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ARTIGO-A influência da comunicação não-violenta na relação interpessoal dos alunos

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INFLUÊNCIA DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA NA RELAÇÃO INTERPESSOAL DE ADOLESCENTES 
Ana Amelia Dalsoglio Lenzi[footnoteRef:0]; Jhonatan Haack Jacob[footnoteRef:1]; Milena Backes Dal Pont; [0: Acadêmica de Psicologia; UNIAMÉRICA; Foz do Iguaçu, PR. E-mail: milena.backes@outlook.com] [1: Acadêmico de Psicologia; UNIAMÉRICA; Foz do Iguaçu, PR. E-mail: jho_haack@live.com] 
Samara Jhayne de Aguiar[footnoteRef:2]; Lissia Pinheiro[footnoteRef:3]; Vanessa Priscilla Barreto Penayo[footnoteRef:4] [2: Acadêmica de Psicologia; UNIAMÉRICA; Foz do Iguaçu, PR. E-mail: samarajhaynedeaguiar@gmail.com ] [3: Orientadora do Projeto Integrador; UNIAMÉRICA; Foz do Iguaçu, PR. E-mail:] [4: Mentora do Projeto Integrador; Foz do Iguaçu, PR. E-mail:] 
RESUMO
O alto índice de violência em nossa sociedade revela a extrema importância de um trabalho aprofundado com crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, contexto onde é pouco falado sobre maneiras alternativas de solucionar conflitos que não sejam apenas com base em agressividade, raiva e hostilidade. O estudo tem como finalidade relatar a influência da Comunicação Não Violenta (CNV) com adolescentes da Associação Fraternidade Aliança. Foram desenvolvidas diversas dinâmicas com interações entre o grupo como foco principal. Foram repassadas técnicas e conteúdos relacionados a CNV a uma média de 20 adolescentes por encontro, com atividades desenvolvidas em oito encontros, sendo os temas trabalhados: agressividade, cinco sentidos humanos, sentimento, empatia e comunicação não-violenta. As ferramentas utilizadas foram um questionário dinâmicas, história com fantoches, música, bola, jogo GROK e outros. Os resultados obtidos em questionário auxiliaram na confirmação da necessidade da aplicação das atividades relacionadas à CNV. No decorrer das oficinas foi possível observar a influência da comunicação não violenta na relação interpessoal dos alunos. Sendo assim, confirma-se a relevância da aplicação da CNV na relação interpessoal de adolescentes como medida alternativa de solução de conflitos.
Palavras chaves: Agressividade, Adolescência, comunicação não violenta.	
INTRODUÇÃO
A adolescência é a fase do desenvolvimento humano que acontece entre a infância e a idade adulta. Pode ser caracterizada por processos significativos de mudança, tanto no aspecto físico quanto emocional do indivíduo. Em conjunto com contextos de vulnerabilidade social e afetiva, pode ser um período cheio de transtornos e conflitos externos e internos, objetivos e subjetivos para o adolescente e aqueles que o cercam. Na visão de Guimarães e Pasian, 2006 apud. Kaplan, Sadock e Grebb (1997), 
o comportamento agressivo estaria relacionado a conflitos despertados pelo ambiente interpessoal, que, associados ou não a um comprometimento orgânico ou neurológico, agem de forma a fortalecer os impulsos agressivos. Tais impulsos, quando não regulados devido a uma baixa capacidade de autocontrole (fragilidade intrapsíquica), podem dar origem a comportamentos de risco psicossocial, sobretudo com manifestações de violência. (Guimarães e Pasian, 2006 apud. Kaplan, Sadock e Grebb, 1997)
O conflito é um fenômeno social observado em diversos tempos e culturas que atravessaram a história da humanidade. Diversos autores afirmam que o conflito é, inclusive, um ponto regulador das relações e pode ser até positivo quando desencadeia buscas por melhorias e evoluções intra e interpessoais. Vasconcelos (2006) afirma que nenhuma relação humana está livre de conflitos, é um fenômeno inerente à própria condição humana. Segundo este mesmo autor, isso ocorre porque cada pessoa é “dotada de uma originalidade única, com experiências e circunstâncias existenciais personalíssimas” (Vasconcelos, 2006). Apesar disso, com frequência, os seres humanos utilizam da agressividade na resolução de conflitos, já que numa disputa conflituosa costuma-se tratar a outra parte como adversária, infiel ou inimiga (Vasconcelos, 2006). 
