Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PNEUMO I Asma e DPOC A obstrução respiratória é reversível na asma, porém praticamente irreversível na DPOC. A obstrução pode ser diagnosticada através da espirometria. Na espirometria é feito expiração forçada, sendo que o primeiro segundo (VEF1) é o momento em que mais sai ar do pulmão. A Capacidade Vital Forçada é quanto o paciente consegue colocar de ar para fora na expiração forçada. Na obstrução, durante a expiração, a quantidade de ar que entra é menor, logo, os volumes também diminuem (se entra pouco ar, também sai pouco). O paciente obstruído aumenta o tempo expiratório na tentativa de fazer mais ar sair dos pulmões. *na espirometria para dx o pct deve ter abandonado o uso de broncodilatador nas últimas 24 hrs. ESPIROMETRIA FORÇADA Volume expirado x tempo Com o gráfico de volume expirado x tempo são obtidos dois parâmetros importantes: • VEF1 = volume expiratório forçado do 1º segundo • CVF = capacidade vital forçada (quanto de ar o paciente coloca para fora em uma expiração forçada) VEF1 CVF VEF1 / CVF* OBSTRUTIVO ↓↓ (1,8 L) ↓ (3,2 L) ↓ (0,5) RESTRITIVO ↓ ↓ NORMAL (*) ÍNDICE DE TIFFENEAU Valores normais: • VEF1 = 4L • CVF = 5L • VEF1 / CVF (índice de Tiffeneau)= 4/5 = 0,8 • Normal: > 0,75 Obstrução: • VEF1 = 1,8L • CVF = 3,2L • VEF1 / CVF = 0,5 No padrão obstrutivo, o índice de Tiffeneau diminui, caindo para < 0,7, diagnosticando obstrução! No padrão restritivo, VEF1 e CVF caem proporcionalmente, assim a razão fica normal! ASMA Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas com obstrução, definida por história de sintomas como sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, variáveis em intensidade e também no grau de obstrução → Hiperconstrição e a maior produção de muco. As drogas de manutenção devem ser capazes de desinflamar as vias aéreas, sendo os corticoides a melhor escolha. 70% dos casos de asma são alérgicos → a célula fundamental é o eosinófilo, fazendo com que a mucosa expresse receptores que a deixam hiperreativa e com grande produção de muco ao entrar em contato com o gatilho (ácaros, pólen, poeira, pelos de animais...). O principal gatilho são os ácaros. *já foi comprovado que em caso de pct com asma não a necessidade de se tirar animal com pelos de casa. Tipos • Alérgica (80%) • Não-alérgica < 70% = doença OBSTRUTIVA o Ocupacional o Medicamentosa (AINE) • Inicio tardio • Obstrução persistente • Obesidade • Criptogênica (idiopática) – 3 a 5% dos casos *Asma não alérgica e a de Inicio tardio, respondem mal ao corticoide inalatório. O betabloqueador não induz asma, mas sim ao broncoespasmo! A melhor droga para abrir os pulmões é o beta2- agonista! Lembrar que um paciente betabloqueado não responde aos beta2-agonistas! Nestes casos, deve-se utilizar antagonistas colinérgicos, como o brometo de ipratrópio. * betabloqueadores são o aumento da obstrução brônquica e da reatividade da via aérea, além da diminuição do efeito de beta-agonistas inalatórios, como o salbutamol. Na prática de exercício físico → utilizar b2-agonista inalatório antes do exercício! Gestante asmática: tratar como se não estivesse grávida! • 1/3 pioram • 1/3 melhoram • 1/3 não mudam Asmático fazendo exercício: • Aquecimento • Usar medicamento antes do exercício Clínica → sinais obstrutivos • Dispneia • Sibilância • Tosse crônica (pouca secretiva) • Desconforto torácico • Rinite As manifestações são variáveis e intermitentes, mas tendem a piorar à noite (maior contato com gatilho). Os sintomas mais comuns são a sibilância e a tosse. A asma pode manifestar-se clinicamente sem sibilos; a asma leve pode cursar apenas com tosse crônica, sendo diagnóstico diferencial de outras doenças. A asma grave pode cursar com tórax silencioso (sem sibilos). ‘’Nem tudo que sibila é asma, e nem toda asma sibila!’’ Diagnóstico diferencial • Insuficiência cardíaca • TEP • Obstrução VAS • DRGE • Churg-Strauss • Aspergilose broncopulmonar alérgica Diagnóstico → Obstrução reversível 1º Espirometria inicial o Tiffeneau < 0,7 (70%) = obstrução! 2º Espirometria pós-BD (B2- agonista de curta) o ↑ > 12% + ↑ > 200ml VEF1 = reversão – no adulto o ↑ > 12% = reversão – crianças • Se espirometria inicial for normal... o Espirometria com teste provocativo (Metacolina) *todo pct que fizer o teste provocativo vai apresentar um grau de obstrução, mas o asmático tem um valor mais significativo. o ↓ > 20% no VEF1 O uso de beta2-agonista pré-parto pode levar à hipoglicemia neonatal! Tratamento de manutenção TODO MUNDO TEM QUE FAZER: • Aderência ao tto • Cessar tabagismo + vacina influenza • Atividade física + diminuição do mofo • Imunoterapia ‘’SC’’-‘’SL’’ (?) EM QUAL PASSO DEVO COMEÇAR: - Em primeiro lugar devemos saber se a asma está bem controlada (4 perguntas): • Atividades limitadas nas últimas 4 semanas? • Broncodilatador de alívio > 2x/semana? • Cordou à noite/ sintomas noturnos nas últimas 4 semanas? • Diurnos (sintomas) > 2x/semana? Classificação de controle da asma Controlada Nenhum SIM Parcialmente controlada Até 2 SIM Descontrolada 3 ou 4 SIM • Ao iniciar o tratamento, após classificar o controle da asma, caso o paciente virgem de tratamento seja parcialmente controlado, deve-se iniciar no passo 2; se for descontrolado iniciar no passo 3. • Se a asma não estiver controlada, verificar o ambiente, aderência e técnica do tratamento! • Se tiver < ou = 5 anos, trocar 2x/semana por 1x/semana. • Asma controlada por 3 meses: reduzir um passo • Asma parcialmente controlada: considerar subir uma etapa • Asma não controlada: subir uma etapa Classificação da gravidade LEVE Controle com passos 1 ou 2 MODERADA Controle com passo 3 GRAVE Controle com passos 4 ou 5 > ou = 12 anos, nunca usar B2-agonista de curta isolado no tto de manutenção TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DA ASMA >OU = 12 ANOS PASSO 1 Medidas ambientais Corticoide inalatório (Budesonida) + B2 de longa (Formoterol) – SN PASSO 2 (+) Corticoide inalatório uso regular em baixa dose DOSES*: • Baixa no passo 2 e 3 = Budesonida: 200-400 ug/dia • Médias ou altas nos 4 / 5 = Budesonida: 400 – 800 ug/dia OU > 800 ug/dia PASSO 3 / 4 (+) B2-agonista de longa duração + Corticoide inalatório dose baixa → USO REGULAR - cuidado com a idade! • Até 11 anos → evitar! *Se acaso em ambiente hostil, aumenta as vezes do corticoide inalatório. Na criança, não usar B2-agonista de longa... nesse caso: (+) Aumentar dose do corticoide inalatório PASSO 4 (+) B2 - agonista de longa duração + Dose média do corticoide inalatório = Budesonida 400 – 800 ug/dia → USO REGULAR - NO ADULTO PASSO 5 (+) B2 - agonista de longa duração + Dose máx. do corticoide inalatório = Budesonida > 800 ug/dia → USO REGULAR - NO ADULTO + Encaminhar ao especialista (outras medicações) • Tiotrópio (anticolinérgico de longa duração) • Omalizumabe (anti-IgE) • Corticoide VO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DA ASMA 6-11 ANOS PASSO 1 Medidas ambientais B2-agonista de curta ação + Corticoide inalatório dose baixa – NÃO USAR REGULAR PASSO 2 (+) Corticoide inalatório uso regular em baixa dose = Budesonida: 100-200 ug/dia PASSO 3 / 4 (+) Corticoide inalatório em dose média = Budesonida: > 200-400 ug/dia OU Corticoide inalatório dose baixa + B2 de longa PASSO 4 (+) B2 - agonista de longa duração + Dose média do corticoide inalatório = Budesonida 200 – 400 ug/dia + Especialista PASSO 5 (+) B2 - agonista de longa duração + Dose média do corticoide inalatório = Budesonida 200 – 400 ug/dia + Especialista + Anti-IgE *Qnto menor a idade