Prévia do material em texto
DOI 10.14684/SHEWC.13.2013.87-91 © 2013 COPEC July 07 - 10, 2013, Porto, PORTUGAL XIII Safety, Health and Environment World Congress 87 PROPRIEDADES DA MELATONINA COMO FATOR DE NEUROPROTEÇÃO EM DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS Marcelle Bastos Pacheco1, Marcia Silva de Oliveira2, Lidianne Bezerra Rodrigues3, Karine Paixão Rocha4 1 Marcelle Bastos Pacheco, Student of Biomedicine of the Faculty Anhanguera Educacional. QS 01 Street 212 Lotes 11/13/15, 70310-500, Águas Claras. Brasília/DF, Brazil, cellita@rocketmail.com 2 Marcia Silva de Oliveira, Full Professor of the Faculty Anhanguera Educacional. QS 01 Street 212 Lotes 11/13/15, 70310-500, Águas Claras. Brasília/DF, Brazil. Full Researcher of the Center for Studies in Education and Health Promotion, University of Brasilia – NESPROM/UnB. Campus Universitário Darcy Ribeiro s/n, set 07, room 34, 70.910-900, Asa Norte. Brasília/DF, Brazil, professora_df@hotmail.com 3 Lidianne Bezerra Rodrigues, Student of Biomedicine of the Faculty Anhanguera Educacional. QS 01 Street 212 Lotes 11/13/15, 70310-500, Águas Claras. Brasília/DF, Brazil, liliqynha_linda@hotmail.com 4 Karine Paixão Rocha, Student of Biomedicine of the Faculty Anhanguera Educacional. QS 01 Street 212 Lotes 11/13/15, 70310-500, Águas Claras. Brasília/DF, Brazil, kellpaixao@yahoo.com.br Abstract The pineal gland synthesizes melatonin which is classified as non-steroidal hormone in the pinealocytes, when receives stimuli from the retina and is released in the brain ventricles is carried by cerebrospinal fluid throughout the central nervous system, providing neuroprotective resulting from their antiapoptotic properties, antioxidant and stimulant of antioxidants enzymes. Some studies show that melatonin levels decay with againg and it is precisely at this stage of life that arise neurodegenerative pathologies. Index Terms Alzheimer’s disease, melatonin, neurodegenerative disease, neuroprotective, Parkinson’s disease. INTRODUÇÃO A glândula pineal recebeu este nome devido a sua semelhança com uma pinha. A sua origem é na região periventricular dorsal do terceiro ventrículo, se localizando na região epitalâmica [7]. Muitos estudos estão destacando a importância da glândula pineal e da melatonina, pelo hormônio aparentemente atuar em quase todos os sistemas fisiológicos [1]. A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) é classificada como hormônio não esteroide, sintetizada por meio do triptofano e recebe o nome de indolamina. Seu precursor é a serotonina (5-HT), que está presente em grandes concentrações na glândula pineal. Possui propriedades lipossolúveis e desta forma é transportada nos líquidos corporais como plasma e líquido cefalorraquidiano (LCR), ligado a proteínas como a albumina [23]. A sua produção ocorre por estimulo de ambientes escuros, em um processo que as células ganglionares da retina captam informações do ambiente externo e às enviam por meio da via retino-hipotalâmica, projetando-as nos núcleos supraquiasmático (NSQ) e paraventriculares do hipotálamo, em seguida a informação vai para a medula espinhal nos neurônios pré-ganglionares simpáticos que vão dirigir seus axônios até os gânglios cervicais superiores, para que através dos seus nervos coronários e ramos carotídeos que emergem maciçamente na glândula pineal possam levar a mensagem e permitir que o organismo por meio deste mecanismo possa regular o seu ciclo circadiano e a síntese de melatonina [1]. Com o avanço da idade os níveis de melatonina decaem progressivamente, variando de um individuo para outro, essa redução pode ter várias causas: deterioração progressiva do sistema nervoso central (SNC), dificuldade na transmissão neuronal para a pineal (comumente observada em doenças neurodegenerativas) e calcificação da glândula pineal, porém não é apenas no envelhecimento que ela decai, também ocorre em patologias neurológicas, condições estressantes, doenças cardiovasculares, câncer, distúrbios endócrinos e metabólicos [14]. Sugerindo