A agressividade é um dos temas que mais geram pesquisas para diversas áreas do conhecimento humano, especialmente a Psicologia. Para Leite (1987) 
a definição de agressão leva em conta três tendências: a definição por características topográficas da resposta (como estapear, cuspir, chutar, morder etc.); definição pelas condições antecedentes ou estímulos que antecedem um episódio agressivo (como a frustração ou estados emocionais como a raiva e a cólera) e, por último, pelas consequências que o comportamento em questão provoca no ambiente social (estimulação aversiva ou danos a outro organismo). (LEITE, 1987)
A adolescência, contemplada com todos os desafios e potenciais, exige uma investigação aprofundada sobre as formas de vivência e expressão da raiva (compreendida como um possível componente da impulsividade agressiva) em adolescentes de nosso contexto sociocultural (Guimarães e Pasian, 2006), a fim de identificar métodos facilitadores da comunicação saudável e resolução de conflitos. 
Práticas como a Comunicação Não-Violenta têm ganhado espaço em diferentes contextos e instituições sociais e apresenta-se como ferramenta teórica e prática, com aplicações cotidianas direcionadas para diversos públicos. 
A reflexão acerca desta técnica facilitadora desperta para a importância do tema e de como ele pode ser uma prática revolucionária para as relações humanas. A “violência” a que a CNV se refere em seu termo pode dizer respeito, ou não, à violência física, aquela que os indivíduos facilmente identificam e reprovam moralmente por se apresentar de maneiras mais explícitas. Por outro lado, as palavras ditas podem destruir relações sólidas, gerar mágoas, traumas, dor e sentimento de tristeza tanto para quem as profere, quanto para quem as escuta. Comunicar-se é nada menos que o ápice do fato da vida estabelecer-se como relação. Somos seres num mundo vital, sistêmico, onde os indivíduos encontram sentido apenas em relação, relacionados desde seu corpo e alma, a ponto de não se poder identificar um indivíduo de modo isolado a não ser por uma operação artificial. A comunicação, como linguagem, deve ser entendida primeiramente como dimensão essencial, constitutiva, e não apenas instrumento para o ser humano entrar em contato com outrem por meio da fala. Comunicação é o fato de exercer a vida sistêmica, e tal como a linguagem, constitui o que somos a cada momento, a nossa história, as narrativas, memórias, feitos, sonhos, ideais, textos, discursos, enfim, signos. 
Aqui, a CNV é “apresentada brevemente em aspectos filosófico-comunicacionais relevantes e ao mesmo tempo como instrumento metodológico”. (Rosenberg, 2006) 
A comunicação não-violenta (CNV) é, hoje, uma das “ferramentas” mais poderosas para lidar com conflitos negativos em escolas, em famílias ou no âmbito da justiça – visto que, por exemplo, tornou-se uma das bases fundamentais das Práticas Restaurativas. A técnica da CNV aborda uma forma de comunicação que faz nos “entregar de coração”, tem foco na dinâmica comunicativa do “falar e ouvir”, propõe que um indivíduo se coloque no lugar do outro e traga a tona estados passivo naturais. Faz com que, ao estar ouvindo, o indivíduo se questione empaticamente se gostaria de receber aquilo que está lançando, ou seja, se gostaria de ouvir as palavras que está dizendo. Além disso, leva a reflexão de que, independente do que está passando, pode tratar as pessoas com empatia. Existem quatro pilares que caracterizam a prática da CNV: observação dos fatos sem julgamento; identificação dos sentimentos em relação aos fatos; reconhecimento das necessidades ligadas aos sentimentos identificados; e elaboração de pedidos claros e específicos ao outro. (Rosenberg, 2006 apud. Martinot e Fiedler, 2016). 
