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Psicanálise M1C2P7

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Rafaela Jatobá
Psicanálise 
A psicanálise e a psicoterapia de orientação analítica (POA) têm origem no trabalho realizado por Sigmund Freud. Embora a extensa experiência clínica valide o método, os estudos em psicanálise ainda são incipientes, mas, o mesmo não é verdade em relação à POA, cuja eficácia foi comprovada por uma série de ensaios clínicos controlados.
Meios de acessar o inconsciente:
1. Livre associação de ideias;
2. Interpretação dos sonhos-> “estrada real”, apresentando de forma mascarada desejos e fantasias reprimidos
3. Hipnose
Preceito chave da psicanálise: tornar consciente o inconsciente.
- Primeira tópica 
Estrutura: consciente, pré-consciente e inconsciente 
Método: Hipnose
Técnica: catarse e superação do trauma 
- Segunda tópica (teoria estrutural?)
Estrutura: ID, EGO, SUPEREGO
Método: associação livre de ideias 
Técnica: interpretação e ressignificação de representações, transferência e resistência.
*ID: inconsciente, depositário dos instintos, pulsões, desejos e fantasias
*EGO: parte consciente e parte inconsciente, possuidor de funções como teste de realidade, controle de impulsos, inteligência, mecanismos de defesa…
*SUPEREGO: que dita consciente e inconscientemente o que se deve fazer/corresponder e o que é expressamente vetado
Conceitos importantes 
Inconsciente: a base da psicanálise é sua existência, forças alheias à vontade consciente do indivíduo que determinam as escolhas (e pensamentos conscientes) que compõem o dia a dia;
Interpretação: instrumento para trazer à consciência do paciente desejos e fantasias até então “proibidos”;
Clivagem: defesa inter e intrassistêmica, ou seja, não apenas entre as diferentes instâncias psíquicas, mas também dentro do próprio ego;
Livre associação de ideias: o paciente fala tudo que vier à sua mente mesmo que possa parecer vergonhoso ou sem sentido, possibilitando ao analista identificar o conteúdo latente (inconsciente) por meio do seu discurso;
Resistência: forças profundas e alheias à vontade do indivíduo que impedem o contato com o conteúdo inconsciente;
Transferência: reedição no tratamento das relações com objetos do passado;
Contratransferência: contrapartida da transferência, comunicação de inconsciente para inconsciente;
Neutralidade: Para que seja possível o trabalho analítico, o analista deve evitar apresentar-se como uma pessoa real na vida do paciente. Por exemplo, não pode dar conselhos, emitir julgamentos, falar de sua vida pessoal, tomar partido no conflito, punir ou gratificar o paciente, etc. O objetivo é a “neutralidade possível”, que consiste em o analista manter certa distância em relação à transferência e à personalidade do paciente, à contratransferência, às pressões do meio externo, aos próprios valores e às teorias psicanalíticas, sem perder a naturalidade e a espontaneidade;
Aliança terapêutica: É a capacidade do paciente de estabelecer uma ligação de trabalho com o terapeuta, incluindo sua motivação em colaborar e sua capacidade de participar ativamente do processo.
Mecanismos de defesa
Constituem padrões de funcionamento mental e comportamental utilizados para lidar com a ansiedade e a angústia provocadas por eventos estressores externos ou internos. Têm a função de manter a homeostase do aparelho psíquico. No entanto, alguns mecanismos são mais maduros e favorecem a adaptação (p. ex., humor, sublimação, altruísmo, supressão, antecipação), outros são neuróticos (p. ex., intelectualização, deslocamento, repressão, formação reativa), e outros são imaturos, trazendo considerável prejuízo (p. ex., cisão, negação, identificação projetiva, atuação, dissociação).
Análise x Psicoterapia de orientação analítica
Embora utilizem ferramentas semelhantes, alguns procedimentos técnicos e o objetivo do tratamento constituem as maiores diferenças entre análise e psicoterapia.
A análise propõe, por meio de suas características, como frequência, uso do divã, maior cuidado com a neutralidade e foco preponderante na relação transferencial, a alcançar uma intensidade de relação terapêutica (neurose de transferência) que permita a modificação do conflito primário, ou seja a modificação dos padrões de relações introjetados na primeira infância. 
A psicoterapia buscaria o entendimento desses padrões e melhor aproveitamento dos recursos do paciente, paralelamente ao aumento da capacidade reflexiva, sem necessariamente modificar o conflito primário.
Um paciente que apresenta as relações atuais e a percepção da realidade amplamente pautadas (e distorcidas) pela conflitiva primária tem indicação de análise, desde que tenha, por exemplo, alguma capacidade de tolerar frustração e de ter controle sobre seus impulsos. Se o conflito 
atual guarda algum grau de autonomia, é possível tratá-lo por meio da psicoterapia. Por autonomia, entende-se a possibilidade de modificar o funcionamento atual, por meio do entendimento sobre si mesmo e pela utilização de defesas mais maduras, sem a modificação definitiva do conflito primário.
Patologias específicas
A experiência clínica comprova que pacientes com transtornos da personalidade obsessiva, evitativa, histérica e narcisista, bem como pacientes com algumas formas de perversão, obtêm notáveis benefícios com tratamento analítico.
Algumas patologias, no entanto, tradicionalmente têm sido associadas a desfechos pouco favoráveis, como é o caso do transtorno da personalidade antissocial. Outras, dependendo da gravidade (p. ex., depressão e transtornos de ansiedade, como pânico, ansiedade generalidade e fobia social), podem ser tratadas com psicoterapia ou análise, por haver evidências de igual efetividade da psicoterapia e da psicofarmacologia.
TPB, têm sido efetivamente tratadas por meio de intervenções psicanalíticas modificadas, como aquelas propostas por Kernberg em que alguns parâmetros, como rígidos “contratos antissuicídio”,
Por fim, vale salientar que, além dos sintomas, o foco da psicoterapia é o indivíduo. Muitas pessoas sem um diagnóstico formal de transtorno psiquiátrico, mas com aspectos disfuncionais em sua vida diária, podem beneficiar-se enormemente do método. Em suma, o diagnóstico clínico é uma das variáveis a ser considerada, mas não a única, tampouco a mais importante, necessariamente.
Condições do paciente 
Tempo e dinheiro são determinantes definitivos para a escolha da terapêutica. 
A motivação do paciente para esse tipo de terapia também é um fator central. Qualquer tratamento analítico impõe uma premissa contrária à busca atual de soluções “mágicas e velozes”. O mais provável é que haja aumento inicial do sofrimento do paciente, no momento em que ele reconhece sua parte no conflito. A motivação inicial para o tratamento analítico tem relação direta com a probabilidade de sucesso, apresentando associação com o grau de sofrimento, a capacidade de pensar psicologicamente e a curiosidade psíquica. Além disso, é necessária capacidade de abstração e simbolização, que possibilite que o paciente pense sobre as motivações inconscientes dos próprios pensamentos, sentimentos e condutas.
Fonte: Cordioli 4° edição.

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