assim, que a melatonina desempenha um papel fundamental na homeostasia do organismo. As propriedades que lhe conferem este título são as de antioxidante e anti-apoptótico [10]. Lima [19] e Amado [2] demonstraram a importância da melatonina no tratamento coadjuvante da epilepsia, como um fator neuroprotetor preventivo de crises. Tudo indica que níveis diminuídos de melatonina estão ligados ao surgimento de doenças neurodegenerativas e a busca pelo desenvolvimento de drogas que controlem a apoptose inadequada e que aumentem os meios de sobrevivência da célula possa ser um passo importante no tratamento e melhor prognóstico dos pacientes [28]. A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência no mundo, com uma prevalência de 60% a 80% dos casos. As características da doença incluem mudança de comportamento e perda progressiva das funções cognitivas, principalmente da memória [25]. O seu predomínio aumenta com o envelhecimento, dessa forma a idade consiste no maior fator de risco do transtorno [4]. Na DA especialmente em comparação com outros tipos de doenças senis os níveis de melatonina estão bem mais diminuídos em relação a indivíduos saudáveis, este e outros indícios nos levam a ideia de que este hormônio poderia © 2013 COPEC July 07 - 10, 2013, Porto, PORTUGAL XIII Safety, Health and Environment World Congress 88 servir de estratégia terapêutica na DA, pela patologia apresentar também disfunção do relógio circadiano e processos inflamatórios [14]. Em cultura de células em processo de neurodegeneração foi detectada neurogênese no giro denteado do hipocampo, com o uso associado de proteína quinase c e indolaminas, induzindo alterações no citoesqueleto; a administração de melatonina também ocasionou melhoria das funções cognitivas [17]. Barbosa [5] define a doença de Parkinson (DP) como uma doença neurodegenerativa, que atinge principalmente o sistema motor, mas que também pode ter manifestações no sistema nervoso autônomo, alterações do sono, memória e depressão. Acomete geralmente indivíduos com aproximadamente 60 anos de idade, porém existem casos de parkinsonismo de inicio precoce quando se manifesta antes dos 40 anos. A etiologia ainda é incerta, mas suspeitam que fatores genéticos, estresse oxidativo, anormalidades mitocondriais, neurotoxinas ambientais e excitotoxicidade estão envolvidos. Tudo indica que a melatonina pode atuar na prevenção ou monitoramento da DP, contudo estudos demonstraram contrariedade na eficácia do hormônio e por este motivo à necessidade de uma maior investigação em relação ao assunto. METODOLOGIA Este estudo é uma revisão bibliográfica de caráter exploratório e qualitativo a respeito das propriedades neuroprotetoras da melatonina e as possibilidades do seu uso nas doenças neurodegenerativas. A pesquisa foi realizada por meio de sites da internet como Google Acadêmico, Bireme, Scielo e Portal de Periódicos da CAPES. Os artigos foram escolhidos de acordo com o período de publicação, que foi de 1998 a 2012. As palavras-chave utilizadas foram: glândula pineal, melatonina, doenças neurodegenerativas, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, neuroproteção. GLÂNDULA PINEAL O primeiro a descrever a glândula pineal foi o anatomista Herophilos (280 a.C.) de Alexandria, que designou a pineal o papel de válvula controladora do fluxo de informações. Posteriormente Galen (129-200 d.C.) lhe atribuiu uma função similar a linfática, estas duas teorias perduraram até o século XVII, até que um filosofo chamado René Descartes (1596-1650) mencionou a pineal como a sede da alma. Depois desse momento, muitos médicos associaram a sua calcificação a doenças psiquiátricas [15]. Descartes influenciou a doutrina neuropsicofisiológica, na qual é defendida a ideia de que a alma tem a capacidade de gerir o corpo humano a partir de umasede física, no caso seria a glândula pineal. Semelhante à filosofia hindu, aonde se acredita que o homem possui um terceiro olho, um órgão místico localizado na altura do sexto chakra (Ajna), que seria