menos se tenta não usar B2- de longa regularmente. TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DA ASMA < OU = 5 ANOS PASSO 1 Medidas ambientais B2-agonista de curta ação - SN PASSO 2 (+) Corticoide inalatório uso regularem baixa dose = Budesonida: 500 ug/dia, sob forma de nebulização PASSO 3 / 4 (+) Corticoide inalatório em dose baixa ‘’DOBRADA’’ PASSO 4 (+) Corticoide inalatório em dose baixa ‘’DOBRADA’’ + Especialista MÉTODO 0 - 3 ANOS: MÁSCARA FACIAL 4 – 5 ANOS ESPAÇADOR TRATAMENTO DA CRISE ASMÁTICA LEVE A MODERADA Fala frases completas Não usa musculatura acessória PFE > 50% OU FC: < ou = 120 SatO2: > ou = 90 FR: < ou = 30 Paciente clinicamente bem B2 de curta ação: 20/20 min por 1h Prednisolona VO • 1mg/kg, máx. 50mg • 1-2mg/kg, máx. 40mg (criança) O2 suplementar: • Alvo: SatO2 93 – 95% (adultos) • 94 – 98% (criança, grávidas, coronariopatas) GRAVE Fala por palavras, agitação PFE ≤ 50% FC > 120, SatO2 < 90, FR > 30 Não melhorou com tto inicial B2 de curta ação: 20/20 min por 1h Trocar corticoide VO por IV, se pct não conseguir engolir Ipratrópio (Atrovent): dobro do B2 O2 suplementar: • Alvo: SatO2 93 – 95% (adultos) 94 – 98% (criança, grávidas, coronariopatas) Considerar: • MgSO4 EV • Corticoide inalatório dose alta (para quem não usou de forma sistêmica) MUITO GRAVE ↓ Consciência (sonolento, confuso) Tórax silencioso (MV abolido) Acidose respiratória Todos anteriores e mais: • Preparar IOT • Indicar CTI *Em crise muito leve ou < ou = 5 anos não prescrever corticoide. * PFE DOSES Berotec (Fenoterol) 10 gotas (1 gota/3kg) + 3-4ml SF0,9% c/ O2 6- 8L/min Formoterol (B2 agonista de longa (alguns lugares podem usar a nebulização) AO DAR ALTA • Melhora clínica • PEF > 60 – 80% • SatO2 > 94% em AA • Não esquecer: reavaliar ambiente, aderência e técnica de uso da medicação o Iniciar tratamento ou aumentar o passo em que estava o 5 – 7 dias de corticoide VO OU 3 – 5 dias em crianças. o Nova consulta em 2 a 7 dias o Esclarecer dúvidas!!!!!!! DPOC DPOC doença crônica com obstrução de caráter irreversível, segundo Gold, é uma doença evitável e tratável, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo aéreo, devido a alterações nas vias aéreas e nos alvéolos causadas por exposições significativas a partículas e gases nocivos. Possui dois tipos: bronquite crônica obstrutiva e enfisema pulmonar; estes dois extremos não são os mais comuns, e muitas vezes a doença está entre estes dois tipos. Apresentação Clínica CLÍNICA FATORES DE RISCO Dispneia Tosse crônica Expectoração crônica (geralmente mucoide e hialina) História familiar de DPOC Tabagismo História familiar de DPOC Poluição Pobreza Infecções Deficiência de α1-anti-tripsina Deficiência de α1-anti-tripsina – quando suspeitar? • Enfisema em jovem sem risco conhecido (não fumante) • Enfisema em região basal pulmonar • Hepatopatia inexplicada • Vasculite C-ANCA (+) • História familiar • Enfisema panacinar → o enfisema do tabagismo é centroacinar! Abordagem Inicial Passo 1: Diagnóstico por espirometria • VEF1 / CVF < 0,7 (70%) mesmo após prova broncodilatadora (não reverte!) *Se VEF1/CVF pós broncodilatador ficar entre 0,6 – 0,8, deve-se repetir o exame outro dia. Passo 2: Grau de obstrução Estagio I Leve (GOLD 1) VEF1 ≥ 80% Estágio II Moderado (GOLD 2) VEF1 50 – 79% Estágio III Grave (GOLD 3) VEF1 30 – 49% Estágio IV Muito grave (GOLD 4) VEF1 < 30% *pós prova broncodilatadora Passo 3: classificação (exacerbações por ano) (C) (D) (A) (B) Tratamento de manutenção - Para todos: • Cessar o tabagismo • Atividade física • Vacinação: pneumococo e influenza • Broncodilatadores o LABA: B2 de longa duração o LAMA: antimuscarínico de longa duração • Reabilitação pulmonar para B/C/D – não é apenas fisioterapia respiratória. • Reavaliações periódicas • O2 domiciliar se: durante 15 hrs/dia o PaO2 ≤ 55 ou SatO2 ≤ 88% em repouso OU o PaO2 56 – 59 + HT > 55% ou cor pulmonale - Cirurgia de pneumoredução: normalmente usado em pcts que possuem enfisema apical grave. As 3 medidas que reduzem mortalidade são: cessar tabagismo, O2 domiciliar e transplante pulmonar! Vacinação de influenza no GOLD 2020 reduz mortalidade, mas possui nível de evidência do tipo B. A ou B 0 – 1 exacerbações / ano C ou D ≥ 2 exacerbações / ano Ou 1 internação CAT < 10 CAT ≥ 10 mMRC: 0 – 1 mMRC: ≥ 2 Pouco stomático Muito sintomático (C) LAMA → LABA + ICS ↓ Continua exacerbando LAMA + LABA (D) LAMA ↓ Continua exacerbando LAMA + LABA, SE CAT > 20 ↓ Continua exacerbando LABA + ICS –SE eosinofilia > ou = 300 ↓ Continua exacerbando Roflumilaste se VEF1 < 50% (A) Broncodilatador ↓ Verificar eficácia do tratamento Continuar, parar ou tentar outra classe de broncodilatador LAMA OU LABA DE CURTA OU LONGA DURAÇÃO (B) LABA ou LAMA (Tiotrópio) ↓ Sintomas persistentes LAMA + LABA O corticoide inalatório, desde jun/17, é considerado droga de segunda linha. LAMA é a medicação que evita novas exacerbações; Pct com DPOC com eosinofilia importante pode tem uma asma associada. Exacerbação Aguda (DPOC descompensada) Como suspeitar? • Um ou mais dos sintomas cardinais o Piora da dispneia o Aumento do volume do escarro o Secreção mais purulenta Principal causa? • Infecção pulmonar o Vírus ou infecção bacteriana ▪ PNM no DPOC: (1º) Haemophilus, (2º) Pneumococo e (3º) Moraxella ▪ Grave ou ATB recente (3 meses): cobrir Pseudomonas ▪ GOLD 2020 afirma que o principal causador é o vírus. Iniciar antibiótico se: • Secreção purulenta + um dos seguintes o Piora da dispneia; E/OU o Aumento do volume do escarro • Indicação de suporte ventilatório (IOT ou VNI) Tratamento (A) Antibiótico → AmoxClav, Macrolídeo, Cefa2/3G, Quinolona respiratória o GOLD: AMOX/CLAVULANATO ou MACROLÍDEO por 5-7 dias. (B) Broncodilatador inalatório de curta → β2-agonista ± Atrovent (C) Corticoide por 5 dias → prednisona 40mg VO ou metilprednisolona EV (D) Dar oxigênio com baixo fluxo (cateter nasal) → alvo: satO2 88 – 92% • Iniciar VNI → pH ≤ 7,35 ± PaCO2 ≥ 45 ± dispneia grave, refratário ao tto. *Em pcts com DPOC, fazer broncodilatador por nebulização com ar comprimido ao invés de oxigênio. Geralmente esses pacientes têm alterações de 3 aspectos clínicos que são chamados de sinais cardinais – são parâmetros de piora no padrão respiratório. Essa descompensação pode ter diferentes causas – com muita frequência é de origem infecciosa – a presença de escarro purulento aumenta a probabilidade de que a razão da descompensação seja de origem infecciosa (e não um quadro de embolia ou infarto). O paciente enfisematoso é magro pois faz catabolismo por hiperventilação. O paciente com DPOC é um retentor crônico de CO2 e está sempre hiperventilando, porém não consegue jogar CO2 para fora. O bulbo para de considerar acidose liquórica e começa a usar a hipóxia para aumentar o drive respiratório. O alto fluxo de O2 pode levar à apneia. A principal contraindicação à VNI é a principal indicação de IOT → diminuição do nível de consciência. QUESTÃO IMPORTANTE: Pct masculino 72 anos, internado devido a exacerbação de DPOC, está recebendo oxigênio (5L/min), B2- agonista de curta ação e Ipratrópio, além de corticoide e ATBterapia. O interno solicita a presença do médico, pois o pct está sonolento (Glasgow =7), após receber broncodilatadores por nebulização. A conduta imediata é: a) Suspender O2 e observar b) Colher gasometria arterial c) Solicitar prontuário para avaliação da história d) IOT Em pct DPOC a nebulização com broncodilador deve ser feito com ar comprimido e não com O2. O pct aumenta muito a saturação e acaba entrando em apneia.
Compartilhar