Mais do que qualquer outra coisa, a CNV é a tomada de consciência de nossas necessidades, nossa humanidade, nossa capacidade de conexão e nossa capacidade de comunicação, para além de qualquer linguagem rebuscada ou especulações gramaticais e lógicas. Igualmente, colhe sua força não de um constructo artificial utilitarista quevem sanar algo, mas sim das vontades prementes de entendimento, relação e superação de conflitos que habita em todo ser humano. (Rosenberg, 2006)
Sentir-se notado e entendido é algo muito importante e essencial para uma boa convivência em sociedade, a comunicação de maneira coerente e clara é necessária, pode evitar inúmeros conflitos e, principalmente, nos ensina o poder que uma palavra “bem dita” ou “mal dita” tem, e como ela pode ser importante para um bom ou mal desenvolvimento de personalidade, exemplo dizer a uma pessoa que o fato de ela ter sido irresponsável em uma determinada situação não a torna uma “pessoa irresponsável”.
 “Ela nos guia no processo de reformular a maneira pela qual nos expressamos e escutamos os outros, mediante a concentração em quatro áreas: o que observamos, o que sentimos, do que necessitamos, e o que pedimos para enriquecer nossa vida. A CNV promove maior profundidade no escutar, fomenta o respeito e a empatia e provoca o desejo mútuo de nos entregarmos de coração” (Rosenberg, 2006)
	Considerando este panorama, torna-se indispensável a orientação aos adolescentes da Associação Fraternidade Aliança em relação a comunicação não-violenta, onde o maior objetivo é mostrá-los como, automaticamente, nos dirigimos de maneira agressiva e conflituosa ao conversar com outra pessoa, e consequentemente a julgamos e ferimos. Além disso, quis mostrar como esta prática tão comum entre os seres humanos pode ser modificada a fim de minimizar situações negativas. A proposta é de apresentá-los, de maneira lúdica, às ferramentas da CNV para que possam ser aplicadas em seu cotidiano, tanto na instituição que frequentam com seus colegas quanto na escola e em suas casas. Dessa forma, melhor instruídos, podem ter uma melhor qualidade de vida, ao conseguir se comunicar e entender o próximo em suas relações interpessoais. 
JUSTIFICATIVA
Devido a demanda sobre agressividade física e verbal da Associação Fraternidade Aliança, verificou-se a necessidade de trabalhar com o público adolescente no que condiz a agressividade. Estes comportamentos afetam a relação dentro da instituição e abrem margem para a perpetuação de comportamentos agressivos e violentos como única maneira de solucionar conflitos, ou seja, quando estes jovens se tornam adultos, aumentam o risco de interações sociais negativas. Neste sentido, acreditamos ser de grande importância a aplicação deste projeto para os alunos da instituição. Os estudos realizados por Leme (2012) trazem dados relevantes sobre a agressividade e as suas causas. Segundo ele, “o Brasil ocupava o quinto lugar entre 83 países na incidência de homicídios de jovens entre 15 à 24 anos.” (Ramos e Mizne, 2011 apud. Leme, 2012). Para Sisto e Oliveira (2007), no geral, a agressividade familiar e a agressividade escolar acabam atingindo diretamente a personalidade das crianças e jovens levando a possíveis quadros clínicos de psicotismo, neuroticismo e sociabilidade.
MÉTODO 
Amostra	
O projeto foi realizado na Associação Fraternidade Aliança, localizada em Foz do Iguaçu, Paraná, de abril à junho de 2019 adolescentes do sexo masculino e feminino que residem nas proximidades da associação. A amostra foi de, na média, 20 alunos por oficina, sendo 12 meninos e 8 meninas.
Materiais e Instrumentos
O questionário utilizado apresenta-se em formato de escala likert com um total de 29 itens com respostas que variam de 1 (discordo totalmente) e 5 (concordo totalmente). A escala é constituída por quatro subescalas, sendo elas agressividade física (9 itens), agressividade verbal (5 itens), raiva (7 itens) e hostilidade (8 itens). (Cunha e Gonçalves, 2012). Foi aplicado num total de 20 alunos 12 masculino e 8 femininos.