a ligação com a vida espiritual [21]. A origem embriológica da pineal se dá no divertículo evaginado do teto do terceiro ventrículo e na fase embrionária acontece a sua diferenciação que resulta nos pinealócitos, células especializadas com função secretora [11]. Localiza-se atrás do terceiro ventrículo, no centro do cérebro em uma região denominada epitalâmica. Mede aproximadamente 8x4 mm e pesa em média de 0,1 a 0,18 gramas. É quase inteiramente revestida pela membrana pia mater [15]. O corpo pineal é extremamente irrigado, superado apenas pelos rins. Os seus capilares apresentam fenestrações, que os difere dos outros capilares cerebrais e justifica a ausência da barreira hematoencefalica na glândula. Inervada por fibras simpáticas pós-ganglionares, essenciais na regulação da síntese da melatonina, que são originadas no gânglio cervical superior tendo acesso através do plexo carotídeo [22]. Na microscopia da glândula encontramos tecido conjuntivo, nervos e vasos. Basicamente temos dois tipos de células, os pinealócitos e os astrócitos , e o arranjo folicular pode ter como característica espaços largos. Os pinealócitos são corados como a mesma propriedade das outras células nervosas. O citoplasma tem poucos grânulos, que armazenam a serotonina, para em seguida ser transformada em melatonina. Os pinealóctios contêm fitas sinápticas, organelas atuantes na função secretora, classificadas em bastão e esférico que acreditam ter ação na regulação do ciclo circadiano [11]. A funcionalidade da glândula pineal ainda não foi totalmente definida, a descoberta mais importante foi atribuída a Lener em 1958 quando isolou a melatonina, hormônio mais importante da glândula [22]. MELATONINA O hormônio melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) é produzido principalmente na glândula pineal, mas também pode ser sintetizado em outros pontos do organismo, alguns exemplos são o corpo da íris, a retina, os linfócitos, a glândula lacrimal, o trato gastrointestinal e o intestino grosso [23]. A melatonina é um hormônio não esteroide, classificada como indolamina, por ser sintetizada a partir do triptofano, posteriormente convertido em serotonina, para então ser N- acetilada e O-metilada [1]. Apresenta baixo peso molecular (PM= 232,28) e a propriedade de ser anfifílica, difundindo-se em meios hidrofílicos e lipofílicos, por conter em sua estrutura o grupamento metoxi no carbono 5 e o acil ligado ao grupamento amina [10]. Por este motivo a melatonina pode agir tanto sobre os receptores existentes na membrana como no interior das células, participando de processos bioquímicos. Podem ultrapassar com facilidade todos os tipos de membrana, contando com a barreira hematoencefálica e a placenta [27]. © 2013 COPEC July 07 - 10, 2013, Porto, PORTUGAL XIII Safety, Health and Environment World Congress 89 Os sítios de ligação da melatonina são o MT1 e MT2, ambos acoplados a proteína G e o MT3 a enzima quinona redutase 2 (QR2), o primeiro grupo de receptores são principalmente localizados nos NSQ e vasos cardíacos, o segundo grupo pode ser encontrado na retina, cerebelo, NSQ, rim, vasos cardíacos, ovário e em uma variedade de células cancerosas, já o terceiro grupo de receptores estão presentes no fígado, baço, rins, coração, tecido adiposo marrom, músculo esquelético, pulmão e cérebro, em que a enzima QR2 participa da detoxificação do corpo [8]. Síntese de Melatonina Na produção pineal, ocorre uma captação de informações oriundas do ambiente externo, pelas células presentes na retina que emitem via retino-hipotalâmica o sinal ao NSQ localizado no hipotálamo. Na fase clara do dia temos uma apassivação da atividade simpática e a diminuição da síntese de melatonina enquanto na fase escura há uma liberação da noradrenalina (NA) resultante da intensificação simpática [2]. A NA pode ativar dois tipos de adrenoceptores, situados nos pinealócitos, os α1 e β1, geralmente só os receptores β1 são ativados, mas se a intensidade da atividade simpática for elevada pode acontecer dos α1 também