 
 
“9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e 
jurareis falsamente,

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