No primeiro encontro foi utilizado papel e caneta. No segundo encontro foi utilizada uma bola e celular com música. No terceiro encontro foi usado mesas, cadeiras, café, chá, sabonete, brigadeiro, salgadinho, torta de limão, celular, fone de ouvido, madeira, amoeba, folhas e pano preto. No quarto encontro foi necessário o uso do jogo de cartas GROK. O quinto encontro foi realizado com bancos coloridos e celular com a história da dinâmica. No sexto encontro foi utilizada as cartas do jogo GROK. Sétimo encontro foi usado fantoche e o oitavo encontro foi realizado com os seguintes itens: mesas, cadeiras, papéis, tintas, pincéis, canetinha, lápis, e giz de cera. 
Procedimento	
Foram realizados 8 encontros, com duração de aproximadamente 1 hora e temas já definidos e organizados de acordo com o objetivo do projeto. Para a coleta de dados foi realizada uma reunião com o diretor da instituição, conversa com os professores e aplicação de um questionário com 29 afirmativas com base na escala Likert de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente) nos adolescentes. 
No decorrer dos encontros foram utilizadas estratégias para melhor abordagem e aplicação do tema, por exemplo: dinâmicas de grupos, trilha de sensações, música, brincadeiras, jogos, fantoches e pinturas, promovendo a interação com os adolescentes e participação ativa dos mesmos. 
	Foram trabalhados os seguintes temas: agressividade, cinco sentidos humanos, sentimento, empatia e comunicação não-violenta. Tais temas foram selecionados para que os participantes pudessem refletir e perceber que se tratam de questões de seu dia-a-dia, identificando maneiras alternativas de interagir com os outros colegas, ressignificando as relações.
	No primeiro encontro utilizamos uma sala com um amplo espaço e um tatame no chão onde foi apresentado o projeto e seu objetivo aos 20 alunos da Associação Fraternidade Aliança, com o objetivo de estabelecer um vínculo inicial. Em seguida foi realizada uma brincadeira de pega-pega em corrente, com o intuito de quebrar o gelo, logo após foi aplicada uma técnica de relaxamento para que se acalmassem e se voltassem a nós novamente, para aplicação da segunda parte da atividade, levamos os para a sala ao lado, com mesas e cadeiras, para aplicação do questionário referente a agressividade.
	No segundo encontro a dinâmica da batata-quente adaptada para a comunicação não-violenta foi explicada para os alunos com o intuito de ajudá-los a agregar técnicas da comunicação não-violenta em seu vocabulário. Além disso, a dinâmica pretendia ajudá-los a não fazer julgamentos.
	No terceiro encontro, os alunos foram levados a uma sala onde ocorreu a trilha das sensações. Cada aluno foi guiado pela trilha, vendado e individualmente. Foram criadas 4 estações, sendo elas a estação do olfato, tato, paladar e audição. No final o adolescente recebia um abraço do acadêmico ou da professora o guiou pela trilha. Os itens foram escolhidos com o objetivo de estimular cada um dos sentidos trabalhados na respectiva estação. Outro item utilizado foi o tecido preto para vendar os adolescentes, com o objetivo de que eles não vissem os itens e o foco se mantesse apenas no sentido estimulado. 
	No quarto encontro foi aplicado o jogo GROK, onde utilizamos um espaço aberto com vários tatames no chão. O encontro ocorreu em formato de círculo. Metade das cartas foi posicionada no centro do círculo e a outra metade foi dividida entre os adolescentes. O jogo foi aplicado com a intenção de promover a empatia e mostrar o que é “sentimento” e o que é “julgamento”.