serem acionados [12]. A biossíntese da melatonina começa na conversão do triptofano a 5-hidroxitriptofano (5-HTP), pela enzima triptofano hidroxilase, em seguida a 5-hidroxitriptofano descarboxilase vai retirar o grupamento alfa-carboxil terminal do 5-HTP gerando assim a serotonina (5- hidroxitriptamina), a transferência do grupo acetil derivado da acetil-CoA para a 5-HT, reação catalizada pela N- acetiltransferase, vai dar origem a N-acetilserotonina (NAS) transformada em melatonina, contando com a enzima hidroxindol-o-metiltransferase que tem função catalizadora [23]. A síntese extrapineal da melatonina, ou seja, fora da pineal, tem como atributo a não obrigatoriedade do controle rítmico, e a atuação autócrina e parácrina. A retina produz ritmicamente, dependente da dopamina liberada pelas células amácrinas, mas tem ação local enquanto a produção pelas células do sistema gastrointestinal tem relevante importância nos níveis plasmáticos e não apresentam dependência rítmica, pelo que parece recebem influência da ingestão de alimentos, pois animais pinealectomizados submetidos à restrição alimentar não alcançaram níveis diurnos de melatonina e os que foram alimentados obtiveram níveis diários detectáveis [12]. Função Neuroprotetora A função neuroprotetora é devido a sua ação contra os radicais livres ou agentes oxidantes, redução dos mediadores de inflamação e a apoptose inadequada [19]. Durante a produção de adenosina trifosfato (ATP) a mitocôndria gera espécies reativas de oxigênio (EROs) e espécies reativas de nitrogênio (ERNs) que juntas formam o que se conhece como radicais livres, contudo em alguns casos não vão receber esta denominação. Os principais radicais livres EROs são: o radical hidroxil (OH), radical superóxido (O2-), radical hidroperoxil (OH2), radical alcoxil (RO) e o radical peroxil (RO2) e os ERNs: os radicais monóxido de nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2) [27]. Apesar de a respiração aeróbia ser fundamental para o organismo, os radicais livres gerados contêm propriedades tóxicas que prejudicam tecidos e células [26]. Os radicais livres atacam proteínas ocasionando modificações enzimáticas e proteólise. Causam mutações nas bases nitrogenadas do DNA, promovem também a lipoperoxidação por interferir na configuração dos ácidos graxos e os produtos dessa reação levam ao envelhecimento celular por rigidez celular e pouca eficiência da membrana. As membranas biológicas também têm seus lipídeos quimicamente alterados e a fosfodiesterase acionada, como resultado a membrana se rompe [27]. Na apoptose ou morte programada da célula o hormônio age tanto na via extrínseca nos receptores de morte como na via intrínseca atuando na eliminação de radicais livres, regula negativamente o óxido nítrico sintetase e pode aumentar a síntese de enzimas que também são antioxidativas como a glutationa peroxidase [9]. DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS Definidas como patologias em que há uma perda progressiva de neurônios, são associadas à substância cinzenta, mas em um segundo momento podem também envolver substância branca. É relevante destacar que este tipo de patologia afeta grupos específicos de neurônios, o que vem a deixar os outros grupos ilesos [24]. Quando ocorre algum tipo de dano celular que pode ter caráter microbiológico, químico, físico ou imunológico é desencadeado um processo denominado inflamação. No SNC a inflamação está ligada a doenças neurodegenerativas como DA e DP. Este processo de defesa envolve as células da micróglia além de neutrófilos e macrófagos que vão usar seus elementos neurotóxicos na tentativa de conter a invasão, prejudicando os neurônios [20].Geralmente tem a presença de grupamentos proteicos, aonde os mais frequentes são os grupamentos amorfos e amilóides este último tem como particularidade fibrilas com folhas β paralelas empilhadas, que podem iniciar o processo inflamatório [3]. A atuação da melatonina reduz a ativação da microglia, de uma grande variedade de citocinas pró-inflamatórias e também a síntese do óxido nítrico, amenizando os mecanismos da inflamação [16]. E ainda inibe a enzima cicloxigenase tipo 2, consequentemente diminuindo o processo inflamatório [8]. Além dos processos inflamatórios estudos recentes revelam que a neurodegeneração pode se iniciar por meio do © 2013 COPEC July 07 - 10, 2013, Porto, PORTUGAL XIII Safety, Health and Environment World Congress 90 estresse oxidativo, por causa da elevada demanda de O2 pelo cérebro, que utiliza em média 20% de toda a demanda, devido ao alto consumo de ATP pelos neurônios. Esta situação intensifica a formação das EROs e consequentemente expõe os neurônios a situações de intenso estresse oxidativo [6]. Doença de Alzheimer Descrita como doença degenerativa que afeta principalmente a função cognitiva e a memória, também altera a conduta, a personalidade e a capacidade de executar tarefas cotidianas [17]. Epidemiologicamente é uma doença relativa ao envelhecimento, aonde o principal fator de risco é a idade, assim como a influência das alterações genéticas [4]. Na década de 80 aconteceu uma importante descoberta para a fisiopatologia da doença, as placas senis eram compostas por agregados de peptídeo beta-amilóide (Aβ), que posteriormente vão gerar um acumulo de cinases e fosfatases contribuindo para uma hiperfosforização da proteína Tau, originando os emaranhados neurofibrilares [16]. Os processos inflamatórios estão inteiramente relacionados à DA, decorrentes das placas senis e emaranhados neuroibrilares, que pode-se enumerar as evidências: 1) o uso de anti-inflamatórios não-esteróides diminuem a chance de desenvolvimento da DA; 2) em exames post mortem feitos com cérebro de pessoas que apresentavam a DA, apontaram grande quantidade de mediadores inflamatórios, aumento da microglia, assim como monócitos e linfócitos; 3) a análise dos fluidos biológicos de pacientes com a patologia mostra elevado nível de quimiocinas, citocinas, entre outros mediadores da inflamação [25]. A propriedade antioxidante é a principal aliada no tratamento da DA, pois agem reduzindo a toxicidade dos radicais livres, o que atenua a hiperfosforilação da proteína Tau. Em camundongos transgênicos a melatonina aumentou o nível de aprendizagem, assim como a memória [28]. Hoppe [16] concluiu que a toxicidade desencadeada pelo peptídeo que contém o fragmento com 11 aminoácidos (do 25 ao 35) do Aβ, de 42 aminoácidos, é reduzida com a utilização da melatonina, que vem a diminuir a fosforização da proteína tau, isso porque provavelmente evita a ativação da enzima glicogênio sintase cinase-3 beta. A melatonina também se mostrou eficaz na prevenção da neuroinflamação, quando evita a ativação glial, por meio da redução dos níveis do fator de necrose tumoral alfa e da interleucina-6. Doença de Parkinson Doença crônica e progressiva, encontrada com frequência na população, em média 100 a 150 casos por 100.000 habitantes. Geralmente tem inicio por volta dos 60 anos de idade, porém pode ocorrer em pessoas mais jovens. Ainda não existe certeza com relação à etiologia da DP, apesar de suspeitar-se de fatores genéticos, estresse oxidativo, excitotoxicidade, anomalias mitocondriais e neurotoxinas ambientais. Há perda de forma progressiva de neurônios, situados no mesencéfalo, que não pode ser revertida e ocasiona uma queda na síntese da dopamina, fundamental para controlar os movimentos do corpo [5]. Capitelli [8] induziu a DP em modelo animal por meio da neurotoxina MPTP (1-metil-4-fenil -1,2,3,6- tetraidropiridina), para analisar a ação da melatonina e concluiu que o hormônio apresentou função neuroprotetora nas primeiras 24 horas, mas sete dias após o procedimento revelou-se não eficaz contra o dano cognitivo. Na literatura existem relatos do efeito neuroprotetor da melatonina na DP, pela regulação do ritmo circadiano pertinente a dopamina e o por seu papel neuroprotetor contra a oxidação do neurotransmissor dopamina [13]. OUTRAS DOENÇAS COM AÇÃO POTENCIAL DA MELATONINA A doença de Huntington (DH) é autossômica dominante de