	O quinto encontro foi realizado dentro de uma sala onde cada adolescente sentou em um banco, em formato de roda. Nessa roda existiam 2 bancos com a mesma cor. A intenção dessa dinâmica era que cada adolescente interagisse com o colega que estivesse no banco da mesma cor e com a roda inteira também. Começamos contando a história do jardim encantado (V. apêndice 1). Cada flor da história era responsável por realizar uma ação (abraçar, apertar a mão, dizer uma palavra agradável) em relação às outras e os alunos deveriam reproduzi-las.
	No sexto encontro foi aplicado o jogo GROK (baseado na comunicação não-violenta). Nessa forma de jogar, dividimos os adolescente em dois grupos onde um integrante tirava uma carta de sentimento e reproduzia em mímica para seus colegas.Trabalhando assim a forma de sentimento e mostrando quantos sentimento são desconhecidos para nós. 
No sétimo encontro foi contada uma história com fantoche, baseada na comunicação não-violenta. Os adolescentes alunos formaram um círculo e os facilitadores faziam parte desse círculo. O narrador e dois facilitadores com fantoches realizaram a representação do sentimento através de expressões faciais. 
No oitavo encontro, foi feita uma dinâmica de encerramento do projeto chamada “Mala de Viagem”. O grupo foi dividido em quatro mesas e os adolescentes pintaram e desenharam o que eles gostariam de levar em sua viagem. Também foi criado uma cartolina com os princípios da comunicação não-violenta, que será deixado em uma parede da instituição. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Questionário
Através dos resultados do questionário, ficou evidente que as meninas da amostra demonstram seus sentimentos com hostilidade e agressão verbal, como pode ser verificado nas seguintes frases ditas por elas:
“Calem a boca e tenham educação com os profes”
“Esse menino idiota só fica me xingando e gritando no meu ouvido” 
E os meninos identificam seus sentimentos com raiva e agressividade física e verbal.
“Eu vou dar um tapa na sua cara”
“Não me enche que daqui a pouco te bato ,seu idiota”
De acordo com o gráfico, pode-se perceber que o resultado predominante é que a maioria não pratica a agressividade física. Hostilidade e raiva estão entre 40 e 20% da prática. A agressividade verbal se encontra abaixo de 30%. Segundo a comunicação não-violenta, a maioria das pessoas não sabe nomear seus sentimentos e suas necessidades, tendo dessa maneira uma má comunicação, podendo desencadear situações de agressividade verbal, física, hostilidade e raiva. 
O questionário foi utilizado para ajudar a distinguir que momentos nomeados como “reações agressivas” podem ser identificados como agressões verbais, momentos de raiva e hostilidade. Entender que, se sentir irritado, sentir raiva, vontade de bater ou quebrar algo é tão agressivo quanto uma palavra dita sem empatia e que reconhecer suas necessidades e as necessidades do outro são fundamentais para evitar que se chegue ao ponto de agressão física ou verbal.
Como aplicado no primeiro encontro, foi possível verificar que, pelos resultados, os mesmo não têm conhecimento de seus próprios sentimentos e necessidades, deixando claro no resultado que agressividade é conceitualmente entendida como agressão física e pouco entendida como verbal.
No primeiro contato com os adolescentes, tais mantiveram uma resistência para se tornar participativos nas atividades desenvolvidas. Alguns alunos se mantiveram em um ambiente separado demonstrando timidez e retração. Outros, todavia, demonstraram interesse nas atividades. 
De acordo com Yozo (1996), 
“o trabalho em grupo deve evoluir do conhecimento pessoal para a interação com o outro. Com a finalidade de acompanhar esse processo, foi definida a seqüência em que as habilidades de vida seriam apresentadas na intervenção: autoconhecimento, relacionamento interpessoal, empatia, lidar com o estresse, lidar com os sentimentos, comunicação eficaz, pensamento crítico, pensamento criativo, tomada de decisão e resolução de problemas”. (YOZO, 1996)
Foram observados comportamentos de desinteresse e que agressividade se torna algo de pouca importância entre eles. Mostram-se despreocupados se suas atitudes causam algum dano a eles mesmos ou a quem estivesse por perto. Os encontros seguiram com o objetivo de que pudessem compreender o que é a comunicação não-violenta, para que viessem a adquirir hábitos de autopercepção e mudança nos comportamentos não assertivos com os demais colegas. Além de trazer uma forma mais empática de compreender a perspectiva do próximo, promovendo um ambiente mais agradável. 