expressão neurodegenerativa, costuma atingir principalmente os membros inferiores e a face, em um quadro de movimentos involuntários anormais. A DH pode estar ligada a perda progressiva das funções cognitivas e distúrbios de ordem psiquiátrica [18]. O estresse oxidativo é evidenciado na etiologia da doença, sugerindo a necessidade de esforços voltados para estratégias terapêuticas que estimulem as defesas antioxidantes [28]. A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) trata-se de uma doença degenerativa dos neurônios motores do córtex primário motor, medula espinhal e tronco cerebral. Esclerose lateral é uma referência ao enrijecimento das vias anteriores e laterais corticoespinhais em que os neurônios degenerados transformam-se em gliose e amiotrófica a atrofia das fibras musculares. Desse modo a pessoa com ELA vai desenvolvendo uma paralisia muscular progressiva [29]. Atualmente o Riluzol, um antagonista de receptores do glutamato, é a escolha de tratamento para a ELA, porém ele só prolonga a expectativa de vida do paciente. A melatonina entra como uma aposta para controlar o estresse oxidativo, um dos pilares do surgimento da doença, juntamente com o efeito neurotóxico do glutamato. Estudos relataram que a administração de altas doses do hormônio retarda a progressão da doença in vivo, aumentando a sobrevida [28]. CONSIDERAÇÕES FINAIS As doenças neurodegenerativas são patologias cada vez mais frequentes na população, devido ao aumento da expectativa de vida, ainda que nem sempre elas estejam relacionadas ao envelhecimento. A respeito dos estudos utilizando melatonina em doenças neurodegenerativa pode-se destacar a doença de Alzheimer, devido às propriedades do hormônio, atuarem tanto no processo oxidativo como no inflamatório, o que supostamente aumenta a sua eficácia. © 2013 COPEC July 07 - 10, 2013, Porto, PORTUGAL XIII Safety, Health and Environment World Congress 91 Apesar dos estudos sobre o tema terem se intensificado, ainda são necessários mais esforços, para comprovar a eficiência da sua utilização e aperfeiçoar as estratégicas terapêuticas com o intuito de progredir com relação ao desenvolvimento de drogas capazes de retomar as funções perdidas. Existem claras evidências de que a melatonina confere ao SNC uma neuroproteção, enquanto seu nível se mantém alto o indivíduo não está propenso a desenvolver a patologia, porém o seu declínio é comumente observado nas doenças neurodegenerativas. Ao que tudo indica a melatonina poderia vir a ser utilizada como um marcador biológico, que precede a degeneração neuronal. O profissional biomédico é de grande relevância nos estudos a respeito da melatonina por atuar nas pesquisas envolvendo o papel da melatonina na fisiologia, bioquímica e imunologia humana, assim como na dosagem clínica do hormônio. REFERÊNCIAS [1] ALVES, Rosana S. Cardoso et al. A melatonina e o sono em crianças. Special Articles. São Paulo, Vol.20, No. 2, 1998, pp. 99-105. [2] AMADO, Débora; MAZZACORATTI, Maria da Graça Naffah. O papel da melatonina na epilepsia. Ciência e Cultura. São Paulo, Vol.56, No. 1, 2004, pp. 43-44. [3] APPOLINÁRIO, Patrícia Portilione et al. Metabolismo, oxidação e implicações biológicas do ácido docosahexaenoico em doenças neurodegenerativas. Química Nova. São Paulo, Vol.34, No.8, 2011, pp.1409-1416. [4] APRAHAMIAN, Ivan; MARTINELLI, José Eduardo; YASSUDA, Mônica Sanches. Doença de Alzheimer: Revisão da epidemiologia e diagnóstico. Revista Brasileira de ClínicaMédica. São Paulo, No.7, 2009, pp.27-35. [5] BARBOSA, Egberto Reis; SALLEM, Flávio Augusto Sekeff. Doença de Parkinson- Diagnóstico. Revista Neurociências. São Paulo, Vol.13, No.3, 2005, pp.158-165. [6] BARBOSA, Lívea Fujita et al. Danos oxidativos e neurodegeneração: O quê aprendemos com animais transgênicos e nocautes?. Química Nova. Vol.29, No.6, 2006, pp.1352-1360. [7] CALDAS, José Guilherme et al. Estudo por ressonância magnética da região da pineal: pineal normal e cistos simples. Arquivos de Neuro- Psiquiatria. São Paulo, Vol.56, No.2, 1998, pp.237-244. [8] CAPITELLI, Caroline Santos. Efeito da Melatonina em modelo animal induzido pelo MPTP. 2007. 76p. Dissertação (Mestrado em Farmacologia) - Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. [9] FERREIRA, Cecília da Silva et al. Melatonina: modulador de morte celular. Revista da Associação Médica Brasileira. São Paulo, Vol.56, No.6, 2010, pp. 715-718. [10] FERREIRA, Rosana F. Dantas. Análise da dinâmica da melatonina liquórica. 2010. 42p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Humana) - Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. [11] FILGUEIRAS, Marcelo Quesado. Glândula pineal: revisão da anatomia e correlações entre os marca-passos e fotoperíodos na sincronização dos ritmos circadianos. HU Revista. Juiz de Fora, Vol.32, No.2, 2006, pp.47-50. [12] FRANCO, Daiene Gil. Modulação da produção de óxido nítrico por melatonina em cultura de células do cerebelo. 2010. 49p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Geral) - Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, 2010. [13] GALANO, Annia et al. Melatonin as a natural ally against oxidative stress: a physicochemical examination. Journal of Pineal Research. México, Vol.51, 2011, pp.1-16. [14] HARDELAND, Rϋdiger. Melatonin in aging and disease - Multiple consequences of reduced secretions, options and limits of treatment. Aging and Disease. Germany, Vol.3, No.2, 2012, pp. 1-32. [15] HISSA, Miguel Nasser et al. Melatonina e a glândula pineal. Revista Eletrônica Pesquisa Médica. Fortaleza, Vol.2, No.4, 2008, pp.1-10. [16] HOPPE, Juliana Bender. Investigação do efeito neuroprotetor da melatonina em modelo in vitro de toxicidade do peptídeo β- amilóide. 2009. 91p. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) - Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. [17] JIMENEZ-RUBIO, Graciela et al. La melatonina: un coadyuvante potencial en el tratamiento de las demencias. Salud Mental. México, Vol.31, No.3, 2008, pp. 221-228. [18] LEITE, J. Fernandes. La enfermedad de huntington: una visíon biomolecular. Revista de Neurologia. Brasília, Vol.32, No.8, 2001, pp.762-7677. [19] LIMA, Eliângela de et al. Efeito neuroprotetor da melatonina e N- acetilserotonina na epileptogênese e no controle de crises em animais submetidos ao modelo da pilocarpina. Journal of epilepsy and clinical neurophysiology. Porto Alegre, Vol.12, No.2, 2006, pp. 75-78. [20] LIMA, Rafael Rodrigues et al. Inflamação em doenças neurodegenerativas. Revista Paraense de Medicina. Belém, Vol.21, No.2, 2007, pp.29-34. [21] LÓPEZ-MUÑOZ, F. et al. La glándula pineal como instrumento físico de las facultades del alma: una conexión histórica persistente. Neurología. España, Vol.27, No.3, 2012, pp.161-168. [22] MACHADO, Angelo B. M. Neuroanatomia Funcional. 2. Ed. São Paulo: Atheneu, 2000. [23] MAGANHIN, Carla C. et al. Efeitos da melatonina no sistema genital feminino: breve revisão. Revista da Associação Médica Brasileira. São Paulo, Vol.54, No.3, 2008, pp. 267-271. [24] ROBBINS, Stanley; CONTRAN, Ramzi et al. Patologia: bases patológicas das doenças. 7. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. [25] ROCHA, Natália Pessoa et al. Processo inflamatório e neuroimunomodulação na doença de Alzheimer: Revisão de literatura. Revista neurociências. São Paulo, Vol.19, No.2, 2011, pp.300-313. [26] RODRIGUEZ, Carmen et al. Regulation of antioxidant enzymes: a significant role for melatonin. Journal of Pineal Research. Spain, Vol. 36, 2004, pp.1-9. [27] TEIXEIRA, Adriana. Propriedades antioxidantes da melatonina: Inibição de enzimas pró-oxidantes e ação contra a peroxidação lipídica. 2003. 85p. Dissertação (Mestrado em Neurociências e Comportamento) - Centro de Ciências biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. [28] WANG, Xin. The anti-apoptotic activity of melatonin in neurodegenerative diseases. CNS Neurosci Ther. Boston, Vol.15, No.4, 2009, pp.345-357. [29] WIJESEKERA, Lokesh; LEIGH, P.Nigel. Amyotrophic lateral sclerosis. Orphanet Journal of Rare Diseases. London, Vol.4, No.3, 2009.