 	Desta forma, conforme os dias passavam, os adolescentes mostraram-se mais interessados e participativos, colaborativos com as atividades, sendo um incentivado pelo outro colega e atentos no que seria praticado no encontro. Porém, havia uma minoria que, mesmo após alguns encontros, ainda mantinham uma postura de dureza, falta de gentileza ou empatia com as pessoas, surgindo comentários como: “não pode elogiar, tem que falar que a pessoa é ruim que ela se esforça para melhorar, vocês são todos ruins”, “São todos uns cavalos” e “Os palhaços não me deixam respirar”. Por sua vez, conforme Andrade, Souza e Minayo (2009) 
o aspecto da autoestima desempenha um papel de grande importância no desenvolvimento da adolescência, que muitas vezes é acompanhada por períodos de adversidades na psique. A autoestima diz respeito à maneira de como o indivíduo elege suas metas, projeta suas expectativas, aceita a si mesmo, e valoriza o outro. (Andrade; Souza e Minayo, 2009)
 
Isso reforça o que, por aparência, se tratava de alunos que teriam uma certa insegurança com o próprio self. 
Sendo notório e de grande importância, o quarto encontro, onde foi aplicada a trilha das sensações, com muito cuidado, um a um os alunos são atendidos, individualmente, para que pudessem se sentir à vontade e poder partilhar das emoções que sentiam, como: medo, insegurança, confiança. Foi um desafio para cada aluno e aplicador, todavia, a partir dessa experiência os alunos se abriram de uma forma antes não permitida, relatando sem muito questionamento o que sentiam, relatando coisas íntimas, pessoais, tanto situações aparentemente simples quanto situações com maior impacto como: 
 “Me lembra quando eu brincava de capoeira”.
“Me lembra algo ruim, não gosto de café. Sabão me lembra coisa triste, porque não gosto desses cheiros”.
“Lembro da minha vó com essa música, porque ela morreu, tudo que ela gostava de escutar”.
“Lembro da festa com meus amigos foi bem legal, aniversário de um amigo, brincadeiras, jogos, torneios, ping-pong, foram dias muito massas”.
“Me lembro da minha festa de aniversário, comi muito brigadeiro, me traz muita felicidade”.
“Eu gosto muito do café da minha mãe”.
 Com isso, os próximos encontros se tornaram mais cômodos, com uma participação mais intensa dos alunos, percebendo que no encontro posterior, com jogo o GROK da CNV, a dinâmica requer que tais pudessem doar empatia diante de uma situação vivida por um colega, onde todos participaram, expressando sentimentos de compreensão tentando ao máximo transmitir o que era preciso naquele momento. Um aluno em especial, neste encontro, se permitiu intensamente viver aquela experiência, sendo um dos que apresentou grande resistência em participar das dinâmicas e não demonstrava interesse nem respeito aos colegas. O mesmo se sentiu à vontade para expressar e compartilhar sentimentos e necessidades.
“O meu pai me ligou e disse que mandaria um dinheiro, mas não poderia passar o fim de semana comigo, fiquei bravo e triste porque ele deveria passar mais tempo comigo e não tentar pagar o tempo que não passa comigo com dinheiro e presentes caros”
“Fiquei bravo com meu irmão pois ele não me dá atenção, ele trabalha, mas chega em casa e nem conversa comigo e com a minha mãe, ele deveria dar mais atenção a gente ele só se preocupa com ele”
Nos encontros seguintes esse mesmo aluno apresentou uma mudança de comportamento expressivo, participou de todas as dinâmicas dos dias seguintes e de maneira clara, expressando os sentimentos e necessidades. Foi possível notar também uma mudança no comportamento com seus colegas, demonstrando mais compreensão e tolerância e se expressando de maneira com que seus colegas entendessem suas necessidades pois ele havia compartilhado um acontecimento muito importantes de sua vida com esses colegas no encontro anterior. Como a proposta da dinâmica era que eles não fizessem julgamentos referente aos momentos compartilhados pelos colegas
Em cada atividade ou dinâmica buscava-se aplicar com integridade as técnicas, pois foi observada a importância deste trabalho para auxiliar no reconhecimento da maneira se expressam em termos de palavras e atitudes. Consideramos que a mudança que desejamos no mundo começase realizar assim que cada um promove começando por si mesmo, sendo assim, conforme Rosenberg (2006) 
A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando. (ROSENBERG, 2006).
Dentre o projeto tivemos limitações referente a amostra pequena e o tempo limitado, podendo este artigo, ser um inicio de muitos outros relacionando adolescentes em vulnerabilidade social com a CNV, tendo melhores técnicas para aplicar em seu cotidiano, vindo a desenvolver estudos mais aprofundados referentes a estes temas, assim consecutivamente tendo mais matérias quantitativos referente a esse assunto tão presente nas vidas de muitos adolescentes. Podendo ser aplicado a CNV por mais tempo em uma amostra maior e realizar um comparativo entre os comportamentos antes e depois através de ferramenta metodológica. 
CONCLUSÃO
Podemos concluir que os objetivos do projeto foram atingidos. A comunicação não-violenta produz resultados impactantes no que diz respeito a prática diária da comunicação assertiva com os colegas e a melhoria de suas relações interpessoais. Da mesma maneira, gera empatia e possibilita o entendimento do que é sentimento, quais são suas necessidades pessoais e como é importante observar antes de agir sob impulso. Neste sentido, acredita-se que esta nova forma de relação possa ser levada para fora da instituição, em outros locais de convívio social como a escola e a família. Os resultados do questionário permitiram a comprovação da existência da agressividade no meio dos adolescentes, e que esta se manifesta em diferentes níveis e formas. Ficou evidente a importância da prática das oficinas aplicadas, de maneira que foi possível observar que os resultados positivos se manifestaram gradativamente, conforme o vínculo entre os facilitadores e os alunos foi fortalecido. Foi possível perceber, ao longo do projeto, a evolução do grupo através de feedback positivo dos alunos e a melhoria na interação dos mesmos com as atividades propostas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Edson Ribeiro; SOUSA, Edinilsa Ramos de; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Intervenção visando a auto-estima e qualidade de vida dos policiais civis do Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, p. 275-285, 2009.
CUNHA, Olga; GONÇALVES, Rui Abrunhosa. Análise confirmatória fatorial de uma versão portuguesa do Questionário de Agressividade de Buss-Perry. Laboratório de Psicologia, v. 10, n. 1, p. 3-17, 2012.
GUIMARÃES, Nicole Medeiros; PASIAN, Sonia Regina. Agressividade na adolescência: experiência e expressão da raiva. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 1, p. 89-97, 2006.
LEITE, Sergio Antonio da Silva (1987). Agressividade. Em Conselho Regional de Psicologia da Região 06 e Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo. Psicologia no Ensino de 2º Grau: Uma proposta emancipadora. São Paulo: EDICON. https://www.comportese.com/2012/04/agressividade-sujeitos-agressivos-ou-circunstancias-que-produzem-agressao
LEME, Maria Isabel da Silva; CARVALHO, Alysson Massote; JOVELEVITHS, Ilana. Opinião dos pais e resolução de conflitos por pré-adolescentes. Temas em Psicologia, v. 20, n. 2, p. 337-354, 2012.
MARTINOT, Annegret Feldmann. A IMPORTÂNCIA DA CNV–COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA NA REALIZAÇÃO DO PROCESSO DE AUTOCONHECIMENTO. Revista Educação-UNG-Ser, v. 11, n. 1, p. 58-77, 2016.
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Agora, 2006.
SISTO, Fermino Fernandes; OLIVEIRA, Ana Francisca de. Traços de personalidade e agressividade: um estudo de evidência de validade. Psic: revista da Vetor Editora, v. 8, n. 1, p. 89-99, 2007.

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